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1 INTRODUÇÃO A PSICOPEDAGOGIA Professora: Ms. Samantha Dias de Lima E-mail: samanthalima06@gmail.com DISCIPLINA: INTRODUÇÃO A PSICOPEDAGOGIA CARGA HORÁRIA: 20h/a EMENTA: Introdução à abordagem das teorias que embasam a prática psicopedagógica, o histórico, o objeto de estudo, os campos de atuação, a identidade, a formação e a ética em Psicopedagogia. Apresentar a Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp) e a regulamentação da profissão. As relações e diferenças entre Psicopedagogia Clínica e Institucional, bem como as formas de atuação. Introdução do conceito de aprendizagem e da interdisciplinaridade na Psicopedagogia. 2 TEXTOS PARA LEITURA: Conhecendo a Psicopedagogia1 Samantha Dia de Lima A Psicopedagogia enquanto campo de estudo que tem como objeto os problemas de aprendizagem, preocupa-se com a aprendizagem em toda sua extensão, entendendo esta como um processo intrínseco na educação. Percebe-se que o surgimento da Psicopedagogia segundo por Kiguel nasce “na fronteira entre a Pedagogia e a Psicologia, a partir das necessidades de atendimento de crianças com distúrbios de aprendizagem, consideradas inaptas dentro do sistema educacional convencional” (1991, p.22), ou seja, sistema onde todos deveriam aprender igualmente e ao mesmo tempo, ignorando o fato de que cada indivíduo é único. Porém a preocupação com os problemas de (não) aprendizagem, pois o problema na aprendizagem, e a inexistência de uma aprendizagem bem sucedida, que fez com a Psicopedagogia ganhasse espaço próprio, pesquisas e representantes em várias partes mundo. No início do século XX o enfoque orgânico orientou os médicos, educadores e terapeutas na definição dos problemas de aprendizagem, neste período foram estimulados os estudos neurológicos, neurofisiológicos e neuropsiquiátricos, desenvolvidos em laboratórios junto a hospícios que classificavam rigidamente os pacientes como anormais. Aos poucos os conceitos de anormalidade foram inseridos nas escolas, conseqüentemente a criança que não conseguia aprender era taxada como anormal, devida a causa do seu fracasso escolar ser atribuída a alguma anomalia anatomofisiológica. Anteriormente a Psicopedagogia significava o conhecimento e o estudo do sujeito individual, enquanto a educação significava o conhecimento da sociedade. A ampliação no âmbito da Psicopedagogia permitiu aprofundar o estudo, enquanto sujeito individual quanto trabalhar esses conceitos no macrossistema (VISCA, 1991, p.16-17). Abre-se um novo campo de abrangência, que ao contrário do que se imaginava usualmente, a Psicopedagogia não se restringe apenas ao estudo das dificuldades e distúrbios de aprendizagem (pensamento esse fundamentado pelo fato da Psicopedagogia surgir como uma alternativa de intervenção para as dificuldades de aprendizagem), e sim em todo o processo envolvido na aprendizagem, seja no seu estudo normal ou patológico, seguido de tratamento preventivo ou terapêutico. A aprendizagem está presente em vários momentos da vida, e com ela as dificuldades que podem surgir em qualquer etapa da educação, posteriormente do ensino formal. A Psicopedagogia no Brasil A Psicopedagogia vem sendo estudada e trabalhada no Brasil a cerca de 30 anos, seu histórico nos remete a Psicopedagogia na Argentina, devido a proximidade geográfica, a 1 Texto elaborado pela professora Samantha Dias de (Mestre em Educação, Especialista em Currículo e Educação Crítica e Humanizadora, Especialista em Psicopedagogia). 3 literatura de fácil acesso (pela similaridade da linguagem), e influencias argentinas que tem influenciado a prática no Brasil. Apesar de termos sidos fortemente influenciados pela Psicopedagogia Argentina, a mesma não nasceu lá. Ao investigarmos a literatura sobre o assunto, verificamos que a preocupação com os problemas de aprendizagem teve origem na Europa, no século XIX, mais precisamente na França. Segundo Bossa, a Literatura francesa influenciou as idéias sobre Psicopedagogia na Argentina, a qual influencio a Psicopedagogia brasileira. Cita-se os trabalhos de Janine Mery (psicopedagoga francesa) que apresenta algumas considerações sobre o termo psicopedagogia e sobre a origem dessas idéias na Europa. Segundo consta na literatura Geoge Mauco foi o fundador do primeiro centro médico-psicopedagógico (onde se percebem as primeiras tentativas de articulação entre Medicina, Psicologia, Psicanálise e Pedagogia) na França, onde se procurava soluções para os problemas de aprendizagem e de comportamento. O campo de atuação da Psicopedagogia Percebemos que as concepções de formação dos profissionais de Psicopedagogia podem ser distintas, até mesmo em nosso país, mas que não perdem a essência do seu objetivo, o trabalho no processo de aprendizagem, em toda a sua extensão e complexidade. A Psicopedagogia vem atuando em diversas instituições organizadas (escolas, clínicas, empresas, ongs, hospitais, etc.), sendo seu papel acompanhar a aprendizagem sistêmica e assistêmica, analisando os fatores que favorecem ou prejudicam esta aprendizagem. Entendendo que a Psicopedagogia preocupa-se em entender o “fenômeno” da aprendizagem, o Psicopedagogo torna-se uma profissional indicada para atuar neste meio: assessorando e esclarecendo dúvidas sobre os diversos aspectos pertencentes a este processo. A Psicopedagogia ocupa-se da aprendizagem humana que adveio de uma demanda – o problema de aprendizagem, colocado num território pouco explorado, situado alem dos limites da Psicologia e da própria Pedagogia – e evolui devido à existência de recursos, ainda que embrionários, para entender a essa demanda, constituindo-se assim, numa prática. Como se preocupa com o problema de aprendizagem, deve ocupar-se inicialmente do processo de aprendizagem. Portanto, vemos que a Psicopedagogia estuda as características da aprendizagem humana: como se aprende, como essa aprendizagem varia evolutivamente e esta condicionada por vários fatores, como se produzem as alterações na aprendizagem, como reconhecê-las, tratá-las e preveni-las (BOSSA, 2000, p.21). 