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trabalho de fisiologia

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Homeostasia 
O corpo humano é composto de vários sistemas e órgãos, cada um 
constituído de milhões de células. Estas células necessitam de condições 
relativamente estáveis para funcionar efetivamente e contribuir para a 
sobrevivência do corpo como um todo. A manutenção de condições estáveis 
para suas células é uma função essencial do corpo humano, a qual os 
fisiologistas chamam de homeostase. A homeostase (homeo = igual; stasis = 
ficar parado) é uma condição na qual o meio interno do corpo permanece dentro 
de certos limites fisiológicos. O meio interno refere-se ao fluido entre as células, 
chamado de líquido intersticial (intercelular). 
Um organismo é dito em homeostase quando seu meio interno contém a 
concentração apropriada de substâncias químicas, mantém a temperatura e a 
pressão adequadas. Quando a homeostase é perturbada, pode resultar em 
doenças. Se os fluidos corporais não forem trazidos de volta à homeostase, pode 
ocorrer a morte. 
Homeostase térmica 
O controle da temperatura do corpo humano é denominado homeostase 
térmica. A homeostase térmica consiste em manter a temperatura do corpo 
constante. Muitos mecanismos fisiológicos e bioquímicos dependem da 
temperatura corporal como, por exemplo, a frequência cardíaca, frequência 
respiratória, o metabolismo celular, o processo de digestão, etc. 
Para manter a temperatura ideal denominada, termo neutralidade, o corpo 
humano utiliza-se de vários mecanismos fisiológicos e comportamentais. Em 
épocas de frio as pessoas procuram se aconchegar usando roupas quentes e 
até aumentarem a quantidade de atividades físicas. Esses exemplos de reações 
são chamados mecanismos comportamentais. 
Em exposição ao frio o corpo precisa de mais energia para manter o calor 
interno, assim o indivíduo sente mais fome, ocorrem tremedeiras, há um gasto 
maior de gordura. 
Homeostase Hídrica 
O corpo humano é constituído de aproximadamente 60% de água, que 
estão distribuídas de forma intracelular (dentro das células) e extracelular, 
encontradas nas secreções, plasma, linfa e líquido espinhal. Formada por 2 
átomos de hidrogênio e uma de oxigênio (H2O), a água é a principal fonte de 
vida do corpo humano. 
Em condições de temperatura normal, um adulto necessita ingerir cerca 
de 2 litros de água por dia. A principal fonte de água vem dos líquidos, porém 
existem outras formas de extraí-las. Os alimentos principalmente frutas e 
hortaliças possuem quantidades de água significativas para o organismo. A água 
é expelida do organismo através da urina, pela pele (suor) e pelas fezes, em 
menor quantidade. 
Um indivíduo por dia expele cerca de 500 a 700 ml de água sob a forma 
de suor em condições normais. Em casos de atividades físicas e expostos ao 
calor, o indivíduo perde cerca de 2 a 3 litros de água por hora de exercício. Nesse 
caso a homeostase requer maiores trabalhos para manter o equilíbrio hídrico. 
Quando há uma perda rápida e intensa de água no corpo, gerando uma 
desidratação, podem ocorrer consequências trágicas em várias partes do corpo. 
A falta de apenas 2% de água pode ocasionar perda momentânea de memória. 
Isso mostra a importância da homeostase para manter um balanço preciso dos 
líquidos corporais, equilibrando a ingestão e liberação da água do corpo. Esse 
equilíbrio hídrico é mantido pelos rins 
Controle do meio ambiente interno 
O corpo apresenta muitos mecanismos de regulação (homeostática) que 
podem trazer o meio interno de volta ao equilíbrio. Cada estrutura corporal, do 
nível celular ao sistêmico, tenta manter o meio interno dentro dos limites 
fisiológicos normais. Os mecanismos homeostáticos do corpo estão sob o 
controle dos sistemas nervoso e endócrino. 
O sistema nervoso regula a homeostase pela detecção dos desequilíbrios 
do corpo, e pelo envio de mensagens (impulsos nervosos) aos órgãos 
apropriados para combater o estresse. 
O sistema endócrino é um grupo de glândulas que secretam mensageiros 
químicos, chamados de hormônios, na corrente sanguínea. 
Sistema endócrino 
As sustâncias secretadas são hormônios (hormao = excitar) que atuam 
em tecidos alvos ligando-se a receptores específicos. As glândulas que os 
secretam são chamadas glândulas endócrinas e seus produtos de secreção são 
veiculados pela corrente circulatória. Assim as glândulas endócrinas, através da 
secreção de seus hormônios, são responsáveis pelo crescimento, 
funcionamento e regulação de vários órgãos, incluindo a maioria das 
características morfológicas masculinas e femininas, atuando inclusive no 
comportamento dos indivíduos. 
Assim dizemos que os hormônios são os responsáveis pela manutenção 
da homeostase, isto é do equilíbrio e perfeito funcionamento do organismo 
animal. 
A atividade do sistema endócrino é regulada por mecanismo de 
"feedback” ou retro controle. O "feedback" é denominado "feedback negativo" 
quando a concentração do hormônio secretado por uma glândula atinge uma 
concentração acima do necessário ocorrendo interrupção da secreção deste 
hormônio e a consequente interrupção deste circuito de ação. O "feedback" é 
denominado "feedback positivo" quando a concentração de um hormônio é baixa 
e há necessidade de a glândula secretá-lo para que uma determinada atividade 
fisiológica possa ser desenvolvida. 
A ação hormonal ocorre devido à presença das moléculas receptoras 
(receptores) sempre "ancoradas" na membrana das células dos tecidos alvos. 
Os hormônios, em geral, quando se ligam aos seus receptores induzem 
modificações na estrutura molecular dos mesmos. Estas modificações permitem 
a interação do receptor com outros "mensageiros" localizados no interior da 
célula que desencadeiam as reações moleculares intracelulares para que a 
célula alvo exerça sua função. Muitas dessas interações intracelulares são 
mediadas pelos nucleotídeos cíclicos (AMP, GMP, ATP, etc.), que por isso 
também são denominados de "segundo mensageiro", ou seja, são os elos de 
conexão entre os receptores e outras moléculas que precisam ser "ativadas" 
intracelularmente. 
 
