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0 COLÉGIO TABLEAU/CENTRO EDUCACIONAL ETIP TÉCNICO FARMÁCIA TURMA N MÓDULO ll PRISCILA DE SOUZA MATTOS TAISMARA ARAÚJO CARDOSO DANTAS VANILZA DA SILVA REIS VANDERSON DE SANTANA CHAGAS HEPATITE MEDICAMENTOSA Caraguatatuba 2020 1 PRISCILA DE SOUZA MATTOS TAISMARA ARAÚJO CARDOSO DANTAS VANILZA DA SILVA REIS VANDERSON DE SANTANA CHAGAS HEPATITE MEDICAMENTOSA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso Técnico de Farmácia do Colégio Tableau Centro Educacional ETIP, como requisito para obtenção do título de Técnico em Farmácia. Caraguatatuba 2020 2 RESUMO Hepatite medicamentosa é causada por inflamação no fígado de forma aguda (lesão hepática aguda) ou crônica provocada por drogas, medicamentos, suplementos alimentares, fitoterápicos ou insumos vegetais (chás e ervas). A maioria dos casos são assintomáticos e descobertos em exames rotineiros. Mas podem se manifestar como hepatite aguda com náuseas, vômito, cansaço, falta de apetite, seguidos por vezes de icterícia (olhos e pele amarelados), urina escura com cor de coca-cola. A evolução para cura ocorre na maioria dos casos. Mais raramente podem evoluir com insuficiência hepática grave (quando o fígado para de funcionar de forma aguda) com necessidade de cuidados intensivos e avaliação para transplante de fígado. 3 OBJETIVOS Objetivo Geral: • Alertar o uso inadequado de medicamentos de fácil acesso. Objetivos específicos: • Analisar o fácil acesso de medicamentos MIPS. • Investigar a automedicação. • Conscientizar o uso abusivo de medicamentos fitoterápicos. JUSTIFICATIVA O presente projeto justifica-se devido ao aumento significativo no número de casos de Hepatite no Brasil. A pesquisa segue o problema de quais são as consequências do uso inadequado de medicamentos de fácil acesso. METODOLOGIA Trata-se de um estudo de revisão da literatura, a coleta de dados será realizada nas seguintes bases de dados: Google Acadêmico, Scielo e Portal Capes, será utilizado os seguintes descritores de palavras chaves: Hepatite, Hepatite Medicamentosa e Saúde. No período de tempo serão coletadas pesquisas entre os anos de 2000 a 2019. A partir da coleta destes dados, os artigos serão analisados e só então será realizada a leitura dos resumos e dos artigos na íntegra. A análise de dados será realizada a partir da introdução ao que é a Hepatite e em seguida seu aprofundamento no real objetivo, a Hepatite Medicamentosa, em artigos de revisão, meta-análise e estudos de caso, através de entrevistas. 4 LISTA DE SIGLAS OMS – Organização Mundial da Saúde. SUS - Sistema Único de Saúde. FA - Fibrilação atrial. TGO - Transaminase glutâmico-oxalacética. TGP - Transaminase glutâmico-pirúvica. GGT – Gamaglutamiltranspeptidase. AINES - Anti-inflamatórios não esteroides. AAS - Ácido acetilsalicílico. COX-2 - Ciclo-oxigenase-2. PAF - Polineuropatia Amiloidótica Familiar. ATP - Trifosfato de adenosina. RNA - Ácido ribonucleico. NSAID - Anti-inflamatórios não esteroides. ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária. 5 SUMÁRIO REVISÃO DE LITERATURA ...................................................................................... 6 1. O que é a Hepatite .......................................................................................... 6 1.1. O que é a Hepatite Medicamentosa ...................................................... 7 2. Automedicação .............................................................................................. 11 2.1. Classes Terapêuticas – AINES ........................................................... 12 2.1.1. Nimesulida ..................................................................................... 13 2.1.2. Ibuprofeno ..................................................................................... 14 2.1.3. Diclofenaco .................................................................................... 15 2.2. Classes Terapêuticas – ANTIBIOTICOS ............................................ 16 2.2.1. Amoxicilina + Clavulanato de Potássio .......................................... 19 2.2.2. Eritromicina .................................................................................... 20 2.2.3. Ciprofluxacino ................................................................................ 21 2.3. Classes Terapêuticas – FITOTERÁPICOS ......................................... 21 2.3.1. Hypericum Performatium-induced ................................................. 23 2.3.2. Kava Kava ..................................................................................... 23 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 25 REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 26 6 REVISÃO DE LITERATURA 1. O que é a Hepatite As doenças hepáticas estão entre as enfermidades mais frequentemente observadas na prática clínica. São causas muito comuns de morbilidade e de mortalidade, e consequentemente, o conhecimento sobre estas patologias tem vindo a aumentar exponencialmente, com a ampliação do número de análises laboratoriais disponíveis para o seu diagnóstico e monitorização nas suas diferentes etiologias: viral, metabólica e imunológica. Hepatite é um termo genérico que significa inflamação do fígado. Pode ser causada por medicamentos, doenças autoimunes, metabólicas e genéticas, álcool, substâncias tóxicas e vírus. As hepatites mais conhecidas são as virais, causadas por vírus hepatotrópicos designados por letras do alfabeto (A, B, C, D e E). A doença tem um amplo espectro clínico, que varia desde formas assintomáticas, anictéricas, ictéricas atípicas, até a insuficiência hepática aguda grave. (BRASIL.2009). Conforme estimativas da Organização Mundial de Saúde (OMS), aproximadamente dois bilhões de pessoas se infectaram em algum momento da vida com o vírus da hepatite, e muitos portadores são assintomáticos e, devido a este fato, o