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Aula 1

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GESTÃO DE CONTRATOS
CONHECENDO O CONTRATO
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Olá!
Ao final desta aula, você será capaz de:
1. Reconhecer que contratos são instrumentos legais e fontes de obrigações que, de forma dinâmica, constituem,
regulam, modificam e/ou extinguem direitos, e, como tal, seguem as possíveis mudanças que acontecem com o
desenvolvimento social, ideológico, tecnológico e econômico do grupo social em que se encontrem.
2. Conhecer os pressupostos e requisitos necessários para a constituição de um contrato.
3. Saber quais os efeitos jurídicos decorrentes de sua resilição, rescisão e cessação.
Introdução
Olá! Bem-vindo!
Para começarmos esta aula, devemos sinalizar que o conceito acerca do que seja o contrato depende da época
histórica que estejamos analisando, juntamente com suas implicações e contextos sociais, econômicos e políticos.
É importante estudar os requisitos e pressupostos que integram o contrato, além de saber sobre suas
implicações constitutivas e resolutórias, a fim de que todo negócio jurídico por ele regulado siga os princípios da
clareza, transparência e boa-fé que devem constar de todo contrato.
Exemplo
O Direito Contemporâneo considera contrato como instrumento que possui uma função social e econômica bem
definidas. Não é ele uma ferramenta que cuide de algo abstrato, mas, ao contrário, considera as diferenças e as
diversas necessidades das partes contratantes. Com o advento dos contratos de adesão, que têm cada vez mais
repercussão nos dias atuais, as relações reguladas por eles precisam ser bem definidas, e qualquer alteração
resulta em modificação de sua interpretação.
Conceituação
O Direito evolui com o tempo e tal fato faz com que a renovação dos estudos jurídicos seja algo necessário. Essas
renovações servem para mantê-lo atualizado, de acordo com a realidade em que se vive.
Há os subsídios trazidos pela:
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Sendo o contrato o principal instrumento jurídico e também a mais comum e mais importante fonte de
obrigações, devido às suas múltiplas formas e repercussões no mundo jurídico, achamos importante conceituar
o que seja o contrato.
Mas falar de um conceito para o que seja contrato é tarefa complexa, e ele sofre variações de acordo com o tempo
e o contexto em que ele esteja inserido.
Orlando Gomes nos ensina que “o contrato é uma espécie de negócio jurídico que se distingue, na formação, por
exigir a presença de pelo menos duas partes. Contrato é, portanto, negócio jurídico bilateral ou plurilateral.”
Conceito de Contrato durante o Liberalismo e no Direito Contemporâneo e sua interpretação.
Podemos afirmar que houve diversos fatores que concorreram para a modificação do conceito de contrato, se
compararmos os tempos do Liberalismo e a contemporaneidade, a qual fez surgir uma nova teoria geral para os
contratos.
As modificações no regime jurídico do contrato revelam tentativas para a correção do desequilíbrio que era
vivenciado até então, e isso resultou em:
• Promulgação de leis de proteção à categoria dos indivíduos mais fracos da relação contratual.
• Apoio a grupos organizados, como por exemplo os sindicatos, para enfrentar em pé de igualdade o 
contratante mais forte.
• Dirigismo contratual do Estado.
E quais são as consequências trazidas por tais modificações?
Conceito de Contrato
Mudança nas preocupações do legislador quanto à rigidez do contrato. Passou-se a adotar na disciplina
cuidadosa declaração de vontade e dos vícios que podem anulá-la.
Nos moldes contemporâneos, muitos contratos se realizam em série, tornando preocupante a defesa dos
aderentes (contratos de adesão) mediante normas legais que proíbam cláusulas iníquas, uma vez que as regras
sobre declaração de vontade e os vícios de consentimento quase não se lhe aplicam.
A palavra pode ser empregada em dois sentidos:contrato 
Amplo
Refere-se a todo negócio jurídico que se forma pelo concurso de vontades.
Restrito
•
•
•
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Refere-se a todo negócio Jurídico que gera efeitos jurídicos, independente de manifestação de vontade das
partes, pois encontram-se previstos em lei. Ex: Modificação, Extinção, etc.
Contrato também pode se referir ao instrumento em que o negócio jurídico se formaliza, podendo ser uma
escritura pública, um escrito particular ou ainda um recibo.
Consideraremos contrato como sendo o negócio jurídico bilateral, ou plurilateral, de natureza
patrimonial e eficácia obrigacional, que sujeita as partes nele envolvidas, denominadas proponente e
oblato, à observância de conduta idônea à satisfação dos interesses que regulam.
Quanto às concepções de contrato, em relação ao seu conteúdo, temos duas posições antagônicas:
Concepção subjetiva
Com relação ao conteúdo do contrato, diz que ele é fonte de relações jurídicas e seu conteúdo é composto pelos
direitos e obrigações das partes.
Concepção objetiva
Considera o conteúdo do contrato como sendo composto por preceitos. Suas disposições têm substância
normativa e visam vincular a conduta das partes. É fonte de norma jurídica, ao lado da lei e da sentença.
