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Prova de direito constitucional comentada do XVII exame da OAB (2015) (retificado)

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E ai jusamigos, tudo certinho? Hoje deixarei com vocês a prova comentada de 
Direito Constitucional do XVII exame da OAB (2015.2). Assim, tanto eu me obrigo 
a estudar todas as questões quanto servirá para vocês revisarem os assuntos 
também. Afinal, estamos juntos e misturados no mesmo barco, não é mesmo? 
Hehehehe. 
Sem mais conversas, vamos ao trabalho! 
1. Considerações iniciais acerca da prova de Direito 
Constitucional do XVII exame da OAB 
A prova do XVII exame incluiu 07 questões especificamente de Direito 
constitucional, subindo para 10 (dez) caso você inclua Direitos humanos no 
mesmo bolo - eu não incluo. Levando em consideração que você precisa de 
"apenas" 40 para carimbar a passagem de ida para a segunda fase, 07 questões 
de uma mesma matéria é um número bastante expressivo, diga-se de 
passagem! Se minhas contas estiveram certas, só com constitucional você já 
garante 17.5% da nota necessária para carimbar passagem para a segunda 
fase. Então, olho aberto! 
 
2. Questões comentadas de Direito Constitucional do XVII 
exame da OAB 
Atenção: Para uma maior efetividade e aproveitamento do estudo das questões 
comentadas, aconselho que você tenha em mãos a Constituição atualizada ou 
seu vade mecum - para ir grifando o que vem caindo nas provas. Mas se você 
não curte rabiscar, não se preocupe, citarei os artigos aqui na íntegra para 
facilitar a assimilação. 
Questão 01 - Pedro, reconhecido advogado na área do direito público, é 
contratado para produzir um parecer sobre situação que envolve o pacto 
federativo entre Estados brasileiros. Ao estudar mais detidamente a questão, 
conclui que, para atingir seu objetivo, é necessário analisar o alcance das 
chamadas cláusulas pétreas. 
Com base na ordem constitucional brasileira vigente, assinale, dentre as opções 
abaixo, a única que expressa uma premissa correta sobre o tema e que pode 
ser usada pelo referido advogado no desenvolvimento de seu parecer. 
a) As cláusulas pétreas podem ser invocadas para sustentar a existência de 
normas constitucionais superiores em face de normas constitucionais inferiores, 
o que possibilita a existência de normas constitucionais inconstitucionais. 
b) Norma introduzida por emenda à constituição se integra plenamente ao texto 
constitucional, não podendo, portanto, ser submetida a controle de 
constitucionalidade, ainda que sob alegação de violação à cláusula pétrea. 
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c) Mudanças propostas por constituinte derivado reformador estão sujeitas ao 
controle de constitucionalidade, sendo que as normas ali propostas não podem 
afrontar cláusulas pétreas estabelecidas na Constituição da República. 
d) Os direitos e as garantias individuais considerados como cláusulas pétreas 
estão localizados exclusivamente nos dispositivos do Art. 5º, de modo que é 
inconstitucional atribuir essa qualidade (cláusula pétrea) a normas fundadas em 
outros dispositivos constitucionais. 
Comentários 
a) As cláusulas pétreas podem ser invocadas para sustentar a existência 
de normas constitucionais superiores em face de normas constitucionais 
inferiores, o que possibilita a existência de normas constitucionais 
inconstitucionais. 
 
Item ERRADO. Existem dois motivos que tornam esse item um enunciado 
errôneo. O primeiro é que não existe hierarquia entre normas constitucionais 
originárias. Esse assunto abordado na questão – a respeito da existência de 
normas constitucionais originárias hierarquicamente superiores às outras 
normas constitucionais também originárias – tem forte influência de uma famosa 
tese do direito alemão. É a chamada tese das normas constitucionais 
inconstitucionais, de autoria do jurista alemão Otto Bachof. O Supremo 
Tribunal Federal não adota essa tese. 
ADI 815/DF: A tese de que há hierarquia entre normas constitucionais 
originárias dando azo à declaração de inconstitucionalidade de umas em face 
de outras e incompossível com o sistema de Constituição rígida. 
 
Em suma: Não há hierarquia entre normas constitucionais originárias. Aqui 
o apito alemão é mudo. As normas originárias são consequência do poder 
constituinte originário, cujas características – dentre outras – nos informam que 
estamos diante de um poder ilimitado, autônomo e incondicionado. 
b) Norma introduzida por emenda à constituição se integra plenamente 
ao texto constitucional, não podendo, portanto, ser submetida a controle 
de constitucionalidade, ainda que sob alegação de violação à cláusula 
pétrea. 
 
Item ERRADO. Não precisamos de grandes comentários para saber disso, não 
é mesmo? Como assim uma norma ofende uma cláusula pétrea e não pode ser 
passível de controle de constitucionalidade? Surreal. Mas fora isso, o item estaria 
certo. A emenda, quando devidamente aprovada, tem o mesmo status de norma 
originária. Aliás, norma superveniente não pode afrontar cláusula pétrea. Na 
verdade poder até pode, mas será passível de controle de constitucionalidade e 
certamente será excluída do ordenamento jurídico. 
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c) Mudanças propostas por constituinte derivado reformador estão 
sujeitas ao controle de constitucionalidade, sendo que as normas ali 
propostas não podem afrontar cláusulas pétreas estabelecidas na 
Constituição da República. 
 
