Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
P E D IA T R IA e m P e q u e n o s A n im a is P e te rs o n K u tzle r Pequenos Animais P E D I A T R I A Michael E. Peterson | Michelle KutzlerAnne em Pequenos Animais P E D I A T R I A Michael E. Peterson | Michelle KutzlerAnne em TRATE CUIDADOSAMENTE OS PACIENTES CANINOS E FELINOS DURANTE O CRÍTICO PRIMEIRO ANO DE VIDA Proporcionando um rápido e fácil acesso a informações essenciais, esta referência prática para os veterinários clínicos generalistas compila as últimas informações no campo em rápido desenvolvimento da pediatria canina e felina, desde os cuidados pré-natais até um ano de idade. Pediatria em Pequenos Animais inclui um resumo abrangente de tópicos, como cuidados pré-natais da cadela e da gata, exames físicos normais, mortalidade neonatal e abordagem diagnóstica e terapêutica dos jovens pacientes. Este texto inclui também informações que costumam ser difíceis de se encontrar, como aquelas sobre formulários pediátricos, cuidados de órfãos, valores de patologia clínica e diretrizes de crescimento e desenvolvimento normal. Neste livro, você encontra ainda: • Um recurso prático e clinicamente orientado para um diagnóstico único e desafios de tratamentos apresentados pelos pacientes animais pediátricos e jovens. • Uma cobertura abrangente de todos os problemas especiais encontrados no tratamento pediátrico de filhotes de cães e gatos. • Diretrizes claras para importantes procedimentos clínicos e técnicas para os mais vulneráveis dos pacientes caninos e felinos, incluindo cateterização intraóssea e fluidoterapia, venipuntura e alimentação por sonda. • Um capítulo de radiologia com exemplos e extensa discussão da interpretação de radiografias normais para várias faixas etárias, a partir dos 3 dias de vida. • Diretrizes para modelagem e implementação de um programa de bem-estar pediátrico de sucesso adaptados à sua própria prática clínica. • Novas informações-chave sobre o desenvolvimento do comportamento de filhotes de cães e gatos, incluindo guia para prevenção e intervenção em problemas comportamentais, a principal causa da eutanásia em animais de estimação. • Guia para a manutenção sanitária de canis e gatis, assim como considerações sanitárias em medicina de abrigo. www.elsevier.com.br Classificação de Arquivo Recomendada MEDICINA VETERINÁRIA Pequenos Animais P E D I A T R I A Michael E. Peterson | Michelle Anne Kutzler em Michael E. Peterson, DVM, MS Staff Veterinarian Reid Veterinary Hospital Albany, Oregon; Instructor College of Veterinary Medicine Oregon State University Corvallis, Oregon Michelle Anne Kutzler, DVM, PhD, DACT Associate Professor Companion Animal Industries Department of Animal Science College of Agricultural Sciences Oregon State University Corvallis, Oregon Com mais de 260 ilustrações Pequenos Animais P E D I A T R I A Michael E. Peterson | Michelle Anne Kutzler em © 2011 Elsevier Editora Ltda. Tradução autorizada do idioma inglês da edição publicada por Saunders – um selo editorial Elsevier Inc. Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610 de 19/02/1998. Nenhuma parte deste livro, sem autorização prévia por escrito da editora, poderá ser reproduzida ou transmitida sejam quais forem os meios emprega- dos: eletrônicos, mecânicos, fotográfi cos, gravação ou quaisquer outros. ISBN: 978-85-352-4414-4 Copyright © 2011 by Saunders, an imprint of Elsevier Inc. Th is edition of Small Animal Pediatrics: Th e First 12 Months of Life, 1st edition by Michael E. Peterson and Michelle Anne Kutzler is published by arrangement with Elsevier Inc. ISBN: 978-1-4160-4889-3 Capa Folio Design Editoração Eletrônica WM Design Elsevier Editora Ltda. Conhecimento sem Fronteiras Rua Sete de Setembro, nº 111 – 16º andar 20050-006 – Centro – Rio de Janeiro – RJ Rua Quintana, nº 753 – 8º andar 04569-011 – Brooklin – São Paulo – SP Serviço de Atendimento ao Cliente 0800 026 53 40 sac@elsevier.com.br Preencha a fi cha de cadastro no fi nal deste livro e receba gratuitamente informações sobre os lançamentos e promoções da Elsevier. Consulte também nosso catálogo completo, os últimos lançamentos e os serviços exclusivos no site www.elsevier.com.br. NOTA O conhecimento médico está em permanente mudança. Os cuidados normais de segurança devem ser seguidos, mas, como as novas pesquisas e a experiência clínica ampliam nosso conhecimento, alterações no tratamento e terapia à base de fármacos podem ser necessárias ou apropriadas. Os leitores são aconselhados a checar informações mais atuais dos produtos, fornecidas pelos fabricantes de cada fármaco a ser administrado, para verifi car a dose recomendada, o método e a duração da administração e as contraindicações. É responsabilidade do médico, com base na experiência e contando com o conhecimento do paciente, determinar as dosagens e o melhor tratamento para cada um individualmente. Nem o editor nem o autor assumem qualquer responsabilidade por eventual dano ou perda a pessoas ou a propriedade originada por esta publicação. O Editor CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ P578p Peterson, Michael E. (Michael Edward), 1953- Pediatria em Pequenos Animais / Michael E. Peterson, Michelle Anne Kutzler ; [tradução Renata Scavone de Oliveira ... et al.]. - 1.ed. - Rio de Janeiro : Elsevier, 2011. 544p. : il. ; 28cm Tradução de: Small Animal Pediatrics Inclui bibliografi a e índice ISBN 978-85-352-4414-4 1. Pediatria veterinária. 2. Medicina veterinária. 3. Cão - Filhotes - Doenças. 4. Gato - Filhotes - Doenças. I. Título. 11-2000. CDD: 636.089 CDU: 636.09 REVISÃO CIENTÍFICA Mitika Kuribayashi Hagiwara Professora Colaboradora do Programa de Pós-graduação em Clínica Veterinária da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (FMVZ-USP) TRADUÇÃO Adriana Pittella Sudré (Cap. 19) Médica Veterinária pela Universidade Federal Fluminense (UFF), Rio de Janeiro Mestre em Patologia pela Universidade Federal Fluminense (UFF), Rio de Janeiro Professora do Departamento de Microbiologia e Parasitologia da Universidade Federal Fluminense (UFF), Rio de Janeiro Alcir Costa Fernandes Filho (Caps. 21, 23 e 25) Tradutor pela Universidade Estácio de Sá (Unesa), Rio de Janeiro Certifi cado de Profi ciência pela University of Michigan, EUA Adriana de Siqueira (Cap. 40) Médica Veterinária pela Universidade Federal do Paraná Pós-Graduanda do Programa de Patologia Experimental e Comparada pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (FMVZ-USP) Aline Santana da Hora (Cap. 33) Médica Veterinária pela Universidade do Estado de Santa Catarina (CAV-UDESC) Doutoranda em Epidemiologia Experimental Aplicada às Zoonoses pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (FMVZ-USP) Mestre em Clínica Veterinária pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (FMVZ-USP) Aline Paula de Oliveira (Cap. 35) Médica Veterinária e Perita Criminal da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro Mestre em Ciências pela Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ/RJ) Claudia Coana (Caps. 44 e 45) Bacharel em Letras/Tradução pelo Centro Universitário Ibero-Americano (UNIBERO) – São Paulo. Danuza Mattos (Cap. 46) Médica Veterinária pela Universidade Federal Fluminense (UFF), Rio de Janeiro Mestre em Ciências pela Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ/RJ) Doutoranda em Medicina Veterinária pela Universidade Federal Fluminense (UFF), Rio de Janeiro Professora Assistente do Departamento de Microbiologia e Parasitologia da Universidade Federal Fluminense (UFF), Rio de Janeiro Doinguita Lühers Graça (Cap. 42) Médica Veterinária pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFSM) Ex-ProfessoraTitular do Departamento de Patologia da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFSM) PhD pela Universidade de Cambridge, UK Eduardo Kenji Nunes Arashiro (Cap. 39) Médico Veterinário pela Universidade Federal Fluminense (UFF), Rio de Janeiro Mestre em Ciências Veterinárias pela Universidade Federal Fluminense (UFF), Rio de Janeiro Doutorando em Ciência Animal pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) REVISÃO CIENTÍFICA E TRADUÇÃO Elaine Cristina Soares (Cap. 32) Médica Veterinária pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (FMVZ-USP) Mestre em Clínica Veterinária pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (FMVZ-USP) Doutora em Clínica Veterinária pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (FMVZ-USP) Fernando Diniz Mundim (Caps. 26 e 27) Professor Adjunto, Instituto de Psiquiatria, Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Joana Barros Frota (Caps. 15-18, 20) Médica Veterinária pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP), Botucatu – São Paulo Especialização em Patologia Clínica Veterinária pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (FMVZ-USP) Kalan Violin (Cap. 43) Médico Veterinário pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (FMVZ-USP) Patologista Veterinário pelo Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (FMVZ-USP) Mestre em Ciências pelo Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (FMVZ-USP) Marina Godoy Gimeno (Caps. 28-30) Médica Veterinária Patologista pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (FMVZ-USP) Residência pelo serviço de Patologia Animal da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (FMVZ-USP) Pós-graduanda do Departamento de Patologia da Universidad de Zaragoza (UNIZAR) – Zaragoza-España Maria Eugênia Laurito Summa (Cap. 38) Médica Veterinária pela Universidade de São Paulo (USP) Maria Helena Lucatelli (Cap. 37) Médica Veterinária pela Universidade de São Paulo (USP) Residência em Clínica e Cirurgia de Pequenos Animais pela Universidade de São Paulo (USP) Marcos Makoto Ishizaki (Caps. 2, 24) Médico Veterinário pela Universidade Federal Fluminense (UFF), Rio de Janeiro Mestre em Clínica e Cirurgia Veterinária pela Universidade Federal Fluminense (UFF), Rio de Janeiro Natália C. C. de A. Fernandes (Cap. 22, 31) Médica Veterinária Patologista pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (FMVZ-USP) Pedro Pinczowski (Caps. 34 e 41) Médico Veterinário pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP), Botucatu, São Paulo Residência em Patologia Animal pela UNIFEOB, São João da Boa Vista, São Paulo Mestre em Patologia Animal pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, UNESP, Botucatu Doutorando do Departamento de Patologia Animal da Universidade de Zaragoza, Espanha Renata Jurema Medeiros (Caps. 7, 8 e índice) Mestre pela Faculdade de Veterinária da Universidade Federal Fluminense (UFF), Rio de Janeiro Renata Scavone de Oliveira (Caps. 9-11, 14) Médica Veterinária pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (FMVZ-USP) Doutora em Imunologia (Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP) Rosana Delamanha (Cap. 3) Língua e Literatura Inglesas pela Pontífi cia Universidade de São Paulo (PUC-SP) Sandra Yumi Hagiwara (Caps. 12, 13) Tradutora Silvia M. Spada (Caps. 4-6) Graduada em Letras pela Faculdade de Filosofi a, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP) Certifi cação em Tradução pelo Curso Extracurricular de Tradução da Faculdade de Filosofi a, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP) Vivian Lindmayer Ferreira (Caps. 1 e 36) Médica Veterinária pela Universidade de Santo Amaro (UNISA), São Paulo VI REVISÃO CIENTÍFICA E TRADUÇÃO COLABORADORES Barret J. Bulmer, DVM, MS, DACVIM Staff Veterinarian Cummings School of Veterinary Medicine Tufts University North Grafton, Massachusetts Sistema Cardiovascular Sharon A. Center, DVM, DACVIM Professor Department of Clinical Sciences College of Veterinary Medicine Cornell University Ithaca, New York Fígado, Trato Biliar e Pâncreas Exócrino Joshua Daniels, DVM, PhD, DACVM Assistant Professor Department of Veterinary Clinical Sciences College of Veterinary Medicine Th e Ohio State University Columbus, Ohio Infecções Bacterianas Craig Datz, DVM, MS, DABVP Assistant Professor Department of Veterinary Medicine and Surgery College of Veterinary Medicine University of Missouri Columbia, Missouri Doenças Parasitárias e por Protozoos es Autumn P. Davidson, DVM, MS, DACVIM Clinical Professor Department of Medicine and Epidemiology School of Veterinary Medicine University of California Davis, California; Staff Internist Department of Internal Medicine VCA Animal Care Center of Sonoma Rohnert Park, California Ultrassonografi a do Paciente Jovem Emilio DeBess, DVM, MPVM State Public Health Veterinarian Acute and Communicable Disease Section Oregon Department of Human Services Portland, Oregon Doenças Zoonóticas Selecionadas: Filhotes de Cães e Gatos Turi K. Aarnes, DVM, MS Clinical Instructor Department of Veterinary Clinical Sciences College of Veterinary Medicine Th e Ohio State University Columbus, Ohio Avaliação e Tratamento da Dor Tomas W. Baker, MS Supervisor Department of Surgery and Radiological Sciences School of Veterinary Medicine University of California Davis, California Ultrassonografi a do Paciente Jovem Karyn E. Bird, DVM, PhD Research Assistant Professor Department of Biomedical Sciences College of Veterinary Medicine Oregon State University Corvallis, Oregon Sistemas Hematológico e Linfoide Linda Lou Blythe, DVM, PhD Professor Department of Biomedical Sciences College of Veterinary Medicine Oregon State University Corvallis, Oregon Sistema Neurológico Edward B. Breitschwerdt, DVM Professor of Medicine and Infectious Disease Department of Clinical Sciences College of Veterinary Medicine North Carolina State University Raleigh, North Carolina Doenças Anteriormente Conhecidas como Riquetsiais: Riquetsioses, Erliquioses, Anaplasmoses e Infecções Neorriquetsiais e por Coxiella Gert J. Breur, DVM, PhD, DACVS Professor Department of Veterinary Clinical Sciences College of Veterinary Medicine Purdue University West Lafayette, Indiana Sistema Musculoesquelético VIII COLABORADORES James F. Evermann, MS, PhD Professor Department of Veterinary Clinical Sciences Washington Animal Disease Diagnostic Laboratory College of Veterinary Medicine Washington State University Pullman, Washington Desenvolvimento Imunológico e Imunização Infecções Virais Kevin T. Fitzgerald, DVM, PhD, DABVP Staff Veterinarian VCA Alameda East Veterinary Hospital Denver, Colorado Cuidados com os Animais Recém-nascidos Infecções Fúngicas Mary B. Glaze, DVM, MS, DACVO Staff Ophthalmologist Gulf Coast Animal Eye Clinic Houston, Texas O Olho Jana M. Gordon, DVM, DACVIM Assistant Professor Department of Clinical Sciences College of Veterinary Medicine Oregon State University Corvallis, Oregon Sistema Urinário M. Elena Gorman, DVM, MS, DACVP Assistant ProfessorDepartment of Biomedical Sciences College of Veterinary Medicine Oregon State University Corvallis, Oregon A Bioquímica Clínica de Filhotes de Cães e Gatos Deborah S. Greco, DVM, PhD, DACVIM Senior Research Scientist Department of Technical Communication Nestle Purina Petcare St. Louis, Missouri Sistema Endócrino Diane Heider, DVM Staff Veterinarian Willamette Veterinary Hospital Corvallis, Oregon Padrões de Cuidados em Pediatria Melissa A. Kennedy, DVM, PhD, DACVM Associate Professor Department of Comparative Medicine College of Veterinary Medicine University of Tennessee Knoxville, Tennessee Infecções Virais Linda B. Kidd, DVM, PhD, DACVIM Assistant Professor, Department of Clinical Sciences College of Veterinary Medicine Western University of Health Sciences Pomona, California Doenças Anteriormente Conhecidas como Riquetsiais: Riquetsioses, Erliquioses, Anaplasmoses e Infecções Neorriquetsiais e por Coxiella Michelle Anne Kutzler, DVM, PhD, DACT Associate Professor Companion Animal Industries Department of Animal Science College of Agricultural Sciences Oregon State University Corvallis, Oregon Sistema Urinário Trato Reprodutivo Christiane V. L ö hr, Dr. med. vet., PhD, DACVP Associate Professor Department of Biomedical Sciences College of Veterinary Medicine Oregon State University Corvallis, Oregon Exame Post Mortem dos Filhotes de Cães e Gatos Andrew U. Luescher, Dr. med. vet., PhD, DACVB, ECVBM-CA Director Animal Behavior Clinic Associate Professor Department of Veterinary Clinical Sciences College of Veterinary Medicine Purdue University West Lafayette, Indiana Desenvolvimento Comportamental Canino John Mata, PhD Senior Research Assistant Professor Department of Biomedical Sciences College of Veterinary Medicine Oregon State University Corvallis, Oregon Considerações Farmacológicas em Pacientes Jovens COLABORADORES IX John S. Mattoon, DVM, DACVR Professor Department of Veterinary Clinical Sciences College of Veterinary Medicine Washington State University Pullman, Washington Considerações Radiográfi cas do Paciente Jovem Sean P. McDonough, DVM, PhD, DACVP Associate Professor Department of Biomedical Sciences College of Veterinary Medicine Cornell University Ithaca, New York Sistema Musculoesquelético Maureen A. McMichael, DVM, DACVECC Associate Professor Department of Veterinary Clinical Medicine College of Veterinary Medicine University of Illinois Urbana, Illinois Emergência e Questões Relacionadas ao Cuidado Intensivo James B. Miller, MS, DVM, DACVIM Professor Department of Companion Animals Atlantic Veterinary College University of Prince Edward Island Charlottetown, Prince Edward Island Canada Abordagem do Paciente Febril Cornelia Mosley, DVM, DACVA Assistant Professor Department of Veterinary Clinical Sciences College of Veterinary Medicine Oregon State University Corvallis, Oregon Anestesia no Paciente Pediátrico Craig A.E. Mosley, DVM, MSc, DACVA Assistant Professor Department of Clinical Studies College of Veterinary Medicine Oregon State University Corvallis, Oregon Anestesia no Paciente Pediátrico William W. Muir, III, DVM, PhD, DACVA, DACVECC Chief Medical Offi cer Th e Animal Medical Center New York, New York Avaliação e Tratamento da Dor Kristin L. Newquist, BS, AAS, CVT General and Exotic Practice Technician VCA Alameda East Veterinary Hospital Denver, Colorado Cuidados com os Animais Recém-nascidos Infecções Fúngicas Mark G. Papich, DVM, MS, DACVCP Professor Department of Molecular Biomedical Sciences College of Veterinary Medicine North Carolina State University Raleigh, North Carolina Considerações Farmacológicas em Pacientes Jovens Michael E. Peterson, DVM, MS Staff Veterinarian Reid Veterinary Hospital Albany, Oregon; Instructor College of Veterinary Medicine Oregon State University Corvallis, Oregon Crescimento Cuidado do Filhote de Cão e Gato Órfão Mortalidade Neonatal Considerações Toxicológicas em Pacientes Jovens Sistema Digestório Jon D. Plant, DVM, DACVD Medical Specialist in Dermatology Central Team Support Banfi eld, Th e Pet Hospital Portland, Oregon A Pele e a Orelha Heather Prendergast, RVT Practice Manager Jornada Veterinary Clinic Las Cruces, New Mexico Requisitos Nutricionais e Alimentação de Filhotes de Cão e Gato em Crescimento Abordagem Clínica dos Distúrbios Nutricionais na Pediatria Lisa Radosta, DVM, DACVB Owner Florida Veterinary Behavior Service West Palm