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Leis na Antiguidade –

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Leis na Antiguidade – 
Povos ágrafos: "Ubi homo ibi societas; ubi societas, ibi jus" é um princípio que revela a necessidade de compreender toda sociedade humana pela existência de leis, mesmo quando não são escritas. Serve também para entender que, mesmo antes da escrita, as sociedades humanas tinham leis próprias, pois se regulavam por algum critário normativo, mantido pela religião e pelos costumes. Entretanto, as sociedades ágrafas não estão somente na pré-história, onde a escrita ainda estava ausente. Até hoje existem sociedades ágrafas em todo o mundo. Por outro lado, a existência de leis escritas não eliminou a presença de leis não escritas, a exemplo dos costumes, dos princípios e da moralidade presentes em toda a história das civilizações, principalmente no Ocidente. 
Família/Religião na Antiguidade:
Em geral, os livros de História do Direito afirmam que os povos ágrafos e os antigos tinham leis baseadas nos costumes e reguladas pela Religião. Importa saber como era a religião, poios sabemos que esta não possui as dimensões deistas e estruturais como as atuais religiões do Ocidente. Descrevo aqui dois autores clássicos que se dedicaram ao tema:
A RELIGIÃO DOMÉSTICA (COULANGES, Fustel de. A Cidade Antiga).
“Não é necessário representar esta antiga religião como as que foram fundadas mais tarde, com a humanidade mais evoluída. Há muitos séculos que o gênero humano não admite mais uma doutrina religiosa senão com duas condições: uma, que tenha um único deus; outra, que se dirija a todos os homens, e seja acessível a todos, sem afastar sistematicamente nenhuma classe ou raça. Mas a religião dos primeiros tempos não preenchia nenhuma dessas condições. Não somente não oferecia à adoração dos homens um único deus, mas ainda seus deuses não aceitavam a adoração de todos os homens. Não se apresentavam como sendo os deuses do gênero humano. Não se assemelhavam nem mesmo a Brama, que era, pelo menos, o deus de uma grande casta, nem a Zeus Pan-heleno, que era deus de toda uma nação. Nessa religião primitiva cada deus só podia ser adorado por uma família. A religião era puramente doméstica.
É necessário esclarecer este ponto importante, porque sem isso não se poderia compreender a relação tão íntima estabelecida entre essas velhas crenças e a constituição da família grega e romana.
O culto dos mortos de nenhum modo se assemelha ao que os cristãos dedicam aos santos. Uma das primeiras regras desse culto era que não podia ser observado senão pelos familiares de cada modo. Os funerais não podiam ser religiosamente observados senão pelo parente mais próximo. Quanto ao banquete fúnebre, que depois se celebrava em épocas determinadas, apenas a família tinha o direito de assisti-lo, e os estranhos eram severamente excluídos (1). Acreditava-se que o morto não aceitava a oferta senão da mão dos parentes, não queria o culto senão de seus descendentes. A presença de um homem que não pertencesse à família perturbava o repouso dos manes. A lei, portanto, proibia aos estranhos aproximar-se de um túmulo(2). Tocar com o pé, mesmo por descuido, uma sepultura, era ato de impiedade, pelo qual se devia aplacar o morto e purificar-se. A palavra pela qual os antigos designavam o culto dos mortos é significativa: os gregos diziam pratiázein(3), os latinos parentare, porque as preces e oferendas não eram endereçadas senão aos antepassados de cada um(4). O culto dos mortos era, verdadeiramente, o culto dos antepassados(5). Luciano, sempre zombando da opinião do vulgo, no-lo explica claramente quando diz: “O morto que não deixou filhos não recebe sacrifícios, e fica condenado à fome eterna(6).
Na Índia, como na Grécia, a oferta não podia ser feita ao morto senão pelos seus descendentes. A lei dos hindus, como a ateniense, proibia receber estranhos, embora amigos, no banquete fúnebre. Era de tal modo necessário que o banquete fosse oferecido pelos descendentes do morto, e não por outras pessoas, que se supunha até que os manes, em sua morada, faziam freqüentemente este voto: “Que nasçam sucessivamente de nossa estirpe filhos que nos ofereçam, na continuidade dos tempos, arroz cozido em leite, mel e manteiga purificada(7)!”
Por essa razão na Grécia e em Roma, como na Índia, o filho tinha o dever de fazer libações e sacrifícios aos manes do pai e de todos os ancestrais(8). Faltar a esse dever era a mais grave impiedade que se podia cometer, pois a interrupção desse culto provocava uma série de mortes, e destruía a felicidade. Tal negligência era considerada verdadeiro parricídio, multiplicado tantas vezes quantos antepassados possuía o filho negligente.
Se, pelo contrário, os sacrifícios eram sempre observados de acordo com os ritos, se os alimentos eram levados ao túmulo nos dias marcados, então o antepassado tornava-se deus protetor. Hostil a todos os que não descendiam dele, expulsava-os de seu túmulo, castigando com doenças os que dele se aproximavam; para os seus, porém, era bom e compassivo.
Havia perpétua troca de favores entre os vivos e os mortos de cada família. O ancestral recebia dos descendentes a série de banquetes fúnebres, isto é, a única alegria que podia experimentar em sua segunda vida. O descendente recebia do antepassado a ajuda e a força de que necessitava neste mundo. O vivo não podia abandonar o morto, nem o morto ao vivo. Por esse motive estabelecia-se poderosa união entre todas as gerações de uma mesma família, constituindo assim um corpo inseparável. Cada família tinha seu túmulo, onde seus mortos vinham descansar um após outro, sempre juntos. Todos os que descendiam do mesmo sangue aí deviam ser enterrados, e nenhum homem de outra família podia ser nele admitido(9). Nele celebravam-se as cerimônias e aniversários. Cada família acreditava possuir antepassados sagrados. Nos tempos mais remotos, o túmulo ficava dentro da propriedade da família, no centro da casa, não longe da porta “a fim de que — diz um antigo — o filho, entrando ou saindo de sua morada, encontrasse todas as vezes os pais, dirigindo-lhe vez por vez uma invocação (10).” Assim o antepassado mantinha-se no meio dos seus; invisível, mas sempre presente, continuava a fazer parte da família, e a ser o pai. Imortal, feliz, divino, interessava-se por aquilo que deixara de mortal sobre a terra; conhecia-lhes as necessidades e amparava-os na fraqueza. E aquele que ainda vivia, que trabalhava que, segundo expressão antiga, não se havia desempenhado da existência, esse tinha junto a si guias e apoio, que eram os pais. No meio das dificuldades, invocava sua antiga sabedoria; no sofrimento pedia-lhes consolo; no perigo, apoio; depois de uma falta, perdão.
Na verdade, hoje em dia muito dificilmente poderemos compreender que o homem possa adorar ao pai ou a um antepassado. Fazer do homem um deus, parece-nos contrário à religião. É-nos quase tão difícil compreender as antigas crenças desses homens, como teria sido a eles imaginar as nossas. Mas reflitamos que os antigos não tinham idéia da criação; para eles o mistério da geração era o que para nós pode ser o mistério da criação. O que gerava parecia-lhes uma criatura divina, e por isso adoravam os antepassados. Era necessário que esse sentimento fosse muito natural e poderoso, porque aparecia como princípio de uma religião na origem de quase todas as sociedades humanas; encontramo-lo entre os chineses, como entre os antigos getas e citas; entre os povos da África, como entre os do Novo Mundo(11).
O fogo sagrado, que tão intimamente estava ligado ao culto dos mortos, tinha também, como caráter essencial, pertencer apenas a uma família, representava os antepassados(12); era a providência da família; não tinha nada em comum com o fogo da família vizinha, que era outra providência. Cada lar protegia apenas os seus.
Toda essa religião limitava-se ao círculo de uma casa. O culto não era público. Pelo contrário, todas as cerimônias, eram celebradas apenas pelos familiares(13). O fogo sagrado nunca era colocado fora da casa, nem mesmo perto da porta externa, onde um estranho poderia vê-lo.Os gregos colocavam-no sempre em um recinto fechado(14), para protegê-lo do contacto e olhar dos profanos. Os romanos escondiam-no no meio da casa. Todos esses deuses, fogo sagrado, lares, manes, eram chamados de deuses escondidos, ou deuses do interior(15). Para todos os atos dessa religião exigia-se segredo — sacrifícia occulta — diz Cícero(16); se uma cerimônia fosse assistida por um estranho, era considerada perturbada, manchada por um único olhar.
Para essa religião doméstica não havia nem regras uniformes, nem ritual comum. Cada família tinha a mais completa independência. Nenhum poder exterior tinha direito de dar regras para esse culto ou crença. Não havia outro sacerdote além do pai; como sacerdote, ele não conhecia nenhuma hierarquia.
O pontífice de Roma, ou o arconte de Atenas, podia certificar-se de que o pai de família cumprisse todos esses ritos religiosos, mas não tinha o direito de obrigá-lo a nenhuma modificação. Suo quisque ritu sacrificium faciat(17) —era a regra absoluta. Cada família tinha suas cerimônias, que lhe eram próprias, suas festas particulares, suas fórmulas de oração e seus hinos(18). O pai, único intérprete e pontífice dessa religião, era o único que tinha o poder de ensiná-la, e não o podia fazer senão a seu filho. Os ritos, as palavras da oração, os cantos, que faziam parte essencial dessa religião doméstica, eram patrimônio ou propriedade sagrada, que a família não participava a ninguém, e que era até proibido revelar a estranhos. Assim era na Índia: “Sou forte contra meus inimigos — diz o brâmane — com os cantos que pertencem à minha família, e que meu pai me ensinou(19).”
Assim, a religião não residia nos templos, mas nas casas; cada um tinha seus deuses; cada deus protegia apenas a uma família, e era deus apenas de uma casa. Não se pode supor razoavelmente que uma religião com tais características fosse revelada aos homens pela imaginação poderosa de alguém, ou que fosse ensinada por uma casta de sacerdotes. Ela nasceu espontaneamente no espírito humano; seu berço foi a família; cada família fez seus próprios deuses.
Esta religião não podia propagar-se senão pela geração. O pai, ao dar vida ao filho, dava-lhe ao mesmo tempo sua fé, seu culto, o direito de manter o fogo sagrado, de oferecer o banquete fúnebre, de pronunciar fórmulas de orações. A geração estabelecia misterioso vínculo entre a criança que nascia para a vida e todos os deuses da família. Tais deuses eram sua própria família, theòi enghenéis; seu próprio sangue theòi synaimoi(20). A criança, portanto, ao nascer, recebia o direito de adorá-los, e de oferecer-lhes sacrifícios, assim como, mais tarde, quando a morte, por sua vez, o divinizasse, ele devia ser contado entre os deuses da família.
Mas é necessário notar esta particularidade: a religião doméstica não se propagava senão de varão para varão. Isso, sem dúvida, prendia-se à idéia que os homens faziam da geração(21). A crença das idades primitivas, tal como a encontramos nos Vedas, e nos vestígios que ficaram em todo o direito romano e grego, era que o poder reprodutor residia unicamente no pai. Somente o pai possuía o princípio misterioso do ser, e transmitia a centelha da vida. Dessa antiga opinião resultou que o culto doméstico passou sempre de homem para homem; a mulher, dele não participava senão por intermédio do pai ou do marido; depois que estes morriam, a mulher não tomava a mesma parte que o homem no culto e cerimônias do banquete fúnebre. Disso resultaram ainda outras conseqü.ncias muito graves no direito privado e na constituição da família; delas trataremos mais adiante.”
