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HANDBOOK L I G A A C A D Ê M I C A D E O R T O P E D I A E T R A U M A T O L O G I A Autores: Thales Felipe Lucas Sena (Presidente) Israel Cardoso Silva (Vice-presidente) Lorraine Ribeiro Gonçalves (Secretária) André Antunes Magalhães (Diretoria de Comunicação) Ramon Sampaio Souza Santos (Diretoria de Pesquisa) Clarice de Abreu Silva (Diretoria de Pesquisa) Victor Vasconcelos Figueiredo Lima (Diretoria de Extensão) Henrique Rocha da Mota (Diretoria de Ensino) Gabriel Oliveira Almeida (Diretoria de Ensino) Guilherme Teixeira Leite de Queiroz (Diretoria de Materiais) Patrícia Santos Reis Wesley Santos de Almeida João Martins da Fonseca Carlos Henrique de C.T. Ribeiro Davi Amorim Meira Cássio C.S. Santos Lucas de Menezes Figueredo Raul Pereira de Brito Diego Nagib Francisco (Membro Sênior) Thiago Rhangel Gomes Teixeira (Membro Sênior) Gustavo Ganem (Membro Sênior) Orientação: Dr. Gildásio de Cerqueira Daltro Dr. Thiago Batista Faleiro Dr. Bruno Adelmo Copyright © 2020 Liga Acadêmica de Ortopedia e Traumatologia da Universidade Federal da Bahia HandBook LAOT: A Ortopedia Como Você Nunca Viu A criação do E-Handbook tem como finalidade suplementar os conhecimentos adquiridos pelos participantes-ouvintes do "Da Emergência a Clínica: A Ortopedia Como Você Nunca Viu", não possuindo finalidade lucrativa. O livro consiste de 3 módulos que abordam de maneira sucinta e incisiva os temas tratados no evento, afim de fornecer uma forma de consulta rápida acerca dos conhecimentos transmitidos. A LAOT-Liga Acadêmica de Ortopedia e Traumatologia da Bahia deixa seu agradecimento áqueles que tornaram possível a realização deste evento, desde os professores orientadores e palestrantes, até os espectadores e alunos. “Ver pacientes sem ler livros é como navegar sem mapa, mas ler livros sem ver pacientes é a mesma coisa que não navegar” -William Osler Salvador - 2020 HandBook LAOT: A Ortopedia Como Você Nunca Viu Emergência Ortopédica ........................................................... 5 Fraturas Expostas ..................................................................... 6 Trauma do Quadril ................................................................... 12 Trauma Raquimedular.............................................................. 21 Luxação do Ombro ................................................................... 28 Clínica Ortopédica .................................................................... 35 Dor no Quadril ........................................................................... 36 Dor no Ombro ............................................................................ Ortopedia Pediátrica ................................................................. Joelho ........................................................................................... Lombalgia .................................................................................... Ciência Ortopédica ..................................................................... Ortopedia Regenerativa ............................................................ Medicina do Esporte ................................................................... Tumores Ortopédicos ................................................................. Dor Crônica ................................................................................... Referências ................................................................................... Salvador - 2020 Sumário Módulo 1: Emergênc ia Ortopédi ca A O R T O P E D I A C O M O V O C Ê N U N C A V I U Fraturas Expostas Condição de ruptura da pele e tecidos moles subjacentes permitindo a comunicação óssea direta ou de seu hematoma com o ambiente. (SIZÍNIO 5ª Ed) 6 Panorama: Classificação: Traumas de alta energia, paciente normalmente politraumatizado. Acarreta grandes danos físicos e psicológicos nos pacientes e financeiros no sistema de saúde. Não existe uma epidemiologia bem traçada para o acidente de alta energia gerador de fraturas expostas, dependendo da região e da atividade causadora, embora seja notado que ocorre mais comumente entre jovens adultos do sexo masculino. Geralmente ocorre em ossos longos (tíbia e fibular, depois fêmur). As classificações de Fraturas têm a importante função de orientar o cirurgião quanto ao prognóstico e nortear o curso da conduta, prevenindo erros. Eis as mais comumente utilizadas na prática e em estudos científicos: 7 Gustillo-Anderson Tscherne Atendimento Inicial e Hospitalar Tem como objetivo a preservação da vida, o controle de infecções e a consolidação da fratura, buscando o melhor resultado funcional possível. Inicialmente, no local do trauma, deve ser feita a contenção inicial de hemorragias e a estabilização da integridade da coluna. Realizar uma cobertura estéril da ferida com o material à disposição afim de contornar uma possível infecção e estabilizar provisoriamente a fratura, para evitar maior dano de partes moles têm efeitos positivos. NÃO tentar reduzir a fratura e NÃO realizar lavagem ou irrigação da ferida. 8 Grupo AO Em um segundo momento, na transição para o hospital ou na sala de emergência, colher a história detalhada do local e mecanismo da injúria, a palpação de pulsos distais à lesão, o exame neurológico do paciente e a descrição minuciosa da ferida (o ortopedista pode remover a proteção provisória apenas uma vez para analisar a injúria, não devendo explorá-la fora do Centro Cirúrgico). É de crucial importância a realização da profilaxia contra o tétano associada à penicilina e que se inicie a antibioticoprofilaxia venosa contra gram-positivo e negativo, normalmente com Cefalosporinas de 1ªGeração, podendo ser associada ao uso de aminoglicosídeos por ao menos 24-48h. Caso o paciente se encontre hemodinamicamente estável, antes de prosseguir para o Centro Cirúrgico deve ser feita a radiografia do local em AO MENOS duas incidências para avaliar a lesão e buscar injúrias concomitantes. Obs 1: A realização de cultura bacteriana não é usual, devendo ser reservada para casos de maior risco infeccioso como em fraturas ocorridas no campo ou suspeita de contaminação intra-hospitalar Cor Consistência Contratilidade Circulação Na fase operatória é realizado o controle hemorrágico com uso de torniquetes, são realizadas as ligaduras arteriais e nervosas com uso de fio monofilamentado e é feito o debridamento e irrigação da ferida. A finalidade é de eliminar tecido desvitalizado e infectado criando uma ferida limpa. A exploração por tecido desvitalizado obedece os "4C's": Fratura diafisária da tíbia e fíbula em incidências AP e perfil respectivamente. Disponível em: Revista Brasileira de Ortopedia Vol. 51, Issue 5. 2016 9 Chegado o momento de estabilizar afratura, restituindo alinhamento e função do local afetado, restaurando tensão e possibilitando futura mobilização precoce afim de iniciar a consolidação correta do hematoma fraturário. A escolha do método depende do cirurgião, do mecanismo de injúria, do local ósseo de fragmentação, do paciente e do material disponível. Eis alguns dos métodos mais comuns e suas características: Estabilização e fixação 10 Fixação de fratura diafisária umeral com placa minimamente invasiva. Encontrado em https://ortopediaeombro.com.br/funcao-do-ombro-apos-o- tratamento-de-fraturas-com-desvio-da-diafise-do-umero-um-estudo- randomizado-comparativo-entre-haste-intramedular-anterograda-e- osteossintese-com-placa-minimamente-invasiva/ Fraturas Metafisárias Diafisárias com boa cobertura Técnica operatória complicada Sem contato com meio externo Geralmente definitiva Fixação com Placa Fixação Definitiva Método mais utilizado Haste de titânio no canal medular do osso Pior para fraturas cominutas Associado com outros tipos de fixação Baixa infecção Haste Intramedular Bloqueada Fixação de fratura umeral com haste intramedular. Disponível em: Acta ortop. bras. v.13 n.3 São Paulo 2005 11 Geralmente provisório Bom para fraturas cominutas Possibilidade de preservação do canal medular Possível para fraturas intra- articulares Consolidação retardada Contato com o meio externo Fixador Externo Fixação de fratura do pé com fixador externo. Disponível em: Rev. Port. Ortop. Traum. vol.25 no.4 Lisboa dez. 2017 Obs 2: A ferida normalmente não será fechada primariamente, apenas em alguns casos de pouco trauma de partes moles e alto grau de limpeza, devendo ser mantida aberta para posterior avaliação do cirurgião. Obs 3: A mobilização precoce do membro é essencial para a consolidação adequada, devendo ser iniciada logo que a estabilização e as partes moles permitam. Fluxograma TRAUMA DO QUADRIL 12 Introdução: Fratura de colo de fêmur: Epidemiologia: Anatomia e complicações clínicas: Classificação: A crescente nos acidentes automotivos e automobilísticos assim como a expectativa de vida favoreceram um aumento na incidência de fraturas de fêmur proximal. Essas por sua vez podem ser classificadas em intracapsulares (subdividida em subcapital, transcervical e baso- cervical) dependendo se acometeram o colo ou a cabeça femoral e extracapsulares (subdivididas em intertrocantéricas e subtrocanté- ricas). Considerando que a fratura do fêmur proximal pode ocorrer em diferentes áreas do mesmo, existirá, portanto, distintas