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Behaviorismo (resumo informal)

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Behaviorismo
Se o nome Ivan Pavlov toca um sininho na sua mente, é porque o seu experimento está entre os mais famosos na história da psicologia. O trabalho dele contribuiu com a escola de pensamentos behaviorista que via a psicologia como uma empiricamente rigorosa ciência focada empiricamente em comportamentos observáveis e não processos mentais não observáveis. Mesmo que hoje nós vemos a psicologia como a ciência de processos comportamentais E mentais, a influência de Pavlov foi tremenda. Sua pesquisa ajudou pavimentar o caminho para mais rigor experimental em pesquisa comportamental até os dias atuais.
Nascido na Rússia em 1849, Pavlov nunca significou muito para a psicologia. Depois de desistir do seu plano original de se tornar um padre Russo Ortodoxo como o seu pai, ao invés disso ele se formou em medicina e dedicou aproximadamente vinte anos estudando o sistema digestivo, ganhando o primeiro Prêmio Nobel da Rússia por volta dos seus 50 anos por sua pesquisa expandindo nosso conhecimento de como os estômagos funcionam. Mas ele não estudou estômagos de humanos (por que o procedimento era terrível e cruel), ao invés disso, ele estudou estômago de cachorros. Enquanto pesquisava esses cachorros, ele notou que os animais salivavam ao mero cheiro da comida. Primeiro ele achou aquela babação irritante, mas logo ele começou a suspeitar que aquele comportamento era na verdade uma simples, mas importante forma de aprendizado. Aprendizado pode ser definido como o processo de adquirir, por experiência, informação e/ou comportamento novos e relativamente duradouros. Seja por associação, observação ou apenas pensamento, aprendizado é o que nos permite a adaptar ao nosso ambiente e sobreviver. E na medida em que Pavlov começou a descobrir, não eram apenas os humanos que aprendiam. Logo ele estava compilando sua famosa série de experimentos, nos quais ele pareava a presença de pó de carne na qual fez que os cachorros babassem, com vários estímulos neutros: coisas que normalmente não fariam alguém babar, como um certo som, uma luz brilhante ou uma batida de mãos nas pernas. Então Pavlov observou, após vários desses pareamentos, que o cachorro começaria a babar apenas com o som, a luz ou a batida de perna, mesmo que não houvesse nenhum pó por perto. Animais, ele descobriu, podem exibir aprendizado associativo. É quando um sujeito liga certos comportamentos ou estímulos juntos num processo de condicionamento. Essa pode ser a elementar e mais básica forma de aprendizado que um cérebro pode apresentar, mas não quer dizer que os processos por trás do condicionamento são, ou sequer foram óbvios. Ou, neste caso, na verdade, a pesquisa que partiu de que somos condicionados pelo nosso ambiente lapidou o formato da psicologia de uma forma subjetiva com exercícios para uma disciplina que conhecemos hoje. Isso também atiçou algumas das figuras da psicologia mais notáveis, e às vezes controversas, incluindo Pavlov, B. F. Skinner eeeeee aquele cara que treinou crianças pra terem medo de animais fofinhos (John B. Watson).
A seguir uma explicação detalhada sobre os passos no experimento famoso de Pavlov: Primeiro, antes do condicionamento, o cachorro apenas babava quando sentia cheiro de comida. Aquele cheiro é o estímulo incondicionado, e a baba, o a resposta incondicionada ou natural. O som do sino, no qual a esse ponto não significa nada para o cachorro, é o estímulo neutro, e não produz baba. Durante o condicionamento, o estímulo incondicionado (o cheiro da comida) é pareado com o estímulo neutro (o som do sino) e resulta em baba. Isso é repetido diversas vezes até que a associação entre os dois estímulos é feita, num estágio chamado aquisição. A partir do momento em que atinge uma fase após a aquisição, o velho estímulo neutro se tornará um estímulo condicionado, porque agora ele produz uma resposta condicionada de baba.