Figura 1 – (a) O hormônio esteroide passa através da membrana celular e (b) combina com a proteína receptora no 
núcleo. (c) O complexo proteína-esteroide ativa a síntese do RNA mensageiro. (d) O RNA Mensageiro deixa o núcleo 
para (e) sua função na produção de moléculas de proteínas. 
 
 
Figura 1.b – Ação hormonal devido à presença de moléculas receptoras 
Em mamíferos o sistema nervoso e o sistema endócrino são interligados pelo 
hipotálamo, que regula a atividade da hipófise. 
Principais glândulas endócrinas humana: 
O sistema endócrino é constituído por: 
Hipotálamo 
Hipófise ou glândula pituitária 
Glândula tireoide 
Glândulas paratireoides 
Glândulas supra-renais ou adrenais 
Glândula pineal 
Ilhotas de Langherans (pâncreas endócrino) 
Gônadas (gone = semente) (glândulas sexuais) 
As glândulas endócrinas são reguladas pelo sistema nervoso, e em especial pelo 
hipotálamo ou por outras glândulas endócrinas, criando um complexo e sensível 
mecanismo de inter-relações neuroendócrinas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Figura 2 - Localização das glândulas endócrinas 
Glândula tireoide: a glândula tireoide mantém o metabolismo dos tecidos em 
níveis ótimo para suas funções normais. O hormônio tireoidiano estimula o 
consumo de oxigênio da maioria das células do organismo, auxilia a regulação 
do metabolismo dos carboidratos e dos lipídeos e é necessário para o 
crescimento e maturação normais. A glândula não é essencial para a vida, 
porém, sua ausência acarreta menor resistência ao frio, lentidão física e mental 
e, em crianças, retardamento mental e nanismo.Por outro lado, o excesso de 
secreção tireoidiana produz desgaste corporal, nervosismo, taquicardia, 
tremores e produção excessiva de calor. A função tireoidiana é regulada pelo 
hormônio tiro-estimulante (TSH) da hipófise anterior. A secreção deste hormônio 
tireoidiano é regulada em parte, por retroativação inibitória, dependente de níveis 
altos de hormônio tireoidiano circulante sobre a hipófise e, em parte, por 
mecanismos nervosos que agem por intermédio do hipotálamo. 
Glândulas paratireoides: são quatro glândulas muito pequenas, cujo peso total 
não passa de 0,2 g. Localizam-se na face posterior da tireoide, geralmente 
dentro da cápsula que reveste os lobos dessa glândula. Algumas vezes situam-
se no interior da tireoide. Cada paratireoide é envolvida por uma cápsula de 
tecido conjuntivo. Dessa cápsula partem trabéculas para o interior da glândula, 
que são contínuas com as fibras reticulares que sustentam os grupos de células 
secretoras. Esses grupos celulares são alongados, conferindo à glândula um 
aspecto cordonal. O hormônio das paratireoides é o Paratormônio, seu papel 
fisiológico é regular o nível de íons cálcio e fosfato no plasma sanguíneo. A 
diminuição da taxa de cálcio no plasma estimula as paratireoides a liberar seu 
hormônio. Por sua vez, o paratormônio atua sobre as células do tecido ósseo, 
aumentando o número de osteoclastos promovendo a absorção da matriz óssea 
calcificada. A elevação do cálcio plasmático deprime a produção de 
paratormônio. Além de elevar o cálcio, o paratormônio reduz a taxa de íon fosfato 
no plasma. Este efeito é consequência de um aumento da perda de fosfato na 
urina. O paratormônio diminui a absorção de fosfato do filtrado glomerular pelos 
túbulos do néfron aumentando a eliminação de cálcio. 
 
