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GREVE

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GREVE
INTRODUÇÃO
A negociação coletiva, ao cumprir seus objetivos gerais e 
específicos, alcança uma situação de pacificação no meio econômico-
profissional em que atua. Contudo, no transcorrer de seu desenvolvimento ou 
como condição para fomentar seu início, podem os trabalhadores veicular 
instrumento direto de pressão e força, a greve, aparentemente contraditório à 
própria ideia de pacificação.
A greve é, de fato, mecanismo de autotutela de interesses; 
de certo modo, é exercício direto das próprias razões, acolhido pela ordem 
jurídica.
A autotutela traduz, inegavelmente, modo de exercício direto de 
coerção pelos particulares. Ela tem sido restringida ao longo do tempo sendo 
transferida ao Estado as diversas modalidades de uso coercitivo. 
O Direito do Trabalho apresenta, porém, essa notável exceção 
à tendência restritiva da autotutela: a greve.
CONCEITO DE GREVE
É a paralisação coletiva e temporária do trabalho a fim de 
obter, pela pressão exercida em função do movimento, as reivindicações 
da categoria ou mesmo a fixação de melhores condições de trabalho.
A Lei 7.783/1989 (Lei de Greve), em seu art. 2º1, define a greve 
como sendo a suspensão coletiva, temporária e pacífica, total ou parcial, de 
prestação de serviços a empregador.
O direito de greve é assegurado aos trabalhadores, devendo 
esses decidirem sobre a oportunidade de o exercer e sobre os interesses que 
devam por meio dele defender (art. 9º da CRFB/1988 e art. 1º da Lei 
7.783/19892).
Todavia, a greve deve ser exercida nos termos e limites 
definidos na Lei 7.783/1989, sob pena de ser considerada abusiva em eventual 
dissídio coletivo.
NATUREZA JURÍDICA
1 Art. 2º Para os fins desta Lei, considera-se legítimo exercício do direito de greve a suspensão coletiva, temporária e pacífica, total ou parcial, de prestação pessoal de serviços a empregador.
2 Art. 1º É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender.
 Parágrafo único. O direito de greve será exercido na forma estabelecida nesta Lei.
 Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender.
 § 1º - A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade.
 § 2º - Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas da lei.
A Constituição reconhece o direito de greve como um direito 
fundamental de caráter coletivo, resultante da autonomia privada coletiva 
inerente às sociedades democráticas.
É direito que resulta da liberdade de trabalho, mas também se 
configura como manifestação relevante da chamada autonomia privada 
coletiva.
Não há dúvida quanto à greve ser, originalmente, uma 
modalidade de autotutela, de coerção coletiva. Contudo, sua consagração nas 
ordens jurídicas democráticas, como direito fundamental, conferiu-lhe não 
somente força, mas também civilidade.
CARACTERIZAÇÃO
São traços característicos da greve:
 Caráter coletivo do movimento – a greve diz respeito a 
movimento necessariamente coletivo, e não de caráter 
apenas individual;
 Sustação provisória de atividades contratuais – a 
greve tem seu núcleo situado em torno da sustação 
provisória de atividades laborativas pelos trabalhadores, 
em face de seu respectivo empregador ou tomador de 
serviços;
 Exercício coercitivo coletivo de direito – a greve é 
meio de autotutela, é instrumento direto de pressão 
coletiva. O Direito do Trabalho em face da diferenciação 
socioeconômica e de poder entre empregador e 
empregado reconheceu na greve um instrumento 
politicamente legítimo e juridicamente válido para 
permitir, ao menos potencialmente, a busca de um 
relativo equilíbrio entre esses seres;
 Objetivos – a greve é mero instrumento de pressão, que 
visa propiciar o alcance de certo resultado concreto em 
decorrência do convencimento da parte confrontada. É 
movimento que, em geral, visa objetivos de natureza 
econômico-profissional ou contratual-trabalhista. A 
Constituição Federal de 1988 conferiu amplitude ao 
direito de greve vez que determinou competir aos 
trabalhadores a decisão sobre a oportunidade de exercer 
o direito, assim como decidir a respeito dos interesses 
que devam por meio dele defender (caput do art. 9º, 
CRFB/88);
 
 Enquadramento variável de seu prazo de duração – o 
enquadramento jurídico do prazo de duração do 
movimento paredista é variável conforme o ordenamento 
jurídico. 
