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49 Re vi sã o: ? ?? ? - Di ag ra m aç ão : ? ?? ? - 00 /0 0/ 00 Distribuição e traDe Marketing Unidade II Esta unidade: • introduz os conceitos de centro de distribuição e canais de distribuição existentes na logística. Nesse caso, dividiremos o assunto canais de distribuição em duas unidades. • destaca a importância do gerenciamento e interface entre o marketing e a logística. • enfatiza a necessidade de entender os diversos elementos do serviço do ponto de vista do cliente. • explora o custo, o tempo e os determinantes da competição baseada no tempo: o desejo dos clientes por estoques reduzidos e os riscos da dependência de previsões em um mercado cada vez mais volátil. 3 CENTRO DE DISTRIBUIÇÃO 3.1 O que é um Centro de Distribuição (CD)? Vamos a algumas definições: De acordo com a Associação Brasileira de Logística (ASLOG), Centro de Distribuição (CD): é um armazém que tem por objetivo realizar a gestão dos estoques de mercadorias na distribuição física. Em geral, esse armazém recebe cargas consolidadas de diversos fornecedores. Essas cargas são então fracionadas com o intuito de consolidar os produtos em quantidade e variedade corretas, para depois serem encaminhadas aos pontos de vendas ou, em alguns casos, aos clientes finais. O CD é um conceito moderno, cuja função difere das tradicionais funções dos depósitos, galpões ou almoxarifados, as quais não são adequadas dentro do sistema logístico. Existe uma grande diferença entre depósitos e CDs: Depósitos – são instalações cujo objetivo principal é armazenar produtos para ofertar aos clientes, podemos sinalizar empresas que produzem e depois os enviam a seus clientes previamente cadastrados. CDs – são instalações cujo objetivo é receber produtos e atender às necessidades dos clientes. Vamos pegar como exemplo os operadores logísticos, que compram de vários fornecedores, estocam as mercadorias e as disponibilizam aos clientes. 50 Unidade II Re vi sã o: ? ?? ? - Di ag ra m aç ão : ? ?? ? - 00 /0 0/ 00 Definição de CD segundo alguns autores: Lacerda (2000): Uma questão básica do gerenciamento logístico é como estruturar sistemas de distribuição capazes de atender de forma econômica os mercados geograficamente distantes das fontes de produção, oferecendo níveis de serviço cada vez mais altos em termos de disponibilidade de estoque e tempo de atendimento. Neste contexto, a atenção se volta para as instalações de armazenagem e como elas podem contribuir para atender de forma eficiente as metas estabelecidas de nível de serviço. A funcionalidade dessas instalações dependerá da estrutura de distribuição adotada pela empresa. Lima (2002): Os armazéns de produtos acabados, antes gerenciados pelas próprias indústrias, deram lugar aos CDs, visto que os CDs têm como principal desafio atender corretamente à crescente demanda de pedidos. Essa demanda vem aumentando por dois motivos: primeiro, devido à maior variedade de produtos (aumento do número de produtos e redução do ciclo de vida), e, segundo, pela necessidade de melhor atendimento ao cliente. É possível observar também um aumento na frequência de atendimento, pois o número de entregas diretas ao consumidor vem crescendo com a utilização cada vez maior da Internet, venda por catálogo ou telemarketing. Como resposta, os responsáveis pelos CDs investiram em tecnologias que permitem reduzir o tempo de atendimento ao cliente e simultaneamente aumentar a sua produtividade. Calazans (2001): O objetivo principal do CD é manter estoque a fim de suprir a cadeia logística. Esses objetivos se complementam, já que ambos focam o nível de serviço que a empresa quer proporcionar ao seu cliente final, sendo o mais importante atender o cliente com o menor custo na hora e no local certo. A utilização do CD, ao longo da cadeia logística, faz-se necessária para servir como ponto de abastecimento intermediário entre as unidades produtoras e os consumidores finais. Isso proporciona um tempo de resposta mais rápido numa eventual necessidade de reposição. Moura (2002): Os CDs podem ofertar, além dos serviços de armazenagem, serviços que agreguem valor aos produtos, como etiquetagem, embalagem, entre outras atividades. 51 Re vi sã o: ? ?? ? - Di ag ra m aç ão : ? ?? ? - 00 /0 0/ 00 Distribuição e traDe Marketing Como você pode perceber, um CD é extremamente estratégico dentro das atividades empresariais, além de tratar com as atividades ligadas à distribuição e ao controle de estoques de mercadorias, é também o responsável pela integração entre o que é produzido, como é comercializado e, principalmente, como será entregue. A realidade hoje, em nosso país, é totalmente diferente de algumas décadas passadas, pensar no cliente não é mais o grande jargão popular, pensar no cliente como um estrategista é a grande vantagem competitiva de empresas que queiram trilhar o caminho do sucesso! 3.2 A evolução dos CDs Assim como a indústria, o comércio e os serviços evoluíram ao longo dos anos, a logística também passou por grandes transformações. No século passado, as necessidades do comércio, das empresas e dos clientes eram outras. Vamos tratar aqui de alguns temas que contribuíram para a evolução dos processos logísticos, bem como da evolução dos CDs. Vale lembrar que esses são alguns exemplos de muitos que podemos considerar como fator decisório em nosso processo evolutivo. Lembrete Logística é a área responsável por prover recursos, equipamentos e informação para a execução de todas as atividades de uma empresa. Entre essas atividades, estão o transporte, a movimentação de materiais, o controle de estoques, a armazenagem, o processamento de pedidos e o gerenciamento das informações. Pela definição: Logística é a parte do Gerenciamento da Cadeia de Abastecimento que planeja, implementa e controla o fluxo e armazenamento eficiente e econômico de matérias-primas, materiais semiacabados e produtos acabados, bem como as informações a eles relativas, desde o ponto de origem até o ponto de consumo, com o propósito de atender às exigências dos clientes (CARVALHO, 2002, p. 31). Aluno(a), você já se questionou sobre em que momento nasce a necessidade da logística? Algumas respostas são até intuitivas, como: “nasce da necessidade do cliente”, “de atender ao mercado”, “comprar matéria-prima”. Sim, as respostas estão todas corretas, é um tanto óbvio; porém, nenhuma dessas ações será possível sem a INFORMAÇÃO. Pense nisso! O segredo é simples. 52 Unidade II Re vi sã o: ? ?? ? - Di ag ra m aç ão : ? ?? ? - 00 /0 0/ 00 O Brasil viveu uma época em que os produtos não tinham competitividade com o mercado internacional. Como podemos sinalizar através de: • produtos defasados; • tecnologias ultrapassadas; • indústrias vivendo a época da geração carroça; • falta de matéria-prima; • necessidade de mão de obra especializada; • volume alto de estoque; • concorrência interna; • economia em fase de transição. Enfim, vivemos um período de verdadeiro atraso, principalmente na economia. A evolução da indústria vem junto com o desenvolvimento da logística, com grande colaboração da abertura do mercado e da chegada de grandes indústrias de transformação, serviços, tecnologias e, principalmente, empresas ligadas à área de logística. Com isso, a evolução do que antes denominávamos como expedição passa a ter uma tratativa diferenciada; afinal, a concorrência aumenta, chegam novos produtos, novas tecnologias, e o cliente passa a ser o foco principal. Vejamos, a seguir, alguns conceitos de outras atividades que fazem parte do processo evolutivo: • Globalização: diz respeito à forma como os países interagem e aproximam pessoas, ou seja, interliga o mundo, levando em consideração aspectos econômicos, sociais, culturais e políticos. E, com isso, gerando a fase da expansão capitalista, em que é possível realizar transações financeiras, expandir seu negócio,até então restrito ao seu mercado de atuação, para mercados distantes e emergentes, sem necessariamente um investimento alto de capital financeiro, pois a comunicação no mundo globalizado permite tal expansão; porém, obtém-se como consequência o aumento acirrado da concorrência. • Comércio: é baseado na troca voluntária de produtos, que envolve duas ou mais pessoas. O comércio pode ser realizado por meio de indústrias de bens de consumo, assim como de serviços. • Indústria: é toda a atividade humana que, por meio do trabalho, transforma a matéria-prima em outros produtos, podendo ou não ser comercializados. A atividade industrial pode ser de manufatura, artesanal ou fabril. • Serviços: é o comércio de serviços comerciais, pessoais e comunitários a terceiros. • Tecnologia: é um termo que envolve o conhecimento técnico e científico e as ferramentas, processos e materiais criados e/ou utilizados a partir de tal conhecimento. 