 Figura 3 – Ação do PTH (Paratormônio) 
Glândulas supra-renais ou adrenais: Em número de duas, cada uma situada 
sobre o polo superior de cada rim. São achatadas e têm forma de meia-lua. O 
tamanho das adrenais varia com a idade e as condições fisiológicas do indivíduo, 
mas em geral, no adulto, as duas glândulas juntas pesam cerca de 8 g. As 
adrenais são constituídas por uma camada denominada cortical ou córtex da 
adrenal, e outra camada denominada camada medular ou medula da adrenal. 
Essas duas camadas podem ser consideradas dois órgãos distintos, 
apenas unidos topograficamente. Suas origens embrionárias são diferentes, 
provindo o córtex do epitélio celomático, e, portanto, do mesoderma, enquanto a 
medula se origina de células da crista neural, sendo, então, de origem 
neuroectodérmica. As duas camadas têm ainda morfologia e funções diferentes. 
A glândula é revestida por uma cápsula conjuntiva e seu estroma é representado 
por uma intensa trama de fibras reticulares que suporta as células. 
Medula Adrenal: As principais secreções da medula adrenal são: adrenalina 
(epinefrina) e noradrenalina (norepinefrina). Na verdade, a medula adrenal é um 
gânglio simpático no qual os neurônios pós-ganglionares perderam seus axônios 
e transformaram-se em células secretoras. Tais células secretam quando são 
estimuladas pelas fibras nervosas pré-ganglionares que atingem a glândula, 
pelos nervos esplâncnicos. 
Córtex Adrenal: As principais secreções do córtex adrenal são: cortisol 
(glicocorticóides) que são esteroides de ampla ação sobre o metabolismo dos 
carboidratos e das proteínas; aldosterona (mineralocorticóides) que são 
essenciais para a manutenção do balanço de sódio e do volume do líquido 
extracelular. A regulação principal da secreção adrenocortical é exercida pela 
hipófise por intermédio do ACTH; porém, a secreção de mineralocorticóides está 
sujeita também à outra regulação independente, por intermédio de outras 
substâncias, das quais a mais importante é a angiotensina II, que é um 
octapeptídeo formado na corrente sanguínea pela ação da renina (uma enzima 
secretada pelo rim). A angiotensina II também exerce uma função fisiológica 
muito importante que é a manutenção dos níveis normais da pressão sanguínea 
(pressão arterial). 
O sangue arterial atinge a adrenal por meio de muitos ramos pequenos 
oriundos das artérias frênicas, renal e aorta; o sangue chega até os sinusóides 
na medular oriundo do plexo capsular. A medular recebe, também, suprimento 
sanguíneo por meio de algumas arteríolas originadas diretamente da cápsula. 
Em muitas espécies, como também acontece no homem, existe uma única veia 
adrenal. O fluxo sanguíneo que banha a adrenal é grande como acontece com 
a maioria das glândulas endócrinas. 
Glândula Pineal: A glândula pineal tem um formato oval e está localizada entre 
os hemisférios cerebrais, na parte superior do tálamo. Ela secreta um hormônio 
chamado melatonina, que é sintetizado a partir da serotonina (um 
neurotransmissor). A pineal responde a estímulos luminosos do meio externo. 
A informação relacionando essas condições atinge a glândula por meio dos 
