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Livro Texto - Unidade III

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125
MICROBIOLOGIA E MICOLOGIA CLÍNICA
Unidade III
7 VIROLOGIA CLÍNICA
7.1 Principais doenças virais de importância clínica 
Para se compreender melhor algumas doenças de etiologia viral, é importante entender que muitas 
infecções virais são subclínicas, ou seja, não apresentam sintomas. São o que chamamos assintomáticas 
e, portanto, difíceis de serem percebidas e/ou diagnosticadas. O mesmo vírus pode provocar uma grande 
variedade de doenças, o que significa que muitos vírus diferentes são capazes de causar o mesmo quadro 
clínico, e o mesmo quadro clínico pode ser causado por vírus diferentes, dificultando o diagnóstico e 
influenciando a implementação de técnicas e procedimentos laboratoriais que visem a uma melhor 
elucidação dos casos. A doença produzida não tem relação com a morfologia viral, e a evolução de 
qualquer caso é determinada pela constituição genética do vírus e do hospedeiro.
As doenças de etiologia viral, para serem mais bem compreendidas, podem ser divididas em 
generalizadas, nas quais os vírus se propagam pelo organismo por meio da corrente sanguínea, com 
comprometimento sistêmico, exemplo: sarampo, rubéola, varicela, febre amarela, dengue e enterovírus, 
ou doenças órgãos-específicas, como as que acometem o SNC, tais como a poliomielite, meningite 
(Poliovirus, Coxsackie e Echovirus), raiva, encefalite (rabdovírus, sarampo, caxumba, herpes etc.); o trato 
respiratório, como as pneumonias, bronquites, bronquiolites, gripes e resfriados (influenza, parainfluenza, 
vírus sincicial respiratório – VRS); pele e mucosas, como nas infecções por herpes simples tipo 1 (oral) , 
herpes simples tipo 2 (genital), herpes zoster, sarampo e varicela; hepáticas, por vírus da hepatite tipo A 
(infecciosa), hepatite B (sérica), tipo C e E; as que acometem as glândulas salivares, como na caxumba 
e infecção por citomegalovirus; o trato gastrintestinal, típicas da infecção por Rotavirus e adenovírus 
entérico; e, por fim, as sexualmente transmissíveis, como as causadas pelos vírus da herpes simples, 
hepatite B, papilomavírus, Retrovirus.
A seguir, apresenta-se uma breve explanação acerca de alguns vírus de importância epidemiológica 
no Brasil e no mundo.
Poliomielite – Poliovirus 
Os Poliovirus multiplicam-se inicialmente nas mucosas, especificamente nas placas de Peyer e nas 
tonsilas, em que a replicação pode ser detectada em até 3 dias. Os vírus multiplicam-se nos linfonodos, 
acarretando em uma pequena viremia, invadindo o sistema retículo-endotelial. É nesse momento que 
o sistema nervoso central pode ser invadido. A maioria dos indivíduos infectados com poliovírus controla a 
infecção antes da viremia secundária, o que resulta em infecção assintomática. Alguns estudos sugerem 
que a disseminação para o sistema nervoso central pode ocorrer pelos nervos periféricos ou craniais, 
por fluxo axonal retrógrado. A infecção pelo Poliovirus no SNC pode acarretar em paralisia flácida 
126
Unidade III
permanente dos membros inferiores e, portanto, reitera-se a necessidade de se manterem altos níveis 
de vacinação em razão de o vírus ainda não ter sido considerado erradicado em termos mundiais.
Gripes e resfriados
Embora se faça confusão entre a gripe (ou influenza) e o resfriado comum, essas doenças são 
causadas por tipos diferentes de vírus. Os vírus da gripe quase sempre provocam febre, prostração, 
cefaleia, dores musculares, tosse seca, espirros e obstrução nasal. O resfriado comum é uma doença mais 
branda, causada por diversos vírus que atacam apenas as partes altas do aparelho respiratório (nariz 
e faringe). A mucosa nasal inflamada elimina grande quantidade de líquido claro e aquoso (coriza). 
Geralmente, ocorrem também espirros, cefaleia, secura na garganta e, mais raramente, um ligeiro 
aumento da temperatura do corpo.
Ambas as doenças são transmitidas por gotículas de secreção das vias respiratórias lançadas no 
ambiente por meio da tosse ou do espirro. A disseminação é facilitada pelas aglomerações humanas, 
pela poeira, pelo frio (que irritam a mucosa das vias aéreas) e pelas más condições de higiene e 
alimentação; a doença é autolimitante, durando de 3 a 7 dias. A imunidade natural ou por vacinação 
não é duradoura, pois novas formas de vírus (mutantes), contra as quais o organismo humano ainda não 
produziu anticorpos, aparecem rapidamente.
Os antibióticos não exercem nenhum efeito e devem ser restringidos, a não ser nos casos de infecções 
bacterianas secundárias. Recomenda-se apenas repouso, hidratação e tratamento sintomático com 
analgésicos, antitérmicos e descongestionantes nasais.
Influenza pandêmica A/H1N1 virus
Muitas epidemias foram originadas pelo Influenza A virus. A linhagem H1N1 circulou entre humanos 
em 1918 e foi o agente etiológico da pandemia conhecida como gripe espanhola. Esse vírus resultou 
na morte de 20 a 50 milhões de indivíduos em todo o mundo. O novo subtipo do influenza A virus/
H1N1 virus é resultante de uma recombinação genética do vírus suíno, humano e aviário. Em 2009, foi 
detectado no México, colocando em alerta a saúde pública mundial, pois essa nova cepa rapidamente 
se disseminou, causando uma pandemia. No Brasil, até o final do ano de 2009, foram detectados 
aproximadamente 40 mil casos graves e 1705 óbitos registrados.
Sua transmissão ocorre diretamente de pessoa para pessoa por meio de gotículas de saliva que são 
expelidas pelo indivíduo infectado ao falar, tossir e espirrar. O contágio pode ocorrer ainda de maneira 
indireta, por meio de contato com secreções do indivíduo doente. 
Nesse caso, as mãos são o principal veículo, ao propiciarem a introdução de partículas virais 
diretamente nas mucosas oral, nasal e ocular. 