4 Ou seja, o psicopedagogo além de outros procedimentos faz intervenções que permitam a criança entrar em contato com o sentido inconsciente das suas dificuldades, sejam elas de qualquer dimensão (biológica, cognitiva, social). Ao delimitar qual será o campo de atuação do psicopedagogo, deve-se perceber as diferentes modalidades de atuação. A práxis psicopedagógica é entendida como o conhecimento dos processos de aprendizagem nos seus aspectos cognitivos, sociais e biológicos. Pressupõe também a atuação tanto no processo normal da aprendizagem, como na percepção de dificuldades (diagnóstico) e na interferência no planejamento das instituições, nas relações professor-aluno, escola-família, entre outras. Vivenciar e construir projetos, buscando operar na prática clínica individual e grupal. TEXTO 2: Psicopedagogia: ação e parceria (Marlei Adriana Beyer) Resumo: A Psicopedagogia, área de conhecimento interdisciplinar, tem como objeto de estudo a aprendizagem humana. É papel fundamental do psicopedagogo potencializá-la e atender as necessidades individuais, no decorrer do processo. O trabalho psicopedagógico pode adquirir caráter preventivo, clínico, terapêutico ou de treinamento, o que amplia sua área de atuação, seja ela escolar - orientando professores, realizando diagnósticos, facilitando o processo de aprendizagem, trabalhando as diversas relações humans que existem nesse espaço; empresarial - realizando trabalhos de treinamento de pessoal e melhorando as relações interpessoais na empresa; clínica - esclarecendo e atenuando problemas; ou hospitalar - atuando junto à equipe multidisciplinar no pós-operatório de cirurgias ou tratamentos que afetem a aprendizagem.É importante salientar que a Psicopedagogia é uma área que vem para somar, trabalhando em parceria com os diversos profissionais que atuam em sua área de abrangência. Palavras-chave: Psicopedagogia: escolar, clínica, hospitalar, empresarial. 01. INTRODUÇÃO Um questionamento breve sobre "o que é a Psicopedagogia" poderia trazer à tona uma resposta imediatista, identificando facilmente a constituição da palavra: Psicologia e Pedagogia. Essa análise reducionista do real significado, omite a perspectiva de interdisciplinaridade da mesma. A Psicopedagogia é uma área de conhecimento e de atuação dirigida pelo e para o processo de aprendizagem humana. Seu objeto de estudo é o ser, que apreende da realidade, e constrói o seu conhecimento, aprendendo. Visto que o conhecimento é construído natural e continuamente pelo sujeito, no seu viver, não sendo exclusividade do ambiente escolar, já que ocorre simultaneamente com o processo de vida, a Psicopedagogia pode auxiliar várias áreas da atividade humana. As relações dela com o conhecimento, vinculado à aprendizagem e as significações do ato de aprender, fazem parte do seu foco de estudo a fim de contribuir para a análise e reformulação de práticas educativas, ressignificando hábitos e atitudes. 5 As teorias vinculadas a ela são relacionadas à prática pedagógica, envolvendo o atendimento às necessidades individuais de aprendizagem, o fracasso escolar e a apropriação do conhecimento; à prática clínica, integrando compreensão, prevenção e métodos terapêuticos ao analisar o aprender; à área hospitalar, no que diz respeito à continuidade do processo de aprendizagem, aliada à Fonoaudiologia, Neurologia, Fisioterapia, Psicologia, e Medicina em geral, fazendo deste processo doloroso, um momento mais humano; e finalmente, à área empresarial - trabalhando com os processos de aprendizagem individual e organizacional, em parceria com o psicológo organizacional e o profissional de Recursos Humanos no que se refere ao recrutamento de pessoal, treinamento, melhorando a qualidade do trabalho, da produtividade e as relações intra e interpessoais, administrando conflitos. Em suma, o psicopedagogo é um profissional envolvido com a aprendizagem humana, que congrega conhecimentos de diversas áreas intervindo neste processo, seja para potencializá-lo ou para amenizar dificuldades, atendendo as necessidades individuais de aprendizagem. Neste sentido pretende-se divulgar o caráter trandisciplinar da Psicopedagogia, suas ações e parcerias, nas diversas áreas de atuação do psicopedagogo. 02. EVOLUÇÃO HISTÓRICA Definida a área de atuação da Psicopedagogia, uma breve análise sobre seus primórdios nos remete à Europa do século XIX. Conforme Bossa, as primeiras tentativas de articulação entre a Medicina, a Psicologia, a Psicanálise e a Pedagogia deram-se na França. Onde há documentos de Janine Mery, apresentando considerações sobre o termo Psicopedagogia Curativa, termo utilizado para definição da ação terapêutica sobre as crianças que experimentavam dificuldade ou lentidão, em relação aos colegas e às aquisições escolares. Lá se encontram, também, os trabalhos de George Mauco, fundador do primeiro centro médico- psicopedagógico na França. As idéias francesas influenciaram a ação psicopedagógica argentina, de grandes nomes como Sara Paín, Alícia Fernandez e Jorge Visca. Foi a Psicopedagogia argentina, que influenciou a práxis brasileira. Os estudos referentes a Psicopedagogia, no Brasil, têm uma história de aproximadamente 30 anos, inicialmente dedicados à pesquisa - em forma de grupos de estudos, que refletiam sobre a prática educacional. Na década de 70 os primeiros cursos na área de Psicopedagogia foram oferecidos. Mas, foi nos anos 90, que estes cursos proliferaram pelo Brasil - que têm nas Regiões Sul e Sudeste, maior demanda de especialização e trabalhos realizados. A ABPp (Associação Brasileira de Psicopedagogia), teve seu início através de um grupo de estudos, formados por profissionais preocupados com os problemas de aprendizagem. Este grupo tornou-se a APp (Associação Paulista de Psicopedagogia), para a partir de 1980 conquistar âmbito nacional. Atualmente, a ABPp, busca o reconhecimento da profissão. Conforme divulgado no site da mesma, em 1997, o Deputado Federal Barbosa Neto, atendendo ao pedido de algumas 6 psicopedagogas, criou o Projeto de Lei no. 3124/97 que dispõe sobre a regulamentação da profissão de Psicopedagogo, cria os Conselhos Regionais de Psicopedagogia e determina outras providências. Este projeto foi encaminhado à Comissão de Trabalho no dia 15/5/97 e aprovado pela mesma Comissão no dia 3/9/97. Após esta aprovação este Projeto de Lei foi encaminhado à Comissão de Educação, Cultura e Desporto onde permaneceu por quatro anos e também foi aprovado, com algumas emendas, no dia 12/9/01. Atualmente este P.L. está na Comissão de Constituição e Justiça e de Redação esperando pela sua aprovação. Caso seja aprovado, este P.L. irá para o Senado para a sua apreciação e, depois ser sancionada pela Presidente da República. O que certamente acontecerá, pois, avanços já podem ser contabilizados nesta área. Em 20/9/01, o projeto de lei nº 108/01 foi aprovado no Estado de São Paulo, autorizando o poder Executivo a implantar assistência psicológica e psicopedagógica em todos os estabelecimentos de ensino básico públicos. A funcionalidade desta profissão que espera ser reconhecida, é aqui tratada de acordo com as habilidades que podem ser desenvolvidas, nas respectivas áreas de atuação. 