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Homeostasia O corpo humano é composto de vários sistemas e órgãos, cada um constituído de milhões de células. Estas células necessitam de condições relativamente estáveis para funcionar efetivamente e contribuir para a sobrevivência do corpo como um todo. A manutenção de condições estáveis para suas células é uma função essencial do corpo humano, a qual os fisiologistas chamam de homeostase. A homeostase (homeo = igual; stasis = ficar parado) é uma condição na qual o meio interno do corpo permanece dentro de certos limites fisiológicos. O meio interno refere-se ao fluido entre as células, chamado de líquido intersticial (intercelular). Um organismo é dito em homeostase quando seu meio interno contém a concentração apropriada de substâncias químicas, mantém a temperatura e a pressão adequadas. Quando a homeostase é perturbada, pode resultar em doenças. Se os fluidos corporais não forem trazidos de volta à homeostase, pode ocorrer a morte. Homeostase térmica O controle da temperatura do corpo humano é denominado homeostase térmica. A homeostase térmica consiste em manter a temperatura do corpo constante. Muitos mecanismos fisiológicos e bioquímicos dependem da temperatura corporal como, por exemplo, a frequência cardíaca, frequência respiratória, o metabolismo celular, o processo de digestão, etc. Para manter a temperatura ideal denominada, termo neutralidade, o corpo humano utiliza-se de vários mecanismos fisiológicos e comportamentais. Em épocas de frio as pessoas procuram se aconchegar usando roupas quentes e até aumentarem a quantidade de atividades físicas. Esses exemplos de reações são chamados mecanismos comportamentais. Em exposição ao frio o corpo precisa de mais energia para manter o calor interno, assim o indivíduo sente mais fome, ocorrem tremedeiras, há um gasto maior de gordura. Homeostase Hídrica O corpo humano é constituído de aproximadamente 60% de água, que estão distribuídas de forma intracelular (dentro das células) e extracelular, encontradas nas secreções, plasma, linfa e líquido espinhal. Formada por 2 átomos de hidrogênio e uma de oxigênio (H2O), a água é a principal fonte de vida do corpo humano. Em condições de temperatura normal, um adulto necessita ingerir cerca de 2 litros de água por dia. A principal fonte de água vem dos líquidos, porém existem outras formas de extraí-las. Os alimentos principalmente frutas e hortaliças possuem quantidades de água significativas para o organismo. A água é expelida do organismo através da urina, pela pele (suor) e pelas fezes, em menor quantidade. Um indivíduo por dia expele cerca de 500 a 700 ml de água sob a forma de suor em condições normais. Em casos de atividades físicas e expostos ao calor, o indivíduo perde cerca de 2 a 3 litros de água por hora de exercício. Nesse caso a homeostase requer maiores trabalhos para manter o equilíbrio hídrico. Quando há uma perda rápida e intensa de água no corpo, gerando uma desidratação, podem ocorrer consequências trágicas em várias partes do corpo. A falta de apenas 2% de água pode ocasionar perda momentânea de memória. Isso mostra a importância da homeostase para manter um balanço preciso dos líquidos corporais, equilibrando a ingestão e liberação da água do corpo. Esse equilíbrio hídrico é mantido pelos rins Controle do meio ambiente interno O corpo apresenta muitos mecanismos de regulação (homeostática) que podem trazer o meio interno de volta ao equilíbrio. Cada estrutura corporal, do nível celular ao sistêmico, tenta manter o meio interno dentro dos limites fisiológicos normais. Os mecanismos homeostáticos do corpo estão sob o controle dos sistemas nervoso e endócrino. O sistema nervoso regula a homeostase pela detecção dos desequilíbrios do corpo, e pelo envio de mensagens (impulsos nervosos) aos órgãos apropriados para combater o estresse. O sistema endócrino é um grupo de glândulas que secretam mensageiros químicos, chamados de hormônios, na corrente sanguínea. Sistema endócrino As sustâncias secretadas são hormônios (hormao = excitar) que atuam em tecidos alvos ligando-se a receptores específicos. As glândulas que os secretam são chamadas glândulas endócrinas e seus produtos de secreção são veiculados pela corrente circulatória. Assim as glândulas endócrinas, através da secreção de seus hormônios, são responsáveis pelo crescimento, funcionamento e regulação de vários órgãos, incluindo a maioria das características