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Antiprotozoários: Definição, Mecanismo de Ação e Reações Adversas

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Antiprotozoários 
 
DEFINIÇÃO, MECANISMO DE ACÇÃO E REAÇÕES ADVERSAS 
 
Grupo nº 6ª 
Medicina 
3º Ano 
 
 
Universidade Privada de Angola 
Faculdade de Ciências da Saúde 
Departamento de Medicina 
 
 
 
Farmacologia Geral 
 
Talatona – Luanda 
2021 
 
2 | P a g e 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TRABALHO APRESENTADO PARA 
OBTENÇÃO DE NOTA NO SEGUNDO 
SEMESTRE EM FARMACOLOGIA, NA 
UNIVERSIDADE PRIVADA DE ANGOLA 
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: 
MEDICINA GERAL 
ORIENTADOR: CAT. JESSÉ MARCOS 
 
 
 
LD-TLN 
2021 
Antiprotozoários 
DEFINIÇÃO, MECANISMO DE ACÇÃO E REAÇÕES ADVERSAS 
GRUPO Nº 6ª 
 
3 | P a g e 
Epígrafe 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“É parte da cura o desejo de ser curado.” 
- (Sêneca) 
 
4 | P a g e 
Resumo 
Os Antiprotozoários fazem parte do grupo dos Antimicrobianos, cuja sua finalidade, 
destina-se ao tratamento de doenças parasitárias incitadas por protozoários. As moléstias que 
os protozoários causam são muito diferentes entre si em termos de mecanismo patológico, 
sintomas, duração e gravidade. Os Antiprotozoários variam seu mecanismo de acção, 
farmacocinética e farmacodinâmica de acordo com a fisiopatologia da doença. O Tratamento 
contra protozoários é mais difícil do que o tratamento contra bactérias, pois os protozoários se 
assemelham as nossas células metabolicamente, aumentando assim a toxicidade no que 
concerne aos fármacos devido a falta de especialidade. 
Palavras chave: Antimicrobiano, parasita, Protozoarios, Toxicidade. 
 
 
5 | P a g e 
Índice 
Epígrafe .............................................................................................................................................. 3 
Resumo .............................................................................................................................................. 4 
Introdução .......................................................................................................................................... 6 
Objectivos .......................................................................................................................................... 7 
Geral .............................................................................................................................................. 7 
Específicos ..................................................................................................................................... 7 
Antiprotozoários ................................................................................................................................. 8 
Fármacos antiprotozoários que actuam na membrana do protozoário ................................................... 9 
Anfotericina B ............................................................................................................................... 9 
Mecanismo de acção .................................................................................................................. 9 
Usos terapêuticos ....................................................................................................................... 9 
Paromomicina .............................................................................................................................. 10 
Mecanismo de acção. ............................................................................................................... 10 
Efeitos antimicrobianos; usos terapêuticos................................................................................ 10 
Fármacos Antiprotozoários que actuam na síntese dos ácidos nucleicos ............................................. 11 
Metronidazol ................................................................................................................................ 11 
Efeitos antiparasitários e antimicrobianos ................................................................................. 11 
Mecanismos de acção e resistência ........................................................................................... 11 
Absorção, destino e excreção ................................................................................................... 12 
Usos terapêuticos ..................................................................................................................... 13 
Toxicidade, contra-indicações e interacções medicamentosas ................................................... 14 
Outros fármacos................................................................................................................................ 16 
Pentamidina ................................................................................................................................. 16 
Efeitos antiprotozoários e antifúngicos. .................................................................................... 16 
Mecanismo de acção e resistência. ........................................................................................... 16 
Absorção, destino e excreção. .................................................................................................. 16 
Usos terapêuticos ..................................................................................................................... 17 
Suramina...................................................................................................................................... 17 
4.11.1- Efeitos antiparasitários. ................................................................................................ 18 
4.11.2- Absorção, destino e excreção........................................................................................ 18 
4.11.3- Usos terapêuticos. ........................................................................................................ 19 
4.11.4- Toxicidade e efeitos adversos. ...................................................................................... 19 
Precauções e contra-indicações. ............................................................................................... 20 
Estibogliconato de Sódio .............................................................................................................. 20 
Efeitos antiprotozoários e resistência ao fármaco. ..................................................................... 20 
Absorção, destino e excreção. .................................................................................................. 20 
Usos terapêuticos. .................................................................................................................... 20 
Toxicidade e efeitos adversos. .................................................................................................. 21 
Melarsoprol.................................................................................................................................. 21 
Efeitos antiprotozoários. .......................................................................................................... 22 
Absorção, destino e excreção. .................................................................................................. 22 
Usos terapêuticos. .................................................................................................................... 22 
Toxicidade e efeitos adversos. .................................................................................................. 22 
Precauções e contra-indicações. ............................................................................................... 23 
Nifurtimox e Benzonidazol ........................................................................................................... 23 
Efeitos antiprotozoários e mecanismos de acção. ...................................................................... 23 
Absorção, destino e excreção. ..................................................................................................23 
Usos terapêuticos. .................................................................................................................... 24 
Toxicidade e efeitos adversos. .................................................................................................. 24 
Nitazoxanida ................................................................................................................................ 24 
Mecanismos de acção e resistência. .......................................................................................... 25 
Absorção, destino e excreção. .................................................................................................. 25 
Toxicidade e efeitos adversos. .................................................................................................. 25 
Considerações finais ......................................................................................................................... 26 
Referencias bibliográficas ................................................................................................................. 27 
Anexo............................................................................................................................................... 28 
Autores ........................................................................................................................................ 28 
 
 
6 | P a g e 
Introdução 
O parasitismo é uma associação heterotípica, entre duas espécies diferentes, negativa 
de exploração, temporária ou permanente, externa ou interna, entre o parasita e o hospedeiro. 
O parasita é a espécie zoológica inferior, é menor e menos organizado, depende 
metabólica e evolutivamente do hospedeiro, vive às suas custas causando modificações 
importantes do equilíbrio homeostático e do sistema hospedeiro imune. Quando esse equilíbrio 
é quebrado, ocorre a parasitose ou doença parasitária. 
A maior parte dos fármacos antiprotozoários existentes já é usada há anos, a despeito 
de terem ocorrido ultimamente nas biociências avanços significativos concernentes à biologia 
dos parasitos, às defesas do hospedeiro e aos mecanismos da doença. Ainda não há agentes 
satisfatórios para tratar importantes infecções por protozoários, como a tripanossomíase 
africana (doença do sono) e a doença de Chagas crónica. 
 
 
 
7 | P a g e 
Objectivos 
Geral 
• Conhecer os Antiprotozoários 
Específicos 
• Definir Antiprotozoários. 
• Descrever os mecanismos de acção dos protozoários. 
• Referir as reacções adversas e contra-indicações de alguns Antiprotozoários. 
 
 
8 | P a g e 
Antiprotozoários 
Todos os fármacos Antiprotozoários podem ser tóxicos para o organismo humano pois 
as células protozoárias se assemelham bastante as células humanas, podendo assim não apenas 
combater a bactéria como destruir a própria célula do hospedeiro. 
Os mamíferos desenvolveram mecanismos muito eficazes para se defender dos 
parasitas invasores, mas muitos parasitas, por sua vez, desenvolveram sofisticadas técnicas de 
evasão. Uma estratégia parasitária comum é refugiar-se no interior das células do hospedeiro, 
onde os anticorpos não podem atingi-los. A maioria dos protozoários faz isso; por exemplo, as 
espécies Plasmodium o fazem nas hemácias, as espécies Leishmânia infectam exclusivamente 
os macrófagos, enquanto as espécies de tripanossomos invadem vários outros tipos de células. 
O hospedeiro lida com esses fugitivos intracelulares ao distribuir as células T CD8 + citotóxicas 
e a via das citocinas dos T-helper (Th)1, como interleucina 2 (IL-2), factor de necrose tumoral 
(TNF)-α e interferona-γ. Essas citocinas activam os macrófagos, os quais, então, podem 
destruir os parasitas intracelulares. (Rang, Ritter, Flower, & Henderson, 2016) 
Os fármacos antiprotozoários são divididos de acordo com os protozoários que 
combatem. Existem fármacos que combatem a: 
• Amebíase: Cloroquina, desidroemetina, Emetina, iodoquinol, metronidazol, 
Paramocina, Tinidazol 
• Malárico: Artemisina, Cloroquina, mefloquina, primaquina, pirimetamina, 
quinina/quinidina. 
• Tripanossomíase: Benzinidazol, melarzoprol, nifurtimax, pentamidina, 
suramina. 
• Leishmaniose: estibogluconato. 
• Toxoplasmose: Pirimetamina. 
• Giardíase: Metronidazol, nitazoxanida, Tinidazol. 
Mas eles também podem ser divididos tendo em conta o seu mecanismo de acção: 
• Agem na membrana do protozoário; 
o Anfotericina B. 
• Interferem na Síntese proteica; 
o Eflortina e Paromicina. 
• Interferem na síntese de ácidos nucleicos; 
o Metronidazol. 
• Mecanismo de acção desconhecido. 
o Pentamidina, Suramina, Sódio estibogluconato, Melarsprostrol, 
Nifurtimox e Benzonidazol, Nitazoxanida. 
 