53 Re vi sã o: ? ?? ? - Di ag ra m aç ão : ? ?? ? - 00 /0 0/ 00 Distribuição e traDe Marketing • Necessidades dos clientes: é o ato de buscar no mercado produtos e/ ou serviços que atendam a sua necessidade básica. • Expectativas dos clientes: é o desejo que o cliente tem em relação ao que compra no mercado. Normalmente, esse cliente adquire algo por necessidade, e sua expectativa é de que ela seja suprida. • Concorrência: corresponde à situação de um mercado em que os diferentes produtores/vendedores de um determinado bem ou serviço atuam de forma independente face aos compradores/ consumidores, com vista a alcançar um objetivo para seu negócio – lucros, vendas e/ou quota de mercado –, utilizando diferentes instrumentos, como os preços, a qualidade dos produtos, os serviços pós-venda. • Informação: é o resultado do processamento, da manipulação e da organização de dados, de tal forma que represente uma modificação (quantitativa ou qualitativa) no conhecimento do sistema (pessoa, animal ou máquina) que a recebe. • Custos: são medidas monetárias dos sacrifícios financeiros com os quais uma organização, uma pessoa ou um governo têm de arcar a fim de atingir seus objetivos, sendo considerados esses ditos objetivos a utilização de um produto ou serviço qualquer, na obtenção de outros bens ou serviços. • Operações logísticas: são as diversas atividades que uma empresa adota para realizar suas funções internas e externas. Como exemplos de operações, citamos: carga e descarga; definição de área de picking; embalagem de mercadorias, ou seja, todas as atividades desenvolvidas em um CD. Observação Informação como conceito carrega uma diversidade de significados, do uso cotidiano ao técnico. Genericamente, o conceito de informação está intimamente ligado às noções de restrição, comunicação, controle, dados, forma, instrução, conhecimento, significado, estímulo, padrão, percepção e representação de conhecimento. Estamos na “Era da Informação”, o advento da “Era do Conhecimento” ou sociedade do conhecimento. 3.3 Tipos de Centros de Distribuição 3.3.1 Centro de Distribuição Avançado Segundo a Associação Brasileira de Movimentação e Logística (ABML), os Centros de Distribuição Avançados (CDA´s) são unidades de armazenagens próprias do sistema de distribuição, onde o estoque é posicionado em vários elos de uma cadeia de suprimentos. Tem por objetivo permitir o rápido atendimento dos clientes de uma determinada área geográfica que se encontra distante do centro produtor. Dessa forma, avançam-se os estoques para um ponto próximo aos clientes e os pedidos são, então, atendidos por esse centro avançado, a partir do seu próprio estoque, ou seja, o fornecedor envia a 54 Unidade II Re vi sã o: ? ?? ? - Di ag ra m aç ão : ? ?? ? - 00 /0 0/ 00 sua mercadoria para um CDA, onde sua mercadoria é armazenada e, em seguida, enviada para vários clientes da cadeia. Um dos problemas que essa operação gera é justamente o elevado custo das operações, assim como seus custos e níveis de estoque. Os Centros de Distribuição variam de acordo com a real necessidade do cliente ou produto. Os CDA´s, por exemplo, permitem atender adequadamente pequenos pontos de venda. Nesse caso, é necessário que exista um controle maior de seus estoques, a fim de evitar que o produto tenha seu prazo de validade comprometido e a mercadoria falte nos seguintes pontos de vendas: • Padarias • Lanchonetes • Bares • Restaurantes Locais onde há comercialização e um controle maior sobre esses produtos que são altamente perecíveis, como: • Trigo • Produtos resfriados • Sucos • Doces • Frutas • Legumes Parece-nos que o grande problema em um CDA é justamente os custos dos estoques, como resolver ou minimizar esse problema? Trataremos de algumas alternativas para a redução de nossos custos. a) Transit point De acordo com Lacerda (2000, p. 155), transit point são instalações similares aos centros de distribuição, cuja diferença é a inexistência de estoque. Os produtos já têm seu destino estabelecido ao serem enviados. Portanto, não há perda de tempo. Como vantagem, destaca-se a possibilidade de transportar cargas consolidadas para grandes distâncias. Segundo o autor, esse tipo de instalação tem as mesmas características de um centro de distribuição, mas não mantém estoques. Seu principal objetivo é atender à determinada área de mercado distante dos armazéns centrais, ou seja, opera como instalação de passagem, recebendo materiais consolidados e separando-os para entregas individuais. 55 Re vi sã o: ? ?? ? - Di ag ra m aç ão : ? ?? ? - 00 /0 0/ 00 Distribuição e traDe Marketing b) Cross docking Outra solução consiste na criação de um sistema em que as mercadorias cheguem Just-in-Time, ou seja, à medida que o cliente solicite ou esteja em vias de solicitar. Imediatamente essas mercadorias são processadas e enviadas, eliminando assim a necessidade de armazenagem. Esse sistema é chamado cross docking. Trata-se de um termo da língua inglesa que está relacionado diretamente à logística de transporte e distribuição de produtos. Numa tradução mais literal, cross docking quer dizer “cruzamento entre docas” (falaremos sobre docas em outro momento de nosso curso). Essa operação envolve múltiplos fornecedores, os quais atendem clientes comuns. Consiste, basicamente, no fracionamento de cargas, isto é, divide-se uma ou mais cargas maiores em outras menores. Suas instalações possuem, de um lado, a plataforma com as docas de recebimento; do outro, as docas de expedição, e entre essas docas (entrada e saída) acontece o cruzamento dos materiais, descarregando os veículos com cargas maiores e carregando os veículos menores. Assim, assegura maior vazão à etapa de distribuição e oferece rapidez no atendimento. Embora operacionalmente simples, para o sucesso dessa operação, é necessário alto nível de coordenação entre os participantes (fornecedores, transportadores), viabilizada pela utilização intensiva de sistemas de informação, como transmissão eletrônica de dados e identificação de produtos por código de barra. Além disso, é de fundamental importância a existência de softwares de gerenciamento de armazenagem (WMS) para coordenar o intenso e rápido fluxo de produtos entre as docas. Algumas vantagens são apontadas nesse método. A organização concentra-se no fluxo do material e não na armazenagem, sendo útil para reduzir os custos de armazenagem e melhorar a satisfação do cliente, bem como apresenta uma redução da área física necessária para o CD; uma maior rotatividade dentro do CD, já que o sistema opera com entregas em menores quantidades e com maior frequência; e aumenta a disponibilidade do produto, ou seja, o tempo de vida que a mercadoria “perderia” no estoque, ela “ganha” na prateleira à venda. Desvantagens também são apontadas nesse método: o surgimento de custos proveniente de outros elos da cadeia para o melhor desempenho desse processo; o sistema exige um sincronismo entreo fornecimento e a demanda; requer uma melhoria nos sistemas de planejamento e de comunicação das empresas; e é fundamental que seja desenvolvida uma colaboração inter e intraorganizacional, ou seja, as operações e ações realizadas fora e dentro da empresa. c) Merge in transit Existe outro modelo dentro da logística que tem como objetivo montar produtos ao longo da cadeia de distribuição, denominado merge in transit. É aplicado, normalmente, à distribuição de produtos de alto valor agregado. Podemos considerar essa operação como uma extensão do cross docking, pelo simples fato de estar associada a técnicas de qualidade como o Just-in-Time. Um exemplo desse sistema é a montagem de 56 Unidade II Re vi sã o: ? ?? ? - Di ag ra m aç ão : ? ?? ? - 00 /0 0/ 00 produtos ao longo da cadeia de distribuição (computadores que podem ser montados já no momento da entrega ao cliente). Lembrete Just-in-Time (JIT) é um sistema capaz de responder instantaneamente à demanda, sem necessidade de qualquer estoque adicional, seja na expectativa de demanda futura, seja como resultado de ineficiência no processo. 3.3.2 Centro de Distribuição Próprio As indústrias de transformação e de serviços atuam e desenvolvem suas atividades no planejamento de novos produtos e na busca de novas tecnologias para implantar em seus produtos e em suas atividades no atacado e no varejo. Uma vez desenvolvidos, esses produtos são acondicionados em Centros de Distribuição próprios e enviados aos clientes de acordo com a sua necessidade. A realidade em um mercado altamente competitivo mostra sinais de que as empresas estão em busca de um melhor desempenho em suas atividades produtivas, operacionais, comerciais e logísticas. Os Centros de Distribuição têm um papel fundamental nesse processo, por permitirem: • redução de custos; • agilidade ao processo de entrega de produtos; • melhoria no uso dos recursos; • apoio ao processo de venda e pós-venda; • cumprimento do tempo de entrega; • Precisão no atendimento. Como exemplo prático, vamos demonstrar através de um modelo adotado por uma grande empresa que atua no cenário nacional. Estudo de caso – Indústria investe na venda direta às pequenas lojas Cansada da dupla queda-de-braço travada nos últimos anos – com as grandes redes de varejo, que exigem descontos, e com os atacadistas e distribuidores, que impõem a própria política comercial aos pontos de venda –, a indústria muda a estratégia e estabelece relação direta com o “varejinho”, jargão usado pelas empresas para classificar bares, padarias, lojas de conveniência, bancas de jornal, mercadinhos, depósitos e farmácias. Os canais de “pequeno varejo” e “superpequeno” (estabelecimentos com até quatro caixas registradoras) representaram 53% das vendas em 2006. Em 2003, a fatia era de 49%, 57 Re vi sã o: ? ?? ? - Di ag ra m aç ão : ? ?? ? - 00 /0 0/ 00 Distribuição e traDe Marketing segundo a Nielsen. O peso dos médios e grandes supermercados e dos hipermercados, por sua vez, caiu de 30% para 26% no mesmo período. Com isso, grandes fornecedores de diferentes setores, do alimentício ao de materiais de construção, passando pelo farmacêutico, vêm traçando estratégias de venda direta a esses pequenos lojistas. As táticas variam. A fabricante de massas e biscoitos Adria, do grupo M. Dias Branco, tem motoboys trabalhando como vendedores. A Garoto, empresa da Nestlé que produz chocolates, contrata brokers, com suas respectivas equipes de vendas, para entregar os produtos e fazer o merchandising nas lojas. Há quem tenha funcionários próprios para visitar e fechar vendas ao varejo de pequeno porte, usando os antigos distribuidores como operador logístico, como faz o laboratório Boehringer. A Votorantim Cimentos substituiu distribuidores pelo próprio time de vendas e criou centros de distribuição em regiões estratégicas. “É cada vez maior o interesse da indústria de bens de consumo pela venda direta ao pequeno