morfológicas masculinas e femininas, atuando inclusive no comportamento dos indivíduos. Assim dizemos que os hormônios são os responsáveis pela manutenção da homeostase, isto é do equilíbrio e perfeito funcionamento do organismo animal. A atividade do sistema endócrino é regulada por mecanismo de "feedback” ou retro controle. O "feedback" é denominado "feedback negativo" quando a concentração do hormônio secretado por uma glândula atinge uma concentração acima do necessário ocorrendo interrupção da secreção deste hormônio e a consequente interrupção deste circuito de ação. O "feedback" é denominado "feedback positivo" quando a concentração de um hormônio é baixa e há necessidade de a glândula secretá-lo para que uma determinada atividade fisiológica possa ser desenvolvida. A ação hormonal ocorre devido à presença das moléculas receptoras (receptores) sempre "ancoradas" na membrana das células dos tecidos alvos. Os hormônios, em geral, quando se ligam aos seus receptores induzem modificações na estrutura molecular dos mesmos. Estas modificações permitem a interação do receptor com outros "mensageiros" localizados no interior da célula que desencadeiam as reações moleculares intracelulares para que a célula alvo exerça sua função. Muitas dessas interações intracelulares são mediadas pelos nucleotídeos cíclicos (AMP, GMP, ATP, etc.), que por isso também são denominados de "segundo mensageiro", ou seja, são os elos de conexão entre os receptores e outras moléculas que precisam ser "ativadas" intracelularmente. Figura 1 – (a) O hormônio esteroide passa através da membrana celular e (b) combina com a proteína receptora no núcleo. (c) O complexo proteína-esteroide ativa a síntese do RNA mensageiro. (d) O RNA Mensageiro deixa o núcleo para (e) sua função na produção de moléculas de proteínas. Figura 1.b – Ação hormonal devido à presença de moléculas receptoras Em mamíferos o sistema nervoso e o sistema endócrino são interligados pelo hipotálamo, que regula a atividade da hipófise. Principais glândulas endócrinas humana: O sistema endócrino é constituído por: Hipotálamo Hipófise ou glândula pituitária Glândula tireoide Glândulas paratireoides Glândulas supra-renais ou adrenais Glândula pineal Ilhotas de Langherans (pâncreas endócrino) Gônadas (gone = semente) (glândulas sexuais) As glândulas endócrinas são reguladas pelo sistema nervoso, e em especial pelo hipotálamo ou por outras glândulas endócrinas, criando um complexo e sensível mecanismo de inter-relações neuroendócrinas. Figura 2 - Localização das glândulas endócrinas Glândula tireoide: a glândula tireoide mantém o metabolismo dos tecidos em níveis ótimo para suas funções normais. O hormônio tireoidiano estimula o consumo de oxigênio da maioria das células do organismo, auxilia a regulação do metabolismo dos carboidratos e dos lipídeos e é necessário para o crescimento e maturação normais. A glândula não é essencial para a vida, porém, sua ausência acarreta menor resistência ao frio, lentidão física e mental e, em crianças, retardamento mental e nanismo.Por outro lado, o excesso de secreção tireoidiana produz desgaste corporal, nervosismo, taquicardia, tremores e produção excessiva de calor. A função tireoidiana é regulada pelo hormônio tiro-estimulante (TSH) da hipófise anterior. A secreção deste hormônio tireoidiano é regulada em parte, por retroativação inibitória, dependente de níveis altos de hormônio tireoidiano circulante sobre a hipófise e, em parte, por mecanismos nervosos que agem por intermédio do hipotálamo. Glândulas paratireoides: são quatro glândulas muito pequenas, cujo peso total não passa de 0,2 g. Localizam-se na face posterior da tireoide, geralmente dentro da cápsula que reveste os lobos dessa glândula. Algumas vezes situam- se no interior da tireoide. Cada paratireoide é envolvida por uma cápsula de tecido conjuntivo. Dessa cápsula partem trabéculas para o interior da glândula, que são contínuas com as fibras reticulares que sustentam os grupos de células secretoras. Esses grupos celulares são alongados, conferindo à glândula um aspecto cordonal. O hormônio das paratireoides é o Paratormônio, seu papel fisiológico é regular o nível de íons cálcio e fosfato no plasma sanguíneo. A diminuição da taxa de cálcio no plasma estimula as paratireoides a liberar seu hormônio. Por sua vez, o paratormônio atua sobre as células do tecido ósseo, aumentando o número de osteoclastos promovendo a absorção da matriz óssea