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apostila AREAS DE ATUAÇÃO DO PEDAGOGO

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ÁREA DE ATUAÇÃO DO PSICOPEDAGOGO 
 
www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação 
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Coordenação de 
Ensino FAMART 
 
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ÁREA DE ATUAÇÃO 
DO PSICOPEDAGOGO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Sumário 
 
INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 5 
A PSICOPEDAGOGIA E SUA HISTÓRIA .............................................................................. 7 
A construção do conhecimento ............................................................................................ 17 
PSICOPEDAGOGIA EM FOCO: CARACTERIZAÇÃO DO STATUS ATUAL DOS ESTUDOS 
NO BRASIL ......................................................................................................................... 20 
AS ÁREAS DE ATUAÇÃO DO PSICOPEDAGOGO ............................................................ 23 
ÁREA HOSPITALAR ........................................................................................................... 26 
História da classe hospitalar ................................................................................................ 26 
A Psicopedagogia e o atendimento pedagógico hospitalar .................................................. 29 
A hospitalização infantil e o processo de aprendizagem ...................................................... 30 
A humanização hospitalar e a legalização das classes hospitalares .................................... 35 
A Classe Hospitalar e suas principais atribuições ................................................................ 38 
O atendimento Psicopedagógico hospitalar na ludoteca ...................................................... 41 
Atendimento psicopedagógico em enfermaria pediátrica ..................................................... 42 
A Psicopedagogia institucional e o atendimento pedagógico hospitalar ............................... 43 
ÁREA INSTITUCIONAL ....................................................................................................... 46 
Os indícios que levam a uma intervenção e a indicação de acompanhamento médico e 
multidisciplinar no caso da existência de um transtorno ....................................................... 51 
Dinâmicas, jogos e vivências: ferramentas úteis na (re)construção psicopedagógica do 
ambiente educacional .......................................................................................................... 53 
A importância do bom ambiente de trabalho ........................................................................ 56 
O papel do psicopedagogo institucional na reorganização de um ambiente conflituoso ...... 65 
Ferramentas vivenciais: o que são e para que servem ........................................................ 69 
A Psicopedagogia na educação infantil: o papel das brincadeiras na prevenção das 
dificuldades de aprendizagem ............................................................................................. 77 
Aprendizagem e dificuldade de aprendizagem..................................................................... 78 
O que o professor precisa saber... ....................................................................................... 81 
Aspectos do processo de leitura e escrita e brincadeiras que os favorecem ........................ 83 
Aspectos sobre os princípios da matemática e brincadeiras que os favorecem ................... 87 
ÁREA EMPRESARIAL ......................................................................................................... 90 
Atuação do psicopedagogo nas empresas .......................................................................... 91 
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Potencialidades de atuação do psicopedagogo na área de recursos humanos das empresas
 ............................................................................................................................................ 96 
ÁREA CLÍNICA .................................................................................................................. 101 
O brincar na clínica psicopedagógica ................................................................................ 102 
O espaço de jogo como potencializador aa aprendizagem ................................................ 103 
Hora do jogo psicopedagógico ........................................................................................... 106 
Processos educativos na adolescência: possibilidades interventivas na clínica 
psicopedagógica por meio das tecnologias digitais ............................................................ 107 
O adolescer: conflitos e prazeres ....................................................................................... 108 
Psicopedagogia do adolescente: avaliação e intervenção ................................................. 110 
Informática educativa: um caminho possível ...................................................................... 112 
Contribuições das tecnologias digitais na intervenção psicopedagógica com adolescentes: 
um estudo de caso ............................................................................................................ 114 
REFERÊNCIA.................................................................................................................... 120 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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INTRODUÇÃO 
 
Cada ser é responsável pelo seu próprio desenvolvimento. 
Através de vivências, o ser humano constrói seus conceitos e vai adquirindo 
experiências novas. Para o desenvolvimento escolar e profissional os aprendizados 
são construídos da mesma maneira, é a partir das experiências que o ser humano 
se constrói um ser pensante e crítico, capaz de tomar decisões, e também 
diferenciar o que é benéfico ou não para sua formação pessoal. 
Mas nesse processo de ensino aprendizagem, muitas vezes são encontradas 
algumas barreiras em que o ser humano sozinho é incapaz de identificar e analisar, 
e é necessária a intervenção de outras pessoas especializadas. Nessa linha de 
pensamento pode-se destacar o Psicopedagogo, que em sua formação pode 
analisar, observar, diagnosticar, tratar de dificuldades encontradas, trabalhando 
também, juntamente com outros profissionais, essas barreiras e esses só vêm para 
somar no desenvolvimento pessoal. 
A Psicopedagogia, como área de estudos, surgiu da necessidade de 
atendimento e orientação a crianças que apresentavam dificuldades ligadas à sua 
educação, mais especificamente à sua aprendizagem, quer cognitiva, quer de 
comportamento social. Procurava-se, assim, o porquê ocorria essa problemática, 
avaliando e diagnosticando a criança, física e psiquicamente. Envolvidos nessa 
busca, estavam professores, psicólogos, médicos, fonoaudiólogos e 
psicomotricistas. 
Nessa primeira etapa da história da Psicopedagogia,todo diagnóstico recaia 
sobre a criança, o que significava que nela estava o problema, sendo então 
encaminhada para atendimento especializado. Esse enfoque de diagnóstico, 
prescrição e tratamento, envolvendo prognóstico, trazia implícita uma concepção de 
que o fim da educação era de adaptar o homem à sociedade (MASINI, 2006). 
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No entanto, é importante ressaltar, que no início não eram considerados 
influenciáveis os fatores extraescolares como causadores também das dificuldades 
no aprendizado. 
Ao ingressar na escola, aluno e pais buscam por alguns propósitos, onde é 
importante destacar o conhecimento científico e a formação do ser humano, porém, 
antes da vida escolar, todo ser humano carrega consigo sua bagagem de 
experiências adquiridas com a convivência na sociedade, onde começa a formar 
seus conceitos através do que observa, experiência que passa, erros e acertos, e 
também o que lhe é ensinado. 
Esses devem ser desvendados e explorados pelo professor, é nesse 
momento que está a importância dos diversos momentos da aula, com troca de 
aprendizado, o professor observa, ouve, questiona e orienta o aluno, já este deve 
expor sua ideia, experiência, saber ouvir e somar com o que já sabe, então tanto 
professor como aluno podem aprender juntos. 
E no momento que não ocorre o aprendizado começam a surgir dúvidas tanto 
em professores quanto nos pais: Porque a criança não aprende? O método utilizado 
é bom o bastante? É explicado de diversas formas os conteúdos e feito dinâmicas? 
O restante da turma está aprendendo? E são nessas horas que é importante 
a parceria da escola com o Psicopedagogo, também o Psicólogo, o Neurologista, o 
Fonoaudiólogo, dependendo de cada caso, com essas parcerias com certeza será 
possível diagnosticas a dificuldade. 
É preciso levar em consideração que o psicopedagogo em sua função pode 
estar desenvolvendo trabalhos hospitalares, clínicos, escolares e também, 
empresariais, trabalhando com observação, terapias, tratamentos clínicos, e 
orientando professores, onde seu foco principal é a aprendizagem do ser humano. 
Ausubel, nos fala sobre a aprendizagem significativa que é norteada pelos 
novos significados, e esses se dão a aprendizagem significativa. 
Também nos diz que: A essência do processo de aprendizagem significativa é 
que as ideias expressas simbolicamente são relacionadas às informações 
previamente adquiridas pelo aluno através de uma relação não arbitrária e 
substantiva (não literal). Uma relação não arbitrária e substantiva significa que as 
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ideias são relacionadas a algum aspecto relevante existente na estrutura do 
cognitivo do aluno, como, por exemplo, uma imagem, um símbolo, um conceito ou 
uma proposição (1980, p.34). 
O aluno carrega sua bagagem de conhecimentos, esses são acrescidos 
quando, ou modificados conforme as informações que recebe, formando assim 
novos conceitos, assim se dá a aprendizagem significativa. 
Sendo assim, ressalta-se o objetivo da aprendizagem humana, independente 
de idade, onde será refletido, pesquisado, analisado todas influencias e importância 
desse profissional que trabalha em diversas instituições, dando seu diagnóstico, e 
também a importância da parceria com os demais profissionais, para contribuir no 
desenvolvimento pessoal e qualidade de ensino e de vida. 
 