Clinicamente, a doença inicia-se com a instalação abrupta de febre alta (perdura por três dias), em 
geral acima de 38 °C, seguida de mialgia, dor de garganta, prostração, cefaleia e tosse seca. É comum 
a queixa de garganta seca, rouquidão e queimação retroesternal ao tossir, bem como pele quente e 
127
MICROBIOLOGIA E MICOLOGIA CLÍNICA
úmida, olhos hiperemiados e lacrimejantes. Há hiperemia das mucosas, com aumento de secreção nasal 
hialina. O quadro clínico em adultos sadios pode variar de intensidade. Nas crianças, a temperatura pode 
atingir níveis mais altos, sendo comum o aumento dos linfonodos cervicais. Quadros de bronquite ou 
bronquiolite, além de sintomas gastrointestinais, também podem fazer parte da apresentação clínica em 
crianças. Os idosos quase sempre se apresentam febris, às vezes sem outros sintomas, mas, em geral, a 
temperatura não atinge níveis tão altos.
Coronavírus 
Os coronavírus pertencem à subfamília Coronavirinae, família Coronaviridae. São grandes vírus 
com uma única fita de RNA e um nucleocapsídeo (estrutura composta pelo ácido nucleico do 
vírus – nesse caso, RNA – e seu invólucro proteico, o capsídeo) helicoidal. Seu nome se deve a 
espículas (estruturas proeminentes) presentes na superfície do vírus, o que lhe dá a aparência de 
uma coroa solar (corona, em latim).
Os coronavírus são responsáveis por desencadearem infecções respiratórias. Entre os problemas mais 
conhecidos, estão o resfriado comum, a síndrome respiratória aguda grave (também chamada Sars) e a 
síndrome respiratória do Oriente Médio (também chamada Mers).
Além disso, no final do ano de 2019, um novo tipo de coronavírus foi descoberto na China, sendo 
responsável por uma série de mortes.
A seguir, são descritas algumas das principais características das doenças causadas por esse vírus:
Resfriado comum: afeta as vias aéreas superiores e pode ser causado por diferentes vírus, incluindo 
o coronavírus. Geralmente leva a sintomas como obstrução nasal, coriza, espirro e tosse. Normalmente, 
as pessoas com resfriado não apresentam febre ou apresentam apenas febre baixa.
Síndrome respiratória aguda grave (Sars): é muito grave e foi identificada, pela primeira vez, na 
China em 2002. A infecção teve início após contato com gatos selvagens doentes. Essa doença evoluía 
de maneira muito rápidapara insuficiência respiratória e foi responsável por causar a morte de cerca de 
800 pessoas. A epidemia foi interrompida em 2003, e, desde 2004, nenhum caso da doença foi registrado.
Síndrome respiratória do oriente médio (Mers): foi identificada, pela primeira vez, no ano de 
2012, na Arábia Saudita. A transmissão iniciou-se após dromedários serem infectados, os quais são 
importantes reservatórios dos vírus. Até 22 de maio de 2014, 204 mortes já haviam sido confirmadas 
em decorrência doença.
Coronavírus (Sars-CoV-2): foi isolado no dia 7 de janeiro de 2020 e descoberto após uma série de 
infecções respiratórias sem explicação iniciar-se na China. Até o dia 27 de janeiro de 2020, 80 mortes 
já haviam sido confirmadas em decorrência da doença. A principal suspeita é que a infecção pelo novo 
coronavírus tenha sido iniciada pelo consumo de carne de animais como cobras e morcegos.
128
Unidade III
 Saiba mais
Em janeiro de 2020, foi identificada na China uma nova cepa de 
coronavírus, formalmente designada coronavírus 2 da síndrome respiratória 
aguda grave (Sars-CoV-2), causadora da doença denominada pela 
Organização Mundial de Saúde (OMS) como covid-19. Tornou-se, portanto, 
urgente compreender e implementar as práticas recomendadas para o 
diagnóstico laboratorial do Sars-CoV-2 em todo Brasil, e isso inclui, entre 
outras palavras, conhecer aspectos relacionados com a coleta de amostras, 
a biossegurança no transporte e no manuseio de amostras clínicas que 
possam conter o Sars-CoV-2, bem como os testes recomendados em cada 
situação ou caso suspeito. Leia: 
PINHO, J. et al. Diagnóstico laboratorial da infecção pelo novo 
coronavírus (covid-19) posicionamento oficial da sociedade brasileira 
de patologia clínica/medicina laboratorial (SBPC/ML). Sociedade Brasileira de 
Patologia Clínica, [s.d.]. Disponível em: https://bit.ly/3w53kwU. Acesso em: 
1º jul. 2021.
Varicela (catapora) – vírus da varicela-zoster (HHV-3)
O agente etiológico da varicela (catapora) e do herpes-zoster é o Human herpesvirus 3. Na catapora, 
as células da pele tornam-se os principais sítios para a replicação viral. Surgem as lesões de característica 
maculopapular, as quais evoluem para vesículas e, depois, para ulcerações e necrose da derme. Os sintomas 
de febre, mal-estar, cefaleia e dor abdominal frequentemente ocorrem por 24 a 48 horas antes do 
aparecimento do exantema. Sintomas como febre, irritabilidade, letargia e perda de apetite são comuns 
e tendem a desaparecer nas primeiras 72 horas após aparecimento do exantema. O exantema se inicia 
na face ou tronco e gera um prurido intenso. Após 24 a 48 horas, o fluido vesicular torna-se turvo e as 
crostas aparecem. Lesões da orofaringe, conjuntiva e vagina são comuns. Lesões novas aparecem por até 
6 dias e a varicela subclínica é muito rara.
A reativação apresenta-se tipicamente como herpes-zoster, um exantema vesicular em geral 
confinado à distribuição de um ou mais nervos sensoriais. Em indivíduos imunocomprometidos, o 
exantema é, em geral, mais extenso, e a replicação cutânea é acompanhada por viremia. Novas lesões 
aparecem por até 7 dias.
Doença exantemática (rubéola) – vírus da rubéola 
O vírus é transmitido principalmente por partículas geradas por pessoas infectadas, podendo ser 
detectado em secreções nasofaríngeas de 7 a 14 dias após o aparecimento do exantema.
