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Análise de viabilidade econômico-financeiro aula 5

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ANÁLISE DE VIABILIDADE
ECONÔMICO-FINANCEIRA
AULA 5
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Almir Cléydison Joaquim da Silva
CONVERSA INICIAL
ESTIMATIVA DE RECEITAS E CUSTOS
A análise dos elementos técnicos de um estudo de viabilidade econômico-financeira e das
tomadas de decisão, temas discutidos nas aulas anteriores, fornece elementos que precisam ser
traduzidos em termos financeiros. Mas você sabe o porquê de se buscar compreender e estimar o
comportamento das movimentações financeiras de receitas e custos (operacionais e de
investimento) ao longo do recorte temporal de análise de um projeto?
As decisões tomadas após realização dos estudos técnicos e sistematização das informações
com eles obtidas possuem impactos financeiros e apontam para a necessidade de investimentos
para viabilizar o funcionamento das atividades operacionais de um negócio. Nesta aula,
concentraremos nossos estudos na compreensão e na estimação dos elementos financeiros que
compõem o fluxo operacional de caixa de um empreendimento. Para tanto, os esforços de
aprendizagem serão direcionados para os seguintes assuntos:
a. projeção de receitas operacionais;
b. projeção de custos operacionais: fixos e variáveis;
c. investimentos fixos;
d. investimentos em capital de giro;
e. demonstração do resultado do exercício.
CONTEXTUALIZANDO
A estimação do fluxo de caixa operacional e a mensuração dos investimentos fixos e em capital
de giro são fundamentais para assegurar o funcionamento sustentável das atividades principais de
um negócio. O desconhecimento dessas informações ou a fragilidade do planejamento financeiro,
especialmente no que se refiram às expectativas de geração de receita, custos operacionais e
capital, podem levar a situações indesejadas de prejuízo, fracasso empresarial e, consequentemente,
fechamento de negócios. Nesse sentido, é importante considerar os dados e informações técnicas
levantadas anteriormente para estimar a movimentação financeira ao longo do funcionamento de
um negócio. Isso possibilitará visualizar os resultados financeiros com base na demonstração do
resultado de um exercício.
TEMA 1 – PROJEÇÃO DE RECEITAS OPERACIONAIS
Crédito: Kit8.net/Shutterstock.
Para a realização de estimativas das receitas operacionais de um empreendimento, devemos
levar em consideração as pesquisas, análises e resultados obtidos com o estudo de mercado,
especialmente com os elementos de identificação da estrutura de mercado, do consumo histórico
dos produtos/serviços e de projeções da sua demanda. Mas, para começo de conversa, você sabe o
que compreendem as receitas operacionais de um negócio?
As receitas operacionais referem-se aos recursos financeiros obtidos pela atividade exercida por
determinado negócio (Diniz, 2015). Em outras palavras, correspondem ao “[...] fluxo de recursos
financeiros (monetários) que o mesmo recebe em cada ano da sua vida útil, direta ou indiretamente,
graças às suas operações” (Buarque, 1984, p. 105). Nesse sentido, as receitas decorrem
especialmente da expectativa de venda de produtos ou serviços. O cálculo das receitas ( ) é obtido
da multiplicação das quantidades esperadas de venda de determinado produto ou serviço ( ) pelos
seus respectivos preços unitários de venda ( ). A receita total para cada ano de operação de um
empreendimento corresponde à soma das receitas de venda de cada produto ou serviço (Buarque,
1984; Vasconcellos, 2006). Essa relação pode ser exemplificada na seguinte equação, para cada
ano: ano n = .
Para a determinação das quantidades vendidas e do respectivo preço unitário de venda de cada
produto devem-se levar em conta as projeções de demanda realizadas no estudo de mercado, bem
como o regime de concorrência em que os produtos estejam inseridos. Vigorando uma estrutura de
mercado de concorrência perfeita, os preços praticados são dados pelo mercado. Em uma situação
de concorrência monopolística (ou imperfeita), o poder de fixação de preços depende da
diferenciação dos produtos ou serviços em relação aos dos demais concorrentes (Woiler, 1996;
Vasconcellos, 2006).