03. PSICOPEDAGOGIA ESCOLAR A escola mudou com o passar dos tempos. Novas tecnologias e metodologias ingressaram no cotidiano escolar. Professores e planos de curso tornam-se defasados, necessitando de atualização. Paradigmas ultrapassados ou esgotados perdem espaço para paradigmas emergentes ou inovadores - o que não diminuiu consideravelmente o compartimento e isolamento da escola em relação à realidade de cada educando. Muitas vezes desmotivado e amedrontado pela reprovação, num local em que as necessidades individuais de aprendizagem não são atendidas. É neste contexto atual que o Psicopedagogo conquista espaço. Uma observação minuciosa e uma escuta atenta sem "pré conceitos", assinalada pela imparcialidade, pode detectar a real problemática da instituição escolar. "Esse é o papel do psicopedagogo nas instituições: olhar em detalhe, numa relação de proximidade, porém não de cumplicidade", afirma Césaris (2001); facilitando o processo de aprendizagem Afinal, a Psicopedagogia nasceu da necessidade de uma melhor compreensão do processo da aprendizagem humana e assim estar resolvendo as dificuldades da mesma, ou mesmo prevenindo-as, visando o interesse e o prazer do aluno e do professor pelo processo de ensinar e aprender, garantindo o sucesso escolar para todos. Com vasto cabedal teórico, a Psicopedagogia tem diversos e diferentes fatores nos quais se basear para tentar explicar eventuais entraves no processo de aprendizagem, passando a assumir um papel mais abrangente, "cujo principal objetivo é a investigação sobre a origem da dificuldade de, bem como a compreensão de seu processamento,considerando todas as variáveis que intervêm neste processo", como afirma Rubinstein (1992, p. 103). Ou seja, a linha de trabalho definida pelo psicopedagogo, é a forma de ação e investigação para identificar as possíveis defasagens no processo de aprender. Tamanha a complexidade deste ato, todas as variáveis devem ser consideradas, desde uma disfunção orgânica ou uma falha no processo de compreensão, que pode estar comprometendo a aprendizagem. Assim, as necessidades individuais de aprendizagem não podem ser definidas por apenas um 7 fator, estando ele na própria criança, no meio familiar ou no ambiente escolar. Exatamente por isso, Ferreira (2002), ressalta: Devido a complexidade dos problemas de aprendizagem, a Psicopedagogia se apresenta com um carátermultidisciplinar, que busca conhecimento em diversas outras áreas de conhecimento, além da psicologia e da pedagogia. É necessário ter noções de lingüística, para explicar como se dá o desenvolvimento da linguagem humana e sobre os processos de aquisição da linguagem oral e escrita. Também de conhecimentos sobre o desenvolvimento neurológico, sobre suas disfunções que acabam dificultando a aprendizagem; de conhecimentos filosóficos e sociológicos, que nos oferece o entendimento sobre a visão de homem , seus relacionamentos a cada momento histórico e sua correspondente concepção de aprendizagem. A Psicopedagogia Educacional pode assumir tanto um caráter preventivo bem como assistencial. Na função preventiva, segundo Bossa (2000) cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbações no processo de aprendizagem, participar da dinâmica da comunidade educativa, favorecendo a integração, promovendo orientações metodológicas de acordo com as características e particularidades dos indivíduos do grupo, realizando processos de orientação . Já no caráter assistencial, o psicopedagogo participa de equipes responsáveis pela elaboração de planos e projetos no contexto teórico/prático das políticas educacionais, fazendo com que professores, diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente a sua docência e às necessidades individuais de aprendizagem da criança ou, da própria "ensinagem". Participando da rotina escolar, o psicopedagogo interage com a comunidade escolar, participando das reuniões de pais - esclarecendo o desenvolvimento dos filhos; dos conselhos de classe - avaliando o processo didático metodológico; acompanhando a relação professor- aluno - sugerindo atividades ou oferecendo apoio emocional e, finalmente acompanhando o desenvolvimento do educando e do educador no complexo processo de aprendizagem que estão compatilhando. Apesar desta dinâmica, Ferreira (2002), adverte: (...) Mesmo que a escola passe a se preocupar com os problemas de aprendizagem, nunca conseguiria abarcá-los na sua totalidade, algumas crianças com problemas escolares apresentam um padrão de comportamento mais comprometido e necessitam de um atendimento psicopedagógico mais especializado em clínicas. Sendo assim, surge a necessidade de diferentes modalidades de atuação psicopedagógica; uma mais preventiva com o objetivo de estar atenuando ou evitando os problemas de aprendizagem dentro da escola e outra, a clínico- terapêutica, onde seriam encaminhadas apenas as crianças com maiores comprometimentos, que não pudessem ser resolvidos na escola. 04. PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA A procura de um profissional fora do espaço escolar apresenta outras alternativas às propostas e condições existentes na escola. O atendimento diferenciado pode ir além das questões-problema vinculadas à aprendizagem podendo trazer à tona, mais facilmente, as razões que desencadeiam as necessidades individuais - às vezes alheias ao fator escola, que fazem com que as crianças e adolescentes sintam-se excluídos, ou excluam-se a si mesmos do sistema educacional. O papel do profissional está caracterizado, conforme Fernández (1991), por uma atitude que 8 envolve o escutar e o traduzir, transformando-se em uma testemunha atenta que valida a palavra do paciente; completamente inerente às relações entre ele e sua família. Nesta perspectiva, a imparcialidade sem preceitos ou preconceitos na escuta, interpretação, reflexão e intervenção, criando e recriando espaços, é fundamental. Podendo assim a psicopedagogia, ser considerada como uma forma de terapia. É importante ressaltar que nessa modalidade clínica, o psicopedagogo também