A PSICOPEDAGOGIA E SUA HISTÓRIA 
 
É a área de estudo dos processos e das dificuldades de aprendizagem de 
crianças, adolescentes e adultos. O psicopedagogo identifica as dificuldades e os 
transtornos que impedem o estudante de assimilar o conteúdo ensinado na escola. 
Para isso, faz uso de conhecimentos da pedagogia, da psicanálise, da psicologia e 
da antropologia. Analisa o comportamento do aluno, observando como ele aprende. 
Promove intervenções em caso de fracasso ou de evasão escolar. Além de trabalhar 
em escolas, pode atuar em hospitais, auxiliando os pacientes a manter contato com 
os conteúdos escolares. Pode trabalhar também em centros comunitários ou em 
consultório, público ou particular, orientando estudantes e seus familiares no 
processo de aprendizagem (GUIA DO ESTUDANTE, 2013). 
A Psicopedagogia vem buscando entender os problemas de aprendizagem 
que cada vez mais estão presentes nas escolas, onde, muitas vezes não se 
compete a comportamentos inadequados das crianças, mas sim, a dificuldades e 
transtornos que acabam interferindo no desenvolvimento escolar. 
Cabe ao psicopedagogo identificar e tratar das dificuldades na aprendizagem, 
proporcionando e oferecendo recursos para que tanto na escola, hospitais, e 
próprias clínicas, sejam organizados projetos de prevenção, auxílio, criação de 
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estratégias para que ocorra o ensino aprendizagem. Para que tanto o professor 
como o aluno tenha um novo olhar na arte de ensinar e aprender, mudando tanto as 
estratégias de passar o conhecimento ao educando, quanto o educando aprendendo 
novas estratégias de gravar, entender e adquirir o entendimento. 
A Psicopedagogia, área de conhecimento interdisciplinar, tem como objeto de 
estudo a aprendizagem humana. É papel fundamental do psicopedagogo 
potencializá-la e atender as necessidades individuais, no decorrer do processo. O 
trabalho psicopedagógico pode adquirir caráter preventivo, clínico, terapêutico ou de 
treinamento, o que amplia sua área de atuação, seja ela escolar - orientando 
professores, realizando diagnósticos, facilitando o processo de aprendizagem, 
trabalhando as diversas relações humanas que existem nesse espaço; empresarial - 
realizando trabalhos de treinamento de pessoal e melhorando as relações 
interpessoais na empresa; clínica - esclarecendo e atenuando problemas; ou 
hospitalar - atuando junto à equipe multidisciplinar no pós-operatório de cirurgias ou 
tratamentos que afetem a aprendizagem. É importante salientar que a 
Psicopedagogia é uma área que vem para somar, trabalhando em parceria com os 
diversos profissionais que atuam em sua área de abrangência (BEYER, 2003). 
Percebendo a suma importância desse profissional na área pode-se observar 
também, que a cada dia ele cresce mais na sociedade, é mais bem visto e solicitado 
na realização de trabalhos multidisciplinares, sempre somando no atendimento a 
pessoas onde a aprendizagem está sendo afetada. 
Sabe-se que inicialmente as ações psicopedagógicas surgiram na França, 
estas por sua vez, influenciaram a Argentina, trazendo assim a prática ao Brasil. 
A literatura francesa influencia as ideias sobre Psicopedagogia na Argentina, 
a qual, por sua vez, influencia a práxis brasileiras. A psicpedagogia francesa 
apresenta algumas considerações sobre o termo Psicopedagogia e sobre a origem 
dessas ideias na Europa, e os trabalhos de George Mauco, fundador do primeiro 
centro médico psicopedagógico na França, em que se percebem as primeiras 
tentativas de articulação entre medicina, psicologia, psicanálise e pedagogia, na 
solução dos problemas de comportamento e de aprendizagem (BOSSA, 2007, p. 
39). 
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A prática psicopedagógica partiu inicialmente de médico-pedagógico paraidentificar os problemas de aprendizagem. Atualmente, a área da Psicopedagogia 
envolve uma equipe multidisciplinar com profissionais de psicologia, pedagogia, 
neurologia, psicanálise, assistente social e fonoaudióloga. 
As teorias vinculadas a ela são relacionadas à prática pedagógica, 
envolvendo o atendimento às necessidades individuais de aprendizagem, o fracasso 
escolar e a apropriação do conhecimento; à prática clínica, integrando compreensão, 
prevenção e métodos terapêuticos ao analisar o aprender; à área hospitalar, no que 
diz respeito à continuidade do processo de aprendizagem, aliada à Fonoaudiologia, 
Neurologia, Fisioterapia, Psicologia, e Medicina em geral, fazendo deste processo 
doloroso, um momento mais humano; e finalmente, à área empresarial - trabalhando 
com os processos de aprendizagem individual e organizacional, em parceria com o 
psicólogo organizacional e o profissional de Recursos Humanos no que se refere ao 
recrutamento de pessoal, treinamento, melhorando a qualidade do trabalho, da 
produtividade e as relações intra e interpessoais, administrando conflitos (BEYER, 
2003). 
Pode-se perceber que esse profissional não atua sozinho, mas sim em um 
grupo, assumindo assim uma postura profissional diante da solução dos problemas 
de aprendizagem, procura avaliar os diferentes contextos do indivíduo, e assim 
trabalhando em equipe para uma avaliação mais eficiente. 
A psicopedagogia trabalha para solucionar o problema com as pessoas 
envolvidas, como os pais, a escola, os professores, por isso desse trabalho 
multidisciplinar, para que cada profissional possa ajudar na abordagem, pesquisa de 
informações, pois, por exemplo, muitas vezes a dificuldade pode estar ligada ao 
professor e seu método de ensino, e para descobrir os profissionais devem 
investigar desde sua vida familiar até sua rotina escolar, onde envolverá os 
diferentes profissionais para a investigação dessa dificuldade. 
As mudanças de estratégias de ensino podem contribuir para que todos 
aprendam. Em alguns casos, as estratégias de ensino não estão de acordo com a 
realidade do aluno. A prática do professor em sala de aula é decisiva no processo de 
desenvolvimento dos educandos. Esse talvez seja o momento do professor rever a 
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metodologia utilizada para ensinar seu aluno, através de outros métodos ou 
atividades ele poderá detectar quem realmente está com dificuldade de 
aprendizagem, evitando os rótulos muitas vezes colocados erroneamente, que 
prejudicam a criança trazendo-lhe várias consequências, como a baixa-estima e até 
mesmo o abandono escolar. “O que é ensinado e aprendido inconscientemente tem 
mais probabilidade de permanecer”. (COELHO, 1999, apud SOARES; SENA, 2001, 
p.04). 
A psicopedagogia é parte fundamental no auxílio à aprendizagem, tanto no 
ato de aprender, quando na modificação me métodos de ensino, tanto no 
acompanhamento do individuo, quanto das pessoas que o rodeiam, seu contexto 
social. 
Não há como entender as bases teóricas sem recorrer anteriormente ao 
percurso histórico do modo de compreender, analisar e intervir diante do insucesso 
escolar. 
A ABPp está organizando um “banco de dados” integrante do Projeto Rumos 
da Psicopedagogia Brasileira. 
Buscou-se nas deficiências cognitivas dos alunos e na carência cultural a 
explicação para o fracasso escolar. Por outro lado, como afirma Bossa, “No Brasil, 
por muito tempo se explicou o problema de aprendizagem como produto de fatores 
orgânicos”. 
Conforme relata Sawaia, na história da Psicologia no Brasil, a escola e o 
ensino eram objeto de interesse dos psicólogos brasileiros. É de 1906 o registro de 
um Laboratório de Psicologia Pedagógica no Rio de Janeiro e de um Gabinete de 
Psicologia Científica na Escola Normal Secundária de São Paulo, em 1914. No Rio 
de Janeiro, inicialmente a preocupação dos educadores e psicólogos era com a 
saúde mental, portanto esteve voltada para uma abordagem médica. Na década de 
20, há um movimento mundial de prevenção e atendimento das questões de saúde 
mental com repercussões no Distrito Federal. Na década de 1940, cria-se no Rio de 
Janeiro, na Secretaria de Saúde, o atendimento a escolares com dificuldades 
diversas. Na década de 50, criaram-se classes especiais para alunos classificados 
como portadores de deficiência mental. No Rio Grande do Sul, na década de 50, é a 
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Secretaria da Educação do Estado que toma a iniciativa de estudar e pesquisar a 
educação e a linguagem. 
Esta secretaria fazia parceria com o Centro de Educação da Universidade de 
Genebra. A partir da década de 60, no Estado da Guanabara, deu-se a criação do 
Departamento de Educação Especial e foram sendo tomadas iniciativas para 
atender as crianças com dificuldades. 
Na década de 60, no Brasil e na Argentina, surge a Psicopedagogia clínica 
para compreender o fracasso escolar individual. Em 1966, no Rio Grande do Sul, a 
preocupação com o número significativo de alunos com dificuldades de 
aprendizagem da leitura e da escrita fez com que se concretizasse um projeto para o 
atendimento especializado nessa área. Criaram-se as Clínicas de Leitura. Na 
década de 70, havia 324 Clínicas de Leitura no Estado do Rio Grande do Sul. Nesta 
ocasião a abordagem era reeducativa, havia uma parceria entre a Medicina e a 
Educação. A tendência era por uma concepção adaptacionista para alcançar a 
integração das crianças. 
Em São Paulo, na década de 70, na PUC-SP, a Profª Genny Golubi de 
Moraes organizava cursos voltados para as dificuldades escolares e coordenava um 
serviço de atendimento clínico para crianças da rede pública na Clínica da PUCSP. 
Os cursos por ela coordenados visavam preparar profissionais para atender 
as crianças na escola e na clínica e o enfoque era preventivo. 
Ainda na década de 70, prevaleceu a visão organicista para explicar o 
fracasso escolar. Nessa ocasião as dificuldades dos alunos eram entendidas como 
provenientes de disfunções neuromotoras englobadas sob a denominação de 
Disfunção Cerebral Mínima. Pais e professores adotavam a sigla DCM para explicar 
o insucesso do aluno. Esta atitude denotava um discurso social: a patologização do 
fracasso e, mais especificamente, do aluno. Em depoimento pessoal, Cypel, 
neuropediatra de São Paulo, afirmou que havia filas de alunos nos corredores dos 
hospitais públicos para fazer o diagnóstico de DCM. 
Em 1979, em São Paulo, cria-se o primeiro curso regular de Psicopedagogia, 
no Instituto Sedes Sapientiae, iniciativa de Maria Alice Vassimon, pedagoga e 
psicodramatista, e de madre Cristina Sodré Dória, diretora do Instituto. 
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Este curso caracterizou-se por propor uma visão mais integrada do sujeito da 
aprendizagem. 
A década de 80 trouxe mudanças significativas no modo de compreender o 
insucesso escolar e as dificuldades de aprendizagem. Nessa ocasião havia dois 
movimentos inovadores sendo construídos paralelamente. Um na direção da 
compreensão do fracasso escolar e outro na direção da clínica, buscando ambos um 
novo, o institucional defendido por Gattti (apud Sawaia1). “buscando as causas das 
dificuldades dos alunos não apenas nas características psicossociais do aluno 