varejo”, diz o professor Paulo Fleury, diretor do Centro de Estudos em Logística do Instituto Coppead, ligado à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Com essa iniciativa, explica, o fornecedor elimina intermediários, conquista maior margem de lucro em comparação aos que vendem a grandes redes de varejo e ainda levanta barreiras à expansão dos concorrentes – especialmente quando se trata de marcas menos conhecidas e mais baratas. Isso não significa, é claro, que a indústria esteja assumindo toda a distribuição. “Ela calcula quais pontos vale a pena atingir por conta própria”, diz. O laboratório Boehringer, por exemplo, tem um mapa bem desenhado. “O Brasil tem 55 mil farmácias, mas nosso foco está em 10 mil delas, que respondem por 75% das vendas”, diz Fernando Martins, diretor de marketing e vendas de produtos sem prescrição médica (os OTC). Entre estas, 10 mil, diz, as pequenas redes e as farmácias independentes são a maioria - 7 mil pontos - e representam quase um terço do faturamento da categoria OTC, que deve ser de R$ 187 milhões neste ano. “A estratégia de venda direta gerou crescimento de 15% só nos primeiros seis meses do ano”, diz Martins. Essa modalidade representava 12% do faturamento do laboratório há um ano e hoje responde por 21% (o restante está nas mãos dos distribuidores). “Nossa meta é que ele atinja 35% até o final do ano”, afirma. A perda de importância dos distribuidores como canal de vendas foi provocada pela entrada dos genéricos. “Esses fabricantes chegaram oferecendo ao distribuidor um grande desconto sobre os seus produtos, o que levou toda a rede de distribuição a exigir dos laboratórios grandes descontos também”, diz Martins. A cobrança por um preço menor se repetiu na relação das farmácias com os distribuidores. “Uma grande guerra por descontos foi instalada, e a venda – tanto da indústria para o distribuidor quanto deste para a farmácia – passou a depender de quem apresentava o menor preço.” A saída encontrada pela Boehringer foi criar equipes próprias de venda. “No pequeno varejo, transformamos parte dos distribuidores em operadores logísticos, que fazem a 58 Unidade II Re vi sã o: ? ?? ? - Di ag ra m aç ão : ? ?? ? - 00 /0 0/ 00 entrega e recebem comissão de 6% sobre a venda”, diz Martins. Uma vez que o preço dos remédios é tabelado, a Boehringer também instituiu um desconto padrão: 8% para o grupo de 3 mil lojas e 2% para as outras 7 mil lojas de menor porte. Para ambas, oferece apoio para campanhas de merchandising no ponto de venda. No varejinho, o trabalho é mais focado. Nossa equipe ajuda o dono do estabelecimento a fazer as contas e a perceber que, se ele vender um produto com a nossa marca, terá uma margem de ganho maior do que se oferecesse ao consumidor um genérico, diz Martins. Fazer a conta de trás para frente, calculando a margem do pequeno varejo sobre o preço de venda do produto, também foi a estratégia usada pela Garoto. “Eu defino com qual preço meu produto chegará ao consumidor final, já compondo a margem do dono do varejinho, que varia entre 20% e 30%, além da minha própria margem”, diz Fausto Costa, diretor geral da Garoto. A empresa já se dedicava a explorar esse canal de vendas antes de ser comprada pela Nestlé, em 2002. “De lá para cá, nós incrementamos o número de pontos de venda da Garoto, de 120 mil para 150 mil”, diz Costa, ressaltando que as 30 mil novas lojas estão quase todas no pequeno varejo. Para atender esses estabelecimentos, a empresa montou uma rede nacional de brokers: intermediários que trabalham como uma extensão da equipe de vendas. “Eles vendem só um display de produtos, e não caixa inteira como faz para as grandes redes”, afirma o executivo. Na Garoto, o broker fica responsável pela distribuição, entrega e merchandising do produto no ponto de venda. Segundo Costa, não há uma tabela de preços diferenciada para o pequeno varejo. Apesar de pertencer ao ramo alimentício, a Adria, fabricantede massas e biscoitos, tem uma estratégia diferente: cobra 20% a mais sobre o produto vendido ao varejo de pequeno porte. Essa margem lhe garante cobrir os custos com a equipe de 60 vendedores- motoqueiros terceirizados. Estes visitam, toda semana, cerca de 15 mil pontos de venda. A encomenda chega à lojinha no dia seguinte, por meio da frota própria de veículos da Adria ou de terceiros. Na Votorantim Cimentos, a única etapa terceirizada no atendimento ao pequeno varejo são os caminhões que entregam os produtos aos depósitos de materiais de construção. “Nós reforçamos a equipe de vendas em 50% desde 2002, e hoje temos 300 funcionários atuando nesse canal”, diz Marcelo Chamma, diretor comercial da empresa. A etapa da entrega do material, procedente de uma das 25 fábricas da empresa no país, é finalizada por meio de centros de distribuição próprios, que atualmente somam 62. Mas esse número pode aumentar. “A cada seis meses avaliamos nossa presença em cada uma das regiões, que estão em constante mudança por conta das obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal”, afirma. Desde que a empresa intensificou o canal 59 Re vi sã o: ? ?? ? - Di ag ra m aç ão : ? ?? ? - 00 /0 0/ 00 Distribuição e traDe Marketing de venda direta, há cinco anos, o número de clientes no pequeno varejo dobrou: hoje são 24 mil depósitos, além de seis mil construtoras. O tempo médio de atendimento é de quatro horas, mas pode chegar a apenas duas. Segundo Chamma, há sete anos, os distribuidores representavam 40% das vendas; hoje, são responsáveis por 15%. “Os distribuidores não costumam dispensar a mesma energia que uma equipe própria de vendas, que é preparada não só para oferecer todo o nosso portfólio, como esclarecer o pequeno varejista sobre o uso correto dos produtos”, diz Chamma. “Com pessoal próprio, podemos saber exatamente o que os clientes querem”. Menos distribuidores no caminho até a gôndola De São Paulo Quando decidem emitir a própria nota fiscal ao dono do estabelecimento, os fabricantes conquistam o poder de ditar o seu preço e trabalhar o espaço da marca nas prateleiras, algo muito complicado nos grandes varejistas, que fazem questão de gerenciar cada categoria. Com a venda direta, o fornecedor tem controle sobre a demanda, sabe quais itens vendem mais e em quais praças – dados fundamentais em tempos de concorrência acirrada e que podem demorar a chegar, ou não chegar nunca, se depender de intermediários. Nessa hora, item que falta na gôndola é venda perdida. “Para o fabricante, é mais caro não ter produto para fornecer do que manter estoque”, diz o professor da Fundação Getulio Vargas, Manoel Reis, coordenador do Centro de Excelência em Logística e Cadeias de Abastecimento (Celog). Nesse caso, não vale muito ter um repositor na loja. “Ele só vai constatar que falta o produto, mas o que a indústria quer é se antecipar a isso e induzir a demanda”, diz Reis. Mas como não é fácil interferir nas políticas de compras das grandes redes, a saída é apostar no pequeno varejo. “É quando entram em cena as equipes próprias de trade marketing, responsáveis por garantir que o produto tenha giro no ponto de venda”, diz Victor Almeida, coordenador do Programa de Aperfeiçoamento em Gestão do Varejo do Coppead. Isso significa que distribuidores e atacadistas estão com os dias contados? Ninguém admite que esteja substituindo os antigos parceiros, mas sim “descobrindo novos pontos” não atendidos. Reis, no entanto, afirma que a tendência é inevitável: como qualquer intermediário, o distribuidor ou atacadista deve perder cada vez mais espaço no trajeto entre a fábrica e a gôndola. Ainda assim, há empresas, como a Procter & Gamble, que têm se mantido fiéis ao esquema tradicional: vender diretamente a grandes varejistas e deixar médios e pequenos para terceiros. “Nossa preocupação está em atender o pequeno varejo com produtos de giro rápido, em embalagens menores e dispostas em displays ‘fáceis de manejar’”, diz Pedro Martins, diretor de assuntos corporativos da P&G. 60 Unidade II Re vi sã o: ? ?? ? - Di ag ra m aç ão : ? ?? ? - 00 /0 0/ 00 A empresa tem uma equipe própria, que inclui especialistas em finanças, logística, trade marketing, tecnologia e vendas. “São eles que pensam as estratégias para que o distribuidor ou atacadista convença o varejinho”, afirma. Nos últimos quatro anos, segundo Martins, esse canal apresentou o dobro do crescimento registrado no grande varejo. Hoje, 360 mil pequenas lojas lideram a venda de cerca de 20% do portfólio da P&G (DM) (MADUREIRA, 2007). 3.3.3 Centro de Distribuição Terceirizado Muitas empresas buscam a eficácia de seus produtos e os tratam como o seu “bem maior”; porém, quando o assunto é a distribuição efetiva de sua mercadoria até o cliente final, optam por terceirizar esse tipo de atividade. A terceirização tem seus aspectos positivos e negativos, como podemos observar a seguir: Quadro 3 Vantagens Desvantagens • Focalização dos negócios da empresa na sua área de atuação. • Diminuição dos desperdícios. • Redução das atividades-meio. • Aumento da qualidade. • Ganhos de flexibilidade. • Aumento da especialização do serviço. • Aprimoramento do sistema de custeio. • Maior esforço de treinamento e desenvolvimento profissional. • Maior agilidade nas decisões. • Menor custo. • Maior lucratividade e crescimento. • Favorecimento da economia de mercado. • Otimização dos serviços. • Redução dos níveis hierárquicos. • Aumento da produtividade e competitividade. • Redução do quadro direto de empregados. • Diminuição da ociosidade das máquinas. • Maior poder de negociação. • Possibilidade de crescimento sem grandes investimentos. • Risco de desemprego e não absorção da mão de obra na mesma proporção. • Resistências e conservadorismo. • Risco de coordenação dos contratos. • Falta de parâmetros de custos internos. • Demissões na fase inicial. • Custo de demissões. • Dificuldade de encontrar a parceria ideal. • Falta de cuidado na escolha dos fornecedores. • Aumento do risco a ser administrado. • Conflito com os sindicatos. • Mudanças na estrutura do poder. • Aumento da dependência de terceiros. • Perca do vínculo para com o empregado. • Desconhecimento da legislação trabalhista. • Dificuldade de aproveitamento dos empregados já treinados. • Perda da identidade cultural da empresa, em longo prazo, por parte dos funcionários. Fonte: GIOSA (c.1993), GEIA (1991), HENDRY (1997), LEIRIA & SARATT (1992), VANCA (1994). A decisão por terceirizar ou não qualquer atividade no ramo empresarial, industrial, logístico, comércio, serviços, enfim, é uma definição que cabe ao alto escalão da companhia decidir. Os riscos, bem, isso é outro aspecto. 