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ANTÍGENOS LEUCOCITÁRIOS HUMANOS (HLA) DO COMPLEXO PRINCIPAL DE HISTOCOMPATIBILIDADE MECANISMOS DO SISTEMA IMUNE O sistema imune desenvolveu-se para proteger o indivíduo de um meio ambiente hostil contendo inumeráveis vírus, bactérias, fungos, vermes e outros parasitas. Para atuar efetivamente o sistema imune deve distinguir entre: antígenos contra os quais uma resposta imune seria benéfica aqueles contra os quais esta tornar-se-ia perniciosa Discriminar o "não-próprio" do "próprio" Através das moléculas do complexo principal de histocompatibilidade (CPH; em inglês, MHC, de major histocompatíbility complex). É reconhecido pelas células T somente em conjunto com moléculas do CPH. T CD4 antígenos em conjunto com moléculas de classe II T CD8 reconhecem antígenos no contexto das moléculas de classe I Durante a embriogênese, um processo de "educação" da célula T ocorre no timo as células T que reconhecem os antígenos no contexto das moléculas do CPH são eliminadas As células T potencialmente reconhecedoras de antígenos estranhos no contexto das moléculas do CPH do próprio indivíduo são selecionadas para sobreviver. Moléculas do CPH Fazem parte da família de "super-genes" de imunoglobulinas e parecem ter evoluído a partir do mesmo gene primordial, como as moléculas de imunoglobulina do receptor da célula T. Os genes codificadores das moléculas do CPH são encontrados agrupados em uma região cromossômica relativamente pequena. É esse grupo de genes que constitui o CPH. O CPH humano • descoberto em meados da década de 1950; • quando anticorpos leucoaglutinantes foram detectados pela vez no soro de pacientes politransfundidos e em 20 a 30% de mulheres multíparas. Cada anti-soro reação positiva com as células de alguns mas não de todos indivíduos Anti-soros diferentes reagiam com as células de populações diferentes, mas sobrepostas, de indivíduos. Tal padrão sugeriu que esses anti-soros estavam detectando aloantígenos (p. ex., antígenos presentes nas células de alguns indivíduos de uma dada espécie), que eram os produtos de, pelo menos, um locus genético polimórfico. Antígenos leucocitários humanos (antígenos HLA) A importância de comparar esses antígenos para o sucesso no transplante de órgãos foi logo constatada e forneceu um importante estímulo para o estudo dos genes que determinam os antígenos leucocitários humanos (antígenos HLA). Em torno de 1973, certos antígenos HLA foram descritos como estando associados a doenças específicas em alta proporção de casos. A delineação inicial do sistema HLA resultou a partir de testes de citotoxicidade, para identificação de antígenos HLA específicos no sistema, combinado ao uso de computadores para codificar os padrões de reação de, literalmente, milhares de aloan-ti-soros anti-HLA. ORIGENS EVOLUTIVAS DO COMPLEXO HLA As origens do CPH podem ser traçadas para os invertebrados superiores. Tem sido proposto que, nesses organismos mais primitivos, surgiu um sistema de reconhecimento que permitia aos indivíduos distinguir o próprio do não-próprio, especialmente no tocante a outros indivíduos da mesma espécie. Sistema de reconhecimento impediu a fusão de membros das espécies, o que, por sua vez, promoveu a diversidade genética EXEMPLO: Se uma colónia de ascídios, que são um exemplo de invertebrado superior, é dividida ao meio, cada metade irá crescer independentemente. Se postas de novo em contato As células no ponto de contato morrem, resultando em uma barreira de material necrotico Experimento repetido com muitas colónias diferentes não relacionadas: A grande maioria de tais fusões não tem sucesso sugerindo que esse sistema de reconhecimento seja altamente polimorfico. É provável que esse sistema de reconhecimento primitivo tenha evoluído para o sistema imune moderno, com o CPH funcionando como um elemento central. ESTRUTURA, DISTRIBUIÇÃO TECIDUAL E FUNÇÃO DAS MOLÉCULAS DO HLA As