pobre, mas partem para a análise dos mecanismos intraescolares, na seletividade 
social da escola, privilegiandoa investigação de aspectos estruturais, funcionais e 
da dinâmica interna da Instituição escolar.” 
O outro movimento construído era na área clínica, cujos profissionais eram 
provenientes fundamentalmente da área da Pedagogia, Fonoaudiologia e Psicologia. 
Eles percebiam que a reeducação psicopedagógica, enquanto intervenção 
adaptativa, não atendia o aprendente nas suas questões singulares. As dificuldades 
nem sempre eram de natureza específica ou restrita, ou decorrentes de manejos 
institucionais inadequados (dificuldades de ordem reativa). Podia-se perceber que 
dificuldades de aprendizagem de ordem reativa acabavam por provocar quadros de 
inibição cognitiva. Entretanto, havia que se considerar a inibição cognitiva também 
como um sintoma proveniente de conflitos não resolvidos, os quais se manifestam 
na relação do aluno com conhecimento. Inaugura-se, então, na década de 80, uma 
visão dinâmica da queixa escolar. 
Não há como separar o percurso histórico da Psicopedagogia sem considerar 
a formação profissional. Em São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Curitiba bem 
como em outras capitais e cidades, os psicopedagogos tiveram a colaboração 
importante de psicopedagogos da América Latina e também de autores europeus 
que mostraram a possibilidade de compreender o aluno que fracassa a partir de uma 
visão integrada. Os aspectos orgânicos nesta visão não são descartados, porém 
visa-se primordialmente entender o sujeito da aprendizagem inserido num contexto. 
Nesta década, Ana Maria Rodriguez Muñiz, Alicia Fernandez, Ana Teberowsky, 
Bernardo Quirós, Emília Ferreiro, Jorge Visca, Jacob Feldman, Mabel Condemarin, 
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Sara Paín, em diferentes períodos, colaboraram diretamente na formação teórica e 
prática, por meio de seus cursos, seminários e, indiretamente, através da literatura, 
tendo influenciado a construção de um novo modelo de intervenção clínica. Estes 
autores nos transmitiram a necessidade de buscar compreender o sujeito 
aprendente a partir de diferentes disciplinas: Psicologia Genética, Antropologia, 
Sociologia, Psicanálise, Psicologia Social Operativa, Psicolinguística, Educação e 
Neurologia. A visão organicista, com forte influência da Medicina, deixou de ser 
preponderante para compreender o fracasso escolar. 
A década de 80 caracterizou-se pela instauração de uma visão dinâmica da 
Psicopedagogia. 
Esses primeiros mestres nos remeteram à necessidade de buscar novas 
referências teóricas: Sigmund Freud, Jacques Lacan, Carl Jung, Arminda 
Aberastury, Henrique Pichón-Rivière, André Lapierre, Jean Piaget, Vygotsky, 
Simone Ramain, Reuven Feurstein, Henry Wallon, Victor da Fonseca, Fritjof Capra, 
Donald Winnicott, entre outros. 
Podemos afirmar que apesar das diferentes abordagens teóricas, do ponto de 
vista científico, a Psicopedagogia vem se apoiando em alguns pressupostos básicos, 
os quais sustentam a produção de conhecimento na área. São eles: psicologia 
piagetiana, teorias socioconstrutivistas, psicologia social, psicanálise, 
psicolinguística e neurociência, entre outros. 
Outro fato marcante no final da década de 80 foi a criação do Laboratório de 
Psicopedagogia- LAPp, no Instituto de Psicologia da USP, coordenado pelo Dr. Lino 
de Macedo. Este é um centro de capacitação de educadores e psicopedagogos que 
utilizam o jogo de regra, visando não somente desenvolver as competências 
cognitivas, mas sobretudo considerar os possíveis efeitos no aluno como um todo. 
Uma parcela significativa dos psicopedagogos no Brasil tem assimilado em suas 
práticas as propostas desenvolvidas no LAPp. 
Na década de 90, intensifica-se a visão do sujeito psicológico que aprende. 
Tivemos a contribuição de Jean Marie Dolle e de outros autores que buscam fazer 
uma articulação entre Psicanálise e Educação. Autores como Kupfer e Lajonquière, 
em São Paulo, tratam de intensificar a reflexão com os psicopedagogos, sobre a 
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impossibilidade de fazer uma separação entre inteligência e 
inconsciente/subjetividade, afirmando que se faz necessário discriminar a 
intervenção psicopedagógica da psicanalítica. 
A expressiva expansão da Psicopedagogia na década de 90 levou à produção 
de intensas atividades de pesquisa, cujas produções foram divulgadas em 
encontros, congressos e em trabalhos produzidos nos cursos de formação. 
Ficaria difícil citar exemplos desse movimento de ampliação na área da 
Psicopedagogia, no curto espaço desta comunicação. Essa expansão levou a 
Psicopedagogia a ampliar seus horizontes teóricos, o que nos permite afirmar que 
hoje, em alguns setores, os rumos da Psicopedagogia caminham para a visão 
transdisciplinar. Esta visão nos permite compreender a aprendizagem e o sujeito da 
aprendizagem a partir das contradições e dos conflitos presentes no processo. 
Nesta visão não há como pensar no controle absoluto dos conflitos. O paradigma da 
incerteza nos convoca a repensar dinamicamente as intervenções. Estas são 
sempre provisórias, saber de seus efeitos é sempre a posteriori. 
Esta revisão das bases teóricas do conhecimento na Psicopedagogia nos leva 
a focalizar o modus operandi dos psicopedagogos brasileiros, uma vez que as linhas 
de trabalho e os referenciais teóricos estão articulados. As práticas desenvolvidas 
são variadas, cada profissional vem desenvolvendo seu estilo próprio de intervenção 
a partir de suas identificações teóricas. É importante lembrar que não há como 
pretender unificar a prática psicopedagógica, pois ela depende das diferentes 
identificações teóricas e do estilo de cada profissional. 
Atualmente, há uma produção científica brasileira, especificamente voltada 
para aspectos da intervenção psicopedagógica. Nessas publicações, os autores 
brasileiros compartilham seus estilos de prática, que expressam as diferentes linhas 
teóricas. Na Universidade pública e particular há produção de teses e monografias 
voltadas para a Psicopedagogia. É possível, neste momento, identificarmos um 
modelo psicopedagógico brasileiro, o qual apesar das diferenças teóricas está 
mostrando uma prática apoiada na realidade brasileira e no modo como vem sendo 
realizada a formação em Psicopedagogia. 
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Os desafios a serem superados são provocativos. A Psicopedagogia nasceu 
de uma falta e é essa falta, enquanto paradoxo, que a mobiliza no sentido de buscar 
as possíveis alternativas para compreender o sujeito da aprendizagem nos 
diferentes contextos socioculturais. Como foi dito ao final do nosso Congresso 
promovido pela ABPp, em julho de 2003, buscamos “o caminho do meio”, no sentido 
de nos aproximarmos de um modelo transdisciplinar, o qual transita entre as 
disciplinas sem abolir as fronteiras existentes. 
Edgar Morin propõe a adoção de uma posição eco disciplinar, entendida 
como necessidade de compreender as disciplinas em seu contexto cultural e social. 
Ele5 nos propõe uma atitude aberta e fechada simultaneamente. Nos alerta de que 
muitas vezes a transdisciplinaridade poderá atravessar as disciplinas com certa 
virulência, ao afirmar: 
“...o importante não é apenas a ideia de intere de transdisciplinaridade. 
Devemos “ecologizar” as disciplinas, isto é, levar em conta tudo que lhes é 
contextual, inclusive as condições culturais e sociais, ou seja, ver em que meio 
nascem, levantam problemas, ficamesclerosadas e transformam-se. É necessário 
também o “metadisciplinar”; termo “meta” significando ultrapassar e conservar. Não 
se pode demolir o que as disciplinas criaram; não se pode romper todo o 
fechamento: há o problema da disciplina, o problema da ciência, bem como o 
problema da vida; é preciso que uma disciplina seja, ao mesmo tempo aberta e 
fechada. ” 
É preciso, cada vez mais, investirmos na identidade da Psicopedagogia e dos 
psicopedagogos. 
Ela está construída e, ao mesmo tempo, em construção, aprimorá-la, 
portanto, é um cuidado necessário para que não se perca, não se submeta a 
modelos teóricos que venham na contramão do que já foi alcançado. Como 
dissemos no início, a ABPp quer construir, nesta, a formalização da necessidade de 
estar em constante revisão dos Rumos da Psicopedagogia Brasileira. 
Hoje estamos sendo questionados como profissionais a nos posicionarmos a 
respeito de certas “patologias da aprendizagem”. Infelizmente, se não cuidarmos 
desta questão, estaremos retrocedendo à década de 70, quando a Disfunção 
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Cerebral Mínima era a patologia da aprendizagem daquele tempo. Atualmente, a 
preocupação dos pais e de alguns educadores é com a síndrome do Déficit de 
Atenção e Hiperatividade e com a Dislexia. Não há como negar os aspectos 
orgânicos envolvidos na constituição do sujeito da aprendizagem, porém é preciso 
dar uma resposta a esse discurso, através de um outro discurso, aquele inaugurado 
na década de 80: buscar dentro da Escola, junto com os professores/profissionais as 
alternativas para atender os alunos que temos. É preciso, sim, revermos as práticas 
e teorias que não têm contribuído para reverter o insucesso escolar. Na clínica, é 
preciso fazer uma leitura contextualizada da queixa escolar e do sujeito da 
aprendizagem como um todo. 
O grande desafio da Psicopedagogia é dar sentido à transmissão cultural. Se 
hoje a facilidade dos meios de comunicação disponibiliza o acesso à informação, é 
preciso por parte do aprendiz disponibilidade interna (desejo) para buscar o sentido 
e ao mesmo tempo desenvolver disciplina para propor boas questões. Como afirma 
Paín: “No campo social a violência juvenil surge no setor da população sem 
horizontes futuros, nem raízes com o passado, cujas relações identificatórias são 
simples e fortes, com hierarquias de tipo tribal; linguagem ritmada e percutante, 
hábitos regressivos, uniformidade, travestismo, beleza. ” Este quadro descrito por 
Paín ocorre em todas as camadas sociais, inclusive nas consideradas privilegiadas. 
Não é fácil para uma boa parte dos alunos pré-adolescentes e adolescentes 
assimilarem as exigências de uma proposta pedagógica que exige não somente 
capacidade de articulação de conhecimentos, mas a criatividade na elaboração dos 
conteúdos. Tanto na clínica como na escola, uma das grandes queixas dos pais e 
professores é o desinteresse por parte dos alunos a respeito dos conteúdos 
transmitidos e a pouca disponibilidade dos mesmos para tolerar o esforço 
necessário para aprender. Para este tipo de modelo de aprendizagem é preciso, 
como afirma Paín: “disciplina mental, método de raciocínio e consequência na 
formulação de ideias. Uma parte dos jovens está submersa num mundo sem 
nenhuma possibilidade de organizar a quantidade de informações que recebe, sem 
possibilidade de diferenciar o fundamental do que é contingente...”. 
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Compete ao psicopedagogo não somente ater-se à queixa escolar enquanto 
sintoma individual, mas contextualizá-la simultaneamente enquanto sintoma social. 
 