não trabalha sozinho, dependendo de parcerias com profissionais de outras áreas como: a Psicologia, a Neurologia, a Medicina e quais outras se fizerem necessárias pra o caso a ser atendido Se terapeuta é aquele que não cura, mas cuida do outro, tentando amenizar o seu sofrimento, esta idéia ganha força. O psicopedagogo é um terapeuta ao trabalhar com a aprendizagem, uma característica humana. Gonçalves (1997), defende esta afirmação: "todo trabalho psi é clínico, seja realizado numa instituição ou entre as quatro paredes de um consultório. Clínica é a nossa atitude de respeito pelas vivências do outro, de disponibilidade perante seus sofrimentos, de olhar e de escuta além das aparências que nos são expostas". Vai além, quando sobre os cuidados do corpo: "caberá ao terapeuta a função de dialogar com o corpo, desatando os nós que se colocam como impelidos à vida e à inteligência criativa". E, a esta vida deve-se dar atenção, cuidando do ser. Afinal, não é somente o problema que existe e vive. É preciso "olhar para aquilo que vai bem, para o ponto de luz que pode dissipar as trevas, aquilo que escapa ao homem, abrindo espaços para mudanças, um espaço onde o homem possa se recolher e descansar, encontrando seus próprios caminhos para aprender". O que não é ensinar, mas possibilitar aprendizagens. Essa relação promove um processo de crescimento para ambas as partes, criando "ensinantes e aprendentes", numa interação sem papéis fixos e independentes, direcionada para o interior ou exterior de cada envolvido. Deixando de lado particularidades, o próprio ponto de vista e seus condicionamentos, para ver as coisas a partir delas mesmas, como são. Isso cria uma interdependência ativa que faz com que um complemente o outro e ambos cresçam construindo novos conhecimentos. O olhar do psicopedagogo, além de lúcido deve ser esclarecedor, sem julgamentos ou depreciações. Diante de um olhar assim, a aceitação flui naturalmente. E esta aceitação é a condição primeira, a mais necessária para que se inicie o caminho de cura, aliando a teoria à prática. 05. PSICOPEDAGOGIA HOSPITALAR A educação hospitalar da criança e do adolescente representa um novo desafio à educação, especificamente ao psicopedagogo, que, devido sua formação interdisciplinar é um dos profissionais mais aptos a esta modalidade. A alternativa de apoio educacional psicopedagógico ao paciente interno é interessante para assegurar-lhe uma boa recuperação em meio à inquietação oriunda da preocupação sobre o tratamento recomendado à recuperação e o tempo de hospitalização. Em suma, o ambiente hospitalar é um local que emana diversos sentimentos e sensações: ora de doença ou saúde, de imensa tensão ou angústia ou então de alívio, cura ou consolo. Extremamente técnico, aos poucos o local se abriu a outros profissionais que não são da área da saúde. No caso do psicopedagogo é necessário conectar-se com a equipe, criando um elo de ligação entre as especialidades. 9 De acordo com Vasconcelos (2000), as doenças tratadas no hospital podem ser classificadas em: - Acidentes, sejam acidentes domésticos (queimaduras, quedas, feridas), ou acidentes externos. Para esta categoria, junte-se tentativa de suicídio, estupros e espancamentos (casos de maus- tratos). Esta primeira classificação constitui o que se chama traumatologia e internações gerais. - Enfermidades de má formação congênita, como afecções ósseas, nefrológicas, hepáticas, neurológicas ou musculares: má-formação de membros ou do esqueleto, escolioses, luxações congênitas das articulações do quadril, miopatias, etc. - Finalmente, enfermidades adquiridas ao nascimento ou de crescimento: debilidade motora cerebral, poliartrite, poliomielite, tumores musculares ou ósseos, cânceres. As equipes médicas agrupam cirurgiões, médicos, anestesistas, enfermeiras, auxiliares de enfermagem, nutricionistas, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, psicólogos, assistentes sociais, bem como, psicopedagogos. Ainda pode-se contar com visitas voluntárias, com intenções diversas, sejam elas recreativas, religiosas ou humanitárias. Toda esta equipe acompanha, direta ou indiretamente, todas as etapas de uma internação, que em geral são enfrentadas de forma diferente porcada indivíduo hospitalizado. A sensação de dor, por exemplo, é sentida diferentemente de acordo com a idade do paciente e de acordo com diferenças individuais. Nessa hora, nossa intervenção ganha uma razão de ser, mas não é ainda, necessariamente aquilo que traz a cura, logo, não é essencial. Ainda não é fácil de distinguir entre a dor e outras agressões de que a criança é a vítima (separação da mãe, mudança de quadro, rostos e procedimentos desconhecidos) (...) Nossa intervenção leva em conta o estado emocional da criança que pede socorro quando se nega a uma atividade ou quando é agressiva (...) Em nossa escuta de Psicopedagogo, devemos agir por uma atividade que possa transpor o sofrimento de angústia, de solidão - Vasconcelos (2000) Mesmo assim, muitas vezes as crianças não são capazes de expressar nem de reproduzir o que as faz temer, desenvolvendo angústias, fazendo surgir depressão, revolta ou desespero, ou ainda a possibilidade de regressão no nível de desenvolvimento. Mais uma vez, o psicopedagogo é aquele que faz diferença, trazendo o sentimento de valorização da vida, amor próprio, auto-estima, aceitação e segurança - recuperar estes prazeres e garantir a construção dos conhecimentos que estariam acontecendo em ambiente escolar, é função do trabalho psicopedagógico que se insere na esfera hospitalar. Afinal, a aprendizagem é um processo tão amplo e grandioso que ocorre através de interações, em qualquer lugar. 