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Antiprotozoários DEFINIÇÃO, MECANISMO DE ACÇÃO E REAÇÕES ADVERSAS Grupo nº 6ª Medicina 3º Ano Universidade Privada de Angola Faculdade de Ciências da Saúde Departamento de Medicina Farmacologia Geral Talatona – Luanda 2021 2 | P a g e TRABALHO APRESENTADO PARA OBTENÇÃO DE NOTA NO SEGUNDO SEMESTRE EM FARMACOLOGIA, NA UNIVERSIDADE PRIVADA DE ANGOLA ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: MEDICINA GERAL ORIENTADOR: CAT. JESSÉ MARCOS LD-TLN 2021 Antiprotozoários DEFINIÇÃO, MECANISMO DE ACÇÃO E REAÇÕES ADVERSAS GRUPO Nº 6ª 3 | P a g e Epígrafe “É parte da cura o desejo de ser curado.” - (Sêneca) 4 | P a g e Resumo Os Antiprotozoários fazem parte do grupo dos Antimicrobianos, cuja sua finalidade, destina-se ao tratamento de doenças parasitárias incitadas por protozoários. As moléstias que os protozoários causam são muito diferentes entre si em termos de mecanismo patológico, sintomas, duração e gravidade. Os Antiprotozoários variam seu mecanismo de acção, farmacocinética e farmacodinâmica de acordo com a fisiopatologia da doença. O Tratamento contra protozoários é mais difícil do que o tratamento contra bactérias, pois os protozoários se assemelham as nossas células metabolicamente, aumentando assim a toxicidade no que concerne aos fármacos devido a falta de especialidade. Palavras chave: Antimicrobiano, parasita, Protozoarios, Toxicidade. 5 | P a g e Índice Epígrafe .............................................................................................................................................. 3 Resumo .............................................................................................................................................. 4 Introdução .......................................................................................................................................... 6 Objectivos .......................................................................................................................................... 7 Geral .............................................................................................................................................. 7 Específicos ..................................................................................................................................... 7 Antiprotozoários ................................................................................................................................. 8 Fármacos antiprotozoários que actuam na membrana do protozoário ................................................... 9 Anfotericina B ............................................................................................................................... 9 Mecanismo de acção .................................................................................................................. 9 Usos terapêuticos ....................................................................................................................... 9 Paromomicina .............................................................................................................................. 10 Mecanismo de acção. ............................................................................................................... 10 Efeitos antimicrobianos; usos terapêuticos................................................................................ 10 Fármacos Antiprotozoários que actuam na síntese dos ácidos nucleicos ............................................. 11 Metronidazol ................................................................................................................................ 11 Efeitos antiparasitários e antimicrobianos ................................................................................. 11 Mecanismos de acção e resistência ........................................................................................... 11 Absorção, destino e excreção ................................................................................................... 12 Usos terapêuticos ..................................................................................................................... 13 Toxicidade, contra-indicações e interacções medicamentosas ................................................... 14 Outros fármacos................................................................................................................................ 16 Pentamidina ................................................................................................................................. 16 Efeitos antiprotozoários e antifúngicos. .................................................................................... 16 Mecanismo de acção e resistência. ........................................................................................... 16 Absorção, destino e excreção. .................................................................................................. 16 Usos terapêuticos ..................................................................................................................... 17 Suramina...................................................................................................................................... 17 4.11.1- Efeitos antiparasitários. ................................................................................................ 18 4.11.2- Absorção, destino e excreção........................................................................................ 18 4.11.3- Usos terapêuticos. ........................................................................................................ 19 4.11.4- Toxicidade e efeitos adversos. ...................................................................................... 19 Precauções e contra-indicações. ............................................................................................... 20 Estibogliconato de Sódio .............................................................................................................. 20 Efeitos antiprotozoários e resistência ao fármaco. ..................................................................... 20 Absorção, destino e excreção. .................................................................................................. 20 Usos terapêuticos. .................................................................................................................... 20 Toxicidade e efeitos adversos. .................................................................................................. 21 Melarsoprol.................................................................................................................................. 21 Efeitos antiprotozoários. .......................................................................................................... 22 Absorção, destino e excreção. .................................................................................................. 22 Usos terapêuticos. .................................................................................................................... 22 Toxicidade e efeitos adversos. .................................................................................................. 22 Precauções e contra-indicações. ............................................................................................... 23 Nifurtimox e Benzonidazol ........................................................................................................... 23 Efeitos antiprotozoários e mecanismos de acção. ...................................................................... 23 Absorção, destino e excreção. ..................................................................................................23 Usos terapêuticos. .................................................................................................................... 