A construção do conhecimento 
 
Todas as pessoas carregam consigo uma bagagem de conhecimentos, que 
são adquiridas desde o nascimento até o fim de suas vidas. Com o passar dos anos 
e novas informações, muitos conceitos podem mudar, serem acrescidos, refletir 
ideias, compartilhar, aceitar pontos de vista diferentes e construir conceitos. 
Tanto para Vygotsky (1984) como para Piaget (1975), o desenvolvimento não 
é linear, mas evolutivo e, nesse trajeto, a imaginação se desenvolve. Uma vez que a 
criança brinca e desenvolve a capacidade para determinado tipo de conhecimento, 
ela dificilmente perde esta capacidade. É com a formação de conceitos que se dá a 
verdadeira aprendizagem e é no brincar que está um dos maiores espaços para a 
formação de conceitos (DALLABONA; MENDES, 2004, p.109). 
E nessa evolução ao longo da vida, vezes os conceitos vão sendo 
reformulados, reavaliados, muitas vezes até mudados para um melhor entendimento 
e convivência na sociedade. Os homens estão sempre se transformando para 
adequar-se a situações do dia a dia, as mudanças são necessárias para viver em 
um mundo de evolução. “O homem está no mundo e com o mundo” (FREIRE, 2005, 
p.30). 
É neste estar no mundo que o homem vai se construindo em seus princípios 
de vida e através de seu trabalho, de sua construção, de seu processo de história de 
vida que torna-se a cada dia mais humano; o que diferencia-o de outros seres, pois 
somos capazes de criar, de transformar a nossa realidade e tornar cada vez mais 
um espaço de evolução e crescimento, onde a dimensão do outro se faz nas 
relações. 
O aluno, para aprender, precisa realizar um importante trabalho cognitivo, de 
análise e revisão dos seus conhecimentos, a fim de fazer com que os novos 
conhecimentos que adquire se tornem realmente significativos e lhe propiciem um 
nível mais elevado de competência. De qualquer forma, o fato de dar destaque à 
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importância da atividade singular e individual do aluno, para realizar novas 
aprendizagens não significa que ele possa fazê-lo somente em interação com 
determinados objetos de conhecimento. E, insistindo novamente no mesmo ponto, 
acreditamos que a influência do professor e da sua intervenção pedagógica é o que 
faz da atividade do aluno uma atividade autoestruturante ou não, e tenha, com isto, 
um maior ou menor impacto sobre a aprendizagem escolar (COLL, 1985, apud. 
BASSEDAS, et. al., 1996, p. 17). 
Quando a criança vem para a escola e inicia seu processo de alfabetização, 
está na fase de deixar a sua casa de lado e participar ativamente de um novo 
ambiente, de novidades, experiências. Ela está ainda no mundo das brincadeiras, 
brinquedos, jogos que fazem parte do contexto de sua vivencia fora da instituição de 
ensino, ao chegar à escola, não se pode deixar de lado essa prática é necessário 
conciliar a alfabetização e também o lúdico de cada criança, é assim que irá 
acontecer a motivação para o aprendizado. “Piaget (1971) ressalta que o lúdico 
envolve não apenas uma forma de desafogo ou entretenimento para gastar energia 
das crianças, mas um meio que contribui e enriquece o desenvolvimento intelectual” 
(ROSA, 2010, p.72). 
Ao ler regras de um jogo a criança já está utilizando o lúdico para o 
aperfeiçoamento desta prática, e o educador sabendo propor e usufrui desses 
instrumentos tornará suas aulas atrativas, produtivas, que chamem a atenção do 
educando fazendo com que o conhecimento se torne cada vez mais agradável. 
Mas é necessário que o professor analise o conhecimento do seu aluno, 
sabendo que cada criança tem o seu ritmo, mesmo utilizando de várias estratégias 
como a ludicidade, a forma visual, auditiva, para ensinar seu aluno, há algumas 
situaçõesque muitas vezes obrigam a pesquisar, rever, analisar, e diagnosticar, o 
porquê ainda não conseguiu adquirir o mínimo desejado no seu nível escolar. É 
necessário avaliar se as técnicas estão sendo bem usadas pela professora e 
também se os demais estão aprendendo ou também estejam com dificuldades. Para 
isso tem-se para orientar na escola, ou em clínicas, também em hospitais, os 
profissionais da área da Psicopedagogia, onde muitas vezes ocorre a necessidade 
desse outro olhar para realmente identificar a onde está a dificuldade, se inicia da 
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forma do professor conduzir a sua aula ou do aluno por fatores extraescolares, ou 
até mesmo algum distúrbio. 
Diante disso, percebe-se a importância desse novo profissional nesse 
contexto, onde busca contribuir com o ser humano para o seu desenvolvimento 
integral. Muitas vezes são diagnosticadas as doenças, distúrbios, dificuldades no 
processo de ensino-aprendizado e para isso o Psicopedagogo irá intervir, fazendo 
avaliações, e também terapias, conciliadas com a escola para auxiliar nesse 
desenvolvimento integral. 
A autoestima é fundamental para o desenvolvimento do ser humano de forma 
integral, pois nosso corpo fala, somos seres culturais e o crescimento intelectual de 
nossas crianças está diretamente relacionado ao canal de diálogo estabelecido com 
o adulto. Muitas vezes uma criança chega à aula desmotivada, insatisfeita com algo 
em casa, é muito importante ver esses problemas externos, que acabam 
influenciando e atrapalhando o andamento do aprendizado deste aluno, para isso o 
educador deve proporcionar um ambiente acolhedor, que traga conforto aos seus 
alunos, para que possa além de aprender, desenvolver atividades, se sentir seguro 
em sala de aula. 
A escola tem uma missão muito difícil, que é concretizada num plano de ação 
com objetivos claramente definidos e com um controle social e administrativo 
importante, que zela para que estes objetivos sejam atingidos. Evidentemente, nós, 
que estamos intervindo dentro da escola, precisamos conhecer e compartilhar do 
seu objetivo básico, que é de educar. Precisamos, também, cooperar para que os 
alunos alcancem os objetivos estabelecidos. Assim, precisamos intervir e tentar 
promover modificações nos processos de ensino-aprendizagem, de forma a 
possibilitar que determinados alunos aprendam e melhorem o seu desenvolvimento 
pessoal e social para que a escola considere, cada vez mais, as abordagens de 
pesquisas de psicólogos e pedagogos sobre os processos e mecanismos usados 
pelas crianças, quando estão aprendendo conteúdos determinados (BASSEDAS; et 
al., 1996, p.14). 
Quando se sabe a real função da escola e o que o aluno deve adquirir de 
conhecimento e as metas que deve atingir durante o ano, facilmente é identificado 
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quando o aluno não aprende o mínimo exigido. Quando o professor identifica esse 
problema, é muito importante a sua parceria com os demais profissionais de 
diversas áreas para auxiliar nesse processo. 
A escola, quando encaminha ao psicopedagogo um aluno com dificuldades, 
espera a colaboração para que esse aluno que não se encaixa possa obter uma 
atenção mais individualizada; ou seja, pede-nos para diagnosticar as suas 
dificuldades e para auxiliar o professor e a própria escola a encontrarem soluções e 
estratégias para que o aluno consiga progredir e adaptar-se ao ritmo estabelecido. 
De certa forma, acreditamos que, ao encaminhar-nos esses alunos, a escola espera 
de nós uma ajuda para desenvolver um tipo de ensino mais individualizado e 
adaptado aos diferentes indivíduos; nestes casos, cumprimos, então, um papel de 
apoio e colaboração no processo de individualização do ensino (BASSEDAS; et al., 
1996, p.39) 
Nessa perspectiva, que podemos observar a perspectiva do Psicopedagogo, 
a qual ele vem para contribuir com o professor e o aluno, tanto na escola como fora 
dela. Diagnosticar dentro da sala de aula, no recreio, em atividades extraclasse, com 
a família, na sociedade, diversos ambientes, para um melhor desempenho e 
crescimento intelectual. 
 