características, classificações e tratamentos diferentes para cada. A alta frequência dessas fraturas que chegam em prontos-socorros, exige do ortopedista geral um conhecimento relevante sobre o assunto. O grupo mais afetado por esse tipo de fratura é o de mulheres relacionado a osteoporose pós-menopausa e indivíduos idosos que já passaram da sétima década de vida. Com a fratura proximal do fêmur a sua cabeça normalmente sofre com a interrupção da circulação sanguínea (durante ou após o trauma), esse problema normalmente ocasiona a necrose avascular da região supracitada. A necrose torna-se mais prevalente quanto maior for o tempo entre a fratura e sua estabilização sendo, portanto, a osteossíntese uma urgência para todos os acometidos. Em todos os grupos de pacientes existe uma alta incidência de trombose venosa profunda que pode culminar em tromboembolismo pulmonar e em idosos, pneumonia. Embora exista uma menor frequência, a embolia gordurosa também preocupa. Com o intuito de favorecer o tratamento, diferentes classificações são utilizadas, tais como: 14 Classificação de Garden: Propedêutica: Radiografias: . Mais citada na literatura mundial pois avalia o desvio e o prognóstico da fratura. Essa classificação não foi destinada para utilização em jovens e sim no grupo de maior prevalência. Fonte: retirada do site Ortopediaonline.med Os pacientes acometidos costumeiramente apresentam um encurtamento e rotação externa do membro afetado que repercute com dor inguinal. Caso a fratura seja impactada em valgo ou forem incompletas, pode causar pouca dor e o paciente pode até deambular na vigência da fratura. Os idosos acometidos, podem cursar com quadros de desidratação e confusão mental aguda. Para diagnosticar fraturas são utilizadas radiografias no plano AP de bacia e quadril inicialmente, uma rotação de 15 graus da perna afetada posiciona o trocânter menor em posição posterior, assim, o colo femoral é visto com maior clareza. Existe uma relação entre a fratura do colo com a fratura ipsilateral da diáfise femoral (em grande maioria nos pacientes jovens acometidos em acidentes de grande energia) portanto, torna-se necessário realizar a radiografia do quadril ipsilateral nas fraturas da diáfise femoral. Radiografia AP do Quadril. Fonte: Artigo Fratura no colo do fêmur em idosos: relato de caso Classificação radiográfica de Pawels. Fonte: Revista Brasileira de Ortopedia. Tratamento: Repreende-se o uso de radiografia de perfil do quadril, uma vez que sua utilização pode reverberar numa complicação da fratura. Radiografia Perfil da Bacia. Fonte: Medicinanet.com.br Com o intuito que o tratamento cirúrgico siga sem nenhuma complicação, algumas medidas são tomadas tais como fazer um acompanhamento clínico rigoroso no pré o pós-operatório, além disso, realizar a tração cutânea impedirá o movimento no foco de fratura e também atua evitando a dor assim como alinhando o membro. Apenas em casos excepcionais (onde o tratamento cirúrgico apresenta mais riscos) se procederá com o tratamento conservador, pois o tratamento padrão ouro para esse tipo de fratura sempre será o cirúrgico, mesmo aquelas que se enquadrem em Garden I e II (com pouco ou nenhum desvio) são operadas pois ainda existe uma chance de progressão da lesão, com consequente piora no quadro clínico aumentando a morbidade e mortalidade, assim, a recomendação é que nas 48 horas seguintes ocorra a cirurgia, onde se deve escolher entre artroplastia e a osteossíntese. Em ambas as técnicas supracitadas é importante que o cirurgião esteja familiarizado com as mesmas para fazer a melhor escolha, para tanto, é necessário observar alguns pontos como, a idade do paciente, caso idoso, é necessário compreender seu perfil se ele é ativo ou sedentário. Fraturas Transtrocantéricas: Epidemiologia e Complicações clínicas: Jovens: O que se preconiza é o uso de parafusos canulados DHS (dynamic hip screw) juntamente com um parafuso anti-rotacional com placa lâmina ou hastes intramedulares com bloqueio para o colo femoral. A osteossíntese é utilizada de maneira abrangente, entretanto se existir falha no tratamento, a artroplastia total de quadril será utilizada, assim como quando em casos que houver sequela de fratura do colo, como a necrose avascular da cabeça femoral e artrose. Idosos: Para um correto atendimento devemos avaliar qual o tipo da fratura, a qualidade do osso do paciente, patologias associadas e atividade de vida diária. Se houver Garden I ou II com boa qualidade óssea e o paciente for ativo, deve-se optarpela osteossíntese, caso a fratura seja Garden III ou IV com elevado risco de necrose da cabeça femoral, opta-se pela artroplastia. Caso o idoso seja um deambulador comunitário (ativo) ou que apresentam artrose do quadril, são indicados para realizar uma prótese total. Já aqueles que são mais inativos, baixa atividade diária e baixa expectativa de vida além de baixa expectativa de vida são indicados para a prótese parcial. O traço fraturário desta está localizado entre o trocânter maior e o trocânter menor região essa localizada extracapsularmente. Essa região em que ocorre a fratura é composta por osso esponjoso, dessa forma, apresenta um excelente potencial de consolidação. O público mais acometido por esse tipo de fratura é semelhante ao de colo do fêmur, idosos (8ª década de vida) principalmente as mulheres por conta da osteoporose. Assim como o grupo afetado é semelhante as complicações clínicas também são sendo elas a interrupção sanguínea da cabeça do fêmur com subsequente necrose avascular. Fonte: Quadrilcirurgia.com.br Fonte: Medicinadoquadril.com.br Classificações: Propedêutica: Radiografia: Para classificar esse tipo de fratura é necessário considerar a estabilidade dos fragmentos fraturados, assim como a falta de estabilidade póstero-lateral do fêmur proximal após a redução da fratura. Baseando-se nisso, diferentes classificações são utilizadas, como: AO, Tronzo, Evans e Boyd e Griff. Os pacientes acometidos por esse tipo de fratura além de apresentarem dor na região inguinal e equimose na face lateral do quadril apresentam um maior grau de encurtamento de rotação externa do membro afetado quando comparado aos pacientes com fratura de colo femoral. Para diagnostico são realizadas radiografias de AP de bacia e AP de quadril. Classificação radiológica de Tronzo. Fonte: Artigo Reprodutibilidade das classificações de Tronzo e AO para fraturas transtrocanterianas Classificação radiológica AO ( e suas subdivisões). Fonte: Artigo Reprodutibilidade das classificações de Tronzo e AO para fraturas transtrocanterianas Fonte:Quadrilcirur gia.com.br Tratamento: Para o alívio da dor, assim como na fratura do colo femoral, a tração cutânea (até 1,5kg) é realizado e o acompanhamento clínico pré e pós-operatório também são importantíssimos. Nesse tipo de fratura o padrão ouro para o tratamento é o método cirúrgico (com algumas raras exceções), também não se existe a preocupação com necrose avascular da cabeça do fêmur entretanto se preocupa com o período que o indivíduo fica restrito ao leito. Estudos referem uma piora no quadro clínico do paciente, com o passar do tempo em que o acidentado não é operado, dessa forma, é imprescindível que o atendimento cirúrgico ocorra nas primeiras 48 horas. Esse tratamento utiliza dois métodos efetivos sendo a haste intramedular com bloqueio para o colo femoral e o DHS. Embora se discuta qual o método mais eficiente, ambos obtém excelentes resultados quando bem executados, embora técnicas minimamente invasivas para a inserção do DHS estão sendo realizadas. Fonte:Quadrilcirurgia.com.br Fonte:Medicinadoquadril.com Fraturas subtrocantéricas: Incidência: Complicações Clínicas: Classificação: Propedêutica: Radiografias: Essas fraturas ocorrem abaixo da linha do trocânter maior e menor, região essa pouquíssimo vascularizada e com baixo potencial de consolidação. Os jovens e adultos são os públicos mais afetados, pois geralmente essa fratura ocorre em traumas de alta energia como nos acidentes automobilísticos. Embolia gordurosa, trombose venosa profunda e tromboembolismo pulmonar. Para esse tipo de fratura destaca-se a classificação de AO, Fielding e Sensheimer. É observado dor e encurtamento do membro, equimose também pode estar presente. Solicita-se radiografias em AP de bacia, AP e perfil do fêmur e Ap e perfil do joelho ipsilateral. Classificação radiográfica de Sensheimer. Fonte: Slideshow Fraturas subtrocantéricas atípicas. OBS: Tipo I: Sem desvio (menor que 2mm) Classificação radiográfica de AO. Fonte: Slideshow Fraturas subtrocantéricas atípicas. Tratamento: Os métodos mais utilizados para esse tipo de fratura são o uso de hastes intramedulares bloqueadas. O DCS também é um método para a osteossíntese de estabilidade absoluta ou relativa. Observa-se que a deformidade fraturária e a pobre vascularização da região dificultam o manejo dessas fraturas. A redução (direta ou indireta) adequada, aumenta a possibilidade de consolidação, reduzindo a falha do material de síntese. Radiografia em AP e Perfil do Quadril. Fonte: Slideshow Fraturas subtrocantéricas atípicas Fonte: Medicinadoquadril.com.br TRAUMA raquimedu lar 13 Definição Epidemiologia Fisiopatologia Trauma raquimedular é a lesão da medula espinhal que provoca alterações, temporárias ou permanentes, na função motora, sensibilidade ou função autonômica. Frequente-mente está associado a trauma cranioencefálico ou politrauma. - A lesão da medula espinal ocorre em cerca de 15 a 20% das fraturas da coluna vertebral, e a incidência desse tipo de lesão apresenta variações nos diferentes países. - No Brasil, cerca de 40 casos novos por milhão de habitantes, perfazendo o total de 6 a 8 mil casos por ano. - Maior frequência no sexo masculino, na proporção de 4:1, na faixa etária entre 15 e 40 anos. - Entre as principais causas estão os acidentes automobilísticos quedas de alturas, acidentes por mergulho em água rasa e ferimentos por arma de fogo. - Aumento de incidência dos TRMs em decorrência de ferimentos por projéteis de arma de fogo, reflexo da violência nos grandes centros urbanos. - A localização anatômica da lesão está diretamente relacionada ao mecanismo do trauma, e cerca de dois terços das lesões medulares estãolocalizados no segmento cervical. Lesões da medula na região torácica ocorrem em 10% das fraturas desse segmento e em 4% das fraturas da coluna toracolombar. A lesão medular pode ser: - Primária: Lesão imediata ao trauma devido a contusão mecânica e hemorragia. - Secundária: Sequência de eventos bioquímicos autodestrutivos que podem durar horas ou dias que levam a disfunção e morte celular. 