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MÓDULO 1 Conceituar a locação de obras CONCEITOS TEÓRICOS ENVOLVENDO A LOCAÇÃO DE OBRAS 12:21 Neste módulo, vamos apresentar os conceitos de locação de obras com a Topogra�a. Serão detalhados aspectos da locação de fundações, de eixos, gabaritos e controle de verticalidade de obras, além de transporte de cotas e demarcação de lotes. INTRODUÇÃO A locação da obra é o processo de transferência do projeto de edifício representado em planta baixa para o terreno, onde são considerados os recuos, afastamentos, alicerces, estacas, paredes etc. Atenção Trata-se de uma fase de execução da obra na qual deve-se adotar o máximo rigor possível e que requer a presença constante de um engenheiro civil. Os levantamentos topográ�cos de locação são fundamentais para a indústria da construção civil. Os levantamentos de limites com a confecção de plantas topográ�cas são as primeiras etapas para a construção de uma obra. A partir da planta são estabelecidas as posições planimétricas das estruturas, bem como a necessidade de corte ou aterro do terreno. Além disso, a topogra�a continua atuando durante a execução da obra para veri�cação de verticalidade e de percentual de subsidência estabelecida em projeto, principalmente para o caso de grandes obras, tais como edifícios, barragens e pontes. De posse da planta topográ�ca de terreno, a engenharia de construção projeta a obra a ser construída. A topogra�a atua no processo de locação da obra para que �que devidamente posicionada no terreno. Esse tipo de trabalho é conhecido como locação de alinhamentos ou greides. É muito importante destacar a importância da atividade de topogra�a na obra. Exemplo A terraplanagem é uma atividade cujas máquinas trabalham com custo por hora, sendo uma atividade de preço elevado, em que erros de cálculos podem afetar o orçamento da obra. Considere ainda o erro na posição locada de uma fundação de concreto ou na passagem de �os e tubulações – algo que proporcionaria inconveniência e gastos excessivos. O trabalho do topógrafo consiste em determinar os alinhamentos e a altimetria do terreno estabelecendo um sistema de referência local para a devida locação da obra. É necessária a de�nição de vértices de controle, geralmente materializados por meio de piquetes de construção próximos ao local da obra, que servirão de referência para que os pro�ssionais envolvidos (pedreiros, carpinteiros e outros) executem o trabalho de maneira adequada, usando suas ferramentas (trenas, níveis, mangueira de água, linhas de pedreiro etc.). Em geral, é possível de�nir as seguintes etapas do levantamento topográ�co na obra: Levantamento planimétrico dos limites do terreno e a produção de plantas e mapas 1 Levantamento altimétrico com a geração das curvas de nível e cálculos de corte e aterro Locação da obra de�nida no projeto de construção Acompanhamento de localização, verticalidade e subsidência até o A construção necessita de plantas topográ�cas em escalas grandes, como 1:100, 1:200 ou 1:500, a depender do tamanho e da complexidade da obra. Dica Os detalhes a serem levantados incluem os limites dos terrenos, as cotas e curvas de nível, terrenos e obras existentes nos arredores, localização de ruas, meios-�os, calçadas, entre outros. 2 3 4 término da obra REFERÊNCIAS PARA A LOCAÇÃO Os termos piquetes ou estacas (testemunhas) são muito utilizados em construção ou em locação, cuja de�nição é dada a seguir: Piquetes São utilizados para marcar os pontos a serem medidos no terreno. São fabricados em madeira, geralmente com seção quadrada e com a superfície plana. Eles são marcados na sua parte superior com tachinhas de cobre ou pregos, e sua dimensão é de aproximadamente 15 a 30cm de comprimento por 3 a 5cm de diâmetro. Estacas testemunhas São confeccionadas em madeira e em tamanho maior que o piquete. São utilizadas para facilitar a localização dos piquetes, indicando a sua posição aproximada. O projeto a ser construído em cotas especí�cas requer a colocação de piquetes que servirão de guia para os pro�ssionais da construção. Supondo que um greide aproximado tenha sido instalado na obra, será necessário um piquete de greide para controlar a movimentação de terra. Trata-se de um piquete cravado no terreno até que seu topo ou uma marcação tenha uma relação de�nida com a cota desejada. Exemplos de piquete de greide com anotações de aterro, corte e nível esperado do terreno. No caso de grandes volumes de corte e aterro, pode ser necessário o uso de estacas testemunhas instaladas em cotas convenientes acima do terreno, com indicativos de corte e aterro. Dica Todos os piquetes instalados na obra estão