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conceitos_requalificacao_e_demografia_de_sitios_historicos

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Brasília-DF. 
ConCeitos, RequalifiCação e 
DemogRafia De sítios HistóRiCos
Elaboração
Jackson Moreira Souza
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
Sumário
APRESENTAÇÃO ................................................................................................................................. 5
ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA .................................................................... 6
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 8
UNIDADE I
SÍTIOS HISTÓRICOS ................................................................................................................................ 9
CAPÍTULO 1
CONCEITO .............................................................................................................................. 9
CAPÍTULO 2
IDENTIFICAÇÃO DE TESTEMUNHOS HISTÓRICOS ...................................................................... 14
CAPÍTULO 3
CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS DO ESPAÇO URBANO ..................................................... 18
UNIDADE II
REABILITAÇÃO E REQUALIFICAÇÃO ...................................................................................................... 22
CAPÍTULO 1
REABILITAÇÃO URBANA: GESTÃO, REQUALIFICAÇÃO DOS ESPAÇOS URBANOS, 
RECUPERAÇÃO DOS EDIFÍCIOS .............................................................................................. 22
CAPÍTULO 2
RESTROIT OU RENOVAÇÃO ..................................................................................................... 29
CAPÍTULO 3
PLANEJAMENTO DA REQUALIFICAÇÃO ................................................................................... 34
UNIDADE III
PROJETO ............................................................................................................................................. 40
CAPÍTULO 1
CONCEITO FORMA, VOLUMETRIA, TRAÇADO, PARCELAMENTO E RELAÇÕES MORFOLÓGICAS 
ENTRE OS ESPAÇOS CONSTRUÍDOS, ABERTOS E VERDES .......................................................... 40
CAPÍTULO 2
INSERÇÃO DE NOVAS EDIFICAÇÕES EM SÍTIOS HISTÓRICOS – IDENTIFICAÇÃO DO TRAÇADO E 
PARCELAMENTO, INTERVENÇÃO EM RUÍNAS E O PREENCHIMENTO DOS VAZIOS DO 
CONJUNTO ............................................................................................................................ 48
CAPÍTULO 3
PROTEÇÃO DO ENTORNO – REFERÊNCIAS INTERNACIONAIS SOBRE O CONCEITO, 
A EXPERIÊNCIA BRASILEIRA ..................................................................................................... 58
CAPÍTULO 4
TURISMO, SUSTENTABILIDADE E MONITORAMENTO-POTENCIALIDADES E 
VOCAÇÕES ADQUIRIDAS ....................................................................................................... 62
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................. 89
5
Apresentação
Caro aluno
A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se 
entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. 
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela 
interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da 
Educação a Distância – EaD.
Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade 
dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos 
específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém 
ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a 
evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.
Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo 
a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na 
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.
Conselho Editorial
6
Organização do Caderno 
de Estudos e Pesquisa
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em 
capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos 
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar 
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para 
aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares.
A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos 
Cadernos de Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes 
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor 
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita 
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante 
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As 
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Sugestão de estudo complementar
Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, 
discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.
Atenção
Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a 
síntese/conclusão do assunto abordado.
7
Saiba mais
Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões 
sobre o assunto abordado.
Sintetizando
Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o 
entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.
Para (não) finalizar
Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem 
ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.
8
Introdução
Este material didático consiste em trazer uma abordagem a respeito dos conceitos 
de Sítios Históricos, e compreender como ocorre a formação do espaço urbano.
Para tanto, faz importante o conhecimento dos Sítios Históricos, sendo estes uma 
área histórica de um país, ou ainda um sítio histórico nacional, dessa forma sua 
definição está atrelada a sua importância para a história de sua nação.
Contudo, é conveniente destacar também a importância do estudo dos 
testemunhos históricos e as características do espaço urbanizado, não obstante 
será analisado o processo de reabilitação e requalificação de uma cidade, 
permitindo fazer a análise de como esses procedimentos podem impactar 
na área urbana, e a importância de se ter um planejamento adequado e bem 
estruturado.
E, por fim, serão apresentadas as etapas de elaboração para a realização de um 
projeto urbano envolvendo novas edificações em áreas de sítios históricos, 
ressaltando a sua importância nacional, a fim de ter consciência e entender 
os conceitos da morfologia urbana, referida como uma configuração, obtida 
da junção de diversos elementos que formam as áreas ocupadas, ou livres, 
com vegetação, ou então, pavimentação, com volumetrias, materiais e cores 
variadas.
Objetivos
 » Compreender os conceitos e o processo morfológico do espaço 
urbano.
 » Conceituar e analisar como se dá a reabilitação urbana.
 » Identificar a inserção de novas edificações em sítios históricos e os 
seus impactos no entorno. 
9
UNIDADE ISÍTIOS HISTÓRICOS
CAPÍTULO 1
Conceito
Pode-se compreender os sítios históricos, como uma área histórica de um país, ou 
ainda, um sítio histórico nacional, dessa forma sua definição está atrelada à sua 
importância para a história de sua nação. As definições são um aviso de que o que 
aconteceu historicamente em um determinado local é valioso para a memória das 
pessoas, de todo um povo, e esses ambientes são muitas vezes conservados pelas 
autoridades nacionais, o que merece ser lembrado e comemorado.
Vale explanar que isso acontece desde os tempos remotos, em que as cidades 
sãotidas como o produto das civilizações, ocorrendo em um processo 
intermitente e atemporal. É percebido, as cidades, desde a formação das 
pequenas civilizações urbanas da antiguidade comparada às grandes cidades 
na atualidade, as quais polarizam as mais importantes funções, desde as 
sociais como as patrimoniais e cívicas, formando um legado das civilizações 
antepassadas, sendo assim, um meio transitório por excelência. As funções 
sociais, econômicas, cívicas, habitacionais e patrimoniais formam um 
conjunto de atividades que são o motor propulsor da vida urbana, as quais 
têm o centro gravitacional nos centros históricos.
De acordo com Teresa Barata Salgueiro (2005, p. 259), os centros históricos 
além de serem “as partes mais antigas da cidade”, são formados de uma 
“sucessão de testemunhos de várias épocas, monumento que nos traz vivo 
tempos outrora, nos dando a dimensão temporal com a sequência dos fatos 
que estruturam as identidades”.
Todavia, é inegável dizer que o centro histórico de uma cidade é por definição 
um lugar que corresponde a uma área central comparada às demais áreas 
construídas, o que se percebe por seu poderio de atrair os habitantes e também 
turistas, sendo dessa maneira, um polarizador da vida econômica e social. 
10
UNIDADE I │ SÍTIOS HISTÓRICOS
De fato, considera-se que em uma cidade, independentemente de seu tamanho, 
existe sempre um espaço mais sensível e que melhor representará o próprio valor 
dessa cidade, com isso, se permite ressaltar que um centro histórico, é uma área 
em que acontecem as funções que se sobrepõem, e acima disso é o lugar que há 
o movimento das atividades observadas como essenciais, e que se situam em um 
nível hierárquico elevado, além disso, é um lugar de importância simbólica, que 
abarca a história afetiva da coletividade.
Os simbolismos desses ambientes históricos podem ser justificados através dos 
sinais de identificações dos lugares e referências da imaginação da coletividade, 
mas também pelo aglomerado dos bens culturais que constituem uma cidade.
Nesse ínterim, o sítio arqueológico, também chamado de local arqueológico, 
ou de estação arqueológica, é um espaço ou aglomerado de locais, cujas zonas 
e demarcações nem sempre se podem definir com exatidão, que ficaram 
conservados os testemunhos, e as evidências das atividades ocorridas no 
passado histórico, seja, esse pré-histórico ou não. 
Destaca-se aqui a expressão ‘sítio arqueológico’ ao local onde estão ou estiveram 
conservados os artigos, construções ou outras evidências que aconteceram as 
atividades exercidas pelos homens, ocorridos num passado não muito longínquo, 
ou até mesmo distante, por ora remoto. Os sítios arqueológicos mais conhecidos 
se referem, por exemplo, a cidades, templos, cemitérios e túmulos antigos 
soterrados em diversas partes do planeta. Exemplifica-se no Brasil, com os locais 
protegidos por lei, sendo crime destruí-los.
Para expandir o conceito abordado, pode-se ver facilmente recordações relativas 
à importância do centro das cidades, tido como uma área que centraliza a 
história. Com marca de efeito, o que se nota nessas regiões é uma gama de 
serviços: lojas, teatros e cinemas, por exemplo, o que fomenta a centralidade 
regional, social e econômica para essa área urbana, a qual fica ocupada, e 
em uma posição central, servindo de entreposto para as populações, ou até 
mesmo em função das acessibilidades, o que assume uma posição geográfica 
estratégica relativamente ao que o rodeia.
De fato, no que concerne à centralidade social do núcleo histórico das cidades, 
esta “vem do fato de ser o principal lugar de encontro, de intercâmbio e de 
informação” (BARATA SALGUEIRO; 2005, p. 354), bem como do convívio, da 
criação de sociabilidades, recreio, lazer, concentrando importantes movimentos 
11
SÍTIOS HISTÓRICOS │ UNIDADE I
de pessoas. Visto que em outros tempos já se verificava esta importante função 
cívica do centro histórico das cidades, pois sempre foi “o sítio a frequentar 
para passeio, para ver vitrines, para ver gente e encontrar os amigos, para fazer 
compras e para assistir a espetáculos” (BARATA SALGUEIRO; 2005, p. 354) e, 
um lugar privilegiado para viver. 
Sendo assim, é relevante discorrer a distinção da tendência do historiador e do 
arquiteto quando se trata de um bem edificado. Para o arquiteto, preservar tem 
o significado de restaurar um patrimônio arquitetônico, já para o historiador 
os imóveis devem ser conservados não por suas qualidades arquitetônicas, 
tampouco por se inserir na grande história, mas pelo que nos revelam de outras 
experiências, outras formas de ser que nos precederam, que eclodiram com a 
alteração do tempo e mantém os modos de vivência social no território.
