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ASSSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO 
PACIENTE QUEIMADO 
 
 
 
 
 
 
 2 
 
 
 
Sumário 
 
NOSSA HISTÓRIA ..................................................................................................... 4 
INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 6 
ETIOLOGIA DAS QUEIMADURAS ............................................................................ 7 
CLASSIFICAÇÃO DAS QUEIMADURAS ................................................................. 10 
QUEIMADURAS ANATÔMICAS ESPECÍFICAS ..................................................... 14 
FISIOPATOLOGIA E MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DA QUEIMADURA ................ 16 
FASE DE EMERGÊNCIA / REANIMAÇÃO DO CUIDADO DA QUEIMADURA ....... 23 
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM DE URGÊNCIA ............................................... 25 
MÉTODO DE TRATAMENTO LOCAL DAS QUEIMADURAS ................................. 29 
CONFECÇÃO DO CURATIVO ................................................................................ 31 
PRIMEIRO ATENDIMENTO DO PACIENTE QUEIMADO ....................................... 38 
REPOSIÇÃO HIDROELETROLÍTICA ...................................................................... 43 
NUTRIÇÃO PARA QUEIMADOS ............................................................................. 44 
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE QUEIMADO (CASOS) ............ 47 
ATENDIMENTO NO CENTRO DE QUEIMADOS .................................................... 49 
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE PORTADOR DE ENXERTO DE 
PELE ........................................................................................................................ 59 
INFECÇÃO NO GRANDE QUEIMADO .................................................................... 62 
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA PREVENÇÃO E CONTROLE DA ÚLCERA 
DE ESTRESSE NO PACIENTE QUEIMADO .......................................................... 68 
POSICIONAMENTO NO LEITO E PREVENÇÃO DE DEFORMIDADES ................ 71 
 
 
 
 
 
 
 3 
 
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NAS COMPLICAÇÕES DAS QUEIMADURAS
 ............................................................................................................................... ..74 
DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM À PACIENTES QUEIMADOS ...................... 81 
CONCLUSÃO .......................................................................................................... 84 
REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 85 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 4 
 
 
 
NOSSA HISTÓRIA 
 
 
A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de 
empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de 
Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como 
entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. 
A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de 
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação 
no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. 
Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos 
que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, 
de publicação ou outras normas de comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma 
confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base 
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições 
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, 
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 5 
 
 
 
 
 
 
Vídeos de Apoio 
 
Com o intuito de contribuir mais um pouco para a apreensão do seu 
conhecimento acadêmico, de forma didática e também prática, alguns links de 
vídeos serão disponibilizados no decorrer desta apostila. Assim, antes de iniciar a 
leitura deste material didático, será necessário acessar e assisti-los. 
Para tanto, tenha toda sua atenção voltada para esse momento e, se sentir 
necessidade, retome a leitura ou mesmo assista novamente ao vídeo. 
 
 Vídeo 1: QUEIMADURAS: Classificação, cuidados e tratamento PARTE 
01 
Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=TWHKZl3tz2k > 
Sinopse: a queimadura é um dos acidentes domésticos mais frequentes nas 
cidades brasileiras, por isso o enfermeiro deve saber classificar a queimadura, 
conforme a profundidade e a área da superfície corporal atingida. Nesse vídeo você 
será capaz de identificar o grau da queimadura, classificar quanto a profundidade, 
aprender sobre anatomia e formação da bolha na queimadura, reconhecer o 
tratamento e os cuidados de enfermagem a queimados. 
 
 Vídeo 2: Entendendo o XABCDE do TRAUMA 
Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=ThevRFo9uhM > 
Sinopse: O enfermeiro deve Saber aplicar a FÓRMULA DE PARKLAND, para 
calcular a quantidade de volume que ele deve repor no paciente vítima de acidentes 
 
 
 
 
 
 
 6 
 
por queimadura. Nesse vídeo você será capaz de calcular a área da superfície 
corporal queimada de acordo com a regra dos 9 (Regra de Wallace), aprendera a 
regra de Parkland e classificar o paciente de acordo com o grau da queimadura e a 
% da superfície corporal queimada 
 
INTRODUÇÃO 
No Brasil, os casos de queimaduras indicam um considerado agravo de 
saúde pública. Estudos demonstram que na maior parte das situações notificadas 
no país, ocorre no interior da residência da vítima. As crianças e os idosos 
representam os grupos de alto risco para queimaduras, em razão da menor 
capacidade de reação que estes apresentam. 
As queimaduras podem ser definidas como lesões dos tecidos orgânicos 
provocadas por trauma de origem térmica, química ou elétrica. O fator influenciador 
da gravidade do ferimento é a profundidade da queimadura, isto é, a quantidade de 
estruturas da pele e abaixo dela que foram atingidos. 
As queimaduras representam um ambiente ideal para evolução de uma 
infecção, como consequência do acometimento da pele. A infecção encontra-se 
associada a vários fatores de risco, especialmente aqueles referentes ao agente 
infeccioso em si, como a sua capacidade de virulência replicação, e resistência às 
barreiras de defesa naturais ou terapias antimicrobianas. Além disso, fatores como 
idade, estado nutricional, extensão e profundidade da queimadura são capazes de 
interferir nesse processo. 
O paciente grande queimado encontra-se mais propenso a adquirir infecções, 
isso devido à perda de cobertura cutânea e imunossupressão. É importante 
destacar também que internações longas em conjunto com a realização de 
procedimentos invasivos como a cateterização vascular e vesical, deixam esses 
pacientes mais expostos a infecções nosocomiais. Os avanços da saúde no 
tratamento de queimaduras têm melhorado a qualidade de vida das vítimas de 
queimaduras, no entanto as complicações infecciosas continuam sendo um 
 
 
 
 
 
 
 7 
 
obstáculo a ser superado. A infecção é uma das mais frequentes e graves 
complicações no paciente queimado. 
 
 
ETIOLOGIA DAS QUEIMADURAS 
Queimaduras Térmicas 
Ocasionadas por exposição ou contato com chamas, líquidos, semilíquidos e 
semi-sólidos quentes. Como exemplo, pode-se destacar: explosão em acidentes de 
automóveis, roupas em chamas, lesões por substâncias escaldantes e combustão 
de depósitos de líquidos inflamáveis. 
Frio (Congelamento): são raríssimas em nosso país, sendo verificadas 
algumas de origem profissional. 
Calor (Líquidos aquecidos): o calor é o grande responsável pela elevação 
do índice das queimaduras. Nos líquidos aquecidosencontramos a maior parte dos 
acidentes, principalmente em crianças, provocado por sopas quentes, chás, água 
fervente, café, radiador de carro, etc. 
Estes tipos de queimaduras são causados pela condução de calor através de 
líquidos, sólidos, gases quentes e do calor de chamas. Podem ser extremamente 
dolorosas e nos casos de queimaduras de segundo grau profundas ou de terceiro 
grau, em que a profundidade da lesão tenha destruído terminais nervosos da pele a 
dor aguda é substituída por insensibilidade. A dor e a ansiedade podem evoluir 
para síncope. 
Nas queimaduras térmicas, extensas e/ou profundas, é frequente sobrevir o 
estado de choque, causado pela dor e/ou perda de líquidos, após algumas horas. 
Em consequência disto, devem ser tomadas as medidas necessárias para a 
prevenção. Em queimaduras de primeiro grau, deve-se limitar à lavagem com água 
corrente, na temperatura ambiente, por um máximo de um minuto, tempo 
necessário para o resfriamento local, interrupção da atuação do agente causador da 
lesão, alívio da dor e para evitar o aprofundamento da queimadura. 
 
 
 
 
 
 
 8 
 
 Caso a vítima tenha sede, deve ser-lhe dada toda a água que desejar beber 
de forma lenta. Em todos os casos de queimaduras, mesmo as de primeiro grau, 
são convenientes ficar atento para a necessidade de manter o local lesado limpo e 
protegido contra infecções. 
 Em queimaduras de segundo grau além do procedimento imediato de 
lavagem do local lesado, este deve ser protegido com compressa de gaze ou pano 
limpo, umedecido, ou papel alumínio. É preciso ficar bem claro que não se pode 
usar qualquer espécie de medicamento tópico (pomadas) nestes casos. 
 Para prevenção do estado de choque a vítima deve ser protegida por 
cobertor colocado em local confortável, com as pernas elevadas cerca de 30 cm, em 
relação à cabeça. Acessórios e vestimentas devem ser retiradas quando não 
aderidas ao corpo do acidentado para evitar constrição com o desenvolvimento de 
edema. A identificação do estado ou iminência de choque poderá ser feita pela 
observação de ansiedade; inquietação, confusão, sonolência, pulso rápido, 
sudorese, oligúria e baixa pressão arterial. 
 Realizar normalmente o exame primário, priorizando a manutenção de vias 
aéreas, respiração e circulação. O acidentado deverá ser encaminhado 
imediatamente para atendimento especializado. 
O atendimento de primeiros socorros para queimaduras de terceiro grau 
também consiste na lavagem do local lesado e na proteção da lesão. Se for 
possível, proteger a área com papel alumínio, para reduzir a perda de calor. Todas 
as providências tomadas para prevenção do estado de choque, administração de 
líquidos e cuidados gerais com vítima são as mesmas aplicadas nos casos de 
queimaduras de segundo grau. 
 As queimaduras de terceiro grau possuem a mesma gravidade que 
queimaduras de segundo grau profundas. Vítimas de queimadura térmica na face, 
cujo acidente ocorreu em ambiente fechado, devem permanecer em observação 
para verificação de sinais de lesão no trato respiratório. Sinais e sintomas 
geralmente surgem algumas horas após a ocorrência da queimadura, podendo 
representar oclusão dos brônquios e edema pulmonar, assim como presença de 
expectoração fuliginosa com fragmentos de tecido. 
 