24 Toxicidade e efeitos adversos. .................................................................................................. 24 Nitazoxanida ................................................................................................................................ 24 Mecanismos de acção e resistência. .......................................................................................... 25 Absorção, destino e excreção. .................................................................................................. 25 Toxicidade e efeitos adversos. .................................................................................................. 25 Considerações finais ......................................................................................................................... 26 Referencias bibliográficas ................................................................................................................. 27 Anexo............................................................................................................................................... 28 Autores ........................................................................................................................................ 28 6 | P a g e Introdução O parasitismo é uma associação heterotípica, entre duas espécies diferentes, negativa de exploração, temporária ou permanente, externa ou interna, entre o parasita e o hospedeiro. O parasita é a espécie zoológica inferior, é menor e menos organizado, depende metabólica e evolutivamente do hospedeiro, vive às suas custas causando modificações importantes do equilíbrio homeostático e do sistema hospedeiro imune. Quando esse equilíbrio é quebrado, ocorre a parasitose ou doença parasitária. A maior parte dos fármacos antiprotozoários existentes já é usada há anos, a despeito de terem ocorrido ultimamente nas biociências avanços significativos concernentes à biologia dos parasitos, às defesas do hospedeiro e aos mecanismos da doença. Ainda não há agentes satisfatórios para tratar importantes infecções por protozoários, como a tripanossomíase africana (doença do sono) e a doença de Chagas crónica. 7 | P a g e Objectivos Geral • Conhecer os Antiprotozoários Específicos • Definir Antiprotozoários. • Descrever os mecanismos de acção dos protozoários. • Referir as reacções adversas e contra-indicações de alguns Antiprotozoários. 8 | P a g e Antiprotozoários Todos os fármacos Antiprotozoários podem ser tóxicos para o organismo humano pois as células protozoárias se assemelham bastante as células humanas, podendo assim não apenas combater a bactéria como destruir a própria célula do hospedeiro. Os mamíferos desenvolveram mecanismos muito eficazes para se defender dos parasitas invasores, mas muitos parasitas, por sua vez, desenvolveram sofisticadas técnicas de evasão. Uma estratégia parasitária comum é refugiar-se no interior das células do hospedeiro, onde os anticorpos não podem atingi-los. A maioria dos protozoários faz isso; por exemplo, as espécies Plasmodium o fazem nas hemácias, as espécies Leishmânia infectam exclusivamente os macrófagos, enquanto as espécies de tripanossomos invadem vários outros tipos de células. O hospedeiro lida com esses fugitivos intracelulares ao distribuir as células T CD8 + citotóxicas e a via das citocinas dos T-helper (Th)1, como interleucina 2 (IL-2), factor de necrose tumoral (TNF)-α e interferona-γ. Essas citocinas activam os macrófagos, os quais, então, podem destruir os parasitas intracelulares. (Rang, Ritter, Flower, & Henderson, 2016) Os fármacos antiprotozoários são divididos de acordo com os protozoários que combatem. Existem fármacos que combatem a: • Amebíase: Cloroquina, desidroemetina, Emetina, iodoquinol, metronidazol, Paramocina, Tinidazol • Malárico: Artemisina, Cloroquina, mefloquina, primaquina, pirimetamina, quinina/quinidina. • Tripanossomíase: Benzinidazol, melarzoprol, nifurtimax, pentamidina, suramina. • Leishmaniose: estibogluconato. • Toxoplasmose: Pirimetamina. • Giardíase: Metronidazol, nitazoxanida, Tinidazol. Mas eles também podem ser divididos tendo em conta o seu mecanismo de acção: • Agem na membrana do protozoário; o Anfotericina B. • Interferem na Síntese proteica; o Eflortina e Paromicina. • Interferem na síntese de ácidos nucleicos; o Metronidazol. • Mecanismo de acção desconhecido. o Pentamidina, Suramina, Sódio estibogluconato, Melarsprostrol, Nifurtimox e Benzonidazol, Nitazoxanida. 9 | P a g e Fármacos antiprotozoários que actuam na membrana do protozoário Anfotericina B A anfotericina B é um agente antileishmaniótico altamente eficaz, que em estudos clínicos cura mais de 90% dos casos de leishmaniose visceral e que se tornou o fármaco de escolha para os casos resistentes aos antimoniais. Ela é considerada um fármaco de segunda linha contra a leishmaniose cutânea ou mucosa, onde se mostrou eficiente no tratamento de pacientes imunocomprometidos. As preparações lipídicas do fármaco reduziram sua toxicidade, mas o seu custo e a dificuldade de administração permanecem como problema nas regiões endémicas. Mecanismo de acção A anfotericina forma complexos com os precursores do ergosterol na membrana plasmática, dando origem a poros que permitem a entrada de íons na célula. A leishmânia tem esteróides cuja composição é similar à composição dos fungos patógenos e o fármaco liga-se preferencialmente a esses esteróides, em relação com o colesterol do hospedeiro. Nunca se encontrou qualquer resistência significativa ao fármaco, mesmo após quase 30 anos de uso como agente antifúngico. Usos terapêuticos Inúmeros esquemas de dosagens foram registados para o tratamento da leishmaniose visceral, com a maioria alcançando altas taxas de cura e boa segurança. Os esquemas típicos de uma dose total de 10-20 mg/kg, administradas em doses divididas ao longo de 10-20 dias por infusão intravenosa, alcançaram taxas de cura maior de 95%. Dados recentes sugerem que uma única dose de 5 mg/kg seguida por um tratamento de 7-14 dias com miltefosina oral foi eficiente na cura da leishmaniose visceral e esse esquema de dosagem necessita de estudo adicional. 10 | P a g e Paromomicina A paromomicina (aminosidina) é um aminoglicosídeo da família da neomicina/canamicina usado como um agente oral no tratamento da infecção por E. histolytica. O fármaco não é absorvido a partir do tracto GI e, portanto, as actividades de uma dose oral estão confinadas a este sistema. A paromomicina VO também tem sido usada para tratar a criptosporidiose e a giardíase. Uma formulação tópica pode ser usada para tratar tricomoníase e a administração parenteral já foi empregada na leishmaniose visceral. Mecanismo de acção. A paromomicina tem o mesmo mecanismo de acção da neomicina e da canamicina (ligação à subunidade 30S do ribossomo) e o mesmo espectro de actividade antibacteriana. Após a administração oral recuperam-se nas fezes 100% do fármaco e, mesmo em casos de comprometimento da integridade do intestino, há pouca evidência de absorção clinicamente significativa de paromomicina. A administração parenteral traz os mesmos riscos de nefrotoxicidade e ototoxicidade observados com outros aminoglicosídeos. Efeitos antimicrobianos; usos terapêuticos. A paromomicina é o fármaco de escolha para o tratamento da colonização intestinal por E. histolytica. É usada em combinação com o metronidazol para tratar colite amebiana e abscesso amebiano do fígado e pode ser usada como um agente único em indivíduos assintomáticos em que se descobre uma colonização intestinal por E. histolytica. Os efeitos adversos são raros com o usooral, mas incluem dores e cólicas abdominais, dores epigástricas, náuseas, vómitos, esteatorreia e diarreia. Já foram descritos, em raras ocasiões, exantemas e dores de cabeça. A paromomicina já foi usada para tratar a criptosporidiose em pacientes com HIV tanto isoladamente como em combinação com azitromicina, porém em um ensaio randomizado e controlado a paromomicina não foi mais eficaz do que o placebo para esta indicação. 