129
MICROBIOLOGIA E MICOLOGIA CLÍNICA
O início da infecção se dá em células epiteliais do trato respiratório superior, posteriormente 
alcançando o tecido linfoide da nasofaringe, de onde há disseminação sistêmica envolvendo vários 
órgãos. O período de incubação varia em média de 8 a 14 dias. O exantema surge em média 16 a 18 dias 
depois do início da infecção, é de característica bastante benigna, aparecendo inicialmente na face e 
rapidamente se disseminando para o tronco e extremidades distais. As complicações mais comuns incluem 
artrite, artralgia, encefalopatia e trombocitopenia. Em gestantes, é temida por sua capacidade de causar 
má-formação, sendo preconizados, durante o período pré-natal, exames sorológicos para avaliação do 
status sorológico e monitoração das pacientes susceptíveis. Em recém-nascidos, é reconhecidamente a 
maior causa de surdez não genética.
Hepatite infecciosa do tipo A – vírus da hepatite A (HVA)
Sabe-se que o HVA se instala primariamente no fígado, utilizando o aparelho digestivo como via 
de entrada, sem causar lesão local. A hepatite A é transmitida pela via fecal-oral, e os alimentos e as 
águas contaminados são os principais veículos de transmissão durante os períodos de epidemias. Nos 
ambientes familiares e institucionais, o contato pessoal íntimo pode facilitar o contágio, sobretudo pelo 
compartilhamento de copos e talheres. A transmissão por via parenteral, sob a forma de transfusão ou 
uso de fármacos, ainda que teoricamente possível, não tem sido verificada.
Os pacientes infectados são transmissores da doença por um período que varia de 2 a 3 semanas 
antes do aparecimento da icterícia, amarelamento típico da pele e das mucosas, característico de 
infecções hepáticas, até duas semanas após a regressão desse sintoma. A fase ictérica é acompanhada 
pelo aparecimento de urina escura e fezes descoloradas, manifestações claras de excesso de bilirrubina 
não conjugada na circulação sanguínea (bilirrubinemia). Essa fase inicia-se após até 10 dias depois do 
aparecimento dos sintomas iniciais. A doença é mais leve em crianças do que em adultos, e a recuperação 
em geral é completa, não se observando casos de infecção crônica.
Hepatite infecciosa do tipo B – vírus da hepatite B (HBV)
A infecção pelo vírus da hepatite B pode resultar em diversas patologias. Mais de 65% a 80% 
das infecções ocorrem de forma subclínica; 20% a 35% ocorrem na forma de doença com icterícia. 
Dos indivíduos infectados, 90% a 98% têm recuperação completa e 2% a 10% evoluem para doença 
crônica. Quanto menor for a idade do paciente infectado, maior a probabilidade de desenvolvimento de 
infecção crônica.
O vírus da hepatite B pode ser transmitido de 3 formas: por meio de contato percutâneo com sangue 
ou produtos de sangue infectados; através de contato sexual; ou por transmissão perinatal da mãe 
infectada para a criança. 
Os pacientes infectados de forma crônica apresentam maior chance de desenvolver situações 
mais graves, como o carcinoma hepatocelular. A taxa de sobrevivência varia em torno de 25% a 60%, 
dependendo do tamanho do tumor e da sua possibilidade de remoção.
130
Unidade III
Hepatite infecciosa do tipo C – vírus da hepatite C (HCV)
O vírus da hepatite C (HCV) é transmitido quase que exclusivamente pela exposição parenteral a 
sangue, produtos de sangue e objetos contaminados com sangue. A triagem de doadores de sangue quase 
eliminou a transmissão por essa via, embora o risco mais importante atualmente seja a contaminação 
de seringas compartilhadas por usuários de fármacos injetáveis. 
A transmissão sexual e a perinatal já foram encontradas, mas não parecem ser vias de transmissão 
comuns. No entanto, importante ressaltar que a prevenção com uso de preservativos e os exames 
pré-natais podem constituir um grande obstáculo à manutenção desse vírus por essas formas de 
transmissão, e por isso precisam ser constantemente divulgadas e reforçadas. 
O período ou fase de incubação da hepatite C ocorre em média de 7 semanas. As infecções podem 
variar desde subclínicas até fulminantes. Os sintomas clínicos são semelhantes aos das demais hepatites 
virais, mas raramente ocorrem em mais de um terço dos pacientes.
 Observação
Conhecer as características dos vírus, sobretudo das hepatites A, B e C, 
auxilia e muito no diagnóstico imunológico dessas infecções, sobretudo no 
que envolve a caracterização da fase de doença.
Retrovírus – síndrome da imunodeficiência adquirida (aids/HIV)
A aids é causada pelo HIV (Human immunodeficiency virus) e é transmitida por meio de relações 
sexuais, sangue contaminado (pelo uso de agulhas e seringas contaminadase transfusão sanguínea) e 
transmissão vertical da mãe para o feto. Há comprometimento da resposta imunológica do organismo 
infectado, deixando-o desprotegido e suscetível ao desenvolvimento de múltiplas infecções.
Diversas características favorecem a propagação do vírus da aids, como o fato de o indivíduo 
infectado não ficar doente logo no início da contaminação, ou seja, há um período de latência muito 
grande, variando em média de 2 a 7 anos. A pessoa, por algum tempo, pode ter o vírus sem produzir 
anticorpos detectáveis pelo exame (janela imunológica).
É importante ressaltar que não há evidências de transmissão da aids por meio de fluidos corporais, 
como saliva, lágrimas e suor; objetos ou ambientes como piscina, sanitários, sabonetes, pratos, talheres 
e copos; contato pessoal como aperto de mão, abraços e beijos; picadas de insetos como mosquitos e 
pernilongos.
A infecção aguda pode ser tão discreta a ponto de se confundir com um simples processo gripal ou 
adquirir dimensões mais graves, como alterações neurológicas. Após os sintomas iniciais, o portador do 
HIV costuma permanecer assintomático durante vários anos. Porém, em 5 anos, em média, começam 
a surgir os primeiros sinais e sintomas. Observa-se, então, o aumento generalizado dos linfonodos, 
131
MICROBIOLOGIA E MICOLOGIA CLÍNICA
episódios de febre, sudorese, emagrecimento e diarreia, que podem durar de semanas a meses. O 
aparecimento das conhecidas infecções oportunistas ou de neoplasias costuma ocorrer em estágios 
mais avançados da doença. No entanto, as infecções oportunistas podem ser as primeiras manifestações 
clínicas do estado.