Visto que, o historiador pensa o bem como lugar de recordação, conceito que se 
traduz na complexidade de um lugar, que envolve conhecimento e sentimentos, 
um lugar de reconhecimento, de troca de emoções e saberes. 
Não obstante, para entender o patrimônio como um bem a ser preservado no 
mero estudo acadêmico, o historiador o vê pela inteligibilidade histórica que 
ele pode oferecer seja para ele, historiador, seja para a sociedade. Em outros 
termos, destaca seu papel na produção de recordações e na criação de ligações 
da identidade, uma função que remete afeto simbólico.
Logo, um bem patrimonial, não esboça apenas uma memória, mas graus de 
memória, podendo ser diversos, e estar em oposição. É conveniente dizer que nos 
atuais debates sobre os rumos da política de preservação no Brasil e na Europa, 
percebe-se uma tendência a dissociar os conceitos de patrimônio e de nação. 
A conjuntura desta postura é evidente quando se trata de contestar o papel 
do Estado como único agente ordenador da sociedade e legitimador de sua 
identidade. A responsabilidade de valor a um monumento não pode ser de 
domínio do Estado, mas deve contemplar a multiplicidade de significações 
e valores que lhe são atribuídos, em um mesmo momento e contexto, a um 
mesmo bem, por grupos econômico, social e culturalmente distintos.
São exemplos de sítios arqueológicos as figuras (1 e 2). 
A figura 1 representa o famoso não apenas na América Latina, mas em todo o 
mundo, o sítio arqueológico localizado na região hoje conhecida como Cusco 
12
UNIDADE I │ SÍTIOS HISTÓRICOS
pode ter sido criado no século XV. É o principal símbolo do império Inca, é 
um monumento histórico valioso da genialidade deste povo que vivia em uma 
sociedade muito bem organizada, facilmente visível na disposição dos prédios 
que hoje contam muito sobre os costumes incas.
Figura 1. Sítio Arqueológico, Cusco.
Fonte: https://www.skyscanner.com.br/noticias/7-sitios-arqueologicos-dos-mais-bonitos-do-mundo.
De acordo os estudiosos, Tikal (Figura 2) foi um dos grandes centros 
populacionais e culturais criados pela civilização maia. Acredita-se que foi no 
século IV a.C. sua estrutura original já tivesse sido construída, contudo, com o 
tempo, parcialmente destruída e, por isso, o que se vê hoje são construções 
datadas entre os anos de 200 e 850 d.C.
Figura 2. Sítio Arqueológico, Guatemala.
Fonte: https://www.skyscanner.com.br/noticias/7-sitios-arqueologicos-dos-mais-bonitos-do-mundo.
https://www.skyscanner.com.br/noticias/7-
https://www.skyscanner.com.br/noticias/7-
13
SÍTIOS HISTÓRICOS │ UNIDADE I
Assista ao vídeo “Mobilidade e acessibilidade em Sítios Históricos”, 
da Folha de Pernanbuco, disponível em: https://www.youtube.com/
watch?v=rfUMqgGvkzw.
Faça uma síntese sobre a importância da acessibilidade aos sítios históricos.
14
CAPÍTULO 2
Identificação de testemunhos históricos
Desde tempos longínquos que as cidades são produto das civilizações que 
fisicamente as construíram e socialmente as edificaram, em um processo constante 
e atemporal. De fato, as cidades sempre atraíram importantes funções sociais, 
culturais, patrimoniais e históricas, sendo uma herança das sociedades passadas 
e uma mais-valia paraas sociedades que surgiriam. Por isso, todas as atividades 
exercidas na cidade formam o motor propulsor da vida urbana. 
Dessa maneira, é recorrente falar que os sítios históricos urbanos nacionais 
e os conjuntos urbanos de monumentos nacionais são espaços privilegiados 
que repousam experiências coletivas e princípios de identidade. Para tanto, os 
monumentos são sinais que perduram os testemunhos das sociedades passadas 
das possibilidades perdidas, assim como, dos processos autores de nossa realidade 
presente.
Esses lugares de memórias devem ser analisados no sentido de sua 
representatividade ou de sua aproximação ao processo histórico de formação da 
nacionalidade. Sabe-se, então, que com o Decreto-Lei no 25, de 30 de novembro 
de 1937, que organiza a proteção do patrimônio artístico e histórico no Brasil, 
estabelece, no seu artigo primeiro, que interessa a preservação daqueles bens 
móveis ou imóveis existentes no Brasil, ‘quer pela sua ligação aos fatos memoráveis 
da história do Brasil, quer por seu excepcional valor arqueológico ou etnográfico, 
bibliográfico ou artístico’.
Destaque-se aqui o estado de Goiás por ter se mantido excepcionalmente 
autêntico diante aos efeitos do moderno crescimento socioeconômico brasileiro 
e regional, que foram absorvidos sem descaracterizações relevantes de seu 
patrimônio cultural, material e imaterial. 
Com uma trajetória que remete ao início do século XVIII, preservando 
testemunhos materiais de 274 anos, Vila Boa de Goiás identifica-se na vida 
urbana tradicional, mas que se revigora e interage com o conjunto arquitetônico 
e ambiente natural protegidos. É singular, por um lado, mas justamente 
por preservar as marcas da trajetória histórica, como em poucos lugares, ali 
é notória a leitura da marcha harmônica do tempo. A escala urbana acha-se 
fascinantemente mantida, mesmo nos espaços não protegidos. Em termos 
de arquitetura e urbanismo brasileiros, forma-se um verdadeiro milagre de 
preservação.
15
SÍTIOS HISTÓRICOS │ UNIDADE I
Está inscrito no Livro do Tombo histórico, o qual permanece como um espaço 
de referência histórica pelos testemunhos da ruína, sendo exemplificado pelo 
casarão do antigo Palácio de Governo, por meio do traçado urbano remanescente e, 
principalmente, pela cultura social que relutou e ainda permanece.
Já a identificação de sítios a céu aberto na área arqueológica do Seridó, no 
estado do Rio Grande do Norte/Brasil, mais especificamente na área do Vale 
do Rio da Cobra e outros tributários do Rio Seridó, tem contribuído para o 
estudo das áreas habitacionais dos grupos pré-históricos que ocuparam a 
região. Esses sítios, de acordo com as cronologias definidas até o momento, 
sugerem a possibilidade de relação desses a dois períodos cronoculturais 
distintos: aos grupos caçadores-coletores que produziram os grafismos 
rupestres identificados na região, ou ao surgimento das primeiras cerâmicas 
regionais no interior da América do Sul (BORGES, 2010).
É necessário saber que a utilização das fontes históricas não trata de apenas 
buscar as origens ou a verdade de tal acontecimento, trata-se de entender 
enquanto registro de testemunhos dos atos históricos. É um alicerce do 
conhecimento histórico, é nela que se apoia o conhecimento que se produz 
acerca da história. Elas apontam a base e o ponto de apoio, o repositório dos 
elementos que definem os fenômenos, em cujas características se busca o 
entendimento (SAVIANI, 2006, p.30).
Dessa forma, quando o historiador trabalha com as fontes históricas, esse, 
como se pode analisar, tece determinadas interpretações, influenciado pelo seu 
presente. No entanto, o historiador, a partir de outros documentos e elementos 
diversos inscritos em uma historicidade específica, contextualizada, procura a 
compreensão do significado de tal fonte, busca qual representação de mundo 
está inserida no grupo que a idealizou.
Com isso, as fontes são nesse sentido, artigos culturalmente construídos e 
repletos de intencionalidade pelos grupos que a originaram. Assim segundo 
Bloch: “Tudo que o homem diz ou escreve, tudo que fabrica tudo o que toca pode 
e deve informar sobre ele” (BLOCH, 2001, p. 79.).
Então, vale creditar, dessa maneira, serem as bases históricas, se utilizadas de 
uma forma que considere o desenvolvimento cognitivo envolvido na relação 
de ensino/aprendizagem em história, capazes de tornarem-se instrumentos no 
sentido vasto que essa pode alcançar, auxiliando o entendimento do presente 
através do passado.
16
UNIDADE I │ SÍTIOS HISTÓRICOS
A figura 3 ilustra o Palácio Conde dos Arcos, que é um casarão com 36 cômodos, 
construído em 1756. Era a antiga sede do governo do estado na cidade de 
Goiás, hoje é um centro cultural.
Figura 3. Palácio Conde dos Arcos, Goiás.
Fonte: http://preexistencias.blogspot.com/2012/11/goias-velho-patrimonio-historico-da.html.
As figuras 4, 5 e 6 ilustram a Vila Boa, que surgiu com a chegada de algumas 
famílias à região, à procura de solos férteis. O povoado passou a ser distrito 
da cidade de Formosa. Vila Boa tornou-se cidade em 1992. Em virtude da sua 
localização, Vila Boa é o ponto certo de parada para quem está a caminho do 
nordeste goiano ou rumo ao nordeste do país. O turista que desejar passear por 
Vila Boa fará gozo de lindíssimas paisagens naturais. Vila Boa está situada no 
Planalto Central, na região nordeste do Estado de Goiás.
Figura 4. Antiga Vila Boa de Goiás.
Fonte: http://www.vilaboadegoias.com.br/album_fotos/fotos_antigas/page/image59.html.
http://preexistencias.blogspot.com/2012/11/
http://www.vilaboadegoias.com.br/album_fotos/fotos_antigas/page/image59.html
17
SÍTIOS HISTÓRICOS │ UNIDADE I
Figura 5. Casa da Câmara e Cadeia de Vila Boa, Goiás.
Fonte: https://www.researchgate.net/figure/Figura-2-Foto-da-Casa-da-Camara-e-Cadeia-de-Vila-Boa-de-Goias-Fonte-Acervo-
Particular_fig2_326134854.
Figura 6. Vila Boa de Goiás.
Fonte: https://www.guiadoturismobrasil.com/cidade/GO/409/vila-boa.
