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CADERNO CONSTITUCIONAL EMERJ CP1 - Gabrielle Hensel

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DIREITO CONSTITUCIONAL – EMERJ CP1 
Gabrielle Hensel – 2023.1 
 
 
TEMA I 
Constituição: conceito, tipologia. Constituições brasileiras. Preâmbulo. Normas 
constitucionais: Espécies, eficácia, e diversas classificações. 
 
Classificações das Constituições 
 
- A linguagem da constituição é recheada de conceitos jurídicos abstratos que se tornam 
parâmetro para o controle constitucional. Vejamos alguns deles: 
 
- Constituições Sintéticas e Analíticas 
 Sintéticas são aquelas que dispõem no seu texto de forma enxuta, 
majoritariamente de princípios e que terão força na hora de interpretar as leis 
infraconstitucionais. 
 Analíticas são mais extensas e detalhadas. A desvantagem é que ela precisa ser 
emendada com mais frequência para que suas disposições sejam coerentes com as 
circunstâncias e contexto histórico mais atual. 
 
- Constituições Rígidas, Flexíveis e Semirrígidas 
 Rígidas são aquelas que exigem um processo legislativo mais solene para a sua 
alteração. Especificamente a constituição brasileira, a alteração dela depende da 
apresentação de proposta de emenda constitucional, com legitimados restritos, 
votado duas vezes na Câmara e duas vezes no Senado, com manifestação 
favorável de 3/5 dos integrantes de cada casa. Isso faz com que a nossa 
constituição seja considerada rígida. 
 Flexíveis, a contrario sensu, são aquelas que podem ser modificadas por 
processos legislativos mais simplificados. De um modo geral as constituições ao 
redor do mundo são rígidas. 
 Semirrígida, como o nome já diz, tem uma parte rígida e outra não rígida, ou seja, 
algumas normas demandarão processo de alteração mais solene, e outras serão 
mais flexíveis. 
 
Obs.: havia na constituição do império a proposta de uma constituição semirrígida, 
contendo uma parte rígida e outra flexível. Depois, com as constituições republicanas 
nenhuma outra foi flexível ou semirrígida. 
 
Obs. 2: Art. 60, §4º, da CRFB – Cláusulas Pétreas → a rigidez constitucional é o que 
serve de base para estabelecer a supremacia da norma constitucional sobre as demais. Se 
a norma ordinária é capaz de alterar a constituição, não há supremacia constitucional. 
 
- Constituições Democráticas e Outorgadas 
 Democráticas são elaboradas por um órgão representativo do povo, normalmente 
denominada “Assembleia Constituinte”. 
 Outorgadas são aquelas impostas por quem está no poder, sem participação 
popular na elaboração de suas normas. 
 
- Constituições Escritas e Não Escritas 
 Quanto à forma podem ser consideradas escritas e não escritas. Escritas são as 
constituições cuja disciplina da vida do Estado é inserida completamente em texto 
escrito. Por sua vez, a constituição não escrita é a constituição que se ampara nos 
costumes e na jurisprudência 
 
Obs. 3: o Brasil, a Primeira Constituição foi justificada a partir da formação do próprio 
Estado. A segunda, a Constituição de 1891, foi uma mudança no sistema de governo, e 
ficou marcada como a primeira do Brasil em sua fase republicana. A terceira foi 
consequência da tomada de poder por Getúlio Vargas, quem negou a constituição 
anterior. À época, havia um movimento constitucionalista que gerou diversas mortes no 
país. Foi feita, então, uma constituição que atendia aos interesses de Vargas, outorgada, 
assim, a Constituição de 1937. Após a redemocratização – pós Estado Novo de Getúlio 
Vargas –, a constituição de 1946 foi necessária. Depois do golpe militar, fechou-se o 
poder na constituição de 1967. Em 1969, a Constituição ficou ainda mais rígida, 
centralizando o poder na mão do Poder Executivo – à época, militar. Mais uma vez, com 
a redemocratização, foi necessária nova constituição, dessa vez democrática, daí então o 
surgimento da CRFB de 1988. 
 
Obs. 4: a maior parte das emendas constitucionais são pequenas alterações. Alterações 
como a reforma do sistema previdenciário, que efetivamente promovem mudanças de 
grande escala, são exceções. 
 
Obs. 5: a Constituição Federal é introduzida pelo preâmbulo, que não possui força 
normativa. Por conta disso, não há de se falar em sua inconstitucionalidade e nem de ser 
objeto de alterações constitucionais. Nos moldes do entendimento do STF, o preâmbulo 
também não é parâmetro de controle de constitucionalidade, na medida em que não é 
considerado norma jurídica, não constitui norma central, não se trata de norma de 
reprodução obrigatória na Constituição estadual, não tendo força normativa, servindo 
como vetor interpretativo. 
 Vale frisar que toda a Constituição serve de parâmetro para o controle de 
constitucionalidade, inclusive os Atos das Disposições Constitucionais 
Transitórias (ADCT), excluindo-se tão somente o preâmbulo. 
 
Normas Constitucionais 
 
- Normas Materialmente Constitucionais: são aquelas que são constitucionais na sua 
essência, independentemente de estarem na redação da Constituição Federal. São aquelas 
que tratam de temas essencialmente constitucionais, como no caso dos Princípios 
Fundamentais (Título I), os Direitos e Garantias Fundamentais (Título II), a Organização 
do Estado (Título III), a Organiza- ção dos Poderes (Título IV). 
 
- Normas Formalmente Constitucionais: são aquelas que são constitucionais por conta de 
estarem formalmente no texto constitucional. Ou seja, as normas formalmente 
constitucionais são todas aquelas inseridas no texto constitucional independentemente do 
seu conteúdo. 
 Um exemplo de norma formalmente constitucional é o artigo 242, § 2º, que diz 
que “o Colégio Pedro II, localizado na cidade do Rio de Janeiro, será mantido na 
órbita federal” 
 Para compreender a constitucionalidade formal, é preciso saber que existe um 
processo previsto na Constituição para produção das leis, chamado de processo 
legislativo. Assim, se não houver a observância desse processo, haverá 
inconstitucionalidade formal. 
 
- Desse modo, como se vê, a diferença entre constitucionalidade formal e 
constitucionalidade material é simples se dá, pois, a constitucionalidade formal diz 
respeito à forma de produção da lei, e a constitucionalidade material diz respeito à 
obediência do conteúdo da lei ao conteúdo da Constituição. 
 
- Normas Autoexecutórias e Não Autoexecutórias 
 Autoexecutórias são as normas que não precisam de regulamentação, ou seja, 
possuem eficácia plena. Por sua vez, as não autoexecutórias seriam aquelas 
normas que necessitam de regulamentação para sua eficácia. 
- Essa classificação se mostrou insuficiente e primitiva, daí veio a seguinte divisão 
classificatória: 
 Norma de eficácia plena: não necessita de nenhuma providência legislativa ou 
administrativa para a produção dos efeitos desejados pelo constituinte. Ex: o 
mandato do líder do poder executivo é de 4 anos. 
 Norma de eficácia contida: são capazes de produzir todos os seus efeitos de forma 
direta e imediata, mas possivelmente não integral, uma vez que podem ser 
restringidas por outras normas constitucionais, pela legislação infraconstitucional 
ou por conceitos éticos-jurídicos indeterminados. No controle de 
constitucionalidade é examinado que todas as leis e atos normativos que de 
alguma forma contrariarem a constituição possuem vício de constitucionalidade. 
 Exemplo de norma constitucional de eficácia contida é: Art. 170, 
parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer 
atividade econômica, independentemente de autorização de órgãos 
públicos, salvo nos casos previstos em lei. 
 Outro exemplo é o artigo 37, XXI, da CRFB – a contratação de obras 
e serviços precisa ser feita por licitação. Na lei de licitação, art. 24 e 
25, da Lei 8.666, prevê dispensa da licitação. Legislador ordinário 
previu hipóteses de dispensa da licitação. 
 
Obs.: Pergunta-se: normas de eficácia contidas são inconstitucionais? Não, porque a 
constituição permitiu que o legislador infraconstitucional limitasse a norma 
constitucional mediante regulamentaçãoda matéria. Ou seja, o legislador ordinário 
poderá criar exceções ao que está previsto na constituição. 
 
 Norma de eficácia limitada: são aquelas normas que não têm aptidão para 
produzirem imediatamente os efeitos desejados pelo constituinte. Elas 
precisam de alguma providência legislativa ou administrativa, dependem de 
uma regulamentação futura para que possam produzir todos os efeitos que 
pretendem. Ou seja, como toda norma constitucional, elas possuem eficácia, 
mas não aptidão para produção geral de seus efeitos. 
 Definidoras de Princípios Institutivos: são aquelas que criam um 
instituto ou uma instituição que precisam de alguma 
regulamentação. 1. a constituição de 1988 criou o STJ, mas, no dia 
seguinte à edição da constituição o STJ ainda não existia, seria 
preciso que essa norma fosse realizada; 2. a constituição reconhece 
o direito de greve para o servidor público na forma da Lei. Não tem 
lei até hoje regulamentando o instituto. Há quem entenda que essa 
norma é de eficácia contida, podendo fazer greve da forma que der 
até que viesse a lei. A corrente prevalecente é a que é necessária a 
regulamentação legislativa. Isso foi objeto de diversos mandados 
de injunção coletivos, contudo o mandado de injunção só foi 
regulamentado em 2016. O que se defende no mandado de injunção 
é a posição concretista, de forma que o judiciário deve concretizar 
a solução. O Supremo conseguiu, depois de muito esforço, 
empregar a lei de greve da iniciativa privada, aplicando a parte que 
admite a greve, mas com manutenção de uma porcentagem dos 
funcionários 
 Definidoras de Conteúdo Programático: aão aquelas que 
estabelecem diretrizes e programas que devem ser alcançados pelo 
Estado. Ex: o salário mínimo deverá atender às necessidades do 
trabalhador e da sua família, relativas à (...). O salário mínimo é 
um programa de governo, não há como exigir no judiciário um 
aumento pessoal no seu salário mínimo comprovando a sua 
necessidade para atender aos gastos básicos que a constituição diz 
que o salário mínimo deve atender. 
 
