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@futuragabcsi Perícia em Locais De Crime e Criminalística Aula 2 Local de crime (ou local) é toda área física ou virtual na qual tenha ocorrido um fato que possa assumir a configuração de infração penal, se estendendo a qualquer local que possua vestígios relacionados à ação criminosa. Um crime, na maioria das vezes, sempre deixa vestígios materiais. De acordo com o princípio da transferência, existe uma interligação direta entre esses três elementos (local, vítima e suspeito), denominado triângulo dos vestígios. O Corpo de Delito é o conjunto dos vestígios materiais resultantes da prática criminosa. Dentre dos crimes materiais, classificam-se entre aqueles que, na linguagem do Código de Processo Penal, aqueles que deixam vestígios verdadeiros, ou indícios. E, para esses crimes, por segurança, o referido diploma legal exige que sua materialidade seja comprovada por meio do auto de exame de corpo de delito. “Mas existem vestígios que não são verdadeiros?” A resposta é SIM! Como visto na aula 1, os vestígios podem ser classificados como verdadeiros, forjados e ilusórios. Então, quando os vestígios, após as devidas análises, revelam sua relação com o crime, podem @futuragabcsi ser considerados evidências. Já o indício é uma expressão utilizada no meio jurídico que significa cada uma das informações (periciais ou não) relacionadas com o crime. Os exames de locais de crime devem ser realizados por peritos. Porém, estes profissionais não são os primeiros a chegar, então é necessário que a autoridade policial adote as providências adequadas para garantir a preservação dos vestígios. Assim sendo, a POLÍCIA MILITAR isola o local para preservação. ART. 239 do CPP “O vestígio é o todo, uma vez analisado e interpretado passa ser uma evidência. Sendo um fato conhecido e provado será um indício.” ART. 6º - Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial deverá: I- Dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais; II- Apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos criminais; III- Colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas circustâncias; VII- Determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer outras perícias. ART. 169 do CPP – Para o efeito de exame do local onde houver sido praticada a infração, a autoridade providenciará imediatamente para que não se altere o estado das coisas até a chegada dos peritos, que poderão instruir seus laudos com fotografias, desenhos ou esquemas elucidativos. Parágrafo único. Os peritos registrarão, no laudo, as alterações do estado das coisas e discutirão, no relatório, as consequências dessas alterações na dinâmica dos fatos. @futuragabcsi A delimitação do local é uma preocupação constante aos investigadores. Um local muito limitado pode deixar de fora diversos vestígios importantes. A regra é sempre levar em consideração o isolamento da maior área possível dentro do contexto ou situação existente. Caso o local não tenha sido preservado corretamente, o perito deverá registrar no Laudo Pericial. ➢ QUANTO À REGIÃO DA OCORRÊNCIA a) Imediato: área de maior concentração de vestígios. b) Mediato: são adjacências do local onde ocorreu o fato – área intermediária entre o local do fato e o ambiente exterior. ➢ QUANTO À PRESERVAÇÃO a) Idôneo: bem preservado, os vestígios foram mantidos. b) Inidôneo: mal preservado, os vestígios foram alterados. Essa alteração pode ser de três formas: aditiva, subtrativa ou substituitiva. ➢ QUANTO À ÁREA a) Interno: coberto, com paredes – há proteção contra a ação de agentes atmosféricos. Por exemplo: casa, apartamento, prédio. b) Externo: situado fora de habitações – sujeito à influência do tempo. Por exemplo: rua. c) Virtual: é aquele em que não há relação direta entre determinado espaço físico, muito comum em crimes de internet. ➢ QUANTO À NATUREZA DO FATO De acordo com o tipo de ocorrência – Roubo, homicídio, suicídio. @futuragabcsi Visa esclarecer determinados fatos ou dúvidas em função de CONFLITOS DE VERSÕES sobre a dinâmica do delito. No exame de reprodução simulada, as versões de testemunhas, vítimas e de suspeitos podem ser confrontadas com os vestígios materiais levantados pelos peritos no local do crime, com a finalidade de avaliar a coerência das versões em relação aos fatos. Há necessidade de estabelecer uma cadeia de comando, ou seja, estabelecer quem será o chefe, responsável. Esse chefe vai ASSUMIR O LOCAL. Na chegada da perícia, o local estará apenas isolado, o perito chefe deve se apresentar ao policial responsável pelo isolamento e informa-lo da chegada da perícia e os procedimentos que serão realizados. Após assumir o local, os peritos fazem uma avaliação inicial da cena. Reunidos, os peritos oferecem seus pontos de vista sobre a cena. O perito chefe faz a primeira análise do local para estabelecer as rotas de entrada e saída, bem como, estabelece qual será a metodologia da busca, a qual deve levar em conta o tipo de local e os possíveis tipos de vestígio. ➢ BUSCA EM ESPIRAL: Aplicada em áreas pequenas, quando a busca se inicia