Para refletir acerca do que foi estudado no capítulo 2, disserte sobre a 
preservação arquitetônica e a importância dos testemunhos históricos.
https://www.researchgate.net/figure/Figura-2-
18
CAPÍTULO 3
Características morfológicas do espaço 
urbano
Entende-se por forma urbana os principais elementos físicos que compõem e 
moldam a cidade, constituindo-se, assim, os tecidos urbanos que são: as ruas, as 
parcelas urbanas (ou lotes), as edificações, dentre outros. 
Sendo assim, pode-se dizer que a análise estática da morfologia urbana, a 
representação de um estudo das formas urbanas e dos agentes e processos 
responsáveis pela sua transformação. Destarte, requer a habilidade de detectar 
um vasto sistema de sinais estruturais que permitam, dinamicamente, ler, 
compreender um organismo urbano em todas as suas escalas (MARETTO, 2014). 
É pertinente ressalvar a Escola Inglesa (Conzeniana) acerca do estudo morfológico 
no espaço urbano, a qual desenvolveu a abordagem que focaliza na análise da 
evolução urbana, demostrando ênfase fundamental na paisagem urbana e no 
tempo.
Conzen desenvolveu seu método a partir das investigações a respeito de 
assentamentos urbanos no Nordeste da Inglaterra, entre os anos 1950 e 1960, 
depois de imigrar para a Inglaterra durante a Segunda Guerra Mundial.
É importante trazer os conceitos para caracterizar a abordagem desse tema, dentre 
as quais:
 » Análise Morfológica da Paisagem Urbana − refere-se ao estudo da 
estrutura física e espacial das cidades que permita sua leitura e 
análise consoante aos processos de formação e transformação. 
 » Historicidade − é a expressividade histórica. Atributo da paisagem 
capaz de refletir materialmente as permanências de vários períodos, 
ou seja, a acumulação das formas ao longo do tempo. (LAP, 2013)
 » Permanência x Dinâmica da Transformação − é a necessidade de 
eleger o que deve ser conservado. A tendência à transformação é 
inerente a qualquer paisagem urbana.
 » Elementos Fundamentais de Estudo da Forma Urbana − forma: 
sítio e suageomorfologia, sistema viário, padrão de parcelamento 
19
SÍTIOS HISTÓRICOS │ UNIDADE I
das quadras e dos lotes, edifícios e espaços abertos correlatos às 
formas construídas; resolução (escala): o edifício e seu lote; a rua 
e o quarteirão, a cidade e a região; tempo: períodos morfológicos 
(períodos históricos mais os períodos evolutivos): fatos históricos e 
inovações materializadas.
 » Hierarquia da Forma na Paisagem Urbana (Visão Tripartite) 
− Plano urbano: composto pelo sistema viário e o padrão de 
parcelamento do solo compartilhado; tecido urbano: quadras e 
lotes com as tipologias de edilícios semelhantes; uso e ocupação 
do solo: o lote, o edifício e o uso mútuo.
Sendo assim, o Plano Urbano pode ser compreendido como a lógica de ocupação 
do território, sendo a organização do espaço em relação à topografia e às 
características naturais do sítio, que se expressa através de uma ideologia de 
ocupação do território refletida no sistema viário, por exemplo.
Outra característica a ser abordada é acerca dos agrupamentos de edificações, 
os quais podem possuir características semelhantes, formando manchas que 
configuram os tecidos urbanos. Constituindo-se em tecidos homogêneos ou 
heterogêneos (figuras 7 e 8).
A figura 7 ilustra a verticalização das cidades, que é realmente um fator 
relevante que questiona a inclusão social nesse tipo de construção, e que 
também avalia em que medida esse processo de verticalização implica nas 
transformações do tecido urbano e de suas práticas socioespaciais.
Figura 7. Verticalização na cidade de São Paulo.
Fonte: http://www.saocarlos.usp.br/construir-mais-predios-realmente-torna-as-cidades-mais-inclusivas/.
20
UNIDADE I │ SÍTIOS HISTÓRICOS
Figura 8. Edificações em comunidade na cidade de São Paulo.
Fonte: https://oglobo.globo.com/brasil/policia-amplia-ocupacao-de-favelas-em-sao-paulo-6667829.
Vale assim destacar aqui, que o uso determina a forma da edificação e suas 
dimensões. As edificações produzem evidências materiais que permitem 
determinar a época em que foram construídos por estarem imbuídas pelos 
aspectos culturais de sua sociedade. Susceptíveis às transformações, portanto, 
efêmeros. 
É conveniente explanar sobre o processo de modificação da forma urbana que se 
dá entre a historicidade e o palimpsesto, ou seja, as primeiras modificações se 
dão no uso, que demandam alterações no tipo edilício, fachadas e ocupações no 
lote, transformando o desenho das quadras e o tecido urbano.
Vale ainda salientar que os elementos do plano urbano, expressos no sistema 
viário, por exemplo, tendem a maior permanência no tempo.
E, para uma melhor compreensão do método de organização temporal, pode-se 
dividir esse processo de mudança urbanística da seguinte maneira:
 » Os períodos históricos − sendo demarcados pelos fatos, nos quais é 
possível a delimitação de datas.
 » Os períodos de evolução − baseando-se nos aperfeiçoamentos 
formais que são introduzidos na paisagem urbana. Esses traduzem 
características econômicas, sociais, políticas e culturais.
 » Os períodos morfológicos − nesses, há a necessidade de ajustar 
a delimitação de datas de um período morfológico, adotando seu 
início e fim.
21
SÍTIOS HISTÓRICOS │ UNIDADE I
Nota-se também que a Escola Italiana traz uma abordagem tipológica de projetar, 
a qual baseia-se na continuidade com a cultura das edificações locais, ou seja, 
o projeto arquitetônico é utilizado para as reinterpretações das influências 
culturais.
Muratori foi quem desenvolveu as abordagens da Escola Italiana, entre os anos 
de 1933 e 1973, trazendo um olhar mais cuidadoso com a expansão dos ideais 
modernistas na Europa.
É recorrente, ainda, pontuar a respeito de dois conhecimentos:
 » Consciência espontânea: atitude que um sujeito decide ao 
incorporar à sua obra a herança cultural do lugar em que vive sem 
pensar mais de uma vez.
 » Consciência crítica: é o agir com entendimento de sua própria 
herança, passando a dominar essa bagagem cultural, sabendo 
decidir como agir consoante ao meio em que pertence.
Por fim, vale frisar que cada período morfológico representa, em suma, os fatos 
históricos e as renovações concretizadas na paisagem urbana, determinando 
características formais. A aplicabilidade do método da visão tripartite, em cada 
período da morfologia urbana, conduz ao entendimento da evolução da paisagem 
urbana.
Ao realizar a leitura do capítulo 3, faça uma reflexão acerca do processo de 
formação do espaço urbano e discorra de forma suscita os motivos de se 
ter um Plano Diretor nas cidades.
22
UNIDADE IIREABILITAÇÃO E 
REQUALIFICAÇÃO
CAPÍTULO 1
Reabilitação urbana: gestão, 
requalificação dos espaços urbanos, 
recuperação dos edifícios
De acordo com o Ministério das Cidades, a área central das grandes cidades 
pode ser definida, como um bairro ou um conjunto de bairros consolidados, 
articulados ou não em torno do núcleo original da cidade, que possui forte 
poder de concentração de atividades e pessoas, favorecido de infraestrutura 
urbana, equipamentos públicos, serviços, oportunidades de trabalho e acervo 
edificado (PROGRAMA NACIONAL DE REABILITAÇÃO DE ÁREAS URBANAS 
CENTRAIS, 2003). 
Debate-se muito a respeito das áreas urbanas centrais que passaram por 
processos de esvaziamento de contingente populacional, da degradação e perda 
de sua dinâmica socioeconômica e das movimentações de intervenções para a 
recuperação dessas áreas, sendo isso, uma abordagem importante para tratar-se 
sobre a reabilitação urbana nas cidades. 
Contudo, mesmo com vários atrativos, essas áreas passaram de referências de 
desenvolvimento urbano a áreas degradadas e subutilizadas, devido ao processo 
de esvaziamento provocado pelas políticas urbanas de expansão das cidades, 
que visavam ao alívio do ‘gargalo’ dos grandes centros, estimulando a ocupação 
periférica. Para recuperar essas áreas e reinseri-las dentro do atual contexto 
urbano, é preciso que sejam realizadas tais intervenções. 
Sendo assim, serão expostos conceitos acerca do desenvolvimento das cidades 
que resultaram nos processos de desocupação e degradação dos centros urbanos 
e concepções e termos que definem os tipos de intervenção que tem sido realizada 
nessas áreas. Pode-se exemplificar, aqui, algumas capitais brasileiras, onde se 
23
REABILITAÇÃO E REQUALIFICAÇÃO │ UNIDADE II
observa a sua expansão, todavia, o centro não perdeu a sua real função, que é a de 
polarizar os serviços.
É na região das cidades onde se tem a maior oferta de empregos, é uma área comum 
a todos os habitantes e usuários, sendo ainda muito procurada por apresentar 
diversas atividades de lazer e cultura. Logo, revitalizar uma determinada área da 
cidade requer a reversão do processo de abandono e induz a vitalidade da área ao 
seu entorno.
Assim, para realizar a análise do processo de esvaziamento da área central 
de uma cidade, por exemplo, é importante embasar teoricamente o projeto 
de reabilitação de um trecho delimitado com o intuito de reverter o processo 
de abandono e induzir a vitalidade da área e de seu entorno. Deve-se, dessa 
forma, apresentar aspectos gerais que envolvam o surgimento, a evolução e a 
conceituação de intervenções em centros urbanos com o objetivo de reabilitar 
essas áreas, tratando sobre os aspectos positivos e negativos dessas intervenções 
urbanas locais e globais, para desenvolver uma proposta que se adeque à 
realidade de uma cidade.