Extraído de: http://www.ebooksbrasil.org/eLibris/cidadeantiga.html (31 de 447)5/6/2008 16:42:30
A Cidade Antiga - Fustel de Coulanges
A RELIGIÃO CÍVICA (VERNANT, Jean-Pierre. Mito e Religião na Grécia Antiga)
“Entre os séculos XI e VIII, no período em que se implantam mudanças técnicas, econômicas e demográficas que conduzem à "revolução estrutural" de que fala o arqueólogo inglês A. Snodgrass e da qual se originou a cidade-Estado, o próprio sistema religioso é profundamente reorganizado em estreita conexão com as formas novas de vida social representadas pela cidade, a pólís. No quadro de uma religião que, doravante, é essencialmente cívica, crenças e cultos, remodelados, satisfazem uma exigência dupla e complementar. Primeiro, respondem ao particularismo de cada grupo humano que, como Cidade ligada a um território definido, se coloca sob o patrocínio de deuses que lhe são próprios e que lhe conferem sua fisionomia religiosa singular. De fato, toda cidade tem sua ou suas divindades políades cuja função é cimentar o corpo dos cidadãos para fazer dele uma comunidade autêntica, unir num todo único o conjunto do espaço cívico, com seu centro urbano e sua chôra, sua zona rural, velar, enfim, pela integridade do Estado - homens e território – diante das outras cidades. Mas, em segundo lugar, trata –se também, pelo desenvolvimento de uma literature épica desligada de qualquer raiz local, pela edificação de grandes santuários comuns, pela instituição dos Jogos e das pane gírias pan-helênicas, de instaurar ou de fortalecer no plano religioso tradições lendárias, ciclos de festas e um panteão igualmente reconhecidos por toda a Hélade.
Conquanto não queiramos fazer o balanço das inovações religiosas trazidas pela época arcaica, devemos pelo menos assinalar as mais importantes. Primeiro, o aparecimento do templo como construção independente do habitat humano, palácio real ou casa particular. Com seu recinto a delimitar uma área sagrada (témenos), com seu altar exterior, o temple constitui desde então um edifício separado do espaço profano. O deus vem residir permanentemente no lugar por intermédio de sua grande estátua cultuai antropomorfa ali instalada para ficar. Contrariamente aos altares domésticos, aos santuários privados, essa" casa do deus" é coisa pública, bem comum a todos os cidadãos. Consagrado à divindade, o templo pode pertencer somente à mesma cidade que o erigiu em local preciso a fim de marcar e confirmar sua posse legítima sobre um território: no centro urbano, acrópole ou ágora; às portas dos muros que circundam a aglomeração ou em sua periferia próxima; na zona do agrós e das eschatíai, das terras selvagens e dos confins, que separa cada cidade grega dos seus vizinhos. A edificação de uma rede de santuários urbanos, sub- e extra-urbanos, balizando o espaço com lugares sagrados, fixando, do centro até a periferia, o percurso de procissões rituais' mobilizando em data fixa, na ida e na volta, toda a população ou parte dela, visa a modelar a superfície do solo segundo uma ordem religiosa. Pela mediação de seus deuses políades instalados nos respectivos templos, a comunidade estabelece entre homens e território uma espécie de simbiose, como se os cidadãos fossem filhos de uma terra da qual teriam surgido originariamente sob a forma de autóctones e que, por essa ligação íntima com aqueles que a habitam, se vê ela mesma promovida ao nível de "terra de cidade". Assim se explica a aspereza dos conflitos que, entre os séculos VIII eVI, opuseram cidades vizinhas na disputa pela apropriação dos locais de culto fronteiriços, às vezes comuns aos dois Estados. A ocupação do santuário e sua vinculação cultual ao centro urbano têm valor de posse legítimo. Ao fundar seus templos, a pólis, para garantir uma solidez inabalável à sua base territorial, implanta raízes até no mundo divino.”
VERNANT, Jean-Pierre. Mito e Religião na Grécia Antiga. São Paulo: Martins Fontes, 2006, p. 41-43.
MESOPOTÂMIA (terra entre rios). Essa região localiza-se entre os rios Tigre e Eufrates no Oriente Médio, onde atualmente é o Iraque. Esta civilização é considerada uma das mais antigas da história.
Principais povos: babilônicos, assírios, sumérios, caldeus, amoritas e acádios. 
Características comuns: politeístas, tinham uma forma de organização social. A economia destes povos era baseada na agricultura.
Escrita Cuneiforme
Os documentos jurídicos mais antigos datamcerca de 3.000 antes da nossa era, no Egito e na Mesopotâmia.
Apenas há algumas décadas os direitos da antiguidade ficaram conhecidos graças às descobertas arqueológicas. Antes só se conhecia o Direito Romano, o Direito Grego e o Direito Hebraico.
A evolução dos direitos cuneiformes ocorre em grande parte na época de Hammurabi.
Sociedade estruturada nas cidades templos sumérias: Eridu, Ur, Larsa, etc. O poder estava nas mãos de assembleias e seus sacerdotes.
Sumérios: Este povo destacou-se na construção de um complexo sistema de controle da água dos rios Uma grande contribuição dos sumérios foi o desenvolvimento da escrita cuneiforme, por volta de 4000 a.C. Eram excelentes arquitetos e construtores, desenvolveram os zigurates. Cidades importantes: Ur, Nipur, Lagash e Eridu.
Babilônios: Calendário, relógio de sol. Além de Hamurabi, um outro imperador que se tornou conhecido por sua administração foi Nabucodonosor II, responsável pela construção dos Jardins suspensos da Babilônia (que fez para satisfazer sua esposa) e a Torre de Babel (zigurate vertical de 90 metros de altura). Sob seu comando, os babilônios chegaram a conquistar o povo hebreu e a cidade de Jerusalém.
Assírios: Cultura militar.
Caldeus: Eram de origem semita. O imperador caldeu mais importante foi Nabucodonosor II. Após a morte deste imperador, o império babilônico foi conquistado pelos Persas.
Principais códigos de leis encontrados:
Urukagina, rei de Lagash, (2380-2360 aC) é o primeiro reformador social da história. Nos textos de seu reinado constata-se uma forte tendência `a igualdade jurídica.
"Tem-se no Código de Urukagina (ou Uruinimgina) mecanismos de limitação dos poderes dos sacerdotes, bem como dos altos funcionários públicos, o que é visto como uma forma de limitação do poer público, assim como um combate à corrupção. Também encontra-se uma busca de justiça social, através de garantias de direitos aos cegos, pobres, viúvas e outros desafortunados. Pode-se dizer também que pela primeira vez na história escrita do homem fez-se valer a ideia de liberdade individual. A terra era considerada uma propriedade dos deuses, competindo aos homens somente a sua fiel remuneração. Assim, todo homem tinha o direito de usar uma parcela do solo, mas não a recebia como título de propriedade. O Código de Urukagina negava a pena de morte, tendo em vista que considerava a vida um dom divino e esta era, portanto, uma disposição celestial. Dessa forma, qualquer dano deveria ser reparado por uma multa em dinheiro ou em cereal. Percebe-se facilmente que não contemplava a Lei de talião" (ALBERGARIA, Bruno. História do direito: evolução das leis, fatos e pensamentos. São Paulo: Atlas, 2011, pág. 18).
Ur-Nammu: cerca de 2040 a.C.
Col. VI (… ) Se um cidadão acusa outro cidadão de feitiçaria e o leva perante o deus rio (e se) o deus o declara puro, aquele que o levou...
Col. VIII. Um cidadão fraturou o pé ou uma mão do outro cidadão durante uma rixa pelo que pagará 10 siclos de prata...
O código de Hammurabi: o mais importante código jurídico antes de Roma. Redigido por volta de 1964 antes de Cristo
1. Se alguém acusou um homem, imputando-lhe um homicídio, mas se ele não pôde convencê-lo disso, o acusador será morto.
133. Se um homem desaparecer e na sua casa há de comer, a sua esposa manterá a sua casa e tomará conta de si; não entrará na casa de outrem. Se essa mulher não tomou conta de si e se entrou na casa de outro, essa mulher será condenada e será deitada à água.
134. Se um homem desapareceu e se não há de que comer na sua casa, a sua esposa poderá entrar na casa de outro; essa mulher não é culpada.
Especialidade com contratos. Os mesopotâmicos praticaram a venda (mesmo a crédito), o arrendamento (de casas, de serviços), o empréstimo a juros, etc.
Os romanos herdaram essa técnicas dos contratos e conseguiram sistematizá-las depois.
O código de Esnunna: 1930 antes de Cristo.
5. Se um barqueiro é negligente e deixa afundar um barco, ele responderá por tudo aquilo que deixou afundar.
57. Se um cão é conhecido como perigoso, e as autoridades (…) preveniram o seu proprietário e este não vigia seu cão, e o cão morde um cidadão, o proprietário deve pagar dois terço de uma mina de prata.
Lipt-Ishtar (ou Lipt-Eshtar), foi o quinto rei da primeira dinastia de Isin e reinou cerca de 1934 à 1924 a.C.
Direito HEBRAICO
Sua origem partiu dos Hebreus, que porventura viviam em tribos nômades, conduzidas por chefes. Eles atravessam a Palestina na época de Hamurabi, penetram no Egito, retornam (o Êxodo) à Palestina e instalam-se aí entre os Hititas e os Egípcios.
Depois da sedentarizaç~ao, foi estabelecido um poder único sobre as tribos. esse poder tem seu apogeu na época de Davi e de seu filho Salomão (séculos XI e X a. C.).
O direito hebraico é um direito religioso. De religião monoteista, é muito diferente dos politeismos que existiram em toda a Antiguidade. Através do cristianismo, esse direito exerceu grande influência no Ocidente.
Se observarmos bem, algumas passagens da cosmogonia e teogonia hebraicas descrevem a estrutura juridica dessa cultura, assim como algumas formas e institutos presents no nosso direito até hoje. Veja-se, por exemplo, a narrativa do cap. 3 do Gênesis. Ali estão presents estruturas bem marcantes da nossa cultura jurídica.
Da tradição hebraica, vale acentuar o papel histórico de Moisés e do seu tempo. Em primeiro lugar, porque foi no seu tempo que os hebreus registraram seus primeiros escritos, perpetuando assim suas tradições e costumes. Em Segundo lugar, porque foi Moisés um reformador em cuja missão instaurou o monoteismo entre os hebreus e liderou todas as reformas que naquele momento se consolidaram como nova organização social e política daquele povo.
A época em que viveu Moisés, assim como o período histórico do Êxodo, ainda é um problema para os historiadores. Uma corrente defende que o faraó opressor dos hebreus teria sido Ramsés II e o faraó do êxodo, seu sucessor Merneptah, por volta de 1230 a.C.
A legislação hebraica que compreende desde as tradições até a reforma mosaic está documentada por um conjunto de livros denominado Pentateuco:
Génese (a Criação, a vida dos patriarcas);
o Êxodo (estadia no Egito e volta à Canaã);
o Levítico (livro de prescrições religiosas e culturais);
o Números (censo da população; sobretudo a organização da força material);
Deuteronômio (complemento dos quatro precedentes).
Conforme se deduz da leitura do Levítico, a morte por lapidação (apedrejamento) era o modo ordinário de se aplicar a pena capital, prescrita pela lei dos hebreus: "Fala aos filhos de Israel nestes termos: quem ultraja o seu Deus, suportará o castigo do seu delito. Aquele que proferir blasfêmias contra o nome do Senhor, será punido com a morte e toda a congregação o apedrejará. Quer seja estrangeiro, quer seja natural do país, se proferir blasfêmias contra o nome do Senhor, será punido com a morte" (24:15,16).