11 | P a g e Fármacos Antiprotozoários que actuam na síntese dos ácidos nucleicos Metronidazol Um composto, 1-(β-hidroxietil) -2-metil-5-nitroimidazol ou metronidazol, tem actividade especialmente alta in vitro e in vivo contra os protozoários anaeróbios T. vaginalis e “E. histolytica”. Em 1960, Durel e colaboradores relataram que doses orais do fármaco conferiam actividade tricomonicida ao sémen e à urina e que altas taxas de cura podiam ser obtidas tanto no homem como na mulher acometidos de tricomoníase. Estudos posteriores revelaram que o metronidazol tinha actividade clínica extremamente útil contra uma variedade de patógenos anaeróbios incluindo tanto bactérias gram-negativas e gram-positivas como o protozoário G. lamblia. Efeitos antiparasitários e antimicrobianos O metronidazol e os G. lamblia relacionados são activos in vitro contra uma ampla variedade de anaeróbios, sejam eles protozoários parasitos ou bactérias. O composto é directamente tricomonicida. O metronidazol exibe actividade antibacteriana contra todos os cocos anaeróbios, contra os bacilos gram-negativos anaeróbios, incluindo Bacteroides spp., e contra os bacilos gram-positivos anaeróbios formadores de esporos. Os bacilos gram-positivos que não formam esporos são frequentemente resistentes, bem como as bactérias aeróbias e anaeróbias facultativas. O metronidazol é clinicamente eficaz na tricomoníase, na amebíase e na giardíase, e também em uma variedade de infecções causadas por bactérias obrigatoriamente anaeróbias, incluindo Bacteroides, Clostridium, e bactérias microaerófilas como Helicobactere Campylobacter spp. Na dracunculíase, o metronidazol pode facilitar a extracção do verme-da- guiné adulto, embora não tenha nenhum efeito directo sobre o parasito. Mecanismos de acção e resistência O metronidazol é um pró-fármaco; requer activação redutiva do grupo nitro pelos organismos susceptíveis. Sua toxicidade selectiva para patógenos anaeróbios e microaerófilos como os protozoários amitocondriados T. vaginalis, E. histolytica e G. lamblia e várias bactérias anaeróbias decorre do metabolismo energético desses organismos, que difere do das células. Esses organismos, diferentemente de seus congéneres aeróbios, têm envolvidos no transporte de electrões, elementos como as ferridoxinas, pequenas proteínas Fe-S com potencial redox suficientemente negativo para doar electrões ao metronidazol. A transferência de um único eléctron dá origem a um nitrorradical aniónico altamente reactivo, que destrói os organismos susceptíveis mediante a acção do radical sobre o DNA e possivelmente sobre outras biomoléculas vitais. O metronidazol sofre regeneração catalítica; a perda do eléctron pelo metabólito activo recompõe o composto original. Níveis crescentes de O2 inibem a citotoxicidade induzida pelo metronidazol porque o O2 compete com o metronidazol pelos elétrons gerados pelo metabolismo energético. 12 | P a g e Assim, o O2 pode não só diminuir a activação redutiva do metronidazol como aumentar a regeneração do fármaco activado. Organismos anaeróbios ou microaerófilos susceptíveis ao metronidazol derivam a sua energia da fermentação oxidativa de cetoácidos como o piruvato. A resistência clínica ao metronidazol por parte de T. vaginalis, G. lamblia e de uma variedade de bactérias anaeróbias e microaerófilas está bem documentada, mas a resistência da E. histolytica ainda precisa ser demonstrada. Cepas resistentes de T. vaginalis obtidas de pacientes que não respondem ao tratamento exibem, quando testadas sob condições anaeróbias, dois principais tipos de anormalidades. O primeiro relaciona-se ao comprometimento da capacidade de remover o oxigénio, o que dá origem a concentrações locais mais altas de O2, menor activação do metronidazol e inútil regeneração do fármaco activado. O segundo tipo associa-se a menores níveis de PFOR e de ferridoxina, este último devido à redução da transcrição do gene da ferridoxina. O fato de que a PFOR e a ferridoxina não estão completamente ausentes pode explicar porque infecções com tais cepas habitualmente respondem a doses mais altas de metronidazol ou ao tratamento mais prolongado. Estudos feitos com amostras de G. intestinalis resistentes ao metronidazol indicam que mecanismos similares podem ser operativos, sendo os níveis de PFOR cinco vezes menores que os das cepas susceptíveis. A resistência ao metronidazol não foi ainda observada em amostras clínicas de E. histolytica, mas já foi induzida in vitro pelo cultivo de trofozoítos em concentrações gradualmente crescentes do fármaco. Interessantemente, embora tenha sido descrita alguma diminuição dos níveis de PFOR, a resistência ao metronidazol foi mediada principalmente pela crescente expressão de superóxido dismutase e de peroxirredoxina nos trofozoítos de ameba. A resistência das bactérias anaeróbias ao metronidazol está sendo cada vez mais reconhecida e tem importantes consequências clínicas. Absorção, destino e excreção As propriedades farmacocinéticas do metronidazol e de seus dois principais metabólitos já foram intensamente investigadas. Há preparações de metronidazol disponíveis para administração oral, intravenosa, intravaginal e tópica. O fármaco é em geral completa e prontamente absorvido após a ingestão oral, alcançando altas concentrações plasmáticas após uma única dose de 500 mg. Uma relação linear entre a posologia e a concentração plasmática aplica-se a doses entre 200-2.000 mg. Doses repetidas a cada 6-8 h resultam em algum acúmulo do fármaco; a depuração sistémica é dependente da dose. A meia-vida plasmática do metronidazol é de aproximadamente 8 h, e seu volume de distribuição se aproxima do observado para a água corporal total. Menos de 20% do fármaco liga-se às proteínas plasmáticas. Com excepção da placenta, o metronidazol penetra bem nos tecidos e líquidos corporais, incluindo as secreções vaginais, o líquido seminal, a saliva, o leite materno e o LCS. Após uma dose oral, > 75% do metronidazol marcado são eliminados na urina, em grande parte como metabólitos; apenas 10% se recuperam como fármaco inalterado. O fígado é o principal local do metabolismo, e responde por > 50% da depuração sistémica do metronidazol. Os dois principais metabólitos, um hidroxiderivado e um ácido, resultam da oxidação das cadeias laterais. O hidroximetabólito tem meia-vida mais longa (~ 12 h) e apresenta 50% da actividade antitricomonas exibida pelo metronidazol. Também se observa a formação de glicuronídeos. Metabólitos reduzidos, incluindo os produtos da clivagem do anel, são formados em pequenas quantidades pela flora do intestino. A urina de alguns pacientes 13 | P a g e pode adquirir cor vermelho-acastanhada pela presença de pigmentos não identificados, derivados do fármaco. O metabolismo oxidativo do metronidazol é induzido pelo fenobarbital, prednisona, rifampicina e possivelmente pelo etanol. A cimetidina parece inibir o metabolismo hepático do fármaco. Usos terapêuticos O metronidazol cura infecções genitais por T. vaginalis em mais de 90% dos casos, tanto em homens como em mulheres. O regime preferido de tratamento é 2 g de metronidazol em dose única oral para homens e mulheres. O tinidazol, que possui uma meia-vida mais longa do que o metronidazol, também é utilizado em dose única de 2 g e parece fornecer respostas equivalentes ou melhores do que este último. Para pacientes que não toleraram uma dose únicade 2 g de metronidazol (ou 1 g 2 vezes/dia), um esquema alternativo consiste em uma dose de 250 mg 3 vezes/dia ou em uma dose de 375 mg 2 vezes/dia durante sete dias. Quando, em razão de infecções não curadas ou recorrentes, há necessidade de cursos repetidos ou de doses mais altas do fármaco, recomenda-se que se estabeleçam intervalos de 4-6 semanas entre os cursos. Em tais casos, contagens leucocitárias devem ser feitas antes, durante e após cada curso de tratamento. As falhas de tratamento decorrentes da presença de cepas de