 
9 | P a g e 
Fármacos antiprotozoários que actuam na membrana do 
protozoário 
Anfotericina B 
A anfotericina B é um agente antileishmaniótico altamente eficaz, que em estudos 
clínicos cura mais de 90% dos casos de leishmaniose visceral e que se tornou o fármaco de 
escolha para os casos resistentes aos antimoniais. Ela é considerada um fármaco de segunda 
linha contra a leishmaniose cutânea ou mucosa, onde se mostrou eficiente no tratamento de 
pacientes imunocomprometidos. 
As preparações lipídicas do fármaco reduziram sua toxicidade, mas o seu custo e a 
dificuldade de administração permanecem como problema nas regiões endémicas. 
Mecanismo de acção 
A anfotericina forma complexos com os precursores do ergosterol na membrana 
plasmática, dando origem a poros que permitem a entrada de íons na célula. A leishmânia tem 
esteróides cuja composição é similar à composição dos fungos patógenos e o fármaco liga-se 
preferencialmente a esses esteróides, em relação com o colesterol do hospedeiro. Nunca se 
encontrou qualquer resistência significativa ao fármaco, mesmo após quase 30 anos de uso 
como agente antifúngico. 
Usos terapêuticos 
Inúmeros esquemas de dosagens foram registados para o tratamento da leishmaniose 
visceral, com a maioria alcançando altas taxas de cura e boa segurança. 
Os esquemas típicos de uma dose total de 10-20 mg/kg, administradas em doses 
divididas ao longo de 10-20 dias por infusão intravenosa, alcançaram taxas de cura maior de 
95%. 
Dados recentes sugerem que uma única dose de 5 mg/kg seguida por um tratamento de 
7-14 dias com miltefosina oral foi eficiente na cura da leishmaniose visceral e esse esquema de 
dosagem necessita de estudo adicional. 
 
 
10 | P a g e 
Paromomicina 
A paromomicina (aminosidina) é um aminoglicosídeo da família da 
neomicina/canamicina usado como um agente oral no tratamento da infecção por E. histolytica. 
O fármaco não é absorvido a partir do tracto GI e, portanto, as actividades de uma dose oral 
estão confinadas a este sistema. A paromomicina VO também tem sido usada para tratar a 
criptosporidiose e a giardíase. 
Uma formulação tópica pode ser usada para tratar tricomoníase e a administração 
parenteral já foi empregada na leishmaniose visceral. 
Mecanismo de acção. 
A paromomicina tem o mesmo mecanismo de acção da neomicina e da canamicina 
(ligação à subunidade 30S do ribossomo) e o mesmo espectro de actividade antibacteriana. 
Após a administração oral recuperam-se nas fezes 100% do fármaco e, mesmo em casos 
de comprometimento da integridade do intestino, há pouca evidência de absorção clinicamente 
significativa de paromomicina. A administração parenteral traz os mesmos riscos de 
nefrotoxicidade e ototoxicidade observados com outros aminoglicosídeos. 
Efeitos antimicrobianos; usos terapêuticos. 
A paromomicina é o fármaco de escolha para o tratamento da colonização intestinal por 
E. histolytica. É usada em combinação com o metronidazol para tratar colite amebiana e 
abscesso amebiano do fígado e pode ser usada como um agente único em indivíduos 
assintomáticos em que se descobre uma colonização intestinal por E. histolytica. 
Os efeitos adversos são raros com o usooral, mas incluem dores e cólicas abdominais, 
dores epigástricas, náuseas, vómitos, esteatorreia e diarreia. Já foram descritos, em raras 
ocasiões, exantemas e dores de cabeça. A paromomicina já foi usada para tratar a 
criptosporidiose em pacientes com HIV tanto isoladamente como em combinação com 
azitromicina, porém em um ensaio randomizado e controlado a paromomicina não foi mais 
eficaz do que o placebo para esta indicação. 
 
 
11 | P a g e 
Fármacos Antiprotozoários que actuam na síntese dos ácidos 
nucleicos 
Metronidazol 
Um composto, 1-(β-hidroxietil) -2-metil-5-nitroimidazol ou metronidazol, tem 
actividade especialmente alta in vitro e in vivo contra os protozoários anaeróbios T. vaginalis 
e “E. histolytica”. Em 1960, Durel e colaboradores relataram que doses orais do fármaco 
conferiam actividade tricomonicida ao sémen e à urina e que altas taxas de cura podiam ser 
obtidas tanto no homem como na mulher acometidos de tricomoníase. Estudos posteriores 
revelaram que o metronidazol tinha actividade clínica extremamente útil contra uma variedade 
de patógenos anaeróbios incluindo tanto bactérias gram-negativas e gram-positivas como o 
protozoário G. lamblia. 
Efeitos antiparasitários e antimicrobianos 
O metronidazol e os G. lamblia relacionados são activos in vitro contra uma ampla 
variedade de anaeróbios, sejam eles protozoários parasitos ou bactérias. O composto é 
directamente tricomonicida. 
O metronidazol exibe actividade antibacteriana contra todos os cocos anaeróbios, 
contra os bacilos gram-negativos anaeróbios, incluindo Bacteroides spp., e contra os bacilos 
gram-positivos anaeróbios formadores de esporos. Os bacilos gram-positivos que não formam 
esporos são frequentemente resistentes, bem como as bactérias aeróbias e anaeróbias 
facultativas. 
O metronidazol é clinicamente eficaz na tricomoníase, na amebíase e na giardíase, e 
também em uma variedade de infecções causadas por bactérias obrigatoriamente anaeróbias, 
incluindo Bacteroides, Clostridium, e bactérias microaerófilas como Helicobactere 
Campylobacter spp. Na dracunculíase, o metronidazol pode facilitar a extracção do verme-da-
guiné adulto, embora não tenha nenhum efeito directo sobre o parasito. 
Mecanismos de acção e resistência 
O metronidazol é um pró-fármaco; requer activação redutiva do grupo nitro pelos 
organismos susceptíveis. 
Sua toxicidade selectiva para patógenos anaeróbios e microaerófilos como os 
protozoários amitocondriados T. vaginalis, E. histolytica e G. lamblia e várias bactérias 
anaeróbias decorre do metabolismo energético desses organismos, que difere do das células. 
Esses organismos, diferentemente de seus congéneres aeróbios, têm envolvidos no 
transporte de electrões, elementos como as ferridoxinas, pequenas proteínas Fe-S com 
potencial redox suficientemente negativo para doar electrões ao metronidazol. A transferência 
de um único eléctron dá origem a um nitrorradical aniónico altamente reactivo, que destrói os 
organismos susceptíveis mediante a acção do radical sobre o DNA e possivelmente sobre outras 
biomoléculas vitais. O metronidazol sofre regeneração catalítica; a perda do eléctron pelo 
metabólito activo recompõe o composto original. Níveis crescentes de O2 inibem a 
citotoxicidade induzida pelo metronidazol porque o O2 compete com o metronidazol pelos 
elétrons gerados pelo metabolismo energético. 
 