Os hebreus arrancavam todas as roupas do condenado á lapidação, exceto uma faixa, que lhe cingia os rins. Depois a primeira testemunha o arremessava ao solo, do alto de um tablado com dez pés de altura. E a segunda testemunha, lançando uma pedra, queria atingi-lo no peito, bem acima do coração. Se este ato não lhe desse a morte, as outras pessoas ali presentes o cobriam de pedradas, até o momento da morte do condenado. Cumprida a sentença, o cadáver era queimado ou dependurado numa árvore.
Uma testemunha apenas não leva á pena de morte: "Todo homem que matar outro, será morto, ouvidas as testemunhas, mas uma só testemunha não pode em seu depoimento condenar." (Num. 35:30).
O conjunto das leis hebraicas, também conhecida como lei Mosaica (por vir de Moisés), chama-se Decálogo. Costumamos chamá-la de Dez Mandamentos. Nesse ponto, vale assegurar que o Decálogo simboliza um resumo da reforma mosaica, pois são 613 leis dispersas pelo Pentateuco e são divididas em três grupos: Leis morais, civis e religiosas. São também agrupadas sob duas dimensões: a vertical, instauraçãodo monoteismo (obrigações do povo para com seu novo e único deus) e a horizontal, organização da vida social e política.
O Decálogo é conhecido no Pentateuco por duas versoes: êxodo, XX, 2-17 e Deuteronômio V, 6-18.
Vale ressaltar que essas informações descendem da tradição cristã, pois os hebreus (judeus) possuem outros exemplares desses livros, com características e tradições diferentes. Nas tradições hebraicas, os Livros da Lei não se chamam Pentateuco, mas Thora (ou Torá). Ele se divide em dois outros de tradição oral, chamados Michna (conjunto selecionado de opiniões sobre materias religiosas e jurídicas) e o Guémara (comentários e interpretações da Michna com fins didáticos). Um novo esforço de sistematização foi feito agrupando Michna e Guémara no Talmude (estudo). Essa obra compreende uma massa de textos jurídicos e religiosos, ou seja, explicações da lei que se impõem pela autoridade da maior parte dos Rabi.
ÍNDIA
O direito hindu é de religião bramânica. Um hinduísmo ou bramanismo é uma religião politeísta: existe uma confraria de 33 deuses. É uma religião sem serviço público ou sacerdotes. 
Coleção de livros bramânicos em 4 vol.: Mahabharata, Ramayana, Puranas e as Leis escritas de Manu, o Manusmrti (12 livros e 2.685 artigos). 1300 – 800 aC. A recolha ou organizaçãoo desse conjunto de leis se deu entre os anos 200 antes de Cristo e 200 depois de Cristo. 
O costume foi sempre reconhecido como fonte do direito pelos Hindus. Ele é a principal fonte porque completa os preceitos deduzidos dos textos sagrados. Há um número infinito de costumes, diferentes não somente de uma região para outra, mas sobretudo de uma casta para outra.
GRÉCIA
Cidade – Pólis – Comércio – moeda
Escrita – tragédia, comédia, poesia, história
Licurgo (Esparta, séc. VIII a V aC)
Retirar o poder das mãos da aristocracia com leis escritas foi o papel dos legisladores, destacando-se, inicialmente, Zaleuco de Locros (650 a. C.), a quem é atribuído o primeiro código escrito de leis e ter sido o primeiro legislador a fixar penas determinadas para cada tipo de crime.
Outro importante legislador da época foi Drácon (620 a.C.), que fornece a Atenas seu primeiro código de leis. Ficou conhecido por sua severidade, cuja lei relativa ao homicídio foi mantida pela reforma de Sólon, sobrevivendo até nossos dias graças a uma inscrição em pedra. Foi ele o responsável pela introdução de importante princípio do direito penal: a distinção entre os diversos tipos de homicídio: voluntário – julgados pelo Areópago; homicídio involuntário e em legítima defesa, julgados pelo Tribunal dos Éfetas, composto de 4 tribunais de 51 pessoas com mais de 50 anos e designadas por sorteio. O Areópago (mais antigo tribunal ateniense) enviava a esses tribunais os casos de homicídio involuntário ou desculpável.
Trinta anos depois da legislatura draconiana, Sólon (594-593 a.C.) não só cria um código de leis (alterando o código de Dracon) como, também, promove uma reforma institucional, econômica (reorganizando a agricultura, incentivando a cultura da oliveira e da vinha e exportação do azeite) e social (obrigação dos pais a ensinarem um ofício a seus filhos, os quais, caso contrário, ficariam desobrigados de ampara-los na velhice; eliminação de hipotecas e libertação dos escravos e por dívidas; acaba com a divisão da sociedade em classes societárias). Atrai, também, artífices estrangeiros com a promessa de concessão de cidadania.
	Manteve, contudo, com alterações, algumas instituições gregas: os Arcontes, o Areópogo e a Assembléia, tendo criado, ainda, a Boulê (Conselho paralelo ao Areópago, também denominado de Conselho dos 500) e o Tribunal da Heliaia (ao qual qualquer pessoa podia apelar das decisões dos tribunais, no sentido de que "a lei se encontrava acima do magistrado que tinha a cargo sua aplicação").
Segundo J. Carlos de Azevedo (Int. à Hist. do Direito, p. 42-46):
Os princípios que regem a cidade-estado democrática são a igualdade de direitos perante a lei (isonomia) e a liberdade de conduta. Além disso, possuía o cidadão a liberdade de expressar-se publicamente seu pensamento e expor sua queixa em público (isegoria).
Órgãos coletivos do poder judiciário na Grécia Antiga: 
Boulé (Conselho dos Quinhentos): eram escolhidos por sorteio (cinquenta de cada tribo). Cuidava de questões religiosas, financeiras, diplomáticas, militares. As sessões eram públicas, mas se restringiam à participaçãoo exclusiva dos seus membros, não de outros cidadãos.
Eclesia (assembleia popular): reunião dos cidadãos maiores de dezoito anos no pleno exercício de seus direitos políticos. Os assuntos englobavam a política externa, recepçãoo às embaixadas, declaraçãoo de guerra. No tocante à administraçãoo interna, decidiam sobre provisões e armazenamento de cereais, tributos, confisco de bens, ostracismo. Essa assembleia decidia sobre o exílio de um cidadão ou a atimia: perda total ou parcial dos direitos civis por crimes tais como o roubo, a corrupçãoo, o falso testemunho, vadiagem, ociosidade ou até quando das vias de fato.
Elieu (Tribunal dos Heliastas, júri popular): eram escolhidos por sorte. As decisões eram definitivas, não admitindo recurso algum.
A organização judiciária dos magistrados era assim composta:
Tesmotetas: promoviam a revisão das leis e presidiam os pleitos que envolviam interesses de ordem pública.
Eisagogueis: juízes para causas comerciais.
Demarca: principal magistrado do povo. Cuidava das sentenças proferidas nas questões postas entre as partes.
Polemarca: magistrado que cuidava das sentenças nas quais uma das partes era estrangeira (meteco).
Para os pensadores gregos, a fonte do direito é o nomos, que se traduz geralmente por lei. A lei é a rainha de todas as coisa (Píndaro). “Os nomói são uma coisa comum, regulada, idêntica para todos, querendo o justo, o belo, o útil; chama-se nomos o que é erigido em disposiçãoo geral, uniforme e igual para todos” (Pseudo-demóstenes). O nómos é sobretudo o meio de limitar o poder da autoridade, porque a liberdade política consiste em não ter que obedecer senão à lei. Mas a lei é humana e laica; já não tem nada de religioso, de divino. Na prática, os gregos fizeram poucas leis, no sentido romano e moderno do termo; porque o nomos significa tanto o costume como a lei (GILISSEN, p. 75-6).
Foi na Grécia que o Direito, na sua acepção mais original, se deu em início. Não somente pelo debate filosófico sobre a Cidade, as leis e a justiça, mas, principalmente, pela oposição entre jusnaturalismo e juspositivismo sob a forma de physis e nomos. A representação mais pungente dessa dualidade está na obra de Sófocles, a tragédia Antígona.
Conforme descreve Simonoe Goyard-Fabre, “O conceito de direito natural possui ressonância filosófica profunda: ‘Onde não há filosofia’ escreve Leo Strauss, ‘o direito natural é desconhecido’. A aurora da filosofia coincidiu com a descoberta da natureza, isto é, com a bifurcaçãoo entre physis e nomos que subentende que ‘a natureza é essencialmente ocultada por decisões soberanas’. Com efeito, desde os primórdios, as leis velaram ou ocultaram a natureza [...]. O direito natural pareceu por conseguinte ser mais profundo e mais verdadeiro que todos os sistemas, reais pou possíveis, do direito positivo. [...] O fato de que Sócrates, opondo-se aos sofistas, tenha iniciado o exame do problema mostra que o conflito entre jusnaturalismo e convencionalismo, longe de ser um debate contingente, é, ao contrário, política e filosoficamente essencial.
Sabemos hoje que, embora as primeiras sociedades obedecessem a regras que lhes regiam o comportamento, essas regras, de natureza religiosa ou familiar, não eram leis nem máximas jurídicas. A lei só apareceu, na verdade, com a formação das cidades [...]. A escrita, com regras de contornos mais nítidos que lhe fixavam o conteúdo, suplantou regras tradicionais e consuetudinárias, imprecisas e lábeis. [...] A autoridade da norma legal impõe-se como um desafio à desordem e à arbitrariedade anárquica dos bárbaros, istoé, dos não gregos; e veicula um ideal democrático erigido contra a arbitrariedade da tirania.
O texto de Sófocles que destaca esse problema é célebre; terá ecos não menos célebres de Cícero a Leo Straus na corrente denominada ‘jusnaturalista’.
Creonte, o rei, está indignado com a desobediência de Antígona que, a despeito de sua proibição, deu sepultura ao irmão. Antígona lhe responde: ‘Desobedeci à tua lei pois não foi Zeus que a proclamou; não é a justiça... não é a lei que os deuses tinham fixado para os homens, e não pensava que tuas proibições fossem bastante poderosas para permitir que um mortal monosprezasse outras leis, as leis não escritas, inbaláveis, dos deuses. Essas leis não datam de hoje nem de ontem, e ninguém sabe o dia em que elas surgiram’.
Em Sófocles, é indubitável que a preferência dada à lei divina não escrita deve ser compreendida como uma atitude profundamente religiosa. Mas tem também um sentido moral que implica referencia tanto aos costumes ou aos usos como às exigências éticas. Moral e religião, devido à sua fundaçãoo transcendente, são, na escala de valores, superiores à política. Aristóteles dirá que ‘A justiça vai além da lei escrita’- o que outros não tardarão em exprimir dizendo que a lei natural transcende a legalidade política”(GOYARD-FABRE, Simone. Os Fundamentos da Ordem Jurídica. São Paulo: Martins Fontes, 2007, p. 6-11).
TALIÃO (tal qual)
A expresseão lei de talião, é um erro ou vício de expressão. O talião é definido como pena ou princípio, pois significa ter a pena equivalente ao crime ou delito (reciprocidade). Em muitas legislações aparece diretamente no texto da lei. Em outras, como princípio, como pode exemplificar a expressão “olho por olho, dente por dente”na legislação hebraica (Êxodo 21:24). Não pode ser confundido com vingança, pois a reciprocidade implica entendimento sobre a correspondência entre o mal causado e a pena a ser cumprida. O registro mais antigo de talião é atribuído ao Código de Hammurabi.
PENAS DA ANTIGUIDADE: Morte, lapidação, flagelo, multa, escravidão, mutilação, exílio, banimento…
CHINA - Li Kui 
	