diagnóstico é tardio, favorecendo a ocorrência de complicações da doença. No Brasil, as hepatites virais mais comuns são as causadas pelos vírus A, B e C. Milhões de pessoas são portadoras do vírus B ou C e não sabem. Elas correm o risco de as doenças evoluírem (tornarem-se crônicas) e causarem danos mais graves ao fígado, como cirrose e câncer. Por isso, é importante ir ao médico regularmente e fazer os exames de rotina que detectam a hepatite. A evolução das hepatites varia conforme o tipo de vírus. Os vírus A e E apresentam apenas formas agudas de hepatite (não possuindo potencial para formas crônicas). Isso quer dizer que, após uma hepatite A ou E, o indivíduo pode se recuperar completamente, eliminando o vírus de seu organismo. Por outro lado, as hepatites causadas pelos vírus B, C e D podem apresentar tanto formas agudas quanto crônicas de infecção - nesse último caso, quando a doença persiste no organismo por mais de seis meses. 7 As hepatites virais são doenças de notificação compulsória, ou seja, cada ocorrência deve ser notificada por um profissional de saúde. Esse registro é importante para mapear os casos de hepatites no país e ajuda a traçar diretrizes para as políticas públicas no setor. A hepatite nada mais é do que uma inflamação do fígado. O SUS oferece tratamento para todos independentes do grau de lesão do fígado. As hepatites são doenças que nem sempre apresentam sintomas, mas, quando estes estão presentes podem ser: Sintomasmais comuns da hepatite A e B: • Dor ou desconforto abdominal • Dor muscular • Fadiga • Náusea e vômitos • Perda de apetite • Febre • Urina escura • Amarelamento da pele e olhos Sintomas mais comuns da hepatite C: • Dor ou inchaço abdominal • Fadiga • Náusea e vômitos. • Perda de apetite • Febre • Urina escura • Coceira • Amarelamento da pele e olhos • Sangramento no esôfago ou no estômago O diagnóstico e o tratamento precoces podem evitar a evolução da doença para cirrose ou câncer de fígado. Por isso, é tão importante fazer os exames. O diagnóstico pode ser feito por testes rápidos que dão o resultado em uma hora. Também existem exames feitos em laboratório. A hepatite C tem cura em mais de 90% dos casos quando o tratamento é seguido corretamente. As hepatites B e D têm tratamento e podem ser controladas, evitando a evolução para cirrose e câncer. 8 A hepatite A é uma doença aguda e o tratamento se baseia em dieta e repouso. Geralmente melhora em algumas semanas e a pessoa adquire imunidade, ou seja, não terá uma nova infecção. Todas as hepatites virais devem ser acompanhadas pelos profissionais de saúde, pois as infecções podem se agravar. 1.1. O que é a hepatite medicamentosa Hepatite medicamentosa é causada por inflamação no fígado de forma aguda (lesão hepática aguda) ou crônica provocada por drogas, medicamentos, suplementos alimentares, fitoterápicos ou insumos vegetais (chás e ervas). O desenvolvimento da hepatite medicamentosa pode estar relacionado, em alguns casos, com o uso em excesso de alguns medicamentos ou com a sua toxicidade, o que faz com que o remédio atinja diretamente as células do fígado. Em outros casos, a hepatite medicamentosa pode acontecer devido à hipersensibilidade da pessoa a determinado medicamento. A hepatite medicamentosa não se pega pois ela não é contagiosa, sendo somente causada pelo uso de substâncias que prejudicam o funcionamento do fígado. Os antibióticos são os mais frequentes medicamentos que podem vir a causar uma hepatite medicamentosa, incluindo aqueles utilizados para o tratamento da tuberculose, seguidos pelos anticonvulsivantes e anti-inflamatórios. A maioria dos casos são assintomáticos e descobertos em exames rotineiros. Mas podem se manifestar como hepatite aguda com náuseas, vômito, cansaço, falta de apetite, seguidos por vezes de icterícia (olhos e pele amarelados), urina escura com cor de Coca-Cola. A evolução para cura ocorre na maioria dos casos. Mais raramente podem evoluir com insuficiência hepática grave (quando o fígado para de funcionar de forma aguda) com necessidade de cuidados intensivos e avaliação para transplante de fígado! Alguns casos podem progredir para hepatite crônica, e mesmo cirrose hepática (tipo de cicatrização no fígado levando a doença hepática terminal). Os principais mecanismos de injúria provocada por medicamentos são: reação intrínseca e reação idiossincrásica. Na primeira, a droga em uso lesa diretamente o hepatócito, sendo o início rápido. São exemplos deste grupo o etanol e o acetaminofen. Na reação idiossincrásica ocorre lesão dos hepatócitos através da ação de metabólitos da medicação em uso. Nesta forma também são verificadas reações imunológicas. O período entre o uso da medicação e o início das manifestações é 9 variável e longo. São exemplos deste grupo, o halotano, a isoniazida e a amiodarona, entre outros. As manifestações clínicas associadas à hepatite medicamentosa são variadas podendo haver, por exemplo, hepatite aguda, hepatite crônica, colestase e esteatose. Nas formas com lesão hepatocelular são identificados aspectos clínicos semelhantes aos verificados nas hepatites agudas virais, como anorexia, náuseas, mal-estar, dor abdominal e astenia. Da mesma forma que nas hepatites agudas virais, a avaliação da função hepática é de grande importância, podendo determinar o momento da indicação do transplante hepático. Nos casos com características de lesão colestática, induzidos muitas vezes por anabolizantes ou anticoncepcionais, verifica-se icterícia, algumas vezes intensa. A colestase pode se apresentar como colestase pura, hepato- canalicular ou colangio- destrutiva. Na forma pura verifica-se elevação de enzimas de colestase (G-GT e FA) e pequenas oscilações nos níveis séricos de transaminases. Na forma hepato- canalicular ocorre elevação significativa de G-GT, FA e transaminases. Na colangio- destrutiva pode ocorrer colestase cronica e até cirrose biliar secundária. Dentre os fatores de risco estão: idade avançada; uso associado de álcool e várias medicações; existência de doenças hepáticas prévias; consumo de extrato de plantas e doses elevadas de medicamentos. Os sintomas da hepatite medicamentosa surgem de forma repentina, normalmente após o uso do medicamento, sendo os principais sintomas: • Febre baixa; • Cor amarelada na pele e na parte branca dos olhos; • Coceira pelo corpo; • Dor no lado direito do abdômen; • Náuseas; • Vômitos; • Mal-estar; • Urina escura como cor de Coca-Cola; • Fezes de cor clara como argila ou massa de vidraceiro. A hepatite medicamentosa pode ser identificada por meio da avaliação dos sintomas pelo médico, principalmente após a utilização de alguma medicação ou exposição a substâncias tóxicas, e resultado dos exames solicitados. 