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1 Lara Mendonça P6 Anatomia Sistema Límbico O que é? Quais estruturas envolvidas? → O sistema límbico está relacionado com a regulação dos processos emocionais e do SNA, sendo constituído pelo lobo límbico e pelas estruturas subcorticais a ele relacionadas. → Na face medial de cada hemisfério cerebral, observa-se um anel cortical contínuo, constituído pelo giro do cíngulo, giro para-hipocampal e hipocampo. a) Giro do cíngulo: é um aglomerado de fibras de substância branca em formato de C com axônios fazendo comunicação entre o sistema límbico (controle mais emocional) e o córtex (controle mais racional). b) Giro para-hipocampal: é uma substância cinzenta do córtex cerebral, região do cérebro que envolve o hipocampo e faz parte do sistema límbico. c) Hipocampo: é uma estrutura localizada nos lobos temporais do cérebro humano, considerada a principal sede da memória e importante componente do sistema límbico. James Papez publicou um trabalho que propunha um mecanismo para explicar as emoções. Este mecanismo envolve as estruturas do lobo límbico, núcleos do hipotálamo e tálamo, todas unidas pelo circuito de Papez, composto pelo hipocampo, fórnix, corpo mamilar, trato mamilo-talâmico, núcleos anteriores do tálamo, cápsula interna, giro do cíngulo, giro para-hipocampal e novamente, o hipocampo, fechando o circuito. 2 Lara Mendonça P6 Componentes subcorticais do sistema límbico a) Corpo amigdaloide: a maioria das suas fibras eferentes agrupam-se em um feixe compacto, a estria terminal, que termina principalmente no hipotálamo. Lesões: domesticação do animal com um quadro hipersexual. Estímulo: comportamento de fuga e defesa, associados com a agressividade. b) Área septal: tem amplas conexões destacando-se suas projeções para o hipotálamo e para formação reticular através do feixe prosencefálico medial. Lesões: raiva septal/ hiperatividade emocional, ferocidade e raiva. Estímulo: alterações da PA e ritmo respiratório, euforia. Circuito de recompensa cerebral → Entender a relação do cérebro com a motivação e o prazer; através da implantação de eletrodos no cérebro de ratos, de tal modo que os animais podiam estimular eletricamente o próprio cérebro apertando uma alavanca. → Com este método, verificaram que em determinadas áreas (áreas de recompensa), os ratos se autoestimulavam com uma frequência muito alta, ocupando todo o tempo do animal, que deixava de ingerir água ou alimento, estimulando-se até a exaustão. → A autoestimulação causa uma sensação de prazer que seria semelhante à que sente quando satisfaz a fome, a sede e o sexo. → Em um caso com humanos, o paciente com eletrodo na área septal relatou uma sensação boa que procedia um orgasmo. Sabe-se hoje que as áreas que determinam estimulações com frequências mais elevadas compõem o sistema dopaminérgico mesolímbico ou sistema de recompensa, formada por neurônios dopaminérgicos que, da área tegmentar ventral do mesencéfalo, passando pelo feixe prosencefálico medial, terminam nos núcleos septais e no núcleo accumbens, os quais, por sua vez, projetam-se para o córtex pré-frontal orbitofrontal. 3 Lara Mendonça P6 O sistema de recompensa também é ativado em situações cotidianas que causam alegria, até mesmo após uso de drogas de abuso (heroína e crack), deve-se a estimulação do sistema dopaminérgico mesolímbico em especial e o núcleo accumbens. Componentes subcorticais – núcleos anteriores do tálamo; a) Núcleos anteriores do tálamo: situam-se no tubérculo anterior do tálamo. Recebem fibras dos núcleos mamilares e projetam-se para o giro do cíngulo; Amígdala → Também chamada de corpo amigdaloide; → Tem 12 núcleos que se dividem em 3 grupos: o Corticomedial: recebe conexões olfatórias e parece estar envolvido com os comportamentos sexuais; o Basolateral: recebe a maioria das conexões aferentes (14 conexões) da amígdala; o Central: dá origem às conexões eferentes (20 conexões). Possui conexões aferentes com todas as áreas de associação