Regra geral, o mencionado prazo é tratado como 
suspensão do contrato de trabalho (art. 7º, Lei 
7.783/893). Isso significa que os dias parados, em 
princípio não são pagos, não se computando para fins 
contratuais o mesmo período. Em contrapartida, o 
empregador não pode dispensar o trabalhador durante o 
período de afastamento (e nem alegar justa causa pela 
adesão à greve, após o retorno do obreiro – Súmula 316 
do STF4).
Entretanto, caso se trate de greve em função de 
não cumprimento de cláusulas contratuais e regras 
legais (Ex.: não pagamento e atrasos reiterados de 
salários; más condições ambientais) pode-se falar na 
aplicação da regra genérica da exceção do contrato não 
cumprido. Nesse caso, seria cabível enquadrar-se 
como mera interrupção o período de duração da greve.
O enquadramento suspensivo não é rigoroso, 
podendo ser modificado. A própria Lei 7.783/1989 em 
seu art. 7º prevê que o instrumento normativo regente do 
final do movimento pode convolar em simples 
interrupção da prestação o lapso temporal que 
inicialmente seria enquadrado como suspensão.
DISTINÇÕES 
A greve como instrumento de pressão não se confunde 
com:
 Figuras próximas ou associadas – condutas que são 
instrumentos para a própria realização do movimento 
paredista.
Piquetes – meios pacíficos tendentes a persuadir ou 
aliciar trabalhadores a aderirem à greve (art. 6, I da Lei 
7.7835);
3 Art. 7º Observadas as condições previstas nesta Lei, a participação em greve suspende o contrato de trabalho, devendo as relações obrigacionais, durante o período, ser regidas pelo acordo, convenção, laudo arbitral ou decisão da 
Justiça do Trabalho.
 Parágrafo único. É vedada a rescisão de contrato de trabalho durante a greve, bem como a contratação de trabalhadores substitutos, exceto na ocorrência das hipóteses previstas nos arts. 9º e 14.
4 Súmula 316 – STF A simples adesão à greve não constitui falta grave.
5 Art. 6º São assegurados aos grevistas, dentre outros direitos:
 I - o emprego de meios pacíficos tendentes a persuadir ou aliciar os trabalhadores a aderirem à greve;
 II - a arrecadação de fundos e a livre divulgação do movimento.
 § 1º Em nenhuma hipótese, os meios adotados por empregados e empregadores poderão violar ou constranger os direitos e garantias fundamentais de outrem.
 § 2º É vedado às empresas adotar meios para constranger o empregado ao comparecimento ao trabalho, bem como capazes de frustrar a divulgação do movimento.
 § 3º As manifestações e atos de persuasão utilizados pelos grevistas não poderão impedir o acesso ao trabalho nem causar ameaça ou dano à propriedade ou pessoa.
Operação tartaruga e/ou excesso de zelo – 
configuram modalidades coletivas de redução da 
produção utilizadas como pressão para reivindicação 
imediata ou ameaça para futuro movimento mais amplo
 Formas de pressão social – a greve é uma forma de 
pressão social, entretanto, podem existir outras 
modalidades de pressão. É o que ocorre, por exemplo, 
com o boicote.
A boicotagem é a conduta de convencimento da 
comunidade para que restrinja ou elimine a aquisição de 
bens ou serviços de determinada(s) empresa(s).
 Condutas ilícitas de pressão – há condutas de pressão 
e/ou coerção claramente ilícitas, quer se trate de um 
contexto de greve ou não. É o que se passa com a 
sabotagem.
Trata-se de conduta intencionalmente predatóriado 
patrimônio empresarial, como mecanismo de pressão 
para alcance de pleitos trabalhistas ou reforço de greve. 
São seus exemplos a quebra de máquinas, o desvio de 
material, a produção de peças imprestáveis, entre 
outros.
REQUISITOS
A ordem infraconstitucional estabelece alguns requisitos para a 
validade do movimento grevista. Em seu conjunto não se chocam com o 
sentido da garantia constitucional, apenas civilizam o exercício de direito 
coletivo de tamanho impacto social.