Em uma estrutura de monopólio, o preço a ser praticado pode ser prefixado por agências de
regulação estatal, de forma a garantir tanto a rentabilidade sobre o valor investido quanto para
conter preços abusivos cobrados dos clientes. Caso o monopólio possua regulação específica, o
empreendimento tem poder para fixar preços com critérios próprios. Enquanto que, em uma
estrutura de mercado em oligopólio, os preços dos produtos devem ser próximos aos preços
praticados pelas empresas dominantes e, na ausência de líder de preços, estes serão estabelecidos
com alguma estratégia e critérios próprios. Como exemplo desses critérios, que também se aplicam
a um novo produto lançado, a determinação do preço pode ocorrer mediante observação da
estrutura de custos. Nesse caso, adiciona-se uma porcentagem de lucro prefixada (markup) ao custo
de produção (Woiler, 1996; Vasconcellos, 2006).
A Tabela 1 apresenta um exemplo de projeção de receitas operacionais anuais de venda para os
primeiros três anos de operação de determinado empreendimento. Considerando os preços unitários
praticados de cada produto e um nível estabelecido para funcionamento da capacidade instalada em
80% no primeiro ano, 90% no segundo ano e 100% no terceiro ano, a receita de vendas de cada
produto dá-se pela multiplicação da quantidade de venda esperada pelos respectivos preços dos
produtos.
Tabela 1 – Estimativa de receitas anuais de venda para os primeiros três anos de atividade de um
empreendimento, considerando-se que a utilização da capacidade instalada atual corresponde a
80%, 90% e 100%, respectivamente, para os anos 1, 2 e 3; e o ano com 365 dias e em média 251 dias
úteis para as atividades operacionais
Descrição Valor unitário
Projeção – valores em reais
Ano 1 Ano 2 Ano 3
Quant. Receita Quant. Receita Quant. Receita
Produto 1 12,00 7.200 86.400 8.100 97.200 9.000 108.000
Produto 2 18,00 13.200 237.600 14.850 267.300 16.500 297.000
Produto 3 22,00 13.600 299.200 15.300 336.600 17.000 374.000
Produto 4 25,00 11.200 280.000 12.600 315.000 14.000 350.000
Produto 5 20,00 13.160 263.200 14.805 296.100 16.450 329.000
Produto n 27,00 16.000 432.000 18.000 486.000 20.000 540.000
Total   74.360 1.598.400 83.655 1.798.200 92.950 1.998.000
Fonte: Elaborado com base em Buarque, 1984.
TEMA 2 – PROJEÇÃO DE CUSTOS OPERACIONAIS: FIXOS E
VARIÁVEIS
Crédito: Julia Tim/Shutterstock.
De forma geral, para que o processo de produção de um empreendimento ocorra, é necessário
observar dois tipos de custos:
a. os custos de operação ou associados ao processo de produção;
b. os custos de investimentos ou de capital (Buarque, 1984).
Nesta seção, nos concentraremos nos custos relacionados às atividades operacionais
previstas. Muito embora já tenhamos discutido a respeito dos custos de produção em aulas
anteriores (para determinação da escala e do tamanho ótimo de produção), agora realizaremos um
detalhamento analítico para estimar o conjunto de custos de produção que compõem o fluxo
operacional de caixa de um empreendimento. Considerando os resultados parciais do estudo da
escala de produção, iremos projetar os custos fixos (indiretos) e os custos variáveis (diretos).
2.1 CUSTOS FIXOS
Os custos fixos ou custos indiretos correspondem aos desembolsos que viabilizam o
funcionamento do processo de produção de um empreendimento e, por consequência, existem
independentemente do volume que ele produz. São “[...] desembolsos operacionais gerados pelo
processo produtivo, não atribuíveis diretamente aos produtos” (Correia Neto, 2009, p. 94). Para fim
ilustrativo, a Tabela 2 apresenta uma sistematização dos custos fixos projetados para os três
primeiros anos de funcionamento de um determinado empreendimento. Observe que todas as
contas vinculadas referem-se a despesas não diretamente ligadas à produção de bens ou serviços, a
exemplo de despesas com mão de obra indireta, seus encargossociais e despesas administrativas.