- Como se registrou acima, as normas constitucionais percorreram uma longa trajetória 
doutrinária e jurisprudencial até ver reconhecido o seu status de norma jurídica. Como 
consequência natural, as normas constitucionais hão de compartilhar das características 
das normas jurídicas em geral. Nada obstante isso, é inegável que as normas 
constitucionais não são normas jurídicas como quaisquer outras. 
- A primeira característica distintiva das normas constitucionais é a sua posição no 
sistema: desfrutam elas de superioridade jurídica em relação a todas as demais normas. A 
supremacia constitucional é o postulado sobre o qual se assenta todo o constitucionalismo 
contemporâneo. Dele decorre que nenhuma lei, nenhum ato normativo, a rigor, nenhum 
ato jurídico, pode subsistir validamente se for incompatível com a Constituição. 
- A segunda característica é a natureza da linguagem, cuja nota singular é a abertura. O 
texto constitucional se utiliza, com abundância maior do que outros documentos 
legislativos, de cláusulas gerais, que são categorias normativas pelas quais se transfere 
para o intérprete, com especial intensidade, parte do papel de criação do Direito, à luz do 
problema a ser resolvido. 
- Por fim, a dimensão política da Constituição não infirma seu caráter de norma jurídica, 
nem torna sua interpretação uma atividade menos técnica. Mas uma Constituição, 
rememore-se, faz a travessia entre o fato político e a ordem jurídica, entre o poder 
constituinte e o poder constituído, estando na interface entre dois mundos diversos, porém 
intercomunicantes. Conceitos e ideias como Estado democrático de direito, soberania 
popular e separação de Poderes sempre envolverão valorações políticas. Um tribunal 
constitucional deverá agir com ousadia e ativismo, nos casos em que o processo político 
majoritário não tenha atuado satisfatoriamente, e com prudência e autocontenção em 
outras situações, para não exacerbar aspectos do caráter contra majoritário dos órgãos 
judiciais, vulnerando o princípio democrático 
 
TEMA II 
Poder Constituinte. Supremacia constitucional. Vigência da norma constitucional. 
Inconstitucionalidade de normas constitucionais. 
 
Poder Constituinte 
 
- Quando se fala em Poder Constituinte, refere-se ao Poder Criador. Mas dentro do Direito 
Constitucional, o Poder Criador está relacionado a uma Constituição. Essa teoria sobre o 
poder de elaborar uma Constituição remonta à França do século XVIII, numa sociedade 
completamente estratificada, dividida em três Estados: 
 
- Natureza Jurídica → Poder de Direito, Poder de Fato e Poder Político. 
 Poder de Direito: o Poder, segundo Humberto Peña, é a energia da tomada 
das decisões políticas. Então, de onde vem essa energia para motivar a 
elaboração de uma Constituição? Segundo Sièyès, na sua corrente 
naturalística, o Poder vem de Deus. Assim, a teoria do Poder Constituinte é 
pautada pela vontade Divina, pelas leis naturais. O Poder que fundamenta o 
nascimento de uma Constituição é a Lei de Deus – a vida, a liberdade, a 
igualdade, a propriedade e a segurança. Logo, o Poder de Direito do 
constituinte é natural. Portanto, a corrente jusnaturalista alega que uma nova 
Constituição deve se pautar na vontade Divina, e não na vontade do homem, 
vontade da lei. 
 Poder de Fato: Segundo os positivistas – por todos, Hans Kelsen, etc. –, o 
Poder Constituinte não se baseia numa lei anterior, tampouco na vontade de 
Deus. Legitima-se nele próprio. Daí vem o conceito da Norma Hipotética 
Fundamental, pilar da Teoria Pura do Direito, que diz: cumpram esse texto da 
Constituição, pois foi elaborado pela finalidade de ser a norma principal desse 
país. Assim, em síntese, os positivistas alegavam que a Constituição se 
legitima nela própria. É dessa norma, da Constituição, que as demais retiraram 
a sua força, não precisando compreender se veio por meio da vontade de Deus 
ou pela vontade do homem. A norma é porque é, e deve ser obedecida. É a 
Teoria Pura do Direito. Na hora de legitimar o Poder Constituinte, não poderia 
Kelsen e os demais positivistas admitirem que esta legitimação viria de leis 
naturais, alheias ao direito – ou sua teoria não seria pura. É a Constituição 
pura, a norma pura que deve ser seguida. 
 Poder Político: O Professor Paulo Bonavides faz uma mistura entre essas duas 
naturezas. Alega que, no seu nascimento, o Poder Constituinte é um poder de 
direito natural, mas na sua aplicação é a norma fundamental do país, segundo 
a qual as demais normas tiraram seu fundamento de validade, e deve ser 
cumprida. Portanto, mescla claramente a corrente naturalista e a corrente 
positivista, culminando no que se chama Poder Político. Segundo o 
jusnaturalista, o Poder Constituinte teria natureza de poder de direito natural, 
ou seja, deveria se inspirar nas leis Divinas que antecederam a própria 
existência humana. Segundo os juspositivistas, o Poder Constituinte é poder 
de fato, pois não se inspira em direito positivo ou natural anterior. Legitima-
se por si mesmo. Segundo o professor Paulo Bonavides o Poder Constituinte, 
na origem, seria de direito, mas na sua aplicação seria poder de fato. 
 
- O poder constituinte, em regra, será exercido por um órgão eleito especificamente para 
este fim. Existe, contudo, a opção de se atribuir a um órgão legislativo preexistente a 
elaboração do novo texto constitucional, como ocorreu no Brasil em 1987/1988. À época, 
foi atribuído ao Congresso Nacional a feitura da nova constituição 
- O poder constituinte originário é ilimitado, porque a produção legislativa normalmente 
tem como limitação a constituição. Assim, se o objetivo é justamente a troca do 
ordenamento jurídico e, por consequência, os próprios parâmetros de controle legislativo, 
não se pode compreender qualquer limite. 
- A mudança do texto é feita por meio de emendasconstitucionais: surge, a partir de então, 
o poder constituinte derivado, que é aquele poder que pode mudar o texto já existente. 
 Aqui, há limitação, porque o texto já está concretizado e os limites e parâmetros 
de alterações constitucionais já estão estabelecidos. 
- O poder constituinte derivado foi atribuído ao congresso nacional e a constituição trouxe 
dois mecanismos: emenda constitucional comum e a revisão constitucional (feita 5 anos 
após a promulgação da constituição). 
- O processo legislativo usado para a mudança da constituição é mais solene quando 
comparado com o processo legislativo ordinário. Há, primeiro, uma limitação 
procedimental (processo legislativo mais solene) e, em segundo, uma limitação 
circunstancial (não se pode alterar a constituição em estado de defesa, de sítio e de 
intervenção federal). 
 
Obs.: houve divergência quanto à existência de uma limitação temporal. Formalmente, 
não houve nenhuma espécie de limitação temporal quanto à propositura de emendas, ou 
seja, teoricamente, seria possível emendar a constituição imediatamente após a 
promulgação. A divergência quanto a essa limitação temporal subsiste na impossibilidade 
de uma emenda constitucional rejeitada ser apresentada novamente na mesma sessão 
legislativa (corresponde a um ano civil completo, ou seja, dura de 1º de janeiro a 31 de 
dezembro de um mesmo ano). 
 
- Fala-se ainda em limitação material, é o que está disposto no artigo 60, §4º, da CRFB, 
onde são tratadas as cláusulas pétreas. Não se pode apresentar proposta de emenda 
tendente a abolir cláusula pétrea. É imprescindível que se entenda que a cláusula pétrea 
sobre a forma federativa do estado nada é afetada quando se fala em trocas de atribuições 
e competências entre os entes federativos. 
 Lembre-se: voto obrigatório não é cláusula pétrea. 
 
Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta: 
I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou 
do Senado Federal; 
II - do Presidente da República; 
III - de mais da metade das Assembléias Legislativas das unidades da 
Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de 
seus membros. 
 
§ 1º A Constituição não poderá ser emendada na vigência de 
intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio. 
 
§ 2º A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso 
Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em 
ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros. 
 
§ 3º A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara 
dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de 
ordem. 
 
§ 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente 
a abolir: 
I - A forma federativa de Estado; 
II - O voto direto, secreto, universal e periódico; 
III - A separação dos Poderes; 
IV - Os direitos e garantias individuais. 
 
§ 5º A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por 
prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão 
legislativa. 
 
Obs. 2: a doutrina construiu a ideia de Cláusula Pétrea Implícita → a decisão sobre o 
que pode e o que não pode ser mudado sobre a constituição é estabelecido pelo poder 
constituinte originário. As cláusulas pétreas implícitas se relacionam por decisões que, 
por sua natureza, só podem ser tomadas pelo poder constituinte originário. Por exemplo, 
não pode haver proposta de emenda que suprima o §4º, do Art. 60, da CRFB, ou a 
transformação de toda a constituição em cláusula pétrea. 
 
- Têm-se três fases do Poder Constituinte: o Poder Criador, que é o Poder Originário; o 
Poder Reformador, que é Poder Derivado, com base no qual a Constituição vai sofrer 
reformas (com as limitações do próprio Poder Constituinte Originário); e os Estados 
Federativos podem construir suas próprias Constituições (Poder Decorrente). 
 Frisa-se que o Poder Constituinte Decorrente não é qualidade de todo o país, não 
existe manifestado em todos os países, porque nem todos os países têm modelo 
de Estado Federal. Os Estados Unitários não tem Constituições Estaduais, pois 
nestes existe a centralização de Poder. São exemplos Chile, França, Portugal, 
Espanha, etc. São países em que o poder dominante é poder central, havendo 
meras divisões administrativas (províncias, regiões, etc.). 
 