06. PSICOPEDAGOGIA EMPRESARIAL Muitas mudanças estão acontecendo no desenvolvimento das organizações, determinadas ora pelas imposições do mercado, ora pela necessidade de reorganização do ambiente interno organizacional. O conhecimento humano surge como principal fonte de vantagem competitiva para as organizações. Isso pede uma série de mudanças organizacionais que possibilitem o compartilhamento do conhecimento por meio de adaptação do ambiente e, principalmente pela mudança de comportamento das pessoas. Um dos grandes desafios das organizações do futuro é o de saber usar o conhecimento de cada colaborador, saber somá-los e criar um ambiente de sinergia que lhes garanta o 10 sucesso. As organizações passam a ser, portanto, espaços de processos de aprendizagem efetivos e, saber a forma individual como as pessoas constroem conhecimentos e como os utilizam para explicar a realidade e resolver problemas do cotidiano da organização passa a ser imprescindível. Stewart (1998) define o processo de aprendizagem organizacional como uma continuação do processo individual, caracterizando-a como: "a capacidade de gerar novas idéias multiplicada pela capacidade de generálizá-las por toda a empresa. A aprendizagem organizacional corresponde, assim, à forma pela qual as organizações constróem, mantêm, melhoram e organizam o conhecimento e a rotina em torno de suas atividades e culturas, a fim de utilizar as aptidões e habilidades de sua força de trabalho de modo cada vez mais eficiente." É nesse cenário, acompanhando o aprender a aprender contante no ambiente organizacional, que o psicopedagogo assume papel significativo ao lado dos profissionais de recursos humanos. Sua ação se dá no sentido de facilitar a construção e o compartilhamento do conhecimento, incentivando novas formas de relacionamentos, criando sinergia entre o comportamento de gestores e colaboradores. Sua contribuição no planejamento, gestão, controle e avaliação de aprendizagens, pode favorecer a qualidade dos processos de recrutamento, seleção e organização de pessoal, bem como os de diagnóstico organizacional, dando subsídios significativos e perfis específicos aos treinamentos que se efetivam no interior da organização. É importante ressaltar que a Psicopedagogia é uma área multidisciplinar que não atua sozinha, dependendo e enriquecendo outras áreas de atuação e trabalhando em parceria com os diversos profissionais da organização. TEXTO 3: Objeto de estudo da Psicopedagogia A Psicopedagogia tem como objeto de estudo a aprendizagem humana, como se dá o aprender, suas variações e os fatores implicados, como ocorrem as alterações na aprendizagem e como preveni-las, ou tratá-las, Bossa (2000). O objeto de estudo é o processo de aprendizagem, o processo utilizado pelo sujeito enquanto construtor de seu conhecimento. Algumas pessoas ao estudarem aprendizagem entendem que o contrário da aprendizagem é a dificuldade da aprendizagem, mas não entendo desta forma, o contrário da aprendizagem é a não aprendizagem. A Psicopedagogia avalia a aprendizagem e a percebe não apenas como um ato intelectual e passivo, mas coloca em pé de igualdade aspectos cognitivos, afetivos e sociais. A partir das contribuições teóricas de Piaget, Pichon-Rivière, Freud, Vigotsky e outros, a psicopedagogia se propõe a facilitar o processo de aprendizagem, intervindo preventiva, terapêutica e institucionalmente. Nesse sentido, a psicopedagogia é “ o processo pelo qual se proporcionam condições que facilitam o desenvolvimento do indivíduo, do grupo, da instituição e da comunidade, bem como prevenção e solução de dificuldades existentes, de modo a atingir objetivos educacionais e pedagógicos” (Masini, 1984, Jornal do CRP). 11 As causas da não aprendizagem podem ser de naturezas distintas, como: • Não aprenderam porque não passaram por um processo sistemático de ensino; • Foram ensinadas, mas por algum motivo externo ao sujeito (didática do professor, filosofia da escola, número de alunos por classe, problemas sociais, culturais, etc.), não aprenderam; • Finalmente não aprenderam por dificuldades individuais específicas (orgânicas e emocionais). Cabe ao psicopedagogo inicialmente diferenciar as situações facilitadoras/dificultadoras pelas quais as pessoas passaram resgatando seu processo (incluindo na história de vida a aprendizagem) Exemplo: Como andou? Como falou? Como se adaptou à escola? Como reagiu frente às tarefas escolares... Posteriormente identificar o quando e o porquê. 2.1 Tratamento Psicopedagógico Preventivo O tratamento psicopedagógico preventivo consiste na prevenção, ou seja, no acompanhamento, promovendo a assistência psicopedagógica. O tratamento psicopedagógico preventivo é indicado para o trabalho institucional, pois neste ambiente a psicopedagoga poderá detectar possíveis perturbações no processo de aprendizagem, promovendo orientações à equipe pedagógica, a família, e ao aluno, procurando estar sempre atenta ao processo de aprendizagem deste com intuito de prevenir possíveis problemas. Este trabalho tem como objetivo detectar falhas no decorrer de todo o processo de aprendizagem, orientando e acompanhando todos os sujeitos envolvidos, bem como percebendo e trabalhando nas dimensões envolvidas. Para Bossa, “proposta da Psicopedagogia, numa ação preventiva, é adotar uma postura crítica frente ao fracasso escolar, numa concepção mais totalizante, visando propor novas alternativas de ação voltadas para a melhoria da prática pedagógica nas escolas” (2000, p.31). 2.2 Tratamento Psicopedagógico Terapêutico O tratamento psicopedagógico terapêutico consiste numa etapa, possivelmente posterior ao tratamento psicopedagógico preventivo, que visa “tratar” este aluno que apresenta reais problemas de aprendizagem, que já foi acompanhado na escola, onde recebeu um diagnóstico, ou seja, foi acompanhado no módulo coletivo e agora será acompanhado individualmente. Isto não quer dizer que o tratamento psicopedagógico terapêutico não possa ser realizado juntamente com o preventivo, apenas tem uma indicação mais específica para os casos de problemas de aprendizagem que já foram trabalhados preventivamente, não tendo sido resolvido o problema. Nesta etapa do tratamento, a psicopedagoga fará uso de técnicas como provas (psicométricas, projetivas, específicas), jogos, entre outras para tratar o aluno de forma contextualizada, pessoal e principalmente respeitandoo indivíduo. 