14 Diagnóstico Clínico - Atendimento do indivíduo no local do acidente, avaliação inicial, o reconhecimento das lesões e a prevenção de lesões adicionais durante o seu resgate e transporte para o local onde deverá receber o atendimento definitivo. - A avaliação do paciente compreende a história, o exame físico, a análise neurológica e o estudo radiográfico. - A presença de traumatismo cranioencefálico, intoxicação alcoólica, lesões múltiplas e traumas da face e acima da clavícula aumenta a probabilidade da ocorrência de fratura da coluna vertebral. - O exame físico geral do indivíduo seguindo o ABCDE do trauma. - O exame neurológico consiste na avaliação da sensibilidade, da função motora e dos reflexos. - Ausência total da sensibilidade, motricidade e reflexos abaixo do nível da lesão com extensão variável de tempo (na grande maioria após 24 a 48 horas). - O término do choque medular é indicado pelo retorno do reflexo bulbo cavernoso que é testado tracionando-se abruptamen- te, porém com delicadeza, a sonda vesical, ou apertando a glande peniana e observan- do a presença da contração do esfíncter retal. A ausência do tônus esfincteriano indica que o paciente está na vigência do choque medular. - Clinicamente, as lesões neurológicas podemser classificadas em completas e incompletas, baseado no exame neurológico após o término no choque medular. • Completas: São caracterizadas pela completa perda da função sensitiva e motora mais do que três segmentos abaixo do nível da lesão. 15 Incompletas: São caracterizadas pela presença de alguma função motora ou sensitiva mais do que três segmentos abaixo do nível da lesão. - A medula espinhal termina na região da vértebra de L2, portanto as fraturas distais a este nível causam lesões de raízes nervosas. Ficha ASIA - A American Spine Injury Association (ASIA, Associação Americana do Trauma Raquimedular) desenvolveu, em 1992, padrões para a avaliação e classificação neurológica do TRM. - Avaliação dos dermátomos e miótomos. 16 Imagem - Escala de Frankel modificada pela ASIA e consiste em cinco graus de incapacidade: Lesão completa (A): Não existe função motora ou sensitiva nos segmentos sacrais S4 a S5. Lesão incompleta (B): Preservação da sensibilidade e perda da força motora abaixo do nível neurológico, estendendo-se até os segmentos sacrais S4 a S5. Lesão incompleta (C): A função motora é preservada abaixo do nível neurológico, e a maioria dos músculos-chave abaixo desse nível tem grau menor ou igual a 3. Lesão incompleta (D): A função motora é preservada abaixo do nível neurológico, e a maioria dos músculos-chave abaixo apresenta grau maior ou igual a 3. Normal (E): Sensibilidade e força motora normais! - Radiografias simples em AP e perfil, observar o alinhamento e altura dos corpos vertebrais e alterações na distância entre os processos espinhosos, podendo indicar lesão do complexo ligamentar posterior. - Tomografia computadorizada através das imagens axiais, avaliar e detectar lesões com retropulsão de fragmentos ósseos, fraturas dos elementos posteriores, cominuições ósseas e alterações no diâmetro do canal vertebral. Este método permite, através da reconstrução das imagens, melhor avaliação da fratura e do grau de comprometimento do canal vertebral nos pacientes com luxação bilateral das facetas articulares. 17 Tratamento - Ressonância magnética (RM), sempre que possível, deve ser utilizada na fase primária do diagnóstico, pois permite a análise detalhada das partes moles, com melhor visualização de contusões medulares, hematomas, lesões ligamentares, hérnias discais e coleções líquidas. - Atendimento no local do acidente seguindo os preceitos do ATLS (com imobilização cervical e prancha rígida), para evitar danos adicionais ou ampliar os já existentes. - Tratamento na emergência tem como objetivo principal a manutenção e o restabelecimento das funções vitais do paciente, descartar a possibilidade de ocorrência de choque neurogênico (hipotensão associada a bradicardia) nos indivíduos com lesão acima de T6, para evitar a administração de líquidos e a consequente sobrecarga hídrica. - Uso metilprednisolona em até oito horas após a lesão da medula espinal, para reduzir a peroxidação lipídica e de preservar a integridade das estruturas neuronais, atuando no nível da lesão secundária, devido à isquemia e à ação dos radicais livres. (Ainda não provado) 18 - A dose recomendada de metilprednisolona é de 30 mg/kg de peso, aplicada em bolo durante 15 minutos, e, 45 minutos após essa dose em bolo, administram-se 5,4 mg/kg em in fusão constante, por 23 horas. A dose total é de 154,2mg/kg de peso em 24 horas e deve ser consumida nas primeiras oito horas após o trauma. - O tratamento definitivo da lesão no segmento vertebral fraturado tem como principais objetivos: a preservação da anatomia e da função da medula espinal, a restauração do alinhamento da coluna vertebral, a estabilização do segmento vertebral lesado, a prevenção de complicações gerais e locais e o restabelecimento precoce das atividades dos pacientes, de vendo ser realizado o mais cedo possível, desde que as condições gerais do indivíduo permitam. - Na impossibilidade da realização do tratamento definitivo, a redução da fratura e o realinhamento do canal vertebral podem ser obtidos por meio da aplicação de tração longitudinal, utilizando-se o halo craniano nas lesões cervicais. O realinhamento da coluna vertebral e a ligamentotaxia, produzidos pela instrumentação dos elementos vertebrais, promovem a descompressão indireta das estruturas nervosas do segmento vertebral. - Não existe, até o momento, tratamento cirúrgico capaz de restaurar as funções da medula espinal lesada, e o objetivo da abordagem cirúrgica é apenas a redução e o realinha mento do segmento vertebral lesado e a restauração da estabilidade de tal segmento, de modo a evitar lesões adicionais da medula e favorecer sua recuperação. 19 Luxação do ombro 20 Introdução Definição Epidemiologia A articulação do ombro é a que permite maior amplitude de movimento no corpo humano. Diante dessa alta flexibilidade, ela está também mais suscetível às instabilidades. Fazendo uma comparação com outras articulações, a do ombro é a que apresenta o maior número de incidência de luxações, correspondendo a quase 45% de número total de ocorrências. Além disso, é relevante frisar que essa é uma das patologias mais antigas já descritas, surgindo estudos desde Hipócrates. A luxação de ombro pode ser entendida como a ruptura da relação anatômica entre a cabeça do úmero e a cavidade glenoidal, gerada pela ação de uma força traumática ou não que supera os mecanismos que estabilizam a articulação. Esse conceito foi aprimorado com o decorrer do tempo, antes não sendo relacionado com a instabilidade glenoumeral. Hoje, já se considera a necessidade da avaliação conjunta dessas duas patologias, já que apresentam relação direta. A luxação glenoumeral é a mais numerosa quando se compara às lesões em outras articulações. Entre todas as luxações do corpo, essa lesão corresponde a cerca de 45% de todos os casos e cerca de 2% de todas as lesões traumáticas do membro superior. Ocorre em média de 1,5% a 2% da população mundial, aumentando para cerca de 7% quando se restringe aos atletas. 