PSICOPEDAGOGIA EM FOCO: CARACTERIZAÇÃO DO STATUS ATUAL 
DOS ESTUDOS NO BRASIL 
 
De acordo com a literatura, os primeiros núcleos psicopedagógicos foram 
fundados na Europa por J Boutonier e George Mauco, em 1946, com direção médica 
e pedagógica, unindo conhecimentos das áreas de Psicanálise, Pedagogia e 
Psicologia, tendo por objetivo readaptar crianças que possuíam comportamentos 
considerados socialmente inadequados, na escola ou na família, atendendo crianças 
com dificuldades de aprendizagem, apesar de serem inteligentes. 
Nesses núcleos, esperava-se conhecer e entender a criança e o meio em que 
habitava e, assim, compreender o caso e determinar uma ação reeducadora, 
diferenciando aqueles que não aprendiam apesar de serem inteligentes, dos que 
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possuíam alguma deficiência mental, física ou sensorial. Mais tarde, a corrente 
europeia influencia significativamente a Argentina, quando na década de 1970 
surge, em Buenos Aires, os primeiros Centros de Saúde Mental, onde equipes de 
psicopedagogos atuavam por meio de diagnóstico e tratamento, possuindo um 
caráter médico pedagógico. É na década de 1970 também que a Psicopedagogia 
surge no Brasil, quando as dificuldades de aprendizagem eram associadas a uma 
disfunção neurológica denominada de disfunção cerebral mínima (DCM), termo 
utilizado para camuflar os problemas sociopedagógicos. 
 A Psicopedagogia surgiu da necessidade de compreender com maior clareza 
processo de aprendizagem humana e, assim, possibilitar intervenções nas 
dificuldades de aprendizagem, quando a falta de compreensão, no que se tratava 
dos problemas de aprendizagem, fazia com que os indivíduos fossem encaminhados 
para profissionais de diversas áreas, sem que ocorresse um tratamento eficiente das 
dificuldades. 
Tendo por definição a Psicopedagogia como sendo a área responsável pelo 
processo de aprendizagem, envolvendo o conhecimento, sua aquisição, distorções e 
desenvolvimento, intervindo neste processo por meio de procedimentos e 
estratégias que consideram a individualidade do indivíduo e por objeto de estudo o 
homem enquanto ser em processo de construção do conhecimento, ou seja, o ser 
cognoscente pode-se afirmar que a Psicopedagogia tem por objeto de estudo o 
processo de aprendizagem, identificado como processo de conhecimento, que se 
ancora de algum modo no indivíduo. 
Em síntese, a área da Psicopedagogia tem forte interesse e atuação nos 
processos envoltos da aprendizagem, encontrando-se inserida em um campo 
multidisciplinar, por meio da intersecção de áreas, onde uma irá influenciar a outra, 
disponibilizando ferramentas importantes a serem compartilhadas e utilizadas. 
Estudos apontam que o campo de atuação da Psicopedagogia está se 
ampliando e focando cada vez mais no aprendente, descentralizando dessa maneira 
a dificuldade de aprendizagem, considerando o não aprender em diversas situações 
por meio da multidisciplinaridade, estando inserido nas áreas de saúde e educação, 
sendo neste caso responsável pela aprendizagem humana em toda a sua 
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complexidade. Em estudos a respeito do transtorno do déficit de atenção e 
hiperatividade (TDAH) como uma das possíveis causas dos déficits de 
aprendizagem investigada e acompanhada pelo psicopedagogo, salienta-se a 
importância da interdisciplinaridade, defendendo a necessidade dos estímulos 
realizados de maneira correta para que os indivíduos com sintomas TDAH 
mantenham atenção na atividade realizada no momento, sendo a atenção a primeira 
grande dificuldade desses indivíduos, visto que os déficits das funções executivas se 
encontram mais relacionados à desatenção do que à hiperatividade. 
Estando a Psicopedagogia inserida no processo de interdisciplinaridade, cabe 
ao psicopedagogo intervir com procedimentos e métodos cognitivos junto à 
construção do saber, despertando no indivíduo que está sendo acompanhado o 
sentimento de capacidade e, dessa forma, o desenvolvimento pessoal, intelectual e 
profissional. 
Seguindo tais pressupostos, as causas dos déficits de aprendizagem podem 
ocorrer em diferentes âmbitos, seja psicológicos, neurológicos, oftalmológicos, 
audiológicos, culturais, econômicos, fonoaudiólogicos, linguísticos e biológicos. 
É dever do psicopedagogo analisar a intensidade e a maneira que o 
desempenho escolar é comprometido e as principais causas dos déficits de 
aprendizagem, considerando aspectos afetivos, cognitivos e neurológicos, sendo 
tais aspectos o equilíbrio que propicia um processo de aprendizagem saudável. 
Ao se referenciar e apontar os déficits de aprendizagem, torna-se importante 
salientar que o acompanhamento interventivo deve ocorrer pela mediação e por 
meio do desenvolvimento dos processos cognitivos, gerando a modificabilidade 
estrutural cognitiva, ou seja, a capacidade do indivíduo de, por meio de suas 
experiências prévias, se adaptar a situações novas, tal mediação deve ser realizada 
por meio de instrumentos que possibilitem a representação dos conflitos e 
sentimentos que interferem no processo de aprendizagem do indivíduo, causando, 
dessa maneira, os déficits de aprendizagem. 
Estudos acerca dos componentes da leitura apontam que o desempenho em 
leitura é composto por diversas habilidades, destacando a necessidade de que todas 
as habilidades estejam presentes nos processos de avaliação, no que tange à 
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escrita, ressaltam que, dentre as habilidades envolvidas, o altruísmo tem se 
destacado, ambos estudos defendem a necessidade do conhecimento teórico para 
uma compreensão mais clara acerca dos processos cognitivos e os possíveis 
caminhos de intervenção. 
 