Tabela 2 – Síntese da estimativa de custos fixos
Descrição
Projeção – valores em reais e percentuais sobre as receitas
Ano 1 % Ano 2 % Ano 3 %
Mão de obra indireta 52.700 3,3% 52.700 2,93% 52.700 2,64%
Encargos sociais indiretos1 31.620 1,98% 31.620 1,76% 31.620 1,58%
Pró-labore da diretoria 7.033 0,44% 8.272 0,46% 9.191 0,46%
Encargos sociais da diretoria2 1.055 0,07% 1.241 0,07% 1.379 0,07%
Aluguel 7.500 0,47% 7.500 0,42% 7.500 0,38%
Energia elétrica (iluminação) 560 0,04% 630 0,04% 700 0,04%
Água (higiene) 360 0,02% 405 0,02% 450 0,02%
Total 100.828 6,31% 102.367 5,69% 103.539 5,18%
1Encargos sociais indiretos: 60% sobre os salários. 2Encargos sociais da diretoria: 15% de encargos sociais sobre o pró-
labore.
Considerando os estudos que definiram a estrutura e a escala de produção, a Tabela 3
apresenta um exemplo do detalhamento das necessidades de mão de obra indireta, especialmente
em ocupações relacionadas à administração, bem como a projeção de custo anual para os três
primeiros anos de atividade do empreendimento.
Tabela 3 – Projeção do custo anual da mão de obra indireta
Mão de obra indireta
Ano 1 Ano 2 Ano 3
Quant. Valor (R$) Quant. Valor (R$) Quant. Valor (R$)
Contador 1 28.000 1 28.000 1 28.000
Auxiliares de escritório 2 24.700 2 24.700 2 24.700
Total 3 52.700 3 52.700 3 52.700
Sobre o custo de remuneração dessa mão de obra indireta incidem encargos sociais e
trabalhistas, cujo cálculo das alíquotas pode variar, a depender do tipo de vínculo de trabalho, do
porte da empresa e de seu consequente regime tributário (se por lucro real, presumido ou por meio
do Simples Nacional). Para tanto, é importante estar atento às leis vigentes. No exemplo em questão
(Tabela 3), aplicou-se o percentual de 60% sobre o salário, que pode envolver despesas com 13º
salário, férias, seguridade social, descanso semanal remunerado, entre outras garantias trabalhistas.
Por sua vez, o pró-labore corresponde a um tipo de remuneração pelo trabalho de sócios de um
empreendimento. O seu percentual aplicado sobre as receitas é definido conforme o tipo de
atividade desenvolvida; corresponde a uma despesa administrativa e também sofre incidência de
encargos (Correia Neto, 2009; Fonseca, 2012).
Os gastos com energia elétrica e água configuram-se como um tipo de custo que tanto pode ser
fixo quanto variável ou ambos. Nesse caso, o tipo de atividade do empreendimento é que define se
esses custos recaem sobre o processo produtivo ou o administrativo ou, ainda, se estão presentes
em ambos. Também fazem parte do quadro-síntese de custos fixos os desembolsos com
depreciação, manutenção e seguros referentes aos investimentos de capital, que serão tratados
mais adiante.
2.2 CUSTOS VARIÁVEIS
Os custos variáveis ou custos diretos ocorrem em função do nível de produção. Isso implica
dizer que os desembolsos operacionais oriundos desses custos variam proporcionalmente ao
volume produzido por um empreendimento (Correia Neto, 2009). Nessas contas financeiras
encontram-se os custos incorporados na produção de bens ou na prestação dos serviços. A Tabela 4
apresenta uma sistematização dos custos variáveis projetados para os três primeiros anos de
atividades de determinado empreendimento e, na sequência, discutiremos algumas de suas contas.