impulsos nervosos que se originam na retina dos olhos. Esses impulsos 
atingem o hipotálamo e daí são conduzidos até a medula espinhal. Na medula 
espinhal são conduzidos por meio de nervos simpáticos até o cérebro, e 
finalmente alcançam a glândula pineal. Em resposta aos estímulos luminosos a 
glândula diminui a secreção da melatonina. Assim, a quantidade de luz regula 
essa secreção, portanto o hormônio atingirá sua concentração máxima durante 
o sono. Infere-se assim que a melatonina regula o ritmo circadiano (ritmo 
dia/noite). Ela também está envolvida no controle de eventos biológicos que 
ocorrem ciclicamente, como o ciclo reprodutivo feminino (ciclo menstrual). O 
mecanismo no qual a melatonina atua ainda é pouco conhecido, porém este 
hormônio parece estar envolvido no controle do início da puberdade. A 
melatonina teria um papel inibitório sobre o hipotálamo, impedindo a produção 
de GnRH (Gonadotropin releasing hormone - hormônio liberador de 
gonadotrofina). Foi observado que a diminuição ou ausência da produção de 
melatonina implica no aumento de LH (hormônio luteinizante) e FSH (hormônio 
folículo estimulante), ambos hormônios gonadotróficos, produzidos pela 
hipófise, que determinam um quadro de puberdade precoce. Recentemente se 
tem relacionado a melatonina com o controle do desejo sexual. 
Ilhotas de Langerhans: Estas estruturas constituem a porção endócrina do 
pâncreas e apresentam-se sob a forma de aglomerados arredondados de 
células, imersos no tecido pancreático exócrino. Cada ilhota é constituída por 
uma série de cordões formados por células poligonais ou arredondadas entre 
as quais existe uma rede de capilares sanguíneos. Envolvendo a ilhota e 
separando-a do tecido pancreático restante, existe uma fina cápsula de fibras 
reticulares. Pelo menos quatro peptídeos com atividade hormonal são 
secretadas pelas Ilhotas de Langerhans do pâncreas. Dois desses hormônios, 
a insulina e o glucagon, têm importantes funções na regulação do metabolismo 
intermediário dos carboidratos, proteínas e gorduras. 
A insulina tem ação anabólica, aumentando o depósito de glicose, ácidos 
graxos e aminoácidos, e o glucagon tem ação catabólica, mobilizando a glicose, 
os ácidos graxos e os aminoácidos, dos depósitos para a corrente sanguínea. 
Portanto os dois hormônios são contrários em sua ação final, e são, em muitas 
circunstâncias, secretados de modo contrário. Quase todos os tecidos têm a 
capacidade de metabolizar a insulina, porém mais de 80% da insulina secretada 
é normalmente degradada no fígado e nos rins. O excesso de insulina causa 
hipoglicemia que produz convulsões e coma. 
A deficiência de insulina no organismo é denominado diabete. Estas 
doença promove extensas alterações bioquímicasno organismo humano, 
porém, os distúrbios fundamentais responsáveis por quase todas as demais 
alterações são: redução da entrada de glicose em diversos tecidos "periféricos"; 
aumento da liberação de glicose na circulação, proveniente do fígado (aumento 
da glicogênese hepática). 
Quadro 1- principais glândulas endócrinas, seus hormônios, tecidos alvos e suas 
principais ações. 
 