12 | P a g e 
Assim, o O2 pode não só diminuir a activação redutiva do metronidazol como aumentar 
a regeneração do fármaco activado. Organismos anaeróbios ou microaerófilos susceptíveis ao 
metronidazol derivam a sua energia da fermentação oxidativa de cetoácidos como o piruvato. 
A resistência clínica ao metronidazol por parte de T. vaginalis, G. lamblia e de uma 
variedade de bactérias anaeróbias e microaerófilas está bem documentada, mas a resistência da 
E. histolytica ainda precisa ser demonstrada. Cepas resistentes de T. vaginalis obtidas de 
pacientes que não respondem ao tratamento exibem, quando testadas sob condições anaeróbias, 
dois principais tipos de anormalidades. O primeiro relaciona-se ao comprometimento da 
capacidade de remover o oxigénio, o que dá origem a concentrações locais mais altas de O2, 
menor activação do metronidazol e inútil regeneração do fármaco activado. O segundo tipo 
associa-se a menores níveis de PFOR e de ferridoxina, este último devido à redução da 
transcrição do gene da ferridoxina. O fato de que a PFOR e a ferridoxina não estão 
completamente ausentes pode explicar porque infecções com tais cepas habitualmente 
respondem a doses mais altas de metronidazol ou ao tratamento mais prolongado. Estudos 
feitos com amostras de G. intestinalis resistentes ao metronidazol indicam que mecanismos 
similares podem ser operativos, sendo os níveis de PFOR cinco vezes menores que os das cepas 
susceptíveis. A resistência ao metronidazol não foi ainda observada em amostras clínicas de E. 
histolytica, mas já foi induzida in vitro pelo cultivo de trofozoítos em concentrações 
gradualmente crescentes do fármaco. 
Interessantemente, embora tenha sido descrita alguma diminuição dos níveis de PFOR, 
a resistência ao metronidazol foi mediada principalmente pela crescente expressão de 
superóxido dismutase e de peroxirredoxina nos trofozoítos de ameba. A resistência das 
bactérias anaeróbias ao metronidazol está sendo cada vez mais reconhecida e tem importantes 
consequências clínicas. 
Absorção, destino e excreção 
As propriedades farmacocinéticas do metronidazol e de seus dois principais metabólitos 
já foram intensamente investigadas. Há preparações de metronidazol disponíveis para 
administração oral, intravenosa, intravaginal e tópica. O fármaco é em geral completa e 
prontamente absorvido após a ingestão oral, alcançando altas concentrações plasmáticas após 
uma única dose de 500 mg. Uma relação linear entre a posologia e a concentração plasmática 
aplica-se a doses entre 200-2.000 mg. Doses repetidas a cada 6-8 h resultam em algum acúmulo 
do fármaco; a depuração sistémica é dependente da dose. A meia-vida plasmática do 
metronidazol é de aproximadamente 8 h, e seu volume de distribuição se aproxima do 
observado para a água corporal total. Menos de 20% do fármaco liga-se às proteínas 
plasmáticas. Com excepção da placenta, o metronidazol penetra bem nos tecidos e líquidos 
corporais, incluindo as secreções vaginais, o líquido seminal, a saliva, o leite materno e o LCS. 
Após uma dose oral, > 75% do metronidazol marcado são eliminados na urina, em 
grande parte como metabólitos; apenas 10% se recuperam como fármaco inalterado. O fígado 
é o principal local do metabolismo, e responde por > 50% da depuração sistémica do 
metronidazol. Os dois principais metabólitos, um hidroxiderivado e um ácido, resultam da 
oxidação das cadeias laterais. O hidroximetabólito tem meia-vida mais longa (~ 12 h) e 
apresenta 50% da actividade antitricomonas exibida pelo metronidazol. Também se observa a 
formação de glicuronídeos. Metabólitos reduzidos, incluindo os produtos da clivagem do anel, 
são formados em pequenas quantidades pela flora do intestino. A urina de alguns pacientes 
 
13 | P a g e 
pode adquirir cor vermelho-acastanhada pela presença de pigmentos não identificados, 
derivados do fármaco. O metabolismo oxidativo do metronidazol é induzido pelo fenobarbital, 
prednisona, rifampicina e possivelmente pelo etanol. A cimetidina parece inibir o metabolismo 
hepático do fármaco. 
Usos terapêuticos 
O metronidazol cura infecções genitais por T. vaginalis em mais de 90% dos casos, 
tanto em homens como em mulheres. O regime preferido de tratamento é 2 g de metronidazol 
em dose única oral para homens e mulheres. O tinidazol, que possui uma meia-vida mais longa 
do que o metronidazol, também é utilizado em dose única de 2 g e parece fornecer respostas 
equivalentes ou melhores do que este último. Para pacientes que não toleraram uma dose únicade 2 g de metronidazol (ou 1 g 2 vezes/dia), um esquema alternativo consiste em uma dose de 
250 mg 3 vezes/dia ou em uma dose de 375 mg 2 vezes/dia durante sete dias. Quando, em razão 
de infecções não curadas ou recorrentes, há necessidade de cursos repetidos ou de doses mais 
altas do fármaco, recomenda-se que se estabeleçam intervalos de 4-6 semanas entre os cursos. 
Em tais casos, contagens leucocitárias devem ser feitas antes, durante e após cada curso de 
tratamento. 
As falhas de tratamento decorrentes da presença de cepas de T. vaginalis resistentes ao 
metronidazol estão tornando-se cada vez mais comuns. A maior parte desses casos pode ser 
tratada com sucesso administrando-se uma segunda dose de 2 g ao paciente e ao seu parceiro 
sexual. Além do tratamento oral, o uso de um gel tópico contendo 0,75% de metronidazol, ou 
de um supositório vaginal de 500-1.000 mg, aumenta a concentração local do fármaco e pode 
ser benéfico em casos refractários. O metronidazol é um amebicida eficaz e o agente de escolha 
no tratamento de todas as formas sintomáticas de amebíase, incluindo a colite amebiana e o 
abscesso hepático amebiano. A dose recomendada é de 500-750 mg de metronidazol tomados 
por via oral 3 vezes/dia durante 7-10 dias ou, para crianças, 35-50 mg/kg/dia, divididas em três 
doses por 7-10 dias. Embora 7-10 dias seja o período padrão recomendado para a duração do 
tratamento, cursos curtos (dose oral única diária de 2,4 g durante 2 dias) de metronidazol ou 
tinidazol já foram bem-sucedidos no tratamento do abscesso amebiano do fígado. 
A E. histolytica persiste na maior parte dos pacientes que se recupera de uma amebíase 
aguda após tratamento com metronidazol; por essa razão todos os indivíduos são também 
tratados com um amebicida luminal. 
O metronidazol é um fármaco relativamente barato e altamente versátil, dotado de 
eficácia clínica contra um amplo espectro de bactérias anaeróbias e microaerófilas. É usado 
para o tratamento de infecções sérias decorrentes de bactérias anaeróbias susceptíveis, 
incluindo Bacteroides, Clostridium, Fusobacterium, Peptococcus, Peptostreptococcus, 
Eubacterium e Helicobacter. Também é dado em combinação com outros agentes 
antimicrobianos para tratar infecções polimicrobianas com bactérias aeróbias e anaeróbias. O 
metronidazol alcança níveis clinicamente eficazes nos ossos, articulações e SNC; pode ser 
administrado por via intravenosa quando a administração oral não é possível. Uma dose de 
ataque de 15 mg/kg é seguida, 6 h depois, por doses de manutenção de 7,5 mg/kg repetidas a 
cada 6 h, habitualmente durante 7-10 dias. 
O metronidazol é usado para compor o esquema de profilaxia para a cirurgia colorretal 
e é empregado como um agente isolado para tratar a vaginose bacteriana. É usado em 
 
