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Parada cardiorrespiratória (PCR) Emergências clínicas-Thaynara Silva 2021/2 Definição: Quando o paciente tem a “cessação súbita da circulação”-> cessação súbita da mecânica cardíaca com consequente colapso hemodinâmico. A PCR antecede a morte biológica e pode ser súbita ou progressiva Causas: - IAM (principal causa) - Cardiomiopatia hipertrófica - Síndrome do QT longo - Síndrome do QT curto - TV polimórfica - Cardiomiopatia arritmogênica do VD - Hipercalemia (paciente renal crônico) - Hipotermia e afogamento. As causas mais comuns são decorrentes de: No ambiente extra-hospitalar (PCREH) Fibrilação Ventricular (FV)- 60 a 80% Taquicardia Ventricular Sem Pulso (TVSP) No ambiente hospitalar (PCRIH): Atividade Elétrica Sem Pulso (AESP) Assistolia -A viabilidade neurológica é um dos principais fatores de prognóstico da vítima de PCR O sucesso da Reanimação Cardiopulmonar (RCP) depende da rapidez com que se ativa a cadeia de sobrevivência *Hipercalemia= causa metabólica mais comum de PCR (pctes com insuficiência renal) Exame físico: Aspecto geral: Palidez, distensão abdominal-> pensar em AAA roto/ hemorragia. Distensão jugular-> pensar em TEP, tamponamento cardíaco, pneumotórax hipertensivo. Lesões perfurativas-> uso de drogas? Fístulas arteriovenosas-> hipercalemia? Causas “5H 5T” Tratamentos Hipóxia Oxigênio (IOT) Hipovolemia Volume H + (Acidose) Bicarbonato de sódio 1 mEq/Kg Hipo/Hipercalemia* Adm de KCl/bicarbonato de sódio 1 mEq/Kg Hipotermia Reaquecimento Trombose coronariana (IAM) Volume + reversão da PCR Trombose pulmonar (TEP) Volume + reversão da PCR (trombólise a critério clínico) Toxicidade (intoxicação exógena) Antagonista específico Tensão no tórax (pneumotórax hipertensivo) Punção Torácica de Alívio Tamponamento cardíaco Punção pericárdica (Marfan) SUPORTE BÁSICO DE VIDA (BLS- Basic Life Suport) Objetivo: Reconhecimento e atendimento de situações de emergência (exemplo: Obstrução aguda de via aérea, IAM, AVC e PCR) Passos do BLS: 1º Segurança da cena 2º Avaliar o nível de consciência (Grau de responsividade) e concomitantemente, avaliar rápido e objetivamente a respiração por meio apenas de observação direta (sem perder tempo). - Chamado verbal - Contato físico vigoroso 3º Chamado de emergência (192, 193), pedindo o DEA 4º Posicionar a vítima para o resgate - Decúbito dorsal horizontal sobre superfície hígida - Manter a coluna cervical sempre alinhada com o tronco 5º Posicionar-se em relação à vítima -Colocar-se à linha dos ombros do pcte (não importa o lado) Leigos: “tá acordado?”, “respira?”-> não-> compressão torácica. Treinados: avaliar pulso carotídeo (em até 10seg) -> ausente-> manobras de RCP Pulso presente, mas não tem respiração-> Parada respiratória-> fazer ventilação de resgate. Ventilação de resgate= 1 respiração a cada 5 ou 6 segundos. 10 a 12 respirações/min Reanimação Cardiopulmonar (RCP) C-A-B (Cardiovascular/ Airway/ Breathing) C Compressões torácicas - Ponto de compressão: metade inferior do esterno (o centro do tórax) - Região hipotenar da mão do braço mais forte e a outra mão sobre a primeira, mantendo os cotovelos estendidos - Depressão de 5-6 cm do tórax (1/3 do diâmetro do tórax) - Deve permitir o retorno completo do tórax (não apoiar o peso sobre o tórax do paciente) - Frequência deve ser mantida >100 compressões por minuto (100-120/min) - 30 compressões/2 ventilações (fazer por 2 min ou 5 ciclos e reavaliar pulso) - Minimizar as interrupções nas compressões (pausa de no máximo 10 segundos) - Alternar a pessoa que aplica as compressões a cada 2 min Use o DEA logo que disponível Fases da PCR O que fazer? Elétrica (0-4min) O foco é para a Desfibrilação Circulatória (4-10min) Compressão torácica Metabólica (>10min) Hipotermia, reperfusão Em caso de PCR por hipóxia (afogamento, trauma, overdose e para todas as crianças), iniciar RCP fazendo sequência ABC ao invés de