Item CORRETO. Enunciado perfeito, sem nenhuma possibilidade de dúvida. As 
normas derivadas, ou seja, que surgem para somar forças às normas originárias, 
além de também adequar o texto constitucional à realidade social do momento, 
deve sem sombra de dúvidas respeitar o teor das cláusulas pétreas. Mas lembre-
se: É possível a alteração para ampliar direitos, o que é vedado é a proposta de 
emenda que tenha por objetivo abolir as cláusulas pétreas. Elas não são 
“irretocáveis”. 
d) Os direitos e as garantias individuais considerados como cláusulas 
pétreas estão localizados exclusivamente nos dispositivos do Art. 5º, de 
modo que é inconstitucional atribuir essa qualidade (cláusula pétrea) a 
normas fundadas em outros dispositivos constitucionais. 
 
Item ERRADO. Os direitos e garantias individuais estão dispostos ao longo do 
texto constitucional. O rol do Art. 5º é meramente exemplificativo. O próprio artigo 
estabelece em seu § 2º que os direitos e garantias expressos nesta Constituição 
não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou 
dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte. 
O que aprendemos na questão 
1º A tese das normas constitucionais inconstitucionais não é adotada 
pelo STF 
2º Emenda Constitucional é passível de controle de constitucionalidade 
3º As mudanças futuras à constituição devem respeitar as cláusulas p. 
4º Os direitos e garantias individuais não estão apenas no Art. 5º da CF 
 
Questão 02 - Dois advogados, com grande experiência profissional e com a justa 
preocupação de se manterem atualizados, concluem que algumas ideias vêm 
influenciando mais profundamente a percepção dos operadores do direito a 
respeito da ordem jurídica. Um deles lembra que a Constituição brasileira vem 
funcionando como verdadeiro “filtro", de forma a influenciar todas as normas do 
ordenamento pátrio com os seus valores. O segundo, concordando, adiciona que 
o crescente reconhecimento da natureza normativo-jurídica dos princípios pelos 
tribunais, especialmente pelo Supremo Tribunal Federal, tem aproximado as 
concepções de direito e justiça (buscada no diálogo racional) e oferecido um 
papel de maior destaque aos magistrados. 
As posições apresentadas pelos advogados mantêm relação com uma 
concepção teórico-jurídica que, no Brasile em outros países, vem sendo 
denominada de 
a) neoconstitucionalismo. 
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b) positivismo-normativista. 
c) neopositivismo. 
d) jusnaturalismo. 
Comentários: 
A questão saiu um pouco do padrão de cobrança da literalidade normativa, 
caindo agora em importante conceitos doutrinários que permeiam o direito 
constitucional. Vamos dar uma pincelada sobre cada vertente abordada na 
questão. 
A) Neoconstitucionalismo: Uma das grandes características desta vertente é 
aquela na qual há a defesa da tese da constituição como fundamento central de 
todo o sistema jurídico. Sabendo disso, fica fácil identificar que é o gabarito da 
questão, afinal no enunciado há a previsão da constituição como “filtro” o que dá 
no mesmo que dizer que ela é o fundamento de validade do ordenamento, a 
base do sistema jurídico. 
Outra grande característica é justamente a utilização dos princípios como fator 
importante da interpretação constitucional, não havendo a necessidade da estrita 
observância do texto seco da CF. Isso inclusive é motivo de motivo de crítica por 
parte da doutrina que não vê o neoconstitucionalismo com bons olhos. A título 
de exemplo, podemos citar o ilustre Ayres Britto. Este que vê o instituto com um 
olhar pejorativo, sob o argumento de que o neoconstitucionalismo enfraquece a 
supremacia constitucional, mitigando a rigidez da constituição por conta da 
possibilidade da interpretação maleável dos princípios. 
B) Positivismo-normativista: Essa é a vertente da qual um dos mais ilustres 
defensores é Hans Kelsen. Quem conhece sua dogmática jurídica já sabe o 
porquê dessa nomenclatura. As principais características dessa concepção 
teórica são: a crença na possibilidade de se criar um sistema de justiça “perfeito”, 
além disso, há um apego ao formalismo legal como base da estrutura do Direito. 
C) Neopositivismo: Em síntese, tem forte relação com a sistemática das regras 
que, por sua vez, pregam a convergência de uma obrigação em decorrência do 
hábito. Exemplo: Um observador pode perceber o que é comum nos transportes 
coletivos que os jovens cedam seus assentos aos idosos. Daí ser razoável 
deduzir que toda vez que ingressar um idoso no transporte coletivo lotado este, 
irá encontrar alguém que lhe ceda o assento. Há uma ênfase no que diz respeito 
à experimentação das ideias, dos fatos e de suas comprovações, dai decorre a 
chamada lógica empírica. As teorias meramente abstratas não têm muito espaço 
aqui. 
Há um excelente Artigo sobre o tema, super recomendo: 
Neopositivismo, neoconstitucionalismo e o neoprocessualismo: o que há 
realmente de novo no Direito? http://www.ambito-
juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=11545 
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D) Jusnaturalismo: Corrente de defesa do direito natural, da razão prática. 
Apesar de possuir várias vertentes, uma grande característica do jusnaturalismo 
é a de que há acima das leis humanas um ordenamento correspondente ao 
direito justo, ligado diretamente à razão universal e a imutável lei da natureza. 
Obviamente um tema desse não se esgota em 4 linhas, por isso recomendo a 
leitura deste artigo aqui: 
Uma análise do jusnaturalismo a partir dos escritos de Hugo Grotius, Francisco 
de Vitoria, Jean-Jacques Rousseau, John Locke, entre outros autores que 
refletiram sobre a questão como defensores ou críticos 
(http://filosofia.uol.com.br/filosofia/ideologia-sabedoria/48/artigo318052-1.asp) 
Gabarito: Letra A. 
Questão 03 - Determinado Tribunal de Justiça vem tendo dificuldades para 
harmonizar os procedimentos de suas câmaras, órgãos fracionários, em relação 
à análise, em caráter incidental, da inconstitucionalidade de certas normas como 
pressuposto para o enfrentamento do mérito propriamente dito. A Presidência do 
referido Tribunal manifestou preocupação com o fato de o procedimento adotado 
por três dos órgãos fracionários estar conflitando com aquele tido como correto 
pela ordem constitucional brasileira. 
Apenas uma das câmaras adotou procedimento referendado pelo sistema 
jurídico-constitucional brasileiro. Assinale a opção que o apresenta. 
a) A 1ª Câmara, ao reformar a decisão de 1º grau em sede recursal, reconheceu, 
incidentalmente, a inconstitucionalidade da norma que dava suporte ao direito 
pleiteado, entendendo que, se o sistema jurídico reconhece essa possibilidade 
ao juízo monocrático, por razões lógicas, deve estendê-la aos órgãos recursais. 
b) A 2ª Câmara, ao analisar o recurso interposto, reconheceu, incidentalmente, 
a inconstitucionalidade da norma que concedia suporte ao direito pleiteado, 
fundamentando-se em cristalizada jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça 
sobre o tema. 
c) A 3ª Câmara, ao analisar o recurso interposto, reconheceu, incidentalmente, 
a inconstitucionalidade da norma que concedia suporte ao direito pleiteado, 
fundamentando-se em pronunciamentos anteriores do Órgão Especial do próprio 
Tribunal. 
d) A 4ª Câmara, embora não tenha declarado a inconstitucionalidade da norma 
que conferia suporte ao direito pleiteado, solucionou a questão de mérito 
afastando a aplicação da referida norma, apesar de estarem presentes os seus 
pressupostos de incidência. 
Comentários: 
A questão versou acerca da temática que envolve a chamada cláusula de 
reserva de plenário, disposta no Art. 97 da nossa constituição Federal. Por isso, 
já de antemão, vejamos o que nos informa tal Artigo: 
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Art. 97. Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos 
membros do respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar a 
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público. 
 
