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Maria Eduarda de Alencar – Odontologia 2019.2 Parada Cardiorrespiratória e Ressuscitação Cardiopulmonar Introdução - O sistema cardiovascular e o sistema respiratório estão em íntimo contato; - Existem dois tipos de circulação, a sistêmica e a pulmonar. Na circulação sistêmica, uma vez que o ventrículo esquerdo contrai, ele ejeta o sangue para a artéria aorta, que vai irrigar todo o corpo, chegando aos capilares – onde ocorrerá as trocas gasosas, de nutrientes e dejetos celulares; - Uma vez que ocorre essas trocas, o sangue é coletado pelo sistema venoso e é levado para o átrio, e posteriormente ventrículo direito do coração. Ao contrair o ventrículo direito ejeta o sangue para as artérias pulmonares, que levam o sangue pobre em oxigênio para os pulmões, uma vez oxigenado o sangue volta para o coração através das veias pulmonares, indo para o átrio esquerdo, e posteriormente ventrículo esquerdo, iniciando novamente a circulação sistêmica; - Na circulação pulmonar, a veia é que carrega o sangue rico em oxigênio – veia pulmonar – e a artéria carrega sangue rico em dióxido de carbono – artéria pulmonar – na circulação sistêmica ocorre o inverso; → Parada Cardiorrespiratória - A parada cardiorrespiratória não diz respeito ao fato do coração estar parado ou em movimento, e sim a sua capacidade em bombear o sangue para perfundir os órgãos nobres; !!! Características da PCR - Ausência de Atividade mecânica cardíaca – ausência de pulso detectável; - Ausência de Responsividade – redução no nível de consciência; - Apneia ou Respiração Agônica ou Gasping: É caracterizada por movimentos respiratórios são assíncronos e não efetivos; !!! Ritmos da PCR - Fibrilação Ventricular: Ritmo chocável. Atividade elétrica desregulada, o choque vai atuar alinhando o ritmo cardíaco; - Taquicardia Ventricular: Ritmo chocável. Atividade elétrica desregulada, o choque vai atuar alinhando o ritmo cardíaco; - Assistolia: Ritmo não chocável. Estágio terminal da PCR; - Atividade Elétrica sem Pulso: Ritmo não chocável. O coração está com a atividade normal, mas outra situação, como o choque hipovolêmico – fator secundário – está gerando a PCR; !!! Principais Causas da PCR - Doenças Cardiovasculares – infarto agudo do miocárdio, angina pectoris, hipertensão; - Afogamento; - Choque Elétrico; - Trauma Craniano; OBS.: A cada 1 min que o paciente permanece em PCR há uma redução de 10% de chance de sobrevida. Com 4 min de parada inicia-se a isquemia de órgãos nobres – surgimento de sequelas cognitivas definitivas. Suporte Básico de Vida (SBV) - Diz respeito ao conjunto de medidas e procedimentos técnicos que abrange a desobstrução das vias aéreas, ventilação e circulação artificial; - A finalidade principal de SBV é não agravar lesões já existentes ou gerar novas lesões. Um rápido suporte básico de vida proporciona até 60% de chance de sobrevivência; !!! Aspectos Fundamentais - Reconhecimento imediato da PCR; - Contato com o SAMU – ligar para o 192; - Início da RCP de alta qualidade; - Uso do DEA, assim que disponível; !!! Cadeia de Sobrevivência do Adulto - Acionamento do serviço médico de emergência; - RCP de alta qualidade; - Desfibrilação – se o paciente apresentar um ritmo chocável; - Ressuscitação avançada – ambiente hospitalar; - Cuidado pós-PCR – o ideal é que o paciente permaneça por pelo menos 24h após a PCR; - Recuperação – o ideal é que esse paciente seja acompanhado por um cardiologista para tentar evitar novos episódios de PCR; !!! Avaliação Inicial - Nível de consciência – tentar falar com a vítima; - Avaliação dos movimentos respiratórios – observar se está saindo ar pela boca do paciente, se o tórax está expandindo e relaxando; - Avaliação de sinais de circulação – avaliar o pulso da vítima pela artéria carótida; - Toda a avaliação deve ser feita em, no máximo, 10s.Na ausência desses sinais, o paciente será diagnosticado como um paciente em parada cardiorrespiratória, devendo-se iniciar as manobras de RCP; !!! Sequência do Atendimento (C-A-B) - Compressões (Compressions): Devem ser feitas na região torácica, de forma rápida – 100 a 120 compressões/min – forte e com a mínima interrupção – mas sempre permitindo o retorno completo do tórax a cada compressão. O socorrista deve se posicionar ao lado da vítima, manter os braços eretos e utilizar as mãos entrelaçadas na linha intermamilar, para as compressões – que devem rebaixar o tórax de 5-6 cm – com a região hipotenar, gerando um fluxo sanguíneo; - Via Aérea (Airway): O socorrista deve abrir as via aérea e inspecionar a cavidade oral, retirando próteses soltas e/ou aspirando secreções e sangue em excesso – sempre que possível – e utilizar técnicas para manutenção da via aérea → chin lift – protusão do mento – jaw thrust – tracionamento da mandíbula apoiando-se na região de ângulo da mandíbula; - Respiração (Breathing): O socorrista deve aplicar duas ventilações sequenciais, de 1 s cada, após trinta compressões torácicas – adulto sem via aérea avançada – observando a elevação do