São requisitos:
 Ocorrência de real tentativa de negociação antes da 
deflagração da greve – frustrada a negociação coletiva 
ou verificada a impossibilidade de recurso à via arbitral 
abre-se caminho ao movimento de paralisação coletiva 
(art. 3º, caput, da Lei 7.7836);
 Aprovação da respectiva assembleia de 
trabalhadores – a lei respeita os critérios e formalidades 
de convocação e quórum assembleares fixados no 
correspondente estatuto sindical (art. 4º, da Lei 7.7837);
6 Art. 3º Frustrada a negociação ou verificada a impossibilidade de recursos via arbitral, é facultada a cessação coletiva do trabalho.
 Parágrafo único. A entidade patronal correspondente ou os empregadores diretamente interessados serão notificados, com antecedência mínima de 48 (quarenta e oito) horas, da paralisação.
7 Art. 4º Caberá à entidade sindical correspondente convocar, na forma do seu estatuto, assembléia geral que definirá as reivindicações da categoria e deliberará sobre a paralisação coletiva da prestação de serviços.
 § 1º O estatuto da entidade sindical deverá prever as formalidades de convocação e o quorum para a deliberação, tanto da deflagração quanto da cessação da greve.
 § 2º Na falta de entidade sindical, a assembléia geral dos trabalhadores interessados deliberará para os fins previstos no "caput", constituindo comissão de negociação.
 Aviso prévio à parte adversa (empregadores 
envolvidos ou seu respectivo sindicato) – O aviso será 
dado, regra geral, com antecedência mínima de 48 horas 
da paralisação (art. 3º, § único da Lei 7.783); 
Em se tratando de serviços ou atividades essenciais, o 
prazo será de 72 horas da paralisação (art. 13 da Lei de 
Greve8). Nesse caso a comunicação deverá contemplar 
não apenas os empregadores, como também o público 
interessado.
 Atendimento às necessidades inadiáveis da 
comunidade, no contexto de greve em serviços ou 
atividades essenciais (art. 9º, § 1º, da CRFB c/c arts. 
10, 11, e 12 da Lei de Greve9)
DIREITOS E DEVERES DOS GREVISTAS
São direitos dos grevistas:
 Utilização de meios pacíficos de persuasão; 
 Arrecadação de fundos por meios lícitos;
 Livre divulgação do movimento; 
 Proteção contra a dispensa por parte do empregador; 
 Proteção contra a contratação de substitutos pelo 
empregador. 
São deveres dos grevistas:
8 Art. 13 Na greve, em serviços ou atividades essenciais, ficam as entidades sindicais ou os trabalhadores, conforme o caso, obrigados a comunicar a decisão aos empregadores e aos usuários com antecedência mínima de 72 (setenta e 
duas) horas da paralisação.
9 Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender.
 § 1º - A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade.
Art. 10 São considerados serviços ou atividades essenciais:
 I - tratamento e abastecimento de água; produção e distribuição de energia elétrica, gás e combustíveis;
 II - assistência médica e hospitalar;
 III - distribuição e comercialização de medicamentos e alimentos;
 IV - funerários;
 V - transporte coletivo;
 VI - captação e tratamento de esgoto e lixo;
 VII - telecomunicações;
 VIII - guarda, uso e controle de substâncias radioativas, equipamentos e materiais nucleares;
 IX - processamento de dados ligados a serviços essenciais;
 X - controle de tráfego aéreo;
 XI compensação bancária.
 Art. 11. Nos serviços ou atividades essenciais, os sindicatos, os empregadores e os trabalhadores ficam obrigados, de comum acordo, a garantir, durante a greve, a prestação dos serviços indispensáveis ao atendimento das 
necessidades inadiáveis da comunidade.
 Parágrafo único. São necessidades inadiáveis, da comunidade aquelas que, não atendidas, coloquem em perigo iminente a sobrevivência, a saúde ou a segurança da população.
 Art. 12. No caso de inobservância do disposto no artigo anterior, o Poder Público assegurará a prestação dos serviços indispensáveis.
 Assegurar a prestação de serviços indispensáveis às 
necessidades inadiáveis da comunidade, quando 
realizada greve em serviços ou atividades essenciais;
 Organizar equipes para manutenção de serviços cuja 
paralisação provoque prejuízos irreparáveis ou que 
sejam essenciais à posterior retomada de atividades 
pela empresa;
 Não fazer greve após celebração de convenção ou 
acordo coletivos ou decisão judicial relativa ao 
movimento;
 Respeitar direitos fundamentais de outrem;
 Não produzir atos de violência, quer se trate de 
depredação de bens, quer sejam ofensas físicas ou 
morais a alguém.