O diagnóstico baseia-se na história clínica e na sorologia específica anti-HIV (Elisa e western blot). Até 
o momento, não foi descoberto nenhum medicamento que proporcione cura da doença; o tratamento 
preconizado por meio do uso de vários fármacos apenas prolonga a vida do doente.
Parvovírus 
O parvovírus é responsável por infecções de vários animais, incluindo cães, raposas, suínos e outros. 
O Erythrovirus B19, antes descrito como Parvovirus B19, recebeu esse nome por seu tropismo pelas 
células eritropoéticas. Esse é o mais estudado, por estar associado, em humanos, a doenças como o 
eritema infeccioso, a artropatia e a crise aplásica. A disseminação do vírus ocorre pelas fezes, urina, 
saliva, secreções nasais e provavelmente por contato com fluidos genitais.
 Saiba mais
O Parvovirus B19 é um Erythrovirus humano com tropismo para as 
células progenitoras da medula óssea, sendo responsável por um grande 
espectro de manifestações clínicas, desde infecções assintomáticas 
até crises aplásicas graves. No artigo, recomendado a seguir, os autores 
apresentam o caso de uma mulher de 40 anos, com história de anemia 
ferropênica por menorragias, que desenvolveu quadro clínico com febre, 
cefaleias, petéquias e, posteriormente, exantema nas pernas, associado 
à hipoplasia medular com redução transitória da contagem de todas as 
linhagens celulares hematológicas. Leia:
AGUDO, I. et al. Aplasia medular transitória associada a infecção por 
Parvovírus B19. Rev. Soc. Bras. Clin. Med., v. 14, n. 3, jul.-set. 2016. Disponível 
em: https://bit.ly/36kYcuh. Acesso em: 1º jul. 2021.
Papilomavírus 
A família Papillomaviridae é constituída pelos 16 gêneros, incluindo centenas de tipos virais. 
O papilomavírus humano (HPV) é o mais conhecido, sendo o causador de tumores benignos e malignos 
de pele e das mucosas. O desenvolvimento desses tumores depende de vários fatores, como tabagismo, 
alcoolismo, múltiplos parceiros sexuais, início precoce da vida sexual e gravidez, principalmente antes 
dos 18 anos.
132
Unidade III
A transmissão do HPV ocorre, na maioria dos casos, pelo contato sexual, não precisando necessariamente 
haver a penetração, mas apenas com um contato íntimo. Outras formas de contágio, menos frequentes, 
podem ocorrer pelo uso de instrumentos ginecológicos não esterilizados, compartilhamento de roupas 
íntimas contaminadas, entre outros. 
O diagnóstico pode ser feito por meio de exame clínico e laboratorial, como papanicolau, colposcopia 
e biópsia das lesões suspeitas. Métodos moleculares, como a PCR, são os mais adequados para a 
caracterização dos sorotipos virais.
Poliomavírus 
Os poliomavírus humanos, BKV e JCV, são os membros do gênero poliomavírus. As infecções primárias 
por esses vírus ocorrem principalmente na infância e são geralmente assintomáticas. 
Os vírus podem persistir após a infecção primária na forma latente em vários órgãos, especialmente 
nos rins. Em pacientes com deficiência imunológica, associada principalmente à aids, esses vírus podem ser 
reativados e causar algumas doenças. A reativação do BKV acarreta doenças do trato urinário, como a cistite 
hemorrágica e outras nefrites, enquanto a reativação do JCV leva a leucoencefalopatia multifocal progressiva.
Herpesvírus 
São vírus extremamente infecciosos, porém de característica normalmente benigna. Estima-se que 
97% da população mundial já tenha tido contato com esse vírus, e uma grande parte não apresentou 
sintomas. Alguns vírus dessa família podem apresentar neurotropismo, levando ao desenvolvimento de 
encefalites; outros, são linfotrópicos, ou seja, possuem afinidade pelos linfócitos, o que pode desencadear 
distúrbios do sistema imunológico causando graves infecções em pacientes imunodeprimidos ou 
suprimidos, como pacientes com aids e transplantados de órgãos e ou de tecidos. São descritos oito 
tipos de vírus herpes subdivididos em famílias, como descrito a seguir:
As subfamílias de herpesvirus são:
• Alfa-herpes-virus:
— Herpes simplex vírus 1 e 2 (HSV-1 e HSV-2): causadores da doença vulgarmente 
conhecida por herpes.
— Vírus da Varicela-zoster (HHV-3, Human herpesvirus 3): também conhecido por catapora-zoster 
no Brasil (ver herpes-zoster).
• Beta-herpes-virus:
— Citomegalovirus (ou HCMV, Human citomegalovirus, ou HHV-5, Human Herpesvirus 5): causa 
um tipo de mononucleose infecciosa.
— Herpesvirus 6 e 7 (HHV-6 e HHV-7, Human herpesvirus 6 e 7): causa da doença infantil 
infecciosa roséola.
133
MICROBIOLOGIA E MICOLOGIA CLÍNICA
• Gama-herpes-virus:
— Epstein-Barr virus (HHV-4): causa a doença do beijo ou mononucleose infecciosa. Envolvido na 
patogênese de alguns cancros, como o linfoma de Burkitt e carcinoma de nasofaringe.
— Herpesvírus-8 (HHV-8, Human herpesvirus 8, ou KSHV, Kaposi’s Sarcoma-associated Herpesvirus): 
vírus que pode causar sarcoma de Kaposi (hemangiossarcoma, ou seja, tumor maligno de 
vasos sanguíneos).
Flavivirus 
A família Flaviviridae é composta por três gêneros: Hepacivirus, Pestivirus e Flavivirus. O primeiro 
gênero tem como única espécie, até hoje identificada, o vírus da Hepatite C. O segundo agrupa os vírus 
que infectam mamíferos nos humanos, com destaque para os 187 vírus da diarreia bovina e o vírus da 
peste suína. Entre eles, o vírus da febre amarela, o grupo do Dengue virus (DENV), o grupo do Mammalian 
tick-borne virus (TBEV), o grupo do Aroa virus (AROAV) e o grupo do Japanese encephalitis virus (JEV).