secundárias ao córtex, trazendo informações sensoriais já processadas. Recebe também, aferências de alguns núcleos hipotalâmicos, do núcleo dorsomedial do tálamo, dos núcleos septais e do núcleo do trato solitário. → Do ponto de vista neuroquímico, a amígdala tem grande diversidade de neurotransmissores, tendo sido demonstrada nela a presença de acetilcolina, GABA, serotonina, noradrenalina, substância P e encefalinas. → É a principal responsável pelo processamento das emoções e desencadeadora do comportamento emocional. → A estimulação dos núcleos do grupo basolateral da amígdala causa reações de medo e fuga. A estimulação dos núcleos do grupo corticomedial causa reação defensiva e agressiva. O comportamento de ataque agressivo pode ser desencadeado com estimulação da amígdala, mas também do hipotálamo. → A amígdala contém a maior concentração de receptores para hormônios sexuais do SNC. Sua estimulação reproduz uma variedade de comportamentos sexuais e sua lesão provoca hipersexualidade. Entretanto, a principal e mais conhecida função da amígdala é o processamento do medo. Pacientes com lesões bilaterais da amígdala não sentem medo, mesmo em situações de 4 Lara Mendonça P6 perigo óbvio, como a presença de uma cobra venenosa. Fato interessante demonstrado pela neuroimagem funcional é que a amígdala é ativada pela simples visão de pessoas com expressão facial de medo. → Estudos de neuroimagem funcional demonstraram que a amígdala está envolvida também no reconhecimento de faces que expressam emoções como medo e alegria. Regulação dos processos emocionais e motivacionais Memória → Quanto a natureza → memória declarativa→ memória operacional (córtex pré-frontal), de longa duração e de curta duração/memória não declarativa Na memória declarativa, os conhecimentos podem ser descritos por meio de palavras ou outros símbolos, como quando mencionamos o nome de algum amigo, o ano em que nascemos. Na memória não declarativa os conhecimentos memorizados são implícitos e não podem ser descritos de maneira consciente. Nesse caso, encontra-se a memória motora, através da qual as pessoas aprendem a executar tarefas como nadar, dirigir, as quais elas aprendem e exercitam de maneira automática e inconsciente, → Tempo de retenção → memória operacional ou de trabalho/memória de curta ou longa duração Na memória operacional é permitido que informações sejam retidas por segundos ou minutos, suficiente para dar sequência a um raciocínio (memorizar o número de telefone para discar). Esse tipo de memória é organizado no córtex pré-frontal e não deixa arquivos, pois ele determina o conteúdo de memória operacional que será selecionado para armazenamento, conforme a relevância da informação. Na memória de curta e longa duração, a curta permite a retenção de informações durante algumas horas até que sejam armazenadas de forma mais duradoura nas áreas responsáveis pela memória de longa duração. A memória de curta duração dura de 3 a 6 horas, que é o tempo que leva para se consolidar a memória de lona duração. A memória de longa duração depende de mecanismos mais complexos que levam horas para serem realizados. Por isso a memória de curta duração exige mecanismos mais simples, mantém a memória viva enquanto a de longa duração está sendo definitivamente armazenada. Correlações anatomoclínicas → Síndrome de korsakoff: resulta em degeneração dos corpos mamilares e dos núcleos anteriores do tálamo, essa síndrome, em geral, é consequência do alcoolismo crônico e os principais sintomas são amnésias anterógradas e retrógradas. → Doença de Alzheimer: doença degenerativa que acomete pessoas idosas, na qual ocorrem graves problemas na memória. Há perda gradual na memória operacional e de curta duração, paciente tem dificuldade com a memória recente de fatos ou compromissosocorridos no dia. Evolui gradativamente para comprometimento da memória de longa duração a ponto de se esquecer do nome dos familiares e apresentar desorientação de todas as funções psíquicas, com amnésia total. o De modo geral, a doença se inicia com uma degeneração progressiva dos neurônios da área entorrinal, que constitui a porta de entrada das vias que, do neocórtex, se dirigem ao hipocampo. Desse modo, essas lesões gradualmente levam a um total isolamento do hipocampo. 