pela parte periférica em forma de espiral até se chegar ao centro; ➢ BUSCA POR QUADRANTE: Utilizada quando a área possui divisões espaciais bem definidas, como em uma residência. Divide-se a área em quadrantes e analisa-se cada uma individualmente. ➢ BUSCA EM LINHA: Técnica que necessita de uma quantidade significativa de pessoas. Potencializa a varredura de uma área e tem maior velocidade de processamento. A área a ser analisada é separada em faixas que são analisadas por profissionais que se deslocam de forma simultânea e paralela. Todos interrompem momentaneamente o deslocamento quando algo é identificado. ➢ BUSCA EM LINHA CRUZADA: Primeiro fazem a busca em linha tradicional de um lado, e após para o outro. A vantagem é que cada local é visualizado duas vezes e por peritos diferentes. @futuragabcsi a) Descrição Narrativa: Nada mais é que NARRAR. Trata-se de um relatório escrito de tudo que o perito encontrou no local. A cena geralmente é descrita do geral para o específico. Inicialmente tudo é importante – até o lixo! b) Levantamento Fotográfico: Importante REGISTRAR o local do global para o específico. Logo que chegar, já se inicia a tomada de fotos. Um objeto deve ser fotografado: 1º onde se encontra (visão global), 2º por cima, por uma lateral, por outra lateral – sempre com a escala que identifique a numeração do vestígio. c) Croqui: É uma planta do local – consiste em DESENHAR a cena visando registrar o posicionamento dos vestígios no loca, de modo contextualiza-los para futuras referências. ➢ BIOLÓGICOS São aqueles derivados de organismos vivos. Um exemplo muito usado é o DNA. O DNA está em materiais como sangue, saliva, fios de cabelo, esperma, entre outros. Esse vestígio deverá ser devidamente armazenado e levado ao laboratório para análise laboratorial. - Coleta: através de swabs, duplo swabe, raspagem, pinça e coleta por recorte (em fluidos impregnados em tecido). ➢ ENTOMOLÓGICOS Aborda-se o estudo dos insetos pertencentes à fauna cadavérica, demonstrando a possibilidade de identificação nos episódios nos quais: o corpo é movido para um segundo local após a morte; se o mesmo foi, em algum momento, manipulado por animais ou até mesmo pelo assassino – que volta à cena do crime com o intuito de dificultar as provas deixadas. ➢ MORFOLÓGICOS São aqueles que se destacam por sua característica de impressão ou relevo, visíveis ou latentes. São aqueles: pegadas, marcas de mão, digitais, marcas de pneumáticos (devem ser fotografadas com a utilização de escala), mordida, impressões labiais, entre outras. • PEGADAS: Quanto às pegadas, observa-se a característicado solado, caso houver calçado, o padrão de pisada (neutra, supinada ou pronada) e o arco plantar (normal, chato ou cavo). O vestígio deve ser fotografado, de preferência pela manhã ou tarde, pois os raios não incidem @futuragabcsi diretamente sobre as marcas e no modo MACRO com a utilização de escala. Não se deve fotografar ao meio-dia, nem com Flash, já que prejudica a visualização do relevo. O vestígio também pode ser MOLDADO em gesso. • PAPILOSCOPIA: é a ciência que estuda a identificação humana através das papilas dérmicas (saliências da pele), presente na sola dos pés e na palma das mãos. O tipo anômalo, é quando não se enquadra dentro de nenhum dos tipos anteriores. Além dos apresentados, o perito também verifica outras características: @futuragabcsi ➢ QUÍMICOS Exemplo: medicamentos falsificados, drogas ilícitas, entre outros. A primeira recomendação é sempre se atentar a integridade do perito, o qual deve estar munido de equipamentos de segurança. Havendo substância suspeita, deve ser coletada para exame. Deve-se separar os vestígios de acordo com a sua categoria: Inflamáveis ou combustíveis, ácidos, bases, clorados, amônia, sólidos, gases, rejeitos ou oxidantes. ➢ FÍSICOS Podem abranger: - Armas e instrumentos usados em um crime contra a pessoa: faca, revólver, martelo e etc; - Armas e instrumentos usados em um crime contra o patrimônio: pé-de-cabra, barra de ferro, maçarico e etc; - Objetos usados para auxiliar a ação delituosa: escada, baldes para o refino da cocaína e etc; - Objetos que podem ser suporte de outros vestígios: roupas das vítimas, cofre que fora arrombado e etc; - Objetos que dão suporte aos vestígios biológicos: boné, guimba de cigarro, batom e etc; - Objetos que possam auxiliar na dinâmica criminal: objetos quebrados em razão de luta, vidraça atingida por disparos de arma de fogo, bilhetes, cartas e etc. ➢ MICROVESTÍGIOS São vestígios diminutos, preservados no local do crime/corpo de delito. Os tipos de microvestígios podem ser divididos em minerais (naturais ou antropogênicos) e biológicos. Microvestígios Minerais Naturais: areias, solos, microfósseis, entre outros Antropogênicos: vidros, plásticos, tintas, materiais de construção Biológicos Pelos, plantas, sementes, pólens, tecidos e células orgânicas OBS. ARMAS DE FOGO E EXPLOSIVOS SÃO COLETADOS DE MANEIRA ESPECIAL. PRIMEIRAMENTE É NECESSÁRIO O SEU DESARMAMENTO, PARA QUE NÃO CAUSE DANOS AOS PERITOS.
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