É importante, dessa forma, realizar uma alusão histórica, já que, por exemplo, 
a revolução das comunicações, produto desta época, permitiu a difusão da 
informação e gerou uma modificação na relação das atividades econômicas 
com o território, o que as tornou mais independentes do espaço físico e ao 
mesmo tempo destacou o território (VARGAS, 1992). Essa maior capacidade de 
comunicação fez com que o território deixasse de ser prioritariamente o local de 
produção para ser o local de consumo.
Vargas e Castilho (2009) ainda destacam que foram poucas as inovaçõesdesse 
período em relação às estratégias de intervenção nas áreas centrais. A grande 
diferença, segundo as autoras, está na dimensão dos projetos, no foco da 
intervenção, na maneira de gestão e no aumento da divulgação, que conduziu 
a um grande surgimento de grupos e associações que passaram a se envolver 
nessas intervenções. As autoras ainda ressaltam que as intervenções passaram 
a abranger outras áreas degradadas da cidade, como as estruturas industriais 
e portuárias subutilizadas e as orlas ferroviárias abandonadas. Enquanto se 
mantém a questão da conservação nas áreas centrais, nas demais áreas ocorrem 
a busca pelo novo. A figura 9, abaixo, ilustra o moderno Porto Madero, em 
Buenos Aires, na Argentina.
24
UNIDADE II │ REABILITAÇÃO E REQUALIFICAÇÃO
Figura 9. Porto Madero, Buenos Aires – Argentina.
Fonte: https://turismo.buenosaires.gob.ar/br/atractivo/bares-e-restaurantes-em-puerto-madero.
Diante o exposto, vale destacar a Carta de Veneza, de 1964, a qual estendeu 
a definição de monumento histórico a todo conjunto representativo, mesmo 
modesto, que fosse considerado o testemunho das evoluções, acontecimentos 
históricos ou civilizações. A continuação do tecido urbano também passa a ser 
considerada e reconhecida. ‘O período das demolições’ foi aos poucos sendo 
trocado por ações integradas e concomitantes que visavam à retomada de 
atividades econômicas recuperando os imóveis fisicamente e fixando a população 
de origem no seu habitat. A atitude de reconhecimento das preexistências 
trouxe um novo conceito para as intervenções, e surgiram diversos termos com 
significados similares como valorização, revitalização e reabilitação, os quais 
devem ser conceituados.
A reabilitação, no sentido de origem, significa o restabelecimento dos direitos. 
Na jurisprudência, é “a ação de recuperar a estima e a consideração” (VARGAS; 
CASTILHO, 2009). Já para Choay, reabilitação é uma operação mais avançada e 
não simples melhorias no habitat (VASCONCELLOS; MELLO, 2009).
Surge a Carta de Lisboa, de 1995, com o intuito de nomear tipos de intervenção e 
já direcionada para os temas urbanos. Com isso, os conceitos renovação, 
reabilitação e revitalização urbanas foram assim definidos:
 » Renovação urbana – é a intervenção urbana para ser aplicada 
nas malhas urbanas degradadas, com a demolição de estruturas 
morfológicas e tipológicas e a substituição dessas por tipologias 
arquitetônicas modernas.
 » Reabilitação urbana – pode ser entendida como uma estratégia de 
gestão urbana que busca requalificar a cidade já existente por meio 
de intervenções múltiplas destinadas a valorizar as competências 
25
REABILITAÇÃO E REQUALIFICAÇÃO │ UNIDADE II
sociais, econômicas e funcionais, com o intuito de melhorar 
a qualidade de vida das populações residentes. Isso requer o 
desenvolvimento das condições físicas do parque construído pela 
sua reabilitação e instalação de equipamentos, infraestrutura, 
espaços públicos, mantendo a identidade e as características da área 
da cidade a que dizem respeito.
 » Revitalização urbana – essa reúne as operações destinadas a resgatar 
a vida econômica e social de uma parte da cidade em declínio. 
Aplicando-se a todas as zonas da cidade, com ou sem identidade e 
características marcantes.
Logo, pode-se afirmar que a diferença na definição dos termos reabilitação e 
revitalização está na razão de que o primeiro exige a manutenção da identidade 
e das suas características, e o segundo permite que esse mesmo procedimento 
possa ser adotado em zonas com ou sem identidade. Todavia, em nenhum 
momento parece existir uma preocupação em definir a importância de identidade 
(VASCONCELLOS; MELLO, 2009).
Por outro lado, as terminologias mais utilizadas para definir os projetos de 
intervenção urbana em áreas deterioradas são a requalificação e a reabilitação. 
Segundo Blascovi (2006), a requalificação, ou a nova funcionalização urbana, 
integra processos de alteração de uma área urbana com o fim de conferir a essa 
área novas funções, diferentes daquelas que já existem. Fica assim, evidente 
que uma ação de gestão territorial pode, ao mesmo tempo, ter um caráter 
de renovação e de requalificação. Já a reabilitação constitui um processo 
integrado de recuperação de uma zona urbana que se pretende salvaguardar, 
implicando o restauro de edifícios e a reestruturação do tecido econômico e 
social, no sentido de tornar a área atrativa e dinâmica, com boas condições de 
habitabilidade.
Blascovi (2006) evidencia, ainda, que através desse conjunto de possíveis 
intervenções em áreas degradadas, pode resultar um outro processo, conhecido 
como gentrificação ou gentrification (o termo gentrificação foi usado pela 
primeira vez pela socióloga inglesa Ruth Glass, a partir de seus estudos sobre 
Londres, descritos em seu livro Introduction to London: aspects of change, de 
1963.
Sob o mesmo ponto de vista, a autora usou o vocábulo para denominar o processo de 
expulsão da população de baixa renda de certos bairros centrais da cidade, com sua 
substituição por moradores de classe média e a inovação das moradias, modificando 
26
UNIDADE II │ REABILITAÇÃO E REQUALIFICAÇÃO
por completo a forma e o conteúdo social desses ambientes urbanos (BIDOU-
ZACHARIASEN, 2003).
É conveniente destacar, ainda, acerca de algumas definições e conceitos do art. 1o da 
Reabilitação Urbana, a qual utiliza técnicas variadas, sendo assim, a definição e o 
objeto de análise são aceitos pelos dois países, consoante ao que segue: 
 » Reabilitação de um edifício – as obras têm por finalidade a recuperação 
e beneficiação de uma construção, solucionando as anomalias 
construtivas, funcionais, higiênicas e de segurança acumuladas ao 
longo dos anos, procedendo a uma modernização que melhore o seu 
desempenho até próximo dos atuais níveis de exigência.
 » Restauro de um edifício − as obras especializadas, têm por finalidade 
a preservação e a consolidação de uma construção, assim como a 
conservação ou reposição da totalidade ou de parte da sua concepção 
original ou correspondente aos momentos mais importantes da sua 
história. 
 » Reconstrução de um edifício − qualquer obra que versa em realizar 
novamente, total ou parcialmente, uma instalação que já existe, no 
local de implantação ocupado por esta e mantendo, nos principais 
aspectos a traça original.
 » Renovação de um edifício − é qualquer construção que consista em 
executar de novo e totalmente um edifício em um local anteriormente 
construído. 
 » Conservação de um edifício − é o conjunto de medidas destinadas 
a salvaguardar e a prevenir a deterioração de uma edificação, que 
inserem a realização das obras de manutenção necessárias ao correto 
funcionamento de todas as partes e elementos de um edifício.
 » Manutenção de um edifício − é a série de atividades que visam mitigar 
os ritmos de degradação da vida de um edifício e são desenvolvidas 
sobre as diversas partes e elementos da sua construção, assim como 
sobre as suas instalações e equipamentos, sendo geralmente obras 
programadas e efetuadas em ciclos regulares.
A figura 10 ilustra o último trecho do High Line Park, completando uma das 
transformações urbanas mais distintivas da população de Nova York: observa-se que 
trilhos elevados abandonados foram transformados em um oásis linear de flores, 
gramas e árvores no charmoso bairro Chelsea, no lado oeste de Manhattan.
27
REABILITAÇÃO E REQUALIFICAÇÃO │ UNIDADE II
Figura 10. Jardim suspenso do High Line.
Fonte: http://www.mainline.com.br/o-jardim-suspenso-do-high-line/.
A figura 11 traz uma abordagem acerca da sustentabilidade na reabilitação urbana, 
destacando a importância do novo paradigma do mercado da construção, focando 
nos desafios emergentes, nas novas abordagens, soluções tecnológicas e prioridades 
políticas, que permitirão aos diversos inconvenientes do mercado da construção e 
da engenharia civil enfrentar o presente contexto ambiental, sociocultural, micro e 
macroeconômico.
Figura 11. Sustentabilidadena reabilitação urbana.
Fonte: www.engenhariacivil.com/sustentabilidade-reabilitacao-urbana.
https://www.engenhariacivil.com/
28
UNIDADE II │ REABILITAÇÃO E REQUALIFICAÇÃO
Conheça mais sobre os espaços urbanos que passaram pelo processo de 
requalificação urbana.
Acesse o link: https://www.frazillioferroni.com.br/revitalizacao-de-espacos/.
Faça uma síntese dos conceitos Requalificação e Reabilitação do espaço urbano.
29
CAPÍTULO 2
Restroit ou renovação
Observa-se que os termos ‘revitalização’, ‘recuperação’, ‘renovação’, 
‘reconversão’, ‘reciclagem’, ‘restauro breve’ entre outros, muitas vezes são 
utilizados de forma descompromissada e inconsequente, sem o devido cuidado 
com o rigor conceitual que qualquer tipo de intervenção em bens de valor cultural 
exige (RUFINONI, 2009). Destarte, colocando a marca de ‘Renovação Urbana’, 
alguns projetos executados nos dias de hoje, em áreas históricas, não respeitam 
as recomendações presentes nas Cartas Patrimoniais e em toda a teoria do 
restauro e da conservação desenvolvida e amadurecida ao longo de décadas 
em que foram debatidas. Todavia, com o marketing de trazer a renovação e a 
nova vida ao centro das cidades, esses projetos, na realidade, não consideram 
aspectos primordiais do lugar, como a história, o patrimônio construído e a 
paisagem.