21 Classificação Anterior: Posterior: Inferior: Superior: Basicamente as luxações glenoumerais se restringem em quatro tipos: anterior, posterior, interior e superior. É o tipo mais frequente, ocorrendo em 85% dos casos. Ela pode ser de alguns tipos, como por exemplo: subcoracoide, subglenoidal, subclavicular e intratorácico. De forma mais comum, ela vai ocorrer por conta de uma queda ao solo, acompanhada de movimento de rotação com o membro superior em abdução e rotação externa. De maneira menos frequente, ela vai ocorrer por um trauma direto na direção posteroanterior. Ocorre a perda da relação entre a cavidade glenoidal e a cabeça do úmero, produzindo ruptura do lábio (lesão de Bankart) e dos ligamentos glenoumerais, além de uma lesão da cabeça do úmero na parte do canto posterossuperior, gerando afundamento (lesão de Hill-Sachs). É uma das formas de luxação mais raras e acontecem normalmente por choque elétrico ou crises convulsivas. Pode também ocorrer por um trauma direto na direção anteroposterior. Quando ocorre, a cabeça do úmero se aloja na parte posterior da cavidade glenoidal, rompendoa cápsula articular posterior. Por muitas vezes o seu diagnóstico ocorre de forma mais demorada, já que o paciente consegue realizar alguns movimentos com o ombro. Sem uma radiografia com as incidências em perfil ou axilar, essa luxação passa desapercebida. A ocorrência desse tipo se dá por uma elevada força quando o braço estiver em abdução máxima. A cabeça do úmero vai ficar alojada na região axilar em posição extra-articular. Seu diagnóstico é mais simples do que a posterior, porque o paciente geralmente chega ao serviço de emergência segurando o braço em posição elevada. Sua ocorrência é bastante rara. Ela só ocorre em conjunto com fratura do acrômio, podendo ocorrer lesão no manguito rotador. O próprio peso do braço em conjunto com a força gravitacional pode realizar a redução dessa luxação. 22 Diagnóstico Exame físico: Exame radiográfico: Para um diagnóstico clínico mais preciso da luxação glenoumeral, é importante se ater a algumas informações como: mecanismo e história da lesão, posição do braço ao ser deslocado, se é um caso recorrente, se apresenta alguma característica de uma possível lesão nervosa e saber qual o grau de limitação física do indivíduo. É importante buscar o sinal da dragona, causado pela ausência da cabeça do úmero em sua posição natural, caracterizando o estado de luxação. O sinal consiste de um espaço vazio inferior ao acrômio. Também pode se observar o próprio acrômio, que aparece saliente superiormente a este espaço. A luxação anterior é de fácil identificação. Já a posterior apresenta um grau de dificuldade maior, já que a cabeça do úmero vai se alojar no meio do músculo deltoide posterior. Sinal da Dragona. Também não se pode deixar de realizar o exame vascular, através da palpação da artéria radial. Já o exame neurológico, que é também de fundamental importância, deve-se investigar a sensibilidade e motricidade dos nervos axilar, musculocutâneo, radial, mediano e ulnar. Destes o mais frequentemente lesado é o axilar, que pode ser testado através da sensibilidade na parte lateral do ombro, e abdução da articulação glenoumeral. Para o diagnóstico correto é extremamente necessário que se realize pelo menos a radiografia em duas incidências, pois a incidência única é um dos fatores mais frequentes de erros. As principais incidências utilizadas são: anteroposterior, lateral da escápula e axilar. 23 Algumas incidências adicionais podem auxiliar no melhor diagnóstico como a de Stryker, a de Bernageau e a anteroposterior com rotação interna e externa do úmero. Porém, é importante salientar que nem sempre será possível a realização de alguma incidência por conta da limitação de movimento e dor provocada pela luxação. Na maioria das vezes, é possível fazer o diagnóstico na incidência anteroposterior (AP), que demonstra perda da congruência entre a cabeça do úmero e a cavidade glenoumeral, geralmente em uma posição subcoracoide, no caso da luxação glenoumeral anterior. Na luxação posterior, a alteração nessa incidência pode ser mais sutil ( a cabeça do úmero aparece mais arredondada, conhecido como sinal da lâmpada), sendo a incidência em perfil escapular essencial. No perfil escapular, pode-se verificar o deslocamento anterior ou posterior da cabeça do úmero em relação à glenóide. *É importante realizar radiografias antes e após a redução (radiografia de controle)! A. Radiografia em AP demonstrando luxação. B. Radiografia em perfil demonstrando o sentido da luxação. 24 Tratamento Manobras de Redução para luxação anterior. O tratamento dessas lesões vai ser realizado, principalmente, pela redução da luxação. Para a realização desse procedimento, existem diversas manobras. Em muitos casos, a redução pode ser feita sem anestesia e com facilidade, mas essa condição é mais comum em ombros que já foram luxados ou apresentam alguma instabilidade. É comum também, em pacientes que apresentam esse quadro, relatos afirmando que o ombro foi autoreduzido. Nos casos de pacientes que apresentam o quadro de luxação pela primeira vez, há uma dificuldade maior para a redução. Nesses casos, utiliza-se anestesia local para facilitar. As duas manobras mais realizadas são: - Tração e contratração: Com auxílio de um lençol ou uma toalha, realiza-se força na direção indicada pelas setas. Manobra de tração e contratração - Método de Milch: São usadas as forças de abdução, rotação externa e pressão do polegar, colocando a cabeça do úmero dentro da articulação. 25 Tempo de imobilização Após a redução, o ombro deve ser mantido imobilizado para a contenção da dor. Em estudos atuais, sugere-se que o tempo de imobilização seja de 7 a 10 dias. Além disso, a orientação é que o paciente utilize o imobilizador de forma intermitente. 26 Módulo 2: Clínica Ortopédi ca A O R T O P E D I A C O M O V O C Ê N U N C A V I U Dor do quadril 20 História do Paciente: É importante que a história do paciente seja colhida, uma vez que pode fazer com que o médico concentre-se em prováveis fontes de dor no quadril, direcionando dessa maneira uma avaliação futura. Ter conhecimento acerca do início e duração da dor é importante para que o médico tenha uma noção do que se trata o problema, dado que as patologias tem comportamento distinto. Assim, casos como osteonecrose ou fraturas por estresse por exemplo, apresentariam um começo bastante agudo, já uma displasia e impacto do quadril apresentam um começo insidioso. Além disso, saber da ocupação e ter conhecimento acerca dos hábitos do paciente é importante para guiar possíveis diagnósticos, visto que existem lesões que afetam de forma mais contundente um certo perfil ocupacional, seja laboral ou seja de atleta, como é o caso das fraturas por estresse, que são comuns entre os corredores. O local da dor é também muito útil. Uma dor posterior que se estende ao longo da espinha ilíaca posterossuperior e nádegas, normalmente, encontra-se relacionada à dor da coluna lombar, além de possivelmente estar relacionada também à articulação sacroilíaca. A radiação desse tipo de dor para baixo, na região posterior da coxa e passando pelo joelho indica uma possível origem radicular, principalmente quando está associada a uma sintomatologia neurológica. Uma dor na região lateral do quadril costuma ter origem trocantérica, podendo descer na coxa lateral, como é o caso da tendinite da banda iliotibial. Patologias intra-articulares normalmente são expressas por dor na virilha, apresentando o "Sinal C", definido por Byrd como um sinal muito sugestivo de dor intra-articular, na qual o paciente coloca a sua mão sobre o quadril afetado com o polegar na dobra da virilha e os dedos nas nádegas. Exame Físico: A posição do paciente no momento em que a dor ocorre também é importante. Dores que ocorrem quando o paciente fica muito tempo sentado, mas que diminuem ao ficar em posição ortostática indicam impacto do quadril. Enquanto isso, a dor na fase de apoio que é aliviada ao deitar ou ao sentar é mais inespecífica, incluindo possibilidades como osteoartrose, osteonecrose, fratura por estresse, displasia e artrite inflamatória. O exame físico deve ser realizado com o objetivo de buscar dados relativos à inspeção, palpação, mobilidade articular, realização de determinados testes especiais e um breve exame neurológico (motor e sensitivo). Inspeção:A inspeção é realizada observando-se a marcha do paciente, podendo começar a partir do momento em que o paciente adentra a sala de exame. Essa etapa deve ser realizada com muita atenção, dado que muitas patologias se manifestam claramente durante a deambulação. A área a ser examinada deve ser ainda descoberta, respeitando o pudor do examinado, para que seja possível observar de forma mais minuciosa possíveis cicatrizes, hipotrofias musculares, assimetrias e alterações posturais. Fonte: sanarmed.com Palpação: A palpação tem como objetivo identificar possíveis pontos dolorosos, tumorações, deformidades ósseas e o tônus e o trofismo muscular. É importante tomar como pontos de referência a espinha ilíaca postero- superior, o trocânter maior e a tuberosidade isquiática. A musculatura periarticular é muito potente e pode ser palpada em quatro grupos: flexores - na região anterior do quadril, analisando o iliopsoas, o reto femoral e o sartório -, abdutores - na região lateral do quadril, analisando glúteos médio e mínimo -, Adutores - na região medial do quadril, analisando adutores longo, curto e magno, além de pectínio e grácil - e por último os Extensores - na região posterior do quadril, analisando glúteo máximo e isquiotibiais. Fonte: https://www.auladeanatomia.com/novosite/pt/ Fonte: https://www.anatomiaonline.com Mobilidade Articular: A análise da mobilidade articular é realizada com o paciente em decúbito dorsal, mantendo a pelve e o tronco em posição simétrica, sendo importante que o examinador estabilize a pelve com uma das mãos, visando evitar interpretações errôneas