61 Re vi sã o: ? ?? ? - Di ag ra m aç ão : ? ?? ? - 00 /0 0/ 00 Distribuição e traDe Marketing Aluno(a), você é capaz de responder às seguintes perguntas: por que terceirizar? Quais atividades são objetos de terceirização? A primeira etapa de um processo dessa natureza se inicia com a questão de por que terceirizar e quais atividades podem ser terceirizadas. Em termos mais teóricos, três razões principais são apresentadas para que as empresas busquem soluções externas para atividades antes realizadas por elas próprias: a necessidade de manter o foco nas funções que formam as competências centrais da empresa, uma relação custo/eficiência desfavorável das atividades objeto de subcontratação e problemas financeiros. Em qualquer dos casos, a organização deve acreditar que a terceirização seja uma alternativa viável para a obtenção de melhorias no seu sistema logístico ou que leve à adequação deste às atuais demandas do mercado. Mas há situações em que a terceirização não é possível ou não é indicada. Por exemplo, onde há operações que exigem investimentos muito específicos e difíceis de tornarem-se rentáveis, operações que precisam de competências muito específicasou, ainda, que demandam uma manipulação de informações julgadas estratégicas ou confidenciais e operações consideradas críticas para a organização. Vejamos estes dois exemplos a seguir: 1) Nas indústrias químicas, nem todas as atividades logísticas são objeto de terceirização. Uma grande empresa fabricante de polímeros só considera a terceirização de atividades logísticas na movimentação de materiais embalados, que apresentam pouco perigo de contaminação. É considerado estratégico para a empresa o controle do serviço, por se tratar de produtos muito sensíveis. 2) Uma fábrica de helicópteros localizada no sul da França, por exemplo, terceiriza grande parte de suas atividades logísticas de suprimento; mas, em alguns casos, é obrigada, ela mesma, a realizar tais atividades, dado o caráter confidencial e de segurança que envolve alguns equipamentos vendidos. É o caso, por exemplo, de alguns helicópteros de guerra fornecidos para as forças armadas de outros países. Nessa primeira etapa do processo de terceirização, a preocupação é com aspectos estratégicos, ou seja, o impacto da terceirização para a empresa de forma genérica, que definirá o que pode ser objeto de terceirização e o que não deve ser terceirizado. O estudo do impacto dessa decisão sobre a organização constituirá o próximo passo desse processo. Qual será a melhor forma de avaliar se a empresa deve ou não terceirizar os serviços logísticos? Uma vez definido que uma atividade pode ser terceirizada, o próximo passo é analisar se as vantagens superam os riscos, ou seja, se a relação custo/benefício é positiva. Os custos de transações, que consistem nos custos decorrentes das trocas contratuais de bens ou serviços entre firmas, devem ser analisados. Uma transação é definida como uma troca através de uma interface tecnológica. Quando uma transação é efetuada, uma série de custos surge como resultado de “atritos” no sistema econômico. Se 62 Unidade II Re vi sã o: ? ?? ? - Di ag ra m aç ão : ? ?? ? - 00 /0 0/ 00 os custos de transações são baixos, sugere-se que a atividade seja comprada no mercado. Quando os custos de transações são altos, as atividades devem ser realizadas internamente. Nos custos de transação, incluem-se os custos associados à identificação de possíveis candidatos no mercado, à contratação propriamente dita e ao acompanhamento do desempenho. As transações podem ser caracterizadas por quatro dimensões críticas: frequência, incerteza, especificidade dos ativos e facilidade de medida de desempenho. A especificidade dos ativos é a principal característica da transação, definida como investimentos relacionados a uma transação específica e com limitado valor quando usados em aplicações alternativas. Assim, quanto mais investimentos forem exigidos para atender características de serviços muito específicos, mais altos serão os custos de adaptação dos ativos para atender um único cliente. Isso pode inviabilizar a prestação do serviço, dado que os contratados de serviços têm prazos limitados. Essa dimensão, de certa forma, determina se a empresa deve terceirizar ou não as atividades. A busca por um menor custo do serviço foi, por muito tempo, o aspecto principal e único da decisão de terceirizar. No entanto, trabalhos mais recentes mostram uma tendência à utilização de abordagem mais ampla. Assim, por exemplo, custos de monitoramento para interações do tipo embarcador/ prestador de serviços/consumidor passam a ser incluídos. Custos da implantação de ferramentas que permitam a avaliação da satisfação do cliente final devem ser considerados quando os funcionários da própria empresa perdem o contato direto com o consumidor. Nesses casos, a visibilidade do processo completo de serviço ao cliente deve ser orçada, assumindo que a informação deverá ser obtida a partir dos terceiros e dos próprios clientes. A decisão de terceirizar será resultado dessa ampla análise dos custos e benefícios totais associados à relação. Ao final dessa etapa, é preciso que o contratante tenha definido claramente quais as vantagens a organização espera obter com a terceirização. 3.4 Operadores logísticos Operador logístico é o fornecedor de serviço logístico especializado em gerenciar todas as atividades logísticas ou parte delas nas várias fases da cadeia de abastecimento de seus clientes, agregando valor ao produto dos mesmos, e que tenha competência para, no mínimo, prestar simultaneamente serviços nas três atividades consideradas básicas: • Controle de estoques • Armazenagem • Gestão de transporte São empresas externas que realizam funções logísticas que antes eram de responsabilidade do produtor. Um dos principais motivos que levam uma empresa a buscar um operador logístico está associado à falta de espaço físico para realizar funções de armazenamento, controle de estoques, separação e despacho de seus produtos, sem contar a necessidade de mão de obra especializada, 63 Re vi sã o: ? ?? ? - Di ag ra m aç ão : ? ?? ? - 00 /0 0/ 00 Distribuição e traDe Marketing bem como sistemas de informação e um sistema de transporte eficiente para abastecer e atender às necessidades dos clientes. 3.4.1 Outras atividades que um operador logístico deve exercer • Consolidação da carga de diversos locais. • Gestão do transporte de materiais entre diversos armazéns. • Desconsolidação ou reconsolidação de produtos no armazém central para entrega em remessas nas lojas. • Gestão das cargas de transporte para as lojas. Os operadores logísticos também fornecem suportes físicos e infraestruturas, como: • meios de transporte (caminhões, empilhadeiras etc.); • armazéns; • serviços de mão de obra e gestão; • serviços específicos (em alguns casos), incluindo: – gestão do inventário; – preparação da produção; – planejamento estratégico da distribuição; – aquisição de locais; – disposição do armazém. Aluno(a), quando decidir por um operador logístico? Eis uma questão extremamente delicada. Antes de optar por uma decisão e seleção de um operador logístico, devemos analisar algumas questões direcionadas à redução dos custos, mantendo a eficiência e a qualidade de nossos serviços. • Quanto vai pagar por cada atividade logística? • É realmente preciso o controle direto das atividades logísticas da empresa? • Pode-se suportar uma organização interna na empresa focada apenas na logística? • É possível a redução de custos com a contratação de atividades logísticas a um operador logístico? • Consegue-se manter a qualidade sem o controle direto das atividades logísticas da empresa? 64 Unidade II Re vi sã o: ? ?? ? - Di ag ra m aç ão : ? ?? ? - 00 /0 0/ 00 • É prudente abandonar o desenvolvimento do conhecimento interno da empresa na área da logística? • Se subcontratarmos o controle das atividades logísticas da empresa, não estaremos a lidar só com uma redução nos custos, mas com uma perda de contato direto com os clientes a um período curto de tempo? Lembrete Essa é uma decisão extremamente delicada, difícil e sem volta. A imagem da empresa perante o mercado define em que lugar sua empresa chegará. Benefícios Um dos maiores benefícios está em relação a sua dedicação ao aprimoramento de seu produto, na busca de novos fornecedores e matéria-prima, inovação em tecnologia e perspectiva de abertura de novos mercados, sem contar, é claro, o fator lucro. 