calcificada. A elevação do cálcio plasmático deprime a produção de paratormônio. Além de elevar o cálcio, o paratormônio reduz a taxa de íon fosfato no plasma. Este efeito é consequência de um aumento da perda de fosfato na urina. O paratormônio diminui a absorção de fosfato do filtrado glomerular pelos túbulos do néfron aumentando a eliminação de cálcio. Figura 3 – Ação do PTH (Paratormônio) Glândulas supra-renais ou adrenais: Em número de duas, cada uma situada sobre o polo superior de cada rim. São achatadas e têm forma de meia-lua. O tamanho das adrenais varia com a idade e as condições fisiológicas do indivíduo, mas em geral, no adulto, as duas glândulas juntas pesam cerca de 8 g. As adrenais são constituídas por uma camada denominada cortical ou córtex da adrenal, e outra camada denominada camada medular ou medula da adrenal. Essas duas camadas podem ser consideradas dois órgãos distintos, apenas unidos topograficamente. Suas origens embrionárias são diferentes, provindo o córtex do epitélio celomático, e, portanto, do mesoderma, enquanto a medula se origina de células da crista neural, sendo, então, de origem neuroectodérmica. As duas camadas têm ainda morfologia e funções diferentes. A glândula é revestida por uma cápsula conjuntiva e seu estroma é representado por uma intensa trama de fibras reticulares que suporta as células. Medula Adrenal: As principais secreções da medula adrenal são: adrenalina (epinefrina) e noradrenalina (norepinefrina). Na verdade, a medula adrenal é um gânglio simpático no qual os neurônios pós-ganglionares perderam seus axônios e transformaram-se em células secretoras. Tais células secretam quando são estimuladas pelas fibras nervosas pré-ganglionares que atingem a glândula, pelos nervos esplâncnicos. Córtex Adrenal: As principais secreções do córtex adrenal são: cortisol (glicocorticóides) que são esteroides de ampla ação sobre o metabolismo dos carboidratos e das proteínas; aldosterona (mineralocorticóides) que são essenciais para a manutenção do balanço de sódio e do volume do líquido extracelular. A regulação principal da secreção adrenocortical é exercida pela hipófise por intermédio do ACTH; porém, a secreção de mineralocorticóides está sujeita também à outra regulação independente, por intermédio de outras substâncias, das quais a mais importante é a angiotensina II, que é um octapeptídeo formado na corrente sanguínea pela ação da renina (uma enzima secretada pelo rim). A angiotensina II também exerce uma função fisiológica muito importante que é a manutenção dos níveis normais da pressão sanguínea (pressão arterial). O sangue arterial atinge a adrenal por meio de muitos ramos pequenos oriundos das artérias frênicas, renal e aorta; o sangue chega até os sinusóides na medular oriundo do plexo capsular. A medular recebe, também, suprimento sanguíneo por meio de algumas arteríolas originadas diretamente da cápsula. Em muitas espécies, como também acontece no homem, existe uma única veia adrenal. O fluxo sanguíneo que banha a adrenal é grande como acontece com a maioria das glândulas endócrinas. Glândula Pineal: A glândula pineal tem um formato oval e está localizada entre os hemisférios cerebrais, na parte superior do tálamo. Ela secreta um hormônio chamado melatonina, que é sintetizado a partir da serotonina (um neurotransmissor). A pineal responde a estímulos luminosos do meio externo. A informação relacionando essas condições atinge a glândula por meio dos impulsos nervosos que se originam na retina dos olhos. Esses impulsos atingem o hipotálamo e daí são conduzidos até a medula espinhal. Na medula espinhal são conduzidos por meio de nervos simpáticos até o cérebro, e finalmente alcançam a glândula pineal. Em resposta aos estímulos luminosos a glândula diminui a secreção da melatonina. Assim, a quantidade de luz regula essa secreção, portanto o hormônio atingirá sua concentração máxima durante o sono. Infere-se assim que a melatonina regula o ritmo circadiano (ritmo dia/noite). Ela também está envolvida no controle de eventos biológicos que ocorrem ciclicamente, como o ciclo reprodutivo feminino (ciclo menstrual). O mecanismo no qual a melatonina atua ainda é pouco conhecido, porém este hormônio parece estar envolvido no controle do início da puberdade. A melatonina teria um papel inibitório sobre o hipotálamo, impedindo a produção de GnRH (Gonadotropin releasing hormone - hormônio liberador de gonadotrofina). Foi observado que a