 
 
 
 
 
 
 9 
 
Queimaduras por Agentes Químicos 
As queimaduras químicas são provocadas pelo contato dos tecidos corporais 
com ácidos potentes, álcalis ou compostos orgânicos. Estas podem ter maior ou 
menor gravidade, dependendo do tipo de agente causador (ácido ou base), da 
concentração deste agente e da duração do contato. O primeiro cuidado deve ser 
uma limpeza da área afetada com água corrente, por um período mínimo de 30 
minutos. 
Substâncias químicas podem queimar rapidamente, o profissional que atenda 
uma vítima deve entender que as tentativas de neutralização química da substância 
podem gerar reações com produção de calor e piora da lesão e que pode se 
contaminar ao fazer este atendimento. 
 
Queimaduras Elétricas 
A pele é o fator mais importante na resistência à passagem da eletricidade, mas a 
umidade reduz muito esta resistência, podendo aumentar, em muito, a gravidade do 
choque. A corrente alternada é mais perigosa que a corrente contínua de mesma 
intensidade. O contato com a corrente alternada pode causar contrações tetânicas da 
musculatura esquelética, que impedem que o acidentado se libere da fonte de 
eletricidade, e prolongam a duração da exposição à corrente. 
O fluxo de corrente transtorácico, mão a mão, tem maior risco de ser fatal que a 
passagem de corrente mão para pé ou pé a pé. A complicação mais importante das 
queimaduras elétricas é a parada cardíaca. Geralmente a ferida é pequena, no entanto 
a corrente elétrica destrói caracteristicamente uma quantidade considerável de tecido 
abaixo do que parece ser uma ferida cutânea sem gravidade. 
A parada cardiorrespiratória por fibrilação ventricular ou assistolia é a principal 
causa de óbito após a lesão elétrica. A fibrilação ventricular pode ocorrer como resultado 
direto do choque elétrico, principalmente a corrente alternada. 
A parada cardiorrespiratória causada por exposição à corrente contínua 
frequentemente é em assistolia. A parada respiratória pode ser causada na passagem da 
 
 
 
 
 
 
 10 
 
corrente elétrica pelo cérebro causando inibição da função do centro respiratório, 
contração tetânica do diafragma e da musculatura torácica e paralisia prolongada dos 
músculos respiratórios. 
 
CLASSIFICAÇÃO DAS QUEIMADURAS 
Profundidade ou Grau das Queimaduras 
Queimaduras de primeiro grau: são caracterizadas pelo eritema (vermelhidão), 
que clareia quando sofre pressão. Existe dor e edema, mas usualmente há bolhas. 
Queimaduras de segundo grau: são caracteristicamente avermelhadas e 
dolorosas, com bolhas, edema abaixo da pele e restos de peles queimadas soltas. 
São mais profundas, provocam necrose e visível dilatação do leito vascular. Em 
queimaduras de segundo grau superficiais não há destruição da camada basal da 
epiderme, enquanto nas queimaduras secundárias profundas há. Não há 
capacidade de regeneração da pele. A dor e ardência local são de intensidade 
variável. 
Queimaduras de terceiro grau: são aquelas em que toda a profundidade da pele 
está comprometida, podendo atingir a exposição dos tecidos, vasos e ossos. Como 
há destruição das terminações nervosas, o acidentado só acusa dor inicial da lesão 
aguda. São queimaduras de extrema gravidade. 
 
 Figura 1: Profundidade e grau das queimaduras 
 
 
 
 
 
 
 
 
 11 
 
Extensão da lesão 
 Quanto maior a extensão da queimadura, maior é o risco que corre o 
acidentado. Por exemplo, uma queimadura de primeiro grau, que possua uma vasta 
extensão, é considerada de alta gravidade. 
 O grande queimado é caracterizado por hipovolemia com hemoconcentração, 
e pelo intenso desequilíbrio hidroeletrolítico decorrente da grande perda de líquidos 
causada por ação direta da temperatura ambiental sobre estruturas adjacentes à 
pele; modificação da permeabilidade vascular; sequestro de líquidos, eletrólitos e 
proteínas na área queimada. 
 O quadro se agrava com a destruição das hemácias e infecção, que se 
instala imediatamente ao trauma e, mais lentamente, nos períodos subjacentes. 
Estas alterações fisiopatológicas são diretamente proporcionais à extensão da lesão 
e ao peso do acidentado. 
Estimativa da Extensão das Queimaduras 
 Para melhor entendermos a avaliação da extensão das queimaduras, é 
importante conhecermos a chamada "regra dos nove", um método muito útil para o 
cálculo aproximado da área de superfície corporal queimada. O grau de mortalidade 
das queimaduras está relacionado com a profundidade e extensão da lesão e com a 
idade do acidentado. Queimaduras que atinjam 50% da superfíciedo corpo são 
geralmente fatais, especialmente em crianças e em pessoas idosas. A Figura 2 é 
normalmente adotada para o cálculo e avaliação da extensão das queimaduras. 
Queimaduras nas seguintes áreas são consideradas lesões graves: 
 Mãos e pés: podem produzir incapacidade permanente após o 
processo de cicatrização devido às retrações. 
 Face: associa-se com queimaduras de vias aéreas, inalação de 
fumaça, intoxicação por monóxido de carbono e desfiguração. 
 Olhos: podem causar cegueira. 
 Períneo: tem alta incidência de infecção, sendo difícil tratamento. 
 Queimaduras circunferenciais: qualquer queimadura circunferencial 
profunda pode causar complicações graves. 
 
 
 
 
 
 
 12 
 
 No pescoço pode causar obstrução de vias aéreas, do tórax restrição à 
ventilação pulmonar e nas extremidades, obstrução à circulação. 
 
 
 
Figura 2: Cálculo e avaliação da extensão das queimaduras 
 
 
 
 
 
 Além do grau de profundidade as queimaduras podem ainda ser classificadas 
como graves, moderadas e leves. 
Graves: todo tipo de queimadura, de qualquer grau e extensão, se houver 
complicação por lesão do trato respiratório; queimadura de terceiro grau na face, 
mão e pé e queimadura de segundo grau que tenha atingido mais de 30% da 
superfície corporal. 
 
 
 
 
 
 
 13 
 
Moderadas: queimadura de primeiro grau que tenha atingido mais de 50% da 
superfície corporal; queimadura de segundo grau que tenha atingido mais de 20% 
da superfície corporal e queimadura de terceiro grau que tenha atingido até 10% da 
superfície corporal, sem atingir face, mãos e pés. 
Leves: queimadura de primeiro grau com menos de 20% da superfície corporal 
atingida; queimadura de segundo grau com menos de 15% da superfície corporal 
atingida e queimadura de terceiro grau com menos de 2% da superfície corporal 
atingida. 
Mecanismos de Lesão : a inalação de fumaça é a principal causa de óbito precoce 
(primeiras horas) após a queimadura. 
Lesão térmica das vias aéreas: a inalação de gases superaquecidos pode causar 
obstrução alta de vias aéreas por edema da hipofaringe. Raramente ocorre lesão 
dos pulmões, pois a traqueia absorve o calor. 
Intoxicação por Monóxido de Carbono (CO): o CO é um gás inodoro e incolor 
presente na fumaça do escapamento de automóveis, sendo o produto da 
combustão de diversos materiais. É a complicação causada pela inalação de 
fumaça e a causa mais comum de morte precoce em vítimas de incêndio. O 
Monóxido de Carbono se liga à hemoglobina, formando a carboxi-hemoglobina e 
impedindo o transporte de oxigênio. A lesão dos tecidos é provocada por falta de 
oxigênio. O óbito ocorre por lesão cardíaca produzida pela falta de oxigênio. A 
cianose não aparece e a coloração vermelho-cereja da pele e mucosas descrita 
como um sinal clássico é raro. 
 
 Figura 3: Intoxicação por Monóxido de Carbono (CO) 
 
 
 
 
 
 
 14 
 
 
 
QUEIMADURAS ANATÔMICAS ESPECÍFICAS 
A) Queimaduras Faciais 
São consideradas lesões sérias, que demandam tratamento hospitalar, em 
razão do elevado risco de acometimento do trato respiratório. Devido ao rico 
suprimento de sangue e ao tecido areolar frouxo, as queimaduras faciais 
geralmente encontram-se associadas com a formação de edema, para redução 
deste, tronco superior e a cabeça do paciente devem ser elevados a um ângulo 
de 30 graus, caso o paciente não apresente um quadro de choque. Em crianças, 
a elevação da cabeça pode diminuir o potencial de convulsões durante a 
ressucitação. 
 
B) Queimaduras dos Olhos 
Um exame cauteloso dos olhos deve ser realizado rapidamente, devido a 
veloz evolução do edema de pálpebra tornar o exame extremamente difícil depois 
disso. Queimaduras químicas nos olhos devem ser enxaguadas com grandes 
quantidades de soro fisiológico conforme o indicado. É indicada a instilação de um 
colírio leve durante o período máximo do edema da pálpebra. 
A fluoresceína deve ser utilizada para identificação da lesão de córnea, caso 
essa seja diagnosticada, pomadas ou colírios antibióticos podem ser, mas devem 
ser empregados apenas após consultar o centro de queimados. Soluções 
oftálmicas contendo esteroides podem ser perigosas e devem ser evitadas. A 
 
 
 
 
 
 
 15 
 
tarsorrafia (Operação de sutura das pálpebras) nunca é indicada na fase aguda. 
 
C) Queimaduras dos Ouvidos 
As queimaduras dos ouvidos requerem com antecedência um exame do 
canal externo e do tímpano, antes que o edema se manifeste. É necessário 
investigar se a otite externa ou a otite média estão presentes, principalmente em 
crianças. É preciso evitar traumas adicionais ou pressão no ouvido, assim como não 
utilizar curativos de pressão e não permitir o uso de travesseiros sob a cabeça do 
paciente. 
 