Século 16 - Século 11 a.C, a Dinastia Shang
A lei principal: a Lei Penal de Tang
A forma da Lei Penal de Tang era parecida com a da lei penal;
A ideologia da lei desta época era a autoridade religiosa;
A lei foi mudada uma vez e foi adicionado o conteúdo sobre penalidades aplicativas aos ministros que cometeram crimes;
As formas da lei: Shi e Hao, que eram discursos do rei da Dinastia; e Ming, que era comandos do rei para as organizações executivas, sobre as rotinas e assuntos concretos;
Começaram as torturas cruéis;
Havia lei sobre monogamia;
Havia lei sobre o direito da herança: quando um homem morresse, seus irmãos mais novos e seus filhos tinham os mesmos direitos; até o fim da dinastia, a lei mudou para que o primeiro filho tivesse o direito de herança.
	
	
Século 11 - 70 a.C, a Dinastia Zhou do Oeste
A lei principal: a Lei Penal Jiu, e a Lei Penal Lü
A ideologia da lei desta época era: prestar atenção à política da benevolência, usar punição com prudência;
A Lei Penal Jiu consistia de 9 capítulos;
A Lei Penal Lü foi criada com base nas penalidades existentes; era uma lei escravagista relativamente bem estruturada;
As formas das penalidades: além de Shi, Ming e Hao, havia também Li que consistia de diversas etiquetas, Yi Xun que era o testamento do último rei, e Yin Yi que era privilégios para os governadores;
Torturas cruéis da Dinastia Shang foram preservadas;
Penalidades: a pena de morte, a detenção, o exílio, o aprisionamento, a multa, e fazer do criminoso a escravo.
Alguns princípios:
Os idosos não eram punidos;
A seriedade do crime era considerada na sentença;
Era considerado se o crime fora cometido com premeditação ou sem premeditação;
Na lei civil desta época, havia Zhi Ji que era um contrato de negócios, Fu Bie que era contrato de dívidas, contratos de alugueis, e contratos de perdas e compensações;
Processos para se casar e se separar eram estabelecidos; o casamento entre duas pessoas que usavam o mesmo nome era proibido;
	
	
770 a.C - 221 a.C, a Dinastia Zhou do Este 
(O Período da Primavera e do outono, e o Período dos Reinos Rivais)
A lei principal: Fa Jing
A ideologia: o relacionamento e a diferença de classe não importavam na execução da lei;
No Reino Zheng, a lei foi publicada pela primeira vez para o povo;
No Reino Chu, o rei Huai mandou o ministro Qu Yuan criar uma lei fundamental; a idéia é parecida com a constituição de hoje;
No Reino Wei, o rei Hui estabeleceu uma lei fundamental para o reino.
	