Os vírus dessa família possuem como ácido nucleico o RNA de cadeia linear simples, polaridade 
positiva e comprimento médio entre 9,5 a 12,3 kd. Apresentam capsídeo icosaedro, o que lhes confere 
um aspecto esférico, recoberto pelo envelope. E as partículas virais possuem um diâmetro com cerca de 
40 a 60 nm. Os representantes dessa família são considerados arbovírus, pois possuem artrópodes como 
vetor. A palavra arbovírus é de origem inglesa, arthropod-borne virus, que significa vírus carregado por 
um artrópode. 
Os vírus ficam, então, armazenados no vetor e por vezes proliferam sem causar danos. Duas espécies 
dessa família representam um grande problema de saúde pública no Brasil, o vírus da dengue e o vírus 
da febre amarela.
Paramixovírus
Das doenças causadas pelos vírus dessa família, o sarampo constitui uma das mais estudadas e 
importantes. Essa doença pode causar três formas de encefalite: infecção direta dos neurônios;encefalite pós-infecção, que se acredita ser mediada imunologicamente; e pan-encefalite esclerosante 
subaguda (SSPE), causada por uma variante defectiva do vírus durante a fase aguda da doença. O vírus 
SSPE age lentamente e causa sintomas e efeitos citopáticos em neurônios, muitos anos após a fase 
aguda da doença.
O vírus pode ser transmitido desde 5 dias antes, até 4 ou 5 dias depois de as lesões de pele (manchas 
vermelhas), características da doença, aparecerem. O período de maior transmissibilidade ocorre 48 horas 
antes e até 48 horas depois do início dessa manifestação da pele.
Os sintomas geralmente se manifestam após cerca de 10 dias da infecção. A essa altura, a pessoa 
poderá apresentar: coriza; tosse; febre ascendente – a cada dia que passa, as temperaturas são mais altas –; 
conjuntivite; manchas vermelhas – alguns dias depois, aparecem os exantemas ou rash (grosseirão 
com manchas vermelhas). Eles se espalham por todo o corpo, e começam a partir da parte de trás das 
134
Unidade III
orelhas e pescoço para, depois, avançarem para os membros superiores e inferiores (braços e pernas) e o 
abdomen. Essa fase pode durar 3, 4, 5 dias, mesmo período em que a febre começa a abrandar.
7.2 Prevenção de doenças virais – vacinas e drogas antivirais
A prevenção de infecções virais não é, em absoluto, uma tarefa fácil, visto que, reconhecidamente, 
o único método seguro de evitar a infecção viral é evitar a exposição. No entanto, sabe-se que tanto 
em populações humanas como em animais, a exposição aos diferentes tipos de vírus é um fato que 
estatisticamente e epidemiologicamente não se consegue evitar.
Diante do que conhecemos sobre epidemiologia de infecções virais, sabe-se que a única forma 
efetiva de se evitar a doença viral, sobretudo a doença grave, é a vacinação, e, para tanto, vacinas são 
desenvolvidas no mundo todo e sobretudo no Brasil, a fim de garantir essa proteção. 
Como dito, em algumas situações, a ocorrência de doença pode ser prevenida por meio de vacinação. 
Embora a vacinação não necessariamente previna a infecção, a sensibilização prévia do sistema 
imunológico permite uma resposta rápida à eliminação do vírus, antes que a doença ocorra ou faz com 
que a doença seja leve de curta duração. De fato, a vacinação é o método mais efetivo e com melhor 
relação custo-benefício.
As vacinas precisam ser seguras e, para isso, não devem causar doença nem morte do indivíduo 
vacinado. As vacinas devem proteger contra a doença, resultante da exposição ao vírus, e a proteção 
deve durar muitos anos. As vacinas devem, como forma de comprovar sua eficácia, induzir a formação de 
anticorpos neutralizantes essenciais para prevenir infecção. Além de tudo, as vacinas ainda devem ser 
de baixo custo, alta estabilidade, fácil administração e provocar nenhum ou poucos efeitos adversos.
As vacinas podem ser produzidas a partir de antígenos mortos ou inativados. Antígenos atenuados, 
subunidades ou, hoje e mais atual, a partir das tecnologias de DNA recombinante e de vacina vetorial.
Vacinas inativadas normalmente requerem mais de uma dose para induzir imunidade, e 
revacinações periódicas para manter imunidade adequada. As vacinas inativadas geralmente induzem 
imunidade que é menos protetiva e de duração mais curta que aquela induzida pelas vacinas vivas 
atenuadas. As vantagens das vacinas inativadas: não revertem à virulência e são consideradas mais 
seguras, com menor possibilidade de efeitos adversos. Um exemplo bastante atual é a vacina para 
Sars-CoV-2, denominada de CoronaVac, produzida pelo Instituto Butantan em parceria com a farmacêutica 
de origem chinesa Sinovac.
Vacinas vivas modificadas consistem, por exemplo, de vírus tornados menos virulentos, por 
processos clássicos de atenuação em cultura celular, por múltiplas passagens em diferentes tipos 
celulares, ovos embrionados, animais de laboratório ou por alteração da expressão genômica pela 
deleção de genes específicos responsáveis pela virulência.
Vacinas atenuadas geralmente conferem longa imunidade, pois a vacinação mimetiza a infecção 
natural. Uma vacina adequadamente atenuada não deve causar doença, apesar da possibilidade de 
efeitos adversos. Algumas vacinas vivas atenuadas podem ser administradas pelas vias oral, nasal ou 
genital (prepucial, vaginal), onde irão induzir resposta humoral secretória local (IgA). 
135
MICROBIOLOGIA E MICOLOGIA CLÍNICA
As vacinas de subunidade são um tipo de vacina inativada que contêm porções (proteínas, 
fragmentos) do vírus, necessários para induzir imunidade. Tais porções são conhecidas por serem de alto 
peso molecular e alta complexidade, tendo a condição de estimular de forma adequada uma resposta 
imune, segura e duradoura. Um exemplo é a vacina contra o tétano.