CAB. - Se pcte tiver marcapasso ou cardiodesfibrilador implantável (CDI)-> manter as pás pelo menos 8 cm de distância. - Indica choque se o ritmo for FV e TV Certifique-se que ninguém está em contato com a vítima “eu estou afastado, você está afastado, estamos todos afastados!?” Certifique-se que está em local seco e tóxax da vítima seco. Choque inicial é de 360J (se aparelho monofásico) ou 150 a 200J (bifásico) Após choque, retomar RCP por 2 min e o DEA avalia novamente a necessidade de choque. Mesmo que a vítima apresente respiração normal e pulso, o DEA não deve ser desligado e as pás não devem ser removidas até que o serviço médico de emergência assuma o caso. - Se o choque não for indicado-> manter RCP até chegada do suporte avançado ou retomada do pulso. Vale a pena lembrar que DESFIBRILAÇÃO ≠ CARDIOVERSÃO A (Airway)- Vias aéreas - Abertura das vias aéreas Manobra de head tilt Chin lift Jaw thrust - Desobstrução: retirar próteses e corpos estranhos - A principal causa de obstrução de via aérea é queda de língua Head tilt + Chin Lift: Abertura das vias aéreas com elevação da mandíbula e hiperextensão da coluna cervical. Jaw Thrust: tração da mandíbula B (Breath)- Ventilação - 2 ventilações a cada 30 compressões torácicas - Idealmente com anteparo boca-máscara facial - Ventilação de resgate= 1 respiração a cada 5 ou 6 segundos. 10 a 12 respirações/min - Suspeita de intoxicação por opioide=> Naloxona Se não houver suspeita de lesão cervical Corrente elétrica contínua não-sincronizada no músculo cardíaco. Choque sincronizado na onda R do ciclo cardíaco, o período refratário da despolarização. Paciente em supino? Posição anteroapical: uma pá no ápice cardíaco e a outra em região infraclavicular direita Posição anteroposterior: uma pá em região paraesternal esquerda e a outra em infraescapular esquerda SUPORTE AVANÇADO DE VIDA (ACLS) - Requer a presença de um profissional médico habilitado e material adequado - A identificação do ritmo é feita pelas pás do monitor cardíaco (poupar tempo) Equipe: Líder Cronometrista Via aérea Compressor Desfibrilador Medicação IV/IO A (Airway)- Vias aéreas - Abertura e Desobstrução das vias aéreas Como avaliar vias aéreas? “O senhor (a) sente alguma dor no pescoço?” Quando fazer Via aérea avançada? FV/TVSP Após o segundo choque Assistolia/AESP Precoce # Via aérea artificial Tubo endotraqueal; Máscara laríngea; Tubo laríngeo; Tubo esofágico-traqueal. # Indicação absoluta para Intubação na PCR: Ventilação ineficiente com Bolsa-válvula´máscara-reservatório (Ambu®) Intubar sem interromper compressões (ou no máximo 10 seg) Ambu ligado à fonte de O2 a 15L/min B (Breath)- Ventilação - Via aérea avançada (Via aérea supraglótica ou IOT) - Manter 1 ventilação a cada 6 segundos (10ventilações/min) com compressões torácicas contínuas - Evitar ventilação excessiva, pois reduz o retorno venoso e diminui o débito cardíaco. (não deixar a ansiedade /nervosismo do socorrista repercutir em hiperventilação) - Avaliação clínica da Via aérea avançada= Expansão torácica simétrica e ausculta em 5 pontos: Epigástrio (espera-se ruído ausente) Base esquerda Base direita Ápice esquerdo Ápice direito - Capnografia quantitativa com forma de onda (Ajuda avaliar a qualidade da RCP- confirmar e monitorizar o posicionamento do tubo endotraqueal) Se Pressão Parcial de CO2 ao final da expiração (PETCO2) <10mmHg -> Tentar melhorar a qualidade da RCP Se aumento abrupto da PETCO2=> considerar Retorno da Circulação Espontânea (RCE) C (circulation) Compressões torácicas - Com prancha rígida embaixo - Ponto de compressão: metade inferior do esterno(o centro do tórax) - Região hipotenar da mão do braço mais forte e a outra mão sobre a primeira, mantendo os cotovelos estendidos. - Depressão de 5-6 cm do tórax (1/3 do diâmetro do tórax) - Deve permitir o retorno completo do tórax (não apoiar o peso sobre o tórax do paciente) - Frequência deve ser mantida >100 compressões por minuto (100-120/min) - 30 compressões/2 ventilações (sem via aérea avançada) #fazer por 2 min e reavaliar pulso# - Minimizar as interrupções nas compressões (pausa de no máximo 10 seg) - Alternar a pessoa que aplica as compressões a cada 2 min - PAI (Pressão Arterial Invasiva)= Se a PAD < 20mmHg, tentar melhorar a qualidade da RCP FCT: Fração de Compressão Torácica. É o tempo de compressão torácica durante toda a parada. O recomendado é de pelo menos 60% e, idealmente 80 % (interromper ao mínimo as manobras de RCP)-> maximizar a perfusão das coronárias. Acesso venoso Preferências: Periférico antecubital -> periférico jugular externa-> intraóssea-> acesso central Após injeção, fazer 20mL de flush e elevar o membro. PCR em Fibrilação Ventricular/Taquicardia Ventricular Sem Pulso (TVSP)- ritmos chocáveis - Formas mais frequentes de atividade elétricas iniciais na PCREH (80% dos casos) - São as formas de melhor prognóstico para reversão (pois são ritmos chocáveis) - A prioridade deve ser a desfibrilação (no hospital o desfibrilador é manual) com carga máxima o mais precoce possível (ritmo que merece choque imediato) - Adm vasopressor após o segundo choque (Adrenalina 1mg IV a cada 3 a 5 min) - FV/TVSP refratária à RCP: Amiodarona 300mg IV em bolus podendo ser repetida 1x com 150mg. Manutenção: 1mg/min por 6h e 0,5mg/min por mais 18h Lidocaína pode ser considerada para parada em FV/TVSP que não responde à RCP, desfibrilação e vasopressor: 1 a 1,5mg/Kg IV, segunda dose 0,5 a 0,75 mg/Kg pode ser adm se FV persistir. Identificada FV/TVSP até o 5º min de PCR=> desfibrilação imediata com choque elétrico único de 360J(monofásico) ou 150-200J(bifásico) Identificada FV/TVSP após 5 min de PCR=> Fazer 2 min de RCP primeiro depois desfibrila (aumentar a chance de reversão da FV/TVSP para ritmo organizado com pulso). DESFIBRILAÇÃO Fixação das pás: ápice cardíaco e região infraclavicular direita ou anteroposterior Monofásico 360J Bifásicos: dose máxima de aparelho (200J) - Após o primeiro Choque e persistência da PCR -> MOV (Monitorização, Oxigênio e acesso Venoso). A FV tem atividade caótica (caos elétrico) e desorganizada do coração-> ritmo incapaz de gerar contração cardíaca eficiente. -> Ausência de pulso central. Clinicamente a FV sempre causa instabilidade hemodinâmica Único modo de reversão= desfibrilação elétrica Taquicardia irregular// QRS alargado (≥0,12s)// Diferentes morfologias do QRS a cada batimento. Taquicardia Ventricular: ritmo elétrico organizado, com QRS alargados (≥0,12 ms) idênticos entre si, com frequência elevada e sem ondas P no traçado. Na ausência de pulso, a TV deve ser tratada com FV. Drogas que podem ser adm via cânula traqueal (2 a 2,5 vezes a dose IV): A tropina N aloxona E pinefrina L idocaína # Seguida de bolus de 10 mL de SF 0,9% PCR ritmo de Assistolia/Atividade Elétrica Sem Pulso (AESP)- ritmos NÃO-chocáveis AESP- Ritmo que não merece ser chocado, pois já existe atividade elétrica ventricular organizada potencialmente capaz de gerar pulso central. O choque pode desorganizá-la. - RCP + MOV - Determinar a causa da AESP “5Hs e 5Ts” - A causa principal e mais frequente é a Hipovolemia - TTO específico para a causa - Se suspeita de TEP, a adm empírica de trombolíticos deve ser considerada. - Assistolia é a forma de pior prognóstico - Diagnóstico correto requer o PROTOCOLO DA LINHA RETA: CAGADA Cabos: checar a conexão dos eletrodos Ganho: aumentar o ganho do monitor cardíaco (diferenciar a FV fina) Derivações: Checar o ritmo em duas derivações - As causas da assistolia são as mesmas da AESP - Iniciar infusão de volume e procurar tto adequado da causa - A primeira droga adm na AESP e Assistolia é um vasopressor= Adrenalina 1mg IV a cada 3 a 5 min adm o mais rápido possível! Uso da Ultrassonografia na PCR-> avaliar causas de PCR reversíveis na AESP CASA: Cardiac Arrest Sonographic Assessment->Identificar TEP (verificar