Este artigo nos ensina a regra a ser aplicada no que diz respeito ao quórum 
necessário para a declaração de inconstitucionalidade de lei ou de ato normativo 
do poder público (necessidade de maioria absoluta dos membros do tribunal ou 
do órgão especial, ou seja, do tribunal pleno). Só que a questão versa acerca 
das exceções, ou seja, da possibilidade de órgão fracionário declarar 
inconstitucionalidade. 
Além disso, temos o entendimento sumulado do STF (súmula vinculante de nº 
10) que assevera o seguinte: 
Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, artigo 97) a decisão de órgão 
fracionário de tribunal que, embora não declare expressamente a 
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público, afasta sua 
incidência, no todo ou em parte. 
 
Para fechar a tampa do caixão, prevê o Art. 481 do atual CPC: 
Os órgãos fracionários dos tribunais não submeterão ao plenário, ou ao órgão 
especial, a arguição de inconstitucionalidade, quando já houver 
pronunciamento destes ou do plenário do STF sobre a questão. 
 
Então, resumindo: Órgão fracionário (no caso da questão: A câmara, mas 
poderia ser também uma turma, seção ou grupo) pode declarar a 
inconstitucionalidade de lei ou de ato normativo do poder público, desde que haja 
precedente do tema arguido no órgão especial ou do plenário do STF. Neste 
caso, poderá ser de plano reconhecida e julgada pelo relator. 
Observação: Se você prestou bastante atenção até aqui, nos mínimos detalhes, 
observou o seguinte (se se não observou, observe agora): Não há, de fato uma 
declaração de inconstitucionalidade propriamente dita por parte do órgão 
fracionário. Ele apenas aplica o que já foi decidido pelo plenário do STF ou de 
seu Tribunal. 
Essas informações são suficientes para gabaritarmos a questão, vamos lá. 
a) A 1ª Câmara, ao reformar a decisão de 1º grau em sede recursal, 
reconheceu, incidentalmente, a inconstitucionalidade da norma que dava 
suporteao direito pleiteado, entendendo que, se o sistema jurídico 
reconhece essa possibilidade ao juízo monocrático, por razões lógicas, 
deve estendê-la aos órgãos recursais. 
 