Beach, Florida Desenvolvimento Comportamental Felino Valeria Rickard, DVM Owner and Chief of Staff North Oatlands Animal Hospital, PC Leesburg, Virginia Do Nascimento às Primeiras 24 Horas X COLABORADORES Margaret V. Root Kustritz, DVM, PhD, DACT Associate Professor, Vice-Chair Department of Veterinary Clinical Sciences Assistant Dean of Education College of Veterinary Medicine University of Minnesota St. Paul, Minnesota Anamnese e Exame Físico do Neonato Histórico e Exame Físico do Desmamado e do Adolescente Craig Ruaux, BVSc, PhD, MACVSc, DACVIM Assistant Professor Department of Clinical Sciences College of Veterinary Medicine Oregon State University Corvallis, Oregon Sistema Respiratório Bernard S é guin, DVM, MS, DACVS Associate Professor Department of Clinical Sciences College of Veterinary Medicine Oregon State University Corvallis, Oregon Considerações Cirúrgicas no Paciente Jovem Frances O. Smith, DVM, PhD Reproduction Specialist Smith Veterinary Hospital Burnsville, Minnesota Cuidado Pré-natal na Cadela e na Gata Erick Spencer, DVM Assistant Professor Department of Veterinary Clinical Sciences College of Veterinary Medicine Washington State University Pullman, Washington Infecções Bacterianas Patricia A. Talcott, MS, DVM, PhD, DABVT Associate Professor Department of Veterinary and Comparative Anatomy, Pharmacology and Physiology College of Veterinary Medicine Washington State University Pullman, Washington Uso Efetivo de um Laboratório de Diagnóstico Médico-Veterinário Rory J. Todhunter, BVSc, MS, PhD, DACVS Professor Department of Clinical Sciences College of Veterinary Medicine Cornell University Ithaca, New York Sistema Musculoesquelético Andrea Van de Wetering, DVM, FAVD Owner and Chief of Staff Advanced Pet Dentistry Corvallis, Oregon Estrutura Dentária e Cavidade Oral Michael Weh, DVM, DACVS Assistant Professor Department of Small Animal Medicine and Surgery College of Veterinary Medicine University of Georgia Athens, Georgia Tratamento da Fratura Pediátrica Tamara B. Wills, DVM, MS, DACVP Assistant Professor Department of Veterinary Clinical Sciences College of Veterinary Medicine Washington State University Pullman, Washington Desenvolvimento Imunológico e Imunização Para minha esposa Kate e meus fi lhos Greyson, Rosie, Rube e Cory. Gostaria de expressar minha gratidão a Tim Reid e à equipe do Reid Veterinary Hospital pelo apoio ao meu desenvolvimento acadêmico. Michael E. Peterson Ao meu marido Sean e aos meus fi lhos Courtney, Colleen e Connor Michelle Anne Kutzler AGRADECIMENTOS Admiro particularmente meu bom amigo e colega Dr. Mike Peterson, por ser ele a força constante deste livro. Obrigada, Mike. Além disso, eu sou muito grata acada autor individualmente, por compartilhar tempo, sabedoria e paixão pela pediatria de pequenos animais. Eles foram o instrumental básico e estou em dívida com cada um por suas contribuições. Um agradecimento especial vai para a Elsevier, por identifi car a necessidade e o compromisso constante em fornecer alta qualidade de informações para os profi ssionais da saúde e por apoiar o processo. Trabalhar com a Editora de Desenvolvimento Maurren Slaten foi uma felicidade. E gostaria de agradecer à minha família: minha mãe, que me ajudou com a edição; e a meu marido e meus fi lhos, em cujos eventos eu pude estar presente somente em espírito. Michelle Anne Kutzler Em primeiro lugar, gostaria de demonstrar minha profunda admi- ração por minha esposa Kate, que consegue apoiar meus projetos literários e nunca me fala “Eu te disse”, quando surgem obstáculos. No entanto, ela é mestre em me olhar com uma sobrancelha levan- tada sempre que eu reclamo. Muito obrigado também a Maurren Slaten, da Elsevier, pelo profi ssionalismo, pela dedicação e pela paciência durante todo o processo. Além disso, foi um prazer tra- balhar com David Stein e seu grupo de produção. Michael E. Peterson Minha inspiração para este trabalho foi o Dr. Johnny D. Hoskins, por sua liderança no campo de pediatria de pequenos animais. Também me inspirei pelos vários anos de questões vindas de veterinários e estudantes de veterinária, assim como de criadores de cães e gatos. PREFÁCIO desenvolvimento do comportamento e outros tópicos. São forneci- das discussões sobre mortalidade neonatal, emergência e cuidados críticos e desenvolvimento imunológico. A segunda seção, “Doenças Infecciosas Comuns em Filhotes de Cães e Gatos”, inclui capítulos de infecções bacterianas, virais, fúngicas, riquetsiais e parasitológicas. A terceira seção, “Abordagens Diagnóstica e Terapêutica do Paciente Pediátrico”, possui capítulos com tópicos como radiologia, ultrassom, anestesia, cirurgia, farma- cologia, manejo da dor, toxicologia e patologia clínica. A quarta seção, “Abordagem Clínica Sistemática para o Diag- nóstico e Tratamento das Afecções Pediátricas”, compreende todos os sistemas dos órgãos (ex. cardiovascular, respiratório, dental, uri- nário, reprodutivo). Cada capítulo nesta seção foi projetado para abordar cada sistema de órgãos específi co com uma descrição do desenvolvimento normal até este sistema ser o mesmo do adulto (este irá variar conforme os sistemas são descritos) seguidos de descrições de anormalidades congênitas comuns e termina com condições adquiridas comuns. Michael E. Peterson e Michelle Anne Kutzler O estudo sobre cuidados neonatais e pediatria veterinária ainda estão muito no início e é mais avançado na área de grandes animais, especifi camente em cavalos. Nos últimos anos, as conferências de veterinária identifi caram a neonatologia e a pediatria de felinos e caninos como áreas em que os profi ssionais estão interessados em adquirir conhecimentos e treinamento adicionais. Cães e gatos pediátricos não são adultos pequenos, mas apresentam característi- cas anatômicas e fi siológicas distintas que devem ser levadas em consideração. Nosso propósito em desenvolver este texto é reunir em um livro as informações atuais disponíveis no manejo de fi lhotes de cães e gatos, desenvolvimento normal, medicina interna e cirurgia. O livro foi desenvolvido por veterinários, mas pode ser útil para criadores experientes. Todos os capítulos estão focados em consi- derações específi cas para os fi lhotes de cães e gatos neonatos e pediátricos. Os textos foram organizados em quatro seções. A primeira, “Considerações Gerais”, engloba os cuidados pré-natais da cadela e da gata até o nascimento. Como realizar exames físicos, manejo recomendado, necessidades nutricionais, cuidados com os órfãos, SUMÁRIO SEÇÃO II: DOENÇAS INFECCIOSAS COMUNS EM FILHOTES DE CÃES E GATOS 15. Infecções Bacterianas, 113 Joshua Daniels, Erick Spencer 16. Infecções Virais, 119 James F. Evermann, Melissa A. Kennedy 17. Infecções Fúngicas, 130 Kevin T. Fitzgerald, Kristin L. Newquist 18. Doenças Anteriormente Conhecidas como Riquetsiais: Riquetsioses, Erliquioses, Anaplasmoses e Infecções Neorriquetsiais e por Coxiella, 143 Linda B. Kidd, Edward B. Breitschwerdt 19. Doenças Parasitárias e por Protozooses, 154 Craig Datz 20. Abordagem do Paciente Febril, 161 James B. Miller SEÇÃO III: ABORDAGENS DIAGNÓSTICA E TERAPÊUTICA DO PACIENTE PEDIÁTRICO 21. Considerações Radiográfi cas do Paciente Jovem, 169 John S. Mattoon 22. Ultrassonografi a do Paciente Jovem, 192 Tomas W. Baker, Autumn P. Davidson 23. Anestesia no Paciente Pediátrico, 202 Craig A.E. Mosley, Cornelia Mosley 24. Considerações Cirúrgicas no Paciente Jovem, 209 Bernard Séguin 25. Tratamento da Fratura Pediátrica, 212 Michael Weh 26. Avaliação e Tratamento da Dor, 220 Turi K. Aarnes, William W. Muir, III SEÇÃO I: CONSIDERAÇÕES GERAIS 1. Cuidado Pré-natal na Cadela e na Gata, 1 Frances O. Smith 2. Do Nascimento às Primeiras 24 Horas, 11 Valeria Rickard 3. Anamnese e Exame Físico do Neonato, 20 Margaret V. Root Kustritz 4. Histórico e Exame Físico do Desmamado e do Adolescente, 28 Margaret V. Root Kustritz 5. Crescimento, 34 Michael E. Peterson 6. Cuidados com os Animais Recém-nascidos, 44 Kevin T. Fitzgerald, Kristin L. Newquist 7. Padrões de Cuidados em Pediatria, 53 Diane Heider 8. Requisitos Nutricionais e Alimentação de Filhotes de Cão e Gato em Crescimento, 58 Heather Prendergast 9. Cuidado do Filhote de Cão ou Gato Órfão, 67 Michael E. Peterson 10. Emergência e Questões Relacionadas ao Cuidado Intensivo, 73 Maureen A. McMichael 11. Mortalidade Neonatal, 82 Michael E. Peterson 12. Desenvolvimento Comportamental Felino, 88 Lisa Radosta 13. Desenvolvimento Comportamental Canino, 97 Andrew U. Luescher 14. Desenvolvimento Imunológico e Imunização, 104 James F. Evermann, Tamara B. Wills XVI SUMÁRIO 27. Considerações Farmacológicas em Pacientes Jovens, 233 John Mata, Mark G. Papich 28. Considerações Toxicológicas em Pacientes Jovens, 244 Michael E. Peterson 29. O Uso Efetivo de um Laboratório de Diagnóstico Médico-veterinário, 252 Patricia A. Talcott 30. A Bioquímica Clínica de Filhotes de Cães e Gatos, 259 M. Elena Gorman 31. Exame Post Mortem dos Filhotes de Cães e Gatos, 276 Christiane V. Löhr SEÇÃO IV: ABORDAGEM CLÍNICA SISTEMÁTICA PARA O DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DAS AFECÇÕES PEDIÁTRICAS 32. Sistema Cardiovascular, 289 Barret J. Bulmer 33. Sistemas Hematológico e Linfoide, 305 Karyn E. Bird 34. Sistema Respiratório, 328 Craig Ruaux 35. Estrutura Dentária e Cavidade Oral, 340 Andrea Van de Wetering 36. Sistema Digestório, 351 Michael E. Peterson 37. Fígado, Trato Biliar e Pâncreas Exócrino, 368 Sharon A. Center 38. Sistema Urinário, 391 Jana M. Gordon, Michelle Anne Kutzler 39. Trato Reprodutivo, 405 