tórax durante a manobra. Quando houver uma via aérea avançada, deve-se administrar 1 ventilação a cada 6 s – totalizando 10 ventilações/min, com compressões torácicas contínuas. Para não ter o contato boca a boca pode-se utilizar a pocket-mask – máscara de bolso – o ambu ou a máscara para respiração boca a boca; - Com a chegada do desfibrilador externo automático (DEA) ou do desfibrilador manual, acrescenta-se o D – desfibrilação (desfibrillation) nessa sequência → Indicada para pacientes em fibrilação ventricular e taquicardia ventricular. Com a aplicação do choque nos primeiros 3-5 min de PCR a taxa de sobrevida gira em torno de 50-70%. Desfibrilação - Trata-se de um procedimento de emergência que consiste na aplicação de um choque não sincronizado de corrente elétrica no tórax do paciente – desfibrilação externa – ou diretamente sobre o músculo cardíaco – desfibrilação interna – com o objetivo de reverter a fibrilação ventricular ou a taquicardia ventricular; !!! Posicionamento das Pás Anterolateral - Esse é o posicionamento mais utilizado; - São duas pás, uma deve ser colocada abaixo da clavícula direita e a outra na região inframamária esquerda; !!! Posicionamento das Pás Anteroposterior - Uma das pás deve ser colocada na região inframamária esquerda – assim como no posicionamento anterolateral – e a outra na região central das costas; - As diretrizes da American Heart Association (AHA) para desfibrilação afirmam que se deve usar a dose recomendada pelo fabricante no primeiro choque de desfibrilação; - Em um desfibrilador bifásico, isso geralmente está entre 120 joules a 200 joules; - Em um desfibrilador monofásico, geralmente é em torno de 360 joules. Se a dose recomendada pelo fabricante não estiver disponível, recomenda- se administrar a dose máxima disponível; - A segunda dose e as subsequentes devem ser equivalentes podendo ser consideradas doses mais altas; - Os aparelhos atuais são bifásicos, eles têm um poder de reversão 96% maior que os monofásicos e níveis de energia nos choques mais controlados; - A cada 2 min deve-se analisar o ritmo cardíaco – o próprio DEA faz isso; - Locais com mais de 2000 pessoas, eventos com expectativa para receber mais de 2000 pessoas e transportes com capacidade para 100 pessoas devem ter, obrigatoriamente, um desfibrilador externo automático; - Assim que disponível o desfibrilador é prioridade, devendo-se parar com a RCP e instalando o DEA no paciente, seguindo todas as instruções dele – quando dar o choque, se deve dar o choque; !!! Tratamento Medicamentoso - Pode-se utilizar vasopressores – adrenalina – e antiarrítmicos – amiodarona e lidocaína; - Adrenalina: Utilizada em ritmos chocáveis – após o 2° chove sem resposta – e não chocáveis – administrada assim que estiver disponível.1 mg ou 1:1000 IV ou IO – intraóssea – a cada 3-5 min; - Antiarrítmicos: Só devem ser utilizados em ritmos chocáveis, como medicação coadjuvante – intercalados com vasopressores – se nenhum outro método funcionar; - Amiodarona: 1° dose → 300 mg IV ou IO; 2° dose → 150 mg IV ou IO; - Lidocaína: 1° dose → 1-1,5 mg/Kg IV ou IO; 2° dose → 0,5-0,75 mg/Kg IV ou IO; !!! Posição de Recuperação - Após o retorno dos sinais – respiração e presença de pulso – o paciente deve ser colocado na posição de recuperação; - O paciente fica em decúbito lateral, com a cabeça hiperestendida – mantendo a via aérea aberta – a mão do braço distante apoiando o rosto, o outro braço para frente e as pernas espaçadas – para dar estabilidade. Suporte Básico de Vida em Pediatria - Em crianças deve-se realizar de 100-120 compressões por minuto, assim como no adulto, entretanto, deve-se utilizar apenas uma mão, usando a outra para hiperestender a cabeça. A profundidade das compressões deve ser de 5 cm, para crianças maiores de 1 ano. Sem via aérea avançada, deve-se realizar duas ventilações a cada 15 compressões. Se a criança possuir via aérea avançada, deve-se realizar compressões contínuas com ventilações a cada 2-3 s – totalizando 20-30 ventilações/min; - Em lactentes, essas compressões devem ser realizadas com dois dedos – assim como em casos de obstrução das vias aéreas com corpos estranhos. A profundidade das compressões deve ser de 4 cm; - Nas duas situações, deve-se avaliar a utilização do DEA. Desfibrilação em Pediatria !!! Desfibrilação - 1° choque → 2 J/Kg; 2° choque → 4 J/Kg; choques subsequentes → > ou = 4 J/Kg, chegando a no máximo 10 J/Kg ou até a dose para o adulto; OBS.: As pás do desfibrilador não devem ter uma distância maior que 4 cm entre elas. !!! Tratamento Medicamentoso - Adrenalina → 0,01 mg/Kg ou 1:10.000 IV ou IO – intraóssea – a cada 3-5 min – se não tiveram acesso IV ou IO, pode-se administrar uma dose endotraqueal de 0,1 miligramas por quilograma; - Amiodarona: 5 mg/Kg IV ou IO durante a PCR. Pode ser repetida total de até 3 doses para fibrilação ventricular e taquicardia ventricular sem pulso refratária; - Lidocaína: Inicial → dose de ataque de 1 mg/Kg IV ou IO. Algoritmo de Atendimento
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