3.5 Prestadores de serviços logísticos 3.5.1 Conceitos Diversas definições de prestadoras de serviço logístico são normalmente apresentadas na literatura técnica. Em algumas mais amplas, o termo é usado para simplesmente descrever o fornecimento de serviços, incluindo as formas mais simples e mais tradicionais, como o transporte e a armazenagem, ou seja, o termo prestador de serviço logístico abarca todo tipo de atividade logística, por mais simples que seja, não refletindo necessariamente os avanços tecnológicos e operacionais que dão sustentação ao moderno conceitoda cadeia de abastecimento. De acordo com a definição mais específica, o Prestador de Serviços Logísticos (PSL) tem competência reconhecida em atividades logísticas, desempenhando funções que podem englobar todo o processo logístico de uma empresa-cliente ou somente parte dele. E, qualquer que seja a amplitude da terceirização, o processo deve ser tratado de maneira integrada, de forma a permitir a visão de todo o fluxo. Observação Para serem consistentes com a maioria das interpretações do conceito de logística, as atividades deveriam ser idealmente conduzidas de uma maneira integrada e coordenada. Essa seria a grande diferença entre o simples prestador de serviços e o operador logístico. Levando em conta a natureza das atividades logísticas oferecidas pelos prestadores de serviços logísticos, vamos classificá-los da seguinte maneira: 65 Re vi sã o: ? ?? ? - Di ag ra m aç ão : ? ?? ? - 00 /0 0/ 00 Distribuição e traDe Marketing • Transporte, envolvendo os diferentes modos e serviços auxiliares, no caso do transporte internacional. • Armazenagem de produtos. • Manipulação de produtos, incluindo embalagens, identificação, composição de kits etc. • Operações industriais que incluem intervenções intrínsecas no produto, como montagem final, testes de qualidade etc. • Operações comerciais, como recebimento e tratamento de pedidos, de pagamentos, realização de propaganda etc. • Serviços de cunho informacional, como administração de estoques, rastreamento de veículos etc. • Consultoria em engenharia e administração logística. Para descrever o conjunto de atividades logísticas realizadas pelos PSLs, é necessário combinar três critérios: 1) A natureza das atividades (descrita anteriormente). 2) Características de circulação dos produtos: canais de distribuição, restrições físicas (peso, volume, temperatura) e restrições de gestão (frequência, valor dos produtos, rotatividade de estoques). 3) Área geográfica servida. Dessa forma, a gama de prestações de serviço oferecida por um PSL pode ser estruturada a partir da combinação desses três aspectos. 3.5.2 Classificação dos prestadores de serviços logísticos Entre as pesquisas, surgem classificações para os prestadores de serviços logísticos a partir de algumas variáveis. Dois grupos básicos de prestadores de serviços são identificados. O parâmetro que diferencia os dois tipos principais de PSL é a base da oferta de serviços. Assim, temos: a) Prestadores de serviços logísticos baseados em ativos São empresas que detêm ativos tangíveis (próprios ou alugados) e oferecem outros serviços logísticos, como ampliação natural de sua atividade central, como é o caso de uma companhia de armazém que pode fornecer serviços de embalagem, etiquetagem ou montagem final, além dos serviços tradicionalmente ofertados aos clientes. b) Prestadores de serviços logísticos focalizados na administração e na informação São empresas baseadas na administração de atividades que, geralmente, não detêm ativos tangíveis, mas fornecem a seus clientes recursos humanos e sistemas para administrar toda ou parte das suas funções logísticas. 66 Unidade II Re vi sã o: ? ?? ? - Di ag ra m aç ão : ? ?? ? - 00 /0 0/ 00 Uma classificação para os PSLs, baseada em pesquisa da oferta efetiva de prestação de serviços logísticos no Brasil, é proposta por Luna e Novaes (2003). A seguir, mostraremos as três dimensões que explicam as grandes diferenças entre essas empresas. I) A primeira dimensão Chamada de fator arco (ligações entre facilidades), caracteriza uma oferta de serviços baseados em gestão de transações e informações, menos concentrados em uma facilidade logística ou mais dispersos, e inclui as seguintes variáveis: • serviços de gerenciamento, basicamente transações, inclusive com a oferta de escritórios no exterior; • serviços diferenciados, como JIT, kanban, baseados em entregas em curto prazo e em pontos variados; • serviços de transportes, como Milk-Run, distribuição etc.; • tecnologias de transporte, como rastreamento e roteirizadores; • tecnologias aplicadas aos armazéns, como EDI, WMS, VAN etc. II) A segunda dimensão Chamada fator propriedade de ativos, caracteriza a oferta de serviços básicos. As empresas se diferenciam umas das outras por deterem ativos. Essa dimensão é também considerada na classificação de PSLs. Na verdade, as três variáveis seguintes caracterizam os serviços básicos: • frota própria; • armazéns próprios; • equipamentos de movimentação manual, que não exigem treinamento de pessoal para sua utilização e são usados principalmente na movimentação de cargas unitizadas em pallets. Essa dimensão está bastante relacionada com a origem da maior parte das empresas prestadoras de serviços logísticos, transporte rodoviário e serviços de armazenagem. III) A terceira dimensão Chamada fator nó, representa uma dimensão que está relacionada com atividades de mais alto valor e mais concentradas em uma facilidade, seja pelo know-how, seja pelo valor que agregam aos produtos, pois são compostas de: 67 Re vi sã o: ? ?? ? - Di ag ra m aç ão : ? ?? ? - 00 /0 0/ 00 Distribuição e traDe Marketing • serviços de armazenagem, que incluem controle de estoque, embalagem, montagem de kits; • número de funcionários, maior quanto mais é necessário manipular produtos; • números de armazéns de clientes, que em geral são transferidos a terceiros quando estes detêm know-how e tecnologia para manipular os produtos; • equipamentos de movimentação mecânica, caracterizados por elevado grau de cuidados no manuseio dos produtos, exigindo maior treinamento de pessoal; • relação inversa com número de clientes, o que caracteriza um relacionamento mais próximo com poucos clientes. Depois de todos esses conceitos, que prestadores de serviços logísticos a empresa deve considerar na sua análise? Com a tendência de terceirizar “pacotes” de atividades logísticas em lugar de atividades únicas, a relação entre cliente e prestador de serviço também vem mudando. Com demandas por atividades personalizadas, cresce o número de PLSs e, com isso, também a variedade de contratos. Trabalhos recentes avaliam, empiricamente, a relação entre as várias atividades-objeto de terceirização e mostram que as empresas, por razões relacionadas à economia de escopo e de escala, terceirizam múltiplas atividades com um mesmo fornecedor. Alguns embarcadores constataram que o conceito de serviço completo cria, frequentemente, incerteza e receio. Assim, os prestadores foram aconselhados a se concentrar nas suas competências centrais e não tentar oferecer uma solução completa sem suas pesquisas longitudinais sobre a indústria de prestação de serviços logísticos. Apesar de os contratantes indicarem que preferem trabalhar com um único provedor de serviços logísticos, a escala e a cobertura geográfica exigidas nos recentes contratos têm tornado cada vez mais difícil um único prestador responder por todos os serviços exigidos. Pesquisas apontam para a identificação clara de empresas especialistas em alguns serviços e que somente um pequeno número de empresas poderia ser considerado como operadores logísticos que oferecem todos os tipos de serviço. De qualquer forma, é com base na identificação das atividades a serem contratadas que o perfil do prestador de serviços começa a ser esboçado. Uma busca dos PSLs que oferecem os serviços em questão permitirá que a empresa identifique os potenciais candidatos. Há casos em que alguns prestadores de serviços logísticos já desenvolveram competências no desempenho de determinadas funções. Muitas vezes, um PSL não oferece determinados serviços logísticos no momento. Para a empresa contratante, no entanto, mesmo assim pode haver vantagens na sua contratação. Define-se então um serviço customizado, criado sob medida, comum nos casos em que soluções específicas são necessárias. Um dos segredos é buscar informações sobre os prestadoresde serviço potenciais. Trata-se de uma atividade, nesse processo, que permitirá reduzir os riscos, principalmente num mercado novo e com uma grande variedade de oferta de serviços. Pode-se sugerir o levantamento de dados junto a organizações 68 Unidade II Re vi sã o: ? ?? ? - Di ag ra m aç ão : ? ?? ? - 00 /0 0/ 00 profissionais, como a Associação Nacional do Transporte de Carga e Logísticas, ou publicações específicas sobre a indústria, como o Panorama de Operadores Logísticos, publicado periodicamente por revistas especializadas. Pergunta: Qual prestador de serviços é o mais adequado? Definidos os serviços a contratar e conhecendo a oferta, a próxima etapa corresponde à seleção do prestador logístico. A contratação tem características particulares, visto o alto grau de incerteza em relação à qualidade do “produto” final e à definição dos recursos necessários para atingir as metas. A utilização de um processo apropriado de seleção de PSL é importante como forma de reduzir os riscos. A utilização de bons procedimentos maximiza a probabilidade de escolha de um PSL mais adaptado às necessidades da empresa e permite que aqueles que tomam parte no processo decisório possam contribuir e finalmente concordar com a escolha final. Um método normativo pode ser sugerido como forma de orientar esse processo decisório e se chegar a um resultado final com segurança. A primeira etapa deve consistir na identificação das características e competências que devem satisfazer os PSL. Entre os fatores a serem levados em consideração, devem estar incluídos, em geral: • compatibilidade de sistemas de informações existentes no PSL e na empresa contratante; • referências de outros clientes, reputação da empresa; • estabilidade/saúde financeira da empresa; • experiência de trabalho nos negócios, como tempo que atua no mercado; • compatibilidade da cultura das empresas; • facilidade de comunicação entre as empresas; • localização e escopo geográfico; • preço dos serviços oferecidos. A seleção dos PSL se inicia, normalmente, com a análise e a avaliação de fatores eliminatórios, o que permitirá ao avaliador construir um quadro geral comparativo dos potenciais prestadores de serviços logísticos. O estabelecimento de regras simples permite eliminar aqueles que não satisfazem critérios estabelecidos inicialmente. Essas regras especificam critérios que o PSL deve obrigatoriamente satisfazer. Por exemplo, o PSL deve estar localizado na mesma região da empresa contratante, ter boa reputação no mercado e uma experiência mínima de dois anos. Aqueles que satisfizerem preliminarmente o conjunto de regras definidas pelos tomadores de decisão serão posteriormente analisados de forma mais detalhada. Os que não passarem no escrutínio inicial serão definitivamente descartados. 