Para entender a melhor configuração atual dos centros urbanos, seu dinamismo, 
assim como os seus usos e funções que se encontram em permanente processo 
de definição e redefinição, é de elevada importância conhecer os fatores que 
propiciaram para sua formação e modificação ao longo dos anos.
Destaca-se, ainda, que esse novo modelo dos processos de produção e dos 
centros das cidades surtiram em diversos problemas, como o trânsito intenso 
e o enfraquecimento das formas de gestão tradicionais. Origina-se, assim, a 
necessidade de renovação do ambiente construído. Os centros urbanos passaram, 
a partir de então, por um constante processo de definição e redefinição, que foi 
direcionado pela disputa de interesses dos agentes sociais. Referindo-se a esse 
aspecto, Corrêa (2003) afirma que a área central das cidades é um produto da 
ação dos proprietários dos meios de produção.
Diante disso, é recorrente dizer que as práticas de renovação, requalificação, 
revitalização e reabilitação urbana são acionadas para favorecer a resolução de 
uma variedade de problemas urbanos. A priori, é preciso distinguir os termos 
que são muitas vezes usados como sinônimos, mas não têm exatamente o 
mesmo significado. Ressalta-se aqui, brevemente: revitalização trata-se da 
recuperação do espaço ou construção; já a renovação refere-se à substituição, 
e a reconstrução, portanto, pode alterar o uso; logo requalificar dá uma nova 
função enquanto melhora o aspecto; e a reabilitação cuida do restauro, mas 
sem mudar a funcionalidade. Sendo assim, cada um desses processos obtém, 
portanto, resultados diferentes para a área urbana.
30
UNIDADE II │ REABILITAÇÃO E REQUALIFICAÇÃO
Nota-se que todas eles, entretanto, estão ligados à mesma ideia: modificar e 
regenerar espaços, zonas ou áreas urbanas com intuito de rejuvenescê-las por 
meio da reconstrução de edificações ou de espaços públicos. 
Esses processos originam-se da necessidade de resolver problemas econômicos, 
sociais ou ambientais. Para que, dessa forma, a população possa gozar e 
ser impactada de forma positiva pela área modificada, vale ressaltar que o 
planejamento deve apoiar-se na participação da comunidade.
Na maioria das vezes liderados por governos em parcerias público-privadas, 
esses projetos precisam da participação da sociedade para que atendam às suas 
necessidades e não acabem distanciando a comunidade local. Essa é uma das 
críticas mais comuns a esse tipo de intervenção, nas quais muitas vezes grandes 
empreendimentos são construídos sem qualquer ligação com a realidade da 
população local.
Para tanto, novos modelos de transformações urbanas devem fazer o 
reconhecimento de que a mudança não pode mais ser responsabilidade de um 
único agente, organização, instituição ou setor. A transformação necessita de 
coalizões e movimentos de múltiplos atores, tanto do lado da demanda quanto da 
oferta, da inovação e da intervenção.
Figura 12. Espaços públicos: a transformação urbana com a participação da população.
Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/875364/espacos-publicos-a-transformacao-urbana-com-a-participacao-da-populacao.
http://thecityfixbrasil.com/2017/06/21/espacos-publicos-a-participacao-como-ferramenta-para-construir-cidades-mais-democraticas/?utm_medium=website&utm_source=archdaily.com.br
31
REABILITAÇÃO E REQUALIFICAÇÃO │ UNIDADE II
A figura 13 ilustra o Superkilen, que é um parque situado na cidade de 
Copenhague, na Dinamarca. 
Figura 13. Espaços públicos: Parque Superkilen.
Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/875364/espacos-publicos-a-transformacao-urbana-com-a-participacao-da-populacao.
Contudo, observa-se um processo muito extenso de renovação urbana, vale dizer 
que os primeiros objetivos de um projeto podem sofrer modificações ao longo do 
tempo. 
Dessa forma, uma visão de longo prazo deve ser garantida. Um comprometimento 
com o interesse da população e com os valores compartilhados precisa de uma 
abordagem inclusiva, e etapas futuras do crescimento do processo devem ter uma 
flexibilidade que permita ajustes que se adequem às mudanças sociais e interesses 
mercadológicos.
As figuras 14 e 15 ilustram a renovação de espaços públicos como modeladores de 
espaço urbano das cidades de Nova York, nos Estados Unidos, e em São Paulo, no 
Brasil, respectivamente.
https://www.archdaily.com.br/br/875364/espacos-publicos-a-transformacao-urbana-com-a-participacao-da-populacao
32
UNIDADE II │ REABILITAÇÃO E REQUALIFICAÇÃO
Figura 14. Espaços públicos: jardim suspenso, Nova York.
Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/875364/espacos-publicos-a-transformacao-urbana-com-a-participacao-da-populacao.
Figura 15. Espaços públicos: urbanização do cantinho do céu, São Paulo.
Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/875364/espacos-publicos-a-transformacao-urbana-com-a-participacao-da-populacao.
Por tanto, a proposta da Reabilitação Urbana visa devolver e promover a 
ocupação de uma área dotada de infraestrutura urbana, retomando sua 
dinâmica e agregando novos usos e atividades, fazendo-o ser novamente um 
ambiente onde as pessoas queiram viver e contribuir com a sua conservação, 
podendo, dessa maneira, fazer uma reflexão em áreas próximas que também 
estão atualmente degradas e/ou mal utilizadas. Com isso, obter um espaço 
comum a todos.
33
REABILITAÇÃO E REQUALIFICAÇÃO │ UNIDADE II
Conheça mais sobre o conceito ‘revitalização’
Acesse o link: http://www.multirio.rj.gov.br/index.php/assista/tv/7671-
revitaliza%C3%A7%C3%A3o-urbana.
Faça uma síntese fazendo uma associação entre a necessidade de 
preservação do meio ambiente com a renovação dos espaços urbanos.
34
CAPÍTULO 3
Planejamento da requalificação
Ao realizar o estudo de planejamento para executar uma requalificação urbanística, 
é necessário que haja um Plano de ação, o qual irá procurar estruturar dentro de 
uma visão amplificada a questão urbana, tendo uma visão das características de 
projeto, como também da logística necessária à instalação de um empreendimento.
Para tanto, o Plano de Requalificação Urbana tem por pressuposto geral a 
cooperação entre as três esferas de governo (municipal, estadual e federal) 
e também a iniciativa privada, no caso, o empreendedor responsável pela 
implantação de uma obra, por exemplo, concomitante em atendimento ao 
estabelecido pelo Estatuto da Cidade (Lei no 10.257/2001).
Pode-se sublinhar como objetivos gerais de um projeto de requalificação:
 » compatibilizar os diversos projetos de intervenção e com a estruturação 
urbana existente;
 » definir ações de responsabilidade do empreendedor, especificamente 
com relação ao que será executado; 
 » contribuir para a revisão do PlanoDiretor e seu detalhamento. 
E, como objetivo específico, tem-se a indicação das principais ações a serem 
desenvolvidas no âmbito urbano e as respectivas responsabilidades. 
Diante desse processo de requalificação urbana é importante, e necessário, que se 
faça uma abordagem sobre os aspectos de relevância sustentável, que de acordo 
com Rogers (2001), uma cidade compacta é densa e socialmente diversificada, 
as atividades econômicas e sociais se sobrepõem. Dessa forma, quanto mais 
compacta for a cidade, maiores possibilidades ela terá de ser uma cidade de 
atividades sobrepostas, igualitária, ecológica, aberta e bela, na qual a arte, a 
arquitetura e a paisagem possam emocionar e satisfazer o espírito das pessoas.
Ou seja, pode-se dizer, então, que em uma cidade compacta, os lugares se tornam 
multifuncionais, diferente dos espaços ‘monofuncionais’ das cidades amplificadas. 
Para Rogers (2001), trazer de volta os moradores ao centro da cidade é objetivo 
35
REABILITAÇÃO E REQUALIFICAÇÃO │ UNIDADE II
essencial de um planejamento sustentável; desde que as estratégias habitacionais 
sejam sustentadas por políticas que melhorem a qualidade do ar, a segurança nas 
ruas, a educação e a mobilidade urbana.
Nota-se, assim, que com a visão da sustentabilidade urbana, as áreas centrais não 
devem ser diluídas e, sim, agrupadas para se conter a expansão urbana.
A requalificação urbana, conforme já mencionado anteriormente, prevê segundo 
o Plano Diretor, melhorias na qualidade dos espaços públicos e do meio ambiente; 
o estímulo das atividades de comércio e serviço; a preservação e a reabilitação do 
patrimônio arquitetônico.
Logo, nesse contexto de urbanização e planejamento, pode-se notar que a 
revitalização, a reabilitação ou, mais recentemente, requalificação, que são termos 
que se referem aos processos de reconversão dos espaços urbanos abandonados, 
mal utilizados ou destruídos mediante a recuperação de antigos (ou a criação de 
novos) usos e atributos urbanísticos ou naturais.
É importante entender que a expressão requalificação urbana tem a sua difusão a 
partir do final da década de 1980.
Sendo assim, a requalificação urbana é inerente à melhoria da qualidade de vida 
nas cidades, promovendo sustentabilidade ambiental, aumento da coesão social, 
dentre outros aspectos.
O nível de complexidade dessas intervenções pode variar. Em qualquer situação, 
costuma-se recorrer ao planejamento integrado, para compatibilizar os distintos 
interesses e demandas de utilizações − atividades produtivas, habitação, lazer, 
circulação e assim sucessivamente - dos espaços ditos ‘renovados’ ou ‘requalificados’.
São exemplos de áreas requalificadas, as ilustrações das figuras 16 a 20. 