AS ÁREAS DE ATUAÇÃO DO PSICOPEDAGOGO 
 
O psicopedagogo pode estar atuando tanto na área Institucional como na 
área Clinica, trabalhando com o processo de aprendizagem. Segundo a BEYER: 
CAPÍTULO I: DOS PRINCÍPIOS 
Artigo 1º 
A psicpedagogia é um campo de atuação em Saúde e Educação que lida com 
o processo de aprendizagem humana; seus padrões normais e patológico, 
considerando a influência do meio – família, escola e sociedade – no seu 
desenvolvimento, utilizando procedimentos próprios da psicopedagogia. 
Parágrafo único 
A intervenção psicopedagógica é sempre da ordem do conhecimento 
relacionado com o processo de aprendizagem 
Artigo 2º 
A Psicopedagogia é de natureza interdisciplinar. Utiliza recursos das várias 
áreas do conhecimento humano para a compreensão do ato de aprender, no sentido 
ontogenético e filogenético, valendo-se de métodos e técnica próprios. 
Artigo 3º 
O trabalho psicopedagógico é de natureza clínica e institucional, de caráter 
preventivo e/ou remediativo. 
Artigo 4º 
Estarão em condições de exercício da Psicpedagogia os profissionais 
graduados em 3º grau, portador de certificados de curso de Pós-Graduação em 
Psicopedagogia, ministrados em estabelecimento de ensino oficial e/ou reconhecido, 
ou mediante direitos adquiridos, sendo indispensável submeter-se à supervisão e 
aconselhável trabalho de formação pessoal. 
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Artigo 5º 
O trabalho psicopedagógico tem como objetivo: 
(i) promover a aprendizagem, garantindo o bem-estar das pessoas em 
atendimento profissional, devendo valer-se dos recursos disponíveis, incluindo a 
relação interprofissional; 
(ii) realizar pesquisas científicas no campo da Psicopedagogia (2003). 
É possível perceber que o psicopedagogo pode estar atuando nessas duas 
áreas que são compostas por atendimento individual em clínicas, auxiliar em 
hospitais, dando orientação aos professores e também em empresas. O seu 
trabalho deve ser dar em torno da orientação no processo de ensino aprendizagem, 
tratamento de transtornos que dificultem esse processo. 
O psicopedagogo na escola tem a função de facilitar o processo de 
aprendizagem, observando tanto o aluno, quanto o professor, o seu processo de 
aprender e de ensinar, o seu objetivo é a investigação, a observação de quem está 
de fora do contexto envolvido, ele se integra e participa da comunidade escolar. 
(...) Mesmo que a escola passe a se preocupar com os problemas de 
aprendizagem, nunca conseguiria abarcá-los na sua totalidade, algumas crianças 
com problemas escolares apresentam um padrão de comportamento mais 
comprometido e necessitam de um atendimento psicopedagógico mais 
especializado em clínicas. Sendo assim, surge a necessidade de diferentes 
modalidades de atuação psicopedagógica; uma mais preventiva com o objetivo de 
estar atenuando ou evitando os problemas de aprendizagem dentro da escola e 
outra, a clínico-terapêutica, onde seriam encaminhadas apenas as crianças com 
maiores comprometimentos, que não pudessem ser resolvidos na escola 
(FERREIRA, 2002; apud, BEYER, 2003) 
Por esse motivo, a importância da psicopedagoga clínica, onde o profissional 
trabalha especificamente tratando da dificuldade a fundo, onde trabalha com um 
atendimento diferenciado, sendo uma forma de terapia. Mesmo em clínica, o 
psicopedagogo trabalha com a equipe multidisciplinar, pois ele está trabalhando com 
a dificuldade na aprendizagem, e, por exemplo, o psicólogo irá trabalhar com o 
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emocional desse paciente, e os demais, cada um na sua área, assim no grupo 
tratando com sucesso. 
Por ocorrer em qualquer local à aprendizagem com o contato, pelo meio, é 
que o psicopedagogo se torna importante também na área hospitalar, preocupando-
se com a boa recuperação, podendo estar trabalhando com atividades recreativas, 
religiosas e humanistas. 
Ao olhar o paciente em sua totalidade, perguntamo-nos: por que não criar um 
espaço prazeroso, alegre, lúdico, de expressão, em que o sujeito hospitalizado 
possa jogar, interagir com os outros sujeitos neste período,ocorrendo assim sua 
inserção no contexto hospitalar visto que, as ações educativas em ambiente 
hospitalar representa um adicional de possibilidades no sentido de abrir novas 
perspectivas a favor do tratamento da saúde das pessoas hospitalizadas 
compreendidas como indivíduos em estado permanente de aprendizagem e 
desenvolvimento de potencialidades e capacidades em comunicação com a vida 
saudável que humanamente inclui aprender com o estado da doença (ARAÚJO, 
2010). 
E também, podemos contar com os psicopedagogos nas empresas, este é 
mais um colaborador para o crescimento dos funcionários,trabalhando com os 
profissionais dos recursos humanos, instigando a capacidade de criar, a motivação, 
o compartilhar conhecimento, auxiliar na seleção de funcionários, propor cursos para 
especialização, para que ocorra um trabalho mais eficiente, enriquecendo o trabalho 
dos demais. 
É possível perceber que psicopedagogo tem uma vasta área de trabalho, por 
estar compondo uma equipe multidisciplinar, está envolvido sempre com o 
crescimento do ser humano, envolvendo para aprendizagem significativa, sendo um 
parceiro nas diferentes instituições. 
O profissional dessa área, para criar seus diagnósticos, para analisar os 
casos, e criar dispositivos que o ajudem a solucionar ou auxiliar, trabalhar com a 
dificuldade, se faz necessário, fazerem análises, observações, que devem estar 
associados ao contexto da pessoa, se for na escola, deve ser o que está estudando, 
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que já tenha um conhecimento prévio, que seja de acordo com a idade e dificuldade 
apropriada. 
Não existem recursos específicos e limitados, mas são geralmente jogos, 
atividades de expressão artística, linguagem oral e escrita, dramatização e todo tipo 
de recursos que facilitem o desenvolvimento da capacidade de aprender com 
autonomia e prazer (MARTINS, 2013). 
 