D) Queimaduras das Mãos 
Queimaduras que apresentam pequena extensão podem ocasionar apenas 
incapacidade temporária, no entanto, lesões térmicas com maiores extensões são 
capazes de ocasionar a perda permanente da função. Durante a avaliação física o 
ponto mais importante é a determinação da situação vascular e se há necessidade 
de realização de uma escarotomia. A monitoração dos pulsos digitais e palmares 
com o medidor de fluxo ultra- sônico é o meio mais preciso de avaliar a perfusão 
dos tecidos na mão. 
É necessário que a extremidade queimada seja elevada acima do nível do 
coração para redução da formação de edema, assim como se realize a 
movimentação dos membros envolvidos por cinco minutos a cada hora. Curativos 
apenas serão capazes de prejudicar a capacidade de monitorização a circulação e 
devem ser evitados. 
 
E) Queimaduras dos Pés 
Assim como com as queimaduras das extremidades superiores, é necessário 
realizar a avaliação da circulação dos pés em intervalos regulares. O edema deve 
ser reduzido através da elevação de extremidade, os curativos devem ser evitados 
da mesma forma como com as queimaduras das mãos. 
 
 
 
 
 
 
 
 16 
 
F) Queimaduras da Genitália e Períneo 
Queimaduras no pênis demandam a inserção imediata de um cateter Foley 
para manutenção da abertura da uretra. O cateter deve ser fixado externamente 
para redução do trauma mecânico da parede da uretra ou da bexiga. Uma 
escarotomia dorsal também pode ser indicada em queimaduras circunferências. O 
edema escrotal, geralmente não necessita de tratamento específico. Queimaduras 
do períneo podem ser difíceis de controlar, contudo, não é necessária uma 
colostomia de desvio. 
 
 
FISIOPATOLOGIA E MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DA QUEIMADURA 
A demanda metabólica do queimado é 6 vezes maior que o normal, fazendo 
com que o índice calórico torne-se insuficiente para alcançar a alta necessidade do 
organismo. A atuação do calor sobre a pele produz uma série de alterações locais 
que resultam da dor, perda de líquidos, destruição dos tecidos e, 
consequentemente, a infecção, com repercussões gerais. 
A dor é uma das primeiras queixas do queimado, ocasionada pela ação do 
calor sobre a pele, excitando os filetes nervosos sensitivos. As queimaduras 
superficiais são mais dolorosas que as de 3º grau, em razão do grande número de 
filetes nervosos não terem sido destruídos. O inverso ocorre na queimadura 
profunda, quando a maior parte das células sensitivas são destruídas e as 
remanescentes são protegidas pelos tecidos desvitalizados, só reaparecendo 
posteriormente, após a perda desta crosta. 
A dor deve ser o primeiro sintoma a ser tratado, pois é um fator 
desencadeante de uma série de alterações neuroendócrinas que podem levar ao 
choque neurogênico. Outra questão é o suporte emocional, já que a queimadura 
gera alterações na autoimagem, além de sentimentos como ansiedade, depressão e 
estresse pós-traumático. 
 
 
 
 
 
 
 17 
 
Todas essas fases requerem uma assistência multidisciplinar, em especial do 
enfermeiroque acompanha o paciente desde a sua chegada ao hospital até a sua 
alta ou dando continuidade do atendimento em domicílio. O mesmo deve atentar 
para uma assistência de qualidade, para tanto, seguir as etapas do processo de 
enfermagem é de fundamental importância. 
A equipe de enfermagem, principalmente o enfermeiro, deve possuir um 
pensamento crítico que promova a decisão clínica e ajude a identificar as 
necessidades do paciente e quais as melhores medidas a serem tomadas para 
atendê-las. 
 
 
Perda local de líquidos 
O grau e a duração da dor que um paciente suporta na trajetória de seu 
tratamento dependem de fatores como extensão e localização da 
queimadura, estado emocional, nível de ansiedade e de tolerância à dor, 
experiências anteriores, cultura e faixa etária. 
 O enfermeiro não deve subestimar a dor do paciente em função da reação 
apresentada, mas sim procurar avaliar e intervir nessa situação. 
Ferramentas de avaliação da dor são essenciais para o diagnóstico e dor e 
verificar eficácia do seu tratamento. 
Em pacientes grandes queimados, os instrumentos de avaliação mais 
comuns são dor relato verbal da intensidade da dor medida, tais como o “0 
a 10” escala numérica. No entanto, outras alternativas como desenhos de 
face e escalas de cores também podem ser usadas 
Tratar e cuidar da dor do paciente queimado ainda é um desafio para os 
enfermeiros, cujo primeiro passo é considerar a visão do próprio paciente 
quanto às características da dor, assim como avaliação dos resultados da 
terapêutica administrada. Assim, o manejo adequado da dor, por meio de 
avaliação adequada, e estabelecimento de um plano de intervenção são 
fundamentais para o bem-estar do paciente queimado. 
LEMBRE-SE 
 
 
 
 
 
 
 18 
 
O calor provoca no local queimado uma vasodilatação da rede capilar da 
derme, aumentando a permeabilidade capilar dos vasos, possibilitando um 
extravasamento do plasma para o espaço intersticial. A formação de vesícula se 
deve possivelmente à ativação de enzimas proteolíticas na pele. 
O líquido coletado na superfície descola a epiderme da derme formando as 
vesículas. O rompimento destas flictenas leva a uma perda real deste conteúdo, 
ocorrendo o contrário no caso de ser mantida a integridade vesicular. Após 48 
horas, a reabsorção do líquido se faz paulatinamente pela drenagem dos linfáticos e 
pelos capilares venosos, atingindo a sua totalidade, em média, no final de uma 
semana. Este líquido é importante para o organismo por ser semelhante ao plasma 
sanguíneo, rico em eletrólito e proteínas. Sua perda contribui para o desequilíbrio 
hidroeletrolítico e hemodinâmico, interferindo em todo o organismo, necessitando 
uma intervenção que vise compensar essas perdas. 
 
Destruição dos tecidos 
A destruição dos tecidos no local queimado está diretamente relacionada com 
a intensidade e o tempo de ação do agente calórico. De uma maneira geral, existe 
uma proporcionalidade entre a profundidade das queimaduras e a quantidade de 
calor que atuou no local. As lesões apresentam-se com características diversas, 
segundo a maior ou menor intensidade da fonte calórica e o tempo de atuação de 
cada agente. Estas características se apresentam da seguinte forma: 
 
Consequência da ação de pouco calor 
Produz poças alterações, atingindo somente a camada externa da pele. O 
calor produz uma vasodilatação dos capilares superficiais da derme, levando a 
congestão intravascular local que se manifesta por eritema e dor. O epitélio 
permanece, mas não significa que suas células não estejam danificadas. As 
queimaduras de 1.º grau estão caracterizadas nesta descrição; cicatrizam 
espontaneamente em poucos dias. 
 
 
 
 
 
 
 19 
 
 
Consequência do calor de intensidade média 
A ação do calor na pele produz vasodilatação e consequente permeabilização 
capilar aos líquidos. A histamina decorrente da destruição celular nas queimaduras 
ativa outros elementos que vão favorecer a permeabilidade vascular para a saída de 
eletrólitos e proteínas que, por sua vez, aumentam a evasão dos líquidos até 
produzir a hipovolemia. Uma das consequências da hipovolemia é o retardo da 
microcirculação local que, sofrendo outras interferências, leva à formação de 
microtrombos. 
A volta à normalidade só é possível por meio da recuperação da integridade 
capilar. A dor é intensa no princípio, atenuando com a formação das vesículas e 
voltando a se intensificar com a rotura do epitélio. As queimaduras do 2.º grau 
apresentam estas características e geralmente epitelizam espontaneamente em 
torno de 2 semanas. A infecção pode transformar uma queimadura de 2.º grau em 
3.º grau, exigindo enxertia de pele para sua cicatrização. 
 
Consequência da ação do calor intenso em curto período 
O calor intenso e rápido atinge profundamente o local em que atua, 
produzindo destruição fulminante do tecido, levando à mumificação celular. Não há 
tempo para a formação de vesículas, pelo fato de o sangue coagular nos vasos. A 
região, mesmo à distância da área queimada, depende da irrigação destes vasos, 
produzindo a escara seca. 
A dor é intensa até a destruição parcial ou total das células nervosas, 
desaparecendo com a formação da escara e reaparecendo após a eliminação 
desta, que deixam descobertos alguns neurônios remanescentes. Geralmente, esta 
escara não tem tendência para infecção, devido ao dessecamento celular que 
dificulta a vida dos microrganismos. Estas características são compatíveis com as 
queimaduras de 3.º grau, que não regeneram espontaneamente, necessitando de 
enxertia de pele e longa internação. 
 
 
 
 
 
 
 20 
 
 
Consequência da ação de média quantidade de calor durante um longo 
período de tempo. 
 
Nesta intensidade calórica, a destruição dos tecidos processa-se em 2 fases. 
Primeiro, há todo o processo de formação de vesículas, semelhante à descrição da 
queimadura de 2.º grau. Na segunda fase, ocorre a coagulação do sangue nos 
vasos, surgindo todas as alterações já mencionadas com a ação do calor intenso 
num curto período. 
O edema transforma a necrose em escara úmida favorável à infecção. A dor 
está presente com intensidade, no início do processo, atenuando com a destruição 
dos tecidos nervosos. Estas características identificam uma queimadura de 3.º grau. 
O calor produz outras consequências sobre o revestimento cutâneo, como 
desequilíbrio iônico com a saída de potássio e entrada de sódio nas células, que por 
si só desencadeia uma série de alterações gerais. A destruição das hemácias, 
levando a hemoglobinemia e hemoglobinúria, presentes nas queimaduras elétricas 
significativas, altera a taxa de hematócrito e consequentemente o estado geral do 
paciente. Todas estas alterações, mesmo tratadas adequadamente, podem 
propiciar a infecção local com intensidade variável. 
 
Sistema Respiratório 
O envenenamento por fumaça deriva da inalação dos produtos de 
combustão. A resposta pulmonar inclui uma reação inflamatória localizada, uma 
redução na ação ciliar dos brônquios e uma redução no surfactante alveolar. O 
edema de mucosa, ocorre nas vias aéreas de menor calibre, levando a uma 
sibilância audível à ausculta. Após várias horas, pode ocorrer o encharcamento do 
epitélio brônquico e desenvolvimento da traqueobronquite hemorrágica. O paciente 
pode apresentar discreta hipertensão arterial, resultando em uma redução nos 
níveis de tensão de oxigênio arterial. 
 