A figura 16 representa a zona portuária do Rio de Janeiro, a qual tem o interesse 
da gestão pública na requalificação da região, ocorrendo na medida em que se 
consideram suas relevâncias históricas e culturais para a cidade e para o Brasil. 
Desenvolvida a partir de áreas de aterros sobre a Baía de Guanabara, a região 
abrange o marco zero do porto carioca, assim como as primeiras ruas da cidade, 
em 1567.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Uso_do_solo
36
UNIDADE II │ REABILITAÇÃO E REQUALIFICAÇÃO
Figura 16. Requalificação da região portuária, cidade do Rio de Janeiro.
Fonte: https://journals.openedition.org/cidades/561.
A requalificação da zona portuária procura promover a melhoria da qualidade de 
vida, com o intuito de atrair desenvolvimento econômico e novos moradores para 
essa região.
A figura 17 ilustra a zona portuária do Rio de Janeiro, com a proposta de 
requalificação da área portuária.
Figura 17. Proposta de requalificação da área portuária do Rio de Janeiro.
Fonte: https://journals.openedition.org/cidades/561.
37
REABILITAÇÃO E REQUALIFICAÇÃO │ UNIDADE II
Além de todas as modificações propostas, também pode-se prever as alterações no 
setor imobiliário, a fim de ampliar o potencial construtivo dos terrenos, incluindo 
benefícios fiscais. 
A figura 18 exemplifica a região do cais José Estelita, na cidade do Recife.
Figura 18. Vista aérea do Cais José Estelita em Recife.
Fonte: https://journals.openedition.org/cidades/561.
De acordo com Sousa (2014), o interesse pelo Cais José Estelita, no bairro São 
José, pode ser justificado pelo fato de a área ser considerada de interesse cultural, 
um local bastante tradicional da cidade do Recife.
A figura 19 remete à origem do cais que, remonta ao século XVII, época em que 
os holandeses se fixaram na ilha, urbanizando-a por meio do estabelecimento 
do traçado viário inicial e pela construção de ponte, aterro e do Forte das Cinco 
Pontas. Em seguida, a economia baseada na produção da produção do açúcar que 
favoreceu o adensamento local, enriquecendo o espaço urbano com importantes 
edificações, dada a necessária conexão entre o porto e os engenhos. 
A estrada de ferro, em 1856, também passou a fortalecer os câmbios comerciais, 
unindo a capital ao Rio São Francisco.
38
UNIDADE II │ REABILITAÇÃO E REQUALIFICAÇÃO
Figura 19. Área portuária na cidade do Recife.
Fonte: https://journals.openedition.org/cidades/561.
No ano de 2003, procurando valorizar o patrimônio histórico cultural das cidades 
tanto de Olinda como de Recife, propostas de requalificação foram lançadas 
para o Cais José Estelita e para o Cais de Santa Rita. Contudo, não tenham sido 
realizadas, despertaram o interesse dos investidores por essa área do centro 
histórico, próxima de diversos equipamentos urbanos e com vista privilegiada 
para o Rio Capibaribe e para o mar (SOUSA, 2014).
A figura 20 ilustra o projeto de intervenção divulgado em 2011, que buscou 
explorar a ausência de um zoneamento restritivo na área portuária.
Figura 20. Projeto para a zona portuária de Recife.
Fonte: https://journals.openedition.org/cidades/561.
39
REABILITAÇÃO E REQUALIFICAÇÃO │ UNIDADE II
Sousa (2014) ainda destaca que a intenção do consórcio Novo Recife, ao propor a 
inclusão de torres verticais próximas à orla, distantes 50 metros em relação ao sítio 
tombado, deu-se em virtude da necessidade de ser incentivada a mescla de usos, 
incluindo moradia e prestação de serviços na região. 
Entretanto, desde 2012 a proposta vem recebendo inúmeras críticas no que se 
refere à falta de inclusão social, à verticalização, ao rompimento da paisagem 
urbana existente, marcada pelas edificações históricas (Figura 21) e à ausência 
de estímulo à vitalidade urbana, uma vez que os pavimentos térreos dos edifícios 
não possuiriam boas relações com o passeio público, apresentando-se murados 
ou sem atividades convidativas.
Figura 21. Rompimento da paisagem urbana existente.
Fonte: https://journals.openedition.org/cidades/561.
Acerca do que foi abordado neste capítulo, disserte como é elaborado um 
planejamento da requalificação urbana de forma eficaz, e exemplifique 
isso de forma prática. 
40
UNIDADE IIIPROJETO
CAPÍTULO 1
Conceito, forma, volumetria, traçado, 
parcelamento e relações morfológicas 
entre os espaços construídos, abertos e 
verdes
Compreende-se por tipologia construtiva e morfológica urbana uma relação 
dialética, onde a forma urbana é interdependente do seu formato construtivo, 
sendo assim, trabalhar a forma urbana é determinar as tipologias.
A cidade é o princípio ordenador no qual se desenvolvem e se estruturam os tipos 
construtivos que integrarão a forma urbana. Fazendo-se necessário, portanto, o 
estudo dos tipos construtivos e da morfologia urbana para a compreensão da 
paisagem urbana.
É importante entender conceitos a respeito da morfologia urbana, essa 
frequentemente referida como uma estrutura ou configuração urbana, obtida da 
junção de diversos elementos que constituem as áreas ocupadas, ou livres, com 
vegetação, ou então, pavimentação, com volumetrias, materiais e cores diversas.
Em uma abordagem amplificada, a morfologia urbana influi diretamente nos 
sistemas de transporte e circulação, ou seja, na mobilidadeurbana e no projeto de 
edifícios.
Contudo, é necessária a percepção a respeito da vivência da forma urbana, as 
quais dependem da apreensão do Sistema de Espaço Livre criado, esse constituído 
por espaços públicos e privativos, sendo responsável por auxiliar a vida urbana 
diariamente, e está em constante modificação. Tal mudança é posta em curso por 
vários agentes, dentre os quais, o poder público, que assume o papel de regulador.
41
PROJETO │ UNIDADE III
Salienta-se, que na pesquisa de legislação urbanística com influência sobre a 
forma urbana das cidades, é importante que haja um levantamento da legislação 
do município, estadual e federal, esses referentes aos seguintes critérios:
 » zoneamento por função; 
 » uso e ocupação do solo;
 » parcelamento do solo; 
 » preservação ambiental.
Com isso, se faz o entendimento do caráter da transformação, através da 
compreensão da relação estabelecida entre a área transformada e a área 
anteriormente urbanizada. Logo, essa relação pode ocorrer de três formas: 
 » Áreas de transformação por adição: configuram-se em áreas de 
modificação de uma porção de espaço não urbano do município em 
espaço urbanizado. 
 » Áreas de transformação por consolidação: constituem-se nas áreas 
de modificação que se caracterizam pela ocupação de áreas vazias 
incorporadas ao espaço urbano, ou ainda, no sentido de estabelecer 
a continuação do espaço urbano entre dois núcleos urbanizados 
descontínuos. 
 » Áreas de transformação por sobreposição: são configuradas em áreas 
com variação da volumetria construída e da ocupação de uma área 
previamente urbana já ocupada por outra volumetria construído.
Nota-se assim, que a volumetria construída é definida pelo modo que a percebemos, 
ainda assim, certas tipologias morfológicas podem ser constituídas ao buscar uma 
simplificação da realidade, a fim de destacar aspectos de caráter geral na forma como 
eles se distribuem pelo espaço urbanizado.
Para tanto, existem oito principais categorias de espaços livres constituindo o 
sistema de espaços livres urbano, são eles: 
1. Conservação ambiental: encostas, matas nativas, dunas, manguezais, 
corpos d’água e suas margens, bosques e florestas na área urbanizada, 
entre outros.
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UNIDADE III │ PROJETO
2. Recreação e encontros: podem ser nas praças, parques, calçadões, 
praias urbanas, piscinões, piscinas públicas, quadras esportivas, 
dentre outros.
3. Circulação de veículos e pedestres: transitados nas ruas, avenidas, 
alamedas, vielas, escadarias, becos, estacionamentos, parque, vias 
expressas, estradas, ciclovias, calçadões. 
4. Espaços associados ao sistema de circulação: são exemplos canteiros 
centrais, canteiros laterais, rotatórias, dentre outros.
5. Espaços associados à infraestrutura urbana: margens de reservatórios, 
estações de tratamento de água e esgoto, linhas de transmissão de 
energia, linhas de adutoras, aterros e vielas sanitárias, bacias de 
retenção, reservatórios, entre outros.
6. Espaços associados a edifícios e entidades públicas: são os campi 
universitários, aeroportos, pátios de escolas, hospitais, centros 
administrativos, esportivos e recreativos, jardins e pátios de museus, 
áreas de treinamento de Forças Armadas, entre outros.
7. Espaços privados de uso coletivo: os parques, praças e jardins 
corporativos, clubes esportivos e de campo, pátios, jardins e 
estacionamentos de shopping centers, dentre outros.
8. Espaços privados de uso restrito: jardins, pátios, bosques urbanos, 
quintais, viveiros, pesqueiros, hortas, haras, parques, campos de polo e 
golfe, entre outros.
Desta forma, percebe-se que a partir do sistema de espaços livres que se vê a 
materialidade da paisagem. Os volumes vazios permitem a observação dos volumes 
cheios e os perpassam, estruturando e organizando a forma da paisagem urbana. 
Tal estrutura e organização de elementos materiais é percebida por meio de uma 
configuração, assim, “paisagem significa configuração, expressa por formas” 
(MACEDO, 2014).
Além disso, a paisagem das cidades brasileiras, como reflexo da sociedade, se 
materializa em vários territórios ocupados pelas mais diversas atividades públicas 
e privadas. 
Sua estrutura fundiária se estrutura a partir de tais atividades. Nesse cenário, 
os espaços urbanos podem ser divididos entre espaços de propriedade pública, 
43
PROJETO │ UNIDADE III
destinados a atividades, como, por exemplo: circulação, lazer, administração 
ou ensino, entre outras; e espaços de propriedade privada, com atividades 
residenciais, industriais, comerciais, de serviço, entre outras.