14 | P a g e 
combinação com outros antibióticos e com um inibidor da bomba de prótons em regimes 
destinados ao tratamento da infecção por H. pylori. 
O metronidazol é usado como o tratamento primário da infecção por Clostridium 
difficile, a principal causa de colite pseudomembrana. Administrado em doses de 250-500 mg 
VO 3 vezes/dia durante 7-14 dias (ou até mesmo durante mais tempo), o metronidazol é uma 
alternativa eficaz e de menor custo em relação ao tratamento com vancomicina oral. Entretanto, 
um maior registro de falhas no tratamento e taxas mais elevadas de recorrência da doença com 
metronidazol (quando comparada à vancomicina oral) estão fazendo surgir questões sobre o 
papel do metronidazol como terapia de primeira linha (McFarland, 2008). Finalmente, o 
metronidazol também é usado no tratamento de pacientes com doença de Crohn com fístulas 
perianais e pode ajudar a controlar a doença de Crohn do cólon (mas não a do intestino 
delgado). Entretanto, podem ser necessárias altas doses (750 mg 3 vezes/dia) por longos 
períodos e a neurotoxicidade pode ser um factor limitante. 
O metronidazol e outros podem sensibilizar células tumorais hipóxicas aos efeitos da 
radiação ionizante, mas esses fármacos não são usados clinicamente para esse propósito. 
Toxicidade, contra-indicações e interacções medicamentosas 
Apenas raramente os efeitos adversos são graves o sufi ciente para provocar a 
interrupção do tratamento. Os mais comuns são cefaleia, náuseas, boca seca e um gosto 
metálico na boca. Vómitos, diarreia e desconforto abdominal são experimentados 
ocasionalmente. A observação de língua saburrosa, glossite e estomatite durante o tratamento 
pode corresponder a uma exacerbação da candidíase. Tonturas, vertigem e, muito raramente, 
encefalopatia, convulsões, falta de coordenação e ataxia são efeitos neurotóxicos que indicam 
a interrupção do me-tronidazol. O fármaco também deve ser interrompido se ocorrerem 
dormências ou parestesias das extremidades. A reversão das neuropatias sensoriais graves pode 
ser lenta ou incompleta. Urticária, rubores e prurido são indicativos de sensibilidade ao fármaco 
e podem tornar necessária sua interrupção. O metronidazol é uma rara causa de síndrome de 
Stevens-Johnson (necrólise epidérmica tóxica). 
Disúria, cistite e uma sensação de pressão pélvica foram descritas. O efeito do 
metronidazol é bem documentado e similar ao do dessulfuram, e alguns pacientes 
experimentam desconforto abdominal, vómitos, rubores e cefaleia, em caso de uso de bebidas 
alcoólicas durante ou após três dias decorridos do tratamento com esse fármaco. 
Os pacientes devem ser advertidos contra o consumo de álcool durante o tratamento 
com metronidazol, embora o risco de uma reacção grave seja pequeno. Pelo mesmo motivo, o 
metronidazol não deve ser tomado juntamente com dessulfuram ou com qualquer fármaco 
similar a este, pois podem ocorrer estados confusionais e psicóticos. Embora algumas 
substâncias químicas relacionadas tenham causado discrasias sanguíneas, com o metronidazol 
ocorre apenas uma neutropenia temporária e reversível mediante a interrupção do tratamento. 
O metronidazol deve ser usado com cautela em pacientes com doença activa do SNC, 
pela sua potencial neurotoxicidade. O fármaco também pode precipitar sinais de toxicidade 
determinada por lítio sobre o SNC em pacientes que recebem altas doses do metal. Os níveis 
plasmáticos de metronidazol podem ser elevados por fármacos que, como a cimetidina, inibem 
o metabolismo microssómico hepático. Além disso, o metronidazol pode prolongar o tempo de 
 
15 | P a g e 
protrombina em pacientes sob tratamento com anticoagulantes do tipo da warfarina. As doses 
de metronidazol devem ser reduzidas em pacientes com doença hepática grave. 
O metronidazol é carcinogénico em roedores quando administrado em altas doses por 
longos períodos; também é mutagénico em bactérias. A actividade mutagénica associa-se ao 
metronidazol e a vários dos seus metabólitos encontrados na urina de pacientes tratados com 
doses terapêuticas. Entretanto, não há evidência de que doses terapêuticas de metronidazol 
representem qualquer risco significativamente mais elevado de câncer em pacientes humanos. 
Há evidências conflituantes sobre a teratogenia do metronidazol em animais. Embora o 
metronidazol já tenha sido utilizado durante todos os estágios da gestação sem nenhum efeito 
adverso visível, seu uso durante o primeiro trimestre geralmente não é aconselhado. 
 
16 | P a g e 
Outros fármacos 
Pentamidina 
A pentamidina é uma diamina aromática de carga positiva, descoberta em 1937 como 
uma consequência fortuita da busca por compostos hipoglicémicos que pudessem comprometer 
o metabolismo energético de parasitos. Dos compostos testados, encontraram-se três que 
possuíam excepcional actividade: a estilbamidina, a entamidina e a propamidina. A 
pentamidina teve mais utilidade clínica, por causa da sua relativa estabilidade, toxicidade mais 
baixa e facilidade de administração. A pentamidina é um agente de amplo espectro com 
actividade contra diversas espécies de protozoários patogénicos e algunsfungos. 
Efeitos antiprotozoários e antifúngicos. 
As diamidinas aromáticas com carga positiva são tóxicas para um número de diferentes 
protozoários, e ainda exibem notável selectividade de acção. A pentamidina é usada para o 
tratamento do estágio inicial da infecção por T. brucei gambiense, porém é ineficaz para o 
tratamento do estágio tardio da doença e apresenta eficácia reduzida contra o T. brucei 
rhodesiense. Portanto, seu uso é limitado ao tratamento do estágio inicial da doença do sono 
causada pelo T. brucei gambiense. A pentamidina é um agente alternativo para o tratamento da 
leishmaniose cutânea. 
Mecanismo de acção e resistência. 
O mecanismo de acção das diamidinas é desconhecido. Os compostos dicatiónicos 
parecem exibir múltiplos efeitos sobre determinado parasito e agem por mecanismos díspares 
em parasitos diferentes. No T. brucei, por exemplo, as diamidinas concentram-se através de 
um sistema de captação de alta afinidade, dependente de energia, e atingem concentrações 
milimolares nas células; essa captação selectiva é essencial para a sua eficácia. O transportador 
de diamidina mais bem caracterizado é transportador de purinas P2 usado pelos arsenicais 
baseados na melamina, o que explica a resistência cruzada às diamidinas exibida por certas 
cepas de T. brucei resistentes aos arsenicais in vitro. Está cada vez mais claro que múltiplos 
transportadores são responsáveis pela captação da pentamidina e isso pode responder ao fato 
de que se observa pouca resistência a esse fármaco em amostras de campo, a despeito de seus 
anos de uso como agente profiláctico. Embora a incapacidade de concentrar diamidinas seja a 
causa habitual da resistência à pentamidina in vitro, outros mecanismos também podem estar 
envolvidos. 
Absorção, destino e excreção. 
O isetionato de pentamidina é bastante bem absorvido desde os locais parenterais de 
administração. Após uma única dose intravenosa, o fármaco desaparece do plasma com uma 
meia-vida aparente de vários minutos a umas poucas horas e as concentrações plasmáticas 
máximas após a injecção intramuscular ocorrem em 1 hora. 
A meia-vida de eliminação é muito lenta, durando de semanas a meses, e 70% do 
fármaco liga-se às proteínas plasmáticas. Esse composto altamente carregado é mal absorvido 
por via oral e não cruza a barreira hematoencefálica, explicando sua ineficácia contra a 
tripanossomíase em estágio tardio. 
 