5 Lara Mendonça P6 Formação reticular Conceito → agregado difuso de neurônios de tamanhos e tipos distintos, separados por fibras nervosas multidirecionais no tronco encefálico. Outras denominações: substância reticular, sistema reticulado do tronco encefálico, sistema ativador reticular ascendente (SARA). → Núcleos da formação reticular: o Núcleos da Rafe: linha mediana do tronco encefálico; recebem aferências do córtex cerebral, hipotálamo e formação reticular; possuem neurônios serotoninérgicos; regulação da dor (via da analgesia) e indução do sono (não REM) o Locus cerúleos: assoalho do IV ventrículo; possuem neurônios noradrenérgicos; envolvido no mecanismo regulador do sono REM. o Área tegmental ventral: localiza-se ventralmente ao tegmento mesencefálico, possuem neurônios dopaminérgicos, regula o comportamento emocional. o Núcleo pendunculopontino: localiza-se no mesencéfalo e ponte, fornece acetilcolina que se destina ao tálamo, córtex cerebral frontal, tronco encefálico e cerebelo, além de facilitar os tratos reticuloespinhais (influenciam no tônus muscular e postura) Conexões da formação reticular → Córtex cerebral → Medula espinal Suas respostas se expressam através de impulsos que modulam o movimento, sensibilidade, ciclo sono- vigília e circulação. Conexões com o córtex cerebral → tem uma atividade elétrica espontânea, que determina os vários níveis de consciência. 6 Lara Mendonça P6 Funções da formação reticular → Controle da atividade elétrica cortical o Sono e vigília → Sistema ativador reticular ascendente (SARA) o Experiência de Bremer → utilizando o gato, Bremer fez secções na transição entre o bulbo e a medula, ou no mesencéfalo, entre os dois colículos, resultando nas ' preparações ' conhecidas, respectivamente, como encéfalo isolado e cérebro isolado. Um cérebro isolado tem somente um traçado de sono (o animal dorme sempre), enquanto um encéfalo isolado mantém o ritmo diário normal de sono e vigília, ou seja, o animal dorme e acorda. Dessa experiência concluiu-se que o sono e a vigília dependem de mecanismos localizados no tronco encefálico. o Assim, verificou-se que um animal sob anestesia ligeira (EEG de sono) acorda quando se estimula a formação reticular. Concluiu-se que existe, na formação reticular, um sistema de fibras ascendentes que têm uma ação ativadora sobre o córtex cerebral. Criou-se, assim, o conceito de Sistema Ativador Reticular Ascendente - SARA. Sabe-se hoje que o SARA é constituído de fibras noradrenérgicas do locus ceruleus, serotoninérgicas dos núcleos do rafe e colinérgicas da formação reticular da ponte. Na transição entre o mesencéfalo e o diencéfalo, o SARA se divide em um ramo dorsal e outro ventral. O ramo dorsal termina no tálamo (núcleos intralaminares) que, por sua vez, projeta impulsos ativadores para todo o córtex. O ramo ventral dirige-se ao hipotálamo lateral e recebe fibras histaminérgicas do núcleo tuberomamilar do hipotálamo posterior, e sem passar pelo tálamo, este ramo dirige se diretamente ao córtex, sobre o qual tem ação ativadora. A lesão de cada um desses ramos causa inconsciência. A ativação cortical envolve neurônios noradrenérgicos, serotoninérgicos, histaminérgicos e colinérgicos que fazem parte dos sistemas modulatórios de projeção difusa Regulação do sono → Durante o sono REM, o consumo de oxigênio pelo cérebro é igual ou maior do que em vigília, refletindo a atividade cortical. O indivíduo sonha e seus olhos movem-se rapidamente. → No sono não REM o cérebro repousa. Sua taxa de consumo de oxigênio está em nível baixo e predomina o tônus parassimpático, com redução de frequência cardíaca e respiratória. 7 Lara Mendonça P6
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