 
 
 
 
 
 21 
 
 
Insuficiência Respiratória 
A insuficiência respiratória pode ser definida como a incapacidade dos 
pulmões de arterializar o sangue circulante nos alvéolos. A taxa de arterialização do 
sangue é considerada normal quando o PO² arterial encontra-se entre 75 e 100 
mmHg. A insuficiência respiratória pode ocorrer também quando há aumento da 
resistência das vias aéreas por obstrução, causando dispneia,mesmo quando o 
PO2 e o PCO2 são normais. A fisiopatologia da insuficiência respiratória pode ser 
dividida em duas fases, a aguda e a tardia. 
 Insuficiência respiratória aguda 
Todo paciente crítico ou politraumatizado tem tendência a desenvolver 
insuficiência respiratória aguda e desequilíbrio ácido-básico. A insuficiência 
respiratória aguda, desencadeada insidiosamente com poucos sinais, é capaz de 
provocar distúrbios nos órgãos vitais, exigindo percepção aguçada da equipe que 
permanece ao lado do paciente. 
Há dois tipos principais de alterações respiratórias agudas no queimado: 
lesões por gases tóxicos e superaquecidos e insuficiência respiratória pós-
traumática. A inalação de substâncias aquecidas como ar quente, principalmente o 
vapor d’água, é capaz de produzir sérios danos à integridade do revestimento da 
árvore respiratória, podendo chegar até os alvéolos no caso do vapor d’água. Em 
geral, as queimaduras térmicas do aparelho respiratório limitam-se às vias aéreas 
superiores, podendo provocar o aparecimento de edema capaz de obstruir parcial 
ou totalmente as vias aéreas. 
A inalação de gases nocivos como a fumaça resultante da combustão de 
produtos tóxicos pode produzir alterações relacionadas coma fisiologia respiratória, 
dentre elas: interrupção dos movimentos ciliares, prejudicando a remoção de 
resíduos nocivos do aparelho respiratório; diminuição dos surfactantes, predispondo 
ao colapso alveolar; lesão capilar-alveolar levando ao edema. 
 
 
 
 
 
 
 
 22 
 
 Insuficiência respiratória tardia 
O sistema respiratório do queimado é sede de inúmeras agressões que 
acompanham todo o processo da queimadura, desde a fase inicial até a 
recuperação total. Na fase tardia ocorrem várias complicações comuns no 
queimado, entre elas, pneumonia e broncopneumonia, embolia pulmonar e outros. 
 
 
 
 
Choque 
O estado de choque é uma condição clínica frequente e uma das primeiras a 
ocorrer no queimado. O conhecimento da fisiopatologia do estado de choque é 
indispensável a toda equipe, para que as medidas sejam tomadas em tempo hábil. 
É difícil definir o estado de choque, devido às variáveis que interferem nas 
manifestações clínicas do organismo. Foi constatado que o resultado final é sempre 
uma perfusão tecidual inadequada com hipóxia celular em grandes áreas do 
organismo, podendo evoluir para a irreversibilidade na ausência de tratamento 
adequado em tempo hábil, com o que concordam vários autores. O choque pode 
ser classificado em hipovolêmico, cardiogênico, neurogênico e séptico. É difícil o 
aparecimento do choque isoladamente sem que ocorram outras alterações no 
organismo. 
Choque hipovolêmico: ocorre pelo déficit de volume líquido circulante, 
provocado pela perda de plasma e do sangue intravascular. 
Choque cardiogênico: resulta da insuficiência cardíaca, ou seja, 
funcionamento deficiente da bomba cardíaca, causando diminuição do débito 
cardíaco. Vários fatores funcionam como desencadeantes, entre eles, a embolia 
pulmonar e a hipovolemia tardia. Caracteriza-se pelo aumento da pressão no leito 
venoso e da resistência periférica. 
 
 
 
 
 
 
 23 
 
Choque neurogênico: tem como fatores desencadeantes à dor e o estresse 
causado pela queimadura. É caracterizado pelo aumento de volume do 
compartimento vascular, sem alterar o volume sanguíneo real, levando a baixa 
perfusão tecidual. 
 
 
 
 
 
FASE DE EMERGÊNCIA / REANIMAÇÃO DO CUIDADO DA QUEIMADURA 
Cuidado do Local 
Qualquer pessoa que encontre uma vítima de queimadura pela primeira vez 
pode se sentir indefesa. A aparência da pessoa queimada pode ser, aterrorizante. 
Pode ser difícil não dar atenção à aparência da pessoa em lugar de se concentrar 
nas feridas por queimadura consiste em evitar a lesão para o agente de resgate. 
 
Procedimento De Emergência Na Cena Do Fogo 
Extinguir as chamas 
Quando as vestes pegam fogo, as chamas são extintas como as vítimas 
deitando no chão e rolando (“cair e rolar”); pode ser usada qualquer coisa disponível 
que abafe as chamas como um cobertor, tapete ou capa. Ficar em pé força a vítima 
a respirar as chamas e a fumaça e correr aumenta as chamas. Se a fonte da 
queimadura for elétrica, a fonte de eletricidade deve ser desconectada. 
Resfriar a queimadura 
Depois que as chamas são extintas, a área queimada e as roupas aderidas 
são embebidas em água fria, por breve período de tempo, a fim de resfriar a ferida e 
 
 
 
 
 
 
 24 
 
estancar o processo da queima. Quando uma queimadura for sustentada, a 
aplicação da água fria é a melhor medida de primeiros socorros. 
Embeber intermitentemente a área queimada em água fria ou aplicar toalhas 
frias propicia o alívio evidente e imediato da dor e limita o edema e a lesão tecidual 
locais. Entretanto, nunca aplique gelo diretamente nas queimaduras, nunca envolva 
as vítimas de em queimaduras em gelo e nunca use curativos ou compressas frias 
por mais de alguns minutos; esses procedimentos podem agravar a lesão tecidual e 
levar a hipotermia nos pacientes com grandes queimaduras. 
Remover objetos restritivos 
Quando possível, remova imediatamente as roupas. As roupas que aderiram 
podem permanecer na posição, quando resfriadas. As outras roupas e todas as 
joias devem ser removidas para possibilitar a avaliação e para evitar a constrição 
secundária ao edema em desenvolvimento rápido. 
Cobrir a ferida 
A queimadura deve ser coberta o mais rápido possível para minimizar a 
contaminação bacteriana e diminuir a dor ao evitar que o ar entre em contato a 
superfície lesada. Os curativos esterilizados são melhores, mas qualquer tecido 
limpo e seco pode ser utilizado como um curativo de emergência. Não devem ser 
usados pomadas e cremes. Além do curativo, nenhum medicamento ou material 
deve ser aplicado à ferida por queimaduras. 
Irrigar as queimaduras causadas por substâncias químicas 
As queimaduras por substâncias químicas decorrem do contato com material 
corrosivo são imediatamente irrigadas. Muitos laboratórios de substâncias químicas 
possuem um chuveiro de alta pressão para essas emergências. Quando essa lesão 
acontece em casa, afaste o agente químico, remova as roupas de imediato e lave 
todas as áreas do corpo que tenham entrado em contato a substância química. O 
enxágue pode ocorrer no chuveiro ou em qualquer outra fonte de água corrente 
contínua. Quando uma substância química penetra nos olhos ou fica próxima a eles, 
os olhos devem ser imediatamente lavados com água limpa e fria. Os resultados 
 
 
 
 
 
 
 25 
 
para paciente com queimaduras por substâncias químicas melhoram com a 
lavagem rápida da lesão no local. 
 
 
 
 
 
 
 
 
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM DE URGÊNCIA 
Deve atuar no atendimento de urgência equipe especializada ou devidamente 
treinada. O paciente queimado apresenta características próprias, como estresse, e 
ansiedadeque vão intensificar o sintoma da dor, influenciando diretamente em todos 
os demais sintomas presentes no quadro clínico do queimado. A qualidade da 
assistência de enfermagem é decisiva na recuperação precoce do paciente e na 
prevenção de sequelas físico-psicossocias. 
O paciente deve ser recebido em sala própria para atendimento de 
queimados até 24 horas após o acidente (considerado não infectado); colocado em 
mesa revestida de campo estéril, removidos toda vestimenta, jóias e demais objetos 
de adorno, para melhor observação da área queimada. A equipe deve estar 
devidamente paramentada, isto é, usando avental, gorro, máscara e luvas estéreis. 
A assistência, para fins didáticos está dividida em local e sistêmica. 
Tratamento geral ou sistêmico imediato: visa prevenir os sintomas de 
anóxia, dor, choque e infecção que devem ser tratados o mais precocemente 
possível. 
Tratamento da anóxia 
 
 
 
 
 
 
 26 
 
A anóxia podeser resultante da insuficiência respiratória ou da anóxia 
tecidual. Deve ser corrigida imediatamente, através de administração de O2 úmido 
por cateter nasal, principalmente nos casos evidentes de acidentes ocorridos em 
ambientes fechados com inalação de fumaça. O paciente pode apresentar, além de 
rouquidão, queimadura total ou parcial dos pelos das narinas e edema. Quando 
associada às queimaduras da face e pescoço que apresentam edema acentuado, o 
paciente corre o risco de edema de orofaringe, o que deve ser evitado, mediante 
observação constante e, se necessário, intubação ou traqueostomia. 
O material necessário para estes procedimentos deves estar em condições 
de uso na sala de urgência. Os pacientes com este quadro deverão ser observados 
constantemente durante 48 horas após o acidente. 
 