diminuição ou ausência da produção de melatonina implica no aumento de LH (hormônio luteinizante) e FSH (hormônio folículo estimulante), ambos hormônios gonadotróficos, produzidos pela hipófise, que determinam um quadro de puberdade precoce. Recentemente se tem relacionado a melatonina com o controle do desejo sexual. Ilhotas de Langerhans: Estas estruturas constituem a porção endócrina do pâncreas e apresentam-se sob a forma de aglomerados arredondados de células, imersos no tecido pancreático exócrino. Cada ilhota é constituída por uma série de cordões formados por células poligonais ou arredondadas entre as quais existe uma rede de capilares sanguíneos. Envolvendo a ilhota e separando-a do tecido pancreático restante, existe uma fina cápsula de fibras reticulares. Pelo menos quatro peptídeos com atividade hormonal são secretadas pelas Ilhotas de Langerhans do pâncreas. Dois desses hormônios, a insulina e o glucagon, têm importantes funções na regulação do metabolismo intermediário dos carboidratos, proteínas e gorduras. A insulina tem ação anabólica, aumentando o depósito de glicose, ácidos graxos e aminoácidos, e o glucagon tem ação catabólica, mobilizando a glicose, os ácidos graxos e os aminoácidos, dos depósitos para a corrente sanguínea. Portanto os dois hormônios são contrários em sua ação final, e são, em muitas circunstâncias, secretados de modo contrário. Quase todos os tecidos têm a capacidade de metabolizar a insulina, porém mais de 80% da insulina secretada é normalmente degradada no fígado e nos rins. O excesso de insulina causa hipoglicemia que produz convulsões e coma. A deficiência de insulina no organismo é denominado diabete. Estas doença promove extensas alterações bioquímicasno organismo humano, porém, os distúrbios fundamentais responsáveis por quase todas as demais alterações são: redução da entrada de glicose em diversos tecidos "periféricos"; aumento da liberação de glicose na circulação, proveniente do fígado (aumento da glicogênese hepática). Quadro 1- principais glândulas endócrinas, seus hormônios, tecidos alvos e suas principais ações. GLÂNDULA E HORMÔNIO SECRETADO TECIDO ALVO AÇÃO Hipotálamo - Liberação e inibição - hormônios da Hipófise Lobo anterior da hipófise Estimula ou inibe a secreção dos hormônios Hipotálamo (produz) e lobo posterior da hipófise estoca e libera: - oxitocina -ADH (hormônio antidiurético) Útero Glândulas mamárias Rins (ductos coletores) Estimula a contração Estimula a ejeção do leite para os ductos Estimula a reabsorção de água Lobo anterior da hipófise - Hormônio de crescimento (GH) - Prolactina -TSH (hormônio estimulante da tireoide) - ACTH (hormônio Adrenocorticotrópico) Geral Glândula mamária Glândula tiroide Córtex adrenal Estimula o crescimento por estimular a síntese de proteínas estimula a secreção do leite Estimula secreção de hormônios pelas glândulas tireoides; e o aumento de tamanho da tiroide estimula a secreção de hormônios corticais pela adrenal - Hormônios Gonadotrópicos *FSH (hormônio estimulante folicular) *LH (hormônio luteinizante) Gônadas Estimulam funções das gônadas GLÂNDULA TIREÓIDE * T 4 (tiroxina) * T 3 (triiodotiro-xina) - calcitonina Geral Ossos Estimulam a velocidade do organismo. Inibição da remoção de cálcio dos ossos quando o nível de cálcio no sangue diminui Sistema nervoso O sistema nervoso, juntamente com o sistema endócrino, capacitam o organismo a perceber as variações do meio (interno e externo), a difundir as modificações que essas variações produzem e a executar as respostas adequadas para que seja mantido o equilíbrio interno do corpo (homeostase). São os sistemas envolvidos na coordenação e regulação das funções corporais. No sistema nervoso diferenciam-se duas linhagens celulares: os neurônios e as células da glia. Os neurônios são as células responsáveis pela recepção e transmissão dos estímulos do meio (interno e externo), possibilitando ao organismo a execução de respostas adequadas para a manutenção da homeostase. Para exercerem tais funções, contam com duas propriedades fundamentais: a irritabilidade (também denominada excitabilidade ou responsividade) e a condutibilidade. Irritabilidade é a capacidade que permite a uma célula responder a estímulos, sejam eles internos ou externos. Portanto, irritabilidade não é uma resposta, mas a propriedade que torna a célula apta a responder. Essa propriedade é inerente aos vários tipos celulares do organismo. No entanto, as respostas