12 TEXTO 4: CÓDIGO DE ÉTICA DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA - ABPp A versatilidade e a seriedade da Psicopedagogia, está amparada pelo Código de Ética da Categoria, reformulado pelo Conselho Nacional e Nato do biênio 95/96, disponível no site da Associação Brasileira de Psicopedagogia, a ABPp., como se segue: CAPÍTULO I: DOS PRINCÍPIOS Artigo 1º - A psicopedagogia é um campo de atuação em Saúde e Educação que lida com o processo de aprendizagem humana; seus padrões normais e patológicos, considerando a influência do meio _ família, escola e sociedade - no seu desenvolvimento, utilizando procedimentos próprios da psicopedagogia. Parágrafo único: A intervenção psicopedagógica é sempre da ordem do conhecimento relacionado com o processo de aprendizagem. Artigo 2º - A Psicopedagogia é de natureza interdisciplinar. Utiliza recursos das várias áreas do conhecimento humano para a compreensão do ato de aprender, no sentido ontogenético e filogenético, valendo-se de métodos e técnicas próprios. Artigo 3º - O trabalho psicopedagógico é de natureza clínica e institucional, de caráter preventivo e/ou remediativo. Artigo 4º - Estarão em condições de exercício da Psicopedagogia os profissionais graduados em 3º grau, portadores de certificados de curso de Pós-Graduação em Psicopedagogia, ministrado em estabelecimento de ensino oficial e/ou reconhecido, ou mediante direitos adquiridos, sendo indispensável submeter-se à supervisão e aconselhável trabalho de formação pessoal. Artigo 5º - O trabalho psicopedagógico tem como objetivo: (i) promover a aprendizagem, garantindo o bem-estar das pessoas em atendimento profissional, devendo valer-se dos recursos disponíveis, incluindo a relação interprofissional; (ii) realizar pesquisas científicas no campo da Psicopedagogia. CAPÍTULO II: DAS RENPONSABILIDADES DOS PSICOPEDAGOGOS Artigo 6º - São deveres fundamentais dos psicopedagogos: A)Manter-se atualizado quanto aos conhecimentos científicos e técnicos que tratem o fenômeno da aprendizagem humana; B) Zelar pelo bom relacionamento com especialistas de outras áreas, mantendo uma atitude crítica, de abertura e respeito em relação às diferentes visões de mundo; C) Assumir somente as responsabilidades para as quais esteja preparado dentro dos limites da competência psicopedagógica; D) Colaborar com o progresso da Psicopedagogia;E) Difundir seus conhecimentos e prestar serviços nas agremiações de classe sempre que possível; F) Responsabilizar-se pelas avaliações feitas fornecendo ao cliente uma definição clara do seu diagnóstico; G) Preservar a identidade, parecer e/ou diagnóstico do cliente nos relatos e discussões feitos a título de exemplos e estudos de casos; H) Responsabilizar-se por crítica feita a colegas na ausência destes; 13 I) Manter atitude de colaboração e solidariedade com colegas sem ser conivente ou acumpliciar-se, de qualquer forma, com o ato ilícito ou calúnia. O respeito e a dignidade na relação profissional são deveres fundamentais do psicopedagogo para a harmonia da classe e manutenção do conceito público. CAPÍTULO III: DAS RELAÇÕES COM OUTRAS PROFISSÕES Artigo 7º - O psicopedagogo procurará manter e desenvolver boas relações com os componentes das diferentes categorias profissionais, observando, para este fim, o seguinte: A) Trabalhar nos estritos limites das atividades que lhes são reservadas; B) Reconhecer os casos pertencentes aos demais campos de especialização; encaminhando-os a profissionais habilitados e qualificados para o atendimento; CAPÍTULO IV: DO SIGILIO Artigo 8º - O psicopedagogo está obrigado a guardar segredo sobre fatos de que tenha conhecimento em decorrência do exercício de sua atividade. Parágrafo Único -Não se entende como quebra de sigilo, informar sobre cliente a especialistas comprometidos com o atendimento. Artigo 9º - O psicopedagogo não revelará, como testemunha, fatos de que tenha conhecimento no exercício de seu trabalho, a menos que seja intimado a depor perante autoridade competente. Artigo 10º - Os resultados de avaliações só serão fornecidos a terceiros interessados, mediante concordância do próprio avaliado ou do seu representante legal. Artigo 11º - Os prontuários psicopedagógicos são documentos sigilosos e a eles não será franqueado o acesso a pessoas estranhas ao caso. CAPÍTULO V: DAS PUBLICAÇÕES CIENTÍFICAS Artigo 12º - Na publicação de trabalhos científicos, deverão ser observadas as seguintes normas: A) A discordância ou críticas deverão ser dirigidas à matéria e não ao autor; B) Em pesquisa ou trabalho em colaboração, deverá ser dada igual ênfase aos autores, sendo de boa norma dar prioridade na enumeração dos colaboradores àquele que mais contribuir para a realização do trabalho; C) Em nenhum caso, o psicopedagogo se prevalecerá da posição hierárquica para fazer publicar em seu nome exclusivo, trabalhos executados sob sua orientação; D) Em todo trabalho científico deve ser indicada a fonte bibliográfica utilizada, bem como esclarecidas as idéias descobertas e ilustrações extraídas de cada autor. CAPÍTULO VI: DA PUBLICIDADE PROFISSIONAL Artigo 13º - O psicopedagogo ao promover publicamente a divulgação de seus serviços, deverá fazê-lo com exatidão e honestidade. 14 Artigo 14º - O psicopedagogo poderá atuar como consultor científico em organizações que visem o lucro com venda de produtos, desde que busque sempre a qualidade dos mesmos. CAPÍTULO VII: DOS HONORÁRIOS Artigo 15º - Os honorários deverão ser fixados com cuidado, a fim de que representem justa retribuição aos serviços prestados e devem ser contratados previamente. CAPÍTULO VIII: DAS RELAÇÕES COM SAÚDE E EDUCAÇÃO Artigo 16º - O psicopedagogo deve participar e refletir com as autoridades competentes sobre a organização, implantação e execução de projetos de Educação e Saúde Pública relativo às questões psicopedagógicas. CAPÍTULO IX: DA OBSERVÂNCIA E CUMPRIMENTO DO CÓDIGO DE ÉTICA Artigo 17º - Cabe ao psicopedagogo, por direito, e não por obrigação, seguir este código. Artigo 18º - Cabe ao Conselho Nacional da ABPp orientar e zelar pela fiel observância dos princípios éticos da classe. Artigo 19º - O presente código só poderá ser alterado por proposta do Conselho da ABPp e aprovado em Assembléia Geral. CAPÍTULO X: DAS DISPOSIÇÕES GERAIS Artigo 20º - O presente código de ética entrou em vigor após sua aprovação em Assembléia Geral, realizada no V Encontro e II Congresso de Psicopedagogia da ABPp em 12/07/1992, e sofreu a 1ª alteração proposta pelo Congresso Nacional e Nato no biênio 95/96, sendo aprovado em 19/07/1996, na Assembléia Geral do III Congresso Brasileiro de Psicopedagogia da ABPp, da qual resultou a presente solução. TEXTO 5: Por que regulamentar a Psicopedagogia como profissão? A formação do Psicopedagogo, no Brasil, vem ocorrendo em caráter regular e oficial, desde a década de setenta em instituições universitárias. Esta formação foi regulamentada pelo MEC em cursos de pós-graduação e especialização, com carga mínima de 360 horas, sendo que a maioria dos cursos são oferecidos com 720 horas ou mais. Atualmente existem cursos oficiais nos estados: Amazonas, Pará, Bahia, Ceará, Goiás, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, São Paulo, Distrito Federal, Sergipe, Pernambuco, Rio Grande do Norte. - A clientela desses cursos é constituída por profissionais que buscam especializar-se no estudo do processo de ensino-aprendizagem, objetivando atuar nos seguintes campos: clínico , institucional (seja escola, hospital ou empresa) e pesquisa . - Os problemas de aprendizagem foram inicialmente pesquisados na área médica e tratados por educadores especializados. A Psicopedagogia formaliza atualmente a área que lida com a compreensão e o tratamento dos problemas de aprendizagem ampliando o foco através da contribuição de outras áreas do conhecimento como a Didática, Lingüística,Psicanálise, Psicologia, Filosofia, Sociologia, entre outras. 