Obs. 3: Inconstitucionalidade de Normas Constitucionais→ não há inconstitucionalidade 
de norma originária, mas sim, a presunção absoluta de constitucionalidade. Pode haver a 
inconstitucionalidade da norma derivada que contraria uma das limitações previstas na 
constituição ao exercício do poder constituinte derivado, mas nunca da originária. 
 
Supremacia Constitucional 
 
- A Constituição se classifica, como se viu, segundo a estabilidade ou alterabilidade, em 
rígida, semirrígida e flexível. 
- Quando for flexível, pode ser alterada de uma maneira simples, tal como se produzem 
leis; quando for rígida, pode ser alterada, mas por um processo mais rigoroso; quando for 
semirrígida, adota um modelo híbrido: sobre alguns conceitos – normas formalmente 
constitucionais –, pode ser facilmente alterada; sobre outros, assuntos materialmente 
constitucionais, a alteração é mais difícil. 
- A norma constitucional, nesse sentido, ocupa uma posição de supremacia em relação à 
lei ou atos normativos. Isso faz com que incompatibilidade com as suas normas torne 
existente nessas leis ou atos vícios de constitucionalidade. 
- Consequentemente, todas as leis e atos normativos devem ser compatíveis com a 
constituição, então é preciso que cada país desenvolva o seu sistema de controle de 
constitucionalidade. 
- Isso é, a verificação da compatibilidade das leis e atos normativos com a constituição 
que, uma vez constatada, através do sistema de controle de constitucionalidade sejam 
retiradas essas leis ou atos normativos do ordenamento jurídico. 
- Se, numa constituição flexível, se tem uma norma ordinária posterior que contrarie a 
constituição, o que há é uma revogação. Por isso, quando se fala em incompatibilidade de 
normas com a constituição e de controle de constitucionalidade, se fala da supremacia da 
constituição. 
- Quando se elabora uma nova constituição, a anterior perde a sua eficácia: implicaria, 
portanto, na revogação da constituição anterior. Teoricamente, seria possível o modelo 
da desconstitucionalização, que é o aproveitamento dos termos da constituição anterior 
como lei ordinária – o Brasil nunca adotou esse modelo. 
- No âmbito das leis anteriores, o que se há é uma análise por meio do fenômeno da 
recepção. Na recepção o que se avalia é o conteúdo, não a forma. Não é possível se falar 
em inconstitucionalidade formal superveniente. Como exemplo, decretos lei que existem 
no ordenamento, que continuam produzindo os seus efeitos, mesmo que a constituição de 
1988 não preveja a forma do decreto lei. 
 A recepção é fenômeno que ficou a cargo do controle difuso de 
constitucionalidade. 
 Ao ser recepcionada, uma lei pode mudar seu status. É o que ocorreu com o CTN, 
editado na forma de lei ordinária, tratando de matéria que, segundo a CRFB de 
88, deveria ser tratada por lei complementar. Como resultado, o CTN esbanja o 
status de lei complementar, ainda que tenha sido editada como lei ordinária. 
- Existem normas transitórias, e a constituição trouxe uma série de artigos com essa 
finalidade. Uma delas, inclusive, trouxe a possibilidade de revisão constitucional: 5 anos 
após a promulgação da constituição, seria feito o plebiscito para análise da eficácia do 
texto constitucional. A revisão constitucional quebrou a rigidez constitucional. 
- A ideia foi mudar a constituição pelo voto da maioria absoluta. Contudo, o congresso 
em 93 estava muito mais dividido, sem força política capaz de promover mudanças 
substanciais. A revisão acabou sem trazer muitas alterações. Hoje, superada a revisão, a 
única forma de alteraçãoé por meio das emendas. 
 
Obs.: no Brasil, tivemos uma Constituição semirrígida, e todas as demais rígidas. A 
Constituição de 182411 foi semirrígida, e as Constituições seguintes adotaram a chamada 
rigidez constitucional. Ressalte-se que o artigo 60 da CRFB/88 é o núcleo da rigidez 
Constitucional da Carta Política de 1988. 
 
Obs. 2: Pergunta-se: há uma ligação entre rigidez e hierarquia das leis? Se uma 
Constituição não pode ser alterada pelas demais normas infraconstitucionais, e essas 
retiraram o seu fundamento de validade na própria Constituição, é claro que há uma 
diferença hierárquica entre as normas. Com a diferença hierárquica, a Constituição vai 
ocupar um papel diferenciado das outras leis, ou seja, vai se destacar em relação às outras 
normas. Uma Constituição rígida tem uma estreita relação hierárquica entre si e as demais 
normas. Com rigidez e hierarquia das leis, quando se analisa a superioridade formal, a 
Constituição estará posta no topo. Com isso, as demais normas vão retirar dela os seus 
fundamentos de validade. 
 Por isso, tem-se superioridade material (de conteúdo) onde quer que a 
Constituição esteja, não importando se for rígida ou flexível. 
 Fazendo uma analogia com o controle de constitucionalidade, chega-se à 
conclusão de que para ter o controle de fiscalização, é necessário estar separado, 
em ponto superior, ou seja, possuir uma hierarquia. Essa hierarquia só se encontra 
nas Constituições rígidas. 
 
- Rigidez Constitucional → A rigidez constitucional tem uma íntima conexão com a 
supremacia formal, um lugar de destaque que ocupa a Constituição naquele país, porque 
a superioridade remonta à hierarquia, que, como se viu, também tem relação com a 
rigidez. A superioridade material vai existir em qualquer Constituição, porque é da 
essência do próprio constitucionalismo. A Constituição, qualquer delas, já nasce com essa 
supremacia material. No sistema de Constituição flexível, o ordenamento Constitucional 
é muito fluido, repartido. Existe o controle, pois há necessidade de se proteger o conteúdo 
da Constituição; porém, será o juiz que irá desempenhá-lo, adotando o direito a ser 
aplicado, ora aplicando a Constituição, ora aplicando a norma infraconstitucional. Não 
haverá jamais uma declaração de inconstitucionalidade com efeito vinculante e erga 
omnes, porque falta uma supremacia formal, ou seja, a Constituição não tem lugar de 
destaque, como na Constituição rígida. 
 
- Supremacia Material e Formal → de acordo com a rigidez constitucional, a 
Constituição só pode ser alterada por um processo legislativo mais solene e dificultoso 
do que o existente para elaboração das demais normas jurídicas. A rigidez tem estreita 
ligação com a hierarquia das leis, e essa se relaciona com a posição hierárquica de 
destaque da Constituição, dando-lhe supremacia formal. A supremacia material está 
presente em todos os ordenamentos constitucionais, mas o controle de 
constitucionalidade se relaciona intimamente com a superioridade formal. Como esta não 
está presente verdadeiramente nas Constituições flexíveis, pode-se dizer que o controle 
de constitucionalidade se encontra estruturado num sistema encabeçado por uma 
Constituição rígida. 
 
- O Princípio da Simetria prevê a adaptação para a realidade estadual das normas relativas 
à organização dos poderes previstos na CRFB. Essa foi a forma que a CRFB encontrou 
de não dar demasiada autonomia aos estados de forma que os sistemas jurídico e de 
organização estaduais fossem muito distintos. Assim, quando a constituição estadual 
reproduz norma constitucional, se facilita o controle de constitucionalidade por alusão à 
norma simétrica. 
 
TEMAS III E IV 
Hermenêutica constitucional: Princípios da interpretação constitucional. Critérios de 
interpretação. Reformas constitucionais: Emendas; Revisão; Mutação constitucional 
formal e informal. Limites do poder de reforma. Cláusulas pétreas e sua extensão. O 
papel do Supremo Tribunal Federal. 
 
Hermenêutica Constitucional 
 
- A interpretação constitucional é uma modalidade de interpretação jurídica que leva em 
consideração as singularidades quanto aos temas e a natureza da redação inseridas na 
Constituição. É necessário que o intérprete consiga dar sentido jurídico a opção que foram 
políticas pelo constituinte, tendo em mente as particularidades sociais. 
 
Obs.: Ativismo Judicial → parte da interpretação constitucional é atribuída ao poder 
judiciário, e é fato que muitas normas constitucionais sequer foram regulamentadas. Por 
exemplo, o princípio da moralidade administrativa: quem define o alcance desse 
princípio? A doutrina e o poder judiciário. Notório conhecimento, quem define? 
Novamente, é incumbido ao poder judiciário a interpretação constitucional. Isso gera um 
debate sobre o ativismo judicial. Nem sempre a interpretação das normas constitucionais 
se caracteriza como ativismo. Barroso diz que a constituição de 1988 trouxe o fenômeno, 
muito mais relevante, da judicialização. Exemplo disso, é a amplitude que ganhou as 
ferramentas de controle de constitucionalidade que, antes de 1988, eram limitadas. Outro 
fator era o dano moral, que é conceito jurídico extremamente abrangente. Ações coletivas, 
também gerou uma grande demanda pelos serviços judiciais. 
 
Obs. 2: nesse ponto, qual seria o oposto do ativismo? Seria a autocontenção, ou seja, 
quando o STF fosse provocado, ele poderia deixar de se manifestar definitivamente para 
que o Congresso resolvesse a questão. Hoje o que se tem não é isso, mas o oposto, o 
congresso tem deixado de produzir normas e de fazer deliberações, de modo que o STF 
se manifeste e crie um padrão decisório. 
 