sujeitos a movimentações e deslocamentos. Por esse motivo, são necessários pontos de referência que serão úteis para reposicionar o piquete deslocado. Para o caso de implantação de estradas, a locação do eixo é feita a partir de vértices (marcos) de apoio. O eixo é estaqueado e referenciado com coordenadas tridimensionais (X, Y e Z) em projeto posteriormente materializado em terreno. Objeto com interação. Para o caso da topogra�a, é interessante pontos em que se possa instalar o tripé e Estação Total, além de uma referência para a contagem de ângulos, como um ponto marcado e pintado em meio-�o e dois pontos em canto de obras vizinha, como exempli�cado a seguir: Normalmente, para o caso de trechos da estrada com tangentes e curvas, o estaqueamento é feito a cada 10 ou 20m, dependendo de fatores como raio da curva, velocidade diretriz, distância de visibilidade, entre outros. No caso da construção de prédios, é comum como o canto de um prédio vizinho, pregos em árvores, desenhos em calçadas etc. Pod referência por medidas de segurança, caso javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) Pontos de referência para a locação de obras. A marcação de pontos de referência que estejam numa mesma distância do ponto a ser locado facilita o reposicionamento ou a localização do marco de referência. Se os pontos de referência estiverem a uma curta distância, pode-se facilmente medir a distância com uma trena. Pontos de referência com mesma distância. Dica Na prática, é mais rápido instalar pontos de referência aleatórios visando fazer uso de objetos �xos nas proximidades, tais como árvores, prédios, postes etc. Pontos de referência com instalação aleatória. As etapas de construção de um prédio envolvem: Identi�cação dos limites Os limites devem obedecer às normas de construção de cada município. Instalação dos piquetes A equipe de topogra�a instala os piquetes de alinhamento com distâncias e direções medidas a partir dos pontos de referência de�nidos. A locação das fundações da obra é muito importante e algumas vezes é su�ciente para de�nir outros pontos da construção – por exemplo, para o caso de construções residenciais. Na locação de fundações e de cotas projetadas, o topógrafo pode estabelecer marcos de concreto de referência de nível (RN) (ver �gura a seguir), o que pode ser feito por meio do transporte de altitudes a partir do nivelamento de precisão. Exemplo de marco de RN. Atenção As RNs deverão ser posicionadas distantes das imediações da construção para que não sofram in�uência da movimentação de máquinas e operários na obra. Para pequenas obras, pode-se usar o valor de cota com base em referência arbitrária; mas, para grandes obras, é desejável o uso de altitudes referenciadas ao nível médio do mar. Cota É a distância medida ao longo da linha vertical de um ponto até um plano de referência arbitrário. Altitude É a distância medida ao longo da linha vertical entre um ponto na superfície da Terra e o nível médio dos mares (superfície de referência altimétrica). LOCAÇÃO POR TOPOGRAFIA A locação por topogra�a exige o conhecimento e domínio dos métodos topográ�cos de planimetria e altimetria. Planimetria A locação planimétrica pode ser feita para o caso em que se deseja locar determinadoponto P1 a partir de outro ponto B que possui direção conhecida em relação a um ponto A, como exempli�cado a seguir: Locação do ponto P1. As coordenadas planimétricas (X, Y) dos três pontos são conhecidas, além dos azimutes de A para B (Az ) e de B para P1 (Az ). Dessa forma, a distância entre os pontos pode ser calculada por: A-B B-P1 d B−P1 = √ (X p1 − X B ) 2 + (Y p1 − Y B ) 2 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal O cálculo do ângulo pode ser feito conforme demonstrado a seguir, a partir dos azimutes conhecidos:α 1 Az B−P1 = Az A−B + α 1 − 180 o ⇒ α 1 = Az B−P1 − Az A−B + 180 o Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Dessa forma, de posse do ângulo e da distância de B para P1 , o trabalho de campo consiste em estacionar a Estação Total em B, zerar o leitor de ângulo apontando para A e efetuar a leitura do ângulo e da distância para P1. Para �ns práticos, costuma-se utilizar a caderneta de locação que contém as coordenadas dos pontos, além dos ângulos e distâncias, como exempli�cado a seguir: α 1 (d B−P1 ) Exemplo de caderneta de locação. Outra forma de fazer a locação planimétrica é a partir de levantamento por interseção à vante. Esse método requer a ocupação de dois pontos. No exemplo a seguir, o ponto C será locado a partir de observações realizadas nos pontos A e B. Exemplo de interseção à vante. Um exemplo de aplicação prática da interseção à vante