	 
221 a.C - 207 a.C., a Dinastia Qin
A lei principal: a Lei de Qin
A ideologia da lei: valorizou muito o poder e a realização da lei;
As formas da lei: Lü, Ling, Zhi, Zhao que eam leis; Ting Xing Shi que eram casos condenados para serem referencias; havia nesta época explicações das leis pela forma de perguntas e respostas;
Foi estabelecida a lei Chu Zu He, que confirmou a legalidade da terra privada; foi a primeira lei feudal;
No fim da dinastia, foi promulgada uma lei que proibia sepultar escravos por causa da morte do dono;
Alguns princípios:
A idade do criminoso era levada em consideração, mas a idade era decidida pela altura do criminoso;
A consciência de cometer um crime era considerada na condenação;
Era considerado se o crime fora cometido de propósito, de propósito se chamava Duan, sem querer chamava-se Bu Duan;
Se o criminoso cometesse alguns crimes juntos, acumulavam-se as penalidades na condenação;
Crime de grupo era condenado seriamente;
Se o criminoso se entregasse espontaneamente, ajudava a diminuir sua pena;
Acusação falsa era punida; na Lei de Qin, chamava-se a acusação falsa de Duan Gao;
A organização judicial mais alta se chamava Ting Wei, que era responsável por casos mandados pelo imperador ou pela revista de casos complicados ou importantes;
Uma característica do processo judicial da Dinastia Qin era que as acusações eram divididas em casos oficiais e casos oficiosos;
No aspecto econômico, havia leis sobre a administração da agricultura, a indústria manual oficial, a maneira do cálculo de mão-de-obra, e a administração dos negócios e mercado, por exemplo, os usos e o câmbio das moedas, o uso e o cálculo das medidas e pesos etc.
	
	
206 a.C - 220, a Dinastia Han
A lei principal: a Lei de Han
A Lei de Han tinha 62 capítulos;
Desde a Dinastia Han, a principal ideologia legal era a do confucionismo, até o começo do Século passado;
Esta ideologia tem algumas características:
A lei devia ser simples e indulgente;
A educação moral funcionava paralelamente com a penalidade, e era considerada mais importante;
A pena da morte era executada depois da Descida da Geada, que é um termo solar do calendário agrícola e era considerado o fim do outono quando as plantas começavam a morrer;
As formas da lei:
Lü, era a lei básica, chamada também de "código de lei";
Ling, era comandos do imperador, chamados também de Zhao ou Zhao Ling;
Ke era lei estabelecida para aspectos específicos;
Bi, chamados também de Jue Shi Bi, eram os casos condenados que podiam ser usados como referências;
Chun Qiu Jing Yi, Chun Qiu é um clássico antigo; quando não se encontrava nenhuma lei nem casos de referências para o caso, procurava-se a solução neste clássico;
Explicações das leis;
A idade natural era considerada na condenação;
Havia um processo judicial:
Gao He, que é a acusação de hoje; Gao era um caso em que o litigante chegava à autoridade local e apresentava uma acusação; He representou um caso em que um oficial apresentava uma acusação contra alguém;
A captura e a detenção;
O julgamento e a condenação; o julgamento se chamava Ju Yu, a condenação se chamava Duan Yu; uma revista dentro de três dias depois da condenação era chamada de Chuan Fu; e o anúncio da condenação para os litigantes se chamava Du Ju;
O apelo, era chamado de Qi Ju;
A execução; normalmente, a pena de morte era executada depois da Descida da Geada, com osentido que era executada na estação em que o céu deixava as plantas na natureza morrer.
	
	 
265 - 420, a Dinastia Jin
A lei principal: a Lei do Reino Wei, a Lei do Reino Wei do Norte, a Lei da Dinastia Jin, a Lei do Reino Zhou do Norte, e a Lei do Reino Qi do Norte.
Continuou a usar a ideologia legal do confucionismo (igual às dinastias seguintes até o começo do século passado);
As formas principais da lei:
Lü, as leis;
Ling, regulamentos temporários;
E Lü era considerada mais importante e decisiva que Ling.
	
	 
581 - 618, a Dinastia Sui
A lei principal: a Lei Kai Huang, e a Lei Da Ye
A Lei Lai Huang dava privilégios para a classe governadora:
Li Jian, significa que se uma pessoa da classe governadora cometesse crime, ela seria degradada para um nível mais baixo;
Ting Shu, significa que os oficiais podiam compensar os crimes através de multa;
Guan Dang, significa que os oficiais podiam ser demitidos para compensar seus crimes;
Reformaram-se as penalidades: as torturas antigas foram abolidas; cinco penalidades foram confirmadas. Elas eram: Dai, Zhang, Tu, Liu, Si, que significam batidas nas costas, batidas nas pernas e na bunda, o aprisionamento, o exílio e a pena de morte. Esta reforma eliminou as penalidades extremamente cruéis, e é considerada como um passo à frente.
	
	 
618 - 907, a Dinastia Tang
A lei principal: a Lei de Tang
A Dinastia Tang foi a época na história chinesa que teve a lei mais desenvolvida;
As formas das leis:
Lü, lei penal;
Ling, lei sobre o sistema estadual e os aspectos básicos;
Ge, lei administrativa, que eram as referências que as repartições usavam diariamente;
Shi, que eram as formas e formulários dos documentos oficiais;
Organizações judiciais:
Da Li Si, era a organização judicial mais alta; ela era responsável por crimes cometidos por funcionários públicos, e casos de pena de morte;
Xing Bu, o Ministério de Punição, que era responsável pela revisão dos casos concluídos, incluindo os casos de condenados pela Da Li Si;
Yu Shi Tai, foi a organização de supervisão central, que supervisionava as atividades judiciais de Da Li Si e de Xing Bu;
San Si Tui Shi, que era uma reunião dos ministros de Da Li Si, de Xing Bu e de Yu Shi Tai, para julgar casos muito importantes;
Leis sobre a economia: principalmente eram leis sobre a terra e as finanças do estado, para garantir que o estado recebesse os impostos e os serviços obrigatórios;
No aspecto da lei civil:
Sobre o direito de propriedade:
A Lei de Tang protegia o direito do proprietário contra a violação de outras pessoas;
Especificava as condições para obter a propriedade: além de comprar e herdar, existiam outras maneiras de obter uma propriedade: a possessão de propriedades sem dono, a descoberta de objetos enterrados e a manutenção de objetos empenhados;
Sobre o direito do credor:
Uma relação de compra/venda: num negócio, o contrato era obrigatório, especialmente nos negócios de terra e de imóveis;
A relação de dívida/crédito;
A relação de renda/aluguel: renda/aluguel de casas, lojas e barcos se chamava Lin ou Zu, de terra se chamava Dian, de mãos-de-obra, animais ou carro era chamado de Yong;
A garantia de dívida: o devedor tinha a responsabilidade de pagar a dívida; se ele não conseguisse pagar, deveria pagar com sua propriedade ou viraria escravo do credor; se o devedor recusasse a responsabilidade de pagar, o credor podia forçá-lo a pagar ou pedir ao juiz para executar a sentença nas formas da lei;
Uma outra mudança importante nesta época era o aperfeiçoamento da responsabilidade do juiz:
O juiz devia condenar segundo a lei e na condenação, devia citar textos dos códigos originais;
Se fosse descoberto que o juiz condenou injustamente, o juiz receberia punição por isso.
	
	 
960 - 1279, a Dinastia Song
A lei principal: a Xing Tong de Song
As formas das leis:
She, eram regulamentos sobre crimes e punições;
Ling, eram regulamentos sobre restrições e atividades proibidas;
Ge, era a definição do sistema;
Duan Li, eram casos de consulta;
Zhi Hui, que eram comandos ou decisões do governo central sobre aspectos específicos, que funcionavam nos casos relevantes;
Shen Ming, eram explicações do governo central sobre leis;
Kan Yang, significa decisões do governo central segundo anistias anteriores ou outros arquivos;
A legislação da Dinastia Song é especial por causa da publicação da lei: todas as leis eram compostas no Xing Tong, que era o código de lei; Xing Tong de Song é o primeiro código de lei lançado na China;
Na lei penal:
Havia punições mais fortes contra roubos e supressões severas contra rebeliões de agricultores;
Fortificava-se a segurança nas cidades principais; contra o mesmo crime, havia punições mais fortes nas cidades;
Começaram de novo as torturas cruéis; a crueldade ficou até pior que antigamente;
Usavam-se mais batidas nas costas e na bunda como punição;
Ci Pei era executada nesta época; Ci Pei era um tipo de exílio, usado junto com uma tatuagem da acusação na cara do criminoso;
A lei civil desta época dava ênfase sobre a lei de negócios e penhores;
O sistema judicial:
Construiu-se Xing Shen Yuan, que era responsável pela revisão de casos criminosos;
No ano 1080, Xing Shen Yuan foi unido ao Xing Bu, o Ministério de Punição;
	
	 
1368 - 1644, a Dinastia Ming
A lei principal: a Lei de Grande Ming, e Da Hao
A Lei de Grande Ming nasceu da Lei de Tang, mas era mais desenvolvida; aumentou-se o conteúdo para fortificar a monarquia feudal centralizada, e virou um código feudal típico de lei;
A Lei de Grande Ming tinha 30 capítulos, 460 códigos; e a lei Da Hao tinha quatro capítulos, 236 códigos;
O sistema judicial:
Da Li Si, era responsável especialmente pela revisão;
Xing Bu, o Ministério de Punição, era responsável pela condenação de casos importantes e complicados, e crimes cometidos por funcionários públicos;
Du Cha Yuan, era a organização de supervisão, que tinha controle sobre Da Li Si e Xing Bu; tinha também certo direito de condenação;
	
	 
1644 - 1911, a Dinastia Qing
A lei principal: Lü Li de Grande Qing, a Nova Lei Penal de Grande Qing, Min Lü Hua An de Grande Qing - a Lei Civil de Grande Qing.
Lü Li de Grande Qing tinha uma estrutura parecida com a Lei de Grande Ming; tinha 7 capítulos, 30 categorias, 436 códigos;
No fim da Dinastia Qing, surgiu uma lei parecida com uma constituição;
A ideologia da lei no fim da Dinastia Qing consistia da ideologia da igualdade, e as doutrinas evangélicas, e a ideologia feudal;
A Nova Lei Penal de Grande Qing foi publicada em 1910; ela é o primeiro código de direito penal chinês que foi criado segundo exemplos de direitos penais ocidentais; ela adotou muitos princípios e regulamentos de direitos penais ocidentais, e é considerada um momento decisivo da modernização da legislação chinesa;
Min Lü Hua An de Grande Qing, a Lei Civil de Grande Qing, que foi aplicada em 1911 é o primeiro código civil.
	