1. Princípios da Interpretação Constitucional 
- As normas constitucionais, em geral, são de natureza principiológica. A CRFB, 
especialmente, é deveras permeada por princípios, mas sem deixar de contar com igual 
profusão de regras. 
- Os autores que tratam de maneia aprofundada do tema costumam defender que uma 
Constituição perfeita seria aquela que conta com a exata medida de regras e de princípios, 
nem tanto a um lado, nem tanto a outro. Isto porque, como se verá, os princípios são 
dotados de uma generalidade muito maior que as regras, tendo a capacidade de se amoldar 
a uma gama muito maior de situações – o que não é verdade na aplicação das regras. 
- Só com a existência de princípios é possível se consagrar um valor constitucional 
relevantíssimo: a justiça. As regras, cuja aplicação é muito mais concreta, são limitadas 
àquelas situações previstas no enunciado normativo, tendo pouca, ou nenhuma, 
flexibilidade. Mas esta objetividade das regras também tem seu valor: a limitação das 
regras promove a segurança jurídica, delimitando situações com maior precisão. 
 
- Princípio da Supremacia da Norma Constitucional → a CF ocupa uma posição de 
supremacia em relação a todas as outras normas. Isso faz com que o sistema de controle 
de constitucionalidade tenha que se desenvolver para impedir a manutenção e criação de 
leis inconstitucionais. A supremacia da norma constitucional vai exigir que toda a 
atividade estatal (não só a normativa) e até as relações de direito privado tenham 
compatibilidade constitucional. 
 
Obs.: quando se fala de controle de constitucionalidade, se fala de controle de leis e atos 
administrativos. Exemplo: proposta uma ação anulatória de um ato que demitiu um 
servido, com fundamento de que não foi concedido contraditório e ampla defesa. Nesse 
caso, o juiz também está fazendo controle de constitucionalidade, mas não é de ato 
normativo, e sim, administrativo. Não damos esse nome porque normalmente o controle 
de constitucionalidade é estudado em relação a lei e atos normativos. 
 
- Todo ato estatal é dotado de presunções. Ato administrativo tem presunção de 
legitimidade. Toda decisão judicial presumidamente deu a melhor solução para aquele 
conflito. Por fim,os atos legislativos são dotados de presunção de constitucionalidade, 
que faz com que eles possam ser aplicados até que, se for o caso, se declare sua 
inconstitucionalidade. Isso faz com que na interpretação, se o intérprete tiver dúvida sobre 
a constitucionalidade, se preserva o ato. 
 
- A doutrina propõe exceção nos casos de backlash legislativo. Ex: o Congresso, que não 
concorda com a decisão do STF declarando a inconstitucionalidade da Lei X, aprova a 
Lei Y que acaba por prever os mesmos efeitos. A Lei Y nasce com presunção de 
inconstitucionalidade. 
 
- Princípio da Unidade da Constituição → isso serve para resolver os aparentes conflitos 
entre normas constitucionais. O STF entende que não existe inconstitucionalidade de 
norma originária, então, a aparente colisão deve ser resolvida por interpretação. 
 Ex: A biografia deve ser autorizada pelo biografado? O STF decidiu que não 
precisa. Essa questão envolvia exatamente a questão do aparente conflito entre 
dois direitos fundamentais: a liberdade da manifestação artística e o direito à 
intimidade e à honra. 
 
- Princípio da Efetividade → na interpretação deve-se buscar dar a maior efetividade 
possível às normas constitucionais. O constituinte se encarregou de eliminar qualquer 
possibilidade de interpretação que retirasse a efetividade das normas portadoras de 
direitos e garantias. Há uma dificuldade adicional que decorre da utilização na 
constituição de conceitos jurídicos indeterminados ou noções imprecisas, cláusulas gerais 
com conceitos vagos usados de forma proposital, para que a constituição tivesse 
longevidade. Seria permitida uma flexibilização dos conceitos ao longo do tempo de 
acordo com as mudanças na sociedade. 
 Ex: “melhor interesse do menor”. Não há uma definição rígida, isso é avaliado 
caso a caso. O melhor interesse do menor, pode ser afastar dos pais, talvez ficar 
apenas com um deles, depende de uma análise casuística. 
 
- Interpretação Construtiva → se dá quando se amplia a possibilidade de interpretação 
de uma norma constitucional. Ocorre, por exemplo, quando alguém é intimado a depor 
em uma CPI: há o direito à não autoincriminação. A não autoincriminação não existe na 
CF, mas sim, a cláusula que assegura o preso de permanecer calado evoluiu para a não 
autoincriminação. Outro exemplo: a interpretação construtiva serviu de proteção à mulher 
nas hipóteses do que se entendia como sendo “concubina”, participante de uma relação 
extraconjugal, para fins de bens. Hoje se tem o entendimento de que todos os tipos de 
família devem ser protegidos. 
 
- Interpretação Evolutiva → utilização dos conceitos que foram pensados para um 
determinado contexto, no qual aqueles que estavam inseridos não tinham como prever as 
evoluções sociais que ocorreriam em contextos modernos. Grande exemplo é o direito 
autoral aplicado ao contexto da internet. 
 
- Lei Ainda Constitucional → é possível que uma lei ou ato normativo seja considerado 
constitucional naquele momento, mas, quando a mudança das situações de fato que 
levaram a sua produção não mais existem, posteriormente, se entende pela sua 
inconstitucionalidade. Ex: com o tempo desaparece a desigualdade de fato que foi o 
motivo para a edição de uma Lei X – exemplo, a lei de cotas –, e desaparecendo a 
desigualdade, a norma torna-se inconstitucional, pois traz desigualdade material. Caso 
também do prazo em dobro e da intimação pessoal da Defensoria Pública. Apenas para a 
defensoria o prazo processual penal é dobrado, o mesmo não ocorre para o Ministério 
Público. Isso se dá, pois, hoje, o quadro da defensoria não é capaz de oferecer auxílio 
jurídico eficiente e em tempo hábil aos hipossuficientes, mas, se um dia o quadro de 
defensores aumentar e essa realidade mudar, a lei passaria a ser inconstitucional, pois, 
como se percebe, geraria um cenário de desigualdade entre os jurisdicionados. 
 
- O STF é guardião da constituição, e exerce o controle de constitucionalidade, inclusive, 
sobre as emendas: é o principal intérprete da constituição. O Brasil adota o sistema da 
jurisdição una, que reserva para o poder judiciário a possibilidade de solucionar a lesão 
ou ameaça de lesão a direito. 
 
PRINCÍPIOS VS REGRAS 
- Dworkin fez uma relevantíssima distinção entre princípios e regras, traço de singular 
importância para o moderno entendimento dos princípios. De fato, esta distinção entre 
regras e princípios assumiu tal importância que passou a representar quase um dogma do 
direito moderno. Esta diferenciação tem enorme relevância real, não só acadêmica. 
- A primeira distinção diz respeito à especificidade: enquanto os princípios comportam 
uma gama indefinida de casos concretos que podem sujeitar-se ao que estabelecem, as 
regras têm um grau de generalidade muito inferior, tendo aplicabilidade muito mais 
restrita do que os princípios: são sujeitos a regras aqueles casos que se enquadrem no 
enunciado normativo. 
- O que ocorre na prática é que uma mesma situação concreta pode sofrer aplicação de 
dois ou mais princípios, e estes podem colidir entre si. Havendo este conflito, a técnica 
de julgamento da ponderação de interesses exsurge como mandatória, sendo esta 
ponderação, então, um corolário da generalidade dos princípios. 
- Já as regras, como são bem menos genéricas, não estão sujeitas a colidir, não sendo 
ponderáveis, portanto: ou se aplica uma regra, ou se aplica outra, e ponto. 
- Há quem sustente, hoje, que pode haver, sim, uma colisão entre regras, e até mesmo 
entre regras e princípios, pelo que seria aplicável o método da ponderação para todas as 
possibilidades generalizadas de conflitos. É uma teoria tímida. 
 
PRINCÍPIOS MATERIAIS VS. PRINCÍPIOS INSTRUMENTAIS 
- São princípios materiais aqueles que estruturam a ordem constitucional, e que têm 
claramente uma maior relevância, dado seu escopo. São estes princípios materiais que 
sustentam a solução de casos concretos. 
- Para aplicar estes princípios materiais, todavia, é necessário um aparato colateral que 
possibilite a ligação do princípio ao fato. Este aparato são os princípios instrumentais, os 
quais não têm conteúdo próprio, dedicando-se exclusivamente a proporcionar a 
aplicabilidade concreta dos princípios materiais 
- Nesse diapasão, um dos principais princípios instrumentais é a supremacia da 
constituição: é justamente esta supremacia que permite a filtragem constitucional, o 
controle de constitucionalidade, o cotejo entre a norma infraconstitucional e a CRFB, 
mediante o controle de constitucionalidade 
- Outro princípio instrumental de especial relevância é a presunção de constitucionalidade 
dos atos normativos. endo constitucionalmente dada ao Legislativo, quando é 
possibilitado ao Judiciário controlar a constitucionalidade dos atos legislativos, pelo 
sistema do check and balance, este controle deve partir de uma premissa de deferência 
diante dos atos legislativos. Deve presumir que aquele ato é constitucional, e se não 
houver argumento suficiente para quebrar essa presunção, o ato deve ser mantido: se 
houver dúvida na constitucionalidade, preserva-se a norma impugnada. 
- O princípio da unidade da constituição é outro princípio instrumental de grande 
importância. Consiste, este princípio, na certeza de que a CRFB não é um amontoado de 
normas, mas sim uma compilação harmônica de normas coesas, capazes de, 
sistematicamente lidas, fornecer a solução para o direito que se cogite. 
 
- Princípios Constitucionais Implícitos → são implícitos aqueles princípios que não 
podem ter apontada uma sede específica para sua origem, ou seja, não há uma cláusula 
ou artigo que pode ser tido por continente do princípio. A própria razoabilidade e 
proporcionalidade são assim tidas por grande parte da doutrina, havendo quem encontre-
as expressas na cláusula do devido processo legal, mas a maior parte ainda defende a sua 
não expressão. 
 