com relação ao grau de amplitude dos movimentos do paciente. Na análise da mobilidade articular, são feitos dois tipos de teste: os testes ativos - em que o paciente utiliza seus próprios músculos para atingir a amplitude necessária de movimentação - e os testes passivos - em que é examinador quem movimenta a articulação do paciente. O paciente pode ser incapaz de completar os testes ativos por uma questão de fraqueza muscular, enquanto que no teste passivo essa hipótese é dispensada, dado que a força passa a ser depreendida pelo examinador. Nesses testes passivos, em caso de incapacidade, devem ser suscitadas hipóteses de obstrução óssea ou de tecidos moles. Em média, a amplitude de movimentos do quadril é: Na flexão: de 0 a 120º, consistindo em levar a coxa em direção anterior, ao encontro do abdome Na abdução: de 0 a 45º, consistindo em afastar o membro inferior da linha média Na adução: de 0 a 30º, consiste em cruzar a linha média com o membro inferior Na rotação interna: de 0 a 30º, consistindo em rodar o membro inferior internamente Na rotação externa: de 0 a 45º, consistindo em rodar o membro inferior externamente Na extensão: de 0 a 30º, sendo realizada com o paciente em decúbito ventral, elevando-se a coxa da superfície de exame e com o joelho levemente fletido. As manobras de rotação também podem ser realizadas com o quadril em extensão Testes Especiais: Teste de Trendelenburg: Tem como objetivo verificar a integridade funcional dos músculos abdutores do quadril. A inclinação do tronco é realizada pelos músculos abdutores do quadril, sendo assim, a pélvis inclina sendo levantada do lado que não suporta o peso. A falha nesse mecanismo é diagnosticada pela positividade do Sinal de Trendelenburg, havendo queda da pélvis ao invés de sua elevação no lado não apoiado. Esse teste é realizado com o paciente em posição ortostática e em apoio monopodálico. Teste de Thomas: Destina-se a avaliar a presença de contratura em flexão do quadril. (Por definição uma contratura refere-se a um fenômeno patológico onde o músculo está em estado de encurtamento). Para a realização desse teste, o paciente deve ser colocado em decúbito dorsal, e realiza-se a flexão máxima dos quadris. Em seguida, mantemos um quadril flexionado e estendemos aquele que queremos testar. Quando há uma contratura em flexão, o quadril não se estende completamente e o ângulo formado entre a mesa de exame e a face posterior da coxa corresponde ao ângulo de contratura. Patologias como psoíte, artrose e artrite séptica podem levar a contratura em flexão. Teste de Patrick: Tem como objetivo detectar tanto patologias do quadril como as da articulação sacro-ilíaca. Para a realização desse teste, o paciente é colocado em decúbito dorsal e colocamos o calcanhar do membro inferior sobre o joelho contra-lateral. Feito isso, o examinador deve aplicar uma força sobre o joelho fletido e outra sobre a espinha ântero-superior oposta. Se a dor apresentada pelo paciente for na região inguinal, pode haver patologia na articulação do quadril, caso a dor esteja na região posterior, pode haver patologia na articulação sacro-ilíaca. Esse teste também pode ser chamado de Fabere. Fonte:http://ortopedia.facafisioterapia.n et/2019/04/teste-de-trendelenburg-e-o- tratamento.html Fonte:https://questoesdefisioco mentadas.wordpress.com/tag/te ste-de-thomas/ Fonte: https://www.youtube.com/watc h?v=0Hnq2MYTl Medida de comprimento dos membros: Essa medida deve ser feita para analisar se existe discrepância com relação ao comprimento dos membros. Ela é feita medindo-se a distância compreendida entre a espinha ilíaca e o maléolo medial de cada um dos membros. Se houver diferença, está provada a discrepância real. Existe também uma medida de discrepância aparente, medida pela distância compreendida entre a cicatriz umbilical e o maléolo medial de cada membro. Uma possível discrepância aparente, resulta de posições anormais de pelve e não de encurtamento do membro. Exame neurológico: É dividido em uma avaliação motora e sensitiva. A avaliação motora é dividida em grupos musculares: Os flexores, inervados por L1, L2 e L3, são testados com o paciente sentado e com as pernas pendendo para fora da mesa, solicitando que o mesmo faça uma flexão de quadril enquanto o médico oferece uma resistência no terço medial da coxa. Os extensores, inervados por S1, são testados com o paciente em decúbito ventral e com o joelho fletido, tentando estender o quadril enquanto o médico oferece resistência na face posterior da coxa. Os abdutores, inervados por L5, são testados com o paciente em decúbito dorsal, pedindo-se que o paciente realize uma abdução dos membros, enquanto o examinador, com as mãos sobre as faces laterais dos tornozelos, oferece resistência ao movimento Por fim, os adutores, inervados por L2, L3 e L4, são testados com o paciente em decúbito dorsal estando os membros abduzidos e com o examinador oferencendo resistência na face interna dos tornozelos, enquanto o paciente tenta realizar adução dos membros. Teste de Ober: Esse teste tem como objetivo avaliar se o paciente apresenta contratura em abdução do quadril. Para isso, o paciente deverá estar em decúbito lateral, com o membro a ser testado no lado de cima. Posteriormente, é realizada a flexão do joelho à 90º e abdução do quadril. O examinador, então, deve soltar o membro, que em, condições normais, entraria em adução. Em presença de contratura, o membro permanece abduzido mesmo depois de solto. Fonte: http://questaodefisio.blogspot.com/2012/0 9/provinha-de-ortopedia-amanha-ultima- do.htlm Avaliação radiográfica do quadril: A força de cada grupo muscular é classificada de acordo com a tabela proposta pela American Spine Injury Association: Grau 0: não há contração visível ou palpável Grau 1: contração visível e/ou palpável, mas que não produz movimento Grau 2: movimentação completa do membro desde que eliminada a força contrária da gravidade Grau 3: movimentação completa do membro contra a força da gravidade Grau 4: movimentação completa contra a força da gravidade e uma pequena resistência imposta pelo examinador Grau 5: movimentação completa contra a força da gravidadee uma grande resistência imposta pelo examinador Testes Sensitivos: as raízes que suprem sensitivamente a pele da região do quadril e coxa são: T12(área do ligamento inguinal), L1(terço superior da coxa), L2(terço médio da coxa), L3(terço inferior da coxa), todos estes na face anterior do membro. Na face posterior do membro, as raízes de S1 e S2 suprem a sensibilidade de extensa área que vai desde a prega glútea até a fossa poplítea. A avaliação radiográfica do quadril deve começar com radiografias simples, com uma incidência pélvica anteroposterior em posição supina. Fonte: http://neuroinformacao.blogspot.com/2012/06/os-nervos-da-perna.html O acetábulo é avaliado por meio de uma radiografia simples, com uma incidência pélvica anteroposterior, contornando a borda das paredes anterior e posterior. A cobertura anterior do quadril é avaliada por meio de uma incidência de falso perfil da pelve, a qual é realizada com o paciente em pé, com o lado afetado da pelve girado externamente a 65 graus a partir da projeção anteroposterior. Para a análise de uma radiografia de pelve, na LAOT temos um mnemônico que ajuda a memorizar as principais partes a serem observadas com maior atenção, o mnemônico SATAN Sacroilíaca Anel Externo Trocânteres Anel Interno síNfise púbica Patologias do Quadril: Partindo agora para as principais patologias do quadril, temos: Osteoartrose do Quadril O que é?: A osteoartrose do quadril é uma doença degenerativa crônica que tem como característica a deterioração da cartilagem e neoformação óssea nas superfícies e margens articulares do quadril. De forma simplista, existem 2 tipos de osteoartrose do quadril: a primária - que surge sem uma causa aparente - e a secundária - que dá-se por uma causa conhecida ou pré-existente. Fonte: http://www.rbo.org.br/detalhes/72/pt-BR/proposta-de-padronizacao-do- estudo-radiografico-do-quadril-e-da-pelve Epidemiologia: Embora a relação entre idade e doença ainda não esteja plenamente esclarecida, dado que pode ser iniciada ainda em idade precoce, a osteoartrose de quadril tem a sua frequência aumentada em idosos, estimando-se que cerca de 1/3 dos idosos apresente algum grau de alteração sintomática da cartilagem dos quadris. Existe também uma notória predisposição genética no desenvolvimento dessa patologia. Além disso, embora a obesidade ainda não esteja comprovada como um fator causador da doença, parece claro que o sobrepeso corporal acelere o processo de desgaste das articulações. Fisiopatologia: A degeneração cartilaginosa que acontece na osteoartrose do quadril é caracterizada por apresentar alterações profundas na superfície articular. Essas alterações acontecem por conta de alterações na atividade biossintética dos condrócitos e em sua composição bioquímica. Ortopedia Pediátrica 20 Definição: Epidemiologia: Etiopatogenia: Displasia do Desenvolvimento do Quadril: Por definição, a Displasia do Desenvolvimento do Quadril consiste em uma condição anormal do quadril ao nascimento, em que ocorre uma perda total da relação articular da cabeça femoral com o acetábulo ou apesar desta relação ser mantida, ela pode ser facilmente