17 | P a g e 
Depois de múltiplas doses parenterais, o fígado, o rim, a supra-renal e o baço 
apresentam as concentrações mais altas do fármaco, ao passo que apenas vestígios são 
encontrados no cérebro. Os pulmões contêm concentrações intermediárias, mas terapêuticas, 
após cinco doses diárias de 4 mg/kg. A inalação de aerossóis de pentamidina é usada para 
profilaxia da pneumonia por Pneumocystis; a administração do fármaco por essa via resulta 
em pouca absorção sistémica e redução da toxicidade, em comparação com a administração 
intravenosa, tanto em adultos quanto em crianças. 
A verdadeira dose liberada para os pulmões depende tanto dos tamanhos das partículas 
geradas pelo nebulizador como dos padrões ventilatórios do paciente. 
Usos terapêuticos 
O isetionato de pentamidina é usado para o tratamento do estágio inicial de T. brucei 
gambiense e é administrado por injecção intramuscular em doses únicas de 4 mg/kg/dia durante 
sete dias. 
A pentamidina é um agente tóxico e aproximadamente 50% dos indivíduos que 
recebem o fármaco nas doses recomendadas (4 mg/kg/dia) exibem algum efeito adverso. 
A administração intravenosa de pentamidina pode associar-se à hipotensão, taquicardia 
e cefaleia. Esses efeitos são provavelmente secundários à capacidade da pentamidina em ligar-
se aos receptores imidazolínicos e podem ser mitigados pelo alentecimento da taxa de infusão 
intravenosa. Tal como observado antes, as diamidinas foram concebidas originalmente para 
uso como hipoglicemiantes e a pentamidina retém essa propriedade. A hipoglicemia, que pode 
ser potencialmente fatal, pode ocorrer a qualquer momento durante o tratamento com 
pentamidina, mesmo em semanas após o seu início. A monitoração cuidadosa da glicemia é 
essencial. Paradoxalmente, já se observou pancreatite, hiperglicemia e o desenvolvimento de 
diabetes em alguns pacientes. A pentamidina é nefrotóxica (~ 25% dos pacientes tratados 
mostram sinais de disfunção renal) e se a concentração de creatinina sérica aumenta > 1,0-2,0 
mg/dL, poderá ser necessário suspender temporariamente a administração do fármaco ou optar 
por um agente alternativo. Indivíduos que desenvolvem disfunção renal induzida por 
pentamidina estão sob maior risco de hipoglicemia. Outros efeitos adversos incluem exantemas 
cutâneos, tromboflebite, anemia, neutropenia e elevação das enzimas hepáticas. 
A administração intramuscular de pentamidina, embora eficaz, associa-se, no local da 
injecção, ao desenvolvimento de abscessos estéreis que podem infectar-se secundariamente. 
Por essa razão, a maior parte das autoridades recomenda a administração intravenosa. A 
pentamidina aerossolizada associa-se a menos eventos adversos. 
Suramina 
Com base na actividade tripanocida dos corantes vermelhotripan, azul tripan e violeta 
de afridol, pesquisas realizadas na Alemanha resultaram na introdução da suramina na 
terapêutica em 1920. Hoje, o fármaco é usado principalmente no tratamento da tripanossomíase 
africana; ele não tem nenhuma utilidade clínica contra a tripanossomíase americana. Embora a 
suramina seja eficaz para eliminar fiárias adultas na oncocercose, a ivermectina suplantou a 
suramina no tratamento dessa infecção. 
 
18 | P a g e 
A suramina é um potente inibidor da transcriptase reversa in vitro, mas é ineficaz na 
infecção pelo HIV. A actividade antiproliferativa da suramina levou ao seu uso experimental, 
isoladamente ou com outros compostos, no tratamento de uma variedade de tumores, 
particularmente no câncer de próstata independente de androgénio. Entretanto, foram 
observados apenas efeitos paliativos modestos e o tratamento para esta indicação foi 
complicado pela alta toxicidade. 
A suramina sódica é solúvel em água, mas as soluções se deterioram rapidamente 
quando expostas ao ar e devem ser usadas apenas quando recém-preparadas. Nos EUA, a 
suramina está disponível apenas junto ao CDC. 
4.11.1- Efeitos antiparasitários. 
A suramina é um tripanocida de acção relativamente lenta (> 6 h in vitro), dotado de 
alta actividade clínica contra T. b. gambiense e T. b. rhodesiense. O seu mecanismo de acção 
é desconhecido. A toxicidade selectiva é provavelmente o resultado da capacidade que o 
parasito tem de captar, por endocitose mediada por receptor, o fármaco ligado a proteínas, 
sendo as lipoproteínas de baixa densidade as mais importantes proteínas a interagirem para 
esse evento. A suramina reage reversivelmente com uma variedade de biomoléculas in vitro, 
inibindo muitas enzimas tripanossômicas e de mamíferos, e também receptores não 
relacionados com seus efeitos antiparasitários. 
A compartimentalização protege da suramina muitas moléculas vitais, como as enzimas 
glicolíticas existentes no interior dos glicossomos tripanossômicos, porque esse composto não 
cruza as barreiras de membrana por difusão passiva. Os tripanossomas tratados com suramina 
exibem lesão das estruturas membranosas intracelulares outras que não os lisossomos, mas não 
se sabe se isso se relaciona ou não com a acção primária do fármaco. A inibição da serina 
oligopeptidase no citosol dos tripanossomas pode responder por pelo menos parte da actividade 
da suramina, porém o fármaco é também um inibidor da diidrofolato redutase, timidinacinase 
e várias enzimas glicolíticas. Não há um consenso claro sobre o mecanismo de acção e a falta 
de qualquer resistência significante em amostras de campo aponta para múltiplos alvos 
possíveis. 
4.11.2- Absorção, destino e excreção. 
A farmacologia clínicada suramina foi determinada durante os ensaios clínicos para a 
sua aplicação como agente antitumoral. Por não ser absorvida após a ingestão oral, e para evitar 
a inflamação e necrose local associada às injecções subcutâneas ou intramusculares, a suramina 
é administrada por via intravenosa. 
Após sua administração, o fármaco exibe complexa farmacocinética, com notável 
variação inter-individual. O fármaco é encontrado sob a forma de proteína sérica ligada na 
concentração de 99,7% e a sua meia-vida de eliminação terminal é de 41-78 dias. 
A suramina não é apreciavelmente metabolizada e a depuração renal responde pela 
eliminação de aproximadamente 80% do composto do corpo. Esse grande aníon polar não entra 
prontamente nas células e as concentrações teciduais são uniformemente mais baixas que as do 
plasma. Em animais de laboratório, o rim contém consideravelmente mais suramina que os 
outros órgãos. Essa retenção pode responder pela ocorrência bastante frequente de albuminúria 
 