E já que falamos em , vejamos o conceito de contrato visto norma como norma jurídica.
De acordo com Orlando Gomes, quando as partes celebram um contrato, elas não estão se limitando a aplicar o
direito abstrato que o rege, mas criam também normas individuais que geram obrigações e direitos concretos
que não existiam antes de sua celebração.
Tais normas individuais que compõem o conteúdo do contrato têm, entre as partes envolvidas, a mesma
substância normativa do pacta sunt servanda quando celebram tal contrato.
Conceituação
O resultado jurídico do contrato é a norma que cria, individual e concreta, porque faz obrigação somente entre as
partes contratantes, diferentemente da lei, que obriga um número indeterminado de indivíduos e se aplica a um
número indeterminado de casos.
Atenção
O princípio do pacta sunt servanda é aquele que cria a obrigação do cumprimento de tudo o que seja acordado
entre as partes, não admitindo descumprimento em nenhuma hipótese.
Declaração de vontade
A declaração de vontade das partes que integram o contrato
O contrato pressupõe declarações de vontade que têm de ser coincidentes. A vontade de uma das partes
sempre precede a outra.
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Aspecto material e documentação
Aspecto material e documentação do contrato
O aspecto material do contrato pressupõe que ele seja um conjunto de disposições que devem obedecer normas
consagradas pela praxe para facilitar sua interpretação. Devem seguir o uso de expressões e termos técnicos
para traduzir com mais segurança e objetividade a intenção das partes, usando linguagem simples e precisa.
O contrato escrito é composto por duas partes:
• Preâmbulo
No preâmbulo mencionam-se a qualidade das partes, o objeto do contrato e as razões que determinaram
a sua proposição ou o objetivo dos contratantes.
• Contexto
No contexto encontramos as cláusulas contratuais.
Fique ligado
A proposta e a aceitação são atos pré-negociais, ou seja, ainda não são consideradas como
negócio jurídico. Para haver a consolidação do contrato é preciso sucessividade entre a
proposta e a aceitação, que devem ter seus conteúdos coincidentes.
A aceitação da proposta para efetivar o contrato pode se dar de forma ou pode haverimediata 
um entre a proposta e a aceitação.intervalo de tempo
•
•
Saiba mais
De acordo com Pothier existem três tipos de cláusulas:
Essenciais - aquelas sem as quais o contrato não existiria;
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Função econômica
Função econômica do contrato
A ordem jurídica oferece a todos os sujeitos de direito uma grande variedade de contratos para que seus
interesses sejam regulados com segurança.
De acordo com alguns juristas, a função econômica é a real causa dos contratos, os quais podem ser classificados
com a seguinte finalidade:
Para promover a circulação da riqueza
De colaboração
Para prevenção de risco
De conservação ou Acautelatórios
Para concessão de crédito
Para prevenir ou diminuir uma controvérsia
Pressupostos e requisitos
Pressupostose requisitos do contrato
Essenciais - aquelas sem as quais o contrato não existiria;
Naturais - que se referem a obrigações peculiares previstas em lei, mas que não são
compulsórias;
Acidentais - aquelas que são determinações acessórias para subordinar a eficácia do contrato
a evento futuro.
Saiba mais
A função econômica e a social do contrato foi reconhecida como a razão predominante de sua
proteção jurídica. Quando se diz que o contrato tem função social, está a se reconhecer que ele
é socialmente útil, de modo que há interesse público em sua tutela.
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Pressupostos são elementos extrínsecos aos contratos e referem-se às condições sob as quais se desenvolve e
pode se desenvolver o contrato. Já os requisitos se referem aos elementos intrínsecos do contrato. Os
pressupostos podem ser de três categorias: a referente aos sujeitos; a referente ao objeto e a referente à situação
dos sujeitos em relação ao objeto.
Capacidade jurídica das partes
A capacidade jurídica corresponde à capacidade legal para agir, ou seja, a pessoa precisa ser apta a realizar o
negócio jurídico regido pelo contrato.
Idoneidade do objeto
Quanto ao objeto, afirmamos que deve ser lícito, possível, determinado ou determinável. Precisa ele estar
adequado ao fim visado pelos contratantes. Se tal idoneidade não existir o contrato é considerado nulo.
Legitimação para que ele possa ser realizado
A legitimação da parte contratante refere-se à sua idoneidade para movimentar a relação processual, por ter
interesse a ser protegido.
Consentimento
Consentimento das partes contratantes para a feitura do contrato
O consentimento, entendido como sendo a declaração de vontade de cada parte do contrato, se refere a um dos
requisitos típicos e constitutivos do contrato. É indispensável que cada parte leve sua vontade ao conhecimento
da outra parte. A comunicação de declarações entre as partes é condição necessária para a formação do
consentimento. Para que haja a efetivação do contrato, é preciso haver intercâmbio das duas declarações, o qual
é precedido por negociações preliminares. Mas a simples troca de declarações não é suficiente para que haja o
contrato. É necessário que as duas declarações se ajustem, integrando-se uma à outra.