10 Quando há suspeita de hepatite medicamentosa, o médico normalmente solicita o hepatograma, que corresponde a um grupo de exames que são solicitados para avaliar o funcionamento do fígado, sendo os exames realizados TGO, TGP, GGT, albumina, bilirrubina, lactato desidrogenase e tempo de protrombina. Esses exames normalmente são solicitados juntos e fornecem informações importantes sobre a condição do fígado, estando alterados quando há alguma lesão, já que são marcadores muito sensíveis. O tratamento para a hepatite medicamentosa consiste na suspensão imediata do medicamento, ou a exposição a qualquer substância tóxica que pode ter causado a doença. Quase 90% dos casos evoluem com melhora espontânea. Os pacientes sintomáticos devem receber hidratação e tratamento para aliviar os sintomas, como coceira, alergia, náuseas ou vômitos. Quando esta medida não é o suficiente, o médico pode prescrever corticoides por um período de aproximadamente 2 meses ou até a normalização dos exames do fígado. Normalmente após 1 a 3 anos o paciente deve ser novamente examinado para avaliar como está seu fígado. Aqueles pacientes que evoluem com falência hepática (parada de funcionamento do fígado) devem ser encaminhados para unidade de terapia intensiva com suporte e avaliação para o transplante hepático. Durante o período de tratamento, o paciente deve seguir uma dieta consiste basicamente em beber bastante água e aumentar o consumo de alimentos naturais como legumes, verduras, frutas e cereais, diminuindo o consumo de alimentos ricos em gorduras e as bebidas alcoólicas. Este tipo de alimentação é importante para facilitar a desintoxicação do fígado, pois estes tipos de alimentos são mais facilmente digeridos e o fígado é menos requisitado. Como formas de prevenção da hepatite medicamentosa recomenda-se só tomar medicamentos receitados pelo médico e nunca exceder as doses recomendadas. Além disso, pessoas que trabalham em ambientes industriais e são diariamente expostos a produtos tóxicos, devem utilizar vestimentas adequadas e máscaras para evitar a inalação desses produtos, evitando a irritação do fígado e desenvolvimento da hepatite medicamentosa. 11 2. Automedicação Os medicamentos ocupam um papel importante nos sistemas sanitários, pois salvam vidas e melhoram a saúde (MARIN et al, 2003). A utilização de medicamentos é a forma mais comum de terapia em nossa sociedade, porém existem estudos demonstrando a existência de problemas de saúde cuja origem está relacionada ao uso de fármacos.Às pressões sociais as quais estão submetidos os prescritores, a estrutura do sistema de saúde e o marketing farmacêutico são habitualmente citados como fatores envolvidos nessa problemática (DALL AGNOL, 2004). O amplo uso de medicamentos sem orientação médica, quase sempre acompanhado do desconhecimento dos malefícios que pode causar, é apontado como uma das causas de estes constituírem o principal agente tóxico responsável pelas intoxicações humanas registradas no país (LESSA, et al., 2008). Dessa forma, o uso indiscriminado de medicamentos tornou-se uma das grandes dificuldades enfrentadas pela saúde no âmbito mundial. Um estudo sobre farmácia caseira observou que 97% das residências visitadas possuíam pelo menos um medicamento estocado, e o número de medicamentos estocados variou de 1 a 89 itens (média de 20 itens). Cerca de 55% dos medicamentos em estoque foram adquiridos sem prescrição médica. Do total, 25% estavam vencidos e destes, 24% continuavam sendo utilizados (FERNANDES, 2000). De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde, 29% dos óbitos ocorridos no Brasil são provocados por intoxicação medicamentosa. Além disso, 15% a 20% dos orçamentos hospitalares são utilizados para tratar complicações causadas pelo mal-uso de medicamentos. Estes dados deixam claro que as ações realizadas até hoje em termos de prevenção e promoção do uso racional de medicamentos não foram suficientes. No âmbito da assistência farmacêutica, a educação em saúde, ainda é o maior instrumento para a promoção do uso racional dos medicamentos. Este é um processo que informa, motiva e ajuda a população a adotar e manter práticas e estilos de vida saudáveis. Inclui a educação da população visando instruir sobre a natureza das enfermidades, motivando-os a participarem ativamente do seu controle e cumprindo com as instruções repassadas pelos profissionais de saúde. Com a promoção do uso racional de medicamentos, pode-se contribuir para a diminuição dos números de 12 intoxicação e internações hospitalares, e consequentemente atuar mais em níveis de prevenção e promoção da saúde proporcionando melhor alocação dos recursos disponíveis. 2.1. Classes Terapêuticas – AINES Os AINEs pertencem a duas grandes classes, os Inibidores não seletivos da COX e os Inibidores seletivos da COX-2. Os AINEs com ação predominante sobre a COX- 1 são: ácido acetilsalicílico (AAS), indometacina, ibuprofeno, fenoprofeno, cetoprofeno e piroxican. Esses medicamentos são comercializados há muitos anos e são os mais utilizados em adultos e crianças. Os coxibes (celecoxibe), valdecoxibe, rofecoxibe e etoricoxibe são inibidores potentes da COX-2. Até 2005, nenhum desses fármacos havia sido aprovado para uso em crianças, e os dados sobre sua toxicidade provêm de estudos realizados em adultos e experimentalmente. Classificação dos AINEs: 1. Ácidos e ésteres salicílicos - AAS, diflunisal, benorilato. 