As áreas de transformação por adição consistem em áreas de transformação de 
uma porção de espaço não urbano em espaço urbano, isto é, no parcelamento do 
solo feito mediante loteamento visando à criação de novas áreas urbanas e sua 
consecutiva ocupação.
Formas de propriedade do solo e de parcelamento do solo: condicionam a ocupação 
e implantação de edifícios no solo urbano, tanto a partir da estrutura fundiária 
quanto a partir da regulação edilícia.
Para tanto, a regulamentação do parcelamento do solo ocorre nas três esferas: 
(municipal, estadual e federal); e de acordo com a Lei Federal no 6.766, de 1979, 
que dispõe sobre o assunto, consiste que o parcelamento do solo pode ser feito 
mediante loteamento ou desmembramento. Ambos são ‘subdivisões de glebas em 
lotes destinados à edificação’.
O loteamento, entretanto, é o único que está associado à criação de novas vias 
e logradouros públicos ou prolongamento dos que já existem, e, portanto, 
o único que dispõe sobre a adição de novas áreas urbanas. Entretanto, o 
desmembramento está ligado às vias e logradouros públicos já existentes. 
Novos loteamentos expandem a estrutura que condiciona a instalação de 
edificações nas cidades brasileiras e se concentram nas bordas da mancha 
urbana, provocando também uma expansão de sua área. Existem ainda ações 
informais sobre áreas de adição, como a construção de favelas ou processos 
ilegais de loteamento, seja por meio de autoconstrução ou fechamentos.
Diante do explanado, nota-se que, segundo a historiografia, foi a partir da entrada 
dos colonizadores em nosso território e a consequente demarcação das capitanias 
hereditárias no início do século XVI. Com isso, o traçado territorial brasileiro 
começa a ser subdividido de tal maneira que dá procedência para o surgimento das 
primeiras vilas e, consequentemente, das cidades propriamente ditas. Pelo fato de 
estarem ocupando áreas em que os ataques inimigos eram passíveis de acontecer, 
os portugueses buscavam agrupar-se de tal forma que a defesa fosse um dos fatores 
primordiais. Encontramos, dessa forma, uma disposição de prédios, pórticos e muros 
que delimitam e fortificam tais regiões.
É recorrente destacar, que no período colonial brasileiro, o urbanismo das cidades 
seguiu a um traçado que era marcado pela disposição dos principais prédios 
44
UNIDADE III │ PROJETO
públicos e religiosos, bem como os grandes casarões, sem deixar de levar em conta 
as características próprias de cada região no que diz respeito à sua constituição 
de relevo. Ainda que os conceitos de traçado de cidades existentes na Europa não 
fossem seguidos na íntegra, podemos observar que a planta urbanística apresentava 
certo ritmo e uma geografia bem distribuída. Com o passar do tempo, fica evidente 
o traçado ‘quadriculado’ das cidades, os lotes possuíam uma testada de cerca de 
10 metros e eram ocupados em sua totalidade. As ruas não possuíam calçamento e 
passeio público e a vegetação era totalmente suprimida.
Logo, com o passar dos anos e o crescimento das cidades, o traçado urbano foi 
enriquecido e ajustado às novas funções urbanas. Sendo assim, no século XVIII, 
com o advento militar e a própria evolução da colonização, muitas regiões foram 
concebidas com traçado planificado e uma disposição dos prédios estrategicamente 
bem localizados.
Nota-se, ainda, que em pleno século XXI, é percebida a importância da necessidadede ter um planejamento do espaço físico urbano; todavia, percebe-se que existe 
apenas a preocupação centralizada nas características socioeconômicas de quem 
executa tal planejamento, esquecendo a dependência dos elementos naturais.
É conveniente dizer que, ao longo do processo dos espaços edificados pela 
sociedade, não se tem observado a real atenção à qualidade, onde as questões 
ambientais, assim como as sociais, são ignoradas ao esquecimento.
Sendo assim, é importante frisar que a qualidade de vida urbana está intrinsecamente 
relacionada a diversos fatores que estão reunidos na infraestrutura, no 
desenvolvimento econômico-social e àqueles ligados à questão ambiental. 
Não obstante, vale dizer que em relação ao espaço, destacam-se as áreas verdes 
públicas, as quais constituem elementos essenciais para o bem-estar da população, 
pois influencia diretamente a saúde mental e física das pessoas.
O que fica notório são os ambientes construídos à luz de uma arquitetura. 
Recentemente, se tem a percepção do espaço, o qual ganha destaque e passa a ser 
materializado na construção de praças e parques públicos nas áreas centrais da 
zona urbana, a fim de trazer melhorias para a qualidade de vida, pela recreação, 
preservação ambiental e de áreas de preservação dos recursos hídricos, e à própria 
sociabilidade, já que essas áreas tornam-se atenuantes da paisagem urbana.
É conveniente, ainda, discorrer que a sociedade, em constante transformação, tem 
conferido feições diversas às áreas verdes urbanas de uso público ao longo do tempo. 
Dentre as várias vantagens das áreas verdes, Guzzo (1999, pp. 1 - 2) considera três 
principais: a ecológica, a estética e a social.
45
PROJETO │ UNIDADE III
A figura 22 está ilustrando uma zona urbana com uma vegetação representativa, 
sendo assim, pode-se dirimir que as áreas verdes urbanas são notadas por serem 
ambientes físicos com o intuito de prevalecer o verde e a vegetação arbórea 
comumente com o concreto. Dessa forma, melhora a qualidade de vida das pessoas 
que vivem no local, ou nas redondezas, visto que a qualidade do ar passa por 
mudanças positivas em escalas significativas. Parques, praças, casas sustentáveis e 
jardins públicos, por exemplo, entram na concepção. 
Figura 22. Área verde em zona urbana.
Fonte: https://meioambiente.culturamix.com/natureza/areas-verdes-urbanas-caracteristicas-gerais.
Para tanto, é necessário destacar e conhecer algumas características generalizadas, 
como também os problemas que os ambientes verdes podem provocar. Sendo assim, 
as contribuições ecológicas acontecem ao passo que os elementos naturais que 
constituem o meio ambiente mitigam tais impactos oriundos da industrialização.
Também se percebe que a função estética está correlacionada, a priori, ao papel 
de integrar os espaços edificados e os destinados à locomoção. Com isso, nota-se a 
função social ligada diretamente à oferta de espaços para o lazer da população.
A figura 23 está representando o espaço verde integrado ao meio urbano, ao 
fundo se ver o espaço edificado, com a construção de prédios.
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UNIDADE III │ PROJETO
Figura 23. Área verde em zona urbana.
Fonte: https://meioambiente.culturamix.com/natureza/areas-verdes-urbanas-caracteristicas-gerais.
Lamas (1993, p. 106) destaca a vegetação no meio urbano, ponderando que: do 
canteiro à árvore, ao jardim de bairro ou grande parque urbano, as estruturas 
verdes constituem também elementos identificáveis na estrutura urbana; 
caracterizam a imagem da cidade; têm a individualidade própria; desempenham 
funções precisas; são elementos de composição e do desenho urbano; servem 
para organizar, definir e conter espaços.
Sitte (1992, p. 167) ainda destaca a importância dos espaços livres na grande 
massa de edifícios, pois são cruciais para a saúde, mas não muito menos 
importantes para a êxtase do espírito, que encontra repouso nessas paisagens 
naturais espalhadas no meio da cidade. 
Então, é recorrente dizer que as áreas verdes desempenham um papel crucial no 
aglomerado urbano, porque compõem um espaço encravado no sistema urbano 
cujas condições ecológicas mais se assemelham das condições normais da natureza.
Portanto, quando se tem os espaços que integram o sistema de áreas verdes de uma 
cidade, exercendo, em função do seu volume, distribuição, densidade e tamanho, são 
inúmeros os benefícios ao seu redor.
É conveniente, então, salientar que com ênfase ao meio urbano, essas áreas 
propiciam a melhoria da qualidade de vida pelo fato de manterem as áreas 
destinadas ao lazer, paisagismo e preservação ambiental.
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PROJETO │ UNIDADE III
Com isso, pode-se afirmar que as áreas verdes urbanas são de grande importância 
para a qualidade da vida urbana. Elas atuam concomitantemente sobre o lado 
físico e mental do Homem, adquirindo ruídos, suavizando o calor do sol; no plano 
psicológico, além de minimizar o sentimento de opressão do Homem com relação 
às grandes edificações; constitui-se em eficaz filtro das partículas sólidas em 
suspensão no ar, contribui para a formação e o aprimoramento do senso estético, 
entre tantos outros benefícios. 
Logo, para desempenhar plenamente seu papel, a arborização urbana necessita ser 
reinventada a partir de um melhor planejamento. 
Neste capítulo relatou-se a respeito da estrutura morfológica urbana e da sua 
relação dialética, onde a forma urbana é interdependente do seu formato 
construtivo.
Sendo assim, construa um resumo fazendo uma relação entre os espaços 
urbanos construídos, abertos e verdes.
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CAPÍTULO 2
Inserção de novas edificações em sítios 
históricos – identificação do traçado e 
parcelamento, intervenção em ruínas 
e o preenchimento dos vazios do 
conjunto
No tocante à inserção de novas edificações em sítios históricos, salientam-se as 
várias formas de mudança urbana. Com isso, pode-se perceber que isso se dá com 
a construção dos novos edifícios em sítios de grande importância patrimonial. A 
inserção dessas construções é vista, por exemplo, por meio do aspecto externo dos 
imóveis, pois o que está sendo analisado é a desconfiguração dos volumes, que 
são: fachadas, cobertura e esquadrias.
As novas construções são projetadas para acolher um uso de interesse específico, 
não se tratando, nessas situações, de reprodução dos espaços interiores 
semelhantes aos das antigas edificações.