T. vaginalis resistentes ao metronidazol estão tornando-se cada vez mais comuns. A maior parte desses casos pode ser tratada com sucesso administrando-se uma segunda dose de 2 g ao paciente e ao seu parceiro sexual. Além do tratamento oral, o uso de um gel tópico contendo 0,75% de metronidazol, ou de um supositório vaginal de 500-1.000 mg, aumenta a concentração local do fármaco e pode ser benéfico em casos refractários. O metronidazol é um amebicida eficaz e o agente de escolha no tratamento de todas as formas sintomáticas de amebíase, incluindo a colite amebiana e o abscesso hepático amebiano. A dose recomendada é de 500-750 mg de metronidazol tomados por via oral 3 vezes/dia durante 7-10 dias ou, para crianças, 35-50 mg/kg/dia, divididas em três doses por 7-10 dias. Embora 7-10 dias seja o período padrão recomendado para a duração do tratamento, cursos curtos (dose oral única diária de 2,4 g durante 2 dias) de metronidazol ou tinidazol já foram bem-sucedidos no tratamento do abscesso amebiano do fígado. A E. histolytica persiste na maior parte dos pacientes que se recupera de uma amebíase aguda após tratamento com metronidazol; por essa razão todos os indivíduos são também tratados com um amebicida luminal. O metronidazol é um fármaco relativamente barato e altamente versátil, dotado de eficácia clínica contra um amplo espectro de bactérias anaeróbias e microaerófilas. É usado para o tratamento de infecções sérias decorrentes de bactérias anaeróbias susceptíveis, incluindo Bacteroides, Clostridium, Fusobacterium, Peptococcus, Peptostreptococcus, Eubacterium e Helicobacter. Também é dado em combinação com outros agentes antimicrobianos para tratar infecções polimicrobianas com bactérias aeróbias e anaeróbias. O metronidazol alcança níveis clinicamente eficazes nos ossos, articulações e SNC; pode ser administrado por via intravenosa quando a administração oral não é possível. Uma dose de ataque de 15 mg/kg é seguida, 6 h depois, por doses de manutenção de 7,5 mg/kg repetidas a cada 6 h, habitualmente durante 7-10 dias. O metronidazol é usado para compor o esquema de profilaxia para a cirurgia colorretal e é empregado como um agente isolado para tratar a vaginose bacteriana. É usado em 14 | P a g e combinação com outros antibióticos e com um inibidor da bomba de prótons em regimes destinados ao tratamento da infecção por H. pylori. O metronidazol é usado como o tratamento primário da infecção por Clostridium difficile, a principal causa de colite pseudomembrana. Administrado em doses de 250-500 mg VO 3 vezes/dia durante 7-14 dias (ou até mesmo durante mais tempo), o metronidazol é uma alternativa eficaz e de menor custo em relação ao tratamento com vancomicina oral. Entretanto, um maior registro de falhas no tratamento e taxas mais elevadas de recorrência da doença com metronidazol (quando comparada à vancomicina oral) estão fazendo surgir questões sobre o papel do metronidazol como terapia de primeira linha (McFarland, 2008). Finalmente, o metronidazol também é usado no tratamento de pacientes com doença de Crohn com fístulas perianais e pode ajudar a controlar a doença de Crohn do cólon (mas não a do intestino delgado). Entretanto, podem ser necessárias altas doses (750 mg 3 vezes/dia) por longos períodos e a neurotoxicidade pode ser um factor limitante. O metronidazol e outros podem sensibilizar células tumorais hipóxicas aos efeitos da radiação ionizante, mas esses fármacos não são usados clinicamente para esse propósito. Toxicidade, contra-indicações e interacções medicamentosas Apenas raramente os efeitos adversos são graves o sufi ciente para provocar a interrupção do tratamento. Os mais comuns são cefaleia, náuseas, boca seca e um gosto metálico na boca. Vómitos, diarreia e desconforto abdominal são experimentados ocasionalmente. A observação de língua saburrosa, glossite e estomatite durante o tratamento pode corresponder a uma exacerbação da candidíase. Tonturas, vertigem e, muito raramente, encefalopatia, convulsões, falta de coordenação e ataxia são efeitos neurotóxicos que indicam a interrupção do me-tronidazol. O fármaco também deve ser interrompido se ocorrerem dormências ou parestesias das extremidades. A reversão das neuropatias sensoriais graves pode ser lenta ou incompleta. Urticária, rubores e prurido são indicativos de sensibilidade ao fármaco e podem tornar necessária sua interrupção. O metronidazol é uma rara causa de síndrome de Stevens-Johnson (necrólise epidérmica tóxica). Disúria, cistite e uma sensação de pressão pélvica foram descritas. O efeito do metronidazol é bem documentado e similar ao do dessulfuram, e alguns pacientes experimentam desconforto abdominal, vómitos, rubores e cefaleia, em caso de uso de bebidas alcoólicas durante ou após três dias decorridos do tratamento com esse fármaco. Os pacientes devem ser advertidos contra o consumo de álcool durante o tratamento com metronidazol, embora o risco de uma reacção grave seja pequeno. Pelo mesmo motivo, o metronidazol não deve ser tomado juntamente com dessulfuram ou com qualquer fármaco similar a este, pois podem ocorrer estados confusionais e psicóticos. Embora algumas substâncias químicas relacionadas tenham causado discrasias sanguíneas, com o metronidazol ocorre apenas uma neutropenia temporária e reversível mediante a interrupção do tratamento. O metronidazol deve ser usado com cautela em pacientes com doença activa do SNC, pela sua potencial neurotoxicidade. O fármaco também pode precipitar sinais de toxicidade determinada por lítio sobre o SNC em pacientes que recebem altas doses do metal. Os níveis plasmáticos de metronidazol podem ser elevados por fármacos que, como a cimetidina, inibem o metabolismo microssómico hepático. Além disso, o metronidazol pode prolongar o tempo de 15 | P a g e protrombina em pacientes sob tratamento com anticoagulantes do tipo da warfarina. As doses de metronidazol devem ser reduzidas em pacientes com doença hepática grave. O metronidazol é carcinogénico em roedores quando administrado em altas doses por longos períodos; também é mutagénico em bactérias. A actividade mutagénica associa-se ao metronidazol e a vários dos seus metabólitos encontrados na urina de pacientes tratados com doses terapêuticas. Entretanto, não há evidência de que doses terapêuticas de metronidazol representem qualquer risco significativamente mais elevado de câncer em pacientes humanos. Há evidências conflituantes sobre a teratogenia do metronidazol em animais. Embora o metronidazol já tenha sido utilizado durante todos os estágios da gestação sem nenhum efeito adverso visível, seu uso durante o primeiro trimestre geralmente não é aconselhado. 16 | P a g e Outros fármacos Pentamidina A pentamidina é uma diamina aromática de carga positiva, descoberta em 1937 como uma consequência fortuita da busca por compostos hipoglicémicos que pudessem comprometer o metabolismo energético de parasitos. Dos compostos testados, encontraram-se três que possuíam excepcional actividade: a estilbamidina, a entamidina e a propamidina. A pentamidina teve mais utilidade clínica, por causa da sua relativa estabilidade, toxicidade mais baixa e facilidade de administração. A pentamidina é um agente de amplo espectro com actividade contra diversas espécies de protozoários patogénicos e algunsfungos. Efeitos antiprotozoários e antifúngicos. As diamidinas aromáticas com carga positiva são tóxicas para um número de diferentes protozoários, e ainda exibem notável selectividade de acção. A pentamidina é usada para o tratamento do estágio inicial da infecção por T. brucei gambiense, porém é ineficaz para o tratamento do estágio tardio da doença e apresenta eficácia reduzida contra o T. brucei rhodesiense. Portanto, seu uso é limitado ao tratamento do estágio inicial da doença do sono causada pelo T. brucei gambiense. A pentamidina é um agente alternativo para o tratamento da leishmaniose cutânea. Mecanismo de acção e resistência. O mecanismo de acção das diamidinas é desconhecido. Os