Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 SEMIOLOGIA II | LUCAS SILVA Sistema Endócrino Introdução • Glândulas endócrinas → São aquelas que liberam hormônios diretamente na corrente sanguínea ou nos vasos linfáticos. o Hipófise, tireoide, paratireoides, suprarrenais (adrenais), ilhotas pancreáticas, ovários e testículos. • Hormônios → Substâncias fisiologicamente ativas secretadas no sangue pelas glândulas endócrinas. • Sistema de Feedback: Mecanismo de regulação dos hormônios. o Positivo → Estimulação o Negativo → Inibição Distúrbios das Glândulas • Hipofunção glandular → Diminuição da função de uma glândula • Hiperfunção glandular → Aumento da função de uma glândula. • Primário: Acomete glândulas periféricas • Central: Acomete as glândulas mestres hipófise ou hipotálamo. o Secundário: Acomete a hipófise o Terciário: Acomete o hipotálamo Tireoide ANATOMIA E FISIOLOGIA • Estrutura única situada na porção anterior do pescoço • Formado por dois lobos laterais que se unem pelo istmo. • Vascularização: Artérias tireóideas superior, inferior e média. • A tireoide é regulada pelo eixo hipotálamo- hipófise-tireoide e por fatores como o nível de iodo. • TRH → Hormônio liberador de tireotrofina, secretado pelo hipotálamo e responsável por estimular a liberação de TSH. • TSH → Hormônio estimulante da tireoide, responsável por aumentar a produção dos hormônios T3 e T4. • T3 e T4 → Hormônios produzidos pela tireoide. ANAMNESE • Sexo → São mais frequentes em mulheres • Idade → Ocorre com mais frequência em pessoas com idade entre 25-45 anos. • Naturalidade e procedência → Regiões de dieta com baixa ingestão de iodo (bócio endêmico) • Profissão → Trabalhadores que manipulam material iodado. • Gestação recente • História pessoal e familiar de doença autoimune. Obs.: As principais doenças que acometem a tireoide são de origem autoimune: o Doença de Graves: Hipertireoidismo o Tireoidite de Hashimoto: Hipotireoidismo SINAIS E SINTOMAS • Dor → É um sintoma incomum, nesse caso deve-se pensar em tireoidite aguda. Deve-se diferenciar da amigdalite ou faringite. • Disfonia, disfagia e dispneia → Raros nos distúrbios da tireoide, mas podem acontecer em casos de compressão do nervo laríngeo recorrente, compressão do esôfago e/ou traqueia devido a bócio ou nódulos. • Normalmente os pacientes com distúrbios da tireoide, inicialmente, são assintomáticos. 2 SEMIOLOGIA II | LUCAS SILVA • Hiperfunção: Hipersensibilidade ao calor, sudorese, perda de peso, diabetes melito, nervosismo, irritabilidade, ansiedade... • Hipofunção: Cansaço, hipersensibilidade ao frio, tendência para engordar, desânimo, raciocínio lento... EXAME FÍSICO Inspeção • Pedir ao paciente para estender a cabeça • Descrever cicatrizes, abaulamentos, hiperemia, estase jugular, massas pulsáteis, bócio. • Observar desvios da traqueia • Fazer a inspeção estática e dinâmica pedindo para o paciente deglutir. Palpação • Palpar os linfonodos de todas as cadeias cervicais e descrever suas características. • Palpar a tireoide e avaliar localização (tópica ou ectópica), tamanho, consistência (elástica ou endurecida), sensibilidade, superfície (lisa ou com nódulos), mobilidade, frêmito. • Localização → Busca-se a cartilagem tireóidea (pomo de adão) e abaixo dela a cricóide. O Istmo da tireoide encontra-se abaixo da cricóide e ao lado encontram-se os lobos. • Abordagem anterior → Paciente sentado ou em pé e examinar na frente dele. Usa- se os dedos médio e indicador. O lobo direito é palpado pela mão esquerda e vice-versa. • Abordagem posterior → Paciente sentado e examinador por trás. O lobo direito é palpado pelos dedos médio e indicador da mão direita e vice-versa. • Durante a palpação pede-se ao paciente para deglutir e para rotacionar a cabeça para o lado que se está palpando. Ausculta • A ausculta só é possível em casos de hipertireoidismo. • Deve ser realizada em todos os pacientes com suspeita de tireotoxicose. • Semiotécnica → Pedir para o paciente respirar e prender a respiração, então escuta-se um dos lobos, depois pede-se ao paciente que volte a respirar e prenda novamente para ausculta o outro lobo. Obs.: Sopro na ausculta da tireoide → Sugestivo de Doença de Graves. Sinal de Pemberton → Elevação dos membros superiores acima da cabeça. É realizado na suspeita de bócio mergulhante. Isso provoca desconforto e dispneia. o Bócio mergulhante: Aumento do tamanho, peso e volume da tireoide. Invade o tórax e pode comprimir as estruturas. Hipertireoidismo • A causa mais comum é a Doença de Graves (autoimune). • Tireotoxicose → Aumento dos hormônios tireoidianos no sangue circulante. o Nem sempre a Tireotoxicose é causada por uma hiperfunção glandular, como ocorre nos casos de ingesta de hormônios tireoidianos em excesso. o Todo hipertireoidismo apresenta tireotoxicose, mas nem toda tireotoxicose é hipertireoidismo. 