GLÂNDULA E 
HORMÔNIO 
SECRETADO 
 
TECIDO ALVO 
 
AÇÃO 
Hipotálamo - 
Liberação e inibição 
- hormônios da 
Hipófise 
 
Lobo anterior da hipófise 
 
Estimula ou inibe a 
secreção dos hormônios 
Hipotálamo (produz) e lobo 
posterior da hipófise 
estoca e libera: 
 
- oxitocina 
 
-ADH (hormônio 
antidiurético) 
Útero 
 
 
 
Glândulas mamárias 
 
 
Rins (ductos coletores) 
Estimula a contração 
 
 
Estimula a ejeção do leite 
para os ductos 
 
Estimula a reabsorção de 
água 
 
Lobo anterior da hipófise 
- Hormônio de crescimento 
(GH) 
- Prolactina 
-TSH (hormônio 
estimulante da tireoide) 
- ACTH (hormônio 
Adrenocorticotrópico) 
Geral 
 
 
Glândula mamária 
 
 
Glândula tiroide 
 
 
Córtex adrenal 
Estimula o crescimento por 
estimular a síntese de 
proteínas estimula a 
secreção do leite 
Estimula secreção de 
hormônios pelas glândulas 
tireoides; e o aumento de 
tamanho da tiroide 
estimula a secreção de 
hormônios corticais pela 
adrenal 
- Hormônios 
Gonadotrópicos 
 
*FSH (hormônio 
estimulante folicular) 
 
*LH (hormônio 
luteinizante) 
 
 
 
Gônadas 
 
 
 
Estimulam funções das 
gônadas 
GLÂNDULA TIREÓIDE 
 
* T 4 (tiroxina) 
 
* T 3 (triiodotiro-xina) 
 
- calcitonina 
Geral 
 
 
Ossos 
Estimulam a velocidade do 
organismo. 
Inibição da remoção de 
cálcio dos ossos quando o 
nível de cálcio no sangue 
diminui 
 
Sistema nervoso 
O sistema nervoso, juntamente com o sistema endócrino, capacitam o 
organismo a perceber as variações do meio (interno e externo), a difundir as 
modificações que essas variações produzem e a executar as respostas 
adequadas para que seja mantido o equilíbrio interno do corpo (homeostase). 
São os sistemas envolvidos na coordenação e regulação das funções corporais. 
No sistema nervoso diferenciam-se duas linhagens celulares: os 
neurônios e as células da glia. Os neurônios são as células responsáveis pela 
recepção e transmissão dos estímulos do meio (interno e externo), possibilitando 
ao organismo a execução de respostas adequadas para a manutenção da 
homeostase. Para exercerem tais funções, contam com duas propriedades 
fundamentais: a irritabilidade (também denominada excitabilidade ou 
responsividade) e a condutibilidade. Irritabilidade é a capacidade que permite a 
uma célula responder a estímulos, sejam eles internos ou externos. Portanto, 
irritabilidade não é uma resposta, mas a propriedade que torna a célula apta a 
responder. Essa propriedade é inerente aos vários tipos celulares do organismo. 
No entanto, as respostas emitidas pelos tipos celulares distintos também diferem 
umas das outras. A resposta emitida pelos neurônios assemelha-se a uma 
corrente elétrica transmitida ao longo de um fio condutor: uma vez excitados 
pelos estímulos, os neurônios transmitem essa onda de excitação - chamada de 
impulso nervoso - por toda a sua extensão em grande velocidade e em um curto 
espaço de tempo. Esse fenômeno deve-se à propriedade de condutibilidade. 
Para compreendermos melhor as funções de coordenação e regulação 
exercidas pelo sistema nervoso, precisamos primeiro conhecer a estrutura 
básica de um neurônio e como a mensagem nervosa é transmitida. Um neurônio 
é uma célula composta de um corpo celular (onde está o núcleo, o citoplasma e 
o citoesqueleto), e de finos prolongamentos celulares denominados neuritos, que 
podem ser subdivididos em dendritos e axônios. 
 