compostos dicatiónicos parecem exibir múltiplos efeitos sobre determinado parasito e agem por mecanismos díspares em parasitos diferentes. No T. brucei, por exemplo, as diamidinas concentram-se através de um sistema de captação de alta afinidade, dependente de energia, e atingem concentrações milimolares nas células; essa captação selectiva é essencial para a sua eficácia. O transportador de diamidina mais bem caracterizado é transportador de purinas P2 usado pelos arsenicais baseados na melamina, o que explica a resistência cruzada às diamidinas exibida por certas cepas de T. brucei resistentes aos arsenicais in vitro. Está cada vez mais claro que múltiplos transportadores são responsáveis pela captação da pentamidina e isso pode responder ao fato de que se observa pouca resistência a esse fármaco em amostras de campo, a despeito de seus anos de uso como agente profiláctico. Embora a incapacidade de concentrar diamidinas seja a causa habitual da resistência à pentamidina in vitro, outros mecanismos também podem estar envolvidos. Absorção, destino e excreção. O isetionato de pentamidina é bastante bem absorvido desde os locais parenterais de administração. Após uma única dose intravenosa, o fármaco desaparece do plasma com uma meia-vida aparente de vários minutos a umas poucas horas e as concentrações plasmáticas máximas após a injecção intramuscular ocorrem em 1 hora. A meia-vida de eliminação é muito lenta, durando de semanas a meses, e 70% do fármaco liga-se às proteínas plasmáticas. Esse composto altamente carregado é mal absorvido por via oral e não cruza a barreira hematoencefálica, explicando sua ineficácia contra a tripanossomíase em estágio tardio. 17 | P a g e Depois de múltiplas doses parenterais, o fígado, o rim, a supra-renal e o baço apresentam as concentrações mais altas do fármaco, ao passo que apenas vestígios são encontrados no cérebro. Os pulmões contêm concentrações intermediárias, mas terapêuticas, após cinco doses diárias de 4 mg/kg. A inalação de aerossóis de pentamidina é usada para profilaxia da pneumonia por Pneumocystis; a administração do fármaco por essa via resulta em pouca absorção sistémica e redução da toxicidade, em comparação com a administração intravenosa, tanto em adultos quanto em crianças. A verdadeira dose liberada para os pulmões depende tanto dos tamanhos das partículas geradas pelo nebulizador como dos padrões ventilatórios do paciente. Usos terapêuticos O isetionato de pentamidina é usado para o tratamento do estágio inicial de T. brucei gambiense e é administrado por injecção intramuscular em doses únicas de 4 mg/kg/dia durante sete dias. A pentamidina é um agente tóxico e aproximadamente 50% dos indivíduos que recebem o fármaco nas doses recomendadas (4 mg/kg/dia) exibem algum efeito adverso. A administração intravenosa de pentamidina pode associar-se à hipotensão, taquicardia e cefaleia. Esses efeitos são provavelmente secundários à capacidade da pentamidina em ligar- se aos receptores imidazolínicos e podem ser mitigados pelo alentecimento da taxa de infusão intravenosa. Tal como observado antes, as diamidinas foram concebidas originalmente para uso como hipoglicemiantes e a pentamidina retém essa propriedade. A hipoglicemia, que pode ser potencialmente fatal, pode ocorrer a qualquer momento durante o tratamento com pentamidina, mesmo em semanas após o seu início. A monitoração cuidadosa da glicemia é essencial. Paradoxalmente, já se observou pancreatite, hiperglicemia e o desenvolvimento de diabetes em alguns pacientes. A pentamidina é nefrotóxica (~ 25% dos pacientes tratados mostram sinais de disfunção renal) e se a concentração de creatinina sérica aumenta > 1,0-2,0 mg/dL, poderá ser necessário suspender temporariamente a administração do fármaco ou optar por um agente alternativo. Indivíduos que desenvolvem disfunção renal induzida por pentamidina estão sob maior risco de hipoglicemia. Outros efeitos adversos incluem exantemas cutâneos, tromboflebite, anemia, neutropenia e elevação das enzimas hepáticas. A administração intramuscular de pentamidina, embora eficaz, associa-se, no local da injecção, ao desenvolvimento de abscessos estéreis que podem infectar-se secundariamente. Por essa razão, a maior parte das autoridades recomenda a administração intravenosa. A pentamidina aerossolizada associa-se a menos eventos adversos. Suramina Com base na actividade tripanocida dos corantes vermelhotripan, azul tripan e violeta de afridol, pesquisas realizadas na Alemanha resultaram na introdução da suramina na terapêutica em 1920. Hoje, o fármaco é usado principalmente no tratamento da tripanossomíase africana; ele não tem nenhuma utilidade clínica contra a tripanossomíase americana. Embora a suramina seja eficaz para eliminar fiárias adultas na oncocercose, a ivermectina suplantou a suramina no tratamento dessa infecção. 18 | P a g e A suramina é um potente inibidor da transcriptase reversa in vitro, mas é ineficaz na infecção pelo HIV. A actividade antiproliferativa da suramina levou ao seu uso experimental, isoladamente ou com outros compostos, no tratamento de uma variedade de tumores, particularmente no câncer de próstata independente de androgénio. Entretanto, foram observados apenas efeitos paliativos modestos e o tratamento para esta indicação foi complicado pela alta toxicidade. A suramina sódica é solúvel em água, mas as soluções se deterioram rapidamente quando expostas ao ar e devem ser usadas apenas quando recém-preparadas. Nos EUA, a suramina está disponível apenas junto ao CDC. 4.11.1- Efeitos antiparasitários. A suramina é um tripanocida de acção relativamente lenta (> 6 h in vitro), dotado de alta actividade clínica contra T. b. gambiense e T. b. rhodesiense. O seu mecanismo de acção é desconhecido. A toxicidade selectiva é provavelmente o resultado da capacidade que o parasito tem de captar, por endocitose mediada por receptor, o fármaco ligado a proteínas, sendo as lipoproteínas de baixa densidade as mais importantes proteínas a interagirem para esse evento. A suramina reage reversivelmente com uma variedade de biomoléculas in vitro, inibindo muitas enzimas tripanossômicas e de mamíferos, e também receptores não relacionados com seus efeitos antiparasitários. A compartimentalização protege da suramina muitas moléculas vitais, como as enzimas glicolíticas existentes no interior dos glicossomos tripanossômicos, porque esse composto não cruza as barreiras de membrana por difusão passiva. Os tripanossomas tratados com suramina exibem lesão das estruturas membranosas intracelulares outras que não os lisossomos, mas não se sabe se isso se relaciona ou não com a acção primária do fármaco. A inibição da serina oligopeptidase no citosol dos tripanossomas pode responder por pelo menos parte da actividade da suramina, porém o fármaco é também um inibidor da diidrofolato redutase, timidinacinase e várias enzimas glicolíticas. Não há um consenso claro sobre o mecanismo de acção e a falta de qualquer resistência significante em amostras de campo aponta para múltiplos alvos possíveis. 4.11.2- Absorção, destino e excreção. A farmacologia clínicada suramina foi determinada durante os ensaios clínicos para a sua aplicação como agente antitumoral. Por não ser absorvida após a ingestão oral, e para evitar a inflamação e necrose local associada às injecções subcutâneas ou intramusculares, a suramina é administrada por via intravenosa. Após sua administração, o fármaco exibe complexa farmacocinética, com notável variação inter-individual. O fármaco é encontrado sob a forma de proteína sérica ligada na concentração de 99,7% e a sua meia-vida de eliminação terminal é de 41-78 dias. A suramina não é apreciavelmente metabolizada e a depuração renal responde pela eliminação de aproximadamente 80% do composto do corpo. Esse grande aníon polar não entra prontamente nas células e as concentrações teciduais são uniformemente mais baixas que as do plasma. Em animais de laboratório, o rim contém consideravelmente mais suramina que os outros órgãos. Essa retenção pode responder pela ocorrência bastante frequente de albuminúria 19 | P a g e após a injecção do fármaco em humanos. Muito pouca suramina penetra no LCS, o que é consistente com a sua ineficácia em caso de invasão do SNC pelos tripanossomas. 