dilatação do VD), tamponamento cardíaco. AESP: ritmo elétrico que usualmente deveria estar associado a pulso central. Existe um fator impedindo o acoplamento entre atividade elétrica organizada do miocárdio e contração efetiva. Assistolia: Ausência de atividade elétrica no coração A Vasopressina pode ser considerada na PCR, mas não oferece nenhuma vantagem sobre Adrenalina. Finalização dos esforços Fim da ressuscitação em adultos vítimas de PCREH: 1. Não houve RCE no extra-hospitalar; 2. Ritmo inicial não chocável; 3. PCR não testemunhada. Fim da ressuscitação em adultos vítimas de PCRIH 1. Tempo de PCR até o primeiro atendimento; 2. Prognóstico do paciente ruim (capnografia com CO2<10mmHg após 20 min de RCP); 3. Idade da vítima; 4. Doença de base/comorbidades; 5. Valores/desejo prévio do paciente e da família; 6. Hipotermia. #Acima de 10 choques, a chance de sobrevivência em 30 dias é de cerca de 5% CUIDADOS APÓS A REANIMAÇÃO Características apresentadas pela população sobrevivente à RCP: Lesão neurológica por anóxia ou hipóxia cerebral Isquemia generalizada sucedida por hiperperfusão tecidual Depressão miocárdica Causa base da PCR - A medida mais efetiva na redução de mortalidade, nesse grupo, é a Modulação Terapêutica da Temperatura. - A reabordagem do ABC dever ser realizada periodicamente, principalmente ao menor sinal de deterioração clínica do paciente. Algoritmo de cuidados pós-RCP 1- Avaliar Retorno da Circulação Espontânea (RCE) 2- Otimizar a oxigenação e ventilação (SatO2> 94%) e não hiperventilar 3- Manter PETCO2 entre 35-40mmHg 4- Tratar hipotensão (se PAS<90mmHg) Usar vasopressor IV (Noradrenalina) Infundir solução salina/Ringer lactato (1 a 1L IV) Solicitar ECG Considerar causas reversíveis/tratáveis (5H e 5T) 5- Avaliar se paciente comatoso: Considerar TTM (Target Temperature Monagemment- Modulação Terapêutica da temperatura) 32-36ºC por pelo menos 24h. Resfriar: Gelo no pescoço, virilha, manta térmica, soro gelado (4ºC). Controlar hipertermia Não usar o termo Hipotermia induzida pq 36ºC não é hipotermia 6- Suspeita de SCA? Considerar reperfusão coronária 7- Internar em UTI CUIDADOS APÓS O RETORNO DA CIRCULAÇÃO ESPONTÂNEA FATORES PROGNÓSTICOS - Avaliar prognóstico após 72h do término do controle direcionado de temperatura ou 72h após RCE (para quem não fez Modulação Terapêutica da Temperatura). Achados clínicos úteis associados a mau prognóstico neurológico: Ausência de reflexo papilar à luz, 72h ou+ após a PCR; Presença de estado mioclônico durante as primeiras 72h após PCR Ausência de onda cortical do potencial somatossensorial evocado N20, 24 a 72h pós-PCR ou reaquecimento; Acentuada redução da relação cinza-branco em TC do cérebro obtida até 2h após PCR Ampla restrição da difusão na RNM cerebral no prazo de 2-6 dias após PCR Ausência persistente de reatividade no EEG a estímulos externos 72h após PCR Supressão dos surtos persistentes ou estado intratável de mal epilético no EEG após o reaquecimento RCP em paciente com suspeita ou diagnóstico de covid-19 1- Toda equipe com EPI 2- Iniciar pelas compressões torácicas 3- Se ritmo chocável, não atrasar desfibrilação 4- Se PCREH, não realizar ventilação boca-a-boca 5- Se IOT, preferência para a videolaringoscopia 6- Pausar compressões para realizar IOT 7- Usar filtros HEPA (high efficiency particulate arrestance) no circuito ventilatório, na via expiratória.8- Usar filtros HEPA com dispositivos supraglóticos 9- Se VNI, usar filtros HEPA entre a máscara e bolsa. 10- Se pcte na VM, não desconectar-> deixar em 10-12 irpm 11- Se pcte na VM em posição prona, realizar RCP em posição prona (compressões sobre os corpos vertebrais T7 a T10) 12- Se pcte em prona mas sem VM-> colocar na posição supina e fazer RCP 13- Atenção ao retirar o EPI 14- Ficar na sala apenas pessoas necessárias. #Reconhecer Via aérea difícil (VAD) = MACOCHA ≥ 3
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