15 - Nenhuma das graduações existentes atualmente contempla a especificidade da formação deste profissional e nenhuma das graduações alcança a totalidade da dimensão do processo de aprendizagem. - Em vista disto, a comunidade científica criou cursos de pós-graduação e especialização em Psicopedagogia para atender à demanda do mercado. - Portanto, o que se pretende neste momento, é oficializar o que já existe de fato, através da regulamentação da profissão: isto permitiria a normatização da formação e exercício profissional, além de estender este atendimento à população de baixa renda, através de convênios de assistência médica e sistemas públicos de saúde e educação. Conselho Nacional da Associação Brasileira de Psicopedagogia São Paulo, 01 de setembro de 1997. ct. 33/97 Revisto pela Comissão de Divulgação do triênio 2002/04 São Paulo, 19 de agosto de 2002 TEXTO 6: ALGUMAS QUESTÕES 1. O que é a psicopedagogia? A Psicopedagogia estuda o processo de aprendizagem e suas dificuldades, tendo, portanto, um caráter preventivo e terapêutico. Preventivamente deve atuar não só no âmbito escolar, mas alcançar a família e a comunidade, esclarecendo sobre as diferentes etapas do desenvolvimento, para que possam compreender e entender suas características evitando assim cobranças de atitudes ou pensamentos que não são próprios da idade. Terapeuticamente a psicopedagogia deve identificar, analisar, planejar, intervir através das etapas de diagnóstico e tratamento. 1. Quem são os psicopedagogos?São profissionais preparados para atender crianças ou adolescentes com problemas de aprendizagem, atuando na sua prevenção, diagnóstico e tratamento clínico ou institucional. 2. Onde atuam?O psicopedagogo poderá atuar em escolas, empresas, clínicas, associações, ONGs, hospitais e outras instituições. 3. Como se dá o trabalho na área clínica?O psicopedagogo, através do diagnóstico clínico, irá identificar as causas dos problemas de aprendizagem. Para isto, ele usará instrumentos tais como, provas operatórias (Piaget), provas projetivas (desenhos), histórias, material pedagógico etc. Na clínica, o psicopedagogo fará uma entrevista inicial com os pais ou responsáveis para conversar sobre horários, quantidades de sessões, honorários, a importância da freqüência e da presença e o que ocorrer. Neste momento não é recomendável falar sobre o histórico do 16 sujeito, já que isto poderá atrapalhar a investigação. O histórico do sujeito, desde seu nascimento, será relatado ao final das sessões numa entrevista chamada anamnese, com os pais ou responsáveis. 4. O diagnostico é composto de quantas sessões? Geralmente faz-se o diagnóstico entre 8 a 10 sessões. O ideal é que haja duas sessões por semana.Mas cada caso deverá ser estudado individualmente, não havendo um padrão. 5. E depois do diagnóstico?O diagnóstico poderá confirmar ou não as suspeitas do psicopedagogo. O profissional poderá identificar problemas de aprendizagem. Neste caso ele indicará um tratamento psicopedagógico, mas poderá também identificar outros problemas e aí ele poderá indicar um psicólogo, um fonoaudiólogo, um neurologista, ou outro profissional a depender do caso. Ele poderá perceber também, que o problema esteja na escola, poderá fazer visitas à escola e à professora, e em última instância, então possivelmente ele recomendará uma troca de escola. 6. E o tratamento psicopedagógico? O tratamento poderá ser feito com o próprio psicopedagogo que fez o diagnóstico, ou poderá ser feito com outro psicopedagogo. Neste caso, este último solicitará o informe psicopedagógico para análise. Durante o tratamento são realizadas diversas atividades, com o objetivo de identificar a melhor forma de se aprender e o que poderá estar causando este bloqueio. Para isto, o psicopedagogo utilizará recursos como jogos, desenhos, brinquedos, brincadeiras, conto de histórias, computador e outras coisas que forem oportunas. A criança, muitas vezes, não consegue falar sobre seus problemas e é através de desenhos, jogos, brinquedos que ela poderá revelar a causa de sua dificuldade. É através dos jogos que a criança adquire maturidade, aprende a ter limites, aprende a ganhar e perder, desenvolve o raciocínio, aprende a se concentrar, adquire maior atenção. O psicopedagogo solicitará, algumas vezes, as tarefas escolares, observando cadernos, olhando a organização e os possíveis erros, ajudando-o a compreender estes erros. Irá ajudar a criança ou adolescente, a encontrar a melhor forma de estudar para que ocorra a aprendizagem. O profissional poderá ir até a escola para conversar com o(a) professor(a), afinal é ela que tem um contato diário com o aluno e pode dar muitas informações que possam ajudar no tratamento. O psicopedagogo precisa estudar muito. E muitas vezes será necessário recorrer a outro profissional para conversar, trocar idéias, pedir opiniões. 7. Como se dá o trabalho na Instituição? O psicopedagogo na instituição escolar poderá: - ajudar os professores, auxiliando-os na melhor forma de elaborar um plano de aula para que os alunos possam entender melhor as aulas; - ajudar na elaboração do projeto pedagógico; - orientar os professores na melhor forma de ajudar, em sala de aula, aquele aluno com dificuldades de aprendizagem; 17 - realizar um diagnóstico institucional para averiguar possíveis problemas pedagógicos que possam estar prejudicando o processo ensino-aprendizagem; - encaminhar o aluno para um profissional (psicopedagogo, psicólogo, fonoaudiólogo etc) a partir de avaliações psicopedagógicos; - conversar com os pais para fornecer orientações; - auxiliar a direção da escola para que os profissionais da instituição possam ter um bom relacionamento entre si; - Conversar com a criança ou adolescente quando este precisar de orientação. 