4.11.3- Usos terapêuticos. A suramina é usada como tratamento de primeira linha para o estágio inicial da infecção por T. brucei rhodesiense. Embora ela também apresente actividade contra o T. brucei gambiense, ela não é utilizada para esta aplicação porque outros fármacos estão disponíveis para o tratamento desta doença, que não são comprometidos pela alta actividade da suramina contra Onchocerca e Brugia e por possíveis reacções imunológicas resultantes da morte destes vermes parasitas. Como a suramina elimina os tripanossomas do sistema hemolinfático, mesmo na doença em estágio tardio, ela é frequentemente administrada antes de se iniciar o melarsoprol, para reduzir o risco de encefalopatia reactiva associada à administração desse arsenical. A suramina é administrada por injecção intravenosa lenta em solução aquosa a 10%. O tratamento da tripanossomíase africana activa deve começar no mínimo em 24 h, antes da punção lombar diagnóstica, para assegurar que não haverá envolvimento do SNC provocado pela própria punção. É necessária cautela se o paciente tem oncocercose (cegueira dos rios), pela possibilidade de deflagrar uma reacção de Mazzotti (i.e., exantema pruriginoso, febre, mal-estar, tumefacção dos linfonodos, eosinofilia, artralgias, taquicardia, hipotensão e cegueira possivelmente permanente). A dose única normalmente utilizada em adultos com infecção por T. brucei rhodesiense é de 1 g. É aconselhável empregar inicialmente uma dose de teste de 200 mg, para detectar a sensibilidade, após o que a dose normal é administrada por via intravenosa nos dias 1, 3, 7, 14 e 21, embora esteja sendo utilizado um amplo espectro de regimes de tratamento. A dose pediátrica é de 20 mg/kg, administrados de acordo com o mesmo esquema. Pacientes em más condições devem ser tratados com doses mais baixas durante a primeira semana. Os pacientes que apresentam recaídas após o tratamento com suramina deverão ser tratados com melarsoprol. 4.11.4- Toxicidade e efeitos adversos. A suramina pode causar uma variedade de reacções adversas, que variam em intensidade e frequência e tendem a ser mais graves em pacientes debilitados. Felizmente, a reacção imediata mais séria, que consiste em náuseas, vómitos, choque e perda da consciência, é rara (~ 1 em 2.000 pacientes). Mal-estar, náuseas e fadiga são também reacções imediatas comuns. A destruição do parasito pode causar episódios febris e exantemas cutâneos por hipersensibilidade, cuja intensidade é reduzida pelo pré-tratamento com glicocorticóides; de preferência, a oncocercose concomitante deve ser previamente tratada com ivermectina, para minimizar essas reacções. O problema mais comumente observado após várias doses de suramina é a toxicidade renal, manifestada por albuminúria, e complicações neurológicas tardias, que incluem cefaleia, gosto metálico, parestesias e neuropatia periférica. Em geral, essas complicações desaparecem de forma espontânea, a despeito da manutenção do tratamento. Outras reacções, menos prevalentes, incluem vómitos, diarreia, estomatite, calafrios, dores abdominais e edema. Anormalidades de laboratório, observadas em 12-26% dos pacientes com Aids, incluem leucopenia com ocasional agranulocitose, trombocitopenia, proteinúria e elevações reversíveis dos níveis plasmáticos de creatinina, transaminases e 20 | P a g e bilirrubinas. Achados inesperados em pacientes com Aids incluem a insuficiência supra-renal e a ceratopatia em vórtice. Precauções e contra-indicações. Os pacientes que recebem suramina devem ser cuidadosamente acompanhados. O tratamento deve ser descontinuado naqueles que exibem intolerância às doses iniciais, e o fármaco deve ser empregado com grande cautela em indivíduos com insuficiência renal. A albuminúria moderada é comum durante o controle da fase aguda, mas a albuminúria persistente e intensa exige cuidado e a modificação do esquema de tratamento. Em caso do aparecimento de cilindros, o tratamento com suramina deverá ser interrompido. A ocorrência de hiperestesia palmoplantar pode pressagiar a neurite periférica. Estibogliconato de Sódio Os compostos de antimónio foram introduzidos em 1945 e usados para tratamento da leishmaniose e de outras infecções por protozoários. Um antigo membro dessa família de compostos foi o estibogliconato de sódio. Efeitos antiprotozoários e resistência ao fármaco. O mecanismo de acção antileishmaniótica do estibogliconato permanece como uma área activa de pesquisa, e estudos recentes esclareceram novos aspectos interessantes dessa questão. Esses estudos apoiam a velha hipótese de que os antimoniais pentavalentes relativamente atóxicos agem como pró-fármacos. Esses compostos são reduzidos à espécie mais tóxica de que destrói as formas amastigotas no interior dos fagolisossomos dos macrófagos. Absorção, destino e excreção. Os antimoniais pentavalentes alcançam concentrações plasmáticas muito maiores que as dos compostos trivalentes. Como consequência, a maior parte de uma única dose de esibogliconato de sódio é excretada na urina em 24 h. Seu comportamento farmacocinético é similar, quer seja administrado por via intravenosa ou intramuscular; não age por via oral. O agente é rapidamente absorvido, distribui-se em um volume aparente de 0,22 L/kg e é eliminado em duas fases. A primeira fase tem uma meia-vida de aproximadamente 2 h e a segunda é muito mais longa (meia-vida = 33-76 h). De fato, aproximadamente 20% do antimónio plasmático estão presentes na forma trivalente após a administração de antimónio pentavalente. O sequestro do antimónio em macrófagos também pode contribuir para o prolongado efeito antileishmaniótico que persiste mesmo após os níveis plasmáticos de antimónio terem caído abaixo da concentração inibitória mínima observada in vitro. Usos terapêuticos. Os usos, em contínua mudança, do estibogliconato de sódio, do antimoniato de meglumina e de outros agentes na quimioterapia da leishmaniose já foram extensamente revistos. O estibogliconato de sódio é administrado por via parenteral em um esquema de administração que é individualizado conforme a resposta local de um determinado tipo de leishmaniose a esse composto. O curso-padrão é 20 mg/kg/dia durante 21 dias para a doença cutânea e durante 28 dias para a doença visceral. Em algumas regiões do mundo, esquemas 21 | P a g e prolongados, com a administração das doses máximas toleradas, são agora necessários para o tratamento bem-sucedido das formas viscerais, mucosas e de algumas formas cutâneas de leishmaniose, para vencer a crescente resistência clínica aos fármacos antimoniais. Mesmo os esquemas de altas doses podem não produzir mais resultados satisfatórios. Oaumento da resistência comprometeu muito a eficácia desses fármacos e o fármaco está actualmente obsoleto na Índia. Isso contrasta com os índices prévios de cura da doença visceral e cutânea > 85%. A anfotericina B lipossomal é a alternativa recomendada para o tratamento da leishmaniose visceral (calazar) na Índia e da leishmaniose mucosa em geral; é provável que o composto de acção oral miltefosina venha a ter um uso mais amplo nos anos vindouros. As crianças toleram habitualmente bem o fármaco e a dose por quilograma é a mesma administrada aos adultos. Os pacientes que respondem favoravelmente mostram melhora clínica em 1-2 semanas após o início do tratamento. O fármaco pode ser dado em dias alternados ou em intervalos mais longos se ocorrerem reacções desfavoráveis em indivíduos especialmente debilitados. Pacientes infectados pelo HIV representam um desafio, pois habitualmente recaem após um tratamento inicial bem-sucedido com antimoniais pentavalentes ou anfotericina B. Toxicidade e efeitos adversos. A toxicidade