As vacinas recombinantes podem ser divididas em três tipos principais; as produzidas a partir de 
proteínas recombinantes, nas quais o gene do antígeno viral de interesse é clonado e o cDNA é introduzido 
no genoma de bactérias ou leveduras por meio de um plasmídeo, que produz a proteína em grandes 
quantidades, sendo esse antígeno posteriormente utilizado como agente imunizante. As vacinas vetoriais 
são aquelas em que o gene de um vírus grande, geralmente um poxvírus, adenovírus ou herpesvírus, é 
deletado e substituído por um gene que codifica o antígeno desejado; o vírus que carrega o gene do 
antígeno desejado é chamado de vetor. Um exemplo bastante recente dessa tecnologia é a produção e 
distribuição de vacinas para a prevenção do Sars-CoV-2, as quais utilizam um adenovírus como vetor, 
sendo elas a vacina da Oxford/AstraZeneca, a da Janssen e a vacina Sputnik V, do Instituto Gamaleya da 
Rússia. As vacinas com deleções de genes são aquelas em que um vírus com alto potencial de virulência 
é modificado a um status menos virulento pela deleção de genes ou pela substituição de regiões-chave nos 
genes com outro material genético. Várias vacinas recombinantes estão sendo usadas, incluindo a proteína 
do vírus da hepatite B expressa em levedura; proteína do vírus da raiva expressa no vírus da vaccínia.
As drogas antivirais são uma alternativa extremamente importante, sobretudo quando o paciente 
se encontra em uma condição em que requer tratamento efetivo e ostensivo. Vários aspectos sobre a 
terapia antiviral acabaram por ser revisitados e muitos conceitos novos, assim como novos medicamentos 
surgiram com o incremento da terapia, sobretudo em pacientes HIV soropositivos, um exemplo do quão 
eficaz pode ser um tratamento e o quanto isso altera de forma significativa o curso de uma doença.
As drogas antivirais podem ser classificadas em duas categorias principais, de acordo com o seu 
mecanismo de ação. Conhecidas como análogas de nucleosídeos e não análogas de nucleosídeos, 
cujas principais características e diferenças serão discutidas a seguir. 
• Nucleosídeos inibidores: várias drogas antivirais comerciais são análogas de bases/nucleosídeos, 
que interferem com a ação das polimerases de ácido nucleico virais. Os mais comuns são: 
acicloguanosina (Aciclovir), di-hidroxipropoximetilguanina (Ganciclovir), adenina arabinosida 
(Vidarabine) e azidotimidina (Zidovudine). 
• Inibidores não nucleosídeos: interferons e drogas antivirais têm sido utilizados para o tratamento 
de algumas infecções virais específicas. Os interferons possuem função antiviral importante, pois 
aparecem cedo na infecção e desempenham um papel importante na recuperação. O mecanismo 
de ação é a inibição da síntese de proteínas virais. 
Além dos interferons (IFN), outras drogas que inibem a tradução de RNAm virais são a fomiversina e 
metisazona. A fomiversina (Vitravene) é uma molécula de DNA antissentido que bloqueia a replicação do 
citomegalovírus. A metisazona (N-metil-beta-tiosemicarbazone) é específica para RNAm dos poxvírus. 
A amantadina (Symmetrel) e rimantadina (Flumadine) interferem com a penetração e/ou desnudamento 
de alguns vírus envelopados, mas é eficaz apenas contra o vírus da influenza A em humanos. Essasdrogas 
136
Unidade III
não são comumente utilizadas nos EUA. Saquinavir (Invirase), indinavir (Crixivan), ritonavir (Norvir) e 
nelfinavir (Viracept) são inibidores de proteases virais. Elas atuam ligando-se no sítio ativo das proteases, 
impedindo a enzima de clivar outras proteínas. Essas drogas são frequentemente utilizadas como parte 
do coquetel de drogas no tratamento do HIV em humanos. Zanamivir (Relenza) e oseltamivir (Tamiflu) 
inibem a liberação do vírus das células hospedeiras. São específicos para a proteína neuraminidase do 
vírus da influenza; impedem a liberação do vírus e, portanto, limitam sua disseminação.
Um exemplo importante e eficaz de terapia antiviral foi aquela instituída a partir de 1997, 
denominada de Haart (terapia antirretroviral de alta atividade) para tratamento de pacientes infectados 
pelo vírus HIV. A Haart, desde sua introdução, mostrou que consegue promover uma redução da carga 
viral e imunossupressão, diminui transmissão perinatal e aumenta a sobrevivência. A Haart consiste em 
um “coquetel” de medicamentos que atuam em diferentes etapas da replicação viral, portanto, esse 
coquetel é formado por drogas inibidoras da fusão e entrada do vírus nas células-alvo, inibidores de 
transcriptase reversa, inibidores de integrase, inibidores de protease e inibidores da zinc-finger.
 Lembrete
Os fármacos antivirais atuam interrompendo o processo infeccioso. 
Dependendo do vírus e do medicamento, o processo de bloqueio pode ocorrer 
em muitos locais diferentes. Às vezes, são usados vários medicamentos para 
tratar uma infecção específica, para que mais de um processo viral seja 
interrompido e as chances de o paciente recuperar-se da infecção aumentem
 Saiba mais
A síndrome da imunodeficiência adquirida (aids, sigla em inglês) é causada 
por infecção pelo retrovírus vírus da imunodeficiência humana (HIV). Uma 
etapa-chave no ciclo de vida do HIV é a síntese de uma cópia em DNA do 
RNA do genoma viral, catalisada por uma enzima chamada transcriptase 
reversa. A transcriptase reversa é um importante alvo terapêutico, pois não é 
essencial para as células normais e não faz revisão, portanto, sua taxa de erro 
é muito maior do que a das DNA polimerases celulares. Em função disso, há 
um aumento do número de mutantes na população viral em um mesmo 
paciente. É provável que alguns desses mutantes sejam resistentes a um 
dado agente terapêutico. Desde a introdução da terapia antirretroviral 
altamente ativa (Haart) em 1996, tem-se observado em todo o mundo 
mudanças nas causas de hospitalização em pacientes com HIV/aids. Sobre 
o assunto, leia:
NUNES, A. Análise do perfil de pacientes com HIV/aids hospitalizados 
após introdução da terapia antirretroviral (Haart). Ciênc. saúde colet., v. 20, 
n. 10, out. 2015.