Tratamento do Choque 
O tratamento do choque se caracteriza pelo restabelecimento e manutenção 
do volume líquido circulante. O desencadeamento do choque se dá só pela perda 
de líquidos, mas por vários outros fatores já descritos anteriormente. O choque é um 
dos sintomas principais da fase aguda das queimaduras e se não prevenido ou 
tratado precocemente causa vários problemas, chegando a ser irreversível e 
levando o paciente à morte prematura. 
O tratamento consiste na reposição dos líquidos perdidos, a qual deverá ser 
iniciada imediatamente após a coleta de amostra de sangue para exames e da 
sedação do paciente na sala de urgência. A via escolhida deve ser a periférica, até 
a avaliação geral da necessidade quantitativa de hidratação. Para o cálculo dos 
líquidos que serão infundidos deverão ser consideradas a extensão e profundidade 
da área queimada, o peso do paciente e fatores de risco, como idade, patologias 
preexistentes que influenciarão no estado geral do paciente, entre elas, as 
cardiopulmonares, as nefropáticas, vasculares e outras. 
Em geral, adultos com queimaduras acima de 20% de Superfície Corporal 
Queimada e crianças com queimaduras acima de 10% de (SCQ) deverão ser 
hidratadas por via endovenosa, além da oral. Em todos os casos de grandes 
 
 
 
 
 
 
 27 
 
queimados e em alguns de médio queimados, a hidratação deverá ser fita através 
de uma veia calibrosa (flebotomia ou intracath). 
 
Controle de reposição de líquidos 
O cálculo da quantidade e volume dos líquidos a ser reposta não deve ser 
inflexível e sim adaptado às necessidades específicas de cada paciente, evitando a 
super ou sub- hidratação. O indicador mais preciso da quantidade adequada é o 
volume urinário. Porém, há outros fatores que devem ser observados, como: 
- Condições gerais do acidentado; 
- Exame do sistema cardiovascular ou respiratório; 
- Idade (geriátricos e crianças toleram menos infusões rápidas, devido às 
características do sistema cardiorrespiratório); 
- Outras patologias preexistentes. 
 
Controle laboratorial 
O hematócrito permite acompanhar a regressão ou progressão da 
hemoconcentração na fase aguda. Outros fatores podem surgir, interferindo nas 
características e no volume sanguíneo, como hemólise das hemácias, úlcera de 
Curling e outros, alterando o resultado do hematócrito a ponto de não servir mais 
como parâmetro para a hidratação adequada. 
 
Controle da diurese 
Deverá ser cateterizada a bexiga com sonda vesical de demora. O volume 
urinário horário no adulto deve manter-se entre 30 a 60 ml/h, principalmente nas 
primeiras 48 horas e, na criança, 1 ml/kg de peso. A redução da diurese indica 
hidratação insuficiente e consequentemente problema renal. O volume aumentado 
 
 
 
 
 
 
 28 
 
indica administração hídrica excessiva ou lesão renal. Estas alterações deverão ser 
corrigidas mediante mudança na conduta terapêutica. 
 
Prevenção De Infecção 
A prevenção da infecção deve ser iniciada o mais precocemente possível, já 
no atendimento de urgência, usando sala asséptica, pessoal treinado e 
adequadamente paramentado. Em alguns casos, onde as condições higiênicas da 
queimadura são precárias, utiliza-se antibiótico profilático. Rotineiramente, é feita a 
prevenção do tétano em queimados. Esta infecção é grave e quase sempre fatal. Os 
pacientes não imunizados ou que receberam vacina completa há mais de 10 anos, 
ou aqueles que não receberam as 3 doses da vacina, devem receber imunização 
ativa e passiva. Alguns serviços preferem fazer a imunização completa nos 
pacientes com mais de 5 anos de vacinação, com 3 doses, fundamentados no 
princípio do risco da conservação inadequada da vacina. 
Imunização ativa: Compreende a administração de um antígeno para 
estimular a formação de anticorpos contra o tétano. Em geral, são necessárias 2 a 3 
semanas para se formarem os anticorpos. 
Imunização passiva: Compreende a administração de anticorpos formados 
previamente, tem vida curta de atuação, em torno de 3 semanas 
 
Tratamento imediato, no local da área queimada 
O tratamento local tem por objetivo aliviar e tratar os sinais e sintomas que 
surgem na queimadura, como a dor, perda de líquidos, destruição dos tecidos e 
infecção. A realização de curativo local visa isolamento e proteção da lesão do meio 
ambiente por tempo suficientemente capaz de recuperá-la. O manejo consciente da 
área queimada é de extrema importância, visando à profilaxia de infecções e a 
epitelização rápida da área. 
 
 
 
 
 
 
 
 29 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÉTODO DE TRATAMENTO LOCAL DAS QUEIMADURAS 
Os métodos empregados no tratamento local das queimaduras são dois, o de 
exposição e o de oclusão, já preconizados e usados por seus pesquisadores no 
início deste século. Geralmente, na assistência ao médico e grande queimado são 
usados simultaneamente, o que intitularemos de misto. 
Método de oclusão: O curativo fechado, ou método de oclusão, 
compreensão e pouso (OCR), é indicado nas queimaduras dos pés, mãos, 
membros, queimaduras de 3.º grau, circular de tórax e em tratamento ambulatorial. 
Material para confecção do curativo 
- Pacote de curativo (pinça anatômica, pinça dente de rato, tesoura); 
- Cuba rim; 
- Gazes cirúrgicas; 
- Gazes de morim ou rayon; 
- Gazes de rolo ou para queimados, medindo 10x150 cm; 
- Atadura de crepe; 
 
 
 
 
 
 
 30 
 
- Algodão hidrófilo, na ausência deste usar algodão ortopédico; 
- Fita adesiva ou esparadrapo. 
 
Soluções e material acessório 
- Soro fisiológico; 
- Sabão líquido neutro; 
- Benzina; 
- Éter; 
- Hamp revestido de saco plástico para lixo. 
 
 
Procedimento 
Limpar a área com soro fisiológico, com auxílio das pinças, tesouras e gazes; 
retirar os tecidos desvitalizados, detritos e corpos estranhos, como resíduos de 
vestes; tratamento aplicado nos primeiros socorros. Existem serviços (Clínica de 
Queimados e Cirurgia Reparadora – C.Q.C.R – H.M.C.C) onde é feita a ressecção 
de vesículas existentes, mesmo as que não estão rotas. Conduta a que não se 
alinham. 
Há duas correntes que deferem condutas diferentes a respeito do tratamento 
das queimaduras com vesículas. Aqueles que defendem o não debridamento das 
vesículas justificam que o líquido contido nestas é semelhante ao plasma do sangue 
e a drenagem favorece a espoliação do paciente. Parte deste líquido é reabsorvida 
posteriormente para o espaço intravascular, razão pela qual as vesículas deverão 
permanecer até a troca do curativo, quando serão ressecadas. O debridamento 
expõe precocemente a área queimada à ação de microrganismos. 
Os que usam o método de debridamento das vesículas afirmam que o líquido 
acumulado no interstício dérmico descola a epiderme do derma formando as 
 
 
 
 
 
 
 31 
 
vesículas. Quanto maior a coleção de líquidos dentro das vesículas maiores a área 
de descolamento tornando mais vulnerável o rompimento espontâneo com perda 
real de líquidos. 
A percentagem de líquidos reabsorvida das vesículas até a troca do curativonão é tão significativa. Também no cálculo da reposição hídrica não é considerada 
esta reabsorção. Portanto, a drenagem não altera a volemia do paciente. O 
rompimento espontâneo das vesículas mais vulneráveis sob o curativo funciona 
como meio de cultura para os germes, que invadem as vesículas não rotas, 
transformando-as em bolsa de secreção purulenta. 
 
 
CONFECÇÃO DO CURATIVO 
1. ª camada – cobrir a área queimada e uns 10 cm de pele íntegra adjacente 
com gazes de rayon ou morim, embebidas em soro fisiológico ou vaselina. 
O morim ou rayon deve ser cortado em cada volta circular ao redor do 
membro ou tórax, prevenindo o garroteamento pela formação de edema, 
facilitando a retirada na troca do curativo; 
2. ª camada – cobrir as gazes de malha fina com gaze para queimado ou 
gaze de rolo. Esta deve ser colocada em ziguezague ou vaivém, 
atendendo a mesma finalidade de prevenção de garroteamento; 
3. ª camada – cobrir a gaze de rolo com um algodão hidrófilo em forma 
circular e uniformemente por toda região; 
4. ª camada – enfaixar compressivamente com ataduras de gazes elásticas 
(tipo crepom). Fixar o curativo com fita adesiva ou tiras de esparadrapo, 
de tal forma que garanta a integridade do curativo por 3 a 4 dias, apesar 
da movimentação do paciente. 
Cuidados especiais devem ser tomados ao se fazer o curativo nas mãos e 
pés. Os dedos da mão deverão ser envolvidos separadamente com rayon ou morim 
 
 
 
 
 
 
 32 
 
e, na 2.ª camada, com gaze cirúrgica. Posteriormente, deverão ser enfaixados em 
posição funcional, isto é, com os dedos levemente fletidos, como se estivessem 
segurando uma bola de vôlei. Os dedos dos pés também deverão ser envolvidos 
separadamente, até a 2.ª camada, e colocados posteriormente em posição de 90 
graus em relação à perna. Esta medida visa prevenir a queda plantar, tão comum 
em pacientes de longa internação com movimentos limitados. 
As queimaduras de 3.º grau com circular de membros e tórax geralmente 
necessitam da escarotomia, que consiste em incisões longitudinais, feitas com 
bisturi, para aliviar a compressão que o tecido lesado pode exercer neste local, 
trazendo dificuldade circulatória nos membros e respiratória do tórax. Estes locais, 
após a oclusão com curativos, devem ser observados visando sustar hemorragias, 
que são frequentes. 
 
OBS.: A observação da aparência externa do curativo é importante. Quando o 
revestimento externo (atadura de crepe) do curativo está úmido ou sujo, é sinal que 
deixou de ser oclusivo. Está sujeito a infecção e deve ser trocado mesmo que a data 
prevista esteja distante. 
 
Finalidade das gazes utilizadas no curativo 
 
✓ Gaze de malha fina (rayon ou morim) visa a não aderência na área 
queimada, facilitando a troca de curativos e favorecendo a drenagem de 
secreções. O rayon é mais indicado porque os fios não absorvem 
secreções; portanto, não aumentam o diâmetro, favorecendo a drenagem 
de secreções de forma mais abundante. 
 