Tabela 4 – Síntese da estimativa de custos variáveis de um empreendimento
Descrição
Projeção – valores em reais e percentuais sobre as receitas
Ano 1 % Ano 2 % Ano 3 %
Materiais diretos 543.280 33,99% 611.190 33,99% 679.100 33,99%
Mão de obra direta 280.800 17,57% 304.800 16,95% 328.800 16,46%
Encargos sociais diretos1 168.480 10,54% 182.880 10,17% 197.280 9,87%
ICMS 249.350 15,6% 280.519 15,6% 311.688 15,6%
PIS2 10.390 0,65% 11.688 0,65% 12.987 0,65%
Finsocial3 47.952 3% 53.946 3% 59.940 3%
Comissão vendas4 31.968 2% 35.964 2% 39.960 2%
Frete e carretos/distribuição5 39.960 2,5% 44.955 2,5% 49.950 2,5%
Energia elétrica (força) 832 0,05% 936 0,05% 1.040 0,05%
Água na produção 864 0,05% 972 0,05% 1.080 0,05%
Eventuais (5% sobre subtotal) 41.216 2,58% 45.836 2,55% 50.455 2,53%
Total 1.415.092 88,53% 1.573.686 87,51% 1.732.280 86,7%
1Encargos sociais diretos: 60% sobre os salários. 2 Programa de Integração Social (PIS): 0,65% sobre o faturamento bruto
(receitas previstas). 3 Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (Cofins): 3% sobre o faturamento bruto (receitas
previstas). 4 Despesas com comissão de vendas: 2% sobre o faturamento (o percentual é definido internamente, observando-
se os valores de mercado). 5 Despesas com fretes e carretos/distribuição: 2,5% sobre o faturamento.
Para estimar o custo com matérias-primas e materiais secundários, deve-se levar em
consideração o programa de produção, realizado no estudo de engenharia, para identificar todos os
custos unitários com materiais necessários para fabricação e composição dos bens ou para
prestação de serviços finais. A projeção dos custos anuais desses materiais ocorre mediante
multiplicação dos custos unitários de cada material pela quantidade esperada de sua aquisição
(Correia Neto, 2009). A Tabela 5 apresenta um exemplo para projeção dos custos de materiais
diretos.
Tabela 5 – Projeção de custo anual com materiais diretos, em um empreendimento
Materiais diretos Medida Valor unitário
Projeção – valores em reais
Ano 1 Ano 2 Ano 3
Quant. Valor Quant. Valor Quant. Valor
Insumo 1 unidade 4,90 9.600 47.040 10.800 52.920 12.000 58.800
Insumo 2 unidade 1,10 64.000 70.400 72.000 79.200 80.000 88.000
Insumo 3 unidade 3,80 17.600 66.880 19.800 75.240 22.000 83.600
Insumo 4 kg 5,60 17.600 98.560 19.800 110.880 22.000 123.200
Insumo 5 kg 14,50 4.800 69.600 5.400 78.300 6.000 87.000
Produto n unidade 0,90 44.000 39.600 49.500 44.550 55.000 49.500
Material/ embalagem em espécie 2,70 56.000 151.200 63.000 170.100 70.000 189.000
Energia elétrica Kw 0,52 1.600 832 1.800 936 2.000 1.040
Água m³ 0,30 2.880 864 3.240 972 3.600 1.080
Total     218.080 544.976 245.340 613.098 272.600 681.220
O funcionamento do processo de produção também depende da mão de obra diretamente
envolvida na realização de bens ou serviços, em um empreendimento. A estimação do custo anual
da mão de obra direta e dos seus consequentes encargos sociais e trabalhistas segue a mesma
lógica de projeção realizada em relação à mão de obra indireta, vista na seção anterior. A Tabela 6
apresenta um exemplo disso.
Tabela 6 – Projeção de custo anual da mão de obra direta
Descrição Valorunitário
Projeção – valores em reais
Ano 1 Ano 2 Ano 3
Quant. Valor Quant. Valor Quant. Valor
Representante comercial 42.000 1 42.000 1 42.000 1 42.000
Motoristas 26.400 2 52.800 2 52.800 2 52.800
Gerente de produção 42.000 1 42.000 1 42.000 1 42.000
Encarregados de produção 24.000 4 96.000 5 120.000 6 144.000
Auxiliares de limpeza e de armazenamento de 24.000 2 48.000 2 48.000 2 48.000
produtos
Total   10 280.800 11 304.800 12 328.800
Outro elemento presente nos custos variáveis são as despesas com impostos que recaem sobre
o faturamento bruto. Considerando que o empreendimento seja de natureza comercial, deve-se
projetar o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), de responsabilidade
estadual, tanto pela alíquota vigente para venda de bens e serviços dentro do estado quanto pela
alíquota interestadual (Correia Neto, 2009). A Tabela 7 apresenta um exemplo de projeção do ICMS
sobre as vendas (a vista e a prazo), realizadas dentro e fora de um estado. O cálculo do valor a
recolher para cada ano é dado pela multiplicação da taxa do ICMS pelo valor-base.