dos antimoniais pentavalentes é mais bem avaliada em pacientes sem doença sistémica. Em geral, regimes consistindo em altas doses de estibogliconato de sódio são muito bem tolerados; as reacções tóxicas habitualmente são reversíveis e a maior parte delas cede a despeito da manutenção do tratamento. Os efeitos mais comumente notados incluem dor no local da injecção intramuscular, pancreatite química em quase todos os pacientes, elevação das transaminases hepáticas no soro supressão da medula óssea manifestada por redução da contagem sanguínea de eritrócitos, leucócitos e plaquetas, dores musculares e articulares, fraqueza e mal-estar, cefaleia, náuseas e dor abdominal, e exantemas cutâneos. Já se descreveu uma polineuropatia reversível. Anemia hemolítica e lesão renal são manifestações raras de toxicidade antimonial, bem como choque e morte súbita. Melarsoprol Em 1949, Friedheim demonstrou que o melarsoprol, o derivado dimercaptopropanólico do óxido de melarsen, era eficaz no tratamento da tripanossomíase em estágio tardio. O melarsoprol era consideravelmente mais seguro que os outros tripanocidas disponíveis na época. A despeito de causar uma encefalopatia frequentemente fatal em 2-10% dos pacientes, o melarsoprol continuou sendo o único fármaco para o tratamento dos estágios tardios (SNC) da tripanossomíase africana oriental causada pelo T. brucei rhodesiense. Embora o melarsoprol também seja eficiente contra o estágio final da tripanossomíase africana ocidental causada pelo T. brucei gambiense, a efornitina se tornou o tratamento de primeira linha para esta doença. 22 | P a g e A simples continuidade do uso do melarsoprol em condições de campo é um indicativo da escassez de tratamentos alternativos para o estágio final da doença do sono. Efeitos antiprotozoários. O melarsoprol tem uma ampla variedade de efeitos inespecíficos, tanto sobre o tripanossoma quanto sobre as células do hospedeiro. O melarsoprol é um pró-fármaco rapidamente metabolizado (meia-vida = 30 min) à sua forma activa, o óxido de melarsen. Os arsenóxicos reagem ávida e reversivelmente com os grupos sulfidrila vizinhos, incluindo os das proteínas, inactivando desse modo um grande número e variedade de enzimas. Os mesmos mecanismos inespecíficos pelos quais o melarsoprol é letal para os parasitos são provavelmente os responsáveis pela sua toxicidade para os tecidos do hospedeiro. A base da acção tripanocida do melarsoprol não é compreendida, e provavelmente consiste na sua alta reactividade com muitas biomoléculas. O desarranjo do metabolismo energético pela inibição da enzima glicolítica foi por longo tempo tido como a explicação da sua actividade tripanocida. Outras evidências sugerem, entretanto, que esse não é o principal efeito. O melarsoprol reage com a tripanotiona, o aduto de espermidina e glutationa que substitui, nesses parasitos, a glutationa. O número de falhas de tratamento decorrentes do aumento da resistência dos tripanossomas ao melarsoprol cresceu muito nos últimos anos. A resistência ao melarsoprol envolve provavelmente defeitos de transporte, embora evidências de que existam múltiplos mecanismos de transporte do fármaco compliquem a questão. Absorção, destino e excreção. O melarsoprol é sempre administrado por via intravenosa. Uma quantidade pequena, mas significativa sob o ponto de vista terapêutico, penetra no LCS e tem efeito letal sobre os tripanossomas que infectam o SNC. O composto é rapidamente excretado e 70-80% do arsénico aparece nas fezes. Usos terapêuticos. O melarsoprol é o único fármaco eficaz disponível para o tratamento do estágio meningoencefalítico tardio da tripanossomíase africana oriental (rodesiana), que é 100% fatal quando não tratada. O fármaco também é eficaz no estágio hemolinfático precoce dessas infecções, mas, em razão de sua toxicidade, é reservado para o tratamento das infecções em estágio tardio. Os pacientes infectados por T. brucei rhodesiense que recaem após um curso de melarsoprol habitualmente respondem a um segundo tratamento com o fármaco. Em contraste, os pacientes infectados com T. brucei gambiense que não se curam com melarsoprol raramente se beneficiam com a repetição do tratamento com este fármaco. Esses pacientes frequentemente respondem bem à eflornitina. Toxicidade e efeitos adversos. O tratamento com melarsoprol é associado à toxicidade e morbidade significativas. Uma reacção febril ocorre normalmente logo após a injecção do fármaco, especialmente em caso de parasitemia alta. As complicações mais sérias envolvem o sistema nervoso. Uma encefalopatia reactiva ocorre em 5-10% dos pacientes, levando metade destes ao óbito. A causa é desconhecida, porém a encefalopatia, quando ocorre, se desenvolve tipicamente de 9-11 dias após o início do tratamento. A neuropatia periférica, observada em 10% dos pacientes que recebem melarsoprol, deve-se provavelmente ao efeito tóxico directo 23 | P a g e do fármaco. É comum a ocorrência de hipertensão e lesão miocárdica, embora o choque seja raro. Frequentemente ocorre albuminúria e o surgimento de numerosos cilindros na urina pode, tal como a aparição de evidências de distúrbios hepáticos, tornar ocasionalmente necessária a modificação do tratamento. Vómitos e cólicas abdominais também são comuns, mas sua incidência pode ser reduzida injectando-se o melarsoprol lentamente em um paciente supino e em jejum. O paciente deve permanecer no leito sem comer durante várias horas após a injecção do fármaco. Precauções e contra-indicações. O melarsoprol deve ser administrado apenas em pacientes sob supervisão hospitalar, de modo que o esquema de administração possa ser modificado quando necessário. O início do tratamento durante um episódio febril já se associou a uma incidência maior de encefalopatia reactiva. A administração de melarsoprol a pacientes com hanseníase pode precipitar o eritema nodoso. O uso do fármaco é contra-indicado durante epidemias de influenza. Reacções hemolíticas graves já foram descritas em pacientes com deficiência de glicose-6-fosfato desidrogenase. A gestação não é uma contra-indicação ao tratamento com melarsoprol. Nifurtimox e Benzonidazol Uma variedade de análogos dos nitrofuranos e nitroimidazólicos é eficaz em infecções experimentais da tripanossomíase causada por T. cruzi. Desses, o nifurtimox e o benzonidazol são actualmente usados na clínica para tratar a doença. Efeitos antiprotozoários e mecanismos de acção. O nifurtimox e o benzonidazol são igualmente tripanocidas contra formas tripomastigotas e amastigotas de T. cruzi. O nifurtimox também apresenta actividade contra T. brucei e pode ser curativo em ambos os estágios, precoce e tardio, da doença. Tanto o nifurtimox quanto o benzonidazol são activados por uma nitrorredutase mitocondrial dependente de NADH, levandoà geração intracelular de radicais nitro aniónicos que são tidos como responsáveis pelos efeitos tripanocidas. A transferência de elétrons a partir do fármaco activado regenera o nitrofurano nativo e forma radicais aniónicos superóxidos e outras espécies reactivas de oxigénio, como o peróxido de hidrogénio e o radical hidroxila. A reacção dos radicais livres com macromoléculas celulares resulta em lesões celulares que incluem a peroxidação dos lipídeos, lesão da membrana, inactivação enzimática e lesão do DNA. A expressão reduzida de nitrorredutase através de experimentos de nocaute de um único gene alelo ou através da selecção de fármacos leva à resistência ao fármaco. Absorção, destino e excreção. O nifurtimox é bem absorvido após a administração oral, sendo observado o pico de seus níveis plasmáticos após 3,5 h. A despeito disso, há apenas baixas concentrações do fármaco no plasma e <0,5% da dose é excretada na urina. A meia-vida de eliminação é de aproximadamente 3 h, apenas. Entretanto, observam-se altas concentrações de vários metabólitos não identificados e o nifurtimox sofre claramente uma rápida biotransformação, provavelmente através de um efeito de primeira passagem pré-sistémico. Não se sabe se os metabólitos têm qualquer actividade tripanocida. 