✓ Gaze de rolo ou para queimados – favorece a absorção da secreção que 
drena através da 1.ª camada e permite a proteção da área queimada de 
 
 
 
 
 
 
 33 
 
O curativo deverá ser reforçado com fita adesiva ou tiras de 
esparadrapo, permitindo a sua integridade apesar dos 
movimentos, até a troca, que poderá ocorrer 3 a 5 dias após. 
 
LEMBRE-SE 
maneira uniforme, o que não seria possível com gazes cirúrgicas, que 
dificultam a confecção do curativo pelo deslizamento das unidades. 
 
✓ Algodão hidrófilo – permite a absorção da secreção que drena através da 
2.ª camada do curativo e promove a compressão uniforme da área 
queimada, reduzindo a dor e oferecendo maior conforto ao paciente, 
protegendo-o de traumas secundários na movimentação. 
OBS.: O algodão ortopédico não é o mais indicado porque tem menos capacidade 
de absorção. Sua elasticidade é inexistente, o que pode prejudicar a circulação na 
área envolvida, principalmente na formação do edema. 
 
✓ Atadura de crepom – tem por objetivo a compressão uniforme e suave, 
além de fixação do curativo. O enfaixamento deve obedecer ao princípio 
fisiológico da circulação sanguínea, permitindo compressão uniforme 
decrescente da extremidade para a raiz dos membros. A absorção da 
perfusão periférica e edemas acentuados permite a avaliação do 
enfaixamento. 
 
MÉTODO DE EXPOSIÇÃO 
Consiste na exposição completa da área queimada ao meio ambiente. Este 
método é usado para o tratamento de queimaduras de face, pescoço, períneo e 
tórax de pacientes internados e adultos conscientes. Deve ser evitado nestas 
regiões, se houver exposição de ossos, vasos sanguíneos, nervos e tendões. 
Procedimento 
 
 
 
 
 
 
 34 
 
Em pacientes com queimadura circular de tórax aos quais for indicada a 
hospitalização, optar pela exposição, mantendo um coxim sob a parte do tórax que 
ficará apoiada no leito. O coxim compreende as mesmas camadas do curativo 
oclusivo, sendo substituída à atadura de crepe pelo campo estéril. Este é 
confeccionado com técnica asséptica, de forma inversa à que se faria no paciente, 
isto é, de dentro para fora, seguindo a sequência descrita: abre-se o campo estéril 
em tamanho proporcional ao da região a ser protegida, usando-se uma mesa ou a 
própria cama do paciente, acolchoando-se todo o campo com algodão hidrófilo; 
recobre-se todo o algodão com gaze de rolo aberta, coloca-se em cima o morim ou 
rayon umedecido com soro fisiológico. Põe-se o paciente no leito sobre o coxim, no 
decúbito indicado, de maneira que não flexione o corpo, evitando enrolar as 
camadas e permitindo uniformidade em toda a extensão. 
Toda extensão da área queimada exposta deve repousar sobre campos 
estéreis que deverão revestir o leito. A sustentação de lençóis e cobertores é feita 
com arco de proteção de metal estéril ou, na impossibilidade, devidamente lavado 
com água e sabão e desinfetado. A primeira peça que fica em contato com o arco 
deve ser campo estéril. Sobre este repousarão o lençol, cobertores e colcha. O 
ambiente deve ser aquecido em lugares de clima frio. Em geral, após as 48 horas, 
surge uma crosta fina e lisa semelhante ao esmalte sobre a área queimada, 
resultante do dessecamento do plasma. Esta crosta é chamada de curativo 
biológico. Tem a finalidade de proteger o local queimado contra microrganismos, 
diminui a perda de líquidos, impedindo a evaporação, atenuando a dor e isolando as 
terminações nervosas do contato com o ar. 
 
Comparação entre os dois métodos de curativos 
Os empregos dos dois métodos (oclusivo e explosivo) dão bons resultados, 
desde que tenham indicação precisa para a aplicação. 
Exposição – Vantagem 
✓ Observação das lesões: permite a observação constante das lesões, 
possibilitando surpreender no início qualquer foco infeccioso. 
 
 
 
 
 
 
 35 
 
✓ Aplicação do método: ideal para face e períneo, locais onde se abrem 
vários artifícios com drenagem de secreções naturais exigindo higiene 
frequente. 
✓ Proliferação dos germes: o dessecamento do plasma sobre as lesões 
constitui um meio desfavorável à proliferação de germes. 
✓ Curativos: não há troca de curativos dolorosa. Os curativos são simples, 
restringindo a limpeza diária das secreções sem causar grande 
desconforto ao paciente. 
✓ Mobilização: permite movimentação espontânea, possibilitando a 
observação de deformidades de posição e sua correção precoce. No 
entanto, esta mobilização deve ser a estritamente necessária para evitar 
solução de continuidade e conservar a integridade da crosta protetora, 
podendo haver focos infecciosos em pontos onde essa se rompe. 
 
Exposição- Desvantagens 
✓ Aplicação do método: limitado, contraindicado em queimaduras 
profundas, extensas ou circulares e não indicada para aplicação em 
ambulatório. 
✓ Tolerância: nas primeiras 48 horas, enquanto as crostas não se 
formarem,a dor e a sensação de desconforto são mais intensas, exigindo 
a administração de sedativos. 
✓ Contaminação: favorece a contaminação mesmo em isolamento parcial, 
com observação de técnica asséptica e limpeza rigorosa do ambiente, 
exigências não comumente encontradas na maioria dos hospitais da 
comunidade brasileira. 
✓ Proteção contra as variações térmicas: A exposição protege menos o 
paciente contra as variações térmicas do meio ambiente. A temperatura 
deve ser mantida constantemente no verão e inverno. O paciente 
descoberto não deve sentir frio ou calor. 
 
 
 
 
 
 
 36 
 
✓ Perda de líquidos: Nas primeiras 48 horas, a perda de líquidos é maior 
devido à evaporação, intervendo-se esta situação na fase tardia. Duas 
condições básicas interferem na evaporação da água através da pele: 
uma relacionada com o paciente e outra relacionada com o meio 
ambiente (umidade do ar, temperatura ambiente e aeração local). 
 
Curativo oclusivo – Vantagens 
✓ Aplicação do método: Em geral, tem menos contraindicações. Mantém 
a lesão em repouso durante a fase de agressão, facilitando a 
recuperação. É indicado especialmente para queimaduras circulares e 
profundas, tratamento ambulatorial, crianças, pessoas agitadas ou 
deficientes mentais. 
✓ Tolerância: O alívio da dor é mais rápido, a oclusão isola os ferimentos 
dos estímulos externos; posteriormente, a situação é inversa. 
✓ Contaminação: Evita a contaminação pela oclusão. Ideal para ambientes 
de hospitais superlotados e com déficit de pessoal especializado. 
✓ Proteção contra as variações térmicas: Nos climas frios, a oclusão é 
mais tolerada, protegendo melhor o paciente. No verão a situação é 
inversa. 
✓ Perda de líquidos: A perda inicial de líquidos é menor na oclusão, por 
evitar a evaporação. O contrário ocorre posteriormente, em virtude da 
absorção dos líquidos nas bandagens dos curativos, intensificando as 
perdas reais. 
 
Desvantagens da Oclusão 
✓ Custo: é mais dispendioso, exigindo muito material e mão-de-obra 
especializada para troca de curativos. 
 
 
 
 
 
 
 37 
 
✓ Observação das lesões: a presença ou ausência de infecção só pode 
ser avaliada através de hipertermia, dor, odor fétido, aspecto externo do 
curativo (dados indiretos). 
✓ Proliferação de germes: a oclusão da área possibilita condições 
favoráveis à proliferação de germes pelo calor, umidade e ausência de 
claridade. 
✓ Curativos: a necessidade da troca do curativo periódica torna a 
aplicação do método mais traumatizante para o paciente e equipe de 
enfermagem. Nos intervalos da troca há queixas de desconforto geral, 
odor fétido, prurido, calor etc. Na confecção do curativo, se a compressão 
não for uniforme, o paciente se queixa de dor e formigamento e apresenta 
alteração da perfusão periférica e edema local. 
✓ Mobilização: a oclusão dificulta a mobilização das articulações do 
membro afetado, impossibilita a verificação de deformidades de 
posicionamento e sua correção precoce. No entanto, o paciente fica mais 
livre para se movimentar, sendo também mais fácil o seu transporte. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 38 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PRIMEIRO ATENDIMENTO DO PACIENTE QUEIMADO 
Protocolo XABCDE 
Queimadura é considerada um Trauma devendo-se, portanto, 
tratá-lo como tal, realizando o protocolo XABCDE do trauma: 
X- Exsanguinação 
Contenção de hemorragia externa grave, a abordagem deve ser executada 
antes do manejo das vias aéreas, devido à maior causa de óbitos em trauma ser a 
hemorragia grave. 
A – Vias Aéreas 
Suspeitar de lesão de via aérea sempre que a história ou o exame físico 
justificarem. Lembre-se que os sinais de comprometimento podem ser tardios e não 
devemos aguardar que se instale uma insuficiência respiratória franca, já que isso 
pode inviabilizar o acesso a uma via aérea definitiva por intubação e exigir uma 
abordagem cirúrgica. É necessário avaliar a presença de corpos estranhos, 
verificando e retirando qualquer tipo de obstrução. 
 
B – Boa Respiração 
 
 
 
 
 
 
 39 
 
Além dos danos causados pelas lesões térmicas da via aéreas, da inalação 
de produtos tóxicos que produzem traqueobronquites químicas, edema e 
pneumonia, outro importante fator de agravamento respiratório é a intoxicação por 
monóxido de carbono. Sempre considere a possibilidade de intoxicação por 
monóxido de carbono em queimado com história de lesão em ambiente fechado. 
O diagnóstico da intoxicação é clínico e é feito principalmente pela história. 
Quando os níveis séricos de CO são inferiores a 20%, não costuma haver sinais 
clínicos. Com níveis mais elevados, pode haver: cefaleia e náusea (20 a 30%), 
confusão (30 40%), coma (40 a 60%) e morte (>60%). O tratamento consiste em 
oferecer O2 em altas concentrações por máscara ou ventilação assistida, sempre 
em sistema sem recirculação. 
 