Parece super simples, certo? Se você tem um cachorro em casa pode ter testemunhado ele se enlouquecer com um mero som de uma corrente, ou coisa do tipo, mas na época de Pavlov, toda essa série de passos nunca havia sido estudada em laboratório, ou pensada com termos científicos. O trabalho de Pavlov sugeriu que condicionamento clássico (como esse tipo de aprendizado passou a ser conhecido) poderia ser uma forma adaptativa de aprendizado que ajudava o animal a sobreviver mudando o seu comportamento para melhor se adequar ao ambiente. Nesse caso, um sino significa comida, comida significa sobrevivência.
Não apenas isso, mas metodologicamente, condicionamento clássico mostra que um processo como o aprendizado pode ser estudado por observação, em tempo real, sem todos aqueles sentimentos e emoções influenciando os resultados. Isso foi o que Pavlov especificamente apreciou dado o seu desdém para conceitos “mentalísticos” como consciência e introspecção defendidos por Freud.
Psicólogos behavioristas, como um dos análogos americanos mais jovens: Barrus Frederick Skinner e John Broadus Watson, também adotaram a noção que psicologia era voltada para o comportamento observável e objetivo. Em seu livro de 1930, Behaviorismo, ele discutiu que, se possuísse dúzias de crianças, poderia treinar qualquer uma delas para ser um doutor, artista, ou até mesmo um ladrão, não importando seus talentos, tendências ou ancestrais. No seu famoso e, sim, controverso experimento, Watson condicionou uma pequena criança (aproximadamente nove meses), apelidada de “Pequeno Watson”, a sentir medo de um rato branco. Talvez não soe tão mal, mas ele conseguiu isso pareando o rato com um som alto e assustador, repetidamente e depois demonstrou que o medo da criança poderia se expandir e ser generalizado, incluindo outros objetos brancos e felpudos (como coelhos, cachorros, ou até roupas de pele). Então sim, isso nunca rolaria hoje em dia, obviamente, mas a pesquisa de Watson fez outros psicólogos se perguntarem se adultos também eram tanques cheios de emoções condicionadas e, se fosse o caso, se novo condicionamento poderia ser usado para desfazer um condicionamento antigo. Como, digamos que você tem medo de montanha russa, mas se fez andar em uma delas dez vezes por dia durante duas semanas, o seu medo diminuiria? 
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Recentes explorações revelam que o garoto conhecido como Pequeno Albert tristemente morreu após aproximadamente seis anos após o experimento com Watson, ainda assim, não existem provas de que o experimento de Watson influenciou a morte do garoto.
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Watson eventualmente saiu da academia e entrou no ramo da publicidade onde colocou o aprendizado associativo para uso lucrativo. Então, isso é condicionamento clássico. 
Mas nós também temos outra forma de aprendizado associativo: condicionamento operativo. Se condicionamento clássico se resume em formar associações entre estímulo, condicionamento operativo envolve associar nosso próprio comportamento com consequências: a criança que ganha um biscoito por dizer obrigado; ou a foca de aquário que ganha uma sardinha por equilibrar uma bola no nariz. Os dois foram treinados com condicionamento operativo. A premissa básica é que esses comportamentos aumentam quando seguidos por um reforço, ou recompensa, mas diminuem quando seguidos por uma punição. E o mais conhecido campeão de condicionamento operativo é o behaviorista americano B. F. Skinner. Ele criou uma caixa operativa (ou caixa de Skinner): um espaço confinado contendo uma alavanca ou botão que um animal (geralmente um rato) poderia interagir para conseguir alguma forma de recompensa, tipicamente comida, junto com um dispositivo que monitora suas respostas.
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Além de talvez Freud, nenhuma outra figura na psicologia aparenta ser tão rodeado de erudições e informações erradas como B. F. Skinner. Então diretamente: não, Skinner nunca colocou nenhuma criança na caixa e não, ele não criou seus filhos se amor ou afeição, e sua filha nunca o odiou até o dia em que cometeu suicídio. Deborah Skinner está viva e bem, e ela amava seu pai bastante. Skinner FEZ,de fato, uma invenção denominada “berço de ar”: uma caixa com ambiente controlado com uma janela na frente que servia para manter bebês quentes e seguros enquanto suas mães faziam as coisas que as mulheres da década de 50 costumavam fazer. Não é um lugar no qual eu passaria a noite, mas não era remotamente a mesma que a caixa de Skinner. Ninguém sabe de onde esses mitos vieram, mas sendo um cara um tanto quanto controverso, Skinner possuía vários opostos, nos quais alguns ficariam felizes ao perpetuar desinformação.