2. Ácidos acéticos - fenilacéticos: diclofenaco, alclofenaco, fenclofenaco. 3. Ácidos carbo e heterocíclicos - etodolaco, indometacina, sulindac, tolmetin. 4. Ácidos propiônicos - carprofen, flurbiprofen, cetoprofeno, oxaprozin, suprofeno, ibuprofeno, naproxeno, fenoprofeno. 5. Ácidos fenâmicos - flufenâmico, mefenâmico, meclofenâmico. 6. Oxicams - piroxicam, sudoxicam, isoxicam, tenoxicam, meloxicam. 7. Compostos não acídicos - nabumetona. 8. Coxibes - celecoxibe, rofecoxibe*, etoricoxibe, valdecoxibe, parecoxibe. Todos os AINEs possuem eficácia anti-inflamatória similar. O AAS é protótipo do grupo, por ser o mais antigo, menos oneroso e mais bem estudado, é utilizado como referência nos estudos dos demais compostos do grupo. 13 Sendo a eficácia similar, a escolha do AINE a ser indicado, deve basear-se em outros critérios como: • Toxicidade relativa; • Conveniência para o paciente; • Custo; • Experiência de emprego. Embora os efeitos adversos sejam qualitativamente iguais, há diferenças quantitativas de intensidade e prevalência dos mesmos. Assim, derivados da pirazolona (fenilbutazona) são demasiadamente tóxicos para serem usados como analgésicos ou em processos inflamatórios menores. Por outro lado, o Nimesulida parece ser particularmente útil em pacientes que têm intolerância ao AAS e a outros AINEs. A conveniência se refere ao número de administrações diárias que variam de 1 a 4, dependendo da meia-vida das substâncias, o que influencia a adesão do paciente ao tratamento. Nessa perspectiva, salienta-se o Piroxicam administrado a cada 24 horas. O custo diário com doses médias é bastante variável, devendo ser analisado antes da prescrição. No Brasil, a diferença de preço entre os AINEs pode ser de 10 vezes, com o AAS, Piroxicam e Ibuprofeno entre os de menor custo. 2.1.1. Nimesulida A nimesulida é um anti-inflamatório e tem como denominação química (N-(4- nitro-2-fenoxifenil) metanossulfonamida). De acordo com a denominação comum e internacional é identificado por nimesulida (MOREIRA, et al, 2009). Segundo a Farmacopeia Brasileira (2004), a nimesulida apresenta-se na forma de um pó amarelo pálido, cristalino, levemente untuoso ao tato, inodoro e não higroscópico. Seu peso molecular é 308,31 g. mol-1. Apresenta- se como um ácido fraco praticamente insolúvel em água, pouco solúvel em etanol e facilmente solúvel em acetona (RUELA, et al, 2009). A nimesulida apresenta ações analgésicas, anti-inflamatórias e antipiréticas, estando indicados no tratamento de estados febris, processos inflamatórios 14 relacionados com a liberação de prostaglandinas, notadamente osteoarticulares e musculoesqueléticas; e também como analgésico para cefaleias, mialgias, e no alívio da dor pós-operatória. Além da inibição seletiva da COX-2, a nimesulida neutraliza a formação de radicais livres de oxigênio produzidos durante o processo inflamatório. Efeitos adicionais incluem a diminuição na produção de citocinas, a redução na produção de enzimas de degradação e eventualmente a ativação de receptores glicocorticoides. Também foi relatada a inibição da liberação de histamina pelos mastócitos e basófilos e a produção do fator de ativação plaquetária (PAF) por neutrófilos (ARAÚJO, 2012). A eliminação da nimesulida é quase que exclusivamente através do metabolismo hepático, sendo metabolizada pelas enzimas do citocromo P450. Dessa forma, a insuficiência hepática modifica quase que completamente o perfil farmacocinético da nimesulida, aumentando significativamente as taxas de seu metabólito 4- hidroxinimesulida e sua meia-vida plasmática, reduzindo assim a sua eliminação (ARAÚJO, 2012). A hepatotoxidade, embora seja raramente relatada como efeito adverso aos AINES, pode se manifestar de forma severa, o que fez com que alguns fármacos dessa categoria fossem retirados do mercado, uma vez que é pouco previsível em modelos de estudo pré-clínicos e em experimentos clínicos padronizados, vários autores têm relatado casos clínicos em que a hepatotoxidade associada ao uso de nimesulida ocorreu em vários países, tornando discutível sua segurança nesse aspecto (ARAÚJO, 2012). Conforme ARAÚJO (2012) vários dos mecanismos pelos quais se desenvolve a toxicidade hepática por medicamentos já foram esclarecidos, entre eles destacam-se: a biotransformação de xenobióticos mediada por enzimas do citocromo P450(CYP); a depleção de ATP; a ligação a constituintes citoplasmáticos e nucleares; interferências no RNA. 2.1.2. Ibuprofeno O ibuprofeno é um anti-inflamatório nonsteroidal (NSAID) que reduza níveis das hormonas que causam a dor, a inflamação, o inchamento e a febre. Este medicamento tem ação contra a inflamação (reação de defesa do organismo a uma agressão), dor e febre. Ibuprofeno é indicado no alívio dos sinais e sintomas de osteoartrite (lesão crônica das articulações ou “juntas”) e artrite 15 reumatoide (inflamação crônicadas "juntas” causada por reações autoimunes, quando o sistema de defesa do corpo agride por engano ele próprio), reumatismo articular (inflamação das “juntas”), nos traumas relacionados ao sistema musculoesquelético (como entorse do tornozelo e dor nas costas) e alívio da dor após procedimentos cirúrgicos em odontologia, ginecologia, ortopedia, traumatologia e otorrinolaringologia. Como o outro NSAIDs, o ibuprofeno é associado com um número de efeitos secundários. Overdosing na droga pode conduzir à toxicidade e aos efeitos prejudiciais sérios, embora o risco de complicações risco de vida ou de morte seja baixo. Os efeitos da overdose incluem os sintomas que variam na severidade, de nenhuns sintomas toda completamente naqueles que exigem cuidados intensivos. Os efeitos tóxicos não são considerados geralmente em doses de menos de 100 mg/kg mas podem ser severos quando as doses excedem 400 mg/kg. As elevações em testes de função do fígado são encontradas em até 15% dos pacientes. Os efeitos secundários hepáticas colestase, hepatite, icterícia e falha hepática foram relatados raramente. O ibuprofeno foi implicado igualmente nas crianças com síndrome colagoga de desaparecimento aguda e na hepatite aguda entre pacientes com hepatite crônica C. Paciente com infecção hepática exija testes de função regulares do fígado quando estão recebendo o ibuprofeno. A hepatite Ibuprofeno-induzida pode conduzir à fatalidade. 