Michelle Anne Kutzler 40. Sistema Neurológico, 418 Linda Lou Blythe 41. A Pele e a Orelha, 436 Jon D. Plant 42. Sistema Musculoesquelético, 443 Gert J. Breur, Sean P. McDonough, Rory J. Todhunter 43. O Olho, 461 Mary B. Glaze 44. Abordagem Clínica dos Distúrbios Nutricionais na Pediatria, 483 Heather Prendergast 45. Sistema Endócrino, 492 Deborah S. Greco 46. Doenças Zoonóticas Selecionadas: Filhotes de Cães e Gatos, 496 Emilio DeBess Índice, 503 C A P Í T U L O 3 ANAMNESE E EXAME FÍSICO DO NEONATO Margaret V. Root Kustritz • Conhecimento de trauma existente ou fratura evidente ou ferimento. Número de Filhotes Doentes na Ninhada Doenças infecciosas e infestações parasitárias dos recém-nascidos e as doenças da cadela provavelmente envolvem a ninhada toda, enquanto traumas, distúrbios congênitos e anomalias do período de amamentação com subsequente defi ciência de nutrição possivel- mente acometem um fi lhote em particular. Tratamentos Providenciados Quaisquer fl uidos,suplementos, antibióticos, estimulantes, medica- mentos humanos ou veterinários ou de outros tipos, bem como fi toterapias e quaisquer mudanças ambientais providenciadas para aliviar os sinais da doença devem ser registrados. Convém ao espe- cialista ou ao veterinário investigar essa informação, uma vez que os donos podem se sentir constrangidos ou apreensivos sobre o fato de terem usado nos recém-nascidos medicamentos indicados para humanos ou para outros animais. O conhecimento sobre os trata- mentos realizados altera a interpretação das conclusões do exame físico e pode alterar as recomendações médicas. Histórico da Fêmea Parturiente Devem ser obtidas informações sobre o parto da ninhada (p. ex., os filhotes nasceram de parto natural ou cesárea e houve dis- tocia ?); a condição clínica atual e o comportamento da fêmea que deu cria; histórico das habilidades maternas e se ela já havia tido outras crias; e histórico da saúde e reprodução da fêmea, inclusive de vacinas. Ingestão de Colostro Filhotes de gato podem receber até 25% de anticorpos derivados da mãe através da placenta; fi lhotes de cães recebem 5% a 10%, no máximo. Em razão dessa transferência mínima de anticorpos por meio da placenta endoteliocorial das cadelas e gatas, é necessária a ingestão de colostro para a transferência passiva dos nutrientes. Deve-se estimular a amamentação dos fi lhotes de cães e gatos logo Neste capítulo, o período neonatal é defi nido como o período do nascimento até 3 semanas de vida, ou quando os fi lhotes caninos e felinos estiverem andando e forem capazes de urinar e evacuar espontaneamente. O Quadro 3-1 contém uma revisão dos parâ- metros importantes no exame físico de cães e gatos neonatos. REUNINDO UM HISTÓRICO ABRANGENTE Embora os clientes com fi lhotes doentes fi quem frequentemente ressentidos com o tempo gasto por um especialista ou um veteri- nário na anamnese, a coleta de dados relevantes orienta o exame clínico e qualquer outro teste diagnóstico, podendo alterar os planos do tratamento. Se um número considerável de pacientes pediátricos for examinado em uma clínica é extremamente benéfi co usar os questionamentos a seguir na anamnese para criar um modelo de histórico a ser preenchido (tanto em papel quanto eletronicamente), assim que os fi lhotes derem entrada na clínica. Duração da Doença Saber a duração da doença auxilia o veterinário a diferenciar a doença aguda da crônica e pode levar o especialista a um diagnós- tico específi co. Isso também orienta na interpretação dos sinais clínicos observados durante o exame físico, como, por exemplo, um gatinho que está doente há dias e não está desidratado. Provavel- mente, ele está menos doente do que o animal que repentinamente tornou-se não responsivo. Sinais Clínicos Observados pelo Dono O dono deve listar toda e qualquer anormalidade observada, tendo em mente que alguns sinais como a diarreia são de difícil percepção, caso a cadela ou a gata cuidem bem da limpeza do recém-nascido. Alguns sinais clínicos indicam uma situação de emergência, e os fi lhotes que apresentam esses sinais devem ser examinados imedia- tamente. Os sinais são os seguintes: • Respiração com a boca aberta. • Ausência de resposta. • Tônus muscular fl ácido. 20 Capítulo 3 Anamnese e Exame Físico do Neonato 21 com 12 e 24 horas de vida e depois todos os dias, com registros precisos para documentar as mudanças no peso corporal. Qualquer perda de peso após 1 dia de vida deve ser um sinal para levar o neonato ao veterinário; a perda de peso pode preceder o início de sinais reconhecíveis de doenças por até 16 horas. O peso corporal pode ser usado para calcular a idade de fi lhotes caninos saudáveis. A maioria dos fi lhotes ganha peso de forma razoavelmente linear: cerca de 450 g com 1 mês de vida, cerca de 900 g aos 2 meses e assim por diante, atingindo o peso adulto aos seis meses. EXAME FÍSICO O tempo certo de fatos relevantes no desenvolvimento pediátrico encontra-se na Tabela 3-1. Escore Apgar São vários os métodos utilizados em recém-nascidos humanos para se avaliar as diversas condições de vitalidade ao nascer. O sistema de pontuação usado foi desenvolvido pela médica Virginia Apgar e leva o seu nome. Um sistema de pontuação semelhante é proposto para cães e gatos recém-nascidos (Tabela 3-2). No momento, não existem estudos relacionando pontuações de vitalidade ao nascer com morbidade e mortalidade em fi lhotes de cães e gatos. Esse sistema pode ser muito útil como forma de reavaliar com mais consistência um fi lhote doente durante a hospitalização ou se for apresentado repetidamente. Esse sistema propicia uma avaliação objetiva para o registro médico desse fi lhote e pode ser usado para orientar em casos de urgência de diagnósticos ou alterações no tratamento pela equipe veterinária. Temperatura Corporal A temperatura corporal deve ser medida usando-se um termômetro retal. Já foi provado que a termometria retal refl ete com mais pre- cisão a temperatura do corpo do que qualquer outro método em após o parto. A absorção máxima de anticorpos pelo trato gastroin- testinal (GI) ocorre por volta de 8 horas de vida e praticamente não há absorção de anticorpos com 1 dia de vida. Em fi lhotes de cães, se o dono não tiver certeza de que um fi lhote foi amamentado, enquanto outro foi, pode-se obter amostra de sangue de ambos e mensurar a concentração da enzima fosfatase alcalina (ALP) e da gama-glutamil transpeptidase (GGT), comparando-se os valores de ambos os fi lhotes. Tendo-se certeza de que o recém-nascido não ingeriu colostro, anticorpos podem ser fornecidos por meio da administração de soro ou plasma de qualquer adulto vacinado da mesma raça, por via oral (no primeiro dia de vida) ou injeção sub- cutânea em bolus. Para os fi lhotes de gato, o método mais prático é administrar 15 mL de soro obtido de vários adultos (ter cuidado com o tipo sanguíneo, para evitar a isoeritrólise neonatal), dado em três doses, administrado no nascimento, 12 e 24 horas mais tarde. O regime empírico para os fi lhotes caninos é administrar de uma mistura de soros de diversos adultos. Pode ser administrado em dose única para fi lhotes de raça grande ou dividido em doses como foi descrito para os fi lhotes felinos. Peso ao Nascer e Mudanças no Peso Corpóreo O baixo peso ao nascer está relacionado com a pouca chance de sobrevivência. O peso normal para fi lhotes felinos ao nascer é de cerca de 100 g. O peso normal para fi lhotes caninos varia de acordo com a raça: a média para fi lhotes da raça toy é de 120 g, 250 g para fi lhotes da raça média, 490 g para fi lhotes da raça grande e 625 g para fi lhotes da raça gigante. O baixo peso ao nascer também pode ser um indicador de anormalidade da mãe – por exemplo, hipoti- reoidismo em cadelas. Os fi lhotes caninos e felinos podem perder uma pequena quan- tidade de peso nas primeiras 24 horas de vida, porque se desidratam levemente e defecam pela primeira vez. Os fi lhotes devem ganhar peso diariamente, duplicando o peso do nascimento em 7 ou 10 dias de vida. Sabe-se que os fi lhotes que perdem mais de 10% de seu peso ao nascer nos primeiros dois dias de vida têm muito menos chance de sobreviver ao desmame do que os que mantêm ou ganham peso naquele período. Recomenda-se pesar todos os neonatos ao nascer, QUADRO 3-1 Parâmetros importantes no exame físico de cães e gatos recém-nascidos • A bradicardia (frequência cardíaca menor que 150 batimentos por minuto) nos primeiros 4 ou 5 dias de vida é mais frequentemente associada à hipoxemia. • A temperatura corpórea dos neonatos é signifi cativamente mais baixa que a dos adultos da mesma raça. • Para melhor determinar o estado de hidratação, deve-se examinar a cor da urina, com a coloração amarela visível sendo indicativa de desidratação.