	 
1912- 1949, o Período Ming Guo
A lei principal: a Constituição Provisória de Zhong Hua Ming Guo, e o Direito Civil de Zhong Hua Ming Guo
A Constituição Provisória foi publicada no dia 8 de março, 1912; como constituição, ela tinha características inovadoras e democráticas, mas tinha também suas limitações;
O Direito Civil foi publicado em 1929 - 1930; ele foi baseado em direitos civis de alguns países ocidentais, por exemplo a Alemanha, a Suíça etc; a segunda versão foi publicada no ano 1935;
Neste período, por causa da existência de diversas autoridades na China, existiam leis diferentes paralelamente.
	
	 
	
A gênese das idealizações ocidentais da lei e do legislador.
Bruno José Ricci Boaventura
I.  Introdução
A cultura suméria, assíria e helênica, em geral, o povo da antiga Mesopotâmia, conforme E.A.Speiser, deixou um legado imemoriável para a vida moderna, pois se temos, ainda, esperança em normas criadas de forma despersonalizadas devemos muito a este povo, pois influenciaram o Mundo Clássico, e assim a própria civilização ocidental comoum todo[1].
Na Mesopotâmia originaram-se os primeiros textos referentes as normas escritas de conduta da sociedade humana, alguns dirão que eram Leis, outros tantos dirão que não passaram de propagandas e que acabara servindo de registro para a prosperidade, porém todos concordam que a forja da origem do que viria a ser o conceito de Lei no ocidente foi esculpida na terra entre os grandes rios Eufrates  e Tigre.
Objetivamente, os textos em linguagem criptográfica esculpida em estelas estabelecem um registro da teorização da legitimação do poder real nas civilizações antigas da Mesopotâmia, e um exemplo prático deste direito primitivo.
Na Grécia o contexto se modifica, as Leis perdem, mesmo que momentaneamente[2], o caráter de sacro mistério. Deixa de ser algo que somente os sacerdotes escreviam e apenas os homens das famílias religiosas podiam conhecer. A linguagem legal se torna acessível, todos podem ler e falar[3].
É Atenas nosso exemplo da reviravolta grega quanto ao conceito da Lei e do direito. Conforme as palavras de Fustel de Coulanges, sabemos que foram redigidos dois códigos de leis em Atenas, no intervalo de trinta anos; o primeiro por Drácon, e o segundo por Sólon. O de Drácon foi escrito no calor da luta entre as duas classes e quando os eupátridas ainda não estavam vencidos. Sólon redigiu o seu no exato momento em que a classe inferior o conquistou. Por isso, as diferenças entre os dois códigos são tão profundas[4].
II. A lei na antiga mesopotâmia: a coerção no medo do castigo divino.
Em 2350 a.c., reconhecidos por muitos, como o primeiro registro histórico de codificação de normas, e também a primeira reforma social temos o Código de Urukagina ou Uruinimgina. Auto-denominado de Rei de Lagash ou  Sumer, cidade da antiga Mesopotâmia.
Historiadores renomados, como o mais experiente em história e linguagem sumérica, Samuel Noah Kramer, apontam o texto de Urukagina como um dos mais precisos documentos de combate à tirania e a opressão do poder da história humana, em todos os possíveis sentidos, e também, como o primeiro registro da concepção da idéia de liberdade, pela palavra amargi, epistemologicamente definida como o “retorno para a mãe”[5].
Este Código tem uma importância histórica relevante, sobretudo por representar um mecanismo legal de limitação dos poderes dos sacerdotes, dos altos funcionários públicos, estabelecendo meios concretos de justiça social, pela garantia, dentre outros, de direitos aos cegos, pobres, viúvas e outros. No prólogo do Código está escrito: “El poderoso no oprimirá al huérfano y a la viuda: pues tal pacto ha establecido Urukagina con Ningirsu.”[6]
É um importante legado para o mundo ocidental, pois iniciou a idéia tradicional de conceber uma base legal a justiça como justificativa de possibilitar uma vida com mais dignidade aos cidadãos, conforme aponta Enrique Nardoni[7]. É o próprio nascedouro da idéia moderna do liberalismo: a legitimidade da ordem política no direito, ou seja, para os cidadãos serem dignos de um Estado e o Estado ser digno de seus cidadãos, o direito deve dar as condutas necessárias para a concreção desta dupla dignidade.
Trezentos anos depois, em 2050 a.c., já no período da Renascença do período Neo-sumério, Ur-Nammu, com a morte de seu irmão, o rei UtuKhegal, proclamou a independência de Ur do reino de Uruk. Auto-declarou-se rei da cidade de Ur, fundando assim a terceira dinastia de Ur, que perdurou de 2112 à 2004 a.c.. Ur-Nammu reinou por 18 (dezoito) anos, e seus descendentes governariam por mais de 90 (noventa) anos consecutivos.
Diferente dos outros reinos, o de Ur-Nammur foi construído utilizando-se de uma estratégia pacifista, a da reconstrução dos templos destruídos das cidades vizinhas a Ur, os chamados zigurates, e como demonstração de agradecimento dos cidadãos que se davam como salvos, era aclamado rei.
O Código de Ur-Nammu, uma compilação dos costumes antigos acumulados culturalmente, foi escrito, na verdade, como dito por especialistas, por seu filho Shulgi. No prólogo aclamou o Rei como o estabilizador da equidade, e aquele que baniu a maledicência e a violência[8]. O Código teve como principal tema a reversão das penas ditas talianas em sanções pecuniárias, dando assim a origem do instituto da indenização, e a escrita em forma de sentença condicional, o que importa em dizer que se alguém fizer “isto” será penalizado com “aquilo”[9].
O Código de Eshnunna, de 1930 a.c., traz uma referência ao nome da cidade e não ao nome de um legislador específico. A cidade de Eshnunna com a queda da terceira dinastia de UR passa a ter significância econômica, sobretudo pela posição geopolítica na antiga Mesopotâmia, e se fortaleceu com os reinados bem sucedidos e sucessivos de Naram-Sin, Dadusha e Ibelpiel II.
As compilações estão em duas estelas, encontradas na cidade que atualmente se chama Tell Armar. Os cripotologos ainda não chegaram a um consenso, mas a maioria define que uma das estelas fora esculpida no reinado de Dadusha, conforme informações de Reuven Yaron[10].
O Código traz cerca de 60 artigos sobre variadas temáticas, incluindo um sistema de cortes de julgamento, funcionamento do reino e do palácio, escravidão, casamento e divórcio, interferência do poder real no domínio econômico para coibir altas dos preços de alimentos[11], e serviu de base para a elaboração do Código de Hammurabi.
Aproximadamente em 1.870 a.c. temos o Código de Lipit-Ishtar de Isin[12], que não fora escrito em Estela mas sim em sun-baked clay tablet, o seu  prólogo é um exemplo de como as normas eram manifestações de auto-promoção real[13].
Estava então registrada na historia do homem a serviniência da Lei à imagem de seu legislador, o que na contemporaneidade volta a ser fenômeno freqüente, com políticos instados a criarem Leis para mero deleite de seus eleitores, mesmo que não sejam aplicadas concretamente. Revoluções legais são anunciadas com aprovações nas Casas Legislativas, mesmo que a evidência seja que a Lei não será sequer sancionada.
Após, temos Hammurabi, que sucedeu no trono da Babilônia com a morte de seu pai, reinou absoluto por 43 (quarenta e três) anos, e foi elo forte de uma dinastia que perdurou por mais de 300 (trezentos) anos. Teve inegavelmente como principal legado o Código que perdurou por anos como sendo o primeiro a ser elaborado na história, mas jamais perecerá quanto ao ser o mais estudado e assim o mais importante de todos os primitivos.
A descentralização da administração prevista no Código pode ser exemplificada na distribuição de cópias do próprio código ao longo do reino. Dos que restaram, o exemplar mais magnífico é a estela de diorito negro, com quase 2 metros e 30 centímetros de altura, que atualmente está no museu do Louvre. Esta relíquia foi encontrada por J. De Morgan, arqueóloga francesa, no final do ano de 1901.
As exaltações ao poder do Rei encontradas nos epílogos dos Códigos de Lipit-Ishtar e Hammurabi assemelham-se de tal maneira que alguns acreditam, como A.S Diamond, que sejam na verdade um só texto, somente com a diferença do de Hammurabi estar escrito em accadian.  
Já as diferenças dos corpos legais dos Códigos demonstram um avanço inegável da técnica legislativa em Hammurabi: temos a melhor distribuição das matérias tratadas em um grande número de dispositivos (282) em tópicos temáticos que formulam uma nova e melhor sistemática do que até então existia, e ainda, uma linguagem que  alcança a perfeição, como ponderou A.S. Diamond[14].  
O ano de 1760 a.c. é dito pela maioria como o de elaboração do Código. O primeiro aspecto é sobre a importância, ressaltar ingenuamente que a lei do talião (olho por olho e dente por dente) é a instituição da barbárie é desconsiderar que em tempos remotos somente a descrição de penas já retiraria das mãos do Rei a possibilidade de exercer o poder de forma totalmente arbitrária.
A leitura do Código traz algumas possibilidades de entendimento das características organizativas da civilização, como o indicio da preocupação em relação as fraudes de processosjudiciais, a responsabilidade ao extremo pela instituição da pena capital; a descentralização da administração pela organização em circunscrição; a legitimação da escravidão; possibilidade de venda de mulher e filhos; um sistema de contratos parecido com o atual, sobretudo o de depósito inclusive com responsabilidade patrimonial; a figura mística do rio presente como demonstrador da verdade. Enfim, as normas tinham efeito concreto (a razão da quantidade), parecendo mais sentenças do que Leis, o que alguns denominam de estilo casuístico.