moléculas do HLA e os genes que as codificam situam- se em três categorias: classes I, II e III As moléculas do HLA de classes I e II são glicoproteínas da superfície celular e membros da superfamília de genes das imunoglobulinas; são diferenciáveis com base nas suas estruturas, distribuição tecidual e função Estrutura das moléculas do HLA de classe l As moléculas HLA -A. -B, e - C consistem cada uma, em uma estrutura de duas cadeias . A cadeia pesada ou α (PM 44.000) é uma glicoproteína polimórfica determinada pelo genes no complexo HLA e está ligada de forma não-covalente, a uma proteína não- polimórfica de PM 12 000, β2microglobulina, determinada por um gene no cromossomo 15 . β2microglobulina Cadeia α Molécula ancorada na membrana Região exrtra- celular dividida em três domínios designados de α1, α2 e α3. A cadeia contém 388 resíduos de aminoácidosdos e pode ser dividida em três regiões: 1. região hidrofílica extra-celular (resíduos l a 281), 2. região hidrofóbica transmembrana (resíduos 282 a 306) 3. região intracelular hidrofílica (resíduos 307 a 338). Inter-relacões entre estrutura e função de moléculas do HLA de classe l A β-microglobulina e o domínio α3 possuem uma estrutura de "alça β pregueada” e forma a parte inferior da molécula Os domínios α1 e α2 consistem, cada um, em quatro fitas e uma hélice, que formam a porção superior da molécula. As oito fitas desses dois domínios formam uma alça β pregueada, que atua como uma plataforma para sustentar as duas α-hélices. Essas α-hélices criam um sulco ou fenda, que serve como sítio de ligação ao antígeno, para encaixar o fragmento peptídico apropriadamente processado a partir de um antígeno maior. MOLÉCULA HLA EM VISTA LATERAL: Inter-relacões entre estrutura e função de moléculas do HLA de classe l O sítio de ligação ao antígeno varia de uma molécula de classe I para outra, e uma dada molécula de classe I pode-se ligar somente a um número limitado de fragmentos peptídicos. As duas α-hélices, junto com o fragmento antigênico ligado, formam um ligante reconhecido pelo receptor de células T em uma célula T CD8 restrita a classe I. A maior parte do polimorfismo das moléculas da classe I está concentrada nessas α-hélices e na porção da plataforma de alça β pregueada que forma a base para essa fenda. Função das moléculas do HLA de classe l As moléculas do HLA de classe I estão presentes na superfície de todas as células nucleadas, o que é apropriado para seu papel fisiológico Para que um antígeno seja reconhecido por um linfócito TCD8 (geralmente citotóxico), o antígeno deve ser reconhecido em combinação com uma molécula de classe Restrição do HLA EXEMPLO: Quando um vírus infecta uma célula, certos antígenos virais são metabolizados em fragmentos peptídicos que, então, se ligam pela molécula de classe I e são apresentados às células CD8 citotóxicas (destruidoras). O receptor para antígeno de um dado linfócito T irá reconhecer um peptídio viral específico somente no contexto de uma molécula do HLA de classe I específica. Esses receptores não reconhece: -o peptídio viral específico ligado por uma molécula de classe I diferente, - um peptídio viral diferente ligado a uma molécula de classe I específica, - a molécula de classe I sozinha Durante a rejeição do transplante As moléculas de classe I estranhas (com um peptídio ainda não-identificado) que são reconhecidas pêlos linfócitos T CD8 do hospedeiro. 