Tabela 7 – Demonstrativo da projeção de ICMS anual a recolher
Descrição Taxa
Projeção – valores em reais
Ano 1 Ano 2 Ano 3
Valor-
base
Valor a
recolher
Valor-
base
Valor a
recolher
Valor-
base
Valor a
recolher
Vendas dentro do estado
(débito) 18% 479.520 86.314 539.460 97.103 599.400 107.892
Vendas dentro do estado
(crédito) 18% 479.520 86.314 539.460 97.103 599.400 107.892
Vendasfora do estado
(débito) 12% 159.840 19.181 179.820 21.578 199.800 23.976
Vendas fora do estado
(crédito) 12% 479.520 57.542 539.460 64.735 599.400 71.928
Total     249.350   280.519   311.688
No âmbito federal, os impostos que devem ser considerados nos custos variáveis são as
contribuições para o PIS e a Cofins, aplicando-se respectivamente 0,65% e 3% sobre o faturamento
bruto, lembrando que o cálculo é feito com multiplicação do percentual pela receita prevista, dividido
por 100. No caso de empreendimentos voltados para prestação de serviços ou no caso de geração
de receitas tanto comerciais quanto de serviços, deve-se também levar em conta a incidência do
Imposto sobre Serviços (ISS), este de responsabilidade municipal (Correia Neto, 2009; Fonseca,
2012).
TEMA 3 – INVESTIMENTOS FIXOS
Crédito: Tartila/Shutterstock.
Uma segunda modalidade de custos refere-se aos custos de investimento ou custos de capital.
Investimentos correspondem a “[...] comprometimentos de recursos financeiros que objetivam
algum retorno no futuro ou que se transformam em bens de capital a serem utilizados no processo
produtivo” (Correia Neto, 2009, p. 109). Mas você sabe qual a diferença entre os custos de
investimentos e os custos de produção ou operacionais?
O que distingue os custos de investimento dos custos de produção, discutidos na seção
anterior, é a origem dos recursos. Os custos de investimento têm como origem recursos financeiros
que devem estar disponíveis antes do funcionamento do empreendimento, enquanto que os custos
de produção são financiados no próprio processo de produção e geração de suas receitas (Buarque,
1984).
Para a execução e o funcionamento de um empreendimento, dois tipos de investimentos devem
ser observados:
1. investimentos fixos;
2. investimentos variáveis (ou em capital de giro).
Nesta seção, discutiremos os investimentos fixos e sua consequente perda de valor, ao longo do
tempo. Os investimentos fixos envolvem decisões financeiras de longo prazo sobre aquisição de
bens de capital essenciais para o funcionamento das atividades operacionais de um negócio
(Fonseca, 2012). Despesas com depreciação, manutenção e apólice de seguro incidem sobre os
investimentos fixos e, por consequência, são incluídas nas contas sintéticas dos custos fixos, pois
se configuram como despesas não diretamente ligadas à produção de bens e serviços. Para os
custos anuais dos investimentos fixos são utilizadas taxas com base fixa que incidem sobre o valor
desses investimentos (Buarque, 1984; Woiler, 1996). As Tabelas 8, 9 e 10 apresentam exemplos de
projeções de despesas.
Tabela 8 – Projeção de despesas com depreciação
Descrição Investimento fixo (R$)
Despesas com depreciação (R$)
Taxa Ano 1 Ano 2 Ano 3
Obras civis 61.400 4% 2.456 2.456 2.456
Máquinas e equipamentos 76.326 10% 7.633 7.633 7.633
Veículos 49.000 20% 9.800 9.800 9.800
Móveis e utensílios 12.000 10% 1.200 1.200 1.200
Total 198.726   21.089 21.089 21.089
Tabela 9 – Projeção de despesas com manutenção
Descrição Investimento fixo (R$)
Despesas com manutenção (R$)
Taxa Ano 1 Ano 2 Ano 3
Obras civis 61.400 0,5% 307 307 307
Máquinas e equipamentos 76.326 2% 1.527 1.527 1.527
Veículos 49.000 5% 2.450 2.450 2.450
Móveis e utensílios 12.000 0,7% 84 84 84
Total 198.726   4.368 4.368 4.368
Tabela 10 – Projeção de despesas com seguro
Descrição Investimento fixo (R$) Despesas com seguro (R$)
Taxa Ano 1 Ano 2 Ano 3
Obras civis 61.400 0,2% 123 123 123
Máquinas e equipamentos 76.326 1% 763 763 763
Veículos 49.000 10% 4.900 4.900 4.900
Móveis e utensílios 12.000 2% 240 240 240
Total 198.726   6.026 6.026 6.026
TEMA 4 – INVESTIMENTOS EM CAPITAL DE GIRO
Crédito: Team Oktopus/Shutterstock.