19 | P a g e 
após a injecção do fármaco em humanos. Muito pouca suramina penetra no LCS, o que é 
consistente com a sua ineficácia em caso de invasão do SNC pelos tripanossomas. 
4.11.3- Usos terapêuticos. 
A suramina é usada como tratamento de primeira linha para o estágio inicial da infecção 
por T. brucei rhodesiense. Embora ela também apresente actividade contra o T. brucei 
gambiense, ela não é utilizada para esta aplicação porque outros fármacos estão disponíveis 
para o tratamento desta doença, que não são comprometidos pela alta actividade da suramina 
contra Onchocerca e Brugia e por possíveis reacções imunológicas resultantes da morte destes 
vermes parasitas. 
Como a suramina elimina os tripanossomas do sistema hemolinfático, mesmo na 
doença em estágio tardio, ela é frequentemente administrada antes de se iniciar o melarsoprol, 
para reduzir o risco de encefalopatia reactiva associada à administração desse arsenical. 
A suramina é administrada por injecção intravenosa lenta em solução aquosa a 10%. O 
tratamento da tripanossomíase africana activa deve começar no mínimo em 24 h, antes da 
punção lombar diagnóstica, para assegurar que não haverá envolvimento do SNC provocado 
pela própria punção. É necessária cautela se o paciente tem oncocercose (cegueira dos rios), 
pela possibilidade de deflagrar uma reacção de Mazzotti (i.e., exantema pruriginoso, febre, 
mal-estar, tumefacção dos linfonodos, eosinofilia, artralgias, taquicardia, hipotensão e cegueira 
possivelmente permanente). A dose única normalmente utilizada em adultos com infecção por 
T. brucei rhodesiense é de 1 g. É aconselhável empregar inicialmente uma dose de teste de 200 
mg, para detectar a sensibilidade, após o que a dose normal é administrada por via intravenosa 
nos dias 1, 3, 7, 14 e 21, embora esteja sendo utilizado um amplo espectro de regimes de 
tratamento. A dose pediátrica é de 20 mg/kg, administrados de acordo com o mesmo esquema. 
Pacientes em más condições devem ser tratados com doses mais baixas durante a primeira 
semana. Os pacientes que apresentam recaídas após o tratamento com suramina deverão ser 
tratados com melarsoprol. 
4.11.4- Toxicidade e efeitos adversos. 
 A suramina pode causar uma variedade de reacções adversas, que variam em 
intensidade e frequência e tendem a ser mais graves em pacientes debilitados. Felizmente, a 
reacção imediata mais séria, que consiste em náuseas, vómitos, choque e perda da consciência, 
é rara (~ 1 em 2.000 pacientes). Mal-estar, náuseas e fadiga são também reacções imediatas 
comuns. 
A destruição do parasito pode causar episódios febris e exantemas cutâneos por 
hipersensibilidade, cuja intensidade é reduzida pelo pré-tratamento com glicocorticóides; de 
preferência, a oncocercose concomitante deve ser previamente tratada com ivermectina, para 
minimizar essas reacções. O problema mais comumente observado após várias doses de 
suramina é a toxicidade renal, manifestada por albuminúria, e complicações neurológicas 
tardias, que incluem cefaleia, gosto metálico, parestesias e neuropatia periférica. Em geral, 
essas complicações desaparecem de forma espontânea, a despeito da manutenção do 
tratamento. Outras reacções, menos prevalentes, incluem vómitos, diarreia, estomatite, 
calafrios, dores abdominais e edema. Anormalidades de laboratório, observadas em 12-26% 
dos pacientes com Aids, incluem leucopenia com ocasional agranulocitose, trombocitopenia, 
proteinúria e elevações reversíveis dos níveis plasmáticos de creatinina, transaminases e 
 
20 | P a g e 
bilirrubinas. Achados inesperados em pacientes com Aids incluem a insuficiência supra-renal 
e a ceratopatia em vórtice. 
Precauções e contra-indicações. 
 Os pacientes que recebem suramina devem ser cuidadosamente acompanhados. O 
tratamento deve ser descontinuado naqueles que exibem intolerância às doses iniciais, e o 
fármaco deve ser empregado com grande cautela em indivíduos com insuficiência renal. A 
albuminúria moderada é comum durante o controle da fase aguda, mas a albuminúria 
persistente e intensa exige cuidado e a modificação do esquema de tratamento. Em caso do 
aparecimento de cilindros, o tratamento com suramina deverá ser interrompido. A ocorrência 
de hiperestesia palmoplantar pode pressagiar a neurite periférica. 
Estibogliconato de Sódio 
Os compostos de antimónio foram introduzidos em 1945 e usados para tratamento da 
leishmaniose e de outras infecções por protozoários. Um antigo membro dessa família de 
compostos foi o estibogliconato de sódio. 
Efeitos antiprotozoários e resistência ao fármaco. 
O mecanismo de acção antileishmaniótica do estibogliconato permanece como uma 
área activa de pesquisa, e estudos recentes esclareceram novos aspectos interessantes dessa 
questão. Esses estudos apoiam a velha hipótese de que os antimoniais pentavalentes 
relativamente atóxicos agem como pró-fármacos. Esses compostos são reduzidos à espécie 
mais tóxica de que destrói as formas amastigotas no interior dos fagolisossomos dos 
macrófagos. 
Absorção, destino e excreção. 
Os antimoniais pentavalentes alcançam concentrações plasmáticas muito maiores que 
as dos compostos trivalentes. Como consequência, a maior parte de uma única dose de 
esibogliconato de sódio é excretada na urina em 24 h. Seu comportamento farmacocinético é 
similar, quer seja administrado por via intravenosa ou intramuscular; não age por via oral. 
O agente é rapidamente absorvido, distribui-se em um volume aparente de 0,22 L/kg e 
é eliminado em duas fases. A primeira fase tem uma meia-vida de aproximadamente 2 h e a 
segunda é muito mais longa (meia-vida = 33-76 h). De fato, aproximadamente 20% do 
antimónio plasmático estão presentes na forma trivalente após a administração de antimónio 
pentavalente. O sequestro do antimónio em macrófagos também pode contribuir para o 
prolongado efeito antileishmaniótico que persiste mesmo após os níveis plasmáticos de 
antimónio terem caído abaixo da concentração inibitória mínima observada in vitro. 
Usos terapêuticos. 
Os usos, em contínua mudança, do estibogliconato de sódio, do antimoniato de 
meglumina e de outros agentes na quimioterapia da leishmaniose já foram extensamente 
revistos. O estibogliconato de sódio é administrado por via parenteral em um esquema de 
administração que é individualizado conforme a resposta local de um determinado tipo de 
leishmaniose a esse composto. O curso-padrão é 20 mg/kg/dia durante 21 dias para a doença 
cutânea e durante 28 dias para a doença visceral. Em algumas regiões do mundo, esquemas 
 
21 | P a g e 
prolongados, com a administração das doses máximas toleradas, são agora necessários para o 
tratamento bem-sucedido das formas viscerais, mucosas e de algumas formas cutâneas de 
leishmaniose, para vencer a crescente resistência clínica aos fármacos antimoniais. Mesmo os 
esquemas de altas doses podem não produzir mais resultados satisfatórios. 
Oaumento da resistência comprometeu muito a eficácia desses fármacos e o fármaco 
está actualmente obsoleto na Índia. Isso contrasta com os índices prévios de cura da doença 
visceral e cutânea > 85%. A anfotericina B lipossomal é a alternativa recomendada para o 
tratamento da leishmaniose visceral (calazar) na Índia e da leishmaniose mucosa em geral; é 
provável que o composto de acção oral miltefosina venha a ter um uso mais amplo nos anos 
vindouros. 
As crianças toleram habitualmente bem o fármaco e a dose por quilograma é a mesma 
administrada aos adultos. Os pacientes que respondem favoravelmente mostram melhora 
clínica em 1-2 semanas após o início do tratamento. O fármaco pode ser dado em dias 
alternados ou em intervalos mais longos se ocorrerem reacções desfavoráveis em indivíduos 
especialmente debilitados. Pacientes infectados pelo HIV representam um desafio, pois 
habitualmente recaem após um tratamento inicial bem-sucedido com antimoniais pentavalentes 
ou anfotericina B. 
Toxicidade e efeitos adversos. 
A toxicidade dos antimoniais pentavalentes é mais bem avaliada em pacientes sem 
doença sistémica. 
Em geral, regimes consistindo em altas doses de estibogliconato de sódio são muito 
bem tolerados; as reacções tóxicas habitualmente são reversíveis e a maior parte delas cede a 
despeito da manutenção do tratamento. Os efeitos mais comumente notados incluem dor no 
local da injecção intramuscular, pancreatite química em quase todos os pacientes, elevação das 
transaminases hepáticas no soro supressão da medula óssea manifestada por redução da 
contagem sanguínea de eritrócitos, leucócitos e plaquetas, dores musculares e articulares, 
fraqueza e mal-estar, cefaleia, náuseas e dor abdominal, e exantemas cutâneos. 
Já se descreveu uma polineuropatia reversível. Anemia hemolítica e lesão renal são 
manifestações raras de toxicidade antimonial, bem como choque e morte súbita. 
Melarsoprol 
Em 1949, Friedheim demonstrou que o melarsoprol, o derivado dimercaptopropanólico 
do óxido de melarsen, era eficaz no tratamento da tripanossomíase em estágio tardio. O 
melarsoprol era consideravelmente mais seguro que os outros tripanocidas disponíveis na 
época. A despeito de causar uma encefalopatia frequentemente fatal em 2-10% dos pacientes, 
o melarsoprol continuou sendo o único fármaco para o tratamento dos estágios tardios (SNC) 
da tripanossomíase africana oriental causada pelo T. brucei rhodesiense. 
Embora o melarsoprol também seja eficiente contra o estágio final da tripanossomíase 
africana ocidental causada pelo T. brucei gambiense, a efornitina se tornou o tratamento de 
primeira linha para esta doença. 
 