• A falha no fechamento da fontanela bregmática não está diretamente associada a doenças neurológicas no momento do exame ou futuramente no neonato. TABELA 3-1 Tempo em dias e ocorrência de fatos relevantes no desenvolvimento pediátrico Fato Tempo em dias O cordão umbilical seca e cai 2–3 dias As pálpebras se abrem 5–14 dias Os canais dos ouvidos externos se abrem 6–14 dias Domínio do músculo extensor 5 dias Capacidade de engatinhar 7–14 dias Capacidade de andar, urinar e defecar espontaneamente 14–21 dias Hematócrito/número de hemácias estabilizam-se próximo ao do adulto 8 semanas Função renal próxima a do adulto 8 semanas Função hepática próxima a do adulto 4–5 meses 22 SEÇÃO 1: CONSIDERAÇÕES GERAIS cães adultos e não há por que duvidar de que o mesmo não se aplique aos fi lhotes de cães e gatos. A temperatura corpórea retal normal na primeira semana de vida é consideravelmente mais baixa do que em cães e gatos adultos. Os fi lhotes não geram calor por meio de movimentos e não desenvolvem o refl exo do tremor até seis dias de vida, con- tando com o tecido adiposo marrom e com o meio ambiente para o aquecimento do corpo. Na primeira semana de vida, a tempe- ratura corpórea normal fi ca entre 35° e 36°C. Na segunda e ter- ceira semanas de vida, antes de o fi lhote engatinhar e andar de forma consistente, a temperatura corpórea normal oscila entre 37° e 38,2°C. A temperatura inferior a 34,4°C está associada a estase gastrointestinal. Estado de Hidratação Pode ser difícil medir o estado de hidratação em fi lhotes caninos e felinos. Turgor de pele ou elasticidade cutânea normal não são indicadores tão precisos de estado de desidratação em animais pediátricos como para animais adultos, porque os neonatos têm menos gordura subcutânea. Filhotes caninos e felinos bem hidra- tados, com pigmentação clara, costumam ter o ventre em tom róseo ligeiramente acentuado, além do focinho e das mucosas orais (Fig. 3-1). Com a desidratação, há uma intensifi cação da cor rósea para rosa-escuro ou vermelho, mas esta é uma medição sub- jetiva. As membranas oculares e orais podem estar ressecadas em animais desidratados. Deve-se ter cautela ao avaliar as membranas mucosas orais em animais que acabaram de mamar; o leite deixará as membranas mucosas engorduradas, sugerindo artifi cialmente uma hidratação normal. A urina normal em animais recém-nasci- dos é muito diluída, sem cor visível. A estimulação da micção com a manipulação delicada da genitália com um cotonete úmido permite que se avalie a coloração da urina; qualquer tom de amarelo sugere desidratação no momento. O volume globular não pode ser usado como medida de hidratação em fi lhotes recém-nascidos, porque há uma variação no número de células vermelhas transferi- das através da placenta e do umbigo na hora do parto e porque há queda normal do volume globular até se estabilize com 8 semanas de vida. Comportamento/Atividade Mental Filhotes normais passam a maior parte do tempo dormindo, nas primeiras 2 ou 3 semanas de vida. Ficar amontoado, um em cima Figura 3-1 Filhote normal de 7 dias de vida com ventre e focinho róseo. TABELA 3-2 Pontuação de vitalidade de recém-nascidos* Parâmetros 0 pontos 1 ponto 2 pontos Atividade, tônus muscular Flácido Alguma fl exão nas extremidades Movimentos ativos Pulso, frequência cardíaca Ausente ou <110 bpm 110-220 bpm > 220 bpm Refl exos quando estressados Ausente Algum movimento Gemidos Coloração da membrana mucosa Pálida ou cianótica Levemente cianótica Rósea Frequência respiratória Ausente Fraca, irregular > 15/minuto, cadenciada * Interpretação: pontuação entre 0–3: vitalidade fraca; pontuação entre 4–6: vitalidade moderada; pontuação entre 7–10: vitalidade normal. do outro, ou perto da mãe é normal; fi lhotes saudáveis não irão se separar da ninhada ou da mãe antes de 5 ou 6 semanas de vida. Quando estão acordados, os fi lhotes devem ser capazes de res- ponder à dor, ao odor e ao toque. Os fi lhotes normais apresentam um forte instinto para sugar, que se evidencia ao se inserir um dedo limpo e quente na boca do neonato. Alguns animais não respon- derão, porque o dedo do veterinário pode estar frio e com gosto de desinfetante. Além de sugar, os fi lhotes devem mostrar refl exos de busca e endireitamento. Estimula-se o refl exo de busca fazendo um círculo do polegar e do indicador em uma mão e inserindo o focinho do recém-nascido no círculo (Fig. 3-2). Filhotes normais irão fazer força e empurrar para buscar. Para estimular o refl exo de endireitamento, deve-se colocar o neonato de costas em uma super- fície quente e macia. Filhotes normais devem ser capazes de se endireitar e voltar à postura normal bem rapidamente. Capítulo 3 Anamnese e Exame Físico do Neonato 23 Sistema Cardiovascular A frequência cardíaca normal é de cerca de 220 batimentos por minuto (bpm) na primeira semana de vida e, por esse motivo é difícil de ser avaliada. A frequência cardíaca rápida e o tamanho reduzido do coração tornam a auscultação difícil; recomenda-se o uso de um estetoscópio pediátrico humano com anel e dia- fragma bem pequenos. Nas primeiras 4 a 5 semanas de vida, os fi lhotes caninos e felinos respondem à hipoxemia com bradicardia e hipotensão, frequência cardíaca baixa chegando a 45 bpm e pressão sanguí- nea sistólica de 23 mm Hg. Uma frequência cardíaca em um recém-nascido igual ou inferior a 150 bpm na primeira semana de vida indica que o animal deve ser hospitalizado e entrar no oxigênio. A arritmia sinusal não é usualmente relatada em cães e gatos recém-nascidos. Na maioria das vezes, os sopros cardíacos de graus I a III/IV são funcionais ou são murmúrios inofensivos causados pelo aumento da velocidade do fl uxo na aorta e por artérias pul- monares ou variações no fechamento das conexões embriológicas entre as câmaras do coração ou entre o coração e as veias principais. Em geral, os sopros cardíacos de graus IV até V/VI são devido a anomalias congênitas persistentes do coração. Outras descobertas do exame físico que podem confi rmar um distúrbio cardíaco grave são: assincronia do pulso femoral com as batidas do coração, colo- ração da membrana mucosa pálida ou cianótica, distensão de veia jugular, ascite e hepatomegalia. Há registros de doença cardíaca congênita em 17% dos cães e 5% dos gatos que foram examinados pelo serviço de cardiologia em um dos hospitais-escola veterinários nos Estados Unidos. Os distúrbios cardíacos congênitos mais comuns em cães, segundo esse estudo, foram estenose subaórtica e ducto arterioso. Os distúrbios mais comuns em gatos foram displa- sia da válvula tricúspide e defeito do septo ventricular. A eletrocardiografi a (EGG) é realizada em raras ocasiões em animais recém-nascidos. As arritmias e os distúrbios de condução podem ser identifi cados com a ECG em animais bem novos. Não há estudos que documentem a avaliação precisa do tamanho cardí- aco por meio do cálculo do eixo elétrico médio. É difícil avaliar a função cardíaca através da ecocardiografi a em caninos e felinos neonatos, em razão da falta de equipamento de tamanho apropriado e de estudos limitados que documentem a mensuração normal. Entretanto, técnicas ultrassônicas apropriadas e interpretações estão descritas nos Capítulos 22 e 32. Sistema Respiratório A frequência respiratória normal em neonatos pode ser de apenas 15 respirações por minuto. Com um dia de vida, a frequência respiratória aumenta para 20 a 30 respirações por minuto. A manipulação da genitália ou do umbigo pode causar um aumento da frequência respiratória. A frequência respiratória é igual a dos adultos por volta de 4 semanas de vida. Os sons do pulmão podem ser facilmente auscultados com um estetoscópio com cabeça pediátrica. A radiogra- fi a torácica dos neonatos é complicada, em razão do tamanho pequeno deles eda falta de técnica conhecida para animais desse porte e composição corporal. As radiografi as são interpretadas como as dos adultos. A lavagem transtraqueal ou outros métodos usados para coletar amostras para cultura ou citologia podem ser realizados da mesma forma como em animais adultos. Órgãos Sensoriais As pálpebras se abrem na maioria dos fi lhotes caninos e felinos entre 5 e 14 dias de vida. Há registros de abertura de pálpebras no nasci- mento ou logo após em fi lhotes felinos da raça Abyssinian. Depois de a pálpebra se abrir, pode ocorrer um edema córneo durante duas ou três semanas e nota-se que, a opacidade da córnea diminui lentamente. A cor normal da íris só se apresenta após o período neonatal. A resposta à ameaça e à luz pupilar deve acontecer entre 10 e 21 dias de vida. O teste de Schirmer pode ser realizado a qualquer momento após a abertura da pálpebra, mas pode ser difícil em animais pediátricos, devido ao pequeno tamanho. O exame de fundo de olho não pode ser realizado consistentemente no período neonatal. Os canais do ouvido externo dos fi lhotes de cães e gatos estão fechados ao nascer, abrindo-se por volta de 6 a 14 dias de idade. O exame inicial é obstruído pelo tamanho reduzido do canal auditivo e pela presença de detritos epiteliais, já que os canais passam por descamação. O exame ótico e o teste de audição não podem ser realizados com efi cácia no período neonatal. Sistema Neurológico e Calvária O exame neurológico não pode ser realizado com efi cácia no período neonatal. Os fi lhotes devem ser capazes de responder à dor, ao odor e ao toque. Refl exos de retirada também devem estar pre- sentes, mas podem ser mais lentos que em animais mais velhos. Ao serem segurados os fi lhotes, apresentam dominância do fl exor cerca de 4 dias de vida. Isso signifi ca que, ao apanhar o animal pela nuca, ele irá se contorcer e não alongar a espinha e os membros traseiros; este último é o controle do extensor, que se torna saliente entre 5 a 21 dias de vida. Exames complementares mais avançados, como o teste auditivo de resposta auditiva evocada do tronco cerebral ou a eletroencefalografi a (EEG,) não podem ser realizados com pre- cisão no período neonatal. O crânio deve ser palpado para se avaliar o fechamento da fontanela bregmática. Fontanelas abertas não são invariavelmente associadas ao aumento dos ventrículos do cérebro, nem a dilatação ventricular está invariavelmente relacionada com distúrbios neuro- lógicos em algum momento da vida dos fi lhotes. Aproximadamente um terço tem