2.1.3. Diclofenaco O diclofenaco pertence ao subgrupo dos AINES derivados do ácido fenilacético, utilizado principalmente na forma de sal sódicoou potássico. Pode ser administrado pelas vias oral, intramuscular, retal ou tópica. Quando ingerido por via oral, o diclofenaco está sujeito a metabolismo de primeira passagem com cerca de 60% atingindo a circulação sistêmica na sua forma inalterada. Em concentrações terapêuticas, o diclofenaco apresenta ligação às proteínas plasmáticas de mais de 99%. As concentrações plasmáticas máximas são atingidas cerca de 30 minutos após a administração. Sua meia-vida terminal no plasma é de cerca de 1-2 horas. No entanto, o diclofenaco é capaz de entrar no líquido sinovial, onde as concentrações podem persistir e continuar a exercer uma resposta terapêutica, mesmo quando 16 ocorre diminuição das concentrações plasmáticas. Do metabolismo do diclofenaco decorre: • Hidroxidiclofenaco • hidroxidiclofenaco, • hidroxidiclofenaco • dihidroxidiclofenaco. A excreção ocorre principalmente na urina (60%), bem como, na bile (35%), sob a forma de glicuronídeo e conjugados de sulfato. Menos de 1% é excretado como diclofenaco inalterado. O diclofenaco é indicado para o tratamento de dor branda a moderada e inflamação no âmbito clínico e pós-operatório. Está disponível em formulações orais nas formas de sais de sódio, po- tássio ou sódio/misoprostol; formas tópicas atualmente disponí-veis incluem gel, adesivo transdérmico e solução. O diclofenaco é utilizado no tratamento de ampla gama de doenças e condições, incluindo distúrbios osteomusculares e articulares, distúrbios Peri articulares, distúrbios do tecido mole e condições dolorosas, como cólicas renais, gota aguda, dismenorreia, enxaqueca, febre e queratoses actínicas. A solução tópica ocular do diclofenaco na forma de solução oftálmica a 0,1% é utilizada na prevenção de miose intraoperatória durante extrações cirúrgicas de cataratas, na inflamação pós-operatória, dor nos defeitos epiteliais da córnea após cirurgia ou trauma, como também no tratamento sinto- mático da conjuntivite alérgica10,11. O diclofenaco é o AINE mais frequentemente prescrito em todo o mundo, classificado como o 8o medicamento mais comercializado no mundo, tendo sido utilizado por mais de um bilhão de pacientes desde a primeira aprovação pelas autoridades sanitárias. 2.2. Classes Terapêuticas – ANTIBIÓTICOS Antibióticos são medicamentos utilizados especificamente para a eliminação de bactérias sem danificar as células de nosso corpo. Existem diversos tipos de antibióticos diferentes para que haja efeito em todo tipo de bactéria prejudicial ao nosso organismo. Eles são medicamentos que funcionam exclusivamente em bactérias e não são capazes de eliminar vírus e fungos. 17 O primeiro antibiótico descoberto foi a penicilina. Ela foi descoberta por acidente pelo médico microbiologista britânico Alexander Fleming. Ele fazia estudos em busca de um jeito de evitar infecções bacterianas. Tirou férias em agosto de 1928 e esqueceu de colocar algumas das placas de amostras bacterianas em refrigeração. No mês seguinte, ao voltar ao trabalho, encontrou a amostra contaminada por mofo. Quando ia descartar a amostra, um colega o visitou e perguntou sobre a pesquisa. Fleming usou as amostras que tinha para explicar o trabalho e percebeu que, em uma delas, havia um círculo transparente ao redor do mofo que contaminava as bactérias, indicando que ele produzia uma substância bactericida. Depois de coletar amostras do mofo e fazer mais testes, foi produzida a penicilina, o primeiro antibiótico, pela primeira vez. Tipos de antibióticos: Existem diversas variedades de antibióticos que são usados para diferentes tipos de infecção. Os antibióticos são separados de acordo com suas estruturas químicas e mecanismos de ação. As classificações são as seguintes: Aminoglicosídeos Usado para tratar infecções severas por bactérias gram-negativas como a Escherichia coli. Pode causar toxicidade do nervo vestibulococlear. Antibióticos aminoglicosídeos penetram na bactéria e inibem a síntese de proteínas dela, matando-a. Um dos representantes é a neomicina. Ansamicinas Este antibiótico foi desenvolvido para a redução de células tumorais. Apesar de antibióticos agirem em bactérias, este ataca tumores usando o mesmo mecanismo usado para eliminar os micróbios. Ainda está em fase experimental. Pode causar toxicidade do fígado, dos rins e do sistema gastrointestinal. Um dos representantes é a herminicina. Carbacefem Usado para infecções respiratórias e urinárias. Pode ser representado pela loracarbefe. Carbapenem Um antibiótico de amplo espectro, é usado tanto para bactérias gram-positivas quanto para gram-negativas. Ele previne a divisão celular da bactéria ao inibir a produção da parede celular. Um dos representantes é o meropeném. Cefalosporinas (primeira a quinta geração) 18 As cefalosporinas são divididas em diversas gerações. Cada uma possui algumas diferenças em relação à anterior, frequentemente em sua eficácia contra resistências. As cefalosporinas de terceira geração, por exemplo, são eficazes em bactérias gram- positivas