- Poder Constituinte Derivado→ as constituições são feitas para serem eternas, mas não 
são feitas para serem imutáveis. É necessário que o próprio constituinte originário preveja 
possibilidade de alteração. Rigidez constitucional é cláusula pétrea implícita. O art. 61, 
§2º, fala de iniciativa popular para projeto de lei e não para proposta de emenda. Há quem 
defenda que é possível, mas a doutrina majoritária entende que não é possível. Deflagrado 
o processo legislativo de emenda, a tramitação dessa proposta na câmara dos deputados 
ou no senado federal são matérias regimentais, o que significa que a CF não detalhou esse 
procedimento. A proposta precisa ser votada duas vezes em cada casa, em cada votação 
somente será considerada aprovada pela manifestação favorável de 3/5 de cada casa. A 
proposta não se submete a veto ou sanção do presidente, somente em relação aos projetos 
de lei, ela será promulgada pela mesa da Câmara e a mesa do Senado. 
 Na vigência das medidas extraordinárias de intervenção federal, estado de defesa 
e de sítio não é possível emendar a constituição. 
 Decisões típicas do constituinte originário são figuras protegidas como cláusulas 
pétreas implícitas. 
 
- Mutação constitucional → A mutação formal são as emendas. A mutação informal pode 
ser uma mudança na realidade ou na interpretação do direito. É o que já foi comentado da 
interpretação evolutiva. A interpretação construtiva também é forma de mutação 
constitucional. É uma construção feita a partir de outra norma. Pode ser resultante da 
atuação do poder legislativo. Existe ainda a mutação resultante dos costumes. O chefe 
do poder executivo pode negar a vigência de uma lei que ele entende ser inconstitucional. 
Houve um caso no órgão especial, em que o Governador negou vigência de uma emenda 
constitucional do Rio. Isso é um costume, ainda que pouco utilizado. É um risco, porque 
se for declarada a constitucionalidade da Lei que foi negada vigência, incorrerá ele em 
crime de responsabilidade. 
 
 
TEMAS V e VI 
Controle da constitucionalidade. Conceito, modalidades, histérico, sistemas no Direito 
Comparado. Tipos de inconstitucionalidade. Reserva de Plenário. Interpretação 
conforme a Constituição. Declaração de inconstitucionalidade sem pronuncia de 
invalidação. Declaração de inconstitucionalidade com ou sem redução do texto. Controle 
incidental de inconstitucionalidade. Aspectos procedimentais. Efeitos da decisão que 
reconhece a inconstitucionalidade incidental. Papel dos 6rgãos de controle da 
constitucionalidade. O papel do Senado Federal. Arguição de Inconstitucionalidade. 
Repercussão geral. Abstratização do controle difuso. 
 
 
Controle de Constitucionalidade 
 
- Há uma intrínseca relação entre o controle de constitucionalidade e o sistema 
democrático de direito. Basta que uma lei inconstitucional prospere para que todo o 
sistema jurídico seja posto em risco. 
- Para se tratar do controle de constitucionalidade das leis e dos atos normativos, é 
interessante, em nota introdutória, traçar um paralelo entre o Estado e um organismo 
biológico. Neste sistema, o centro nervoso, o centro decisório, é a Constituição 
- O sistema de defesa, sistema imunológico, então, é o sistema de controle da 
constitucionalidade. Em um primeiro momento, este sistema é profilático, ou seja, 
preventivo: tenta impedir que o vírus sequer atinja o organismo – é o controle da 
constitucionalidade de projetos de leis ou de emendas constitucionais. 
- É devido ao controle preventivo da constitucionalidade que surge um princípio: toda lei 
que emerge no ordenamento, que é publicada, conta com presunção de 
constitucionalidade, justamente por já ter sido submetida ao crivo prévio do controle. 
- Em regra, o controle preventivo é exercido por órgãos do Legislativo e do Executivo, e 
quem o faz são as Comissões de Constituição e Justiça da Câmara e do Senado, o plenário 
destas Casas, e o próprio Presidente, através do veto presidencial fundado em 
inconstitucionalidade (não o veto político). 
 No Brasil, vale dizer, este controle preventivo é tremendamente falho, e isso se 
mostra na presença de atos que são publicados com vícios de 
inconstitucionalidade é enorme. 
- Instalado o vírus, ou seja, editado um enunciado normativo com vício de 
inconstitucionalidade, entra em cena o controle repressivo da constitucionalidade. 
- Esse segundo sistema, bem mais complexo, é, em regra, exercido pelo Judiciário. Esse 
sistema não pode ser falho, como o preventivo, pois é a última barreira de defesa do 
Estado contra a violência dos atos inconstitucionais. 
- Ocorre que, em razão de o controle preventivo ser muito falho, o controle repressivo 
fica sobrecarregado, e tende a falhar mais do que seria aceitável. E é também por esta 
sobrecarga que há a criação de derivações um tanto equivocadas de elementos do sistema 
repressivo, como do efeito vinculante. 
- O efeito vinculante, no Brasil, é uma característica um tanto estranha à lógica sistemática 
da constitucionalidade, mas é necessário, pois aqui o STF julga absurdos cento e trinta 
mil processos por ano, enquanto nos Estados Unidos a média é de trezentos. 
- Dito isto, há dois mecanismos extintivos dos vírus da inconstitucionalidade: um, de 
amplo espectro, é o controle concentrado e abstrato da constitucionalidade; o outro, de 
menor alcance, é o controle difuso e incidental. 
 
• Constituição de 1824 
o Não se falava em controle de constitucionalidade, o modelo de governo 
era a monarquia. Existia o poder moderador e este exercia todo o controle. 
 
 
• Constituição de 1891 
o Instituição do federalismo, Rui Barbosa como grande defensor dos 
sistemas de controle de constitucionalidade. Implementado o controle 
difuso, incidental e sucessivo previsto anteriormente. 
 
• Constituição de 1934 
o Manteve o controle difuso, incidental e sucessivo previsto anteriormente. 
Pela primeira vez, dotou o Senado para suspender a execução, no todo ou 
em parte, de qualquer lei ou ato, deliberação ou regulamento declarados 
inconstitucionais. 
 
• Constituição de 1937 
o Manteve o modelo instaurado em 1891. Foi carta outorgada, com regime 
ditatorial em que se instalou um modelo de recall. 
 
• Constituição de 1946 
o É praticamente uma reedição da carta de 34. Emenda Constitucional 
16/65. Época em que existiam normas supraconstitucionais (Atos 
Institucionais). A importância da emenda é a criação da ADI ou ação 
genérica de inconstitucionalidade. 
 
• Constituição de 1969 
o Permitiu a instituição, pelos estados, de representação interventiva, na 
forma do modelo federal. 
• Constituição de 1988 
o Deu um salto em matéria de controle constitucional. Manteve o sistema 
difuso e aperfeiçoou o sistema abstrato. 
 
- Antes da Carta de 88, apenas o procurador geral da república poderia provocar o 
Supremo. A partir de 88, houve uma pluralização da legitimação ativa. 
 Em regra, as ações de controle concentrado de constitucionalidade poderão ser 
propostas pelo presidente da República, pelos presidentes do Senado, da Câmara 
ou de assembleia legislativa, pela Ordem dos Advogados do Brasil, pelo 
procurador-geral da República, por partido político e por entidade sindical de 
âmbito nacional. 
 
- Foi também após a CRFB/88 que criou-se a ADPF, como remédio de controle de 
constitucionalidade residual. Ela será utilizada sempre que não couber as demais ações. 
- Instituiu-se, também, a ADC, por meio da Emenda 3/93. 
- Houve um aperfeiçoamento do Poder Judiciário com a Emenda 45, com a reforma do 
judiciário que, dentre outras coisas, criou a súmula vinculante. 
 
- Limitações Constitucionais ao Poder de Reforma → sem o art. 60 na Constituição, não 
existiria controle de constitucionalidade, porque esse artigo que diferencia a criatura do 
criador, o poder constituinte originário do derivado. No momento em que é promulgada 
a constituição o poder constituinte não desaparece, ele constituio poder constituinte 
derivado, contudo, com limitações e essas limitações estão dispostas no artigo 60. Se a 
constituição é rígida, significa que ele guarda supremacia em relação às demais normas. 
É uma constituição que se caracteriza por limitações impostas à criatura pelo criador. 
 
1. Tipos de Controle de Constitucionalidade 
Controle concentrado x Controle difuso 
 
Controle abstrato x Controle concreto 
 
- Por meio do Chamado Controle de Constitucionalidade Concentrado, a Corte Suprema 
(STF) pode declarar a inconstitucionalidade ou a constitucionalidade de normas, o 
descumprimento de preceito fundamental previsto na Carta de 1988 e a omissão na 
criação de norma que torne efetiva regra constitucional. 
 
- O sistema do Controle Difuso de Constitucionalidade, que é predominantemente um 
controle concreto de constitucionalidade – haja vista que será feito por todos os juízes e 
tribunais em relação ao caso concreto –, e permite ao magistrado ou órgão colegiado 
analisar, no caso concreto e de forma incidental no processo, a compatibilidade de uma 
lei ou ato normativo perante a Constituição. 
 
- O Controle de Constitucionalidade Concreto é incidental, e tem a ver com a incidência, 
e não com quem o exerce – como é o caso do controle difuso. Em regra, será feito por 
juízes e tribunais no exercício do controle difuso, mas o STF também realiza o controle 
concreto, haja vista que pode declarar a inconstitucionalidade de determinada lei ou ato 
normativo sobre o caso concreto, em sede de julgamento de recurso extraordinário. Tem 
efeito inter partes. 
 
- O Controle Abstrato de Constitucionalidade se contrapõe ao controle concreto de 
constitucionalidade, haja vista que não trata de um caso em si, mas da declaração abstrata 
de constitucionalidade ou inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, a partir das ações 
de controle de constitucionalidade – ADI, ADC, ADO e ADPF. Somente o STF irá 
exercer o controle abstrato, pois a Constituição trouxe sua competência para tal, no art. 
102, I. Aqui, a declaração de inconstitucionalidade tem efeito erga omnes e vinculante. 
 