22 | P a g e 
A simples continuidade do uso do melarsoprol em condições de campo é um indicativo 
da escassez de tratamentos alternativos para o estágio final da doença do sono. 
Efeitos antiprotozoários. 
O melarsoprol tem uma ampla variedade de efeitos inespecíficos, tanto sobre o 
tripanossoma quanto sobre as células do hospedeiro. O melarsoprol é um pró-fármaco 
rapidamente metabolizado (meia-vida = 30 min) à sua forma activa, o óxido de melarsen. Os 
arsenóxicos reagem ávida e reversivelmente com os grupos sulfidrila vizinhos, incluindo os 
das proteínas, inactivando desse modo um grande número e variedade de enzimas. Os mesmos 
mecanismos inespecíficos pelos quais o melarsoprol é letal para os parasitos são provavelmente 
os responsáveis pela sua toxicidade para os tecidos do hospedeiro. A base da acção tripanocida 
do melarsoprol não é compreendida, e provavelmente consiste na sua alta reactividade com 
muitas biomoléculas. O desarranjo do metabolismo energético pela inibição da enzima 
glicolítica foi por longo tempo tido como a explicação da sua actividade tripanocida. Outras 
evidências sugerem, entretanto, que esse não é o principal efeito. O melarsoprol reage com a 
tripanotiona, o aduto de espermidina e glutationa que substitui, nesses parasitos, a glutationa. 
O número de falhas de tratamento decorrentes do aumento da resistência dos 
tripanossomas ao melarsoprol cresceu muito nos últimos anos. A resistência ao melarsoprol 
envolve provavelmente defeitos de transporte, embora evidências de que existam múltiplos 
mecanismos de transporte do fármaco compliquem a questão. 
Absorção, destino e excreção. 
O melarsoprol é sempre administrado por via intravenosa. Uma quantidade pequena, 
mas significativa sob o ponto de vista terapêutico, penetra no LCS e tem efeito letal sobre os 
tripanossomas que infectam o SNC. O composto é rapidamente excretado e 70-80% do 
arsénico aparece nas fezes. 
Usos terapêuticos. 
O melarsoprol é o único fármaco eficaz disponível para o tratamento do estágio 
meningoencefalítico tardio da tripanossomíase africana oriental (rodesiana), que é 100% fatal 
quando não tratada. O fármaco também é eficaz no estágio hemolinfático precoce dessas 
infecções, mas, em razão de sua toxicidade, é reservado para o tratamento das infecções em 
estágio tardio. Os pacientes infectados por T. brucei rhodesiense que recaem após um curso de 
melarsoprol habitualmente respondem a um segundo tratamento com o fármaco. Em contraste, 
os pacientes infectados com T. brucei gambiense que não se curam com melarsoprol raramente 
se beneficiam com a repetição do tratamento com este fármaco. Esses pacientes frequentemente 
respondem bem à eflornitina. 
Toxicidade e efeitos adversos. 
O tratamento com melarsoprol é associado à toxicidade e morbidade significativas. 
Uma reacção febril ocorre normalmente logo após a injecção do fármaco, especialmente em 
caso de parasitemia alta. As complicações mais sérias envolvem o sistema nervoso. Uma 
encefalopatia reactiva ocorre em 5-10% dos pacientes, levando metade destes ao óbito. 
A causa é desconhecida, porém a encefalopatia, quando ocorre, se desenvolve 
tipicamente de 9-11 dias após o início do tratamento. A neuropatia periférica, observada em 
10% dos pacientes que recebem melarsoprol, deve-se provavelmente ao efeito tóxico directo 
 
23 | P a g e 
do fármaco. É comum a ocorrência de hipertensão e lesão miocárdica, embora o choque seja 
raro. Frequentemente ocorre albuminúria e o surgimento de numerosos cilindros na urina pode, 
tal como a aparição de evidências de distúrbios hepáticos, tornar ocasionalmente necessária a 
modificação do tratamento. Vómitos e cólicas abdominais também são comuns, mas sua 
incidência pode ser reduzida injectando-se o melarsoprol lentamente em um paciente supino e 
em jejum. O paciente deve permanecer no leito sem comer durante várias horas após a injecção 
do fármaco. 
Precauções e contra-indicações. 
O melarsoprol deve ser administrado apenas em pacientes sob supervisão hospitalar, de 
modo que o esquema de administração possa ser modificado quando necessário. 
O início do tratamento durante um episódio febril já se associou a uma incidência maior 
de encefalopatia reactiva. A administração de melarsoprol a pacientes com hanseníase pode 
precipitar o eritema nodoso. O uso do fármaco é contra-indicado durante epidemias de 
influenza. Reacções hemolíticas graves já foram descritas em pacientes com deficiência de 
glicose-6-fosfato desidrogenase. A gestação não é uma contra-indicação ao tratamento com 
melarsoprol. 
Nifurtimox e Benzonidazol 
Uma variedade de análogos dos nitrofuranos e nitroimidazólicos é eficaz em infecções 
experimentais da tripanossomíase causada por T. cruzi. Desses, o nifurtimox e o benzonidazol 
são actualmente usados na clínica para tratar a doença. 
Efeitos antiprotozoários e mecanismos de acção. 
O nifurtimox e o benzonidazol são igualmente tripanocidas contra formas 
tripomastigotas e amastigotas de T. cruzi. O nifurtimox também apresenta actividade contra T. 
brucei e pode ser curativo em ambos os estágios, precoce e tardio, da doença. 
Tanto o nifurtimox quanto o benzonidazol são activados por uma nitrorredutase 
mitocondrial dependente de NADH, levandoà geração intracelular de radicais nitro aniónicos 
que são tidos como responsáveis pelos efeitos tripanocidas. A transferência de elétrons a partir 
do fármaco activado regenera o nitrofurano nativo e forma radicais aniónicos superóxidos e 
outras espécies reactivas de oxigénio, como o peróxido de hidrogénio e o radical hidroxila. A 
reacção dos radicais livres com macromoléculas celulares resulta em lesões celulares que 
incluem a peroxidação dos lipídeos, lesão da membrana, inactivação enzimática e lesão do 
DNA. A expressão reduzida de nitrorredutase através de experimentos de nocaute de um único 
gene alelo ou através da selecção de fármacos leva à resistência ao fármaco. 
Absorção, destino e excreção. 
O nifurtimox é bem absorvido após a administração oral, sendo observado o pico de 
seus níveis plasmáticos após 3,5 h. A despeito disso, há apenas baixas concentrações do 
fármaco no plasma e <0,5% da dose é excretada na urina. A meia-vida de eliminação é de 
aproximadamente 3 h, apenas. Entretanto, observam-se altas concentrações de vários 
metabólitos não identificados e o nifurtimox sofre claramente uma rápida biotransformação, 
provavelmente através de um efeito de primeira passagem pré-sistémico. Não se sabe se os 
metabólitos têm qualquer actividade tripanocida. 
 