Este estilo casuístico que perdura em todos os códigos primitivos seria uma conjunção das duas grandes famílias dos sistemas do direito contemporâneo, a common law e a civil law, pois a abstratividade é baseada em um precedente. Não existindo ainda a  abstratividade normativa em sua plenitude, mas a descrição das normas em estelas, algo constante e material, acarretaria uma modificação no modo de pensar as Leis e sua relação com os afetados.
As normas não mais estariam totalmente no abstrato, já não seriam mais ditadas na eminência do acontecimento. Resultaria daí um grande avanço na segurança jurídica pela possibilidade, inexistente até então, de uma previsibilidade aplicativa das normas, mesmo que em alguns casos fosse mínima.
A poder de coerção destas normas resultava no medo imbuída a população não de ser punido pelo Estado, mas pelos Deuses da cidade. Assim os Reis, que exerciam a função de sacerdotes receptores das Leis divinas, impuseram a ordem e a obediência cultuando o medo da vingança das divindades e conseguiam serem obedecidos religiosamente, como bem aponta Antonio Carlos Wolkmer[15].
O principal efeito desta prévia existência despersonalizada das normas tanto a quem ordena como à quem seriam ordenadas é de que a origem dos textos legais é marcada pela simultaneidade da origem do conceito que eles deveriam ser impessoais, ou seja, desde o direito cuneiforme a Lei para ser Lei deve ser impessoal.
Ao comparar o direito cuneiforme com outros de diferentes épocas, John Sassoon, já concluíra que as normas das sociedades do ocidente não evoluíram numa linha paralela ao desenvolvimento da complexidade social. Assim o Código de Eshununna seria comparável em termos de reconhecimento dos direito humanos à situação legal da Inglaterra de 1.150 d.c., assim como Código de Hammurabi representaria a Inglaterra de 1.250 d.c.[16].
A criticidade a respeito da natureza das inscrições presentes nas estelas é feita pelo professor Emanuel Bouzon que esclarece que tais normas representariam a ideologia do rei, num caráter auto-promocional, e significariam a intervenção do rei na sociedade e na economia, com fim propagandístico da imagem real como um garantidor da justiça, como se denota nos prólogos[17].
A existência destes códigos seria a ocasionada pela necessidade de transmissão com maior facilidade às futuras gerações dos costumes de conduta, e algumas estelas denotam ser na verdade não lei propriamente dita, mas registro histórico realizado por escribas num exercício meramente acadêmico.
Bouzon ainda ressalta que a assirióloga S.Lanfont no Colóquio de Strasbourg introduziu a idéia de que os Códigos seriam utilizados de forma subsidiária, com um caráter complementar  as prescrições locais (costumes). É bom lembrar que a polêmica acadêmica sobre a natureza destes textos ainda perdurará assim como a certeza de que os mesmos exerceram influência no modo ocidental atual de pensar a Lei.
III.       Atenas como Grécia: a lei como algo racionalmente humano.
Na Grécia antiga acontece uma revolução sobre o ideal da legitimação das Leis, este novo contexto político geraria a idéia base da democracia. A legitimação da Lei deixa de ser o mito burocrático dos Deuses que ordenariam do céu as normas que os homens devem seguir na terra. È neste preciso momento histórico que os homens passam a se auto-ordenar e constroem a legitimação da Lei não pela interferência dos Deuses ou de outros homens que se concebiam como enviados do céu, mas sim pela decisão de todos, ou pelo menos da maioria concebida a votar.
A democracia penetra na legitimação das Leis, e de lá, nunca mais saíra. O conceito de legislador se renova como a vontade popular, e não mas como tradição religiosa, conforme as entusiásticas palavras de Fustel de Coulanges[18].
O mito do governo dos Deuses e de todos os demais apaixonados por este modo organizacional sucumbem ao nascer do governo das Leis, e este será para sempre a essência teórica político-jurídico ocidental da democracia.
III. I O Código de Dracón: leis escritas com o sangue do povo.
O primeiro legislador grego a ser comentado é Dracón, um eupátrida, que tinha todos os sentimentos da sua casta, e recebeu instrução no direito religioso. A primeira Lei constante em seu código, escrito em 621 a.c., profetizava: “Devemos honrar os deuses e os heróis do país e oferecer-lhes sacrifícios anuais, sem nos afastarmos dos ritos seguidos pelos antepassados.”
A contextualização feita por Coulanges remete, e isto é perfeitamente possível, que Dracón foi uma personagem de transição, representando o novo por ser o primeiro legislador, mas não rompendo ainda com a tradição do caráter religioso das penalidades normativas.
A importância história de Dracon é a originalidade de sua posição política na estrutura do Governo, o legislador, separando a autoria das Leis daquele que detinha o poder.
A crueldade das Leis draconianas reside na concepção de que a Lei ofendida era um atentado as divindades constituindo um crime irremissível. Em razão disso é explicável a penalidade da morte aquele que ofende a propriedade alheia, pois é do culto grego antigo a origem do conceito de que alguns bens matérias pertencentes à família deveriam ser resguardados como uma propriedade religiosa[19]. As leis com a pena capital resultam também na tentativa de acabar com os constantes assinados entre os membros da aristocracia na disputa por terras.
Aristóteles afirmou que Dracón não fez uma nova legislação, mas sim uma consolidação do código oral de costumes. Esta foi uma das tarefas dada pelo povo de Atenas: fazer as leis antes confusas se tornassem claras para os cidadãos, evitando assim o abuso de interpretação daqueles que estivessem no poder, como bem colocou Richard A. Katula[20].
Apesar da facilitação de conhecimento das Leis por todos os cidadãos como efeito da existência do Código de Dracón em uma linguagem permanente, não houve nenhuma intenção clara de redução da tensão vivida entre os ricos e pobres, que acabou gerando a necessidade de re-elaboração das Leis por Sólon, como bem considera A. Andrewes[21].
Podemos assim afirmar que o povo de Atenas não desejava uma simples consolidação. O motivo político – popular da origem do Código de Dracon, colocado como por Adriaan Lanni, foi tentar dar uma resposta a crise de violência que aflorou em Atenas, após a tentativa da aristocracia fazer desta Cidade-Estado uma tirania[22]. A condição externa de Atenas, em constante disputa com Megara, acredita J. Antonio Clúa Serena, também influência na insurgência do desejo popular da re-configuração do modo de governo em Atenas[23].
As normas do Código de Dracón eram autotuteláveis, assim a aristocracia, com o seu poder econômico e político, era a única capaz de submeter facilmente à conciliação aqueles que foram prejudicados por seus atos, e de punir aqueles que as prejudicara, criando assim uma instabilidade social das leis se tornarem injustas e anti-democráticas.
Diante desta circunstância, a necessidade de reformulação das Leis de Atenas torna-se inevitável, pois o povo ateniense acreditava na necessidade da elaboração de um novo código de leis mais acessível ao homem comum não só pela linguagem, mas também pela praticidade, como bem leciona Edwin Caravan[24].
III. II O Código de Sólon: as leis deixam de ser raios divinos, e viram sementes humanas.
Após 30 anos das leis de Dracón que acabou agravando os conflitos entres as classes sociais, Sólon foi imbuído, primeiramente não dacompetência de legislador, mas sim de mediador. Uma posição de poder considerável na sociedade ateniense, esta referência é presente na biografia escrita por Plutarco trazida por James F. McGlew[25], e ratificada por Aristóteles, que ainda afirma que o consenso pelo nome de Sólon foi devido a ele ser um homem influente, e da classe média que poderia balancear os interesses antagônicos em jogo[26].
Primeiramente a analise do texto e do contexto do Código, temos que ter em mente algumas polêmicas. A primeira é da real existência ou não de Sólon, pois segundo alguns estudiosos não passaria ele de um personagem fictício poeticamente criado para dar sustentação ao discurso de obediência a Lei. A segunda que suas leis não foram todas concebidas por ele, pois algumas de fato foram adições ou alterações feitas no texto original, conforme categoricamente afirma Geoffrey  Ernest Maurice[27].
No período anterior a reforma de Sólon, o contexto político era totalmente dominado pela aristocracia, o poder executivo e judicial estavam em suas mãos. Esta classe era integrante do Conselho e revezava entre seus membros a magistratura. Acaso houvesse alguma assembléia do povo, era somente um formalismo para confirmar os candidatos eleitos pela aristocracia. Neste momento, Cilón vendo as outras cidades – estados erguendo tiranias, intenta Atenas ao seu mando, porém é rechaçado pelo povo e consegue escapar da execução sumária que atinge seus correligionários, ensina Isidoro Muñoz Valle[28].