Item ERRADO. Os motivos de permissibilidade de órgão fracionário declarar 
inconstitucionalidade são outros, não se trata de razões lógicas, isso é uma 
excepcionalidade, uma exceção. Órgão fracionário pode declarar 
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inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do poder público quando já houver 
precedente do tribunal sobre a questão ou então do plenário do STF. 
b) A 2ª Câmara, ao analisar o recurso interposto, reconheceu, 
incidentalmente, a inconstitucionalidade da norma que concedia suporte 
ao direito pleiteado, fundamentando-se em cristalizada jurisprudência do 
Superior Tribunal de Justiça sobre o tema. 
 
Item ERRADO. Nós vimos que a jurisprudência que mais importa para o tema 
cláusula de reserva de plenário é a do STF. Trata-se da súmula vinculante n.º 
10. Sabemos, também, que a fundamentação que concede aos órgãos 
fracionários o poder de declarar inconstitucionalidade de lei ou ato normativo são 
outros. 
Hipóteses nas quais o órgão fracionário pode declarar 
inconstitucionalidade 
Existência, no âmbito do tribunal a quo, e em relação àquele mesmo ato 
do Poder Público, de decisão plenária que tenha apreciado o litígio 
constitucional, mesmo sem o reconhecimento judicial da suposta 
inconstitucionalidade (STF, lª T. , RE 1 90 .725-8/PR, Re . p/ acórdão Min. 
Ilmar Galvão, RTJ, 99:273) 
Existência de pronunciamento sobre a inconstitucionalidade da lei ou do 
ato normativo pelo plenário do Supremo Tribunal Federal 
 
c) A 3ª Câmara, ao analisar o recurso interposto, reconheceu, 
incidentalmente, a inconstitucionalidade da norma que concedia suporte 
ao direito pleiteado, fundamentando-se em pronunciamentos anteriores 
do Órgão Especial do próprio Tribunal. 
 
Item CORRETO. Veja que a declaração da inconstitucionalidade por parte do 
órgão fracionário teve por base o posicionamento do próprio tribunal acerca do 
assunto. Lembrando que o órgão fracionário pode tomar por base também o 
posicionamento do plenário do STF. 
d) A 4ª Câmara, embora não tenha declarado a inconstitucionalidade da 
norma que conferia suporte ao direito pleiteado, solucionou a questão de 
mérito afastando a aplicação da referida norma, apesar de estarem 
presentes os seus pressupostos de incidência. 
 
Item ERRADO. A câmara, como órgão fracionário que é, não pode fazer isso! 
Lembre-se da súmula vinculante de número 10 do STF! Trata-se de grave 
violação à cláusula de reserva de plenário – conhecida internacionalmente por 
full bench (a cláusula de reserva de plenário surgiu de uma construção 
jurisprudencial do direito norte-americano). 
 
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Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, artigo 97) a decisão de órgão 
fracionário de tribunal que, embora não declare expressamente a 
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público, afasta sua 
incidência, no todo ou em parte. 
 
Questão 04 - Determinado Estado da Federação vivencia sérios problemas de 
segurança pública, sendo frequentes as fugas dos presos transportados para 
participar de atos processuais realizados no âmbito do Poder Judiciário. Para 
remediar essa situação, foi editada uma lei estadual estabelecendo a 
possibilidade de utilização do sistema de videoconferência no âmbito do Estado. 
Diante de tal quadro, assinale a afirmativa que se ajusta à ordem constitucional. 
a) A lei estadual é constitucional, pois a matéria se insere na competência local 
dos Estados-membros, versando sobre assunto de interesse local. 
b) A lei estadual é inconstitucional, pois afrontou a competência privativa da 
União de legislar sobre Direito Processual Penal. 
c) A lei estadual é constitucional, pois a matéria se insere no âmbito da 
competência delegada da União, versando sobre direito processual. 
d) A lei estadual é inconstitucional, pois comando normativo dessa natureza, por 
força do princípio da simetria, deveria estar previsto na Constituição Estadual. 
Comentários: 
A questão exigiu do(a) futuro(a) advogado(a) conhecimento acerca das 
competências legislativas do entes federativos. A temática do enunciado versa 
sobre matéria de direito processual, uma vez que altera o procedimento de 
audiência, sugerindo que seja agora pelo sistema de videoconferência. Matéria 
processual é de competência privativa da União. Além disso, a competência dos 
Estados é de caráter residual. 
Para facilitar a memorização (infelizmente não tem para onde correr, tem que 
decorar) criou-se um mnemônico com as competências privativas da união. 
Trata-se do capacete de PM. 
COMPETÊNCIA PRIVATIVA DA UNIÃO – art. 22 CF 
CAPACETE PM 
C = Comercial 
A = Agrário 
P = Penal 
A = Aeronáutico 
C = Civil 
E = Eleitoral 
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T = Trabalho 
E = Espacial 
P = Processual 
M = Marítimo 
Munidos dessas informações, vamos aos itens. 
a) A lei estadual é constitucional, pois a matéria se insere na competência 
local dos Estados-membros, versando sobre assunto de interesse local. 
 