C – Circulação 
Qualquer vítima com mais de 20% de SCQ necessita de reposição volêmica. 
Como todo trauma deve-se estabelecer 2 acessos calibrosos (abocath 16) e infundir 
Ringer lactato usando a fórmula de Parkland de 2-4 ml/kg /%SCQ desse total 
metade deve ser infundido nas primeiras 8 horas da queimadura e o restante nas 
outras 16 horas. Sendo administrado em pacientes idosos, pessoas com 
insuficiência renal e ICC 2 ml, em crianças e adultos 4 ml. 
Lembrar que deve-se monitorar diurese para que permaneça entre 0,5-1 
ml/kg/h. Em pacientes com queimadura elétrica sempre monitorizar atividade 
cardíaca. Se o paciente tem várias áreas queimadas, variando em profundidade, as 
de primeiro grau não entram na contagem para reposição. 
 
D – Dano Neurológico 
 
Na avaliação neurológica deve ser utilizada a Escala de Coma de Glasgow 
para verificar o nível de consciência do paciente, tendo como parâmetros a abertura 
ocular, resposta verbal, e resposta motora. O seu escore máximo é de 15, que 
indica que o paciente não possui nenhum dano neurológico. O valor inferior a 8 
aponta uma lesão grave, sendo indicada a realização de intubação da vítima, 9 a 12 
lesão moderada, e 13 a 15 lesão mínima. 
 
 
 
 
 
 
 
 40 
 
E – Exposição 
Este passo é muito importante, uma vez que permite identificar o tipo de 
queimadura e a profundidade da lesão 
 
Volume sanguíneo circulante: 
Em um paciente queimado, até mesmo a medida da pressão arterial pode ser 
difícil. A monitoração do débito urinário é uma das formas mais fidedignas de se 
avaliar a qualidade do volume circulante. Torna-se então obrigatória à sondagem 
vesical nos queimados com mais de 20% de superfície corpórea queimada. A 
diurese recomendada é de 1 ml/Kg por hora para crianças com menos de 30 Kg, ou 
30 a 50 ml por hora para os adultos. A estimativa do volume a ser infundido pode 
ser feita através da formula: 
 
 
Este volume deve ser infundido com solução de Ringer lactato. Nas primeiras 
8 horas após a queimadura, o paciente deve receber 50% do volume calculado, nas 
outras 16 horas deve receber os outros 50%. É bom lembrar que esta formula serve 
somente para estimar o volume necessário, o objetivo final é garantir volume 
circulante e a perfusão tecidual, avaliada através do débito urinário. 
 
Outros cuidados: 
1. Pesar o paciente: muitas vezes a única oportunidade de se avaliar o peso 
do queimado é na admissão, já que nos casos mais graves os cuidados intensivos 
não permitem a pesagem. 
 
 
 
 
 
 
 41 
 
2. Sondagem nasogástrica: está indicada em queimados com mais de 20% 
de superfície queimada. Ela vai diminuir a distensão gástrica e evitar náuseas, 
vômitos e distensão abdominal. 
3. Sedação da dor: deve ser administrada por via endovenosa. Como pode 
haver hipóxia ou hipovolemia, a administração de sedativos deve ser feita em doses 
pequenas e frequentes. 
4. Antibióticos: não há indicação para uso profiláticode antibióticos. Eles 
devem ser utilizados somente para tratar as infecções que podem surgir durante o 
tratamento. 
5. Cuidados com a ferida: Não devemos romper as bolhas na fase aguda 
da queimadura. Para dar mais conforto ao paciente, podemos lavar a área 
queimada e cobri-la com compressas úmidas em soro morno. 
6. Queimaduras circunferências: pacientes com queimaduras de terceiro 
grau que acometem toda a superfície de um membro podem desenvolver um 
quadro isquêmico progressivo relacionado à instalação de edema tecidual. Nestes 
casos, está indicada uma escarotomia, procedimento que deve ser realizado na sala 
de emergência e que garante a viabilidade funcional do membro. 
 
Critérios para transferência de pacientes para unidades de tratamento 
de queimaduras 
 Queimaduras de 2° grau em áreas maiores do que 20% da SCQ em adultos. 
 Queimaduras de 2° grau maiores do que 10% da SCQ em crianças ou 
maiores de 50 anos. 
 Queimaduras de 3° grau em qualquer extensão. 
 Lesões na face, nos olhos, no períneo, nas mãos, nos pés e em grandes 
articulações. 
 Queimadura elétrica. 
 Queimadura química. 
 Lesão inalatória ou lesão circunferencial de tórax ou de membros. 
 
 
 
 
 
 
 42 
 
 Doenças associadas, tentativa de autoextermínio (suicídio), politrauma, 
maus-tratos ou situações sociais adversas. 
 A transferência do paciente deve ser solicitada à unidade de tratamento de 
queimaduras (UTQ) de referência, após a estabilização hemodinâmica e as 
medidas iniciais, com leito de UTI reservado para queimados. 
 Pacientes graves somente deverão ser transferidos acompanhados de 
médico em ambulância com UTI móvel e com a possibilidade de assistência 
ventilatória. 
 O transporte aéreo para pacientes com trauma, pneumotórax ou alterações 
pulmonares deve ser realizado com extremo cuidado, pelo risco de expansão 
de gases e piora clínica. 
 As UTQs de referência sempre têm profissionais habilitados para dar 
orientações sobre o tratamento completo das vítimas de queimaduras. 
 A transferência do paciente deve ser solicitada à UTQ de referência após a 
estabilização hemodinâmica e as medidas iniciais. 
 Envie sempre relatório com todas as informações colhidas, as anotações de 
condutas e os exames realizados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 43 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REPOSIÇÃO HIDROELETROLÍTICA 
 
Fórmula de Parkland 
 2 a 4ml/kg/% SCQ para crianças e adultos. 
 Idosos, portadores de insuficiência renal e de insuficiência cardíaca 
congestiva (ICC) devem ter seu tratamento iniciado com 2 a 3ml/kg/%SCQ e 
necessitam de observação mais criteriosa quanto ao resultado da diurese. 
 Use preferencialmente soluções cristaloides (ringer com lactato). 
 Faça a infusão de 50% do volume calculado nas primeiras 8 horas e 50% nas 
16 horas seguintes. 
 Considere as horas a partir da hora da queimadura. 
 Mantenha a diurese entre 0,5 a 1ml/kg/h. 
 No trauma elétrico, mantenha a diurese em torno de 1,5ml/kg/hora ou até o 
clareamento da urina. 
 Observe a glicemia nas crianças, nos diabéticos e sempre que necessário. 
 Na fase de hidratação (nas 24h iniciais), evite o uso de coloide, diurético e 
drogas vasoativas. 
 
 
 
 
 
 
 44 
 
Grande queimado adulto: iniciar 2.000 ml de Ringer com Lactato para correr 
em 30 minutos; 
Grande queimado criança: iniciar 30 ml/kg para correr em 30 minutos. 
Independentemente do esquema inicial escolhido, deve-se observar diurese a partir 
da primeira hora, e controlar a hidratação para que se obtenha 0,5 a 1ml/kg/hora ou 
(30-50ml) em adultos e 1ml/kg/h em crianças. 
 
 
 
 
NUTRIÇÃO PARA QUEIMADOS 
O queimado, mais do que qualquer outro paciente, necessita de dieta 
hiperproteica e hipercalórica, rica em sais minerais e vitaminas, fatores 
indispensáveis na reposição das perdas calóricas, reconstituição dos tecidos 
lesados e na manutenção do equilíbrio imunológico. O enfermeiro e sua equipe 
administram a alimentação e hidratação do queimado, muitas vezes totalmente 
dependente e imobilizado devido a queimaduras extensas e profundas. 
É muito importante a orientação que o enfermeiro dá a sua equipe quanto aos 
fatores que facilitam a aceitação da dieta, tais como: ausência de dor no momento 
da alimentação; ausência de odor desagradável no ambiente; posicionamento 
adequado do leito e do paciente; disponibilidade da pessoa que alimenta; aspecto 
e temperatura do alimento etc. 
Cabe ao enfermeiro o controle e aceitação da dieta em cada período, por ser 
comum a anorexia no queimado. Quando esta ocorrer, levar o fato para discussão 
em grupo multiprofissional, podendo parte do problema ser transferido para a 
família, desde que esta aceite e tenha condições de aquisição, disponibilidade de 
tempo para preparar, transportar e administrar o alimento adequado. Outra 
conduta que a equipe poderá adotar é a complementação da dieta via oral, por 
 
 
 
 
 
 
 45 
 
sonda gástrica ou, mais apropriadamente, por sonda enteral, desde que o aparelho 
digestivo do paciente não ofereça nenhuma contraindicação, como úlcera de 
Curling, diarréias, vômitos e outros. 
O queimado que recebe nutrição enteral deverá ser monitorizado pela 
enfermagem. O processo começa com a introdução de uma sonda tipo Dobbhoff 
por via transnasal para o estômago, onde permanece até ser transportada para o 
duodeno, sob ação do peristaltismo gastrintestinal. Em pacientes conscientes e 
que cooperam, como é o caso de quase todos os queimados, a inserção do cateter 
é um procedimento simples, dispensando o uso de mandril. Em torno de 8 a 24 
horas deve-se fazer uma radiografia abdominal para observar o posicionamento do 
cateter (duodeno), podendo ser feita à fixação definitiva. 
Caso a sonda permaneça no estômago, não atingindo o intestino delgado, a 
dieta deverá ser preparada e administrada como gástrica e não como enteral. A 
vantagem da alimentação por sonda enteral sobre a sonda nasogástrica, entre 
outras, é que não existe o risco de regurgitação do conteúdo gástrico, com 
possível aspiração pulmonar. A ficha de monitorização dos cuidados de 
enfermagem com o paciente em uso de nutrição enteral deverão registrar os 
seguintes dados: 
✓ Identificação do paciente 
✓ Registro das características do paciente, tipo e número da sonda, data da 
introdução, peso normal, altura, punho etc; 
✓ Administração da dieta: devem ser anotados característicos volumes 
prescritos e administrado, visando identificar alterações na aceitação e problemas 
de infusão da dieta. Cuidados devem ser mantidos para evitar obstrução da sonda 
e aplicar a infusão no tempo correto. Quando forem administrados outros 
nutrientes deverão ser registrados volumes e soluções infundidos; 
✓ Reações do paciente: sede, fome, anorexia e complicações gastrintestinais 
são reações que indicam não só o nível de tolerância da dieta, como são 
parâmetros para alterações da mesma; 
✓ Eliminações: volume urinário, número e aspecto das fezes eliminadas, este 
 