Obs.: Contraditório e Ampla Defesa no Controle Concentrado Abstrato → os processos 
de controle concentrado (no STF) e abstrato de constitucionalidade não envolvem partes 
ou pretensões subjetivas, mas o debate em abstrato da validade de normas, tendo por isso 
uma natureza objetiva. É realizado pelo STF. Mas o STF também realiza o controle 
concreto, quando declara inconstitucionalidade de lei ou ato normativo fora do 
julgamento em sede de ação própria controle de constitucionalidade 
 As decisões no âmbito do controle concentrado e abstrato de constitucionalidade 
não teriam um impacto direto e imediato na esfera subjetiva das pessoas, não 
havendo propriamente interesses em disputa ou uma lide a ser decidida, como os 
processos subjetivos em geral. 
 Em resumo: os princípios do contraditório e da motivação aplicar-se-iam aos 
processos subjetivos e a suas partes, mas não, nesse formato, aos processos de 
controle concentrado e abstrato de constitucionalidade. Neles, o contraditório 
seria levado a cabo pelas instituições encarregadas de se manifestar nos termos da 
própria Constituição. 
 
Obs. 2: Sobre a motivação, e como é corrente, o STF entende que no âmbito de processos 
de controle de constitucionalidade a causa de pedir é aberta. Isto é: o Tribunal, embora 
limitado pelo pedido formulado, não está vinculado aos fundamentos apresentados pelo 
autor da ação, de modo que a norma impugnada pode ser declarada inconstitucional por 
razões diversas das suscitadas pelo requerente na petição inicial. É perfeitamente 
possível, portanto, e não chega a ser incomum, que os fundamentos de determinada 
decisão tomada pela Corte não tenham sido alvo de qualquer manifestação específica das 
instituições participantes do processo ou dos amicus curiae eventualmente admitidos. 
 
Obs. 3: Cabe dizer que o Brasil possui sistema misto de controle de constitucionalidade, 
ou seja, faz uso tanto do método difuso quanto do concentrado, tanto do abstrato quanto 
do concreto –sistema rico de controle 
 
2. Natureza Jurídica do Ato Declarado Inconstitucional 
- Há quem defenda que não existe lei inconstitucional: existe lei ou não existe. 
- Paralelamente, outra corrente afirma existir uma nulidade da lei inconstitucional. Outra, 
acredita que a lei inconstitucional é anulável com efeitos ex nunc. Finalmente, a última, 
defende que a lei inconstitucional é anulável e a decisão que a declarou inconstitucional 
terá efeitos ex tunc. 
- Há duas teorias sobre a natureza jurídica do ato inconstitucional: 
 
• Lei Nula - Regra geral - Doutrina norte-americana de John Marshall 
 
• Ato Anulável - Exceção - Doutrina austríaca de Hans Kelsen. Criação do 
sequencialismo jurídico. Se declarar nulidade, haveria prejuízo à sociedade, então 
são criadas ferramentas de modulação de efeitos. 
 
- Assim, o objetivo da modulação dos efeitos das decisões judiciais é proteger a 
segurança jurídica e o interesse social, evitando que a declaração de inconstitucionalidade 
produza efeitos negativos. Se trata de mecanismo que permite ao tribunal restringir a 
eficácia da sua decisão de inconstitucionalidade, a qual será eficaz a partir de seu trânsito 
em julgado ou de outro momento fixado. 
- Se entende-se que a constituição é agredida por uma lei declarada nula, significa que eu 
não vou estabelecer a possibilidade de uma inconstitucionalidade superveniente. 
- Por outro lado, entender que a lei é anulável, se reconhece alguns efeitos produzidos por 
ela e, em um determinado momento, ela para de produzi-los. 
 
3. Tipos de Inconstitucionalidade Existentes 
- Por Ação → pode ser formal ou material. Quando a inconstitucionalidade é material, é 
possível a declaração parcial da constitucionalidade, podendo ser removido apenas um 
dispositivo ou parte dele. No entanto, quando a inconstitucionalidade é formal, só cabe a 
inconstitucionalidade total, não seria possível negar a constitucionalidade de parte da lei 
ou ato normativo. 
 
- Por Omissão → pode ser total ou parcial. A Ação Direta de Inconstitucionalidade por 
Omissão (ADO) é a ação pertinente para tornar efetiva norma constitucional em razão de 
omissão de qualquer dos Poderes ou de órgão administrativo. Como a Constituição 
Federal possui grande amplitude de temas, algumas normas constitucionais necessitam 
de leis que a regulamentem. Advém de uma abstenção estatal. 
 
- Quanto ao Momento → em regra o controle preventivo é exercido pelo poder executivo 
e legislativo e, em regra, o controle repressivo é exercido por órgão judicial. Contudo, as 
exceções é que são matéria de prova. 
 Controle Preventivo - não incide sobre lei, recai sobre projeto de lei. 
 Controle Repressivo - se o projeto virar lei, não se fala mais em controle 
preventivo, mas em repressivo. 
 
Ex: Súmula 473, do STF – controle repressivo pelo poder executivo → A administração 
pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque 
deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou 
oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a 
apreciação judicial. 
 
Ex 2: Súmula 347, do STF → O Tribunal de Contas, no exercício de suas atribuições, 
pode apreciar a constitucionalidade das leis e dos atos do Poder Público. Não obstante 
a discussão sobre a sua revogação, o TCU pode declarar incidentalmente, em controle 
concreto, inconstitucionalidade de lei e não aplicá-la. 
 
Ex 3: Projeto de emenda constitucional declarado inconstitucional por meio de Medida 
Provisória. 
 
- Quanto ao órgão (controle repressivo) → político, mas, como regra o controle 
repressivo é exercido pelo órgão judicial e judicial. 
 
Obs.: Pergunta-se: quem é competente, dentro do poder judiciário, para repressivamente 
declararuma lei material ou formalmente constitucional? Só a mais alta corte que 
concentra a competência. Como já estudado, esse é o sistema concentrado. Isto é, em 
âmbito estadual, em caso de afronta à constituição estadual, será realizado pelo TJ; e em 
âmbito federal, quando houver afronta à CRFB, será realizado pelo STF. Também são 
competentes quaisquer dos órgãos do poder judiciário em jurisdição difusa. O juiz; o 
tribunal; e os tribunais superiores, são todos competentes. Dependendo de como, se prevê 
a competência. 
 
Obs. 2: Pergunta-se: de que forma um órgão judicial pode declarar a 
inconstitucionalidade da lei? Se utiliza um modelo em que não cabe cumulação de 
pedidos, só existe um pedido, principal, proposto na mais alta corte, de competência 
originária para essa ação. Do contrário, se não é feito esse questionamento em tese, se 
fala em competência difusa. Lembrando as ações de controle concentrado abstrato: 
 Controle concentrado: 
• Ação Direta de Inconstitucionalidade 
• Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão 
• Ação Declaratória de Constitucionalidade 
• Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental 
• Representação de Inconstitucionalidade Interventiva 
 
- Ação Direta de Inconstitucionalidade → normalmente, quando se fala em ação, se pensa 
em um triângulo, no qual há o juízo processante, autor e réu. Mas a ADI não é uma ação 
judicial típica. Nela, não há o que se falar em triângulo de partes, mas talvez em um 
losango: STF, AGU, PGR e o legitimado ativo do art. 103, I a IX da CRFB/88. Ainda 
assim, não parece ser ideal, haja vista que essa figura não contempla o Amicus Curiae. 
 Aqui, pode-se dizer que o STF, exercendo função atípica, legisla e não julga, 
até mesmo porque a decisão terá efeitos vinculantes. 
- Crivos básicos de admissibilidade da petição inicial de uma ADI no STF: 
• Aquele que me provoca pode me provocar? 
• Aquele que me provoca deve expressamente justificar a provocação? 
• O objeto da provocação é possível? 
- Sem a resposta positiva nessas três perguntas, o resultado será a inépcia da petição inicial 
 
4. Técnicas de Declaração da Inconstitucionalidade 
- Declaração de Inconstitucionalidade Total → acontece muito quando nos casos em que 
a inconstitucionalidade é formal. 
 
- Declaração de Inconstitucionalidade Parcial com Redução De Texto → aqui, ocorre 
quando, por exemplo, a lei tem 20 artigos, e pede-se ao STF que declare 2 
inconstitucionais. O STF declara um ou os dois, ou até mais. 
 Não confundir!!!! Uma coisa é o STF declarar parcialmente inconstitucional 
uma lei, o que pode ser feito sobre palavra isolada. Não se mistura com o veto 
parcial do presidente, que não poderá incidir sobre uma palavra isolada, e tão 
somente sobre o artigo/inciso inteiro. 
 
INTERPRETAÇÃO CONFORME A CONSTITUIÇÃO E DECLARAÇÃO PARCIAL DE 
INCONSTITUCIONALIDADE SEM REDUÇÃO DE TEXTO 
- A percepção da diferença entre essas duas técnicas é difícil, pois estão ambas previstas 
no mesmo artigo da Lei 9.868/99. Em nenhuma das duas o texto da lei é reduzido. Quando 
o Supremo diz que qualquer outra interpretação da Lei seria inconstitucional, chama-se 
de Interpretação Conforme a Constituição 
- Por outro lado, se a tese fixar que o intérprete pode seguir qualquer linha interpretativa, 
exceto uma específica, será Declaração de Inconstitucionalidade sem Redução de Texto. 
- Como já se pôde adiantar, a expressão Interpretação Conforme pode ser vista ora como 
um princípio constitucional, promotor da escolha pela melhor hipótese interpretativa que 
resguarde uma norma cotejada com a CRFB, ora como uma técnica de julgamento, que 
fundamenta a manutenção de uma norma no ordenamento sob a condição de que seja 
interpretada naquele molde escolhido, obrigatoriamente. 
- Assim, o que a interpretação conforme faz é a exclusão de hipóteses interpretativas cuja 
aplicação tornam a norma inconstitucional. É uma construção jurisprudencial do STF, 
que teve positivação na Lei 9.868/99, especificamente no artigo 28: 
 
Art. 28. Dentro do prazo de dez dias após o trânsito em julgado da 
decisão, o Supremo Tribunal Federal fará publicar em seção especial 
do Diário da Justiça e do Diário Oficial da União a parte dispositiva do 
acórdão. 
 