Os investimentos variáveis ou de capital de giro configuram-se como recursos financeiros de
curto prazo que viabilizam o funcionamento das atividades operacionais de um empreendimento
(Fonseca, 2012). Trata-se, portanto, de um capital circulante que pode assumir diferentes formas ao
longo de um ciclo operacional. O capital disponível em caixa assume a forma de matérias-primas
que são manufaturadas e transformam-se em produtos acabados para venda (a vista ou a prazo) e
que, por conseguinte, reassumem a forma de caixa, assim reiniciando o ciclo operacional de um
empreendimento (Correia Neto, 2009). É importante destacar que os ciclos operacionais não
apresentam sincronização entre pagamentos de matérias-primas e recebimentos de vendas, bem
como entre a produção e a venda. Isso leva à existência de hiatos financeiros e econômicos que
demandam capital de giro e recursos (Fonseca, 2012). A Figura 1 exemplifica esses ciclos de
necessidade de recursos e capital de giro.
Figura 1 – Ciclo operacional, econômico e financeiro de um empreendimento
Fonte: Adaptado de Fonseca, 2012, p. 93.
Em geral, os ciclos operacionais apresentam prazo curto e várias repetições durante um ano, o
que leva a uma maior rotação dos investimentos operacionais. Contudo, alguns negócios podem
apresentar ciclos longos, o que lhes exige elevado financiamento, como é o caso de construtoras de
obras (Fonseca, 2012). A depender do setor de atividade econômica e das características do
empreendimento, os ciclos operacionais também podem assumir diferentes formas. Ainda que
algum empreendimento não conte com manufatura ou estoque de produtos, é importante destacar
que todo empreendimento possui ciclos de transformação da disponibilidade de caixa – a exemplo
de compra de mercadorias, sua venda e recebimento (Correia Neto, 2009).
Conforme discutido, a falta de sincronização nos ciclos financeiros e de produção leva a
necessidades de capital de giro e de recursos para o funcionamento das atividades operacionais de
um negócio. As necessidades são formadas em decorrência de diferentes prazos dados aos clientes
e do custo da formação de estoques, enquanto a geração de recursos surge pelos prazos
concedidos pelos fornecedores e pela recuperação de impostos (Fonseca, 2012). A Tabela 11
apresenta um exemplo da projeção de capital de giro e, na sequência, os cálculos para cada uma de
suas contas.
Tabela 11 – Projeção das necessidades de capital de giro
Descrição Ano 1 Ano 2 Ano 3
1. Necessidades 187.764 208.345 228.908
1.1 Caixa mínimo 41.689 46.154 50.610
1.2 Financiamento de vendas 28.586 31.649 34.704
1.3 Estoques 58.487 64.985 71.484
1.3.1 Matérias-primas 6.493 7.305 8.117
1.3.2 Produtos em processo 28.189 31.348 34.508
1.3.3 Produtos acabados 22.551 25.079 27.606
1.3.4 Peças e materiais de reposição 1.253 1.253 1.253
1.4 Outros 515 571 627
2. Recursos 49.485 55.671 61.856
2.1 Crédito de fornecedores 19.697 22.159 24.621
2.2 Impostos 25.290 28.451 31.612
2.3 Outros 4.499 5.061 5.623
Variação do capital de giro 138.279 152.674 167.052
Fonte: Adaptado de Fonseca, 2012, p. 95.