137
MICROBIOLOGIA E MICOLOGIA CLÍNICA
8 DIAGNÓSTICO DE INFECÇÕES VIRAIS 
Para o diagnóstico de infecções virais, podemos utilizar de diferentes metodologias, algumas consideradas 
clássicas ou já em desuso, e outras consideradas técnicas modernas, como as de biologia molecular. Para 
que se tenha uma percepção clara do que envolve o diagnóstico de infecções virais a seguir, discutiremos 
as principais técnicas utilizadas, dividindo-as em técnicas clássicas, sorológicas e moleculares.
Porém, antes de discutirmos sobre as principais técnicas aplicadas ao diagnóstico virológico, é 
importante compreendermos algumas problemáticas que envolvem as infecções virais e seu diagnóstico. 
Note, a seguir, os cinco princípios das doenças virais: 
I – Muitas infecções virais são subclínicas.
II – A mesma doença pode ser produzida por uma variedade de vírus.
III – O mesmo vírus pode provocar uma variedade de doenças.
IV – A doença produzida não tem relação com a morfologia viral.
V – A evolução de qualquer caso é determinada pela constituição genética do vírus e do hospedeiro.
Ao analisarmos esses cinco princípios, compreendemos que grande parte das infecções é assintomática, 
o que, de antemão, propõe-nos uma maior dificuldade em estabelecer diagnóstico em situações em que 
nem sequer existem sintomas. Também importante salientar que, em grande parte, as chamadas viroses 
podem não ser viroses, sugerindo, por vezes, diagnóstico errôneo do corpo clínico.
Outra questão bastante importante é que diferentes vírus podem causar uma mesma doença, e um 
vírus pode causar diferentes doenças, aumentando ainda mais a possibilidade de erro no diagnóstico.
Outras questões também devem ser observadas quando do diagnóstico de uma infecção viral, e que 
norteiam, sobretudo, a escolha dos métodos que serão utilizados, a saber:
• Podem ocorrer infecções duplas.
• Diferentes vírus podem ter a mesma ocorrência sazonal e geográfica.
• Pode ocorrer infecção inaparente por um vírus e clínica por outro.
• Muitos vírus são facilmente isolados durante os primeiros dias da doença.
 Observação
O conhecimento sobre as questões que envolvem o quadro clínico do 
paciente é essencial para que o profissional de laboratório possa escolher 
os métodos que serão utilizados, a fim de diagnosticar uma possível 
infecção viral.
138
Unidade III
8.1 Técnicas clássicas em virologia
Cultivo e isolamento viral 
Para o isolamento, caracterização, identificação e até mesmo com o objetivo de alcançar a produção 
de vacinas, uma considerável quantidade de partículas virais é normalmente necessária; assim também 
a capacidade do isolamento de um vírus a partir de uma material biológico requer grande trabalho 
e procedimentos bem estabelecidos. Tudo isso pode ser obtido por meio de técnicas de propagação, 
entre as quais podemos destacar a inoculação em animais, inoculação em ovos embrionados, cultura de 
células e tecidos e cultivo de explante.
A inoculação de animais, durante muito tempo, foi a única maneira de se obterem grandes quantidades 
de vírus. Atualmente, o uso de animais para multiplicação de vírus é limitado, devido a questões éticas. 
Somente são utilizados animais para a amplificação viral para aqueles vírus que apresentam dificuldade 
de adaptação ao cultivo celular in vitro. A inoculação de ovos embrionados foi umas das primeiras 
alternativas na qual não se utilizava animais, sendo um método amplamente utilizado para a propagação 
de vírus influenza tipo A e produção de vacinas, visando, sobretudo, a atenuação de vírus, em que a 
constante passagem por ovos embrionados promove uma alteração dos fatores de virulência, sendo, 
portanto, utilizadas nas vacinas vivas atenuadas, como no caso da vacina da gripe.
A cultura de células e tecidos refere-se ao crescimento e manutenção de células e tecidos vivos in 
vitro. Existem dois tipos básicos: cultivo de explante e cultivo celular. Cultivo de explantes são pequenos 
fragmentos de tecidos oriundos do hospedeiro e mantidos em cultivo, enquanto que o cultivo celular 
é resultado da dissociação do tecido em células individuais, seguido de sua manutenção em cultivo. O 
cultivo de células utiliza-se de diferentes linhagens celulares especificas como hep, hela, fibroblasto 
humano, rim de macaco-rhesus ou células Vero (rim de macaco verde africano). Essas células devem 
ser de fácil manutenção, a fim de propiciar uma utilização continua. A existência de um vírus em uma 
cultura celular é notada pela presença de efeitos citopáticos característicos (lise, necrose, inclusões, 
vacuolização, sincícios); aparecimento de proteínas codificadas por vírus, por exemplo, pp64 (CMV).
Visualização e caracterização da partícula viral 
Os dois métodos mais utilizados para visualizar a estrutura e morfologia dos vírus são a microscopia 
eletrônica e microscopia de força atômica. Outros tipos de microscopia são empregados para observar 
as alterações celulares induzidas pela replicação viral. Sem as técnicas de visualização dos vírus, existe 
uma dificuldade muito grande em se estudar a estrutura ou a interação vírus-célula. A capacidade 
de visualização das partículas permitiu estimar o número de partículas presentes em uma suspensão. 
Alguns métodospermitem quantificar o número de partículas presentes em uma solução de forma 
indireta. Em ambos os casos, direta ou indireta, a quantificação é sempre uma estimativa. 
A estimativa é importante na preparação de vacinas, na determinação do número mínimo para 
produção de doença ou em investigação viral.
139
MICROBIOLOGIA E MICOLOGIA CLÍNICA
Com o uso da microscopia óptica comum, não é possível a observação das partículas virais. No 
entanto, pode-se observar a formação de efeitos citopáticos característicos da presença de vírus em 
células cultivadas e mantidas em laboratório. Os efeitos citopáticos observáveis quando em cultura 
normalmente incluem:
I – Arredondamento celular e agregados semelhantes a cachos de uva. Exemplo: adenovírus.
II – Arredondamento celular, retração celular, ruptura com a liberação de debris celulares. 
Exemplo: enterovírus.
III – Entumecimento e arredondamento celular em áreas localizadas. Exemplo: herpesvirus.