Parágrafo único. A declaração de constitucionalidade ou de 
inconstitucionalidade, inclusive a interpretação conforme a 
Constituição e a declaração parcial de inconstitucionalidade sem 
redução de texto, têm eficácia contra todos e efeito vinculante em 
relação aos órgãos do Poder Judiciário e à Administração Pública 
federal, estadual e municipal. 
 
- Já na Declaração de Inconstitucionalidade sem Redução do Texto, o que se passa é que 
a norma, da qual só se extrai uma interpretação possível, pode ter uma incidência que 
seja inconstitucional. Veja: há uma só interpretação cabível, mas há diversos âmbitos de 
incidência, e um ou mais de um destes âmbitos é inconstitucional, sem que a interpretação 
ou a própria norma o sejam 
- Um exemplo de declaração parcial de inconstitucionalidade é a hipótese em que há a 
transferência compulsória de um servidor público a outro Estado, e é garantida, aos filhos 
deste servidor e a ele próprio, a matrícula em universidade pública no local de destino. O 
artigo 1º da Lei 9.536/97 estabelece que: 
 
Art. 1º A transferência ex officio a que se refere o parágrafo único do 
art. 49 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, será efetivada, entre 
instituições vinculadas a qualquer sistema de ensino, em qualquer época 
do ano e independentemente da existência de vaga, quando se tratar de 
servidor público federal civil ou militar estudante, ou seu dependente 
estudante, se requerida em razão de comprovada remoção ou 
transferência de ofício, que acarrete mudança de domicílio para o 
município onde se situe a instituição recebedora, ou para localidade 
mais próxima desta. 
 
Parágrafo único. A regra do caput não se aplica quando o interessado 
na transferência se deslocar para assumir cargo efetivo em razão de 
concurso público, cargo comissionado ou função de confiança. 
 
- Esta norma tem uma abrangência muito ampla em seu texto. Aplicando-a à literalidade, 
o direito à matrícula é praticamente irrestrito. Fazendo uma leitura da mens deste 
dispositivo, o STF entendeu que a matrícula só poderia ser garantida entre instituições 
congêneres, ou seja, se a instituição de origem é particular, a vaga garantida é em 
instituição particular no local de destino do servidor – o que reduziu o âmbito de 
incidência da norma. Esta é a declaração parcial da inconstitucionalidade sem redução do 
texto do dispositivo propugnada na ADI 3.324-7. 
 
- Declaração de Inconstitucionalidade Sem Pronúncia de Nulidade → é o caso já falado 
de controle concentrado concreto (exercido pelo STF). Aqui se fala em triangulação das 
relações jurídicas – juízo processante, autor e réu. Mas não só em um triângulo, mas sim 
em vários. Supondo que o incidente seja resolvido e que incorra em uma sucumbência 
recíproca. Recorrem a um tribunal, para o órgão colegiado. O Tribunal vai conhecer do 
incidente, analisar o incidente e decidir por maioria absoluta. Uma das partes fica 
insatisfeita, e o recurso chega ao STF com alegação de inconstitucionalidade. O Supremo 
decidirá em última instância, ou, melhor dizendo, em instância especial, o incidente. Em 
resumo, a decisão do STF em sede de RE, vai atingir autor e réu no caso concreto, não 
importa se é ação individual, coletiva, etc. 
 
 
Obs.: Modulação dos Efeitos Temporais da Decisão → essa técnica só faz sentido em 
circunstâncias nas quais o Supremo declara norma inconstitucional. Possui como razões, 
como já foi visto, os parâmetros subjetivos de segurança jurídica e/ou excepcional 
interesse social. Por isso, exige o quórum qualificado de 2/3. A decisão com eficácia 
retroativa moderada (ex tunc parcial) ou de eficácia prospectiva (ex nunc). 
 Noscasos em que a decisão proferida pelo STF declarar a 
inconstitucionalidade de uma lei com efeitos retroativos (ex tunc), a legislação 
anteriormente revogada voltará a produzir efeitos, desde que compatível com 
a Constituição. Ocorre, portanto, o fenômeno conhecido como Efeito 
Repristinatório Tácito. 
 
- Arguição de Inconstitucionalidade → é o procedimento decorrente do princípio da 
reserva de plenário, previsto no art. 97 da Constituição Federal, que proclama que 
somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros do Tribunal ou do respectivo 
órgão especial poderá ser reconhecida a inconstitucionalidade de ato normativo do Poder 
Público. Caberá aos órgãos fracionários de suscitar a arguição de inconstitucionalidade 
quando houver precedente pronunciamento sobre o tema do Pleno, ou Órgão Especial, do 
mesmo Tribunal ou do Supremo Tribunal Federal; tal vedação veio reforçar o caráter 
vinculativo da decisão do Pleno. Se trata de pedido incidental no processo. 
 
CPC, Art. 948. Arguida, em controle difuso, a inconstitucionalidade 
de lei ou de ato normativo do poder público, o relator, após ouvir o 
Ministério Público e as partes, submeterá a questão à turma ou à câmara 
à qual competir o conhecimento do processo. 
 
CPC, Art. 949. Se a arguição for: 
 
I - Rejeitada, prosseguirá o julgamento; 
 
II - Acolhida, a questão será submetida ao plenário do tribunal ou 
ao seu órgão especial, onde houver. 
 
Parágrafo único. Os órgãos fracionários dos tribunais não submeterão 
ao plenário ou ao órgão especial a arguição de inconstitucionalidade 
quando já houver pronunciamento destes ou do plenário do Supremo 
Tribunal Federal sobre a questão. 
 
Art. 950. Remetida cópia do acórdão a todos os juízes, o presidente do 
tribunal designará a sessão de julgamento. 
 
§ 1o As pessoas jurídicas de direito público responsáveis pela edição 
do ato questionado poderão manifestar-se no incidente de 
inconstitucionalidade se assim o requererem, observados os prazos e as 
condições previstos no regimento interno do tribunal. 
 
§ 2o A parte legitimada à propositura das ações previstas no 
art. 103 da Constituição Federal poderá manifestar-se, por escrito, 
sobre a questão constitucional objeto de apreciação, no prazo previsto 
pelo regimento interno, sendo-lhe assegurado o direito de apresentar 
memoriais ou de requerer a juntada de documentos. 
 
§ 3o Considerando a relevância da matéria e a representatividade dos 
postulantes, o relator poderá admitir, por despacho irrecorrível, a 
manifestação de outros órgãos ou entidades. 
 
- Os arts. 948 a 950 disciplinam o ‘incidente de arguição de inconstitucionalidade’, isto 
é, o procedimento que, por força do art. 97 da CF, os tribunais devem instaurar para 
afastar, do caso concreto, a incidência de lei reputada inconstitucional. 
- O art. 948 conserva o texto do art. 480 do CPC atual, mas permite a construção de 
norma jurídica muito mais sofisticada, inclusive na perspectiva do necessário 
contraditório prévio 
 
- Repercussão Geral → instituto processual pelo qual se reserva ao STF o julgamento de 
temas trazidos em recursos extraordinários que apresentem questões relevantes sob o 
aspecto econômico, político, social ou jurídico e que ultrapassem os interesses subjetivos 
da causa. São aqueles recursos nos quais a questão jurídica discutida é idêntica e se 
repetem de forma razoável nos tribunais de origem, que podem destacá-los e identificá-
los como representativos da controvérsia para que, encaminhados aos tribunais 
superiores, tenham solução uniforme. Os relatores desses recursos nos tribunais 
superiores não estão, entretanto, vinculados a eles, podendo selecionar outros recursos 
como representativos da controvérsia (§§ 1º, 4º e 5º do art. 1.036 do Código de Processo 
Civil). Recurso Paradigma é o recurso extraordinário ou recurso extraordinário com 
agravo (ARE) no qual trazida a questão de direito, destacada ou não pelos tribunais de 
origem, e transformada em tema de repercussão geral pelos ministros do Supremo 
Tribunal Federal. Tem categoria processual autônoma, objeto da repercussão geral, que 
surge com o julgamento da preliminar de repercussão geral. 
 Quando declarada a Repercussão Geral, há a determinação, pelo relator, da 
suspensão de todos os processos, não só recursos, desde a primeira instância, 
individuais ou coletivos, que versem sobre a mesma questão objeto de tema 
com repercussão geral reconhecida (§ 5º do art. 135 do Código de Processo 
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10686845/artigo-103-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/188546065/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/872507/artigo-97-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/188546065/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/28888242/artigo-948-da-lei-n-13105-de-16-de-marco-de-2015
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/28892101/artigo-480-da-lei-n-13105-de-16-de-marco-de-2015
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/174276278/lei-13105-15
Civil). A suspensão nacional dura enquanto não for julgado o mérito do 
recurso paradigma, salvo se determinado de forma diversa pelo relator. 
 Após o julgamento de mérito, a tese proferida no recurso paradigma pode ser 
replicada pelas instâncias de origem, as quais devem: 1. negar seguimento a 
RE que discuta questão constitucional a qual o STF não tenha reconhecido 
existência de repercussão geral ou a RE interposto contra acórdão que esteja 
em conformidade com o entendimento do STF exarado no regime da 
repercussão (art. 1030, I, a, CPC); 2. encaminhar o processo ao órgão julgador 
para o juízo de retratação se o acórdão recorrido divergir do entendimento do 
STF exarado no regime da repercussão geral (art. 1030, II, do CPC). 
 
 
TEMA VII e VIII 
Controle concentrado de constitucionalidade 1. Natureza jurídica das ações 
constitucionais. Ação direta de inconstitucionalidade. Legitimados. Efeitos da decisão 
que reconhece a inconstitucionalidade. Inconstitucionalidade por omissão. Sumula 
vinculante. Reclamação Constitucional. 
 