Item ERRADO. Matéria processual é de competência privativa da União. Além 
disso, vale citar o Art. 25 da CF/88 
Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que 
adotarem, observados os princípios desta Constituição. 
 § 1º São reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam 
vedadas por esta Constituição. 
§ 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante concessão, os 
serviços locais de gás canalizado, na forma da lei, vedada a edição de medida 
provisória para a sua regulamentação. 
 § 3º Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir regiões 
metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, constituídas por 
agrupamentos de municípios limítrofes, para integrar a organização, o 
planejamento e a execução de funções públicas 
 
Observe que o Art. 25 da CF aborda a competência dos Estados de forma 
exemplificativa e não taxativa, pois a competência estadual é residual. 
b) A lei estadual é inconstitucional, pois afrontou a competência privativa 
da União de legislar sobre Direito Processual Penal. 
 
Item CORRETO. É isso mesmo, lembre-se do capacete de PM. 
c) A lei estadual é constitucional, pois a matéria se insere no âmbito da 
competência delegada da União, versando sobre direito processual. 
 
Item ERRADO. Trata-se de competência privativa da União. 
d) A lei estadual é inconstitucional, pois comando normativo dessa 
natureza, por força do princípio da simetria, deveria estar previsto na 
Constituição Estadual. 
 
Item ERRADO. O comando normativo sobre a competência para legislar sobre 
matéria processual não só está previsto na constituição como também sabemos 
que aquela não é de competência dos Estados, mas sim da União. 
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Questão 05 - Um representante da sociedade civil, apresentando indícios de 
que o Presidente da República teria ultrapassado os gastos autorizados pela lei 
orçamentária e, portanto, cometido crime de responsabilidade, denuncia o Chefe 
do Poder Executivo Federal à Câmara dos Deputados. Protocolizada a denúncia 
na Câmara, foram observados os trâmites legais e regimentais de modo que o 
Plenário pudesse ou não autorizar a instauração de processo contra o Presidente 
da República. Do total de 513 deputados da Câmara, apenas 400 estiveram 
presentes à sessão, sendo que 260 votaram a favor da instauração do processo. 
Diante desse fato, 
a) o processo será enviado ao Senado Federal para que este,sob a presidência 
do Presidente do STF, proceda ao julgamento do Presidente da República. 
b) o processo será enviado ao Supremo Tribunal Federal, a fim de que a Corte 
Maior proceda ao julgamento do Presidente da República. 
c) o processo deverá ser arquivado, tendo em vista o fato de a decisão da 
Câmara dos Deputados não ter contado com a manifestação favorável de dois 
terços dos seus membros. 
d) dá-se o impeachment do Presidente da República, que perde o cargo e fica 
inabilitado para o exercício de outra função pública por oito anos. 
Comentários 
A questão versa acerca do processo de impeachment do Presidente da 
República, tema bastante recorrente ultimamente inclusive. A abordagem do 
tema foi feita de forma superficial, não exigindo grandes conhecimentos acerca 
da matéria. Porém, a resposta para ela está nos detalhes, quem respondeu 
desatento(a) “errou sabendo” do assunto. Veremos o porquê. 
O impeachment do Presidente da República decorre da prática de crime de 
responsabilidade, como o enunciado bem lembrou. Qualquer cidadão é 
competente para arguir o impeachment na câmara dos deputados, se a câmara 
acolher o pedido, por meio de 2/3 de votos favoráveis, remeterá para o senado 
julgar. 
A decisão de “remessa” da câmara vincula o senado no sentido de obriga-lo a 
se manifestar, não significa que ele é obrigado a condenar ou a absolver, 
significa que ele é obrigado a dar seu parecer por meio do julgamento. Quem 
preside este julgamento é o Presidente do STF. Para haver condenação no 
Senado também é necessário 2/3 dos votos. Havendo condenação, o presidente 
será deposto do cargo, assim como fica inabilitado para o exercício de função 
pública por 8 anos, sem prejuízo de outras sanções judiciais cabíveis (conforme 
o Art. 52 da CF). 
a) o processo será enviado ao Senado Federal para que este, sob a 
presidência do Presidente do STF, proceda ao julgamento do Presidente 
da República. 
 
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Item ERRADO. O conteúdo do item acima está perfeito, é isso mesmo que 
acontece durante o procedimento de impeachment. Contudo, há um porém: Não 
houve no caso do enunciado da questão o quórum suficiente para isso! Lembra 
que são 2/3 dos votos da câmara dos deputados? Se temos 513 deputados, 
precisamos de no mínimo 342 votos para passar o processo pro Senado. O 
enunciado da questão informou que apenas 260 votaram a favor. É por isso que 
o item está errado. O quórum não foi atingido, então o processo não será enviado 
para o Senado mas sim arquivado. 
b) o processo será enviado ao Supremo Tribunal Federal, a fim de que a 
Corte Maior proceda ao julgamento do Presidente da República. 
 