é a locação do eixo de uma ponte, seja ela construída ou em construção. A �gura a seguir mostra um exemplo em que os pontos A e B formam uma linha de base e serão utilizados para a locação dos pontos no eixo da ponte. Locação do eixo de uma ponte a partir da interseção à vante. Altimetria Para o caso da altimetria, o desnível entre dois pontos é determinado a partir da subtração da leitura na mira estacionada na ré com a leitura na mira à vante: Δh = Leitura Ré− Leitura V ante Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Supondo que seja conhecido o valor de diferença de nível entre o marco de referência e o ponto a ser locado, o topógrafo efetuará a leitura de ré (LR) e determinará a leitura de vante (LV), de forma que a mira à vante seja posicionada para a leitura determinada, como exempli�cado na �gura a seguir. (Δh) Locação por altimetria. Exemplo Suponha um vértice de referência com cota no valor de 105,2m e o ponto a ser locado com cota no valor de 106,45m (veja �gura a seguir). A LR no nível de precisão foi no valor de 2,754m. Qual deverá ser o valor da LV no ponto a ser locado? Cálculos: Cálculo da LV para locação altimétrica. Δh = LR − LV LV = LR − Δh Portanto, a leitura na mira à vante deverá ser no valor de 1,504m. Considerando que a leitura feita à vante não seja no valor calculado de 1,504m, pode ser necessário efetuar corte ou aterro para que o ponto atinja a cota desejada. Por exemplo: a LV foi de 1,710m em vez de 1,504m, então o ponto locado no terreno está mais baixo 0,206m, necessitando, portanto, que se faça um aterro. A estaca testemunha no ponto locado recebe uma anotação de +0,206m. LV = 2,754 − (106,45 − 105,2) = 1,504m Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal LOCAÇÃO POR GABARITO Os piquetes instalados na obra podem ser referenciados a partir de marcos externos à obra e podem também ser protegidos a partir de gabaritos ou tabeiras. Os gabaritos consistem em armações de madeira que têm pregos cravados em seus topos, a partir dos quais os �os de náilon são esticados para de�nir as posições dos contornos do prédio, paredes e fundações. A principal �nalidade dos gabaritos é proporcionar a medição de pontos a partir de referência acessível. A instalação correta do gabarito é fundamental para a execução da obra porque servirá para de�nir os alinhamentos e as cotas. A locação por gabaritos pode ser usando: cavaletes ou tábua corrida (tabeira). Na locação por cavaletes, os alinhamentos são de�nidos por pregos cravados nos cavaletes constituídos de estacas cravadas diretamente no solo e travadas por uma travessa nivelada pregada nas estacas (ver �gura a seguir), sendo indicado para obras de pequeno porte. Exemplo de cavalete. Os piquetes marcando cantos dos prédios ou localidades de pilares e fundações são posicionados a partir do alinhamento de�nido pelos �os conectados por pregos cravados no cavalete, nivelados e em esquadro, como mostrado a seguir. Exemplo de marcação de piquetes por gabaritos. Para a perfeita marcação do piquete, pode-se utilizar o �o de prumo no cruzamento entre as linhas, com mostrado na �gura a seguir. Marcação do piquete utilizando o �o de prumo. A locação por tábua corrida é indicada para construções com muitos detalhes e elementos a serem locados. Consiste em contornar a edi�cação com um cavalete contínuo constituído de estacas e tábuas niveladas e em esquadro. Gabarito por tábua corrida mostrando os �os e a cota do pavimento. Os �os do gabarito podem ser tirados e recolocados quantas vezes for preciso, por exemplo, quando estiver sendo feita uma escavação na obra. É importante destacar que o gabarito é mais utilizado para obras de pequeno porte. Grandes obras requerem o estabelecimento dos alinhamentos e cotas utilizando os pontos de referência de�nidos pela topogra�a. USO DO NÍVEL DE MANGUEIRA O nível de mangueira é muito utilizado em locação de obras pequenas ou durante a construção para transportar determinada altura de um ponto na parede ou laje para outro ponto. Atenção É necessário o uso de uma mangueira transparente com diâmetro aproximado de 12 a 15mm, cheia de água limpa e livre de bolhas de ar no interior. Para obter cotas dos pontos ou transporte de altitudes, pode-se utilizar duas miras ou réguas graduadas para efetuar a leitura usando a mangueira. Assim que as réguas estiverem posicionadas, efetua-se a leitura no local de alcance do nível da água da mangueira, como exempli�cado a seguir: Locação de pontos utilizando mangueira de nível. DEMARCAÇÃO DE LOTES A demarcação de lotes ou loteamento pode ser feita utilizando os princípios de locação topográ�ca já apresentados. Porém, devemos considerar o caso