e gram-negativas e são frequentemente utilizadas em infecções hospitalares, que costumam ser resistentes a diversos antibióticos devido a seu lugar de reprodução. As de quarta geração possuem o mesmo efeito, mas são mais eficazes ainda contra bactérias gram-positivas e mais eficazes contra bactérias resistentes a terceira geração. As cefalosporinas podem ser representadas pela cefalexina, da primeira geração. Glicopeptídeos Utilizados em pacientes em estado grave e com hipersensibilidade a antibióticos betalactâmicos, como as penicilinas e as cefalosporinas. Um glicopeptídeo é a teicoplanina. Macrolídeos Usados contra infecções pela Doença de Lyme e sífilis. Alguns macrolídeos podem ser usados contra pneumonia. A azitromicina é um dos representantes. Monobactamas Usadas contra bactérias gram-negativas aeróbias, como enterobactérias. São inativas contra gram-positivos e bactérias anaeróbicas. O aztreonam representa uma monobactama. Penicilinas Penicilinas são usadas contra muitos tipos de infecções. Foram os primeiros antibióticos e possuem um amplo espectro de ação. A amoxicilina faz parte deste grupo. Antibióticos polipeptídicos Pode ser usado em casos de infecções oculares e urinárias. A colistina, que pertencea este grupo, é usada para combater infecções hospitalares pois, devido a seu pouco uso, poucas bactérias desenvolveram resistência a ela. Quinolonas Usados em infecções do trato urinário, diarreia bacteriana, prostatites causadas por bactérias e gonorreia, entre outros. Representado pelo ciprofloxacino. Sulfonamidas Este tipo de antibiótico é usado contra infecções urinárias e por salmonela. A sulfadimetoxina faz parte deste grupo. Tetraciclinas Infecções por de clamídia, sífilis e acne podem ser tratadas pelas tetraciclinas, entre outras. A tetraciclina faz parte deste grupo e é o antibiótico que dá seu nome. https://minutosaudavel.com.br/sifilis/ https://minutosaudavel.com.br/pneumonia/ https://minutosaudavel.com.br/diarreia/ https://minutosaudavel.com.br/gonorreia/ https://minutosaudavel.com.br/acne/ 19 Lincosamidas Usado para prevenir infecções após a realização de cirurgias e para o tratamento de acne. A lincomicina faz parte deste grupo. Diversos antibióticos Cada uma dessas classes possui diversos antibióticos diferentes. Eles agem de maneira parecida dentro de sua própria classe, mas cada classe age de maneira diferente da outra. Algumas são mais agressivas e causam efeitos colaterais diferentes ou são, até mesmo, capazes de causar danos no corpo. Existem ainda os antibióticos que não se encaixam em nenhuma destas classificações, como é o caso do etambutol, um antibiótico utilizado para o tratamento de tuberculose e que age através da inibição da formação da parede celular das bactérias. Os antibióticos mais utilizados são os seguintes: • Ciprofloxacino; • Amoxicilina; • Ampicilina; • Azitromicina; • Cefalexina; • Tetraciclina 2.2.1. Amoxicilina + Clavulanato de Potássio Amoxicilina + clavulanato de potássio é um antibiótico de amplo espectro que possui a propriedade de atuar contra microrganismos gram-positivos e gram- negativos, produtores ou não de betalactamases. A amoxicilina é uma penicilina semissintética com amplo espectro de ação e deriva do núcleo básico da penicilina, o ácido 6-aminopenicilânico. O ácido clavulânico é uma substância produzida pela fermentação do Streptomyces clavuligerus, que possui a propriedade especial de inativar de modo irreversível as enzimas betalactamases, permitindo, dessa forma, que os microrganismos se tornem sensíveis à rápida ação bactericida da amoxicilina. Ambos os sais possuem propriedades farmacocinéticas muito equivalentes: os níveis máximos ocorrem 1 hora após a administração oral, têm baixa ligação proteica e podem ser administrados com as refeições porque permanecem estáveis na presença do ácido clorídrico do suco gástrico. Este medicamento contém como princípios ativos a amoxicilina, quimicamente D-(-)-alfa-amino-phidroxibenzilpenicilina, e o clavulanato de potássio, sal potássico do ácido clavulânico. Das reações um tanto raras da amoxicilina+clavulanato de potássio, está a hepatite: https://minutosaudavel.com.br/tuberculose/ https://consultaremedios.com.br/azitromicina/pa https://consultaremedios.com.br/cefalexina/pa 20 Hepatite e icterícia colestática (eventos notados com outros penicilânicos e cefalosporínicos); os eventos hepáticos reportados ocorreram predominantemente em homens e idosos e podem estar associados a tratamento prolongado. Em geral, os sinais e sintomas (normalmente reversíveis) ocorrem durante ou logo depois do tratamento, mas em alguns casos podem não ser aparentes até várias semanas após o término do tratamento. As reações hepáticas podem ser graves, mas os relatos de morte são extremamente raros. Os óbitos ocorreram quase sempre em pacientes com doença subjacente grave ou que faziam uso de outros medicamentos cujo potencial de efeitos hepáticos indesejáveis era conhecido. 2.2.2. Eritromicina A eritromicina é um antimicrobiano da classe dos macrolídeos. Seu espectro de ação é muito semelhante ao da penicilina, sendo uma alternativa segura e eficaz em pacientes sensíveis à penicilina. A eritromicina é eficaz contra bactérias gram- positivas e espiroquetas, mas não contra a maioria dos organismos gram-negativos, exceto pela N. gonorrhoeae e, em menor grau, o H. influenzae. O Mycoplasma pneumoniae, a Legionella e alguns microrganismos do tipo clamídia também são susceptíveis. A dose oral habitual para adultos é o equivalente a eritromicina 1 a 2 g diariamente em 2 a 4 doses divididas; para grave infecções esta pode ser aumentada para até 4 g por dia em doses divididas. Doses diárias superiores a 1 g devem ser administrado em mais de 2 doses divididas. Para a prevenção de infecções estreptocócicas em pacientes com evidência de febre reumática ou doença cardíaca, que são incapazes de tomar penicilina ou sulfonamidas, uma dose de 250 mg duas vezes ao dia pode ser administrada. Em doentes que não conseguem tomar eritromicina por via oral e naqueles que estão gravemente doentes, nos quais é necessário para atingir uma concentração sanguínea alta imediata, eritromicina pode ser administrada por via intravenosa como o lactobionato, em doses equivalentes às administradas por via oral. O uso da eritromicina está contraindicado para pacientes com hipersensibilidade à eritromicina e para hepatopatas. Este macrolídeo, especialmente na forma de estolato de eritromicina, tem potencial de ocasionar doença colestática e 21 necrose de hepatócitos. Muitas vezes necessita exploração cirúrgica, apresentando bom prognóstico. 