Item ERRADO. O processo não será enviado ao Supremo Tribunal Federal, até 
porque mesmo havendo o quórum necessário para o envio, quem seria 
competente para o julgamento é o Senado Federal. O STF não julga, apenas o 
Presidente do Supremo tem participação no processo de impeachment, pois ele 
presidirá o julgamento dentro do Senado Federal. 
c) o processo deverá ser arquivado, tendo em vista o fato de a decisão 
da Câmara dos Deputados não ter contado com a manifestação favorável 
de dois terços dos seus membros. 
 
Item CORRETO. Perfeito, não houve quórum suficiente para a instauração. 
Portanto, deverá ser arquivado. 
d) dá-se o impeachment do Presidente da República, que perde o cargo 
e fica inabilitado para o exercício de outra função pública por oito anos. 
 
Item ERRADO. Isso só aconteceria se houvesse julgamento no senado a 
favor da condenação, mediante 2/3 dos votos dos senadores. Mas, no caso 
do enunciado da questão, não houver sequer o quórum mínimo suficiente para 
o envio ao Senado, então o julgamento por parte do Senado está fora de 
cogitação. 
Questão 06 - A discussão a respeito das funções executiva, legislativa e 
judiciária parece se acirrar em torno dos limites do seu exercício pelos três 
tradicionais Poderes. Nesse sentido, sobre a estrutura adotada pela Constituição 
brasileira de 1988, assinale a afirmativa correta. 
a) O exercício da função legislativa é uma atribuição concedida exclusivamente 
ao Poder Legislativo, como decorrência natural de ser considerado o Poder que 
mais claramente representa o regime democrático. 
b) O exercício da função jurisdicional é atribuição privativa do Poder Judiciário, 
embora se possa dizer que o Poder Executivo, no uso do seu poder disciplinar, 
também faça uso da função jurisdicional. 
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c) O exercício de funções administrativas, judiciárias e legislativas deve respeitar 
a mais estrita divisão de funções, não existindo possibilidade de que um Poder 
venha a exercer, atipicamente, funções afetas a outro Poder. 
d) A produção de efeitos pelas normas elaboradas pelos Poderes Legislativo e 
Executivo pode ser limitada pela atuação do Poder Judiciário, no âmbito de sua 
atuação típica de controlar a constitucionalidade ou a legalidade das normas do 
sistema. 
Comentários: 
Essa questão causou um sensível burburinho na época por conta da utilização 
de determinados termos e algumas colocações, mas vamos nos ater ao 
suficiente para acertar a questão, nem que seja pela lógica do item menos 
absurdo. É amigo, é por conta dessas e outras que é praticamente impossível 
gabaritar a prova da OAB. Algumas questões tiram do sério os candidatos, mas 
há vi questões piores, então vamos ao que interessa: 
O assunto abordado no enunciado exige conhecimento prévio acerca do 
princípio da separação dos poderes e, consequentemente, de seus efeitos no 
ordenamento jurídico. É preciso que quem for responder tenha em mente que 
cada poder tem sua função típica e sua função atípica, não há uma divisão 
restrita, um interfere no outro de forma harmônica, respeitando seus limites. 
Vamos aos itens: 
a) O exercício da função legislativa é uma atribuição concedida 
exclusivamente ao Poder Legislativo, como decorrência natural de ser 
considerado o Poder que mais claramente representa o regime 
democrático. 
 
Item ERRADO. O poder legislativo não exerce a atribuição legislativa de forma 
exclusiva. Legislar é de competência típica do poder legislativo, mas os demais 
poderes têm a possibilidade de legislar de forma atípica. O poder judiciário, por 
exemplo, também pode legislar assim como o poder legislativo, ou também 
“administrar” como o poder executivo, embora tipicamente ele tenha a 
competência de exercer a jurisdição. Exemplo disso encontramos no Art. 96 da 
CF, inciso I, alíneas a e f: 
Art. 96. Compete privativamente: 
 
I - aos tribunais: 
 
a) eleger seus órgãos diretivos e elaborar seus regimentos internos, com 
observância das normas de processo e das garantias processuais das 
partes, dispondo sobre a competência e o funcionamento dos respectivos 
órgãos jurisdicionais e administrativos; (função legislativa) 
 
f) conceder licença, férias e outros afastamentos a seus membros e aos 
juízes e servidores que lhes forem imediatamente vinculados; (função 
executiva/administrativa) 
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Além disso, é super nada a ver alegar que o poder legislativo é o que mais 
representa o regime democrático. Todos os 03 poderes representam de forma 
igual, pois são independentes e harmônicos entre si. 
b) O exercício da função jurisdicional é atribuição privativa do Poder 
Judiciário, embora se possa dizer que o Poder Executivo, no uso do seu 
poder disciplinar, também faça uso da função jurisdicional. 
 