ÁREA HOSPITALAR 
 
História da classe hospitalar 
 
Tratar da história da classe hospitalar não é tarefa simples quando 
descobrimos que a modalidade de atendimento tem se mostrado dispersa e tem sido 
realizada de diversas maneiras, no território nacional. De acordo com Fonseca: A 
insuficiência de teorias e estudos dessa natureza em território brasileiro gera, tanto 
na área educacional, quanto na área da Saúde, o desconhecimento dessa 
modalidade de atendimento, não só para viabilizar a continuidade da escolaridade 
daquelas crianças e adolescentes que requerem internação hospitalar, mas, 
também, para integralizar a atenção da saúde e potencializar o tratamento e o 
cuidado prestados à criança e ao adolescente. 
De acordo com Sandra Maia Farias Vasconcelos, em seu artigo sobre classe 
hospitalar no mundo, .um desafio à infância em sofrimento., essa modalidade de 
ensino teria começado em 1935, quando Henri Sellier inaugurou a primeira escola 
para crianças inadaptadas, nos arredores de Paris. A iniciativa foi seguida pela 
Alemanha, em toda a França, em outros países da Europa e nos Estados Unidos, 
com o objetivo de suprir as dificuldades escolares de crianças tuberculosas. 
Ainda se referindo ao artigo acima, a autora aponta as vítimas da Segunda 
Guerra Mundial, marco decisório para as escolas nos hospitais, levando ao 
engajamento de muitos médicos na luta pela oferta do serviço. 
Já em 1939 fora criado o CNEFEI. Centro Nacional de Estudos e de 
Formação para a Infância Inadaptada de Suresnes -, tendo como objetivo a 
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formação de professores para o trabalho em institutos especiais e em hospitais. No 
mesmo ano, seria criado o cargo de professor hospitalar no Ministério da Educação 
da França. 
Em seu estudo sobre o atendimento pedagógico educacional para crianças e 
jovens hospitalizados, na realidade nacional (1999), Eneida Simões da Fonseca 
revela que, dentre as classes hospitalares que responderam ao questionário enviado 
pela pesquisadora, as duas classes com maior tempo de funcionamento situam-se 
na Região Sudeste, sendo a de mais longo tempo de atuação a classe hospitalar do 
Hospital Municipal Jesus (hospital público infantil). Essa classe, situada no Rio de 
Janeiro, teria começado as suas atividades em 1950. 
O mesmo estudo revela que, aproximadamente, até o ano de 1980, não havia 
mais que duas classes no território nacional. Na década de 80, o estudo aponta um 
significativo aumento para oito classes hospitalares. 
Em 1999, ano em que a pesquisadora apresenta esse estudo, é demonstrado 
que nesse período havia trinta hospitais no Brasil com atendimento pedagógico-
educacional para crianças e jovens hospitalizados, distribuídos da seguinte maneira: 
dois, na Região Norte; três, na Região Nordeste; nove, na Região Centro-Oeste; 
dez, na Região Sudeste; seis, na Região Sul. Dentre esses, a maioria encontra-se 
em hospital geral público com enfermaria pediátrica, alguns funcionam em hospitais 
públicos com especificidades em seus atendimentos (oncologia, ortopedia, 
cardiologia, dentre outros) e, uma minoria, em hospital privado de oncologia. 
A escassez de informações também pode ser notada nos órgãos públicos 
quando indagados sobre a modalidade de atendimento educacional. 
Ainda que pequeno, o reconhecimento que foi atribuído à importância do 
acompanhamento escolar de crianças e jovens internados, veio ratificar uma prática 
que vinha ocorrendo e se construindo em algumas unidades hospitalares, como o 
Hospital Darcy Vargas, o Hospital A.C. Camargo (Hospital do Câncer), o Hospital do 
Servidor Público Estadual e o Instituto de Infectologia Emílio Ribas. 
Além da lei do deputado Milton Flávio, no ano de 2002, o Ministério da 
Educação, com a Secretaria de Educação Especial, elaborou um documento sobre 
classe hospitalar e atendimento pedagógico domiciliar (2002). 
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De acordo com o documento, baseado na Constituição Federal, na Lei de 
Diretrizes e Bases da Educação Nacional, no Conselho Nacional de Educação, os 
direitos à educação e à saúde devem ser garantidos e, apontando que: (...) segundo 
a Constituição Federal de 1998 
(Art. 196), deve ser garantido mediante políticas econômicas e sociais que 
visem ao acesso universal e igualitário às ações e serviços, tanto para sua 
promoção, quanto para a sua proteção e recuperação. Assim, a qualidade do 
cuidado em saúde está referida diretamente a uma concepção ampliada, em que o 
atendimento às necessidades de moradia, trabalho e educação, entre outras, 
assumem relevância para compor a atenção integral. (p.10). 
Com relação à pessoa hospitalizada, o tratamento de saúde não envolve 
apenas os aspectos biológicos da tradicional assistência médica à enfermidade. A 
experiência de adoecimento e hospitalização implica mudar rotinas; separar-se de 
familiares, amigos e objetos significativos; sujeitar-se a procedimentos invasivos e 
dolorosos e, ainda, sofrer com a solidão e o medo da morte. Uma realidade 
constante nos hospitais. Reorganizar a assistência hospitalar, para que dê conta 
desse conjunto de experiências, significa assegurar, entre outros cuidados, o acesso 
ao lazer, ao convívio com o meio externo, às informações sobre seu processo de 
adoecimento, cuidados terapêuticos e ao exercício intelectual. (p.10/11) 
Dessa maneira, diante da impossibilidade de frequência à escola, durante o 
período de tratamento de saúde ou de assistência psicossocial, deve-se pensar em 
formas alternativas de organização e de oferta de ensino, de modo a cumprir com os 
direitos à educação e à saúde, tal como definidos na lei e demandados pelo direito à 
vida em sociedade. 
Assim, é fundamental apontar que a Lei Nº 10.685, do deputado Milton Flávio 
Marques, veio contribuir para a viabilização, do ponto de vista legal, para a 
articulação entre o hospital e a escola, buscando garantir a oferta de ensino no 
contexto hospitalar. No entanto, faz-se necessário esclarecer que tal oferta de 
ensino no ambiente hospitalar deve ser pensada com cautela, poisnão pode ser 
reduzida à mera transferência das práticas do ensino regular ao ensino hospitalar, 
considerando as diferentes demandas dos diversos alunos-pacientes. 
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Assim, de acordo com as informações apresentadas, torna-se evidente o 
progresso que a classe hospitalar tem apresentado no decorrer da história, como, 
por exemplo, o reconhecimento de sua relevância e a consequente ampliação na 
oferta da modalidade de ensino, passando de apenas duas classes (na década de 
oitenta) para aproximadamente trinta, no território nacional, no ano de 1999. 
A Psicopedagogia e o atendimento pedagógico hospitalar 
 
O acompanhamento pedagógico hospitalar já é uma realidade em muitos 
hospitais pelo Brasil. Pode-se entender que é uma das ferramentas da humanização 
hospitalar existentes, além de propiciar a continuidade ao direito de escolaridade das 
crianças, independente de sua situação. 
A atuação de professores e demais profissionais da Educação deve levar em 
conta o contexto da hospitalização infantil, com todo o impacto no cotidiano, na 
convivência familiar e sentimentos de angústia e temor vivenciado pelas crianças a 
serem acompanhadas. Estes fatores podem estar presentes em possíveis 
dificuldades de aprendizagem já que, para ocorrer sucesso na aprendizagem, é 
necessário haver um equilíbrio entre os fatores biológico, cognitivo, social e 
emocional. 
Frente a esta circunstância, como os profissionais da Educação poderão lidar 
com o ensino destes alunos e até mesmo, intervir quando houver alguma dificuldade 
de aprendizagem? 
Considerando que a Psicopedagogia surge para lidar com situações de não 
aprendizagem, quais são as contribuições da Psicopedagogia para o atendimento 
pedagógico hospitalar? 
Para responder estas dúvidas, foi realizado um levantamento teórico sobre a 
hospitalização infantil e o processo de aprendizagem dentro deste contexto, 
passando pela regulamentação das Classes Hospitalares e a contribuição do 
processo de humanização hospitalar. E para entender como ocorre o atendimento 
pedagógico hospitalar, também foi feito um estudo sobre as atribuições e principais 
características deste tipo de atendimento e, por fim, uma explanação sobre a 
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Psicopedagogia Institucional como a abordagem mais adequada para aprimorar o 
trabalho realizado em uma Classe Hospitalar. 
Com o objetivo de levantar as contribuições do profissional da 
Psicopedagogia no acompanhamento pedagógico hospitalar, os estudos realizados 
propõem uma reflexão sobre a atuação deste profissional em uma instituição – em 
especial, uma instituição hospitalar – e também colabora para delimitar as 
atribuições de cada profissional envolvido neste tipo de atendimento, visando 
sempre uma melhora do quadro da criança e do adolescente hospitalizado. 
A hospitalização infantil e o processo de aprendizagem 
 