de grandes extensões contendo as divisões de vários lotes. Tal situação pode requerer o uso do método de poligonação topográ�ca, em que os vértices dos terrenos são tratados como pontos de amarração. Veja as etapas que devem ser seguidas: Levantamento prévio A construtora ou operadora que fará o loteamento solicita o levantamento prévio de todo o terreno. Divisão dos lotes A etapa seguinte consiste no processo de divisão dos lotes considerando a área de�nida, como lotes de 10 x 20m (200m ).2 Demarcação dos pontos De posse do mapa, o topógrafo volta a campo e efetua a demarcação dos pontos no terreno. Atenção Todo o processo deve ser acompanhado dos meios legais envolvendo licenças e escrituras dos terrenos devidamente registradas em cartório. Exemplo Considere uma quadra de loteamento no qual há dois pontos de controle com coordenadas conhecidas como referência para a locação. javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) No caso do exemplo acima, pode-se de�nir a poligonal topográ�ca partindo do ponto de controle P1 e retornando no ponto de controle P2, situação que permite o cálculo do erro de fechamento e a compensação da poligonal. A partir dos dois pontos de apoio de�nidos, outros pontos podem ser transportados para auxiliar no posicionamento da Estação Total, algo que pode ser feito na etapa de levantamento do terreno antes da divisão. Dessa forma, de posse das coordenadas dos pontos dos lotes, estes serão demarcados por processo de irradiação, como mostrado a seguir: Loteamento a ser locado pela topogra�a. Poligonal topográ�ca para loteamento. CONTROLE VERTICAL DE OBRAS O alinhamento vertical da obra, geralmente,é feito pelos operadores utilizando o nível e o �o de prumo. Trata-se de procedimento simples e funcional, uma vez que o �o de prumo aponta para o centro de massa da Terra em função da força gravitacional, de forma que permite manter as paredes da construção em alinhamento vertical. Nível e �o de prumo para alinhamento de paredes. Dica Para o caso de grandes edifícios, pode-se utilizar o levantamento topográ�co planialtimétrico com a obtenção de coordenadas tridimensionais – nesse caso, um ponto na base do edifício e outro no topo, levantados a partir de dois ou três pontos de referência materializados em solo. A �gura a seguir exempli�ca a determinação das coordenadas tridimensionais dos pontos P1 e P2 no edifício a partir dos pontos de referência A e B em solo. Espera-se que haja mudança somente na coordenada Z dos pontos P1 e P2, devendo as coordenadas X e Y permanecerem sem alteração, para o caso de perfeito alinhamento. Levantamento topográ�co planialtimétrico para determinação do alinhamento do edifício. O nivelamento geométrico permite monitorar o recalque ou a subsidência da obra. É importante destacar que, para o caso de barragens, esse monitoramento deve ser contínuo e sistemático por todo o tempo de vida útil da barragem. Para o monitoramento de recalque da obra, são de�nidos pontos com cotas conhecidas na base do edifício e, conforme novos andares vão sendo construídos, realiza-se o nivelamento geométrico partindo e chegando em RNs implantadas em local distante da construção. Para cada sessão de nivelamento, determinam-se as altitudes dos pontos de�nidos na base do prédio e, a partir daí, análises podem ser realizadas para veri�car o nível de recalque. Saiba mais É importante destacar que existem outros métodos para avaliação de recalque e alinhamento, como os javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) métodos geotécnicos, que envolvem o uso de pêndulos, extensômetros, entre outros. Destacam-se atualmente as medições geodésicas utilizando aparelhos digitais com a possibilidade de determinações altimétricas com acurácia da ordem de décimos de milímetros. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. A referência para locação pode ser de�nida como Comentário Parabéns! A alternativa "C" está correta. A referência para a locação pode ser de�nida como pontos de referência materializados por marcos de concreto, pregos em arvores, marcação em meios-�os etc. 2. A locação por topogra�a requer o conhecimento das seguintes grandezas dos pontos: fundação.A) paredes da construção.B) pontos de referência.C) descrição do lugar.D) limites e alturas.E) nível de precisão.A) coordenadas dos pontos.B) esquadros.C) Comentário Parabéns! A alternativa "B" está correta. As principais grandezas necessárias para a locação são as coordenadas dos pontos. A partir destas e dos marcos de referência, calculam-se os ângulos e distâncias necessários para a locação. piquetes.D) tolerância.E)
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