Item ERRADO. Esse foi o enunciado que causou o “burburinho” que eu tinha 
comentado anteriormente. Inclusive alguns professores durante a correção 
dessa prova, apesar deterem ciência do gabarito dado pela FGV, optaram pelo 
item B entendendo ser o menos errado. Mas se formos pensar direitinho, 
podemos acercar a questão e não marcar esse item pelos seguintes motivos: 
Não se trata de uma função privativa do judiciário, mas sim uma função típica! 
Além disso, em sede de seu poder disciplinar, o poder executivo exerce função 
administrativa, ou seja, decorre do poder da administração em aplicar a 
penalidade e não dos moldes jurídicos dos tribunais. 
Além disso, a doutrina administrativista defende a tese de que o poder executivo 
não exerce função jurisdicional: 
O gabarito tem fundamento na lição de José dos Santos Carvalho Filho. Para 
o citado autor, o Poder Executivo não exerce função jurisdicional, porque suas 
decisões não têm força definitiva, podendo ser revistas pelo Poder Judiciário. 
Neste sentido, diz Carvalho que: 
 
"Ao Poder Executivo incumbe precipuamente a função administrativa, 
desempenha também função atípica normativa, quando produz, por exemplo, 
normas gerais e abstratas através de seu poder regulamentar (art. 84, IV, CF), 
ou, ainda, quando edita medidas provisórias (art. 62, CF) ou leis delegadas 
(art. 68, CF). 
 
Quanto à função jurisdicional, o sistema constitucional pátrio vigente não deu 
margem a que pudesse ser exercida pelo Executivo. A função jurisdicional 
típica, assim considerada aquela por intermédio da qual conflitos de interesses 
são resolvidos com o cunho de definitividade (res judicata), é praticamente 
monopolizada pelo Poder Judiciário, e só em casos excepcionais, como visto, 
e expressamente mencionados na Constituição, é ela desempenhada pelo 
Legislativo". (CARVALHO FILHO, José dos Santos) 
 
Certamente a FGV se baseou na doutrina majoritária do direito administrativo 
para tornar o item errado. Fique de olho! 
c) O exercício de funções administrativas, judiciárias e legislativas deve 
respeitar a mais estrita divisão de funções, não existindo possibilidade 
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de que um Poder venha a exercer, atipicamente, funções afetas a outro 
Poder. 
 
Item ERRADO. É para isso que serve a chamada competência atípica. Um pode 
exercer atipicamente o que seria uma atribuição típica do outro. Vemos essa 
tabelinha didática que demonstra exemplos de situações assim: 
Competência Executivo Legislativo Judiciário 
Típica Função 
administrativa 
Função legislativa Função 
jurisdicional 
Atípica Expedição de 
medida provisória 
e lei delegada 
(legislativa); 
julgamento em 
processos 
administrativos 
(função atípica de 
julgamento). 
Gestão de seus 
bens e pessoal 
(administrativa); 
julgamento de 
autoridades nos 
crimes de 
responsabilidade 
(função atípica de 
julgamento). 
Gestão de seus 
bens e pessoal 
(administrativa); 
elaboração de 
regimentos 
internos de 
tribunais 
(legislativa). 
 
d) A produção de efeitos pelas normas elaboradas pelos Poderes 
Legislativo e Executivo pode ser limitada pela atuação do Poder 
Judiciário, no âmbito de sua atuação típica de controlar a 
constitucionalidade ou a legalidade das normas do sistema. 
 
Item CORRETO. Esse é o gabarito da questão. É através do controle de 
constitucionalidade que o poder judiciário resguarda a segurança da 
constituição, elaborando controle de leis ou atos normativos que atentem contra 
a carta magna. Para isso existem as chamadas ações de controle de 
constitucionalidade (ADI, ADC, ADPF...) e também a reclamação constitucional. 
Desta forma, tanto as normas do poder executivo quanto do poder legislativo são 
passíveis do controle de constitucionalidade por parte do judiciário. Cabe lembrar 
que o executivo também produz normas, como a medida provisória por exemplo. 
A medida provisória, por exemplo, pode ser objeto de controle de 
constitucionalidade se não forem observados os requisitos de relevância e 
urgência por parte de quem a emitiu – até mesmo para evitar abuso na utilização 
das MPs e obviamente proteger a Constituição de possíveis pedaladas 
legislativas. 
Questão 07 - Ocorreu um grande escândalo de desvio de verbas públicas na 
administração pública federal, o que ensejou a instauração de uma Comissão 
Parlamentar de Inquérito (CPI), requerida pelos deputados federais de oposição. 
Surpreendentemente, os oponentes da CPI conseguem que o inexperiente 
deputado M seja alçado à condição de Presidente da Comissão. Por não possuir 
formação jurídica e desconhecer o trâmite das atividades parlamentares, o 
referido Presidente, sem consultar os assessores jurídicos da Casa, toma uma 
série de iniciativas, expedindo ofícios e requisitando informações a diversos 
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órgãos. Posteriormente, veio à tona que apenas uma de suas providências 
prescindiria de efetivo mandado judicial. Assinale a opção que indica a única 
providência que o deputado M poderia ter tomado, prescindindo de ordem 
judicial. 
a) Determinação de prisão preventiva de pessoas por condutas que, embora sem 
flagrância, configuram crime e há comprovado risco de que voltem a ser 
praticadas. 
b) Autorização, ao setor de inteligência da Polícia Judiciária, para que realize a 
interceptação das comunicações telefônicas (“escuta”) de prováveis envolvidos. 
c) Quebra de sigilo fiscal dos servidores públicos que, sem aparente motivo, 
apresentaram público e notório aumento do seu padrão de consumo. 
d) Busca e apreensão de documentos nas residências de sete pessoas 
supostamente envolvidas no esquema de desvio de verba. 
Comentários: 
A questão exigiu conhecimentos acerca do que pode ou não pode ser feito numa 
CPI sem a necessidade de autorização judicial. Este último aspecto é a chave 
para encontrar o item correto. Sem focar nisso, será muito difícil encontrar a 
resposta certa, tendo em vista o tema ser um pouco extenso e de certa forma 
complexo. Recomendo a leitura do livro do ilustre Uadi Lammêgo Bulos, ele 
aborda muito bem o assunto de forma clara, direta e objetiva com ótimo diálogo 
com a jurisprudência. Mas vamos aos itens. 
a) Determinação de prisão preventiva de pessoas por condutas que, 
embora sem flagrância, configuram crime e há comprovado risco de que 
voltem a ser praticadas. 
 