2.2.3. Ciprofluxacino Das características farmatológicas, o ciprofloxacino é um agente antibacteriano quinolônico sintético, de amplo espectro (código ATC: J01MA02). O ciprofloxacino, pertence ao grupo das quinolonas. As quinolonas bloqueiam a girase, uma enzima bacteriana, que tem um papel vital no metabolismo e na reprodução bacteriana, matando os germes causadores da doença. É indicado no tratamento de infecções complicadas e não complicadas causadas por microrganismos sensíveis ao ciprofloxacino, como as de trato respiratório, ouvido, olhos, rins e/ou trato urinário, pele, infecções generalizadas, entre outras. Os resultados das experiências clínicas realizadas e documentadas demonstraram que os microrganismos causadores das infecções foram erradicados em 81,9% dos casos. Clinicamente, quase 94,2% dos pacientes apresentaram melhora acentuada ou recuperação completa. Segundo a empresa farmacêutica SANDOZ (2003), o ciprofloxacino tem atividade in vitro contra uma ampla gama de microrganismos gram-negativos e gram- positivos. A ação bactericida do ciprofloxacino resulta da inibição da topoisomerase bacteriana do tipo II (DNA girase) e topoisomerase IV, necessárias para a replicação, transcrição, reparo e recombinação do DNA bacteriano. O ciprofluxacino pode acarretar distúrbios hepatobiliares, como o aumento das transaminases e aumento da bilirrubina, disfunção hepática, icterícia e hepatite (não infecciosa) ou até mesmo uma necrose hepática (muito raramente progredindo para insuficiência hepática com risco para a vida). 2.3. Classes Terapéuticas – FITOTERÁPICOS Os medicamentos fitoterápicos são definidos pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) como aqueles que são obtidos a partir de derivados vegetais e que os riscos, os mecanismos de ação e onde agem no nosso corpo são conhecidos. Esses medicamentos são feitos exclusivamente de matéria-prima vegetal. É importante destacar que não é considerado um fitoterápico aquele medicamento que contém substâncias ativas isoladas, bem como sua associação com extratos vegetais. 22 Todo fitoterápico deve ter sua ação comprovada através de estudos farmacológicos e toxicológicos. Além disso, deve-se fazer um levantamento dos artigos publicados, bem como do conhecimento tradicional sobre determinada espécie vegetal. Só após confirmadas sua ação e qualidade, ele é registrado. A utilização de produtos naturais com propriedadesterapêuticas é tão antiga quanto à civilização humana e, ao longo do tempo, os produtos de origem mineral, animal e vegetal foram as principais fontes do arsenal terapêutico. Nos últimos anos, tem crescido o interesse nas terapias alternativas e no uso terapêutico de produtos naturais, principalmente aqueles derivados de plantas (Cragg & Newman, 2013; Tabassum, et al. 2014; Lall & Kishore, 2014). Eles diferenciam-se das plantas medicinais em alguns pontos. Primeiramente, devemos saber que plantas medicinais são aquelas usadas tradicionalmente e que possuem capacidade de aliviar sintomas ou até curar algumas patologias. Normalmente, a população faz uso desse tipo de planta através de chás, infusões, macerados, sucos, entre outras formas. Ao utilizar a planta medicinal de maneira industrial para obtenção de um medicamento, surge um fitoterápico. O processo de industrialização é importante porque evita contaminações, além de dosar de maneira correta a quantidade que uma pessoa pode consumir. Esse último ponto é essencial para evitar intoxicações com esses produtos, fato que constantemente acontece com plantas medicinais. É comum que as pessoas pensem que, por ser um produto natural, ele não causa problemas à saúde. Entretanto, sabe-se que os fitoterápicos, assim como qualquer outro medicamento, podem ocasionar problemas que desencadeiem até mesmo a morte se não forem usados corretamente e em doses certas. Os medicamentos fitoterápicos possuem seus benefícios comprovados pela Organização Mundial de Saúde e, como qualquer medicamento, só devem ser usados com recomendação médica. Lembre-se também de que o médico deve ser informado sobre a utilização de qualquer um desses produtos, inclusive do uso de plantas medicinais. Isso é válido principalmente para pessoas que realizarão procedimentos cirúrgicos. Ao utilizar um medicamento fitoterápico, lembre-se de olhar as datas de validade, bem como as orientações de uso. É importante informar o médico da ocorrência de qualquer sintoma desagradável. Além disso, deve-se verificar se o 23 medicamento possui registro na ANVISA. Para isso, acesse o site da Agência e realize a consulta. Caso ele não tenha registro, comunique a Vigilância Sanitária. 