GREVE NOS SERVIÇOS E ATIVIDADES ESSENCIAIS
A greve é um direito, mas não constitui um direito absoluto dos 
trabalhadores. Por isso, no confronto com outros direitos deve sofrer restrições 
impostas pela necessidade de serem preservados super direitos.
A Constituição ao tratar da greve, determina que a lei disponha 
sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade em relação 
aos serviços e atividades essenciais, sujeitando os que abusarem do direito de 
greve às penas da lei (art. 9º da CRFB). Mas além dessas limitações, outras 
decorrem do próprio ordenamento constitucional, que consagra, dentre outros, 
os princípios referentes à dignidade humana, ao direito à vida, à liberdade, à 
segurança, e à propriedade.
Esse entendimento é universal, a própria declaração Universal 
dos Direitos do Homem de 1948 proclamou que o direito de greve deve ser 
“exercido em conformidade com as leis de cada país” sendo que elas podem 
prever limitações “no interesse da segurança nacional ou da ordem pública, ou 
para a proteção dos direitos e liberdades de outrem.
A Lei 7.783/1989 regulamentou o art. 9º da Constituição e 
previu dois tipos de serviços ou atividades que não podem parar durante a 
greve, ainda que deflagrada na conformidade dos procedimentos legais:
“(...) serviços cuja paralisação resultem em prejuízo irreparável, 
pela deterioração irreversível de bens, máquinas e 
equipamentos, bem como a manutenção daqueles essenciais à 
retomada das atividades da empresa quando da cessação do 
movimento” 
(art. 9º da lei de Greve)
 
“Art. 11. Nos serviços ou atividades essenciais, os sindicatos, 
os empregadores e os trabalhadores ficam obrigados, de 
comum acordo, a garantir, durante a greve, a prestação dos 
serviços indispensáveis ao atendimento das necessidades 
inadiáveis da comunidade.
 Parágrafo único. São necessidades inadiáveis, da comunidade 
aquelas que, não atendidas, coloquem em perigo iminente a 
sobrevivência, a saúde ou a segurança da população.”
Na primeira hipótese a finalidade é evitar dano irreparável à 
empresa; na segunda é a de preservar direitos fundamentais do ser humano.
O art. 10 da Lei de Greve especifica objetivamente, como 
essenciais, os seguintes serviços ou atividades:
“São considerados serviços ou atividades essenciais:
I - tratamento e abastecimento de água; produção e 
distribuição de energia elétrica, gás e combustíveis;
II - assistência médica e hospitalar;
III - distribuição e comercialização de medicamentos e 
alimentos;
IV - funerários;
V - transporte coletivo;
VI - captação e tratamento de esgoto e lixo;
VII - telecomunicações;
VIII - guarda, uso e controle de substâncias radioativas, 
equipamentos e materiais nucleares;
IX - processamentode dados ligados a serviços essenciais;
X - controle de tráfego aéreo e navegação aérea;
XI compensação bancária.
XII - atividades médico-periciais relacionadas com o regime 
geral de previdência social e a assistência social; 
XIII - atividades médico-periciais relacionadas com a 
caracterização do impedimento físico, mental, intelectual ou 
sensorial da pessoa com deficiência, por meio da integração de 
equipes multiprofissionais e interdisciplinares, para fins de 
reconhecimento de direitos previstos em lei, em especial na Lei 
nº 13.146, de 6 de julho de 2015 (Estatuto da Pessoa com 
Deficiência); 
XIV - outras prestações médico-periciais da carreira de Perito 
Médico Federal indispensáveis ao atendimento das 
necessidades inadiáveis da comunidade. 
XV - atividades portuárias.”
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm
Em princípio parece ser um rol exaustivo, mas em face do 
disposto no parágrafo, qualquer outro serviço ou atividade cuja paralisação 
coloque “em perigo iminente a sobrevivência, a saúde ou a segurança da 
população” deve ser, igualmente, enquadrado entre os essenciais, que não 
devem ser interrompidos.
Como já mencionado, nos serviços e atividades essenciais o 
aviso prévio da greve deve ser comunicado com a antecedência mínima de 72 
horas.
GREVE NO SETOR PÚBLICO
O conceito de greve construiu-se, em princípio, enfocando as 
relações de caráter privado, situadas no âmbito do contrato de emprego ou de 
outras relações de prestação laborativa de caráter privado.