69 Re vi sã o: ? ?? ? - Di ag ra m aç ão : ? ?? ? - 00 /0 0/ 00 Distribuição e traDe Marketing Uma análise mais detalhada dos PSLs remanescentes do processo de seleção preliminar pode ser feita utilizando técnicas simples de ponderação, visando estreitar ainda mais o universo de soluções possíveis. É preciso, inicialmente, definir os critérios considerados importantes, que permitirão ordenar as várias alternativas remanescentes. Atribui-se, a cada um dos candidatos, uma nota refletindo cada critério. Essa nota será, por exemplo, a média das notas atribuídas aos PSLs pelos vários analistas do processo. Em geral, usa-se uma fórmula aditiva simples para agregar os resultados dessas avaliações parciais, atribuindo-se um peso a cada critério. É importante que esses critérios sejam claros, que tenham sido considerados relevantes pelos tomadores de decisão e que possam ser efetivamente avaliados na prática. Além disso, é importante que não sejam redundantes, de forma a se evitar distorções nas avaliações. Finalmente, deve-se procurar incluir na avaliação todos os critérios julgados importantes pela empresa. Ao final se terá uma classificação comparativa e mais detalhada dos PSLs potenciais. De todos, dois ou três merecerão uma análise posterior mais detalhada. Após essa análise, será solicitada aos candidatos uma proposta, que será analisada por uma equipe especializada. Pergunta: Quais ferramentas de controle utilizar? Com a seleção do PSL, deverão ser identificadas ferramentas gerenciais para serem utilizadas na parceria. Ambas as partes participam desse processo, e o contrato logístico constitui a principal ferramenta para boa gestão da parceria logística. Ele terá a função de definir como o processo de implementação dessa parceria será conduzido, através da identificação das ferramentas de controle e das medidas de desempenho a serem utilizadas para avaliação dos resultados obtidos. Dispositivos de incentivo e de sanção também deverão ser definidos na fase de elaboração do contrato. É preciso ter em mente que cada acordo é único. Um contrato deve ser elaborado em função das atividades a serem contratadas, dos dispositivos de coordenação, dos controles utilizados na parceria e dos objetivos estipulados no acordo. Os contratos logísticos têm evoluído em decorrência dessa tendência de subcontratar mais atividades e do aumento da incerteza dos resultados a serem obtidos. Por exemplo, os contratos atuais são estabelecidos de forma a cobrir maior prazo e negociados num nível de administração mais alto. Por outro lado, as formas de contrato evoluíram em decorrência de um maior nível de sofisticação, apoiados em verdadeiras parcerias logísticas. A grande mudança está relacionada com a maior flexibilidade dada aos PLSs para a realização dos serviços, que podem assim dispor de formas mais criativas para desenvolver as atividades terceirizadas. Ao mesmo tempo, os contratos passaram a conter cláusulas de penalidades para os PLSs, no caso de não atendimento dos objetivos propostos. O PSL tem maior grau de liberdade para adotar novas soluções logísticas, geralmente o contrato é extremamente detalhado em termos de preços e níveis de serviço. Por exemplo, o contratante pode exigir informações detalhadas que possam alimentar diretamente seu sistema de gestão de custos. Além disso, vários níveis são identificados e registrados no contrato. Em alguns casos, se o PSL realizar 70 Unidade II Re vi sã o: ? ?? ? - Di ag ra m aç ão : ? ?? ? - 00 /0 0/ 00 as atividades com desempenho superior ao acordado previamente, receberá uma remuneração mais alta. Caso contrário, será penalizado. Esse tipo de contrato fornece instrumentos para que os serviços oferecidos sejam acompanhados e monitorados permanentemente. Na verdade, a contratação de um PSL não significa uma simples transferência de responsabilidade a terceiros. Ao contrário, o trabalho em parceria é difícil, e uma intensa troca de informações e contínua adaptação são pré-requisitos para o sucesso de um processo de outsourcing de serviços. Um constante monitoramento dos resultados, à medida que o sistema vai sendo executado, reduz os riscos de falhas e permite uma rápida correção das distorções identificadas. O uso dos indicadores na área da logística vem, assim, ganhando importância, na medida em que se torna necessário medir e avaliar o desempenho de atividades logísticas terceirizadas. Pergunta: Como administrar a parceria? Apesar das vantagens da terceirização, identifica-se uma grande preocupação com o relacionamento entre as partes depois de iniciada a parceria, depois de definido o “como fazer juntos”; seja pela implementação de comunicação e informação, seja pela formalização de procedimentos entre as empresas, é necessário observar como realmente estas irão cooperar. A definição detalhada dos termos de contrato é importante, mas não é suficiente para garantir o sucesso, em que avaliações qualitativas dos resultados são indispensáveis. Pode-se ressaltar a importância de todas as questões relacionadas à cultura organizacional, aprendizagem organizacional, conceitosde confiança de comportamento cooperativo etc., que vão fazer com que as parcerias obtenham resultados satisfatórios ou frustrantes em relação às expectativas de ambas as partes. A confiança entre os parceiros é um conceito importante ao longo de todo o ciclo de vida de uma aliança, mas o excesso dela pode ser considerado uma armadilha. É de fundamental importância administrar os limites da confiança. Assim, é preciso que as empresas gerenciem permanentemente a parceria e mantenham, ao mesmo tempo, uma política de vigilância, de forma a evitar que os parceiros se afastem dos objetivos fixados previamente. A difusão crescente da tecnologia de informação veio permitir o monitoramento das atividades desenvolvidas pelas empresas contratadas a custos mais baixos, reduzindo a possibilidade, por exemplo, da manipulação de informações fornecidas ao contratante por parte do contrato. A troca constante de informações é considerada um fator crítico para o sucesso dos contratos logísticos, que tendem a ter prazos mais longos e relações mais abertas. Na verdade, como resultado do grande número de fracassos na formação de parcerias ou alianças, os administradores tentam adotar uma abordagem mais construtivista e adaptável a cada caso; daí a difusão de termos como confiança, comportamento cooperativo, engajamento, clima organizacional e cultural. O próprio envolvimento dos funcionários, ainda na transição das atividades antes realizadas no local para o agente terceirizado, é de fundamental importância porque, na grande maioria dos casos, a transferência das atividades deve acontecer sem a interrupção dos serviços, e o envolvimento dos 71 Re vi sã o: ? ?? ? - Di ag ra m aç ão : ? ?? ? - 00 /0 0/ 00 Distribuição e traDe Marketing funcionários é crucial para o sucesso desse processo. Em geral, as empresas contratadas procuram aproveitar a mão de obra da empresa contratante; mas demissões são comuns, o que gera um clima de insegurança entre os funcionários, que tentarão manter o status quo. Outro aspecto importante para o sucesso das parcerias logísticas é o envolvimento da alta administração. Sem dúvida, entre os agentes que decidem e tomam parte da implementação de uma mudança organizacional devem estar os executivos da alta gerência. Se a parceria tiver sucesso, os mecanismos de controle e monitoramento devem ser continuamente ajustados. Mas há fatores diversos que podem levar a empresa a reavaliar a decisão de terceirizar e, algumas vezes, a reintegrar as atividades logísticas. Pergunta: É possível e/ou necessário reintegrar atividades logísticas? Não será inviável? A reintegração das atividades logísticas é comum, mas constitui uma decisão crucial para a empresa, que, mais uma vez, é obrigada a modificar sua estratégia. Ainda são pouco discutidos o processo de reintegração das atividades logísticas e os problemas enfrentados nesse processo. Existem algumas razões para a reintegração, entre as quais a confiabilidade do desempenho das operações e a preservação do know-how da empresa. A preservação do know-how tanto pode levar a empresa a optar pela reintegração como, quando considerada em fases anteriores, a restringir o escopo da terceirização. Isso justifica a manutenção e administração, por exemplo, de alguns armazéns de uma rede logística quando todos os outros são terceirizados. Dois fatores são considerados para essa decisão. 1) Para preservar o conhecimento mais profundo das práticas logísticas e da experiência na gerência das operações. 2) A exploração dessas atividades permite a avaliação de novas técnicas, sem a necessidade de ter que convencer a empresa subcontratada a fazer investimentos de risco. Pergunta: Quais são as razões que as empresas apresentam para cancelar um contrato logístico? • O mau desempenho dos prestadores de serviços logísticos. • Fusão do cliente com outra companhia. • Fechamento do mercado servido. • Percepção do cliente de que a relação foi prejudicada. • Violação de um contrato de aliança. • Problemas trabalhistas. • As expectativas não realistas do contratante em relação aos serviços prestados. 