dilatação ventricular sem distúrbios neurológicos em algum momento da vida, e cerca de um terço apresenta dilatação ventricular e distúrbios neurológicos. Figura 3-2 Demonstração do refl exo de busca. C A P Í T U L O 9 CUIDADO DO FILHOTE DE CÃO OU GATO ÓRFÃO Michael E. Peterson ADOÇÃO A adoção é uma excelente abordagem para os cuidados dos fi lhotes de cão e de gato órfãos ou abandonados. A adoção, em caso de sucesso, permite que a mãe substituta ofereça aos fi lhotes uma nutrição ade- quada, estímulo à eliminação de dejetos e controle de temperatura. Esta abordagem tem seus riscos, já que algumas cadelas e gatas podem negligenciar ou ainda atacar e matar os fi lhotes adotivos. As boas mães adotivas, de modo geral, aceitam e amamentam imediatamente os neonatos órfãos. Algumas pessoas tentam colocar o cheiro da ninhada natural nos neonatos a serem adotados, para auxiliar o processo. Isto nem sempre é necessário; é preciso, porém, monitorar com cuidado a interação entre a nova mãe adotiva, sua ninhada e os neonatos órfãos, principalmente no início do processo de adoção. MANEJO Os preceitos básicos da criação de fi lhotes de cão e de gato órfãos envolvem o oferecimento de um ambiente adequado (p. ex., tem- peratura e cama), nutrição, estímulo à eliminação de dejetos e socialização. Controle Ambiental O controle do ambiente físico é muito importante. Os órfãos pre- cisam de um ninho seco, quente, livre de correntes de ar e confor- tável. O ninho deve ter laterais altas o sufi ciente para evitar que os neonatos a escalem quando sozinhos, saiam do ninho e fi quem com frio. O ninho deve ser facilmente limpável. Materiais de fácil limpeza, porém, podem ter seus riscos, já que, com frequência, a perda de calor é enorme; as gaiolas de aço inoxidável, por exemplo, são fáceis de limpar, mas os neonatos que entram em contato com este material rapidamente sentem frio. Caixas plásticas são muito boas como ninhos; almofadas aquece- doras elétricas podem ser colocadas sob uma parte da caixa, ligadas em temperatura morna. Isto limita o risco de transmissão de calor, via Os fi lhotes de cão e de gato podem requerer cuidados humanos por diversas razões; a mais óbvia é a morte da mãe. Algumas mães, porém, apresentam agalactia, mastite ou doenças subjacentes, ou ainda estão tão debilitadas que não podem cuidar de seus fi lhotes. Ocasionalmente, as ninhadas são tão grandes que a fêmea é incapaz de prover nutrição adequada a todos os fi lhotes. Alguns neonatos são muito menores ou mais fracos do que seus irmãos, tendo difi - culdade em competir com eles, e, assim, necessitam de auxílio para aumentar suas chances de sobrevivência. Uma suposição comum é que a maioria dos neonatos órfãos morre devido a doenças infecciosas. A causa mais comum de mor- talidade em fi lhotes de cão e de gato órfãos, porém, são os erros de manejo, seja pela demora na identifi cação de um problema, pelo conhecimento inadequado sobre criação ou ainda pela incapacidade técnica de responder de forma adequada. Até as duas semanas de vida, os fi lhotes normais de cães e gatos devem comer ou dormir durante 90% do tempo; se isto não acontecer, todos os esforços devem ser imediatamente dirigidos para a identifi cação da fonte de seu descontentamento. Os órfãos são mais suscetíveis à infecção devido a diversos fatores, incluindo, mas não limitado a, diminuição da resposta imu- nológica secundária ao estresse e ao não recebimento de anticorpos locais por meio do leite materno. Visitas de não residentes da casa devem ser evitadas. A manipulação dos fi lhotes deve ser limitada a uma única pessoa; e todos devem lavar as mãos antes de pegar os fi lhotes. Os fi lhotes de cão e de gato órfãos, assim como suas mães e irmãos de ninhada, devem ser submetidos a exames físicos comple- tos, para determinação das possíveis causas de abandono. Com frequência, os neonatos abandonados apresentam problemas médicos signifi cativos, como hipotermia, hipoglicemia, desidrata- ção e diversas malformações congênitas, que precisam ser avaliados. As fêmeas que apresentam pré-eclampsia, devido aos baixos níveis de cálcio, geralmente são mães nervosas e com pouco instinto materno, podendo atacar os fi lhotes. 67 68 SEÇÃO I: CONSIDERAÇÕES GERAIS terceira semanas de vida, antes que os fi lhotes comecem a se arrastar de forma ativa ou a andar de modo consistente, a temperatura corpórea normal varia de 36°C a 38°C. Os fi lhotes de cão e de gato dependem da temperatura ambien- tal para se manterem aquecidos, principalmente nos primeiros dias de vida. Durante as primeiras semanas, a temperatura ambiente não deve ser inferior a 22°C. Lembre que as temperaturas do piso são signifi cativamente menores do que aquelas indicadas no termostato (o calor sobe). A necessidade de manter um controle estrito da temperatura é particularmente válida quando há um único órfão. Na presença de diversos neonatos, eles se agrupam, preservando o calor. Na pri- meira semana de vida, os neonatos precisam de um ambiente similar ao da incubadora, com temperaturas entre 29°C e 32°C. Nas próximas três a quatro semanas, a temperatura do ninho pode ser reduzida para 26,5°C (Tabela 9-1). Existem diversas fontes de calor; porém o calor irradiado é o preferido. Garrafas de águaquente, embrulhadas em toalhas, podem ser efi cazes, mas são frustrantes, já que dão muito trabalho e pre- cisam de monitoramento e reaquecimento constantes. O uso de lâmpadas de calor é comum; suas desvantagens incluem pior con- trole da umidade e o maior risco de incêndio na casa, no canil ou no gatil. Outras desvantagens destas lâmpadas é o fato de que muitos fi lhotes de gato não gostam da cama aberta requerida para sua utilização. As almofadas elétricas de aquecimento são evitadas por algumas pessoas, já que podem gerar calor de forma inconsis- tente (o ajuste de temperatura baixa de uma almofada pode ser signifi cativamente diferente daquele de outra almofada) e provocar queimaduras térmicas (ou escaldamento), caso haja passagem de umidade entre o neonato e a almofada. Estas almofadas, ajustadas em temperatura baixa e isoladas de umidade e dos fi lhotes, são as fontes de calor mais comumente usadas. Neonatos muito novos não respondem bem a altas temperaturas ambientes e podem não con- seguir se afastar da fonte de calor caso estejam superaquecidos. A umidade correta deve fi car entre 55% e 65%; graus de umidade menores provocam desidratação e maiores elevam as chances de crescimento bacteriano e ocorrência de infecção. Nos neonatos, o risco de desidratação é alto, já que 82% de seu peso é composto por água. Ao nascimento, as taxas de fi ltração glomerular são iguais a 21% das observadas em adultos, mas se elevam para 53% com 8 semanas de vida. Minimizar situações de estresse é importante, permitindo que os neonatos durmam, comam e cresçam. Os neonatos órfãos já estão sob estresse, já que precisam lidar com o novo ambiente e com a vida sem os efeitos calmantes da presença da mãe. Áreas de tráfego umidade, da almofada elétrica, o que poderia provocar queimaduras signifi cativas no neonato. Um problema dos contêineres de plástico ou de vidro é que não são absorventes; deve-se tomar cuidado, então, para que os fl uidos não caiam na caixa. Algumas pessoas defendem a colo- cação do ninho na mesma altura de uma mesa, já que os neonatos podem receber mais atenção se os indivíduos não tiverem que se abaixar até o chão (Fig. 9-1). Os ninhos não devem ser colocados próximos a saídas de ar ou ductos de ar condicionado. Quando os fi lhotes de cão atingirem entre 4,5 a 5 semanas de vida e começarem a andar mais, o uso de uma piscina plástica infantil é uma boa solução. Estas piscinas não são caras e são fáceis de limpar. Além disso, cercados dobráveis podem ser encaixados ao redor da piscina, contendo os fi lhotes de cão. Tapetes de malha estreita com fundo de borracha são pisos excelentes e quentes. Estes tapetes são facilmente removidos e higienizados, e, quando usados aos pares, podem ser alternados; então, quando um está em uso, o outro está sendo lavado e seco. O material da cama deve ser macio, absorvente, não abrasivo e facilmente limpo e, deve isolar, confortavelmente, os neonatos da perda de calor. A cama deve ter bom piso, não podendo se enrolar e assim prender o neonato. Muitos criadores gostam de jornal (alguns compram jornal não impresso, de editoras locais), por ser de fácil aquisição, absorvente e barato. Outros (incluindo este autor) preferem tecidos porque oferecem piso de melhor qualidade; o material deve ser selecionado de forma a impedir que as unhas dos fi lhotes fi quem enroscadas no tapete. Camas ruins retêm umidade, dissipando o calor dos fi lhotes e permitindo crescimento bacteriano. Independentemente da adequação do material usado na cama, este deve ser mantido limpo ou trocado com frequência. O controle da temperatura ambiental é importante, por diversas razões. A temperatura corpórea retal normal, na primeira semana de vida, é consideravelmente menor do que aquela observada em cães ou gatos adultos. Os fi lhotes de cão e de gato neonatos não geram calor pela movimentação e não apresentam refl exo de tiritar ativo até os seis dias de idade, dependendo do ambiente e do tecido adiposo marrom para a termogênese. Na primeira semana de vida, a temperatura normal varia entre 35°C a 36°C. Na segunda e na TABELA 9-1 Temperaturas ambientais para neonatos Idade em dias Temperatura do ninho Temperatura corpórea normal do neonato 0-7 29°C 35,5°C - 36,5°C 8-28 26,5°C 37°C 29-35 24°C 38°C +35 