Aristóteles ressalta três pontos principais da obra de Sólon: a proibição de empréstimo tendo como garantia a pessoa do devedor (a liberdade da pessoa e da família); o direito de qualquer pessoa prestar queixa, inclusive em nome de terceiro, para corrigir uma injustiça que estava sendo feita, e terceiro, a instituição da apelação na corte do júri. Enaltece também a instituição do poder do voto como linha mestra da democracia e da constituição, porém ficou a desejar, para a massa do povo, a completa redistribuição de todas as propriedades, e, para a classe alta, a restauração das posições em seu formato original[29].
Além destas passagens importantes, historiadores, como Isidoro Muñoz Valle, afirmam que Sólon também promoveu o resgate dos atenienenses escravizados que se encontravam no exterior garantindo-lhes a imunidade contra a escravidão. Afinal deu ao povo ateniense a liberdade social, com a extinção da possibilidade da escravidão em razão de dívidas[30].
Fora as questões pragmáticas momentâneas, como as que Aristóteles cita como os três pontos principais, a obra de Sólon enquadra um dilema que todos os legisladores subseqüentes viveriam: o de que quando existe a necessidade de uma solução de uma demanda historicamente criada e enraizada na sociedade a ser disputada por posições radicalmente antagônicas não há Lei que será aceita como justo equilíbrio, ou seja, a posição do meio ou imparcial será sempre a que descontentará o maior número de pessoas.
Acabada a instituição das reformas, Sólon, teria se retirado de Atenas, com o pretexto de viajar e conhecer terras distantes, mas sabemos que a real função desta jornada conhecida como apodemia era a necessidade do legislador esquivar-se das pressões para introdução de mundanças nas Leis, como bem dita Delfim Leão[31].
O que ficou para nós pela poesia e pelas leis de Solón é existência por parte dele da recusa da tirania, a qual para ele está associada a violência e se equivale a escravidão, porém não existe uma entrega total a democracia. J. Antonio Clúa Serena melhor dizendo, afirma que Sólon organizou o governo desarticulando o privilégio do nascimento (aristocracia), mas estabelecendo em seu lugar o privilégio da fortuna, o que se denomina timocracia, uma ponte entre a aristocracia e a democracia[32].
A importância na compreensão da Lei dada por Sólon, é que comparando com os antigos reis da Mesopotâmia, como Hammurabi, ele fez a separação das funções do legislador e do julgador. Não tomou para si a posição de julgador inquestionável, como Lipit-Ishtar o fez e como comumente era feito, agiu como imparcialidade na descrição da justiça em suas normas, distribui as competências de forma a re-equilibrar as forças políticas entre as classes sociais,  conclui sua obra afirmando que se fizesse um grupo obter uma vitória injusta poderia acarretar a ruína de Atenas, como pondera Edward Monroe Harris[33].
A separação do legislador da figura do chefe do governo, já vista em Dracón, ganha um ar de independência com a legitimação pelo povo e não mais pela escolha direta do Poder. A separação da figura do legislador re-afirma esta independência, Sólon originalmente visto como mediador, faz de suas leis não sentenças que determinam de qual lado é a vitória, mas estabelece o ideal da Lei ocidental, esculpindo os valores ponderativos para o equilíbrio das forças antagônicas da tensão dialética do poder.
III. III A teorização das razões da Lei escrita na Grécia Antiga.
Estudiosos ao longo do tempo vem se defrontando com questões teóricas sobre as razões que levaram a Grécia Antiga estabelecerem as Leis de forma escrita.
Kyle Lakin, do departamento de estudos clássicos de Stanford, revitaliza a discussão acadêmica sobre as duas teorias que tentam explicitar os motivos da configuração das normas de conduta da sociedade da Grécia antiga em Leis escritas[34].
A teoria  do controle da sociedade pelas Leis escritas (social control theory) argumenta que a origem deste tipo de Lei foi a necessidade social de finalizar com as disputas políticas, como aponta Gargarian. Está seria uma das estratégias, o desenvolvimento das leis, nas cidades-estados gregas para tentar pacificar as disputas internas  através de medidas que pudessem garantir uma melhor justiça social.
Uma outra vertente desta mesma teoria, lidera por Walter Eder, leciona que a Lei escrita foi originalmente concebida para conservar os poderes da elite, embalsamá-los em leis, e assim poderia barrar a crescente criticidade da população pobre quanto a legitimidade da política imposta pela aristocracia. Era na verdade mais um meio para legitimar a estrutura do poder, do que uma negociação concedida entre as classes sociais.
Os três motivos trazidos por Elder desta teoria para a origem da Lei escrita na Grécia Antiga são: para o acabar com o desenvolvimento da lei dos costumes, principalmente pela razão de pressão que este sistema estava assimilando em desfavor dos que detinham o poder; a necessidade de um texto definido e politicamente conhecido do textos das leis; e uma base legal para os negócios praticados com a propriedade, para acabar com o cancelamento de débitos e re-distribuição de terras.
A teoria do controle do processo político pela Lei (process control theory), explicada por Karl Holkeskamp,  coloca de forma diferente o efeito das leis se tornarem escrita, mas quanto a causa, capacidade do uso das Leis para acabar com a discórdia política existente, não há discordância.
Esta teoria acredita que a Lei escrita foi concebida em uma situação de estabilidade política, e que a Lei foi escrita para refinar a prática política, e para responder as situações que não eram devidamente atendidas pelas regras dos costumes.
Acreditam também na construção filosófica e histórica dos personagens dos legisladores. A Lei foi originalmente concebida como expressão do controle dos cidadãos da estrutura do Estado.
Ambas as teorias adotam a tese que o desenvolvimento da Lei fez parte do desenvolvimento do Estado Grego, e de que as leis sendo feitas receberam o apoio dos cidadãos.
Esta é uma polêmica que representa muito mais a tensão em relação ao que atualmente temos como Lei, do que propriamente o objeto das disputas políticas na Grécia Antiga.
IV. Apontamentos conclusivos
Urukagina, Ur-Nammu, Lipit-Ishtar e Hammurabi foram sábios reis mas não justos, desfizeram um possível descontentamento popular demonstrando que tinham os Deuses como co-legisladores de suas Leis. A ordem era conseguida pelo medo das penalidades divinas, e estes reinosprogrediram além de suas fronteiras, com a população influenciada pela propaganda de que seu Rei era o próprio mandamento divino personificado, e em razão disso as ordens mesmo sendo injustas deveriam ser obedecidas.
O mito dos Deuses Gregos deveriam, para ser acreditados, serem sólidos, inquestionáveis. Os costumes, e as regras divinas não possuem proporcionalmente uma necessária volatilidade quanto as demandas sociais que foram surgindo com aprofundamento do conhecimento da razão das coisas, e as complexidades que surgiram com o desenvolvimento econômico.
O povo então aplaude Dracón com a  estruturação em Leis escritas dos costumes, porém as rechaça quando não houve a solução pretendida da pacificação social. A legitimação do legislador é concebida, e Sólon como um consenso comunitário assume a incumbência de criar as Leis necessárias.
O mundo era feito de regras divinas, e a criatividade dos Deuses não conseguiu acompanhar a pujança do desenvolvimento econômico e social, e a racionalização da vida. O Poder então se viu entre em separar as Leis dos Deuses, ou serem engolidas por elas. Escolheram a formulação da figura do legislador, aproveitando a força do mito da personalidade divina, e a legitimação da vontade popular que surgira com a nova religião: a razão humana. 
A codificação soloneniana, imbuída pela legitimação popular, para o equilíbrio das posições antagônicas da aristocracia e da plebe ateniense é a representação histórica da evolução legal da despersonalização normativa (impessoalidade e generalidade), com conteúdo altamente valorativo (abstratividade), e com a finalidade teórica de dar a cada um aquilo o que lhe pertence (justiça), para evitar a ruína de Atenas (interesse público). È o corte histórico ocidental da idealização do significado da Lei e do legislador.
Ao mesmo tempo em que a desmistificação divina da Lei foi desconstruída, a mitificação da racionalidade da Lei foi construída. A história demonstra que a justiça e a sabedoria caminham de mãos dadas, mas ora é a sabedoria do poder que as guia, e ora é a justiça social que conduz.
As Leis e as figuras dos legisladores, ao longo dos milênios que separam as suas gêneses e o mundo contemporâneo, foram sempre utilizadas para formulações teóricas da legitimação e da necessidade da existência de um grupo de pessoas dominantes, ou seja, do Poder.
Estas teorizações sofreram interferências no tempo, e muito delas foram do questionamento de que sendo elas divinas ou racionalmente justas onde estava a justiça na miséria de uns em favor da fortuna de outros.
È desta dialética reflexiva constante que os significados de existência das leis e do legislador se renovam no direito: o poder sendo sabiamente mantenedor do poder, e o povo tentando ser justo com o povo […].
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