emitidas pelos tipos celulares distintos também diferem umas das outras. A resposta emitida pelos neurônios assemelha-se a uma corrente elétrica transmitida ao longo de um fio condutor: uma vez excitados pelos estímulos, os neurônios transmitem essa onda de excitação - chamada de impulso nervoso - por toda a sua extensão em grande velocidade e em um curto espaço de tempo. Esse fenômeno deve-se à propriedade de condutibilidade. Para compreendermos melhor as funções de coordenação e regulação exercidas pelo sistema nervoso, precisamos primeiro conhecer a estrutura básica de um neurônio e como a mensagem nervosa é transmitida. Um neurônio é uma célula composta de um corpo celular (onde está o núcleo, o citoplasma e o citoesqueleto), e de finos prolongamentos celulares denominados neuritos, que podem ser subdivididos em dendritos e axônios. Os dendritos são prolongamentos geralmente muito ramificados e que atuam como receptores de estímulos, funcionando portanto, como "antenas" para o neurônio. Os axônios são prolongamentos longos que atuam como condutores dos impulsos nervosos. Os axônios podem se ramificar e essas ramificações são chamadas de colaterais. Todos os axônios têm um início (cone de implantação), um meio (o axônio propriamente dito) e um fim (terminal axonal ou botão terminal). O terminal axonal é o local onde o axônio entra em contato com outros neurônios e/ou outras células e passa a informação (impulso nervoso) para eles. A região de passagem do impulso nervoso de um neurônio para a célula adjacente chama-se sinapse. Às vezes os axônios têm muitas ramificações em suas regiões terminais e cada ramificação forma uma sinapse com outros dendritos ou corpos celulares. Estas ramificações são chamadas coletivamente de arborização terminal. Os corpos celulares dos neurônios são geralmente encontrados em áreas restritas do sistema nervoso, que formam o Sistema Nervoso Central (SNC), ou nos gânglios nervosos, localizados próximo da coluna vertebral. Do sistema nervoso central partem os prolongamentos dos neurônios, formando feixes chamados nervos, que constituem o Sistema Nervoso Periférico (SNP). O axônio está envolvido por um dos tipos celulares seguintes: célula de Schwann (encontrada apenas no SNP) ou oligodendrócito (encontrado apenas no SNC) Em muitos axônios, esses tipos celulares determinam a formação da bainha de mielina - invólucro principalmente lipídico (também possui como constituinte a chamada proteína básica da mielina) que atua como isolante térmico e facilita a transmissão do impulso nervoso. Em axônios mielinizados existem regiões de descontinuidade da bainha de mielina, que acarretam a existência de uma constrição (estrangulamento) denominada nódulo de Ranvier. No caso dos axônios mielinizados envolvidos pelas células de Schwann, a parte celular da bainha de mielina, onde estão o citoplasma e o núcleo desta célula, constitui o chamado neurilema. O impulso nervoso A membrana plasmática do neurônio transporta alguns íons ativamente, do líquido extracelular para o interior da fibra, e outros, do interior, de volta ao líquido extracelular. Assim funciona a bomba de sódio e potássio, que bombeia ativamente o sódio para fora, enquanto o potássio é bombeado ativamente para dentro. Porém esse bombeamento não é equitativo: para cada três íons sódio bombeados para o líquido extracelular, apenas dois íons potássio são bombeados para o líquido intracelular . Somando-se a esse fato, em repouso a membrana da célula nervosa é praticamente impermeável ao sódio, impedindo que esse íon se mova a favor de seu gradiente de concentração (de fora para dentro); porém, é muito permeável ao potássio, que, favorecido pelo gradiente de concentração e pela permeabilidade da membrana, se difunde livremente para o meio extracelular. Em repouso: canais de sódio fechados. Membrana é praticamente impermeável ao sódio, impedindo sua difusão a favor do gradiente de concentração. Sódio é bombeado ativamente para fora pela bomba de sódio e potássio. Como a saída de sódio não é acompanhada pela entrada de potássio na mesma proporção, estabelece-se uma diferença de cargas elétricas entre os meios intra e extracelular: há déficit de cargas positivas dentro da célula e as faces da membrana mantêm-se eletricamente carregadas. O potencial eletronegativo criado no interior da fibra nervosa devido à bomba de sódio e potássio é chamado potencial de repouso da membrana, ficando o exterior da membrana