A Constituição Federal de 1988 foi pioneira no Brasil a garantir 
ao servidor público civil o direito à livre associação sindical (art. 37, VI10). Em 
coerência, também se referiu ao movimento paredista no âmbito da 
administração pública observada a seguinte regra: o direito de greve será 
exercido nos termos e nos limites definidos em lei complementar. 
Posteriormente, a Emenda Constitucional n.º 19/98 alterou a expressão lei 
complementar para lei específica (art. 37, VII11).
O Supremo Tribunal Federal, durante a década de 1990, 
examinando a matéria, por diversas vezes, entendeu tratar-se o art. 37, VII, de 
norma de eficácia limitada, isto é, norma que depende da emissão de uma lei 
futura para alcançar plena eficácia.
Com tais decisões, o direito de greve dos servidores públicos 
ainda não seria válido no país enquanto não editada lei regulando a matéria. 
Ressalte-se que até os dias atuais ainda reside essa omissão legislativa.
Como se trata de norma de eficácia limitada muitos Mandados 
de Injunção12 foram impetrados. Nesses Mandados de Injunção o Congresso foi 
comunicado de sua omissão legislativa, contudo, permaneceu inerte.
Entretanto, no ano de 2007 o Supremo, principalmente no 
Mandado de Injunção de n.º 708, decidiu que, enquanto não editada lei 
específica para regulamentar a greve dos servidores públicos, será a ela 
aplicada a Lei 7.783/89 no que for cabível.
10 Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, 
também, ao seguinte:
 VI - é garantido ao servidor público civil o direito à livre associação sindical;
11 Art. 37 - VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica;
12 Mandado de injunção é uma ação constitucional que pede a regulamentação de uma norma da Constituição Federal, quando os poderes competentes não o fizeram. O pedido é feito para garantir o direito de alguém prejudicado pela 
omissão. O processo e o julgamento do mandado de injunção competem ao STF quando a omissão na elaboração da norma regulamentadora for do presidente da República, Congresso Nacional, Câmara dos Deputados, Senado 
Federal, Mesa de uma dessas Casas legislativas, Tribunal de Contas da União, um dos tribunais superiores, Supremo Tribunal Federal.
 Caso o pedido seja acolhido, o Supremo apenas comunica ao responsável pela elaboração da lei que ele está “em mora legislativa”, ou seja, deixou de cumprir sua obrigação. Dessa forma, a decisão do Supremo não tem força de 
obrigar o Congresso Nacional a elaborar a lei.
Vejamos notícia a esse respeito:
“Notícias STF
Quinta-feira, 25 de Outubro de 2007
Supremo determina aplicação da lei de greve dos 
trabalhadores privados aos servidores públicos. O Plenário 
do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu hoje (25), por 
unanimidade, declarar a omissão legislativa quanto ao 
dever constitucional em editar lei que regulamente o 
exercício do direito de greve no setor público e, por 
maioria, aplicar ao setor, no que couber, a lei de greve 
vigente no setor privado (Lei nº 7.783/89). Da decisão 
divergiram parcialmente os ministros Ricardo Lewandowski 
(leia o voto), Joaquim Barbosa e Marco Aurélio, que 
estabeleciam condições para a utilização da lei de greve, 
considerando a especificidade do setor público, já que a norma 
foi feita visando o setor privado, e limitavam a decisão às 
categorias representadas pelos sindicatos requerentes.
A decisão foi tomada no julgamento dos Mandados de Injunção 
(MIs) 670, 708 e 712, ajuizados, respectivamente, pelo 
Sindicato dos Servidores Policiais Civis do Estado do Espírito 
Santo (Sindpol), pelo Sindicato dos Trabalhadores em 
Educação do Município de João Pessoa (Sintem) e pelo 
Sindicato dos Trabalhadores do Poder Judiciário do Estado do 
Pará (Sinjep). Os sindicatos buscavam assegurar o direito de 
greve para seus filiados e reclamavam da omissão legislativa 
do Congresso Nacional em regulamentar a matéria, conforme 
determina o artigo 37, inciso VII, da Constituição Federal. (...) 