Para as necessidades de capital de giro, iremos ilustrar os cálculos para o primeiro ano do
exercício de um empreendimento:
a.   Formação de caixa mínimo:
 = 41.689.
b.   Financiamento de vendas (crédito a receber de vendas a prazo):
 = 28.586.
c.   Estoque de matérias-primas:
 = 6.493.
d.   Estoque de produtos em processo:
 = 28.189.
e.   Estoque de produtos acabados:
 = 22.551.
f.    Estoque de peças e materiais de reposição:
 = 1.253.
g.   Outros (percentual para casos omissos):
 = 515.
Já os cálculos de recursos para financiar as atividades operacionais, para o primeiro ano do
exercício de um empreendimento, são dados por:
a.   Crédito de fornecedores:
 = 19.697.
b.   Impostos (passíveis de recuperação):
 = 25.290.
c.    Outros (percentual para casos omissos): somatório dos itens anteriores x percentual
estabelecido = 44.986 x 0,1% = 4.499.
TEMA 5 – DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO
Crédito: NicoElNino/Shutterstock.
A elaboração de um plano ou fluxo de contas operacionais de um empreendimento é realizada
mediante detalhamento da movimentação financeira das receitas operacionais, dos custos de
produção ou operacionais(conjunto de custos variáveis) e das despesas não relacionadas ao
processo de produção (custos fixos). Após a estimativa dessas informações, as contas podem ser
sintetizadas na estrutura de uma Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), que “[...] reflete o
sucesso da empresa na utilização de ativos para gerar lucros durante um período” (Diniz, 2015, p.
37). A Tabela 12 reúne as contas sintéticas que formam a DRE. Os resultados (lucro ou prejuízo) do
exercício de um empreendimento são estruturados com base nas receitas brutas obtidas com a
atividade principal do negócio, deduzidas dos custos e despesas. Após o abatimento do Imposto de
Renda (IR) e da contribuição social, chega-se ao lucro líquido, a que se adiciona o valor da
depreciação (que, embora implique redução da base de IR, não se configura como desembolso
efetivo) para se obter o fluxo de caixa do período (Correia Neto, 2009).
Tabela12 – DRE
Descrição Ano 1 % Ano 2 % Ano 3 %
1. Receita operacional bruta 1.598.400 100% 1.798.200 100% 1.998.000 100%
2. Custos variáveis 1.415.092 88,53% 1.573.686 87,51% 1.732.280 86,7%
Materiais diretos 543.280 33,99% 611.190 33,99% 679.100 33,99%
Mão de obra direta 280.800 17,57% 304.800 16,95% 328.800 16,46%
Encargos sociais diretos 168.480 10,54% 182.880 10,17% 197.280 9,87%
ICMS 249.350 15,6% 280.519 15,6% 311.688 15,6%
PIS 10.390 0,65% 11.688 0,65% 12.987 0,65%
Finsocial 47.952 3% 53.946 3% 59.940 3%
Comissões de vendas 31.968 2% 35.964 2% 39.960 2%
Frete e carretos/distribuição 39.960 2,5% 44.955 2,5% 49.950 2,5%
Energia elétrica (força) 832 0,05% 936 0,05% 1.040 0,05%
Água na produção 864 0,05% 972 0,05% 1.080 0,05%
Eventuais (5% sobre subtotal) 41.216 2,58% 45.836 2,55% 50.455 2,53%
3. Margem de contribuição 183.308 11,47% 224.514 12,49% 265.720 13,3%
4. Custos fixos 136.279 8,53% 137.865 7,67% 139.072 6,96%
Mão de obra indireta 52.700 3,3% 52.700 2,93% 52.700 2,64%
Encargos sociais indiretos 31.620 1,98% 31.620 1,76% 31.620 1,58%
Pró-labore da diretoria 7.033 0,44% 8.272 0,46% 9.191 0,46%
Encargos sociais da diretoria 1.055 0,07% 1.241 0,07% 1.379 0,07%
Aluguel 7.500 0,47% 7.500 0,42% 7.500 0,38%
Energia elétrica (iluminação) 560 0,04% 630 0,04% 700 0,04%
Água (higiene) 360 0,02% 405 0,02% 450 0,02%
Depreciação 21.089 1,32% 21.089 1,17% 21.089 1,06%
Manutenção 4.368 0,27% 4.368 0,24% 4.368 0,22%
Seguros 6.026 0,38% 6.026 0,34% 6.026 0,3%
Diversos (3% sobre subtotal) 3.969 0,25% 4.015 0,22% 4.051 0,2%
5. Lucro operacional antes do IR (Lair) 47.028 2,94% 86.649 4,82% 126.648 6,34%
6. Provisão p/ IR (30% do lucro operacional) 14.109 0,88% 25.995 1,45% 37.994 1,9%
7. Lucro operacional depois do IR 32.920 2,06% 60.654 3,37% 88.654 4,44%
8. Contribuição social (10% sobre Lair) 4.703 0,29% 8.665 0,48% 12.665 0,63%
9. Lucro líquido 28.217 1,77% 51.989 2,89% 75.989 3,8%
10. Depreciação 21.089 1,32% 21.089 1,17% 21.089 1,06%
11. FLUXO DE CAIXA LÍQUIDO 49.306 3,08% 73.078 4,06% 97.077 4,86%
Fonte: Elaborado com base em Correia Neto, 2009; Fonseca, 2012.