Para que possamos compreender melhor o público alvo de uma Classe 
Hospitalar, uma breve explanação será feita sobre a hospitalização infantil e a 
interação com a Aprendizagem, no intuito de entender como a Psicopedagogia pode 
contribuir para este tipo de acompanhamento pedagógico. 
O processo de hospitalização pode ser um evento traumático para qualquer 
pessoa. Durante este momento, a pessoa perde sua singularidade e passa a 
responder aos procedimentos médicos que muitas vezes são dolorosos. Além disto, 
o indivíduo passa a ser identificado por números, ser reconhecido por sua doença e 
até mesmo a vestir-se igual a todos os internados. 
Tais procedimentos e regras são adotados para que os profissionais de saúde 
possam tratar das enfermidades de seus pacientes, visando disciplina e garantindo, 
assim, o tratamento correto e coerente com a cientificidade exigida. 
Considerando todos estes aspectos, podemos compreender que uma 
hospitalização pode ser ainda mais traumática para uma criança porque a imagem 
que temos dela é de um ser que está no mundo, explorando-o e brincando com toda 
a energia possível. Quando hospitalizada, a criança depara-se com o impedimento 
de brincar e continuar a explorar este mundo porque deve cumprir regras e se 
submeter a procedimentos médicos. 
A hospitalização vem como uma “bruxa malvada”, que retira da criança o seu 
cotidiano de fantasias, brincadeiras e explorações e a coloca em um lugar sombrio, 
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cheio de pessoas doentes e que pedem ajuda a pessoas vestidas de branco para 
aliviar a dor. 
Alguns autores estudam os impactos no desenvolvimento infantil quando 
ocorre uma intervenção hospitalar. Segundo Mitre e Gomes, a hospitalização para 
uma criança pode levar a traumas, porque a afasta do seu cotidiano e de seu 
ambiente familiar, sendo um momento de crise que, independente do tempo de 
duração, será singular em sua vida. Lerner retrata que a criança vivencia situações 
angustiantes e assustadoras, como o medo do abandono dos pais e familiares e o 
medo do desconhecido. A sensação de abandono se dá pelas regras do hospital: 
muitas vezes os pais não podem estar o tempo todo com a criança porque podem 
aumentar o risco de infecções e atrapalhar os procedimentos hospitalares. E o medo 
do desconhecido “está presente (...), pois o hospital é um ambiente diferente, 
estranho e ameaçador, sendo que as fantasias e imagens que as crianças elaboram 
a respeito do hospital são fundamentalmente persecutórias”. 
Além destes pontos levantados, podem ocorrer, ainda, complicações no 
desenvolvimento físico e psíquico da criança hospitalizada, dependendo do tempo 
de internação ou se o quadro for crônico ou agudo, podendo levar a um atraso no 
crescimento e no desenvolvimento psicomotor e também gerar complicações 
psíquicas, como depressão e comportamentos regressivos. 
Levando-se em conta tais aspectos apontados sobre a hospitalização infantil, 
podemos iniciar uma reflexão sobre o processo de aprendizagem das crianças que 
estão enfermas e sob cuidado constante. Conforme Paín, a aprendizagem possibilita 
a transmissão da cultura a todos e também disponibiliza a sua transformação por 
intermédio da Educação. O ato de aprender está presente em nossas vidas desde o 
momento do nascimento e nos acompanha até o momento da morte. Aprendendo, 
estamos nos adaptando e adequando o mundo externo às nossas próprias 
demandas. 
Porto salienta que a aprendizagem possui uma função integradora, estando 
diretamente relacionada ao desenvolvimento psicológico, denotando as 
possibilidades de interação e adaptação da pessoa à realidade ao longo da vida, 
sofrendo múltiplas influências de fatores ambientais e individuais. 
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Esta integração descrita por Porto envolve dois aspectos: o mundo interno e o 
mundo externo do indivíduo. Ambos se relacionam dialeticamente, um alimentando o 
outro simultaneamente. 
Paín considera tais fatores como inerentes à aprendizagem: o aspecto social 
(como fator externo), o orgânico, a condição cognitiva e a dinâmica do 
comportamento, sendo os últimos retratados como fatores internos. 
Desta forma, a autora ressalta a aprendizagem como um processo dinâmico e 
que possibilita um processamentoda realidade e, concomitantemente, uma 
alteração no comportamento do sujeito, que atuará ativamente sobre a realidade a 
qual está inserido. 
Se levarmos em conta a perspectiva de que com a aprendizagem o sujeito 
poderá atuar em seu contexto e, por fim, transformá-lo, podemos entender que 
disponibilizar um momento para o aprender à uma criança hospitalizada significará 
uma retomada à sua condição de agente de sua realidade. Durante uma atividade, a 
criança conseguirá explorar o seu meio e intervir, permitindo assim que seja no 
mundo, diferentemente quando está submetida a procedimentos médicos – neste 
instante ela age e não simplesmente, reage. 
Para Ceccim, manter a aprendizagem por meio das classes hospitalares 
possibilita uma alteração na vivência de hospitalização da criança, porque resgata 
os aspectos de saúde mantidos, mesmo em face da doença, enquanto respeita e 
valoriza os processos afetivos e cognitivos de construção de uma inteligência de si, 
(...) do mundo, (...) do estar no mundo e inventar seu problemas e soluções. 
Assim sendo, podemos compreender que o processo de aprendizagem torna-
se um fator terapêutico para criança hospitalizada, já que “ser e se sentir real dizem 
respeito essencialmente à saúde (...)”. Porém, este processo somente poderá 
acontecer adequadamente se o ambiente lhe propiciar condições favoráveis para 
sua ação e espontaneidade. 
Conforme Winnicott, uma criança somente pode voltar-se para o aprender 
quando se sente cuidada e com suas necessidades atendidas. 
Somente estabelecida a integração, é que o indivíduo poderá explorar e 
compreender o mundo exterior, apropriando-se dele e por fim, modificando-o. E esta 
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integração somente será possível com o estabelecimento de um ambiente 
suficientemente bom, no qual irá lhe favorecer e intermediar suas experiências e 
angústias. 
Com isto, a proposta de um atendimento pedagógico hospitalar propõe o 
estabelecimento de um espaço adequado para este aprender. As chamadas classes 
hospitalares configuram este lugar adaptado para que a criança hospitalizada possa 
explorá-lo e agir da melhor maneira possível, conforme suas demandas internas. 
Esta adequação do ambiente hospitalar contribui para uma melhora 
significativa da experiência de uma internação. É com este enfoque que o próximo 
tópico será relatado, para que possamos compreender o contexto ao quais as 
recentes classes hospitalares estão inseridas. 
Para desenvolver uma atividade na classe hospitalar é importante que o 
professor tenha claro qual o objetivo ao aplicar a atividade.. A psicopedagogia lida 
com a modalidade de aprendizagem e ensinagem, considerando o paciente como 
sujeito de sua aprendizagem, respeitando suas limitações (por estar internado), mas 
valorizando suas potencialidades, competências e habilidades. 
Estes princípios do trabalho psicopedagógico contribuem para que as 
atividades não se transformem em um simples passatempo e sim em atividades de 
aprendizagem significativa e integrada ao cotidiano. 
Assim, considerando os esclarecimentos de José Maria Martinéz Beltrán, as 
competências seriam contempladas em um conteúdo específico de formação dos 
alunos. Essas, por sua vez, seriam dimensões do desenvolvimento pessoal do aluno 
que é objeto da educação escolar e que serviriam para determinar o âmbito e as 
finalidades educativas propostas em cada etapa. 
Tais competências devem ser organizadas nas categorias: 
. Cognitivas: relacionadas ao desenvolvimento mental do aluno; 
. Afetivas: relacionadas aos elementos emotivomotivacionais e que se 
consideram como o dinamismo da aprendizagem e da formação da pessoa; 
. Motores: relacionadas ao desenvolvimento sensorial do esquema corporal; 
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. Comunicativas: relacionadas ao desenvolvimento da interrelação pessoal, 
da expressão e comunicação, do uso de códigos da linguagem para assegurar-se 
quanto às experiências, aos valores e aos conhecimentos; 
. Inserção Social: integração participativa e crítica no meio sociocultural. 
O desenvolvimento dessas competências habilitaria os indivíduos para: 
. Compreender a informação, os dados, as instruções; 
. Organizar a informação, compará-la, classificá-la, analisá-la, extrair dela 
mais informações por meio da dedução lógica; 
. Comunicar seu pensamento no resultado de suas representações, chegar a 
sínteses pessoais, dominar o pensamento lógico que denote a chegada à fase das 
operações formais. 
Ao alinhar-se ao currículo baseado em competências e habilidades, o 
professor de classe hospitalar desprende-se da obrigatoriedade de ter de ensinar, 
por exemplo, os conteúdos das áreas específicas e passa a se comprometer com o 
desenvolvimento de valores que almejem: 
.A construção e a tomada de consciência da identidade pessoal e social; a 
participação na vida cívica de forma livre, responsável, solidária e crítica; o respeito 
e a valorização da diversidade dos indivíduos e dos grupos quanto às suas 
pertenças e opções; a valorização de diferentes formas de conhecimento, 
comunicação e expressão; o desenvolvimento do sentido de apreciação estética do 
mundo; o desenvolvimento da curiosidade intelectual, do gosto pelo saber, pelo 
trabalho e pelo estudo; a construção de uma consciência ecológica conducente à 
valorização e preservação do patrimônio natural e cultural; a valorização das 
dimensões relacionais da aprendizagem e dos princípios éticos que regulam o 
relacionamento com o saber e com os outros.. (Currículo Nacional do Ensino Básico. 
Competências Essenciais, s/ d, p.15) 
No que tange à formação pessoal em que o psicopedagogo pode contribuir 
para os docentes de classe hospitalar, vale destacar a realização de um trabalho 
pessoal, instrumentalizando estes profissionais para lidar com pessoas internadas, 
em que descobrir o sadio seria seu ponto de partida para mantê-lo saudável no 
enfrentamento de seu adoecimento ou recuperação e, quando necessário, saber 
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lidar também com a perda relacionada à construção do conhecimento escolar que o 
paciente-aluno realiza durante sua internação.. 
Assim como a formação inicial, a formação continuada também poderia ser 
desempenhada pelo psicopedagogo no contexto hospitalar, na medida em que este 
tem a sensibilidade de perceber a realidade de escutar e olhar., possibilitando um 
falar psicopedagógico, aliados a um conhecimento específico de processos de 
ensino e aprendizagem (...). (Noffs, 2003, p.24). 
 
A humanização hospitalar e a legalização das classes hospitalares 
 
O acompanhamento pedagógico hospitalar já é realidade em muitos hospitais 
brasileiros. 
Porém, este tipo de intervenção é recente e, no intuito de entendermos como 
ocorreu esta conquista, será necessário voltarmos no tempo. 
Ao realizarmos um breve retrospecto do histórico do ambiente hospitalar, 
notaremos que este ambiente, antes caracterizado por uma função de assistência e 
exclusão, sofreu transformações e se constituiu em uma instituição médica com uma 
função terapêutica, chegando hoje a compor um ambiente institucional que se 
preocupa com as relações humanas de atendimento e não somente com o 
tratamento e a cura da doença. 
Visando uma cura efetiva, os hospitais enxergaram novas demandas de 
atuação de outros profissionais além dos médicos, já

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