72 Unidade II Re vi sã o: ? ?? ? - Di ag ra m aç ão : ? ?? ? - 00 /0 0/ 00 Os fatores sinalizados são apenas alguns exemplos do que pode ocorrer em uma atividade terceirizada, uma quarteirização. A gerência de uma empresa tem que estar ciente dos riscos e, mais do que isso, estar atenta ao que pode eventualmente ocorrer de certo ou errado. 3.5.3 Desafios aos prestadores de serviços logísticos Iniciamos este assunto com o seguinte questionamento: a tecnologia, nos dias de hoje, é um desafio ou oportunidade dentro das empresas? O mercado dos prestadores de serviços logísticos, sem dúvida, ainda é um mercado em crescimento, e, principalmente, em transformação. Observe-se uma grande dinâmica na oferta de serviços e uma busca das empresas por nichos de mercado mais rentáveis. A disseminação do uso de tecnologias de informação e comunicação, como é o caso do comércio eletrônico, principalmente em países emergentes como o Brasil, é um dos fatores que afetam essa dinâmica. No que se refere ao comércio B2C (business-to-consumer), a perspectiva é de aumento substancial nos próximos anos. Se o comércio B2C cresce, o B2B (business-to-businees) é ainda mais representativo. Na verdade, esta última forma é ainda mais antiga e vem permitindo uma redução significativa dos custos de transação. Mas o crescimento do varejo eletrônico faz com que as empresas tenham que reconfigurar seus sistemas logísticos para atender às novas características da demanda. Para o comércio B2C, essas características incluem: grande número de pequenos pedidos, maior dispersão geográfica, prazos curtos de entrega, maior dificuldade de previsão da demanda etc. A maior dificuldade em atender essas demandas faz com que as empresas busquem novas soluções, destacando-se o outsourcing da distribuição física. Essa nova forma de comércio gera a necessidade de adaptação dos canais de distribuição para atender um mercado de dimensões ampliadas, muitas vezes global. Na realidade, para a grande maioria das empresas, a implantação de uma estrutura logística voltada ao atendimento de um mercado geográfico mais amplo torna-se inviável, principalmente se considerarmos as novas características dessa demanda. Mas, como o comércio eletrônico constitui um dos nichos de mercado mais visados pelos prestadores de serviços logísticos, as firmas pontocom já começam a fazer parcerias com empresas de encomendas expressas, que dispõem de maior capilaridade para atender pessoas físicas. No entanto, não são somente os varejistas os responsáveis pelo aumento do comércio B2C. Os fabricantes também têm lançado mão do comércio eletrônico para aumentar a lucratividade de seus negócios. Com o poder nos canais de distribuição passando para as mãos dos grandes varejistas, a margem de lucro dos fabricantes vem sendo reduzida e, como resultado, estes últimos passam a buscar canais de distribuição mais rentáveis. Uma das alternativas tem sido o sistema desenvolvido por empresas de tecnologia de informação chamado business to business to consumer (B2B2C), no qual a empresa faz o elo entre a indústria, o comércio tradicional e o virtual e, em parceria com PSLs, oferece uma solução completa de comércio eletrônico e de logística. 73 Re vi sã o: ? ?? ? - Di ag ra m aç ão : ? ?? ? - 00 /0 0/ 00 Distribuição e traDe Marketing As expectativas do comércio eletrônico fazem com que os embarcadores passem a subcontratar não somente a entrega final ao consumidor, mas todas as atividades relacionadas à distribuição física, como forma de garantir os níveis de serviço atualmente exigidos. Isso amplia a gama de serviços logísticos oferecidos, à medida que novas atividades vão sendo incorporadas. Nessa linha, destacam-se: o postponement ou postergação, em que os PSLs passam a realizar atividades de finalização do processode produção, como montagem final de produtos; os serviços de logística pós-venda, como é o caso da coleta e posterior devolução de aparelhos submetidos a conserto. Observação Os requisitos do sistema logístico devem fazer parte de nossa cultura, assim como o comer e o vestir. O jargão da logística deve fazer parte de nosso cenário diário. A pessoa envolvida com a logística deve, antes de tudo, ser e agir como um estrategista. 3.6 Processos de distribuição O processo de distribuição está associado à movimentação física de materiais, normalmente de um fornecedor para um cliente. Esse processo envolve atividades internas e externas, acompanhadas de documentos legais. Pode ser dividido em funções diretas, como recebimento e armazenagem, controle de estoques, administração de frotas e fretes, separação de produtos, cargas de veículos, transportes, devoluções de materiais, entre outros. Lembrete A distribuição varia de produto para produto. Dispersos em sua imensidão territorial, o Brasil apresenta numerosos polos de produção e de consumo, o que gera uma gigantesca movimentação de mercadorias. O transporte rodoviário é um dos principais meios de transporte de cargas do país, representa 60% de tudo que é movimentado. A distribuição tem recebido especial atenção nos últimos anos e é um processo de extrema importância dentro da cadeia logística de empresas privadas e públicas, devido ao seu alto custo operacional e às possibilidades de redução desses custos. 3.6.1 Distribuição física A cadeia de distribuição clássica é formada por um canal de um nível, isto é, entre o fabricante e o consumidor existe um único intermediário, o varejista. 74 Unidade II Re vi sã o: ? ?? ? - Di ag ra m aç ão : ? ?? ? - 00 /0 0/ 00 O objetivo principal da distribuição física é levar os produtos certos para os locais certos, no momento certo e com o nível de serviço desejado, pelo menor custo possível. Existe certo antagonismo em garantir um nível de serviço elevado, ao mesmo tempo em que se pretende reduzir custos. Isso porque as possíveis melhorias no sistema, de forma geral, implicam custos maiores de transporte, de armazenagem e de estoque. Essa visão, no entanto, está presa ao conceito de valor agregado; no entanto, a forma correta de focalizar o problema é através da cadeia de valor. São também comuns os casos em que o fabricante abastece diretamente a loja de varejo. Na prática, podem também ocorrer outros esquemas de distribuição física, mas os mencionados são os mais comuns. A distribuição física consiste basicamente em três elementos fundamentais: recebimento, armazenagem e distribuição. Recebimento Essa função se inicia quando o veículo é liberado para descarregar um produto ou material que está destinado ao armazém de uma empresa ou ao centro de distribuição. O produto é contado ou pesado, e o resultado é comparado com o documento de transporte. Dependendo da origem e do tipo de produto, é necessária uma análise de qualidade, por meio de amostragens, que deve ser feita antes de o caminhão descarregar. Os recebimentos, quanto a sua origem, podem ser classificados em importação, transferências entre fábricas e armazéns ou centros de distribuição, transferências de origens de terceiros e devolução de clientes. Armazenagem Após o recebimento, os itens são armazenados em locais específicos, como prateleiras, estantes, tanques, estrados ou até mesmo acondicionados no solo, muitas vezes sobre protetores de umidade. Expedição A expedição ou despacho corresponde ao processo de separar os itens armazenados em um determinado local, movimentando-os para outro local com o objetivo de atender a uma demanda específica, que pode ser o envio do produto a um cliente ou a um terceiro, com objetivo de agregar valor ao item. Nessa operação, são realizadas atividades de carregar e pesar o caminhão, emitir documentação e liberação do veículo. 3.6.2 Processo de recebimento Esse processo consiste em recebimento físico do produto ou material, passando pela inspeção de qualidade para, finalmente, ser armazenado em local adequado. O recebimento de produto em um 75 Re vi sã o: ? ?? ? - Di ag ra m aç ão : ? ?? ? - 00 /0 0/ 00 Distribuição e traDe Marketing centro de distribuição pressupõe procedimentos de alimentação de estoques baseados normalmente em ponto de pedido ou demanda firme, dependendo dos tipos de produção e distribuição adotados. Existem dois modelos na manufatura que influenciam diretamente a alimentação dos estoques: empurrar ou puxar o produto. 3.6.2.1 Empurrar produtos O conceito de empurrar produtos está associado quase sempre a um ponto de pedido. Em função da demanda, o estoque vai sofrendo um decréscimo e, quando atinge uma quantidade predefinida, efetua- se o reabastecimento. O cálculo do ponto de pedido considera variáveis importantes, como tempo de transporte, tempo de produção e estoque de segurança. 3.6.2.2 Puxar produtos Esse conceito está associado à demanda real. O estoque será abastecido, e os produtos serão produzidos com base na necessidade ditada pelo consumo. Técnicas como Just-in-Time e kanban são aplicadas com o objetivo de abastecer o estoque no momento em que realmente é necessário. 3.6.2.3 Recebimento de produtos Essa atividade corresponde ao recebimento de um produto proveniente de transferência de um centro produtivo, de um centro de retrabalho de produto de terceiros, de importação ou de compra no mercado interno, para um centro de distribuição. O recebimento de produtos exerce papel fundamental na atualização dos estoques. 3.6.2.4 Análise de qualidade e checagem de quantidades Essa atividade é de extrema importância dentro da atividade de recebimento, uma vez que essa mercadoria pode ser oriunda de fornecedores externos. Naturalmente, se a mercadoria for de uma planta própria, a tratativa será outra, uma vez que já existe um departamento de qualidade dentro da empresa. 