8. O que é fundamental na atuação psicopedagógica? A escuta é fundamental para que se possa conhecer como e o que o sujeito aprende, e como diz Nádia Bossa, “perceber o inter- jogo entre o desejo de conhecer e o de ignorar”. O psicopedagogo também deve estar preparado para lidar com possíveis reações frente a algumas tarefas, tais como: resistências, bloqueios, sentimentos, lapsos etc. E não parar de buscar, de conhecer, de estudar, para compreender de forma mais completa estas crianças ou adolescentes já tão criticados por não corresponderem às expectativas dos pais e professores. TEXTO 7: Complementando ... A Psicopedagogia ocupa-se, assim, de todo o contexto da aprendizagem, seja na área clínica, preventiva e assistencial, envolvendo elaboração teórica no sentido de relacionar os fatores envolvidos nesse ponto de convergência em que opera. O curso promoverá estudos e debates sobre esse universo multifacetado, no qual, nosso Curso tem como meta, contribuir com pesquisas na área da aprendizagem e do desenvolvimento humano, bem como capacitar o especialista para atual nos dois enfoques institucional e clínico. Na área da saúde, o trabalho é feito em consultórios privados e/ou em instituições de saúde (como hospitais), no sentido de reconhecer e atender às alterações da aprendizagem sistemática e/ou assistemática, de natureza patológica. Existe também uma proposta de atuação nas empresas, onde o objetivo seria favorecer a aprendizagem do sujeito para uma nova função, auxiliando-o para um desenvolvimento mais efetivo de suas atividades. No enfoque clínico: Desenvolver competências e habilidades no aluno, preparando-o para trabalhar na identificação, análise, e na elaboração de uma metodologia de diagnóstico e de intervenção/orientação (individual, grupal, familiar e dos profissionais envolvidos) nas questões que envolvem a aprendizagem humana. No enfoque institucional: Considerando-se que o objeto de estudo é a pessoa em desenvolvimento e as alterações de tais processos, buscar-se-á desenvolver competênciase habilidades no aluno para que este seja capaz de focalizar as possibilidades do aprender, num sentido amplo, não deve se restringindo a uma só agência isto é, a educação formal, mas 18 possibilitando a atuação preventiva do psicopedagogo na comunidade (Ongs, hospitais, empresas, creches, família) Como outrora lembrado, o fundamento da Psicopedagogia é o estudo da aprendizagem humana, que se constitui a cada momento em qualquer tempo. Intrínseca ao ser humano, que se dá em todos os sentidos, em qualquer local e continuamente. Justamente por ser tão ampla e complexa, essa habilidade, surgiu a necessidade de um profissional com perfil específico para dedicar-se a ela, seja potencializando-a ou fortalecendo-a perante as adversidades encontradas ou criadas. Podemos afirmar que, devido à interdisciplinaridade de sua formação, o psicopedagogo é um profissional apto para inserir-se nesta cadeia de conhecimento e informação a que estamos expostos. A contribuição do psicopedagogo ao complexo ato de aprender pode se concretizar em diferentes instituições, sejam elas escolares, clínicas, hospitalares ou organizacionais. Ainda muito jovem no cenário a que se presta, vem construindo sua história através de intensas pesquisas que envolvem teoria e prática, mostando-se séria e comprometida em sua atuação, construindo parcerias com diversas áreas do conhecimento e da atividade humana. A versatilidade e competência deste profissional certamente serão reconhecidas, tornando-o um parceiro imprescindível no atual e futuro mercado de trabalho. COMBINAÇÕES PARA AULA & AVALIAÇÃO: 1)Procure em revistas e jornais (impressos ou virtuais) uma matéria relacionada a Psicopedagogia e traga para nosso segundo encontro. 2) Traga folha de ofício, tesoura, cola, folhas, canetas hidrocores. Combinaremos em aula os critérios e pesos das avaliações. “Toda experiência de aprendizagem se inicia com uma experiência afetiva. É a fome que põe em funcionamento o aparelho pensador. Fome é afeto. O pensamento nasce do afeto, nasce da fome. Não confundir afeto com beijinhos e carinhos. Afeto, do latim affecare, quer dizer ‘ir atrás’. O afeto é o movimento da alma na busca do objeto de sua fome” (Rubem Alves - 2004). Desejo a você que começa mais uma etapa pela sua qualificação profissional e pessoal, sucesso, disciplina e muito afeto. Da sua professora, Samantha Dias de Lima samanthalima06@gmail.com 19 Referencial: Básico BOSSA, Nadia A. A psicopedagogia no Brasil: Contribuições a partir da prática. 2 ed. Porto Alegre: Artmed, 2000. VISCA, Jorge. Psicopedagogia – Novas contribuições. 4 ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1991. KIGUEL, Sonia Moojem. Reabilitação em Neurologia e Psiquiatria Infantil – Aspectos Psicopedagógicos. Congresso Brasileiro de Neurologia e Psiquiatria Infantil – a criança e o adolescente da Década de 80. Porto Alegre, Abenepe, vol.2, 1983. Complementar ABPp - Associação Brasileira de Psicopedagogia. www.abpp.com.br ANGELONI, M. T. Organizações do conhecimento: infra-estrutura, pessoas e tecnologias. São Paulo: Saraiva, 2003. CÉSARIS, Delia Maria de. O Psicopedagogo nas Instituições. Hoje. Disponível em www.psicopedagogiaonline.com.br. Acesso em : 27 de abril de 2003. CÓDIGO DE ÉTICA E ESTATUTO DA ABPp. Disponível em www.abpp.com.br . Acesso em: 14 de julho de 2003. FERNÁNDEZ, Alícia. A inteligência aprisionada - abordagem psicopedagógica clínica da criança e sua família. 2ª reed. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1991. FERREIRA, Renata Tereza da Silva. A importância da psicopedagogia no ensino fundamental - 1ª a 4ªséries. Disponível em www.psicopedagogiaonline.com.br. Publicado em 25 de junho de 2002. Acesso em: 27 de abril de 2003. GONÇALVES, Júlia Eugênia. Competência do Psicopedagogo. Disponível em www.aprender- ai.com.br. Texto apresentado por ocasião do II ENCONTRO MINEIRO DE PSICOPEDAGOGIA - Belo Horizonte, MG, 1997. Acesso em: 02 de maio de 2003. HOLTZ, Maria Luiza Marins. A Pedagogia Empresarial e as Relações Humanas. Disponível em www.sorocaba.com.br . Publicado em 06 de outubro de 2001. Acesso em: 02 de maio de 2003. MORGAN, G. Imagens da Organização. São Paulo : Atlas,1996. RUBINSTEIN, Edith. In SCOZ et al. Psicopedagogia: Contextualização, Formação e Atuação Profissional. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1992. RUBSTEIN, Edith. (Org.) 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