24 | P a g e Usos terapêuticos. O nifurtimox e o benzonidazol são empregados no tratamento da tripanossomíase americana (doença de Chagas), causada pelo T. cruzi. Entretanto, por questões de toxicidade, o benzonidazol é o tratamento preferido. Ambos os fármacos reduzem notavelmente a parasitemia, a gravidade e a letalidade da doença de Chagas aguda, obtendo curas parasitológicas em 80% desses casos. A cura parasitológica é definida como um resultado de PCR negativo e em testes sorológicos para o parasito. Na forma crónica da doença, as curas parasitológicas são ainda possíveis em até 50% dos pacientes, embora o fármaco seja menos eficaz do que no estágio agudo. O tratamento com nifurtimox ou benzonidazol não tem efeito nas lesões orgânicas irreversíveis. Embora um componente da destruição tecidual possa ter natureza auto-imune, a presença contínua dos parasitos nos órgãos infectados dos pacientes com doença crónica recomenda que a doença de Chagas seja tratada como uma doença parasitária. Ambos os fármacos são administrados por via oral. Podem ocorrer irritação gástrica e perda ponderal durante o tratamento. Se houver perda ponderal, a dose deve ser reduzida. A ingestão de álcool deve ser evitada durante o tratamento, pois a incidência de efeitos adversos pode aumentar. O nifurtimox é utilizado em combinação com a eflornitina no tratamento do estágio tardio da doença do sono causada por T. b. gambiense. Toxicidade e efeitos adversos. As crianças toleram melhor que os adultos o nifurtimox e o benzonidazol. No entanto, os efeitos adversos relacionados ao fármaco são comuns. Esses efeitos variam desde reacções de hipersensibilidade (p. ex., dermatite, febre, icterícia, infiltrados pulmonares e anafilaxia) a complicações dependentes da dose e da idade relacionadas principalmente ao tracto GI e aos sistemas nervosos periférico e central. Náuseas e vómitos são comuns, bem como mialgias e fraqueza. A neuropatia periférica e os sintomas GI são especialmente comuns após tratamentos prolongados; esta última complicação pode levar à perda ponderal e impedir a continuidade do tratamento. Dores de cabeça, distúrbios psíquicos, parestesias, polineurites e excitabilidade do SNC são menos frequentes. Também são descritas leucopenia e diminuição das contagens de espermatozóides. Por causa da gravidade da doença de Chagas e da falta de medicamentos melhores, há poucas contra-indicações absolutas ao uso desses fármacos. Nitazoxanida A nitazoxanida e seu metabólito activo, a tizoxanida (desacetilnitazoxanida) inibem o crescimento de esporozoítos e oocistos de C. parvum e de trofozoítos de G. intestinalis, E. histolytica e T. vaginalis, in vitro. Também já se descreveu a sua actividade contra outros protozoários, incluindo Blastocystis hominis, Isospora belli e Cyclospora cayetanensis. A nitazoxanida também demonstrou actividade contra os helmintos intestinais Hymenolepsis nana, Trichuris trichura, Ascaris lumbricoides, Enterobius vermicularis, Ancylostoma duodenale, Strongyloides stercoralis e contra o tramatódeo hepático Fascíola hepática. Sabe-se que a nitazoxanida possui actividade antiviral e actualmente participa de ensaios clínicos para o tratamento da hepatite C. 25 | P a g e Mecanismos de acção e resistência. A nitazoxanida interfere na reacção de transferência de elétrons dependente da enzima PFOR, essencial ao metabolismo anaeróbio em protozoários e espécies bacterianas. Um mecanismo proposto para a nitazoxanida é o bloqueio da primeira etapa da cadeia PFOR, inibindo a ligação do piruvato ao cofactor pirofosfato de tiamina. A resistência à nitazoxanida tem sido induzida em Giardia in vitro, porém ainda não foram observados isolados clinicamente resistentes. Absorção, destino e excreção. Após administração oral, a nitazoxanida é rapidamente hidrolisada ao seu metabólito activo tizoxanida, que sofre conjugação principalmente a glicuronídeo de tizoxanida. A biodisponibilidade após uma dose oral é excelente e as concentrações plasmáticas máximas dos metabólitos são detectadas em 1-4 h após a administração do composto original. A tizoxanida se encontra ligada às proteínas do plasma em > 99,9% de sua concentração. A tizoxanida é excretada na urina, bile e fezes; o glicuronídeo de tizoxanida é excretado na urina e na bile. A farmacocinética da nitazoxanida em indivíduos com comprometimento da função hepática ou renal não foi observada. A eliminação eficaz dos após tratamento com nitazoxanida. Toxicidade e efeitos adversos. Até o momento, os efeitos adversos parecem ser raros com a nitazoxanida. Dor abdominal, diarreia, vómitos e dor de cabeça já foram descritos, mas as taxas não foram diferentes das observadas em pacientes que receberam placebo. Observa-se uma tonalidade esverdeada da urina na maior parte dos indivíduos que recebem nitazoxanida. Para uso na gestação, ela é classificada como um agente na categoria B, com base em estudos de teratogénese e fertilidade em animais, mas não há experiência clínica com o seu uso em gestantes ou lactantes. 26 | P a g e Considerações finais Após uma depauperante submersão a este mundo extenso de bibliografias e realidades, podemos em desfecho, considerar que A maior parte dos fármacos antiprotozoários existentes já é usada há anos, a despeito de terem ocorrido ultimamente nas biociências avanços signifi cativos concernentes à biologia dos parasitos, às defesas do hospedeiro e aos mecanismos da doen ça. Ainda não há agentes satisfatórios para tratar importantes infecções por protozoários, como a tripanossomíase africana (doen ça do sono) e a doen ça de Chagas crônica. Muitos antiprotozoários efi cazes são tóxicos em doses terapêuticas, um problema exacerbado pela crescente resistência dos parasitos. O surgimento dessa resistência também representa uma séria ameaça aos agentes antiprotozoários mais bem tolerados em uso corrente. Infelizmente, muitas dessas doen ças afl igem populações pobres em paí ses em desenvolvimento e portanto, há pouco incentivo econômico para que a indústria farmacêutica desenvolva novos antiparasitários. Para descobrir novos tratamentos antiprotozoários, os cientistas e médicos que trabalham nesse campo devem ser criativos e voltar-se para fármacos originariamente desenvolvidos para outras indicações (p. ex., no caso da leishmaniose, a anfotericina e a miltefosina), para fármacos em investigação disponibilizados diretamente pelos Centros de Controle e Prevenção de Doen ça (Centers for Disease Control and Prevention — CDC) ou para agentes desenvolvidos para usoveterinário. (LAURENCE L. BRUNTON, PHD, 2012) 27 | P a g e Referencias bibliográficas LAURENCE L. BRUNTON, PHD. (2012). As bases farmacológicas da terapêutica de Goodman & Gilman. AMGH Editora Ltda. PhD. Hall, J. E. (2017). Guyton and Hall Textbook of Medical Physiology (13 ed.). Rio de Janeiro, Brasil: Elsevier Editora Ltda. Porto, C. C. (2014). Semiologia médica (7 ed.). (A. L. Porto, Ed.) Guanabara, Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. Obtido em Maio de 2020 Rang, H., Ritter, J., Flower, R., & Henderson, G. (2016). Rang & Dale: Farmacologia (8th ed.). (G. C. Editorial, Trad.) Rio de Janeiro, Beazil: Elsevier Editora Ltda. Sêneca. (s.d.). Sêneca: É parte da cura o desejo de ser curado. Obtido em 6 de Abril de 2021, de Pensador: https://www.pensador.com/frase/NDg1/ 28 | P a g e Anexo Autores 1019970 Hermenegilda Vaneza Calala 1015225 Idelmira Cecília Tavares Cardoso 1014145 Ilda Maria Cabral Alexandre 1019714 Indira Nzilandi Silvestre Mendes 1019274 Inilda Da Conceição Paulo Cunha 1020714 Iracelma da Costa Ferreira 1019901 Irene Carita Gomes Kambovo 1018517 Isabel Dina Hengo Pacavira 1021526 Ivone Lukennya Jorge da Costa Domingos 1020313 Janeth Dombo Miguel 1020616 Jessé Acrísio Da Rosa Marcos 1019610 Jéssica Bemi Mpassi 1019646 Jéssica Miguel Mavacala 1018350 João Alexandre Miguel Lotocanesso
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