2.3.1. Hypericum Performatium-Induced É uma planta herbácea perene, distribuída pela Europa, Ásia, norte da África e nos Estados Unidos (Peng et al., 2005). É comumente conhecida como hipérico, orelha-de-gato, alecrim-bravo, arruda-de-São-Paulo, arruda-do-campo, milfurada, Erva de São João e St. John`s Wort (Bufalo, 2007). Na maioria das preparações farmacêuticas são utilizadas as partes aéreas da planta (Bufalo, 2007). O gênero Hypericum Linn. pertence à família Hypericaceae, compreendendo mais de 450 espécies, sendo Hypericum perforatum a mais representativa (Vattikuti & Ciddi, 2005; Coleta, 2008). A composição química de HP atrai a atenção de muitos cientistas, devido a sua grande variedade de metabólitos secundários diferentes. HP contém ao menos dez classes de compostos biologicamente ativos, dentre eles antraquinonas/naftodiantronas, derivados de floroglucinol, flavonoides, biflavonas, xantonas, óleos voláteis, aminoácidos, vitamina C, cumarinas, taninos e carotenoides. A concentração e proporção dos diferentes constituintes na planta estão intimamente relacionadas às condições ambientais e período da colheita, ao processo de secagem e condições de armazenamento. Considerando os dois extratos, orgânico e aquoso, aproximadamente 20% dos compostos presentes em cada extrato apresentam efeitos biológicos (Greeson et al., 2001; Hussain et al., 2009). Os flavonoides representam 2 a 4% do extrato do HP, sendo que os de maior importância são os derivados glicosilados da quercetina, como hiperosídeo, rutina, quercitrina e isoquercetrina. Os glicosídeos com agliconas como o canferol e miricetina também são encontrados (Patočka, 2003; Nör, 2006). Indicado no tratamento dos estados depressivos leves a moderados. Os comprimidos revestidos devem ser ingeridos inteiros e sem mastigar com quantidade suficiente de água para que sejam deglutidos. 2.3.2. Kava Kava Esse medicamento é constituído por um extrato padronizado do rizoma de P. methysticum rico em substâncias lipossolúveis denominadas kavalac- tonas (kavaína, diidrokavaína, yangonina, desmetoxiangonina), também conhecidas como 24 kavapironas, as quais apresentam uma variedade de efeitos no Sistema Nervoso Central (SNC) com ação nos estágios leves a moderados de ansiedade e insônia. O extrato de P. methysticum possui ação sobre o núcleo amigdaliano le- vando a uma diminuição da atividade do sistema límbico, o que determina uma ação ansiolítica. Adicionalmente, exerce efeitos presumíveis sobre a formação reticular. A diminuição da ansiedade, da tensão e da agitação aumenta a tolerância ao estresse mental e leva a uma maior estabilidade emocional. Kava Kava Herbarium é destinada ao tratamento sintomático de estágios leves a moderados de ansiedade e insônia em curto prazo (1 a 8 semanas de tratamento). Possui substâncias chamadas kavalactonas que alteram alguns mecanismos cerebrais auxiliando no alívio da ansiedade e insônia. O início de ação deste medicamento se dá uma hora após sua administração. Os efeitos do produto são notados após um período breve, sendo intensificados durante as semanas subsequentes. Uma superdosagem pode ocasionar desordens do movimento como falta de coordenação, desequilíbrio, acompanhada de distúrbios da atenção, cansaço, sonolência, perda do apetite, diarreia, coloração amarelada da pele. Segundo a Sociedade Brasileira de Hepatologia (2011), vários relatos de hepatite aguda têm sido apresentados em função da automedicação com Kava-Kava, alguns com evolução grave para transplante hepático e mesmo para a morte. https://minutosaudavel.com.br/estresse/ https://minutosaudavel.com.br/ansiedade/ https://minutosaudavel.com.br/insonia-o-que-e-causas-tratamento-remedios-e-o-que-fazer/ https://minutosaudavel.com.br/diarreia/ 25 CONSIDERAÇÕES FINAIS Hepatite é uma inflamação que acomete o fígado provocada por vírus, substâncias tóxicas e álcool. O tipo menos conhecido e pouco discutido pela população é a hepatite tóxica ou medicamentosa que atinge as células do fígado de forma aguda ou crônica, provocada por drogas, medicamentos suplementos alimentares, fitoterápicos e insumos vegetais (chás e ervas). O consumo em excesso e as interações que acontecem entre outras substâncias, que na maioria das vezes é desconhecido pelo médico, pois o paciente faz uso de outros fármacos por conta própria (automedicação), tem contribuído para o aumento desta patologia. Por meio de farmácias e drogarias particulares a população tem encontrado nos medicamentos livres de prescrições uma fonte de acesso fácil para um problema de saúde pública que precisa ser efetivamente encerrado. Para nós alunos do curso de farmácia, este trabalho permitiu a ampliação dos conhecimentos e os riscos que implicam a automedicação. 26 REFERÊNCIAS ALVES, A. C. S. Aspectos botânicos, químicos, farmacológicos e terapêuticos do Hypericum perforatum L. Revista brasileiras de Plantas medicinais. Vol 16. 2014. BEZERRA, Clarisse. Hepatite Medicamentosa: o que é, causas, sintomas e tratamento. Revista Tua Saúde. Nov. 2019. DELGADO, Cláudia. Hepatite Tóxica Medicamentosa. Medicina Interna, vol 6, 2000. MOREIRA, Maria Margarida Miranda. Efeitos hepatotóxicos e nefrotóxicos dos antibacterianos. Universidade Fernando Pessoa. Porto, 2012. OLIVEIRA, Anabela. Hepatite aguda medicamentosa tratada com corticoesteróides – caso clínico. Serviço de Medicina II do Hospital Infante D. Pedro, Aveiro. 2005. UNIVALLE, Universidade da Região de Joenville. Professores e Alunos. RISCOS DA AUTOMEDICAÇÃO: TRATANDO O PROBLEMACOM CONHECIMENTO. 2017. HEPATOLOGIA, Sociedade Brasileira de. Tóxidades hepáticas de chás, ervas e fitoterápicos. Programa de Educação médica continuada. 2011. https://br.fagron.com/sites/default/files/eritromicina_mt_out-18.pdf https://infinitypharma.com.br/uploads/insumos/pdf/e/eritromicna-estolato.pdf https://consultaremedios.com.br/hypericum-perforatum/bula http://tudosobrefigado.com.br/wp- content/uploads/2018/05/cartilha_hepatite_medicamentosa.pdf https://br.fagron.com/sites/default/files/eritromicina_mt_out-18.pdf https://infinitypharma.com.br/uploads/insumos/pdf/e/eritromicna-estolato.pdf https://consultaremedios.com.br/hypericum-perforatum/bula http://tudosobrefigado.com.br/wp-content/uploads/2018/05/cartilha_hepatite_medicamentosa.pdf http://tudosobrefigado.com.br/wp-content/uploads/2018/05/cartilha_hepatite_medicamentosa.pdf
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