Na votação do Mandado 708, do Sintem, o relator, ministro 
Gilmar Mendes, determinou também declarar a omissão do 
Legislativo e aplicar a Lei 7.783, no que couber, sendo 
acompanhado pelos ministros Cezar Peluso, Cármen Lúcia, 
Celso de Mello, Carlos Britto, Carlos Alberto Menezes Direito, 
Eros Grau e Ellen Gracie, vencidos os ministros Ricardo 
Lewandowski, Joaquim Barbosa e Marco Aurélio.”
Portanto, antes dessa decisão do STF toda greve exercida 
pelos servidores públicos era ilegal e, assim sendo, acarretava o desconto dos 
dias não trabalhados (salvo, convencionado em contrário).
Ressalte-se que, mesmo sendo greve ilegal, não era cabível a 
demissão do servidor grevista, vez que demissão é penalidade aplicável às 
infrações graves. 
Após essa decisão do Supremo no MI n.º 708 o servidor 
público que fizer greve, nos termos da Lei 7.783/89, estará fazendo greve 
legal.
 
LOCAUTE OU LOCKOUT
 Conceito
Segundo o Professor Maurício Godinho13 “Locaute é a 
paralisação provisória das atividades da empresa, estabelecimento ou setor, 
realizada por determinação empresarial, com o objetivo de exercer pressões 
sobre os trabalhadores, frustrando negociação coletiva ou dificultando o 
atendimento a reivindicações coletivas obreiras”.
Trata-se, portanto, da paralisação do trabalho ordenada 
pelo próprio empregador para frustrar ou dificultar o atendimento das 
reivindicações dos trabalhadores. 
Também se insere nessa figura o ato do empregador para 
exercer pressão perante as autoridades em busca de alguma vantagem 
econômica. Ilustrativamente, podemos mencionar o exemplo das greves de 
transportes coletivos patrocinadas pelas próprias empresas, objetivando 
pressionar a administração pública a conceder reajustes de tarifas.
 Caracterização
A tipicidade do locaute envolve 4 elementos combinados:
 Paralisação empresarial – seja no âmbito amplo de toda 
a empresa, seja no plano mais restrito de um de seus 
estabelecimentos, ou até mesmo uma simples 
subdivisão intraempresarial;
 Ato de vontade do empregador – a paralisação há de 
resultar de decisão do próprio empresário, sob pena de 
escapar à tipicidadedo locaute;
 
 Tempo de paralisação – de maneira geral essa 
paralisação é temporária;
 Objetivos por ela visados – a paralisação tem o objetivo 
de produzir pressão sobre os trabalhadores, visando 
enfraquecer ou frustrar suas reivindicações grupais ou a 
própria negociação coletiva. Isto é, tem objetivos 
anticoletivos,.
 Distinções
O locaute não se confunde com outros tipos de paralisações 
empresariais, tais como:
 Fechamento da empresa por falência (art. 449, CLT14); 
13 DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 7. ed., São Paulo: LTr. 2008.
14 Art. 449 - Os direitos oriundos da existência do contrato de trabalho subsistirão em caso de falência, concordata ou dissolução da empresa.
 Factum Principis (art. 486, CLT15); 
Nestes dois casos, a paralisação tende a ser definitiva e não 
provisória como ocorre no Locaute. Outrossim, a paralisação deriva de causa 
própria não tendo intuito malicioso do empregador de provocar pressão a fim 
de frustrar reivindicações operárias.
 Fechamento definitivo – esta decisão é interna de seus 
controladores e é considerada inerente ao poder 
empregatício;
 Paralisações temporárias resultantes de caso fortuito ou 
força maior (art. 61, § 3º, CLT16);
 Paralisações por férias ou licenças remuneradas 
coletivas determinadas pelo empregador em vista de 
situações adversas do mercado econômico ou outro 
fator relevante (art. 133,II, CLT17);
Todas essas situações enfocadas são meras interrupções 
contratuais que não trazem prejuízo contratual ao empregado. São inerentes 
ao jus variandi do empregador.
Assim, o que diferencia o Locaute dessas paralisações é, 
sobretudo, o objetivo malicioso da paralisação: arrefecer pleitos coletivos 
dos empregados.
 Regência Jurídica – 
O Locaute tende a ser genericamente proibido, mesmo em se 
tratando de ordens jurídicas democráticas.
É que este mecanismo de autotutela empresarial é considerado 
um instrumento desmesurado, desproporcional a uma razoável defesa dos 
interesses empresariais. Afinal os empregadores já têm a seu favor inúmeras 
prerrogativas de caráter coletivo asseguradas pela ordem jurídica.