24 | P a g e 
Usos terapêuticos. 
O nifurtimox e o benzonidazol são empregados no tratamento da tripanossomíase 
americana (doença de Chagas), causada pelo T. cruzi. Entretanto, por questões de toxicidade, 
o benzonidazol é o tratamento preferido. Ambos os fármacos reduzem notavelmente a 
parasitemia, a gravidade e a letalidade da doença de Chagas aguda, obtendo curas 
parasitológicas em 80% desses casos. A cura parasitológica é definida como um resultado de 
PCR negativo e em testes sorológicos para o parasito. Na forma crónica da doença, as curas 
parasitológicas são ainda possíveis em até 50% dos pacientes, embora o fármaco seja menos 
eficaz do que no estágio agudo. O tratamento com nifurtimox ou benzonidazol não tem efeito 
nas lesões orgânicas irreversíveis. Embora um componente da destruição tecidual possa ter 
natureza auto-imune, a presença contínua dos parasitos nos órgãos infectados dos pacientes 
com doença crónica recomenda que a doença de Chagas seja tratada como uma doença 
parasitária. 
Ambos os fármacos são administrados por via oral. Podem ocorrer irritação gástrica e 
perda ponderal durante o tratamento. Se houver perda ponderal, a dose deve ser reduzida. 
A ingestão de álcool deve ser evitada durante o tratamento, pois a incidência de efeitos 
adversos pode aumentar. 
O nifurtimox é utilizado em combinação com a eflornitina no tratamento do estágio 
tardio da doença do sono causada por T. b. gambiense. 
Toxicidade e efeitos adversos. 
As crianças toleram melhor que os adultos o nifurtimox e o benzonidazol. No entanto, 
os efeitos adversos relacionados ao fármaco são comuns. Esses efeitos variam desde reacções 
de hipersensibilidade (p. ex., dermatite, febre, icterícia, infiltrados pulmonares e anafilaxia) a 
complicações dependentes da dose e da idade relacionadas principalmente ao tracto GI e aos 
sistemas nervosos periférico e central. Náuseas e vómitos são comuns, bem como mialgias e 
fraqueza. A neuropatia periférica e os sintomas GI são especialmente comuns após tratamentos 
prolongados; esta última complicação pode levar à perda ponderal e impedir a continuidade do 
tratamento. Dores de cabeça, distúrbios psíquicos, parestesias, polineurites e excitabilidade do 
SNC são menos frequentes. Também são descritas leucopenia e diminuição das contagens de 
espermatozóides. Por causa da gravidade da doença de Chagas e da falta de medicamentos 
melhores, há poucas contra-indicações absolutas ao uso desses fármacos. 
Nitazoxanida 
A nitazoxanida e seu metabólito activo, a tizoxanida (desacetilnitazoxanida) inibem o 
crescimento de esporozoítos e oocistos de C. parvum e de trofozoítos de G. intestinalis, E. 
histolytica e T. vaginalis, in vitro. 
Também já se descreveu a sua actividade contra outros protozoários, incluindo 
Blastocystis hominis, Isospora belli e Cyclospora cayetanensis. A nitazoxanida também 
demonstrou actividade contra os helmintos intestinais Hymenolepsis nana, Trichuris trichura, 
Ascaris lumbricoides, Enterobius vermicularis, Ancylostoma duodenale, Strongyloides 
stercoralis e contra o tramatódeo hepático Fascíola hepática. Sabe-se que a nitazoxanida possui 
actividade antiviral e actualmente participa de ensaios clínicos para o tratamento da hepatite C. 
 
25 | P a g e 
Mecanismos de acção e resistência. 
A nitazoxanida interfere na reacção de transferência de elétrons dependente da enzima 
PFOR, essencial ao metabolismo anaeróbio em protozoários e espécies bacterianas. Um 
mecanismo proposto para a nitazoxanida é o bloqueio da primeira etapa da cadeia PFOR, 
inibindo a ligação do piruvato ao cofactor pirofosfato de tiamina. 
A resistência à nitazoxanida tem sido induzida em Giardia in vitro, porém ainda não 
foram observados isolados clinicamente resistentes. 
Absorção, destino e excreção. 
Após administração oral, a nitazoxanida é rapidamente hidrolisada ao seu metabólito 
activo tizoxanida, que sofre conjugação principalmente a glicuronídeo de tizoxanida. 
A biodisponibilidade após uma dose oral é excelente e as concentrações plasmáticas 
máximas dos metabólitos são detectadas em 1-4 h após a administração do composto original. 
A tizoxanida se encontra ligada às proteínas do plasma em > 99,9% de sua concentração. 
A tizoxanida é excretada na urina, bile e fezes; o glicuronídeo de tizoxanida é excretado 
na urina e na bile. A farmacocinética da nitazoxanida em indivíduos com comprometimento da 
função hepática ou renal não foi observada. A eliminação eficaz dos após tratamento com 
nitazoxanida. 
Toxicidade e efeitos adversos. 
Até o momento, os efeitos adversos parecem ser raros com a nitazoxanida. Dor 
abdominal, diarreia, vómitos e dor de cabeça já foram descritos, mas as taxas não foram 
diferentes das observadas em pacientes que receberam placebo. 
Observa-se uma tonalidade esverdeada da urina na maior parte dos indivíduos que 
recebem nitazoxanida. Para uso na gestação, ela é classificada como um agente na categoria B, 
com base em estudos de teratogénese e fertilidade em animais, mas não há experiência clínica 
com o seu uso em gestantes ou lactantes. 
 
 
26 | P a g e 
Considerações finais 
Após uma depauperante submersão a este mundo extenso de bibliografias e realidades, 
podemos em desfecho, considerar que A maior parte dos fármacos antiprotozoários existentes 
já é usada há anos, a despeito de terem ocorrido ultimamente nas biociências avanços signifi 
cativos concernentes à biologia dos parasitos, às defesas do hospedeiro e aos mecanismos da 
doen ça. Ainda não há agentes satisfatórios para tratar importantes infecções por protozoários, 
como a tripanossomíase africana (doen ça do sono) e a doen ça de Chagas crônica. Muitos 
antiprotozoários efi cazes são tóxicos em doses terapêuticas, um problema exacerbado pela 
crescente resistência dos parasitos. O surgimento dessa resistência também representa uma 
séria ameaça aos agentes antiprotozoários mais bem tolerados em uso corrente. Infelizmente, 
muitas dessas doen ças afl igem populações pobres em paí ses em desenvolvimento e portanto, 
há pouco incentivo econômico para que a indústria farmacêutica desenvolva novos 
antiparasitários. Para descobrir novos tratamentos antiprotozoários, os cientistas e médicos que 
trabalham nesse campo devem ser criativos e voltar-se para fármacos originariamente 
desenvolvidos para outras indicações (p. ex., no caso da leishmaniose, a anfotericina e a 
miltefosina), para fármacos em investigação disponibilizados diretamente pelos Centros de 
Controle e Prevenção de Doen ça (Centers for Disease Control and Prevention — CDC) ou 
para agentes desenvolvidos para usoveterinário. (LAURENCE L. BRUNTON, PHD, 2012) 
 
 
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Referencias bibliográficas 
LAURENCE L. BRUNTON, PHD. (2012). As bases farmacológicas da terapêutica de 
Goodman & Gilman. AMGH Editora Ltda. 
PhD. Hall, J. E. (2017). Guyton and Hall Textbook of Medical Physiology (13 ed.). Rio 
de Janeiro, Brasil: Elsevier Editora Ltda. 
Porto, C. C. (2014). Semiologia médica (7 ed.). (A. L. Porto, Ed.) Guanabara, Rio de 
Janeiro: Guanabara Koogan. Obtido em Maio de 2020 
Rang, H., Ritter, J., Flower, R., & Henderson, G. (2016). Rang & Dale: Farmacologia 
(8th ed.). (G. C. Editorial, Trad.) Rio de Janeiro, Beazil: Elsevier Editora Ltda. 
Sêneca. (s.d.). Sêneca: É parte da cura o desejo de ser curado. Obtido em 6 de Abril 
de 2021, de Pensador: https://www.pensador.com/frase/NDg1/ 
 
 
 
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Anexo 
Autores 
1019970 Hermenegilda Vaneza Calala 
1015225 Idelmira Cecília Tavares Cardoso 
1014145 Ilda Maria Cabral Alexandre 
1019714 Indira Nzilandi Silvestre Mendes 
1019274 Inilda Da Conceição Paulo Cunha 
1020714 Iracelma da Costa Ferreira 
1019901 Irene Carita Gomes Kambovo 
1018517 Isabel Dina Hengo Pacavira 
1021526 Ivone Lukennya Jorge da Costa Domingos 
1020313 Janeth Dombo Miguel 
1020616 Jessé Acrísio Da Rosa Marcos 
1019610 Jéssica Bemi Mpassi 
1019646 Jéssica Miguel Mavacala 
1018350 João Alexandre Miguel Lotocanesso

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