alterada. Quando essa alteração é total, classifica-se o quadril com luxável e quando se encontra parcialmente alterado, define-se como quadril subluxável. Quanto a incidência da DDQ, existe uma incidência absoluta na faixa de 2:1000 RN, ao passo que no Brasil existe uma incidência de aproximadamente 5:1000 quanto a positividade do sinal de Ortolani, que é o sinal clínico que indica a presença da patologia. Essa patologia do quadril é mais frequente no sexo feminino e quanto a etnia atinge de forma mais marcante a população branca. Já quanto a lateralidade, ela é mais frequentemente unilateral, chegando a atingir 80% dos casos. Entre os fatores de risco para a displasia do desenvolvimento do quadril encontram-se: Fatores genéticos - Acredita-se que seja o fator mais determinante, visto que a maioria dos pacientes com DDQ possuem parentes próximos com variações da angulação do quadril. Posição Intrauterina - A maioria dos pacientes encontrava-se na posição pélvica Fatores Hormonais Posição após o nascimento - A forma de vestir a criança e envolvê-la em mantas poderia causar DDQ. Displasia do D. do Quadril. Fonte: https://radiopaedia.org/images/257817 Classificação: Luxação Teratológica: Instabilidade Neuromuscular: Diagnóstico: Instabilidade do Quadril: É a forma mais típica de DDQ e pode ser subdivida em mais 4 tipos: Luxação Subluxação Quadril luxável Quadril subluxável É desenvolvida ao longo dos primeiros meses da vida intrauterina e ao nascer está relacionada com outros problemas morfológicos que tornam a redução muito difícil. Nesse tipo encontram-se praticamente apenas quadris luxados, sendo quase inexistentes os quadros de subluxação e quadril luxável e subluxável. São caracterizadas por serem instabilidades e luxações do quadril que estão associadas à mielomeningocele e à agenesia sacral. Nesse grupo são notadas alterações morfológicas significativas já ao nascimento, provenientes de uma luxação intrauterina o que dificulta a redução. De acordo com Barlow, esta pode ser subdividida em: Quadril Luxado Quadril Luxável Quadril Subluxável O diagnóstico precoce é eminentemente clínico e perpassa pela realização de 2 exames físicos no RN, sendo estes: a Manobra de Ortolani e o Teste de Barlow. Teste de Barlow e Ortolani. Fonte:https://paranashop.com.br/2016/08/teste- do-quadril-previne-limitacao-nos-movimentos-da-crianca/ Manobra de Ortolani: Essa manobra é realizada com o paciente em decúbito dorsal com os quadris e joelhos flexionados 90º e com as coxas em adução e levemente rotacionadas para medial. Ao realizar-se a abdução dos quadris, podendo ser acompanhado de uma leve rotação lateral das coxas tem-se a sensação de um ressalto, indicando um Sinal de Ortolani positivo e indicando, portanto, a presença da patologia. Teste de Barlow: Trata-se de um teste que determina o potencial para a luxação do quadril. Esse teste é realizado com a coxa do paciente mantida em ângulo reto e com o tronco em uma posição de adução, exercendo uma força no joelho do paciente em uma direção vertical com relação ao quadril, fazendo um esforço para deslocar a cabeça femoral no interior do acetábulo. O examinador busca um sinal de pistonagem o qual pode ser seguido de um leve ressalto. Entretanto, entre os 3 e 6 meses de vida é muito difícil encontra um sinal de Ortolani positivo, o que faz com que esse exame perca a sua efetividade em diagnósticos tardios. Sendo assim, para efetuar diagnósticos tardios o examinador deve utilizar o Sinal de Galeazzi ou de Allis. Esse exame é realizado com a criança em decúbito dorsal e com os joelhos fletidos, os quais não estarão na mesma altura, denotando a presença de uma diferença entre os membros inferiores. Além disso, embora não seja constante, a criança pode apresentar também assimetria das pregas cutâneas. Teste de Galeazzi. Fonte: http://jeffersonleal.com.br/effe/userfiles/file/ Aulas%2016-08-10/EXAME%20DO%20QUADRIL%2 0E%20DA%20PELVE.pdf Exames de Imagem: Tratamento: A ultrassonografia tem um grande potencial para o diagnóstico dado que há uma evidenciação bem clara entre as estruturas cartilagíneas, o que não ocorre numa radiografia simples. Alémdisso, a USG de quadril em RN é relativamente fácil de se realizar, de baixo custo, não invasiva e permite evidenciar uma melhor posição para realizar a redução da região coxofemoral, além de servir para o controle do tratamento. Enquanto isso, o exame radiológico não é indicado para o diagnóstico precoce, uma vez que não é capaz de revelar um quadril luxado nessa fase da vida. A radiografia da pelve só começa a ser útil para uma confirmação de DDQ após a 6º semana de vida O tratamento ideal da DDQ consiste em: Diagnóstico precoce no período neonatal Redução concêntrica sem traumatismos da epífise femoral Manutenção da redução obtida até a estabilidade da articulação coxofemoral Entretanto, em caso de diagnóstico tardio da patologia podem ser adotados outros protocolos. Em caso da DDQ ter sido diagnosticada entre 3 e 6 meses de idade, o protocolo adotado consta de redução incruenta, com tenotomia percutânea dos músculos adutores do quadril e a imobilização em aparelho gessado pelvipododálico. Quando a criança já iniciou a marcha e ainda não passou por tratamento ela dificilmente evoluirá para um quadril normal, havendo sempre alguma lesão residual em suas radiografias. Nesses casos, o tratamento deve visar sempre o reestabelecimento das melhores condições biomecânicas para a articulação do quadril, no sentido de evitar ocorrência de alterações degenerativas no quadril, como a osteoartrose. Suspensório de Pavlik. Fonte: https://www.mayoclinic.org/ diseases-conditions/hip-dysplasia/multimedia/img-20125961 Definição: Epidemiologia: Fisiopatogenia: Diagnóstico: Pé Torto Congênito O Pé Torto Congênito (PTC) consiste em uma deformidade ortopédica congênita, sendo das deformidades ortopédicas congênitas a mais comum, caracterizada por um retropé varo e equino, antepé aduzido e cavo, podendo ainda estar relacionado a outras deformidades musculoesqueléticas, como é o caso da DDQ, estudada anteriormente. Quanto aos sexos, essa patologia afeta mais os homens, com o número chegando a ser de até 3 meninos para cada 1 menina com PTC. Além disso, quanto a lateralidade, esta é mais f frequente de forma unilateral, embora a bilateralidade tenha um número bastante significativo chegando a estar presente em 40% dos casos. Acredita-se que a genética desempenha um fator de risco importante para o desenvolvimento dessa patologia uma vez que estudos mostram que a chance de uma criança nascer com PTC aumenta quando um dos pais apresenta a patologia. Entre as possíveis explicações para a patogênese do PTC temos: Parada do desenvolvimento normal no estágio embrionário Falha do desenvolvimento do molde cartilaginoso tarsal Defeitos na sinalização inadequada de genes quanto ao posicionamento dos membros Gestação com valores diminuídos do líquido amniótico ou cavidade uterina diminuída Alterações com relação à origem neural O diagnóstico da PTC é essencialmente clínico devendo ser feito através de um exame físico, por meio do qual é realizada uma inspeção e palpação. Essa patologia deve ser suspeitada já ao nascimento da criança pelo neonatologista e confirmada pelo cirurgião de pé e tornozelo ainda nos primeiros dias de vida. Classificação: Tratamento: Para a classificação do PTC leva-se em consideração a escala de Piriani, a qual consiste em um método de quantificação clínica da deformidade presente em um pé não operado em crianças de até 2 anos de idade. Essa escala consta de 6 sinais clínicos graduados em normal, moderadamente anormal e gravemente anormal. Esses sinais são: Escala do mediopé - 3 quesitos que graduam deformidades de 0 a 3 Borda lateral do pé Prega medial Cobertura do Tálus Escala do Retropé - 3 quesitos que graduam deformidades de 0 a 3 Prega posterior Redutibilidade do equino Palpação do equino É importante saber que todo paciente não operado com PTC deve ser avaliado semanalmente, observando a evolução do quadro. O principal objetivo do tratamento do PTC é tornar o pé plantígrado, funcional e indolor, sendo absolutamente normal que um pé corretamente tratado permaneça de um tamanho levemente menor e com uma possível atrofia de panturrilha associada. À princípio, o tratamento deve ser não cirúrgico, sendo baseado numa manipulação do pé seguida de gesso, visando produzir uma deformação plástica e um alongamento das estruturas contraturadas de forma progressiva. Em caso de falha no tratamento conservador, considera-se o tratamento cirúrgico, o qual visa a correção imediata do quadro em um único procedimento. Como cada deformidade é variável, cada pé deve ser meticulosamente estudado por meio do exame físico e radiográfico, o que permite que seja abordado somente o necessário. Classificação de Piriani Definição: Incidência: Diagnóstico: Classificação: Fraturas Epifisárias Por definição, uma fratura epifisária é uma lesão que acomete diretamente a cartilagem de crescimento ósseo presente nas crianças por meio de um trauma. Segundo estudos, os traumatismos das placas de crescimento representam até 1/3 do total das fraturas entre as crianças e são mais comuns entre os meninos. Além disso, ela ocorre com maior frequência nas epífises distais dos ossos