3 SEMIOLOGIA II | LUCAS SILVA EXAME FÍSICO • Observa-se perda de peso acentuada, taquicardia e hipertensão sistólica. o Porém são sinais inespecíficos. • Bócio difuso → Aumento da tireoide. • Oftalmopatia → Proptose (exoftalmia), quemose e hiperemia conjuntival. o Patognomônico pra Doença de Graves, na presença de hipertireoidismo. • Dermopatia → Mixedema pré-tibial o Patognomônico pra Doença de Graves, na presença de hipertireoidismo. • Onicólise → Deslocamento da unha do leito ungueal. Sintoma inespecífico. • Frémito e sopro na tireoide → Decorrentes do aumento do fluxo sanguíneo na glândula. São achados exclusivos da DG. Sinal de Lid Lag → Impossibilidade da pálpebra superior em acompanhar os movimentos do globo ocular. o Não é patognomônico para Doença de Graves, pode ocorrer em qualquer tipo de hipertireoidismo. DIAGNÓSTICO • Diagnóstico laboratorial → Dosagem dos hormônios tireoidianos. o Dosar: TSH, T3 livre ou total e T4 livre. • 1º passo: Avaliar os hormônios T3 e T4 o Aumentado = Hipertireoidismo o Diminuídos = Hipotireoidismo o Normais = Eutireoidismo • 2º passo: Avaliar o TSH o Central o Primário • Se T4L, T3L ou T3t elevados mais o TSH elevado = Hipertireoidismo central. ✓ O normal seria o TSH diminuir em resposta aos hormônios tireoidianos elevados (feedback negativo), porém como não está havendo essa diminuição o problema está na hipófise (central). o TSH reduzido = Hipertireoidismo primário. ✓ O TSH está respondendo normalmente ao nível elevado de hormônios tireoidianos, ou seja, a hipófise está funcionando. Então nesse caso o defeito está na própria tireoide (primário). • Se T4L, T3L ou T3t normais mais TSH reduzido → Hipertireoidismo subclínico, ou seja, a pessoa não apresenta sinais ou sintomas de hipertireoidismo, porém possui alterações nos exames. 4 SEMIOLOGIA II | LUCAS SILVA Obs.: Bócio hiperfuncionante → Apresenta aumenta da função glandular e é denominado “tóxico”. Formas atípicas da DG • Acentuada atrofia muscular • Hipertireoidismo apático em idosos (sintomatologia cardíaca) • Fibrilação atrial ou insuficiência cardíaca sem causa aparente e/ou refratárias ao tratamento usual • Casos de amenorreia ou infertilidade Crise tireotóxica • Exacerbação do hipertireoidismo • Infecção é o fator precipitante mais comum • Febre, taquicardia, ICC, tremores, náuseas, vômito, diarreia, desidratação, inquietação, agitação, delírio ou coma. Hipotireoidismo • Principal causa de hipotireoidismo é a Tireoidite de Hashimoto (autoimune). SINAIS E SINTOMAS • Muitos pacientes podem ser assintomáticos. • Fácies Mixedematosa • Alentecimento do metabolismo • Astenia • Sonolência • Intolerância ao frio • Voz arrastada • Pele seca e áspera • Hiporreflexia profunda • Edema periorbital • Macroglossia: língua grossa • Anemia• Bradicardia DIAGNÓSTICO • Diagnóstico laboratorial → Dosagem dos hormônios tireoidianos e TSH. o Dosar: TSH e T4 livre. • Se T4L baixo mais o TSH elevado = Hipotireoidismo primário. ✓ O normal é o TSH aumentar em resposta aos hormônios tireoidianos diminuídos (feedback), logo a hipófise está funcionando normalmente e o problema está na própria tireoide. o TSH reduzido = Hipotireoidismo central. ✓ O TSH deveria aumentar em resposta aos baixos níveis de T4/T3, porém estão diminuídos indicando que o problema é na hipófise. Obs.: O tratamento para hipertireoidismo é a indução para um hipotireoidismo, com retirada da glândula tireoide. E com isso, a pessoa vive com o hipotireoidismo. Doenças da Paratireoide • Apresenta poucos achados clínicos em comparação com a tireoide. • Secreta o paratormônio (PTH) → Envolvido na regulação do metabolismo do cálcio. SINAIS E SINTOMAS • Tetania → Irritabilidade neuromuscular o Sintomas leves → Dormências periorais, parestesias de mãos e pés, câimbras musculares o Sintomas graves → Espasmos corpopodal, laringoespasmo e convulsões focais ou generalizadas. o Ocorre em decorrência da hipocalcemia 5 SEMIOLOGIA II | LUCAS SILVA • Sinal de Chvostek → Realizado com a digitopercussão do nervo facial (região anterior do pavilhão auricular). Na presença de hipocalcemia observa-se uma contração dos músculos faciais no mesmo lado. o Positivo em cerca de 10% da população. • Sinal de Trousseau → Realizado com a insuflação do esfigmo até um valor 20mmHg acima da pressão sistólica do paciente durante 3 min. O sinal é positivo quando há flexão do pulso e extensão dos dedos. DIAGNÓSTICO • Exames laboratoriais → Dosagem de PTH, cálcio sérico e cálcio ionizado. • A dosagem de PTH caracteriza o diagnóstico de hipo ou hiperfunção glandular. o Hipo = Hipoparatireoidismo o Hiper = Hiperparatireoidismo • Os níveis de cálcio vão depender dos níveis de PTH. • Hipoparatireoidismo cursa com uma hipocalcemia o Sinais de Chvostek e Trousseau • Hiperparatireoidismo cursa com uma hipercalcemia. o Primário, secundário ou terciário o Dor, fraqueza, fraturas ósseas e hipercalciúria. Descrição exame da tireoide normal Tireoide sem presença cicatrizes, abaulamentos ou retrações. Sem massas pulsáteis ou bócio visível. Ausência de sinais flogísticos. Localização tópica e tamanho normal. Consistência fibroelástica, indolor a palpação e com superfície lisa. Mobilidade preservada. Ausência de linfonodomegalia, sopros e frêmito.
Compartilhar