 
 
 
 
 
 46 
 
é um índice relevante na observação da tolerância à dieta. Através destas 
eliminações, é possível avaliar o balanço nitrogenado indispensável para adequar 
a oferta calórica; 
✓ Complicações com a sonda – são registrados posicionamento inadequado, 
obstrução e saídas acidentais; 
✓ Atividade física: é registrado o número de sessões de fisioterapia e 
exercício físico; 
✓ Medidas antropométricas: são registrados peso, altura, circunferência do 
braço e punho, prega do tríceps e prega subescapular duas vezes por semana. 
Estes dados são indispensáveis e deverão ser acrescidos de exames laboratoriais 
(albumina sérica, transferrina sérica e linfócitos), que permitem determinara 
inicialmente o grau de desnutrição e necessidade proteica. São constantemente 
reavaliados, atravésdo acompanhamento e evolução do estado nutricional do 
paciente. 
Na administração da dieta enteral alguns cuidados devem ser observados, 
como sejam: 
✓ Orientar o paciente sobre o tratamento; 
✓ Manter o paciente em decúbito elevado (Fowler entre 30 a 45.º); 
✓ Anotar a quantidade exata administrada (em ml) nos horários 
padronizados; 
✓ Aspirar à sonda com seringa de 50 ml antes de ligar a dieta. Se a saída do 
conteúdo for superior a 150 ml, fazer pausa alimentar de 2 horas e anotar; 
✓ Injetar soro glicosado a 5% pela sonda, quando a dieta não estiver ligada 
(durante a pausa), ou de acordo com a prescrição médica; 
✓ Controlar o gotejamento, para evitar administração em ml/hs superior a 
quantidade prescrita; 
✓ Anotar quantidade de alimentação aceita por via oral; 
✓ Anotar sempre que ocorrer vômito (volume e aspecto). Neste caso, 
deve-se interromper a dieta e manter a sonda aberta; 
✓ Anotar sempre que houver regurgitação; 
 
 
 
 
 
 
 47 
 
✓ Anotar o número e aspecto das evacuações; 
✓ Anotar o número de vezes de obstrução das sondas, caso isto ocorra; 
✓ Anotar a saída da sonda (quando acidental ou provocada); 
✓ Pesar o paciente pela manhã em jejum. Anotar (maca-balança); 
✓ Anotar a diurese de 24 horas. O balanço deverá ser fechado às 6:00 
horas. Observar requisição de exames de laboratório; 
✓ Fazer e registrar glicosúria a cada 4 horas; 
✓ Não esquecer a dieta, para não deteriorar; 
Em grandes queimados, após reavaliação do estado nutricional, poderá ser 
instituída paralelamente a nutrição parenteral, que exige da enfermagem cuidados 
redobrados. O controle é feito através da ficha de monitorização de cuidados de 
enfermagem, onde deverão constar vários detalhes a respeito do paciente. 
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE QUEIMADO (CASOS) 
 O paciente queimado apresenta troca gasosa prejudicada, podendo estar 
relacionada com dano alveolar e obstrução das vias aéreas. 
Cuidados: 
 Manter via aérea permeável; 
 Avaliar padrão respiratório e presença de respiração ruidosa; 
 Administrar oxigênio umidificado; 
 Observar presença de escarro carbonáceo, rouquidão, dispnéia, tosse, 
pelo nasal chamuscado (ocorrem com as lesões por inalação); 
 Observar edema de vias aéreas superiores. 
 
 O paciente apresenta déficit de volume circulante, diminuição do débito 
cardíaco e alteração da perfusão periférica. 
Cuidados: 
 Manter reposição volêmica adequada; 
 Peso diário e balanço hídrico; 
 
 
 
 
 
 
 48 
 
 Reposição de volume conforme prescrição médica: a reposição 
endovenosa nas primeiras 24 horas deve ser rigorosa; 
 Evitar líquidos via oral nas primeiras 24 horas. 
 
 A resposta sistêmica às queimaduras envolve: diminuição do retorno 
venoso, troca gasosa prejudicada e diminuição de perfusão tecidual em 
vários órgãos. 
Cuidados: 
 Monitorizar sinais vitais, ritmo cardíaco, nível de consciência, padrão 
respiratório e perfusão periférica; 
 Verificar pulso periférico. 
 
 As queimaduras circunferências apresentam edema que dificulta a circulação 
local 
Cuidados: 
 Avaliar queimaduras circunferências (membros e tórax); 
 Verificar pulso distal do membro. 
 
 O paciente pode apresentar choque hipovolêmico 
Cuidados: 
 Estar atento aos sinais de insuficiência renal 
 Passagem de sonda vesical de demora, com controle rigoroso de diurese 
(mínimo de 30 ml/h). 
 Observar presença de oligúria e anúria 
 
 O paciente queimado apresenta quadro de hipotermia devido à perda 
imensurável de líquido pela pele. 
 
 
 
 
 
 
 49 
 
Cuidados: 
 Manter paciente aquecido, área corpórea protegida, para evitar perda de 
líquido e de calor. Sugere-se utilização de plástico estéril sobre a área 
queimada para facilitar retenção de líquido e calor; 
 Evita-se utilização de compressas úmidas para evitar hipotermia. 
 
 
 
 
ATENDIMENTO NO CENTRO DE QUEIMADOS 
No Centro de Queimados, após a estabilização do paciente e dos cuidados 
iniciais, o seguimento do paciente compreende os seguintes aspectos: 
Escarectomia 
De acordo com o período evolutivo da queimadura, a ressecção do tecido 
desvitalizado poderá ser feita em três períodos: escarectomia imediata, precoce e 
tardia. 
Escarectomia imediata: de uso limitado, indicada nas queimaduras de 3.º grau 
pouco extensas, que não sejam de etiologia química ou elétrica. É realizada no ato 
de admissão do paciente, resolvendo imediatamente o problema de tecido 
desvitalizado e todos subsequentes. Para utilização deste método é necessário que 
a instituição ofereça alguns recursos, como banco de sangue, com disponibilidade 
de diversos grupos sanguíneos e fatores RH; banco de pele, para curativos 
biológicos; equipe cirúrgica disponível, bem como salas cirúrgicas equipadas. É 
importante que o paciente esteja em boas condições físicas. 
Escarectomia precoce: geralmente executada entre os 10.º e 14.º dia pós-
queimadura, período em que os tecidos desvitalizados começam a ser diferenciado 
dos viáveis por se delimitarem e soltarem. A vantagem sobre o método anterior é 
 
 
 
 
 
 
 50 
 
justamente o conhecimento evidente do tecido necrosado, poupando o viável. A sua 
indicação está restrita às condições de cada paciente, devendo ser observados a 
profundidade e extensão da queimadura, bem como o estado geral do paciente e 
disponibilidade de recursos na clínica, como banco de pele e outros. 
Escarectomia tardia: é indicada para os grandes queimados e casos de necrose 
acentuada. Pode ser feita com anestesia geral ou não durante as trocas de 
curativos, independente da modalidade dos mesmos. A escarectomia é feita através 
da ressecção parcial do tecido necrosado na medida em que se vão soltando. O 
sangramento é inexpressivo e a dor pode ser suportável. A desvantagem do método 
está em favorecer a proliferação dos microrganismos, devido ao longo período de 
exposição da lesão, aumentando a desvitalização do tecido e possibilitando infecção 
invasiva, como sepse e outras. O método exige hospitalização prolongada, maior 
número de troca de curativos, retardo da enxertia de pele e demora do tratamento, 
favorecendo o aparecimento de sequelas funcionais e estéticas. 
Os cuidados de enfermagem imediatos no pós-curativo com anestesia geral 
dizem respeito aos controles dos sinais vitais e PVC, se for o caso; aspiração de 
secreções orofaríngea, se necessário; proteção e/ou restrição no leito para evitar 
quedas; infusão das soluções cristaloides e coloides; posicionamento adequado no 
leito, evitando sequelas; observação constante da área ressecada, controlando 
hemorragias que são frequentes devido às lesões de vasos no ato cirúrgico. 
Em geral, um enfaixamento compressivo da área sangrante resolve o 
problema, não sendo necessário desfazer o curativo oclusivo para sutura. O 
paciente deve ser hidratado e alimentado por via oral logo que desapareçam os 
sintomas de desconforto da anestesia geral. O alívio das queixas dolorosas deve 
ser feito com a administração de analgésicos. Não deve ser esquecidos o apoio 
psicológico e a recreação do paciente. 
Fasciotomia: procedimento realizado na emergência por cirurgião experiente, 
indicado quando se suspeita de síndrome de compartimento no antebraço ou perna, 
geralmente em lesões decorrentes da passagem de corrente de alta voltagem. 
 
 
 
 
 
 
 
 51 
 
Broncoscopia : indicada quando se suspeita de lesão por inalação, geralmente 
resultado de acidentes em que a vítima ficou em local fechado, podendo ter sido 
exposta à fumaça ou em pacientes com queimaduras de face. 
 
Desbridamento cirúrgico: indicado praticamente em todos os casos de 
queimaduras de terceiro grau. É considerado o método ideal por resolver em um só 
ato cirúrgico a eliminação da necrose. A desvantagem do método está em 
transformar uma área mista,

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