positivo e o interior negativo. Dizemos, então, que a membrana está polarizada. Ao ser estimulada, uma pequena região da membrana torna-se permeável aosódio (abertura dos canais de sódio). Como a concentração desse íon é maior fora do que dentro da célula, o sódio atravessa a membrana no sentido do interior da célula. A entrada de sódio é acompanhada pela pequena saída de potássio. Esta inversão vai sendo transmitida ao longo do axônio, e todo esse processo é denominado onda de despolarização. Os impulsos nervosos ou potenciais de ação são causados pela despolarização da membrana além de um limiar (nível crítico de despolarização que deve ser alcançado para disparar o potencial de ação). Os potenciais de ação assemelham-se em tamanho e duração e não diminuem à medida em que são conduzidos ao longo do axônio, ou seja, são de tamanho e duração fixos. A aplicação de uma despolarização crescente a um neurônio não tem qualquer efeito até que se cruze o limiar e, então, surja o potencial de ação. Por esta razão, diz-se que os potenciais de ação obedecem à "lei do tudo ou nada". Imediatamente após a onda de despolarização ter-se propagado ao longo da fibra nervosa, o interior da fibra torna-se carregado positivamente, porque um grande número de íons sódio se difundiu para o interior. Essa positividade determina a parada do fluxo de íons sódio para o interior da fibra, fazendo com que a membrana se torne novamente impermeável a esses íons. Por outro lado, a membrana torna-se ainda mais permeável ao potássio, que migra para o meio interno. Devido à alta concentração desse íon no interior, muitos íons se difundem, então, para o lado de fora. Isso cria novamente eletronegatividade no interior da membrana e positividade no exterior – processo chamado repolarização, pelo qual se reestabelece a polaridade normal da membrana. A repolarização normalmente se inicia no mesmo ponto onde se originou a despolarização, propagando-se ao longo da fibra. Após a repolarização, a bomba de sódio bombeia novamente os íons sódio para o exterior da membrana, criando um déficit extra de cargas positivas no interior da membrana, que se torna temporariamente mais negativo do que o normal. A eletronegatividade excessiva no interior atrai íons potássio de volta para o interior (por difusão e por transporte ativo). Assim, o processo traz as diferenças iônicas de volta aos seus níveis originais. Para transferir informação de um ponto para outro no sistema nervoso, é necessário que o potencial de ação, uma vez gerado, seja conduzido ao longo do axônio. Um potencial de ação iniciado em uma extremidade de um axônio apenas se propaga em uma direção, não retornando pelo caminho já percorrido. Consequentemente, os potenciais de ação são unidirecionais - ao que chamamos condução ortodrômica. Uma vez que a membrana axonal é excitável ao longo de toda sua extensão, o potencial de ação se propagará sem decaimento. A velocidade com a qual o potencial de ação se propaga ao longo do axônio depende de quão longe a despolarização é projetada à frente do potencial de ação, o que, por sua vez, depende de certas características físicas do axônio: a velocidade de condução do potencial de ação aumenta com o diâmetro axonal. Axônios com menor diâmetro necessitam de uma maior despolarização para alcançar o limiar do potencial de ação. Nesses de axônios, presença de bainha de mielina acelera a velocidade da condução do impulso nervoso. Nas regiões dos nódulos de Ranvier, a onda de despolarização "salta" diretamente de um nódulo para outro, não acontecendo em toda a extensão da região mielinizada (a mielina é isolante). Fala-se em condução saltatória e com isso há um considerável aumento da velocidade do impulso nervoso. O percurso do impulso nervoso no neurônio é sempre no sentido dendrito e corpo celular e axônio. Curiosidade Um corpo em homeostase tem uma grande capacidade de se regenerar. Pois um organismo em equilíbrio garante boa saúde. Dois fatores, entre vários outros, que interferem nesse equilíbrio são: comportamento e ambiente. A genética também, porém, pode ser influenciada pelos fatores já citados. Levar um estilo de vida que contribua com a saúde, evitando uso de substâncias nocivas ao organismo (ex.: álcool, cigarro, drogas), cultivando bons hábitos alimentares, atividade física e até a sua forma de enxergar a vida, pode contribuir muito para uma ótima saúde e bem-estar.
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