As informações financeiras da DRE são fundamentais para as análises posteriores e para a
compreensão da viabilidade econômico-financeira de um empreendimento, conforme será discutido
posteriormente.
TROCANDO IDEIAS
Em um fórum de discussão, apresente elementos de distinção entre custos de produção e
custos de investimento, procurando destacar o porquê de se compreender essas movimentações
financeiras.
NA PRÁTICA
Com base nos dados que seguem, determine as necessidades de investimento em capital de
giro de um determinado projeto.
O ciclo operacional do empreendimento compreende: compra de insumos (4º dia de cada mês)
e pagamento (14º dia do mesmo mês); processo de produção (inicia no 8º dia e encerra no 9º); e
decisão de se financiar 60% de suas vendas, enquanto os fornecedores financiam 100% das
compras, admitindo-se ainda um exercício contábil de 360 dias e um faturamento previsto, para o
período, de R$ 18 milhões, com incidência de carga de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI)
de 17% no faturamento e 10% nos insumos. As vendas e os insumos estão dentro das fronteiras
geográficas do Paraná (18% de ICMS). Demais movimentações financeiras: custo total de R$ 10
milhões, com custo variável de R$ 8 milhões (sendo R$ 4 milhões de insumos e R$ 4 milhões de
outros custos variáveis) e custo fixo de R$ 2 milhões (sendo R$ 500 mil de mão de obra; R$ 200 mil
de depreciação; R$ 1,3 milhão de outros custos fixos). Os investimentos correspondem a R$ 25
milhões (R$ 18 milhões em máquinas e equipamentos). Nas peças de reposição das máquinas e
equipamentos incidem 0,5% e outros correspondem a 0,2% (Fonseca, 2012, p. 123).
Orientação para resolução:
a. monte as tabelas-síntese das contas de custos fixos e variáveis, considerando as incidências
de impostos e encargos;
b. esquematize o ciclo de atividades operacionais;
c. estruture o quadro de necessidades de capital de giro, aplicando os cálculos correspondentes
para encontrar os valores de cada conta.
FINALIZANDO
Nesta aula, discutimos aspectos relacionados à movimentação financeira, procurando estimar o
fluxo de caixa operacional e mensurar os investimentos fixos e em capital de giro necessários para o
funcionamento das atividades de um negócio. Essas informações serão fundamentais para as
análises posteriores a respeito da viabilidade econômico-financeira de um empreendimento.
REFERÊNCIAS
BUARQUE, C. Avaliação econômica de projetos: uma apresentação didática. 26. reimpr. Rio de
Janeiro: Elsevier, 1984.
CORREIA NETO, J. F. Elaboração e avaliação de projetos de investimento: considerando o risco.
Rio de Janeiro: Elsevier, 2009.
DINIZ, N. Análise das demonstrações financeiras. Rio de Janeiro: Seses, 2015.
FONSECA, J. W. F. Elaboração e análise de projetos: a viabilidade econômico-financeira. São
Paulo: Atlas, 2012.
VASCONCELLOS, M. A. S. Economia: micro e macro. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2006.
WOILER, S. Projetos: planejamento, elaboração, análise. São Paulo: Atlas, 1996.

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