21°C 38°C Figura 9-1 Uma garrafa de água morna, embrulhada em uma toalha, é uma fonte de calor adequada para fi lhotes de cão neonatos; a água deve ser trocada quando esfriar. (De Poffen- barger, E.M., Olson, P.N., Ralston, S.L., et al: Canine neonato- logy. Part II: Disorders of the neonate, Compend Contin Educ Pract Vet, 13:25-37, 1991.) Capítulo 9 Cuidado do Filhote de Cão ou Gato Órfão 69 Figura 9-2 Uma balança para alimentos é usada na pesagem do cão neonato. (De Johnston, S.D., Root, Kustritz M.V., Olsen, P.N.S. (eds): Canine and feline theriogenology, St Louis, 2001, Saunders/Elsevier.) adequada em substituição ao leite. O uso de dietas impróprias, como o leite de vaca, faz com que a nutrição seja inadequada, diminuindo as taxas de crescimento, e é frequentemente acompanhado por diarreia. As fórmulas de sucedâneos comerciais são utilizadas comumente, já que são nutricionalmente equilibradas. Dietas caseiras podem ser ins- tituídas; algumas amostras de receitas são encontradas neste capítulo (Quadros 9-1 e 9-2). Contudo, a formulação de um sucedâneo caseiro nutricionalmente equilibrado é difícil. Alguns proprietários preferem intenso de pessoas e ruídos aumentam o nível de estresse. O excesso de manipulação, principalmente por crianças, aumenta, de modo signifi cativo, os níveis de estresse, e deve ser evitado até que os neo- natos atinjam 3 a 4 semanas de vida. Altos níveis de estresse depri- mem o sistema imunológico, aumentando o risco de desenvolvimento de infecção e podem ter efeitos possivelmente deletérios sobre a futura socialização. Alguns canis e gatis usam dispensadores de fero- mônios na área onde os fi lhotes são mantidos (FeliwayÒ for cats, Veterinary Products Laboratories, Phoenix, AZ, e Dog Appeasing Phe- romoneÒ for dogs, CEVA Animal Health Inc., Manchester, MO) na tentativa de diminuir os níveis de estresse neonatal. A higiene adequada é essencial, porque os fi lhotes de cão e de gato apresentam diversas condições estruturais, metabólicas e imu- nológicas que, embora normais para a idade, os tornam mais sus- cetíveis ao desenvolvimento de doenças infecciosas. Os órfãos são ainda mais suscetíveis a essas doenças, e o proprietário deve ser meticuloso quanto à limpeza da cama e dos alimentos. O número de indivíduos que manipulam os órfãos deve ser o menor possível, e todos devem lavar as mãos com frequência. Os termos limpeza e desinfecção não devem ser considerados sinônimos, já que poucos desinfetantes são efi cazes na presença de detritos orgânicos; assim, a limpeza adequada deve ser feita antes da desinfecção da área. A limpeza adequada é realizada com sabão neutro, água morna e muito trabalho. Essa atividade, assim como a frequente remoção e lavagem do material da cama, deve ser reali- zada antes de qualquer desinfecção. A seleção adequada de desinfetantes é importante, e deve-se tomar cuidado para que estes não se transformem em toxinas ambientais. A pele dos neonatos é muito fi na, e a absorção transdérmica é muito mais rápida do que a observada em adultos. Além disso, muitos desinfetan- tes, em altas concentrações, são irritantes respiratórios importantes. O proprietário deve ser particularmente cuidadoso em relação a agentes de limpeza, como óleos de eucalipto e fenóis. O uso excessivo de água sanitária ou outros desinfetantes, ou o emprego de concentrações muito elevadas destes, pode prejudicar os neonatos. Alimentação As questões mais comuns referentes à alimentação de órfãos são: o que oferecer, como fazê-lo, em qual quantidadee com qual frequência. A higiene adequada é essencial à alimentação de neonatos. Todas as mamadeiras, bicos, sondas e outros equipamentos devem ser mantidos limpos. Os proprietários devem lavar, cuidadosamente, todo o material utilizado na alimentação, preparar apenas a quantidade de fórmula de sucedâneo para administração dentro de 24 a 48 horas e manter os preparados não utilizados sob refrigeração, em potes de vidro. Segurar e manipular cada neonato para alimentá-lo pode alertar o proprietário quanto à existência de problemas. Os neonatos devem ser vigorosos, gordos e se contorcerem. Filhotes de cão e de gato órfãos devem ser pesados duas vezes ao dia e, para tanto, o proprietário deve adquirir uma balança adequada (Fig. 9-2). A perda de peso, ou a ausência de ganho de peso, é um dos indicadores mais precoces de problemas de saúde, que devem ter sua causa imediatamente investigada. O desmame geralmente se inicia com quatro a quatro semanas e meia de vida, sendo posteriormente discutido em detalhes ainda neste capítulo. Até a idade do desmame, é necessário fornecer alimentação adequada aos órfãos. Isto é obtido administrando-se uma dieta QUADRO 9-1 Sucedâneo caseiro para fi lhotes de cão 120 mL de leite de vaca ou cabra 120 mL de água 2 a 4 gemas de ovos 1 a 2 colheres (sopa) de óleo vegetal 1.000 mg de carbonato de cálcio Adaptado de Hoskins, J.D. (ed): Veterinary pediatrics: dogs and cats from birth to six months, ed 3, St Louis, 2001, Saunders/Elsevier. QUADRO 9-2 Sucedâneo caseiro para fi lhotes de gato 90 mL de leite condensado 90 mL de água 120 mL de iogurte natural (não desnatado) 3 gemas de ovos grandes ou 4 gemas de ovos pequenos Adaptado de Hoskins, J.D.: Nutrition and nutritional problems. Em Hoskins J.D. (ed): Veterinary pediatrics: dogs and cats from birth to six months, ed 3, St Louis, 2001, Saunders/Elsevier. 70 SEÇÃO I: CONSIDERAÇÕES GERAIS os membros dianteiros (como faria na mãe) e o bico deve ser alinhado à boca. A colocação do bico é importante, já que o neonato enrola a língua ao redor do bico, criando um lacre durante a amamentação. Caso o bico esteja colocado em um ângulo que impossibilite a for- mação deste lacre, o neonato suga o ar, ocasionando cólicas. O neonato não deve ter a cabeça excessivamente distendida durante a alimentação, pois esta posição aumenta o risco de aspiração. Caso a técnica seja corretamente aprendida, a alimentação por sonda pode oferecer vantagens sobre a mamadeira, incluindo maior exatidão da quantidade de sucedâneo administrada, administração mais rápida (importante, caso múltiplos órfãos necessitem ser alimen- tados) e maior efi ciência. As desvantagens da alimentação por sonda incluem aprendizado gradual da técnica adequada e maior risco de aspiração do sucedâneo para os pulmões do neonato. O equipamento necessário para a administração com sonda inclui uma seringa e uma sonda fl exível, de plástico ou borracha. A sonda deve ter espessura sufi ciente para ter alguma rigidez e não se dobrar sobre si mesma, geralmente entre 7 e 8 Fr e, às vezes, menor, dependendo do tamanho do neonato. A sonda deve ser medida, da última costela do neonato até a ponta do focinho, com a cabeça estendida. Neste ponto, a sonda deve ser marcada. A inserção da sonda até esta marca garante que sua extremidade esteja no estômago, e não no esôfago ou no pulmão do neonato. Diversos vídeos de demonstração, produzidos por veteriná- rios, podem ser vistos em websites da Internet. A sonda deve ser colo- cada no leite morno, e este é aspirado com a seringa, de modo a não haver introdução de ar no estômago. O neonato deve ser colocado em posição ereta, com a cabeça fl exionada (não estendida), e a extremidade da sonda deve ser inserida rente ao céu da boca, seguindo a menor resistência. Não é necessário forçar, e a maioria dos neonatos engole a sonda com facilidade. A sonda deve ser mantida em posição enquanto o leite é lentamente infundido até o estômago do neonato. O sucedâ- neo deve ser instilado lentamente, já que a administração rápida pode causar vômitos ou acúmulo de gases. O leite deve ser infundido por um a dois minutos. Após o término da administração, o cateter deve ser dobrado e, então, lentamente retirado, evitando o gotejamento do sucedâneo e o risco de aspiração. Com a alimentação por sonda, o proprietário mede o volume de sucedâneo recebido pelo neonato, diferentemente do que ocorre sucedâneos caseiros a dietas comercializadas; diversos problemas, porém, devem ser solucionados. O preparo de sucedâneos caseiros tem algumas desvantagens signifi cativas, como a aquisição de ingredientes de qualidade, o maior risco de contaminação bacteriana e a difi culdade de replicar os constituintes normais do leite da fêmea. O leite das cadelas contém grande quantidade de gordura, pouca lactose e quan- tidades moderadas de proteína. O leite de vacas e cabras é rico em lactose, contém pouca proteína e lipídeos e apresenta menor densidade calórica do que o leite de cadelas. Embora alguns suplementos possam ser adicionados aos leites de vaca e cabra para torná-los mais parecidos com o leite de cadelas, estes leites contêm muita lactose, aumentando o risco de diarreia. Estudos mostraram que os sucedâneos caseiros, mesmo quando administrados em volume e frequência maiores, ainda resultam em taxas de crescimento mais lentas do que o uso de fórmulas comercializadas. O queijo cottage nunca deve ser usado em dietas para fi lhotes de cão e de gato neonatos, já que se solidifi ca no estômago e pode provocar obstrução. As dietas caseiras devem ser utilizadas apenas em situações emergenciais, até que um sucedâneo comercial possa ser adquirido. Os problemas primários observados com o uso de sucedâ- neos comerciais de leite em pó se devem a erros de preparo. A fórmula inadequadamente preparada pode ser concentrada, provocando vômito, acúmulo de gases e diarreia; por outro lado, o produto muito diluído diminui a densidade calórica em cada mililitro administrado, reque- rendo o aumento da