longos da criança. A mais comum de ser acometida é a epífise distal do rádio. O diagnóstico das fraturas epifisárias deve ser feito mediante realização de uma radiografia, sendo usualmente pedidas duas projeções (PA e de perfil). Além disso, é de fundamental importância o exame clínico, sendo fundamental saber o mecanismo da lesão e a causa. Outros recursos de imagem também podem ser utilizados, como é o caso da Ressonância Magnética e da Tomografia Computadorizada. As fraturas epifisárias são classificadas de acordo com a classificação de Salter Harris em: Salter Harris I: É caracterizada por ser uma fratura transversal e fisária completa, com ou sem luxação. Salter Harris II: É caracterizada por ser uma fratura fisária que se estende pela metáfise Salter Harris III: É caracterizada por ser uma fratura fisária que acomete também a epífise Salter Harris IV: É caracterizada por ser uma fratura fisária que acomete epífise e metáfise Salter Harris V: É caracterizada pela compressão da placa de crescimento. Entre essas classificações, as do tipo I e II são as mais comuns e as mais benignas e de melhor prognóstico, estando elas em ordem crescente de gravidade da lesão, sendo a Salter Harris V o tipo mais grave, uma vez que pode passar desapercebido Tratamento: Complicações: O tratamento varia de acordo com a classificação de Salter Harris. Sendo assim, o tratamento mais apropriado para cada uma é: Salter Harris I: Não necessita de redução, realizando-se apenas a imobilização do membro e tratamento ortopédico conservador Salter Harris II: Não necessita de redução, realizando-se apenas a imobilização do membro e tratamento ortopédico conservador. Salter Harris III: Devido ao comprometimento articular a redução anatômica faz-se obrigatória. É realizada redução cruenta e osteossíntese se necessário. Salter Harris IV: Necessita de redução anatômica. Redução cruenta e osteossíntese se for necessário. Salter Harris V: Apresenta um diagnóstico difícil e sua redução é irrelevante. As complicações mais comuns nos casos de fraturas epifisárias são desigualdade de comprimento dos membros, alterações angulares, problemas de rotação e rigidez articular. Fraturas Epifisárias, Salter-Harris. Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Classifica%C3%A7%C3%A3o_de_Salter-Harris Introdução: Osteomielite: Classificação: Infecções Osteoarticulares: Como o próprio nome já diz, as infecções osteoarticulares são infecções ortopédicas causadas principalmente por agentes bacterianos, que afetam os ossos e articulações do corpo, sendo uma causa especial de morbidade e deformidades que afetam o desenvolvimento dos membros em crianças e adolescentes. Entre as infecções osteoarticulares, aquelas que possuem maior destaque são a osteomielite e a artrite séptica. Definição: É qualquer infecção óssea que afeta a partecortical, esponjosa e o canal medular do osso. Essa infecção é caracterizada pela sua rápida capacidade de propagação, podendo comprometer a vida do paciente e a destruição óssea causada pela necrose tende à cronificação se não for tratada. A osteomielite pode ser classificada em cinco tipos: Osteomielite hematogênica aguda, osteomielite crônica, abcesso ósseo, osteomielite pós traumática e osteomielite pós cirúrgica. Osteomielite Hematogênica Aguda: É a forma de infecção óssea mais comum de infecção óssea, podendo ser identificados focos de infecção distantes, como dentários, respiratórios e cutâneos. Osteomielite Crônica: Esse tipo de infecção ocorre quando a terapêutica para tratamento da infecção é iniciada de forma tardia, devido ao estabelecimento tardio do diagnóstico. Nessa situação, ocorre a cronificação do processo, marcada pela grande quantidade de tecido necrosado e sequestro ósseo. Abcesso ósseo: Dos tipos de infecção óssea, o abcesso ósseo é caracterizado por ser o mais brando, uma vez que a virulência da bactéria é contida por conta do sistema de defesa do paciente. Nesses casos, existe um englobamento do foco inicial da doença, o que não permite a sua expansão. Osteomielite pós-traumática: Essa infecção ocorre devido a uma contaminação direta da pele por meio de ferimentos ou fraturas expostas. O i li ó i ú i É i i i d d Etiologia: Diagnóstico: Osteomielite pós-cirúrgica: É mais comum em cirurgias de grande porte, que devido ao grande intervalo de tempo de exposição dos tecidos e uma hemostasia imperfeita podem causar uma contaminação. A osteomielite pode ser causada por qualquer tipo de bactéria, embora a maioria dos casos seja causado pela Staphylococcus aureus. A cultura do material é importante uma vez que ele fornece com exatidão o agente causador da infecção e, portanto, indica o antibiótico mais adequado para o tratamento. O diagnóstico da osteomielite é clínico aliado de exames laboratoriais e de imagem. O quadro clínico de uma paciente com osteomielite é composto por: Dor, Impotência funcional, Edema, Hiperemia e Hipertermia. Os exames complementares que podem ser pedidos para auxiliar no diagnóstico da doença são: Hemograma Velocidade de hemossedimentação Proteína C reativa Hemocultura Cultura e antibiograma Pesquisa do Gram Radiologia Ecografia Cintilografia óssea Tomografia computadorizada Ressonância magnética Osteomielite. Fonte:https://www.researchgate.net/publication/308957131/figure/fig4/AS:415311137394691@1476029299899/Figura-4- Paciente-AVS-Radiografia-com-sinais-de-osteomielite-cronica-da-tibia-fratura.png Definição: Diagnóstico: Artrite Séptica A artrite séptica se trata da infecção articular, geralmente causada por bactérias patogênicas com disseminação hemática ou em decorrência de uma osteomielite metafisária. Essa infecção causa a destruição da cartilagem, necroses epifisárias e luxações, que apresentam prognóstico complicado e possíveis sequelas irreversíveis. Sendo assim, assim como na osteomielite, o seu diagnóstico precoce é essencial. O diagnóstico é feito baseado em sinais e sintomas que indicam a presença de uma infecção aguda, sendo, portanto, similares aos da osteomielite. Entretanto, no caso da artrite séptica, o pus se encontra dentro da cavidade articular. O quadro clínico de um paciente com artrite séptica é caracterizado pela dor, sempre intensa e progressiva, adoção de uma posição de defesa, em que o paciente consegue amenizar a dor, aumento de volume, o qual é resultado da proliferação bacteriana e do líquido sinovial, além de calor local, vermelhidão e temperatura elevada. Exames complementares também são requisitados para auxiliar no diagnóstico, entre esses temos: Hemograma VSG Radiologia Ultrassonografia Cintilografia Cultura e antibiograma Punção Sinais Artrite Séptica. Fonte: https://www.natural-health-n ews.com/wp-content/uploads/2015/01/Septic-Arthritis.jpg Tratamento: O ponto fundamental do tratamento da artrite séptica é a drenagem cirúrgica. Com o paciente sob anestesia geral, é realizada uma artrotomia que permite lavar todo o espaço articular e aliviar a pressão na cavidade infectada. A técnica de artrotomia permite lavar de forma meticulosa a articulação, retirando todo o material purulento e necrosado presente na cavidade articular. É importante ter em mente que não são utilizados antibióticos nem detergentes locais nessa etapa. Feito essa drenagem cirúrgica, o importante agora é estabilizar a articulação e promover a sua imobilização, permitindo o repouso articular e uma diminuição do quadro doloroso. Aliado a essa imobilização, são administrados antibióticos e analgésicos, para combater a infecção e atenuar a dor. LOMBALGI A 20 Definição Exame físico: A dor em região lombar é denominada lombalgia, que representa a maior das síndromes dolorosas da coluna vertebral. Identificar a causa de uma lombalgia tornou-se um desafio haja vista que existem distintos fatores tais como: o elevado número de partes anatômicas na coluna vertebral, dificuldade em localizar o ponto exato de origem da dor, dores referidas e dores irradiadas, dificuldade em interpretar os fenômenos dolorosos etc. A enfermidade é a maior causa de consultas e ausência no ambiente laboral, na fase adulta estima-se que cerca de 70-80% das pessoas terão dor lombar. Atinge cerca de 27 milhões de pessoas na população brasileira, onde 18,5% dos indivíduos acima dos 18 anos tem diagnóstico de patologias crônicas da coluna verteral. Elas podem ser inespecíficas (correspondem a 80% das lombalgias, não sendo possível definir esse tipo de etiologia) ou específicas (que são responsáveis pelos 20% dos casos remanescentes, que incluem os casos como hérnias discais, espondilolistese, instabilidade segmentar, estenose de canal, tumor e espondilodiscite etc). Os queixosos de dor lombar costumam apresentar quadros autolimitados com duração curta, atingindo até um mês, a procura pelo profissional é muito baixa. Analisa-se que idade do paciente é importante, pois, a dor lombar inespecífica é rara em crianças e idosos. Nesse ponto, tumores e infecções podem ser suspeitas nos extremos etários. A características e a duração da dor são fatores que devem ser considerados, em geral, a dor (se é localizada, o seu tipo, se está associada ao posicionamento, se piora com a movimentação, se desperta o paciente do sono etc.), além dos sintomas neurológicos – parestesia, fraqueza, calafrios, febre e alterações urinarias e fecais – em geral não costumam estar presentes. História prévia de câncer, infecções, osteoporose e fraturas devem ser consideradas. A anamnese do paciente deve tentar incluir a presença de sinais de alerta chamados de “bandeiras vermelhas". "Redflags" da Lombalgia. Exame neurológico Hérnia discal Começamos na porção anterossuperiorda coxa, abaixo do ligamento inguinal testando a sensibilidade de L1, para o L2 vamos a face anterior e média da coxa, L3 na faixa oblíqua anterior acima do joelho, L4 pela faixa entre a face póstero lateral da perna e anterior do joelho, L5 está na face anterolateral dorso do pé e no hálux, S1 será encontrado no maléolo lateral e face lateral do pé e no calcanhar. A hérnia discal vai ocorrer quando o núcleo pulposo extravasar pelo ânulo fibroso resulta, esse processo ocorre por conta do enfraquecimento do anel fibroso devido a possível desidratação do disco intervertebral. Ressalta-se que esse extravasamento pode resultar ou não em uma compressão neurológica, que por sua vez se manifestará de acordo com o local de ocorrência. Devido as características da doença, observou-se uma maior prevalência entre os indivíduos entre os adultos (30-40 anos), assim como uma maior incidência entre a L4 e L5, sendo seguida por L5-S1. Os sintomas associados são a lombalgia, lombociatalgia, ciática isolada e a síndrome da cauda equina. A herniação ocorre pelo extravasamento do conteúdo do núcleo pulposo por uma fissura do ânulo fibroso, podendo resultarou não em compressão neurológica, que se manifesta de acordo com o local de ocorrência. A maioria das hérnias de disco ocorre na região superior da parte posterolateral do disco. Classificações: Quanto à morfologia As Hérnias podem ser classificadas da seguinte maneira: Hérnias protrusas: abaulamento no disco intervertebral sem a ruptura completa do ânulo fibroso. Hérnias extrusas: extravasamento do conteúdo discal pelo ânulo fibroso para o interior do canal vertebral, mas mantendo contato com o núcleo pulposo do espaço intervertebral. Hérnias sequestradas: o fragmento herniário extravasa pela ruptura do ânulo fibroso formando um fragmento livre sem contato com o núcleo pulposo remanescente Quanto à localização Elas podem surgir em diferentes pontos, recebendo um nome em específico para cada uma delas (central, foraminal, extrusa e extraforaminal e centro lateral). Quadro clínico Paciente acometidos por essa enfermidade costumam relatar queixas na região lombar, ou como dor ciática irradia para um dos membros inferiores ou até mesmo para os dois membros (o caminho da dor varia de acordo com a localização da hérnia). As dores são relatadas pelos pacientes como pontada, queimação, câimbras etc. A dor é a principal queixa Exame físico Testes específicos Exames de imagem Tratamento Durante o exame físico deve ser observado a marcha do paciente (se cursa com claudicação com escoliose antálgica, marcha de Trendelemburg – por compressão da raiz de L5 que reverbera em fraqueza abdutora -, marcha do pé caído - por compressão da raiz de L4 e L5 que reverbera em paresia extensora do pé -, ou até a marcha de base alargada –proveniente de uma compressão superior -. Com o intuito de observar compressões em raízes de L4-S1, realizamos o teste de elevação do membro inferior em extensão. Caso o paciente sinta dor ao realizar o procedimento (entre 35º e 70º de elevação) o teste é positivo. Com o intuito de detectar uma hérnia discal, o principal exame de imagem deve ser a ressonância magnética, haja vista que ela nos permitirá observar a localização da hérnia, além de classifica-las e observar se estruturas estão sendo comprimidas. Como a hérnia cursa com dor e incapacidade do enfermo, o tratamento visa diminuir as dores, além de recuperar e preservar estruturas que foram ou possam ser comprimidas, resultando assim no retorno funcional completo do paciente. Com a redução da dor, o tratamento fisioterápico deve ser iniciado. Ressonância Magnética, hérnia de disco. Fonte: https://sbrate.com.br/cientifico/imagens/hernia-discal-lombo-sacra/ Dor discogênica Anamnese e exame físico: Exames complementares: A dor discogênica ocorre quando são observadas microrrupturas por dentro do espaço discal acompanhada de alterações na matriz do disco e nas placas vertebrais adjacentes. Existe uma suposição que a maioria das lombalgias são provenientes da dor discogênica. Ao questionar sobre essa dor, pacientes os classificam como uma dor difusa, sem definição clara e com um caráter insidioso. Observou-se piora ao realizar flexão de tronco, atividades domésticas, assim como quando o paciente fica muito tempo sentado e apresenta fator de melhora quando o paciente fica em repouso ou se realizam uma extensão do tronco. A discografia é um método invasivo, entretanto com boa sensibilidade como exame complementar, pois ele consegue reproduzir a dor no seu nível correto, além de conseguir detectar rupturas anulares pelo extravasamento do contrate. Entretanto, existem algumas desvantagens, que abrangem o fato de ser um método invasivo com injeção de contraste e possíveis complicações como alergias, abscesso e perfuração dural. Fonte: Acervo do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital de Clínicas da Faculdade de Medicina Universidade de São Paulo (IOT-HCFMUSP). A ressonância magnética (RM), é uma técnica não invasiva, oferece diversas informações quando existe a suspeita da dor discogênica. Com frequência, a RM do enfermo apresentará interior do disco afetado com baixo sinal na ponderação T2, zona de alta intensidade e alterações de sinal nos platôs vertebrais. Alterações no sinal do platô vertebral foram estudadas e classificadas por Modic e alguns colaboradores, da seguinte maneira: Estenose do canal vertebral: Tipo I- (Imagem A) Fase inflamatória, representada pelo baixo sinal em T1 e alto sinal em T2, denotando inflamação do tecido fibroso. Tipo II- (Imagem B) Também denominado fase da deposição de gordura. Ocorre depósito de células de gordura nos platôs vertebrais e regiões adjacentes, representadas por alto sinal em T1 e sinal alto ou moderado em T2. Tipo III- (Imagem C) Ocorre esclerose do osso adjacente ao platô vertebral, demonstrado pelo baixo sinal em T1 e T2. Ela é uma doença degenerativa que costuma passar por diversas fases, geralmente está associada às rizes nervosas que estão comprometidas (no entanto pode ocorrer dissociação entre os exames de imagem e o exame clínico), a principal característica da doença se dá pela presença de claudicação neurogênica (o paciente tende a andar curvado para frente, em pequenas passadas e costuma manter-se mais sentado com o intuito de amenizar os sintomas) haja vista que a claudicação neurogênica pode apresentar dor irradiada para as penas com adormecimento e sem irradiação precisa. Esse estreitamento ocorre tanto na região central como no recesso lateral ou no forame e, os sintomas irão variar dependendo de qual estrutura neural foi comprimida no processo. A estenose do canal vertebral também costuma cursar com alterações urinarias, intestinais e sexuais variando entre os graus de gravidade. Estenose de Canal Vertebral. Fonte :https://colunasp.com.br/ problemas-da-coluna/estenose-do-canal/ Quadro clínico e exame físico: Exames de imagem: Durante a anamnese os pacientes costumam relatar dor lombar que irradiam para os membros inferiores, alívio das dores ao sentar, dificuldade ao levantar, redução da amplitude de movimento. O exame físico neurológico costuma apresentar poucas alterações e quando surge alterações é compatível com radiculopatia (geralmente quando a estenose ocorre próximo a raiz de L5 (o teste de elevação da perna será em geral, negativo). Indivíduos com estenose do recesso lateral e do forame apresentarão dor lombar e radiculopatia. O diagnóstico de claudicação de origem vascular também deve ser pensado. Radiografias- As incidências radiográficas geralmente são as frente e perfil (pois permitem observação direta das estruturas ósseas, deixando evidente os osteófitos, possíveis degenerações das facetas articulares, escoliose, laterolistese, espondilolistese e retrolistese). Tomografia computadorizada- A tomografia computadorizada (TC) é um exame útil para analisar estruturas ósseas que são responsáveis pelo estreitamento do canal vertebral. Com ela também é possível observar os discos intervertebrais e as estruturas neurais. Ressonância magnética- Esse exame é útil para fazer a avaliação, tanto em cortes sagitais como em cortes coronais e axiais sem a exposição à radiação. Utilizado quando existe a queixa de claudicação neurogênica e ciática (pois esse exame confere boa visualização das estruturas neurais, discais e ligamentares). A literatura contraindica o uso da ressonância magnética para realizar o rastreio, haja vista que a grande maioria dos pacientes são assintomáticos, não requerendo, por conseguinte, nenhum tipo de tratamento. Ressonancia Magnética com Estenose de Canal. Fonte: http://www.drpedrocoutinho.com.br/problema.asp?id=19 Tratamento conservador: Tratamento cirúrgico: O tratamento mais importante consiste na orientação do paciente, haja vista que a primeira escolha é o tratamento não operatório na maioria dos pacientes, para tanto explicar noções de postura
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