Os dendritos são prolongamentos geralmente muito ramificados e que 
atuam como receptores de estímulos, funcionando portanto, como "antenas" 
para o neurônio. Os axônios são prolongamentos longos que atuam como 
condutores dos impulsos nervosos. Os axônios podem se ramificar e essas 
ramificações são chamadas de colaterais. Todos os axônios têm um início (cone 
de implantação), um meio (o axônio propriamente dito) e um fim (terminal axonal 
ou botão terminal). O terminal axonal é o local onde o axônio entra em contato 
com outros neurônios e/ou outras células e passa a informação (impulso 
nervoso) para eles. A região de passagem do impulso nervoso de um neurônio 
para a célula adjacente chama-se sinapse. Às vezes os axônios têm muitas 
ramificações em suas regiões terminais e cada ramificação forma uma sinapse 
com outros dendritos ou corpos celulares. Estas ramificações são chamadas 
coletivamente de arborização terminal. 
Os corpos celulares dos neurônios são geralmente encontrados em áreas 
restritas do sistema nervoso, que formam o Sistema Nervoso Central (SNC), ou 
nos gânglios nervosos, localizados próximo da coluna vertebral. Do sistema 
nervoso central partem os prolongamentos dos neurônios, formando feixes 
chamados nervos, que constituem o Sistema Nervoso Periférico (SNP). 
O axônio está envolvido por um dos tipos celulares seguintes: célula de 
Schwann (encontrada apenas no SNP) ou oligodendrócito (encontrado apenas 
no SNC) Em muitos axônios, esses tipos celulares determinam a formação da 
bainha de mielina - invólucro principalmente lipídico (também possui como 
constituinte a chamada proteína básica da mielina) que atua como isolante 
térmico e facilita a transmissão do impulso nervoso. Em axônios mielinizados 
existem regiões de descontinuidade da bainha de mielina, que acarretam a 
existência de uma constrição (estrangulamento) denominada nódulo de Ranvier. 
No caso dos axônios mielinizados envolvidos pelas células de Schwann, a parte 
celular da bainha de mielina, onde estão o citoplasma e o núcleo desta célula, 
constitui o chamado neurilema. 
 
O impulso nervoso 
 
A membrana plasmática do neurônio transporta alguns íons ativamente, 
do líquido extracelular para o interior da fibra, e outros, do interior, de volta ao 
líquido extracelular. Assim funciona a bomba de sódio e potássio, que bombeia 
ativamente o sódio para fora, enquanto o potássio é bombeado ativamente para 
dentro. Porém esse bombeamento não é equitativo: para cada três íons sódio 
bombeados para o líquido extracelular, apenas dois íons potássio são 
bombeados para o líquido intracelular 
. 
 