Contudo, é recorrente destacar que, nos casos de restauração ou de reabilitação 
dos antigos prédios para a instalação de usos modernos, é preciso levar em conta 
o aspecto interior, já que a manutenção, em formas gerais dos compartimentos da 
edificação e das regiões abertas internas, como quadras e quintais, é de equânime 
importância para a total conservação urbana.
Dessa maneira, ao introduzir um elemento moderno no tecido urbano 
pré-existente, pode-se demonstrar que a modificação urbana e arquitetônica 
da cidade é um fenômeno natural quando observado pela ótica de fidelidade à 
história, autenticidade estética, tectônica e urbana que não rebusca à repetição 
de linguagens arquitetônicas nem postulados urbanos passados.
A cidade é vista como um organismo que se modifica, portanto, não estático, 
rende-se e incorpora o desafio do novo para dar origem à exploração das 
potencialidades construtivas que os novos materiais, técnicas e tecnologias 
permitem. Sendo assim, a contemporaneidade expressa tectonicamente nos 
sistemas construtivos e sintaxes estéticas que refletem o tempo moderno.
Brendle e Vieira (2009) defendem a introdução da arquitetura moderna em áreas de 
interesse patrimonial com contrastes explícitos, com a preexistência em função da 
legibilidade e autenticidade da substância arquitetônica da cidade. 
49
PROJETO │ UNIDADE III
Sendo assim, rejeitam a reprodução de objetos arquitetônicos representativos de 
um tempo anterior e assumem uma postura anti-histórica, que, de acordo Tafuri 
(1979, p. 39), tem Brunelleschi como protagonista da primeira vanguarda artística 
no sentido moderno.Isso não significa necessariamente a colisão com a forma da 
cidade tradicional, como argumenta Cesare Brandi (1963), por meio da defesa da 
preservação da dupla polaridade histórica e estética, descartando tanto a falsidade 
histórica quanto a ofensa estética.
Ao se averiguar estudos já realizados, fica notória a percepção de que a teoria moderna 
de restauro, a qual traz uma abordagem de que preservação e modernidade são 
complementares e que a cidade contemporânea, é resultado do somatório de várias 
épocas históricas, incluindo o presente. Afinal, desde o ano de 1933 que a Carta de 
Atenas fala: “Copiar servilmente o passado é condenar-se à mentira, é erigir o falso 
como princípio”.
Diante o que está sendo discutido, é pertinente abordar acerca da construção 
urbana, como também da situação urbana dos vazios. Para tanto, em linhas 
gerais, pode-se comentar que, ao se analisar a legitimidade, é permitido 
entender, a partir de alguns aspectos históricos urbanos, a formação do processo 
e concentração das áreas de vazio em um determinado espaço que foi estudado.
Com isso, é pertinente descrever alguns elementos que se depreendem, com 
sua maior permanência no processo de expansão urbana, desempenhando um 
importante papel de estruturação, sendo assim, destacam-se entre eles, como 
exemplos: o sistema montanhoso, a passagem de um rio, os eixos viários, centro 
histórico, aeroporto e as zonas das indústrias. 
É necessário saber que, por meio de uma síntese amplificada, percebe-se que com 
a verificação do sítio físico, do traçado, do parcelamento e do conjunto edificado, 
pode-se determinar a estrutura morfológica de uma cidade. 
Essa estrutura pode ser caracterizada, principalmente, pelo sítio físico, percebendo-se, 
por exemplo, que um sistema de montanhas e a rede hidrográfica funcionam como 
elementos condicionantes da paisagem e do processo de ocupação de um território. 
A importância do sítio físico se confirma com o traçado urbano. Nesse ínterim, 
elementos naturais de uma cidade podem constituir eixos estruturados de 
ligações entre cidades, por exemplo. Com isso, vários eixos viários se articulam 
entre si e consoante aos demais elementos do traçado, formando um sistema de 
ligações urbanas.
50
UNIDADE III │ PROJETO
Todavia, a marcante direção dos elementos condicionantes de um sítio físico e 
de um traçado urbano pode dificultar a construção transversal desse sistema, 
o que gera desequilíbrios espaciais entre as áreas de planície e de elevação. 
O desequilíbrio morfológico se torna mais evidente com a verificação do 
parcelamento urbano e do conjunto edificado. 
Em Medelín, na Colômbia, em virtude do cenário local, é necessário saber que, 
por meio da verificação de um conjunto edificado, as áreas planas e centrais do 
vale, por exemplo, podem se caracterizar por estarem ocupadas com edificações 
horizontais e com áreas de vazio industrial.
Entretanto, essa situação tem acelerado processos de adensamento urbano em 
áreas que, segundo suas características, localização e topográfica, apresentam 
alta complexidade geológica e alta vulnerabilidade frente a desastres naturais. 
Adicionalmente, o desequilíbrio morfológico está condicionado à inserção do 
aeroporto que limita a altura das edificações, impactando a forma urbana.
Alguns autores, como Moudon (1997), levam em consideração que a forma 
urbana também pode ser compreendida historicamente, quando os elemento que 
a constituem sofrem uma constante transformação e substituição. Contudo, nessa 
pesquisa, a história urbana se constitui em variável fundamental para a análise da 
legitimidade e, portanto, não se considera na análise do sistema morfológico.
Dessa forma, verifica-se que a análise morfológica se baseia nas variáveis 
mais refratarias da forma urbana: o sítio físico, o traçado e o parcelamento, 
considerando-se também o conjunto edificado, os quais são definidos a seguir.
 » Sítio físico – está relacionado com o espaço geográfico. O sítio é o 
espaço que será implantado a cidade. Essa variável averigua a forma 
do contexto paisagístico, relevo, hidrografia, vegetação, entre outros, 
no tocante a inferir suas características na configuração do espaço 
urbano.
 » Traçado – pode ser definido como sendo um espaço aberto 
demarcado pelos eixos dos canais usados como superfícies de tráfego 
de qualquer tipo. A disposição desses espaços abertos, adjacentes 
e interdependentes dentro da malha urbana tem sido analisada 
geralmente “em suas características funcionais, como base do sistema 
de deslocamento e comunicação do tecido urbano” (KOHLSDORF, 
1996, p. 143). A análise dessa variação mostra as áreas da cidade 
mais e menos conectadas e acessíveis, permitindo, desse modo, a 
compreensão dos processos de expansão urbana.
51
PROJETO │ UNIDADE III
 » Parcelamento – pode ser entendido por meio da existência de 
duas instâncias para a observação e para a análise dessa variável 
(KOHLSDORF, 1996): as quadras (macroparcelas) e as parcelas no 
interior das quadras (microparcelas). Sendo assim, a análise de uma 
quadra, onde pode ser vista a sua capacidade para compor tecidos 
urbanos, os mais decisivos para as relações urbanas e os processos de 
apropriação da cidade.
 » Conjunto edificado – já essa variável analisa os elementos 
construídos que marcam a forma urbana por seu grau de 
permanência, quando associados ao domínio público, ou por 
representar delimitações importantes no espaço urbano. Isso pode 
ser exemplificado pelos centros históricos das cidades, pelos espaços 
e equipamentos públicos e coletivos representativos como parques, 
mercados, universidades; as barreiras ou fronteiras espaciais como 
grandes infraestruturas de portos e aeroportos ou as vastas áreas 
homogêneas, como os vazios urbanos. 
A imagem a seguir está ilustrando um modelo de intervenção contemporânea 
em cenários históricos, a qual representa um contraste na arquitetura. Pode-se 
notar a Pirâmide do Louvre (Figura 25) ou a estrutura metálica incrustada no 
Royal Ontario Museum, de Toronto (Figura 24).
Figura 24. Intervenção da arquitetura moderna: Royal Ontario Museum.
Fonte: grouptourmagazine.com/royal-ontario-museum.
52
UNIDADE III │ PROJETO
A figura 25 é a imagem da Pirâmide do Louvre, sendo ela composta por uma 
estrutura de forma piramidal, construída em vidro e metal, rodeada por três 
pirâmides menores, no pátio principal do Palácio do Louvre, em Paris, na 
França. A Grande Pirâmide serve de entrada principal ao Museu do Louvre.
Figura 25. Intervenção da arquitetura moderna: Museu do Louvre.
Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/920695/10-intervencoes-contemporaneas-em-museus-historicos/5d1f1c4f284dd15c3d0
0023f-10-historical-museum-buildings-with-contemporary-interventions-photo?next_project=no.
Convém destacar que, mesmo que você entre apenas por acaso em algum 
museu, você sempre sairá de lá aprendendo uma coisa nova. Seja sobre história, 
cultura, arte, curiosidades, o museu tem essa magia de unir conceitos ou um 
conhecimento novo na bagagem da sua vida. Dessa forma, não imagine que 
somente vale a pena visitar os grandes e famosos museus espalhados pelo 
mundo afora, como, por exemplo, o Louvre, o Hermitage ou o Metropolitan.
A figura 26 é a imagem do Instituto Ricardo Brennand, o qual combina arquitetura 
contemporânea com estilo Tudor. O complexo engloba três prédios: o Museu 
Castelo São João, a Pinacoteca, a Galeria e a Capela Nossa Senhora das Graças. 
O museu é referência por ter a maior coleção e documentação iconográfica da 
ocupação holandesa no Nordeste do Brasil.
Figura 26. Intervenção da arquitetura moderna: Museu Ricardo Brennand, Recife-PE.
Fonte: https://www.unitur.com.br/top-10-melhores-museus-do-brasil/.
https://www.archdaily.com.br/br/920695/10-intervencoes-contemporaneas-em-museus-historicos/5d1f1c4f284dd15c3d00023f-10-historical-museum-buildings-with-contemporary-interventions-photo?next_project=no
https://www.archdaily.com.br/br/920695/10-intervencoes-contemporaneas-em-museus-historicos/5d1f1c4f284dd15c3d00023f-10-historical-museum-buildings-with-contemporary-interventions-photo?next_project=no

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