3.6.2.5 Descarregar veículos A descarga do veículo normalmente ocorre depois de aprovados os procedimentos rotineiros, como: • solicitação ou necessidades da empresa; • qualidade de acordo com os parâmetros solicitados; • quantidade dentro dos padrões e limites de tolerância aceitáveis. 76 Unidade II Re vi sã o: ? ?? ? - Di ag ra m aç ão : ? ?? ? - 00 /0 0/ 00 3.6.2.6 Armazenagem dos produtos Concluídas as etapas anteriores, o produto é então preparado para armazenagem, processo no qual várias técnicas são aplicadas. Os produtos podem ser recebidos e diretamente disponibilizados para transporte sem a necessidade de armazenagem, ou seja, utilizar a técnica de cross-docking. Outra técnica utilizada é a flow through, ou seja, armazenagem temporária, em que os produtos vão atender a uma demanda de vários pedidos. Lembrete As atividades citadas são características sugeridas, ou seja, a particularidade de cada empresa e/ou produto vai determinar a melhor aplicação na atividade de recebimento. 4 CANAIS DE DISTRIBUIÇÃO O processo de abastecer a manufatura com matéria-prima e componentes é denominado de logística de suprimento. Neste contexto, a atenção se volta para a importância econômica a ela associada para as atividades de varejo (LACERDA, 2000). INDÚSTRIA GR RTV Portais Cooperativas Varejo Produtores Produtores Pequenos revendedores Produtores Loja 1 Produtores Loja 2 Produtores Loja 3 Produtores Revendedores Revendedores ProdutoresRevendasAgentes externos Vendas Diretas Grandes Clientes Outros V V V V V V Ag ro in dú st ri a Fluxo no Sistema Pedidos Dinheiro Informação Negociação Risco Produtos Serviços Comunicação = Vendedores GR = Gerentes regionais RTV = Representantes técnicos de vendas Figura 16 Na prática, a distribuição de produtos é analisada sob diferente perspectiva funcional pelos técnicos de logística de um lado, e pelo pessoal de marketing e de vendas de outro. Os especialistas em logística dominam distribuição físicade produtos ou, resumidamente, os processos operacionais e de controle, que permitem transferir os produtos desde o ponto de fabricação até o ponto em que a mercadoria é finalmente entregue ao consumidor. 77 Re vi sã o: ? ?? ? - Di ag ra m aç ão : ? ?? ? - 00 /0 0/ 00 Distribuição e traDe Marketing Já o pessoal de marketing e de vendas encara a cadeia de suprimento focalizando mais os aspectos ligados à comercialização dos produtos e à sua propriedade. A maior parte dos produtos comercializados no varejo chega às mãos dos consumidores através de intermediários. Sob esse enfoque, um canal de distribuição representa a sequência de organização ou empresas que vão transferindo a posse de um produto desde o fabricante até o consumidor final (ROLNICKI, 1998). Por exemplo, o canal de distribuição de um determinado produto pode envolver os seguintes setores: • fabricantes; • distribuidores; • atacadista; • varejista; • serviços pós-venda (montagens, assistências técnicas etc.). A definição do canal (ou canais) de distribuição, com os serviços a ele associados, não prescinde, por outro lado, de uma análise criteriosa de suas implicações sobre as operações logísticas. Observação Atacadistas e distribuidores se diferenciam pelo vínculo que possuem com a indústria. O atacado não possui nenhum tipo de exclusividade com o fabricante na venda dos seus produtos, já o distribuidor possui a exclusividade e, algumas vezes, só tem autorização de vender apenas dentro daquele território definido pelo fabricante. Algumas vezes, as soluções imaginadas no papel podem se revelar muito onerosas na prática. Assim, como quase tudo em logística, é necessário adotar um enfoque sistêmico na definição dos canais de distribuição e na estruturação de distribuição física decorrente. Outro aspecto importante a considerar é que os canais de distribuição selecionados por uma empresa são de difícil alteração, mantendo-se fixos por muito tempo, pois envolvem outras empresas, agentes, acordos comerciais etc. Uma vez definidos os canais de distribuição, pode-se identificar os deslocamentos físico-espaciais a que os produtos serão submetidos, detalhando-se, a partir dessa análise, a rede logística e o sistema de distribuição física decorrentes. 4.1 Tipos e funções Evolução das formas de distribuição Por que existem os intermediários no processo de comercialização dos produtos? 78 Unidade II Re vi sã o: ? ?? ? - Di ag ra m aç ão : ? ?? ? - 00 /0 0/ 00 O mercado varejista poderia fabricar os produtos que comercializa; mas, na prática, oferece aos consumidores uma gama razoável e ampla de mercadorias dos fabricantes. Dedicar-se à fabricação de uma variedade de produtos, numa situação dessas, implicaria custos elevados, além de forçar a empresa a atuar fora de seu negócio principal. Uma forma intermediária utilizada por grandes varejistas para penetrar, ainda que marginalmente, o setor da manufatura é encomendar a fabricação de produtos com marcas próprias. A situação inversa, com a manufatura se incumbindo de todas as funções do canal, inclusive as vendas no varejo, também não é economicamente produtiva. Isso porque, para atingir um volume de vendas que justificasse as instalações e as equipes na ponta do varejo, a empresa seria eventualmente forçada a comercializar produtos de seus concorrentes. Uma loja de eletrodomésticos, por exemplo, oferece televisores de diversos tipos e marcas. Provavelmente, não seria a situação desejada por qualquer indústria. Se fosse forçada a tanto, uma indústria talvez acabasse optando por lojas de menores dimensões, oferecendo somente seus produtos, o que não seria economicamente viável e não atenderia aos interesses dos consumidores. Atualmente, quase todas as empresas estão estruturando seus canais de distribuição de forma competitiva, dando maior atenção ao consumidor final. São essas questões de natureza estratégica da dinâmica crescente observadas no ambiente de negócios que passaram a preocupar os executivos. Por exemplo: • os canais de distribuição podem criar barreiras de entrada de novos concorrentes? • a utilização de ferramentas de marketing favorece uma maior intimidade entre os canais de distribuição e o consumidor? • de que maneira os canais de distribuição conseguem minimizar as incertezas da demanda? No processo de distribuição dos produtos, desde a fábrica que os produz até o consumidor final na cadeia de suprimento, podem ocorrer situações diversas, formando canais típicos de comercialização. As principais situações são as seguintes: • o fabricante abastece diretamente as lojas de varejo; • o fabricante abastece seus próprios depósitos ou centros de distribuição e, a partir desses pontos, as lojas de varejo; • o fabricante abastece os centros de distribuição do varejista, que, por sua vez, abastece as lojas; • o fabricante abastece os depósitos do atacadista ou distribuidor, que, por sua vez, abastece as lojas; • o fabricante distribui seus produtos para o centro de distribuição de um operador logístico, que posteriormente faz as entregas às lojas de varejo; • o fabricante entrega o produto diretamente no domicílio do consumidor final, utilizando o correio ou serviço de courier (vendas pela internet, telefone), ou faz vendas por meio de catálogo etc. 79 Re vi sã o: ? ?? ? - Di ag ra m aç ão : ? ?? ? - 00 /0 0/ 00 Distribuição e traDe Marketing Mas, se existem influenciadores no processo de transição entre fabricante e consumidor, quais são os fatores estratégicos que influenciam e afetam na tomada de decisão nos canais de distribuição? Observação Você sabia que o produto é o principal influenciador da estratégia do canal de distribuição? O produto que apresenta uma tecnologia muito complexa, em que a venda depende diretamente de vendedores especializados, deverá ser distribuído por um canal curto, sem intermediários. Exemplo: produtos perecíveis. Um produto perecível deve seguir um canal curtíssimo; afinal, se ficar armazenado, passando de intermediário para intermediário, poderá chegar com avarias a seu destino final. Sem contar que, quanto mais pessoas passarem pelo processo, maiores são as chances de as informações se desencontrarem (falha na comunicação). Outro exemplo que podemos dar são os produtos com preço elevado, sabe por quê? Se ficarem armazenados, passando por vários intermediários até sua venda final, poderão chegar deteriorados ao seu destino e, consequentemente, o prejuízo será maior. Os centros de distribuição têm um papel extremamente importante e estratégico em relação ao mercado de consumo. A partir de uma atividade logística completa dentro um CD é que poderemos atender às necessidades de nossos clientes e do consumidor final. Um dos grandes desejos do consumidor é ir até seu local de compra, seja atacado e/ou varejo para aquisição de seus produtos. A responsabilidade das atividades nas operações de um CD é manter abastecida toda a rede de consumo. 4.2 Consumidores e cliente Vamos entender o papel e a diferença entre consumidor e cliente. Em determinados momentos, parece ser a mesma coisa. Será? Segundo Bretzke (1992), “na era do cliente os consumidores querem voltar a ser clientes, para serem tratados como indivíduos, com suas necessidades entendidas e atendidas individualmente”. Tudo isso aconteceu no período de transição do marketing tradicional para o marketing de relacionamento, em que se exige um conhecimento mais aprofundado e detalhado do comportamento do cliente e, principalmente, das variáveis no processo de compra. Em 1999, Kotler e Sheth, Mittal e Newman, em suas duas mais recentes publicações sobre marketing e o comportamento do cliente, utilizaram, respectivamente, o cliente em vez de 80 Unidade II Re vi sã o: ? ?? ? - Di ag ra m aç ão : ? ?? ? - 00 /0 0/ 00 consumidor. Portanto, cliente designa uma pessoa ou unidade organizacional que desempenha um papel no
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