Somando-se a esse fato, em repouso a membrana da célula nervosa é 
praticamente impermeável ao sódio, impedindo que esse íon se mova a favor de 
seu gradiente de concentração (de fora para dentro); porém, é muito permeável 
ao potássio, que, favorecido pelo gradiente de concentração e pela 
permeabilidade da membrana, se difunde livremente para o meio extracelular. 
Em repouso: canais de 
sódio fechados. Membrana é 
praticamente impermeável ao 
sódio, impedindo sua difusão a 
favor do gradiente de 
concentração. 
Sódio é bombeado ativamente 
para fora pela bomba de sódio e 
potássio. Como a saída de sódio não é acompanhada pela entrada de potássio 
na mesma proporção, estabelece-se uma diferença de cargas elétricas entre os 
meios intra e extracelular: há déficit de cargas positivas dentro da célula e as 
faces da membrana mantêm-se eletricamente carregadas. O potencial 
eletronegativo criado no interior da fibra nervosa devido à bomba de sódio e 
potássio é chamado potencial de repouso da membrana, ficando o exterior da 
membrana positivo e o interior negativo. Dizemos, então, que a membrana está 
polarizada. 
Ao ser estimulada, uma pequena região da membrana torna-se permeável 
aosódio (abertura dos canais de sódio). Como a concentração desse íon é maior 
fora do que dentro da célula, o sódio atravessa a membrana no sentido do interior 
da célula. A entrada de sódio é acompanhada pela pequena saída de potássio. 
Esta inversão vai sendo transmitida ao longo do axônio, e todo esse processo é 
denominado onda de despolarização. Os impulsos nervosos ou potenciais de 
ação são causados pela despolarização da membrana além de um limiar (nível 
crítico de despolarização que deve ser alcançado para disparar o potencial de 
ação). Os potenciais de ação assemelham-se em tamanho e duração e não 
diminuem à medida em que são conduzidos ao longo do axônio, ou seja, são de 
tamanho e duração fixos. A aplicação de uma despolarização crescente a um 
neurônio não tem qualquer efeito até que se cruze o limiar e, então, surja o 
potencial de ação. Por esta razão, diz-se que os potenciais de ação obedecem 
à "lei do tudo ou nada". 
Imediatamente após a onda de despolarização ter-se propagado ao longo 
da fibra nervosa, o interior da fibra torna-se carregado positivamente, porque um 
grande número de íons sódio se difundiu para o interior. Essa positividade 
determina a parada do fluxo de íons sódio para o interior da fibra, fazendo com 
que a membrana se torne novamente impermeável a esses íons. Por outro lado, 
a membrana torna-se ainda mais permeável ao potássio, que migra para o meio 
interno. Devido à alta concentração desse íon no interior, muitos íons se 
difundem, então, para o lado de fora. Isso cria novamente eletronegatividade no 
interior da membrana e positividade no exterior – processo chamado 
repolarização, pelo qual se reestabelece a polaridade normal da membrana. A 
repolarização normalmente se inicia no mesmo ponto onde se originou a 
despolarização, propagando-se ao longo da fibra. Após a repolarização, a 
bomba de sódio bombeia novamente os íons sódio para o exterior da membrana, 
criando um déficit extra de cargas positivas no interior da membrana, que se 
torna temporariamente mais negativo do que o normal. A eletronegatividade 
excessiva no interior atrai íons potássio de volta para o interior (por difusão e por 
transporte ativo). Assim, o processo traz as diferenças iônicas de volta aos seus 
níveis originais. 
 
 
Para transferir informação de um ponto para outro no sistema nervoso, é 
necessário que o potencial de ação, uma vez gerado, seja conduzido ao longo 
do axônio. Um potencial de ação iniciado em uma extremidade de um axônio 
apenas se propaga em uma direção, não retornando pelo caminho já percorrido. 
Consequentemente, os potenciais de ação são unidirecionais - ao que 
chamamos condução ortodrômica. Uma vez que a membrana axonal é excitável 
ao longo de toda sua extensão, o potencial de ação se propagará sem 
decaimento. A velocidade com a qual o potencial de ação se propaga ao longo 
do axônio depende de quão longe a despolarização é projetada à frente do 
potencial de ação, o que, por sua vez, depende de certas características físicas 
do axônio: a velocidade de condução do potencial de ação aumenta com o 
diâmetro axonal. Axônios com menor diâmetro necessitam de uma maior 
despolarização para alcançar o limiar do potencial de ação. Nesses de axônios, 
presença de bainha de mielina acelera a velocidade da condução do impulso 
nervoso. Nas regiões dos nódulos de Ranvier, a onda de despolarização "salta" 
diretamente de um nódulo para outro, não acontecendo em toda a extensão da 
região mielinizada (a mielina é isolante). Fala-se em condução saltatória e com 
isso há um considerável aumento da velocidade do impulso nervoso. 
O percurso do impulso nervoso no neurônio é sempre no sentido dendrito 
e corpo celular e axônio. 
 
Curiosidade 
Um corpo em homeostase tem uma grande capacidade de se regenerar. 
Pois um organismo em equilíbrio garante boa saúde. Dois fatores, entre vários 
outros, que interferem nesse equilíbrio são: comportamento e ambiente. A 
genética também, porém, pode ser influenciada pelos fatores já citados. 
Levar um estilo de vida que contribua com a saúde, evitando uso de 
substâncias nocivas ao organismo (ex.: álcool, cigarro, drogas), cultivando bons 
hábitos alimentares, atividade física e até a sua forma de enxergar a vida, pode 
contribuir muito para uma ótima saúde e bem-estar.

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