2. MOLÉCULAS DO HLA DE CLASSE II As moléculas do HLA de classe II DR, DP e DQ também são estruturas de duas cadeias. Diferente das moléculas de classe I, todavia, ambas as cadeias são codificadas por genes dentro do complexo HLA. Estrutura das moléculas do HLA de classe II Cada moléculade classe II é um heterodímero constituído por duas cadeias glicoprotéicas, uma cadeia α (PM 34.000) e uma cadeia β (PM 29.000), em associação não- covalente. Função das moléculas do HLA de classe II Distribuição celular limitada; São encontradas principalmente em células imunocompetentes, linfócitos B, células apresentadoras de antígeno (macrófagos e células dendríticas) e em células T ativadas, em seres humanos. Além disso, células que não expressam normalmente moléculas de classe II (como células T em repouso, células endoteliais e células da tireóide) podem ser induzidas a expressá-las. Associações entre HLA e doenças A função das moléculas de classe II é a de apresentar o fragmento peptídico antigênico processado aos linfócitos T CD4 durante a iniciação da resposta imune. Função das moléculas do HLA de classe II Transplante de medula óssea (condição não fisiológica normal: As moléculas de classe II que ligaram peptídios antigênicos não- identificados nas células do hospedeiro Desencadeiam uma resposta a partir das células T do doador enxertadas, resultando em uma reação enxerto contra o hospedeiro. NOMENCLATURA E ORGANIZAÇÃO GENÉTICA DO SISTEMA HLA Nomenclatura e loci genéticos A nomenclatura do sistema HLA é determinada pelo Comité de Nomenclatura de HLA da Organização Mundial de Saúde. O complexo de histocompatibilidade, como um todo, é designado complexo HLA. Ele ocupa um segmento de aproximadamente 3.500 quilobases (kb) no braço curto do cromossoma 6 Um locus é a posição de um dado gene nos cromossomas. A posição das regiões uma em relação à outra e ao centrômero, bem como as distâncias aproximadas entre as regiões, são mostradas em quilobases. Os loci de genes HLA- A, B e C determinam as moléculas de classe I, que compreendem antígenos de classe I, e as sub-regiões de genes HLA -DR, DQ e DP, cada uma das quais contém vários loci adicionais, determinam as moléculas de classe II, que compreendem os antígenos de classe II. O complemento ou região de classe III do HLA foi mapeado entre as regiões HLA -B e DR. Os genes determinantes da 21-hidroxilase A e B da via biossintética de esteróides também são encontrados aqui. Os genes para os fatores de necrose tumoral α e β (linfocitotoxinas) foram recentemente mapeados entre as regiões do complemento e HLA-B Recordando: Os alelos são as formas alternativas do mesmo gene. Por exemplo, o gene B que determina a característica presença de chifres em bovinos, esse gene possui dois alelos: B1 e b. O alelo B1 leva ausência de chifres (mocho) e o alelo b leva a presença de chifres O sistema HLA é extremamente polimórfico, tendo múltiplas formas alternativas ou alelos do gene em cada locus conhecido: Exemplo: Há, pelo menos, 24 alelos distintos no locus HLA-A e, pelo menos, 50 alelos distintos no locus HLA-B. Cada alelo determina a estrutura da cadeia glicoprotéica. http://pt.wikipedia.org/wiki/Gene Os sete grupos de antígenos oficialmente reconhecidos pelo Comité de Nomenclatura de HLA são: HLA-A, B, C, D, DR, DQ e DP. Antígenos que ainda não foram reconhecidos oficialmente são designados por "w" (de workshop, do inglês, que significa grupo de trabalho) colocado antes do número, p. ex., HLA-DRwl Antígenos do HLA públicos e privados Antígenos do HLA encontrados em uma única molécula (e não em outra) são designados antígenos HLA privados. Em contraste, antígenos HLA públicos são determinantes comuns a várias moléculas do HLA, cada um dos quais, adicionalmente, apresenta um antígeno HLA privado distinto. Quadro 4.3 Antigenos privados do locus B associados a antigenos públicos HLA-Bw4 e HLA- Bw61 ______ Bw4 B5, B13, B17, B27, B37, 638(16), B44(12), Bw47, 649(21), B51(5), Bw52(5), 6w53, 8w57(17), 6w58(17), Bw59, Bw63(15), Bw77(15) Bw6 B7, 68, B14, B18, Bw22, 635, 639(16), 640, Bw41, Bw42, 645(12), 6W46, Bw48, Bw50(21), Bw54(w22), 8w55(w22), 6w56(w22), 6w60(40), Bw61(40), Bw62(15), Bw64(14), Bw65(14), Bw67, Bw70,8w71(w70), Bw72(w70), 6w73, 6w75(15), Bw76(15)_______________ 1Os números entre parênteses indicam moléculas HLA parentais a partir das quais esses antigenos foram derivados (ver texto e Quadro 4.4).
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