Item ERRADO. Sobre isso incide a chamada reserva de jurisdição. Essa reserva 
é conceituada pelo Min. Celso de Mello no julgamento do MS 23452/RJ. 
O postulado de reserva constitucional de jurisdição importa em submeter, à 
esfera única de decisão dos magistrados, a prática de determinados atos cuja 
realização, por efeito de explícita determinação constante do próprio texto da 
Carta Política, somente pode emanar do juiz, e não de terceiros, inclusive 
daqueles a quem haja eventualmente atribuído o exercício de poderes de 
investigação próprios das autoridades judiciais. 
 
Com base nesse julgamento, destacaram-se impossibilidades de determinações 
na CPI. São exemplos disso: 
a) diligência de busca domiciliar; 
b) quebra do sigilo das comunicações telefônicas; 
c) ordem de prisão, salvo no caso de flagrante delito 
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No caso do item A não há flagrância, logo não há essa permissibilidade. Até 
porque é um procedimento de natureza judiciária. 
b) Autorização, ao setor de inteligência da Polícia Judiciária, para que 
realize a interceptação das comunicações telefônicas (“escuta”) de 
prováveis envolvidos. 
 
Item ERRADO e já sabemos o porquê. Mas há um porém neste item que vale a 
pena ser observado! Veja que o item ressaltou a possibilidade de determinação 
de escuta telefônica – ou comunicação telefônica, tanto faz – e é aqui que reside 
a observação: Uadi Bulos, o livro que indiquei porque é super top mesmo,deixa 
bem claro que as CPis podem, sem necessidade de ordem judicial, 
determinar a ruptura dos segredos bancário, fiscal e de registros telefônicos 
de pessoas físicas ou jurídicas investigadas. 
Veja bem, a CPI pode decretar a quebra do registro telefônico e não da 
comunicação (escuta) telefônica. Preste bem atenção neste detalhe, meu 
jovem! Isso serve não só para a OAB, mas para os concursos públicos também 
(eles gostam de trocar registro por comunicação). 
c) Quebra de sigilo fiscal dos servidores públicos que, sem aparente 
motivo, apresentaram público e notório aumento do seu padrão de 
consumo. 
 
Item CORRETO. A quebra de sigilo fiscal pode ser decretada de ofício numa 
CPI. 
 
 
d) Busca e apreensão de documentos nas residências de sete pessoas 
supostamente envolvidas no esquema de desvio de verba. 
CPI pode decretar 
Quebra de 
sigilo 
fiscal.
Quebra de 
sigilo 
bancário.
Quebra de 
registro 
telefônico.
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Item ERRADO. Busca e apreensão faz parte daquele rol que mostramos como 
exemplos de vedação na CPI, ou seja, casos nos quais a CPI não pode 
decretar de ofício. 
 
 
 
Essa foi a prova de Direito Constitucional do XVII exame de ordem. Vou deixar 
uma tabelinha abaixo com os temas abordados na prova, até mesmo para servir 
de guia de estudos e verificação de temas mais recorrentes: 
 
Conteúdos de Direito Constitucional cobrados no XVII exame da OAB 
(2015) 
Teoria da Constituição: Poder Constituinte (cláusulas pétreas) 
Teoria da constituição: Constitucionalismo (evolução) 
Cláusula de reserva de plenário (regra e exceções) 
Competências legislativas da União e dos Estados 
Impeachment 
Separação dos poderes 
Comissão parlamentar de inquérito 
 
Então é isso, ficamos por aqui. Qualquer coisa é só comentar ou enviar e-mail. 
Bons estudos, até a próxima! :D 
Abraços, 
Henrique. 
CPI não pode decretar 
Busca e 
apreensão
Ordem de 
prisão, salvo no 
caso de 
flagrante delito
quebra do sigilo 
das 
comunicações 
telefônicas 
(escuta)
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Sugestão, críticas ou dúvidas favor entrar em contato pelo email 
diariojurista@gmail.com

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