Atenção
Outro ponto importante a observar se refere ao fato de que a declaração de vontade precisa ser emitida em
correspondência ao conteúdo do contrato que o declarante tem em vista, atento ao fim que o move a contratar.
Manifestações de vontade
As manifestações de vontade e seus modos de consentir
As declarações podem se dar das seguintes formas:
• Verbal, escrita ou simbólica (declaração mímica e a declaração por sinais)
• Direta ou indireta
• Expressa, tácita ou presumida
Declaração
Declaração direta e indireta
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É complexo distinguir a declaração direta da indireta. A declaração direta, segundo alguns juristas, corresponde
àquela que é emitida para um determinado fim. Caso contrário, ela é indireta.
Para outros, o que importa é o comportamento e, neste caso, a declaração indireta é aquela que se deduz da
conduta do declarante.
Para a declaração direta não é necessária a ilação, pouco importando a forma de expressão, desde que a vontade
se exteriorize em direção imediata ao fim a que visa.
ILAÇÃO, do latim ILLATIO, significa conclusão, consequência. Exprime a inferência ou dedução a que se chega,
para esclarecimento da verdade, em face dos argumentos, alegações, princípios ou razões demonstradas.
Tipos de consentimento
Consentimento expresso e tácito
No que diz respeito ao consentimento expresso e o tácito, há dois critérios usados para distingui-los: o objetivo e
o subjetivo.
Concepção
objetiva
De acordo com o critério objetivo, a declaração expressa é a que se emite por palavras,
gestos ou sinais que exteriorizam, inequivocamente, a vontade.
A declaração tácita é aquela que resulta de circunstância indicativa da vontade.
Concepção
subjetiva
Já para o critério subjetivo, a declaração é considerada expressa se há a intenção de emiti-
la. Caso não haja essa intenção ela é considerada tácita.
Resilição, rescisão e distrato
Resilição, rescisão e distrato de contratos
Esses três termos costumam causar confusão, então, vejamos a distinção entre eles.
• Resilir um contrato é, tecnicamente, cortar o vínculo contratual entre as partes devido a várias causas 
específicas. É a dissolução do contrato por simples declaração de vontade de uma ou das duas partes 
contratantes.
• Rescindir um contrato é dissolvê-lo, rompê-lo devido a uma lesão.
• O distrato consiste de uma resilição bilateral, ou seja, as próprias partes contratantes deliberam 
dissolvê-lo mediante negócio extintivo. Por meio do distrato as partes rompem o vínculo contratual, 
extinguindo a relação jurídica.
Cessação
Cessação de contratos e seus efeitos
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Segundo Orlando Gomes, o caso em que há a morte de uma das partes contratantes impossibilita a execução do
contrato, ou faz cessá-la definitivamente, mas não pode ser considerada como inexecução involuntária. Esse caso
também não pode ser enquadrado no caso de resilição, pois esta depende da manifestação de vontade de uma ou
das duas partes contratantes.
Em princípio, a morte de uma das partes não constitui causa para dissolução de contrato. A regra mors omnia
 não se aplica no direito contratual. Isso só ocorre nos contratos . Nos demais casos, assolvit intuitu personae
obrigações do contrato transmitem-se aos herdeiros do de . Os efeitos da morte sobre o contrato não secujus
reduzem à sua extinção ou à substituição da parte por seus sucessores. Estes podem resilir o contrato, pedir a
restituição da coisa ou ainda exercer direitos especiais contra a outra parte.
Atenção
A extinção do contrato pela morte de uma das partes contratantes dá-se ex nunc, ou seja, não tem efeito
retroativo.
O que vem na próxima aula
Na próxima aula falaremos sobre Gestão de Contratos, os benefícios por ela trazidos, os processos e negócios da
Gestão de Contratos, além de estudarmos as fases do ciclo de vida dos contratos.
Até lá!
CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• nesta aula você viu que o conceito sobre o que seja contrato varia com o tempo e o contexto em que o 
Saiba mais
Se você quiser saber um pouco mais sobre os assuntos abordados nesta aula, sugerimos a
leitura dos capítulos I a VII do livro DIREITO DOS CONTRATOS, obra orientada por Giselda M.
F. Novaes Hironaka - Editora Revista dos Tribunais, 2008.
Sugestão de filme:
O Contrato (The Contract) – estrelado por Morgan Freeman, John Cusack e Jamie Anderson –
Millennium Films.
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• nesta aula você viu que o conceito sobre o que seja contrato varia com o tempo e o contexto em que o 
mesmo se ache inserido, e que ele é um instrumento legal que tem função econômica e social e serve para 
regular negócios jurídicos.
• você também pôde aprender a diferença entre pressupostos e requisitos de um contrato e viu que a 
manifestação da vontade nos contratos se dá por meio de declarações, as quais podem ter forma verbal, 
escrita ou simbólica, que expressam consentimento entre as partes contratantes.
• outro ponto importante estudado nesta aula refere-se às significações na esfera jurídica acerca das 
diferenças entre os termos distrato, resilição, rescisão e cessação de contratos.
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	Olá!
	
	Preâmbulo
	Contexto
	O que vem na próxima aula
	CONCLUSÃO

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