frequência de administração. Existem diversas fórmulas comerciais no mercado, para uso como sucedâneo para fi lhotes de cão e de gato. Uma nova marca comercial (Gastromate with IgY, PRN Pharmacal, Pensacola, FL) simula melhor o leite da mãe, por apresentar imunoglobulinas (IgY aviária) contra patógenos gastrointestinais (GI) comuns em cães e gatos neonatos. De acordo com o fabricante, estes anticorpos auxi- liam a imunidade local do trato digestivo e fazem uma ponte para o período “vazio” entre a imunidade natural local e a imunização. Algumas dietas comerciais contêm colostro bovino, que não é tão efi caz quanto o colostro canino ou felino. O alimento pode ser administrado por meio de mamadeiras ou sondas, usando o sucedâneo adequado. As mamadeiras funcionam bem em fi lhotes de cão e de gato vigorosos, com forte refl exo de sucção, pois os animais sugam até estarem satisfeitos. Neonatos mais fracos ou doentes não são capazes de manter a sucção por tempo sufi ciente para receber quantidades adequadas de leite. Se a sucção não for satisfatória, pode ser necessária a alimentação com sonda. A alimentação com mamadeira pode ser realizada após a seleção de uma mamadeira de tamanho adequado; os fi lhotes de cão grandes podem ser alimentados com mamadeiras e bicos para bebês humanos, mas fi lhotes de cão menores e fi lhotes de gato requerem mamadeiras especiais para neonatos, com bicos muito menores (Fig. 9-3). Os bicos de mamadeiras comercializadas geralmente não possuem ori- fícios pré-fabricados. O orifício adequado pode ser feito com uma agulha quente (para derreter o material, formando um orifício). A abertura do bico deve ser sufi ciente para permitir que o leite pingue, lentamente, quando a mamadeira for invertida; se for menor, o neonatoterá que se esforçar muito para mamar e, se maior, o leite pode fl uir rapidamente, aumentando o risco de aspiração. O leite deve ser sempre sugado, e não espirrado da mamadeira. A posição em que o fi lhote é alimentado também é impor- tante. O decúbito esternal é a posição adequada para a alimen- tação com mamadeira, e o neonato deve ser capaz de empurrar com Figura 9-3 Tamanho da mamadeira para fi lhotes de cão, com- parado à de mamadeira usada por cães de raças toy ou fi lhotes de gato. Capítulo 9 Cuidado do Filhote de Cão ou Gato Órfão 71 quente do que a pele. Alimentos frios podem estimular vômito, induzir hipotermia e inibir a absorção, por retardar o peristaltismo. O alimento muito quente pode queimar a boca, o esôfago e o estômago do neonato. As refeições iniciais devem ser diluídas (ao usar o produto enlatado) ou reconstituídas com fl uido eletrolítico balanceado (ao usar o produto em pó), para reduzir o risco de ocorrência de diarreia osmótica (Tabela 9-3). Nas primeiras três semanas de vida, os fi lhotes de gato e os fi lhotes de cão devem ser estimulados a urinar e defecar. Uma bola de algodão umedecida em água morna pode ser gentilmente passada sobre o orifício urinário e o anal. Muitos estimulam a eliminação logo antes de cada refeição. De modo geral, a eliminação é facil- mente estimulada; os fi lhotes defecam duas vezes ao dia e as fezes são amareladas. Os neonatos, porém, podem não defecar após cada sessão de estimulação. Monitoramento do Crescimento Os neonatos cuidados por humanos podem não crescer com tanta rapidez quanto aqueles amamentados por suas mães. Após o desmame, porém, os fi lhotes de cão e de gato tendem a crescer rapidamente, e logo alcançam seus irmãos de ninhada. Como regra geral, os fi lhotes dobram seu peso na primeira semana e ganham com a alimentação com mamadeira, em que o animal decide quando está satisfeito. Em neonatos, a capacidade estomacal média é de 20 mL (quatro colheres de sopa) a cada 500 g (40 mL/kg). A administração da quantidade adequada de sucedâneo faz com que o neonato fi que com a barriga caracteristicamente arredondada, mas deve-se tomar cuidado para não distender o estômago de forma excessiva. Alguns indivíduos defendem a colocação do neonato para “arrotar” após a alimentação, mas este procedimento não é neces- sário, a não ser que tenha ocorrido introdução de ar no estômago. A maioria dos fi lhotes de cão e de gato necessita de cerca de 100 kJ de energia por dia a cada 100 g de peso corpóreo. Os sucedâneos geralmente trazem as recomendações de administração impressas no rótulo. Muitas das fórmulas comercializadas oferecem cerca de cinco kJ de energia metabolizável em cada mililitro (Tabela 9-2). O volume total calculado de leite deve ser dividido em múltiplas administrações. A frequência da alimentação é controlada pelo tamanho do estômago do neonato e pelo seu choro, pedindo mais leite. Evite a alimentação excessiva do neonato em uma refeição, pois isto pode provocar diarreia, vômito ou mesmo aspiração Se o neonato não estiver ganhando peso sufi ciente, aumente a frequência de alimentação, aumentando a ingestão calórica diária. Isto é mais fácil do que ter de lidar com o vômito, diarreia ou aspiração resul- tantes do aporte excessivo de alimento. Os fi lhotes de cão e de gato normais precisam de cerca de 130 a 220 mL de água por kg de peso corpóreo por dia. A água deve ser fornecida até atingir 200 mL de água/kg de peso corpóreo. A hidratação correta é importante, e a ingestão de água deve ser calculada, já que o sucedâneo pode não fornecer a quantidade de água necessária quando corretamente diluído. A frequência de alimentação depende de diversos fatores, incluindo a idade do órfão, o volume administrado em cada refeição e a densidade calórica do alimento. Os neonatos devem ser alimen- tados entre seis a oito vezes ao dia, ou a cada duas a três horas. Quando atingem algumas semanas de vida, os intervalos entre as refeições podem ser aumentados. Filhotes de gato e fi lhotes de cão famintos fi cam inquietos e choram até serem alimentados. O suce- dâneo deve ser aquecido antes da refeição, e administrado à tem- peratura corpórea da mãe (38,6°C); a temperatura do leite pode ser testada nas costas da mão, certifi cando-se que esteja um pouco mais TABELA 9-2 Volume da alimentação Semana de vida Requerimentos calóricos diários por 10 g de peso corpóreo Filhotes de Cão 1 1,32 cal/10 g 2 1,59 cal/10 g 3 1,76 cal/10 g 4 1,94 cal/10 g Filhotes de Gato 1-2 2,17 cal/10 g 3-4 2,82 cal/10 g Os sucedâneos do leite contêm, aproximadamente, 1 cal/mL. Leia, no rótulo do sucedâneo, o valor real de calorias por mililitro. Os sucedâneos para cães devem ser administrados a fi lhotes desta espécie e os sucedâneos para gatos, a fi lhotes desta espécie. TABELA 9-3 Causas comuns de problemas relacionados à alimentação Problema Manifestação clínica Ação corretiva Mau posicio- namento para alimentação Maior risco de aspiração O neonato deve estar em posição esternal, com a cabeça relativamente fl exionada Fórmula em temperatura incorreta Hipotermia, má digestão, azia O alimento deve estar à temperatura do corpo da mãe durante a administração Alimentação muito rápida Vômito, cólica, acúmulo de gases O leite deve ser infundido durante 1 a 2 minutos Preparo incorreto do sucedâneo Diarreia, acúmulo de gases, má nutrição Preparar o sucedâneo de acordo com as instruções; nas primeiras administrações, misture-o ou dilua-o em soro fi siológico balanceado Má higiene Diarreia, vômitos, infecção Lavar todos os equipamentos usados na alimentação, preparar somente a quantidade de sucedâneo sufi ciente para 24 horas; mantenha-o sob refrigeração 72 SEÇÃO I: CONSIDERAÇÕES GERAIS desenvolvimento e técnicas adequadas de socialização para maxi- mizá-los estão além do escopo deste capítulo. A criação de fi lhotes órfãos até a vida adulta com comportamentos sociais inaceitáveis frustra o objetivo primário da intervenção, que deveria ser o desenvolvimento ideal de animais de estimação, com bom tempe- ramento, para seus proprietários fi nais. Por que resgatá-los como órfãos, para vê-los sendo submetidos a eutanásia no futuro, por apresentarem problemas comportamentais signifi cativos? Um fi lhote de gato criado em total isolamento de outros gatos é suscetível ao desenvolvimento de anomalias psicológicas, com nervosismo, agressividade e menor capacidade de lidar com ambien- tes, pessoas ou animais estranhos (Cap. 12). Os cães são animais altamente sociáveis, sendo signifi cativa- mente afetados pela interação com outros cães, pessoas e ambiente. Diversos estágios importantes de seu desenvolvimento moldam seu futuro temperamento e sua capacidade de interação aceitável quando adultos (Cap. 13). Falha de Transferência Passiva Uma questão importante no manejo de órfãos muito jovens é a ingestão de colostro. Obviamente, quando a mãe morre no parto, não ocorre a ingestão de colostro. Os fi lhotes de gato podem receber até 25% de seus anticorpos maternos através da placenta; em fi lhotes de cão, apenas 5% a 10% destes anticorpos são assim transferidos. A ingestão de colostro é necessária à transferência passiva signifi cativa de anticorpos maternos. A absorção máxima de imunoglobulinas pelo trato GI ocorre, aproximadamente, com oito horas de vida; praticamente não há absorção GI de anticorpos após um dia de idade. Caso o clínico não tenha certeza que o neonato ingeriu colostro, mas sabe que outro sim, pode coletar sangue de ambos e comparar os níveis séricos de fosfatase alcalina (FA) e gamaglutamiltranspepti- dase (GGT). As concentrações de enzimas são dramaticamente maiores (frequentemente, milhares de vezes) nos neonatos que inge- riram colostro, e perduram por até 10 dias após o consumo. Anticorpos
Compartilhar