 § 1º - Na falência constituirão créditos privilegiados a totalidade dos salários devidos ao empregado e a totalidade das indenizações a que tiver direito.
 § 2º - Havendo concordata na falência, será facultado aos contratantes tornar sem efeito a rescisão do contrato de trabalho e conseqüente indenização, desde que o empregador pague, no mínimo, a metade dos salários que seriam 
devidos ao empregado durante o interregno.
15 Art. 486 - No caso de paralisação temporária ou definitiva do trabalho, motivada por ato de autoridade municipal, estadual ou federal, ou pela promulgação de lei ou resolução que impossibilite a continuação da atividade, prevalecerá o 
pagamento da indenização, que ficará a cargo do governo responsável. 
 § 1º - Sempre que o empregador invocar em sua defesa o preceito do presente artigo, o tribunal do trabalho competente notificará a pessoa de direito público apontada como responsável pela paralisação do trabalho, para que, no 
prazo de 30 (trinta) dias, alegue o que entender devido, passando a figurar no processo como chamada à autoria. 
 § 2º - Sempre que a parte interessada, firmada em documento hábil, invocar defesa baseada na disposição deste artigo e indicar qual o juiz competente, será ouvida a parte contrária, para, dentro de 3 (três) dias, falar sobre essa 
alegação. 
 § 3º - Verificada qual a autoridade responsável, a Junta de Conciliação ou Juiz dar-se-á por incompetente, remetendo os autos ao Juiz Privativo da Fazenda, perante o qual correrá o feito nos termos previstos no processo comum.
16 Art. 61 - Ocorrendo necessidade imperiosa, poderá a duração do trabalho exceder do limite legal ou convencionado, seja para fazer face a motivo de força maior, seja para atender à realização ou conclusão de serviços inadiáveis ou 
cuja inexecução possa acarretar prejuízo manifesto.
 § 3º - Sempre que ocorrer interrupção do trabalho, resultante de causas acidentais, ou de força maior, que determinem a impossibilidade de sua realização, a duração do trabalho poderá ser prorrogada pelo tempo necessário até o 
máximo de 2 (duas) horas, durante o número de dias indispensáveis à recuperação do tempo perdido, desde que não exceda de 10 (dez) horas diárias, em período não superior a 45 (quarenta e cinco) dias por ano, sujeita essa 
recuperação à prévia autorização da autoridade competente.
17 Art. 133 - Não terá direito a férias o empregado que, no curso do período aquisitivo:
 II - permanecer em gozo de licença, com percepção de salários, por mais de 30 (trinta) dias; 
Por isso, o Locaute é considerado um instrumento de 
autotutela de interesses empresariais socialmente injusto.
Não há contradição na ordem jurídica ao acatar o instrumento 
de greve (autotutela coletiva dos trabalhadores) e negar validade ao locaute 
(autotutela coletiva dos empresários). Enquanto a greve é o principal 
mecanismo de pressão dos trabalhadores, os empresários gozam de diversos 
instrumentos de pressão coletiva.
A Lei 7.783/1989, em seu artigo 1718 proíbe expressamente o 
locaute vez que o mesmo conspira contra o exercício dos direitos sociais, 
contra as noções de segurança, bem-estar, dignidade da pessoa humana, valor 
social do trabalho entre outros princípios constitucionais.
 Efeitos Jurídicos
Sendo prática proibida no país a sua realização em 
descumprimento à Constituição e à Lei de Greve provoca como 
consequências:
 O período de afastamento do obreiro será 
considerado mera interrupção da prestação de 
serviços. Assim, todas as parcelas contratuais serão 
devidas ao empregado no lapso temporal de 
desenvolvimento do locaute.
 O locaute constitui falta empresarial por descumprimento 
do contrato e da ordem jurídica. Sendo grave a falta, a 
ser verificada no caso concreto, poderá ensejar a 
ruptura contratual por justa causa do empregador.
18 Art. 17. Fica vedada a paralisação das atividades, por iniciativa do empregador, com o objetivo de frustrar negociação ou dificultar o atendimento de reivindicações dos respectivos empregados (lockout).
 Parágrafo único. A prática referida no caput assegura aos trabalhadores o direito à percepção dos salários durante o período de paralisação.

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