Controle Concentrado de Constitucionalidade 
 
- O controle concentrado, por óbvio, é o oposto do difuso. Como já se viu, a mais simples 
forma de se identificar a natureza do controle é saber qual é o órgão competente para 
desempenhá-lo: no Brasil, o controle concentrado da CRFB é dado ao STF e, da 
Constituição Estadual, ao Tribunal de Justiça (ao pleno ou ao Órgão Especial). 
- Já o controle difuso significa que todo juiz ou tribunal tem esta competência. Por isso, 
identificar se é concentrado ou difuso é simples: basta identificar quem é competente para 
realizá-lo 
 
- Sistema Brasileiro de Controle de Constitucionalidade: 
 Controle de constitucionalidade preventivo (Francês) 
 Controle de constitucionalidade repressivo (estadunidense) 
 
- Primeiramente, é preciso estar claro que todos os poderes (legislativo, executivo e 
judiciário) realizam os controles de constitucionalidade. 
- A distinção entre controle abstrato e concreto, de seu lado, se faz por outro critério: o 
modo pelo qual se exerce o controle. Isto porque, no controle incidental, a 
constitucionalidade é uma questão prejudicial ao mérito de uma lide. Assim, no controle 
incidental, há um processo subjetivo regular, uma lide, em que há autor, com pretensão 
resistida pelo réu. No controle incidental, então, há o exercício regular da jurisdição: o 
juiz aplica a lei a um caso concreto, a fim de resolver a lide. A única peculiaridade é que, 
antes de solucionar o mérito, o juiz precisa decidir sobre uma prejudicial, que é justamente 
o incidente de inconstitucionalidade. 
- No controle abstrato, não há exercício regular da jurisdição. O STF nãoaplica lei para 
solucionar a lide, porque simplesmente não há lide. O processo, no controle concentrado, 
é objetivo, não havendo pretensão resistida. 
O objeto deste controle é justamente a análise, vertical, da compatibilidade de um 
enunciado normativo diante da Carta Magna. O processo objetivo significa justamente 
isso: a não existência de uma lide a ser resolvida 
- O STF, então, no exercício do controle concentrado, não desempenha atividade de 
julgador, propriamente dito; sua atividade é de legislador negativo, significando que, ao 
julgar procedente uma ADI ou ADPF, ou improcedente uma ADC, o STF está privando 
aquela norma da sua eficácia jurídica, ou seja, está “revogando” a norma – sendo que a 
função típica de um julgador é resolver conflitos de interesses. 
- Consequência importante da distinção entre controle abstrato e incidental é o que se 
refere aos efeitos subjetivos da decisão. No controle incidental, os efeitos subjetivos 
típicos são inter partes; no controle abstrato, a declaração de inconstitucionalidade tem 
efeitos erga omnes e vinculantes, produzindo efeitos gerais sobre todos os destinatários 
da norma inconstitucional 
- A norma que contraria a constituição é norma inválida. Também, os efeitos da norma 
inválida são nulos, por isso que a declaração de inconstitucionalidade da norma produz 
efeitos ex tunc, haja vista que adotamos a Teoria das Nulidades (controle americano). Por 
exceção, será possível adotar a teoria da anulabilidade. 
- O controle concentrado de constitucionalidade hoje é realizado a partir das ações diretas, 
quais seja: ADI, ADO, ADC e ADPF, com os legitimados ativos dispostos no art. 103, 
da CRFB, com 9 legitimados: 
Art. 103. Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a ação 
declaratória de constitucionalidade 
 
I - o Presidente da República; 
 
II - a Mesa do Senado Federal; 
 
III - a Mesa da Câmara dos Deputados; 
 
IV - a Mesa de Assembléia Legislativa ou da Câmara Legislativa do 
Distrito Federal; 
 
V - o Governador de Estado ou do Distrito Federal; 
 
VI - o Procurador-Geral da República; 
 
VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; 
 
VIII - partido político com representação no Congresso Nacional; 
 
IX - confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional. 
 
Obs.: Pergunta-se: fica muito claro que a constituição de 1988 trouxe uma expansão do 
controle concentrado de constitucionalidade. Por que? Porque é a primeira constituição 
elaborada à luz de um constitucionalismo contemporâneo. Uma das características do 
neoconstitucionalismo é, justamente, a ampliação do controle concentrado de 
constitucionalidade. A preocupação com essa expansão é uma nova forma de ver o 
controle constitucional, ele precisa se modificar a dar resposta a algumas questões sociais 
que surgiram, principalmente no pós-guerra. 
 Antes disso, o direito constitucional era voltado para o Estado, e para explicar o 
Estado. Depois, percebeu-se que ele não é um direito voltado para o Estado, mas, 
sim, para os seres humanos de uma forma geral. Não mais para a ideia só do 
Estado, mas abrigando também a proteção às pessoas. A possibilidade de rever 
atos que contrariam direitos fundamentais é uma garantia voltada para as pessoas. 
 
- Características do Controle Concentrado: 
• Principal → aqui, o pedido é a declaração de inconstitucionalidade. Ou 
seja, o cerne, o objetivo, é, justamente, a declaração de 
inconstitucionalidade da norma objeto da ação. Existe a Causa de pedir e 
o Pedido: a causa de pedir é aberta, isso significa que é possível alegar 
inconstitucionalidade porque viola parte da constituição, ou normas de 
ordem social, por exemplo. O STF e o STJ podem decidir que viola, 
inclusive em outros artigos ou outras partes. Mas o pedido é fechado, 
porque deve ser pedida a inconstitucionalidade formal ou material 
especificamente. O princípio da congruência e da adstrição existe no 
controle concentrado de constitucionalidade. 
• Abstrato → avalia a inconstitucionalidade da norma em tese. Pode até ter 
um caso concreto, mas a decisão não vai se filiar ao caso concreto. Apesar 
do caso concreto, a decisão é com relação à norma em si e não para os 
efeitos que produzirá no caso de que originou a discussão. 
 
Obs. 2: Pergunta-se: Qual é a norma parâmetro no controle de constitucionalidade 
concentrado? Parâmetro Estadual - Constituições dos Estados e LODF. Parâmetro 
Federal - Bloco de Constitucionalidade: 
• Arts. 1º à 250 da CRFB/88; 
• Emendas Constitucionais 
• ADCT 
• Princípios Constitucionais Implícitos (princípios da proporcionalidade, 
razoabilidade, supremacia do interesse público, eudaimonia – busca pela 
felicidade, responsabilidade etc.) 
• Tratados Internacionais de Direitos Humanos (que foram criados pelo poder 
constituinte derivado, apenas os tratados que possuem força de emenda) 
 Decreto 6949/2009: Convenção de NY/Protocolo da Convenção de NY 
 Decreto 9522/98: Convenção de Marraqueche 
 Decreto 10.932/22: Convenção da Guatemala - Racismo 
 
- O Controle de constitucionalidade nunca é reflexo, sempre direto. Sempre haverá o 
bloco de constitucionalidade que terá como objeto as normas imediatamente abaixo dele. 
 
- Art. 68, da ADCT → Artigo que traz a possibilidade de propriedade para as terras 
quilombolas. A propriedade é sempre da união, por isso que terras indígenas são sempre 
demarcadas. Esse artigo diz que tem que haver regulamentação. Houve decreto que o fez 
e foi objeto de controle de constitucionalidade. O STF entendeu que o decreto é norma 
primária e poderia ser objeto de controle e foi declarado constitucional. 
 
Obs. 3: Pergunta-se: Norma secundária pode ser objeto de controle? Em regra, não, mas 
se essa norma inovar no ordenamento jurídico e se comportar como norma primária, ela 
pode ser objeto de controle, objeto de ADI. (Ex: ADI 5543). 
 
- Processo Objetivo → O processo subjetivo tem partes, prazo para desistência, regras 
relacionadas ao autor, réu e juiz, revelia. O processo objetivo não é assim. Não tem partes, 
mas legitimados. Não há relações subjetivas, então não há suspeição e impedimento, por 
exemplo – apesar de ser possível quando o juiz se declarar impedido. Não cabe desistência 
e também não há prazo em dobro. 
 
Obs. 4: Pergunta-se: É possível aditar petição inicial de alguma ação de controle 
concentrado? Sim, apenas para incluir pedido. Mas há prazo e momento processual 
específico, que é até as manifestações do PGR e da AGU. Isso se dá porque, nas ações de 
controle concentrado, o PGR é um legitimado para todas as ações. Se ele não for o 
legitimado, ele atuará mesmo assim. O AGU atuará na ADI defendendo a norma (exceto 
se for inconstitucionalidade flagrante) e na ADO, tendo uma participação menor. Depois 
da manifestação do AGU e do PGR não será mais possível aditar. 
 Lembrando que, se houver uma ADI tendo como objeto uma Medida Provisória 
e no curso do processo ela for convertida em Lei, o legitimado deve comunicar o 
STF da conversão. Isso não é aditamento. 
 
- Legitimados que devem demonstrar Pertinência Temática → comprovado interesse 
entre a função que ele exerce e a Lei objeto da ação. 
 Governador 
 Confederação Sindical 
 Entidade de Caráter Nacional 
- Os demais, são universais: Presidente da República; Mesa do Senado Federal; Mesa da 
Câmara dos Deputados; Mesa da Assembleia Legislativa; Mesa da Câmara Legislativa 
dos Estados 
 
Obs. 5: Amicus Curiae → O Amicus Curiae não pode ser legitimado. Trata-se de uma 
forma de democratização da decisão do controle de constitucionalidade. O Código Civil 
fala em “pessoa física ou jurídica”, mas ele não é a mesma figura nas ações de controle. 
Nela, ele não está enquadrado na figura da intervenção de terceiros. A decisão que defere 
ou indefere a atuação de Amicus Curiae é irrecorrível. 
 
Obs. 6: Pergunta-se: Cabe pedido liminar nas

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