*Fim do comentário*
Basicamente a caixa proporcionou um local observável para demonstrar o conceito de Skinner de reforço, o qual é qualquer coisa que aumenta o comportamento que o segue. Em outras palavras: você aperta o botão, você ganha um lanche, aí você vai querer continuar apertando o botão. Mas a maioria dos ratos não vai querer apertar o botão sem motivo. No ambiente natural não há botões que liberam comida ao serem apertados, então condicionamento operativo requer lapidação. Talvez você dê ao rato um pouco de comida na medida em que ele chegasse perto do botão, e depois só quando ele encosta no botão, aos poucos, em uma série de aproximações sucessivas para o comportamento desejado, você apenas o recompensa quando ele faz o que você está tentando o lapidar para fazer . No dia-a-dia, todos estamos continuamente reforçando, lapidando e redefinindo o comportamento uns dos outros, tanto intencionalmente quanto acidentalmente. Fazemos isso com reforço positivo e negativo. Reforço positivo obviamente aumenta a ocorrência quando se dá recompensas após um evento desejado: o rato que ganha um lanche por apertar o botão, ou a criança que ganha um biscoito por dizer “por favor”. Reforço negativo é um pouco mais complicado, sendo o que aumenta um comportamento removendo um estímulo aversivo ou perturbador: você entra em seu carro e ele faz um barulho infernal até que você coloque o cinto de segurança.
É importante reconhecer que reforço negativo NÃO é a mesma coisa que punição. Punição diminui um comportamento tanto de forma positiva, recebendo uma multa de velocidade, quanto negativa, removendo uma carteira de habilitação. Mas reforço negativo remove o evento de punição para aumentar um comportamento: analgésicos reforçam negativamente o comportamento de engoli-los, fazendo a dor de cabeça passar. É bom frisar que condicionamento é bem mais complexo do que o biscoito ou o carro barulhento.
Acabar com irritação ou ganhar um biscoito são reforços primários: não precisam ser aprendidos, eles apenas são inatos e fazem sentido biológico. Barulho é irritante, biscoitos são deliciosos. Mas existem outras formas de reforço nós só reconhecemos após aprendermos a associa-los a reforços primários: um pagamento de salário é um reforçador condicionado: queremos dinheiro porque precisamos de comida e abrigo, que são reforços primários. Além disso, tanto quanto existem diferentes tipos de reforçadores, existem várias programações de reforço: os ratos na caixa ganhavam um lanche toda vez que apertavam o botão, então eles pegavam isso bem rápido. Mas se um dia o lanche não sair essa conexão rapidamente diminui, e o rato para de apertar o botão. Esse processo é chamado extinção, e é importante, pois é assim que a vida real funciona. Fora da caixa de Skinner não existe reforço contínuo desse tipo.
Toda a vida é uma série de reforços parciais e intermitentes que ocorrem apenas algumas vezes. Aprender diante dessas condições requer mais tempo, mas compensatoriamente dura mais e é menos suscetível à extinção: um café que dá um copo de café gratuito após o décimo; ou um cinema com entrada reduzida em seletivos dias da semana; ou um boliche que oferece uma partida gratuita se estiver comemorando seu aniversário. Todas essas são técnicas de reforços intermitentes para garantir que os clientes votem por mais.
Agora, as ideias de Pavlov, Watson e Skinner foram completamente controversas. Bastantes pessoas discordavam com insistência de que apenas influências externas, e não pensamentos e sentimentos lapidavam o comportamento. Estava claro que vários rivais dos behavioristas que nosso processo cognitivo (percepção, pensamentos, memórias e sentimentos) também influenciava na maneira em que aprendemos.

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