IV – Fusão de várias células e formação de células gigantes multinucleadas (sincício). Exemplo: 
paramixovírus.
Adicionalmente, a formação de corpúsculos de inclusão pode ser observada, sendo características de 
alguns vírus, como no caso do vírus da raiva ou na citomegalovirose.
Figura 67 – Efeito citopático do sarampo em caso de encefalite: note células grandes e arredondadas
Fonte: https://bit.ly/2Ultdes. Acesso em: 1º julho 2021.
A microscopia de fluorescência pode ser utilizada para a visualização de células ou tecidos 
infectados por vírus. Nesse caso, empregam-se anticorpos específicos para determinados antígenos, 
normalmente associados a um fluorocromo (geralmente fluoresceína). 
Figura 68 – Imunofluorescência positiva para a presença de vírus 
Fonte: UFRN (s.d.). 
140
Unidade III
A microscopia eletrônica emprega a aceleração dos elétrons com grande energia magnética, 
tornando possível a visualização da amostra. Os elétrons com alta energia possuem comprimentos 
de ondas curtos, e isso faz com se obtenha uma melhor resolução de estruturas muito pequenas. 
A microscopia eletrônica possui resolução capaz de se visualizarem grandes polímeros, como DNA, RNA 
e grandes proteínas. Para facilitar a visualização, as amostras podem ser previamente tratadas com 
metais pesados, como o ósmio.
Os elétrons chocam com o metal, os quais são visualizados na tela fluorescente. Com microscopia 
eletrônica, é possível a obtenção de imagens tridimensionais dos vírus e de sua localização dentro 
da célula hospedeira (núcleo ou citoplasma) em um determinado momento após a infeção. Como as 
amostras são tratadas com metais pesados, a observação dos vírus em células vivas não é possível.
Figura 69 – Microscopia eletrônica do coronavírus 
Disponível em: https://bit.ly/3xef95b. Acesso em: 1º jul. 2021. Adaptada.
A microscopia de atômica de força mede a propriedades locais (tamanho, absorção, magnetismo 
etc.) mediante a proximidade da sonda com a amostra. Isso faz com que seja possível medir pequenas 
áreas da amostra. Os elétrons são impulsionados entre os átomos, resultando em uma pequena, mas 
mensurável, força. O resultado da força medida é transformado no contorno da superfície da estrutura 
analisada. A vantagem da microscopia atômica de força é o uso de células ou tecidos vivos e de requerer 
uma quantidade mínima de amostra. Esse método tem sido útil para imagens detalhadas de estruturas 
de capsídeos e de interações entre o vírus e a célula.
141
MICROBIOLOGIA E MICOLOGIA CLÍNICA
8.2 Técnicas moleculares em virologia
Reação de polimerização em cadeia (PCR)
A reação em cadeia da polimerase (PCR – polimerase chain reaction) é considerada uma técnica 
de biologia molecular revolucionária. Desenvolvida por Kary Banks Mullis (prêmio Nobel de química de 
1993) em abril de 1983, essa técnica consiste na síntese enzimática de cópias de ácidos nucleicos. A PCR 
apresenta ampla gama de aplicações em vários ramos da pesquisa científica e diagnóstico e é muito 
utilizada no diagnóstico de infecções virais. 
A utilização da PCR permite que uma determinada região do genoma de qualquer organismo 
possa ser amplificada e multiplicada em milhões de cópias. Os elementos envolvidos na reação de PCR, 
basicamente, são os mesmos presentes no processo de replicação que ocorre nas células.
Para que seja possível o processo de amplificação de um segmento de DNA especifico, é 
necessário que as extremidades da sequência de pares de bases sejam conhecidas. Os iniciadores 
(ou primers), que delimitam e são complementares à região alvo de amplificação, apresentam cerca 
de 15 a 25 nucleotídeos de extensão. Os primers são projetados de modo que um é complementar 
ao filamento de uma molécula de DNA em um lado da sequência alvo, e o outro é complementar ao 
outro filamento da molécula de DNA no lado oposto da sequência alvo.
Para que ocorra a PCR, é necessária a presença dos seguintes componentes: DNA genômico total ou uma 
população de cena, DNA polimerase termoestável, primers, tampão (10 mm Tris-Hl, pH 8,3, 50 mm kcal), 
cloreto de magnésio (cofator da reação) e nucleotídeos necessários para a síntese das novas fitas de 
DNA (dNTPs: dATPs, dTTPs, dCTPs e dGTPs).
Durante o procedimento, as amostras devem ser submetidas à combinação adequada de 
temperatura e de tempo. Cada ciclo da PCR apresenta três fases fundamentais: desnaturação, 
anulamento e extensão. A desnaturação ocorre por meio da elevação da temperatura para cerca de 
94 a 95 °C. Nessa fase, o DNA perde sua estrutura de dupla hélice, separando as duas fitas. Dessa 
forma, o DNA e os primers podem se ligar à região complementar a sua sequência na fita simples que 
foi exposta. Uma vez desnaturado o DNA, a temperatura da reação é reduzida para a temperatura de 
anulamento (50 a 70 °C), e ocorre o pareamento dos primers por meio de ligações de hidrogênio ao 
DNA alvo de fita simples. A temperatura de anulamento é sempre específica para cada par de primers 
e depende da quantidade de citosina e guanina da sequência a ser amplificada. A última etapa do 
processo é a extensão. Nesse momento, a temperatura é elevada até cerca de 72 ºC, para que a enzima 
DNA polimerase (Taq-DNA-polimerase) se posicione junto dos primers que se anelaram anteriormente 
e seja iniciada a síntese da cadeia complementar. 
A síntese da nova fita de DNA se inicia a partir dos primers ou iniciadores. A enzima DNA polimerase 
catalisa a reação que insere os nucleotídeos (dNTPs) complementares à fita-molde. Dessa maneira, novas 
fitas de DNA de dupla hélice são formadas, correspondentes à região alvo de amplificação (delimitada 
pelos primers). A figura a seguir esquematiza as etapas de um ciclo da PCR.
142
Unidade III
Primeiro ciclo de amplificação
Produtos do 
primeiro ciclo
+ DNA - polimerase
+ dATP
+ dGTP
+ dCTP
+ dTTP
Etapa 3
Síntese de DNA
Região do DNA de fita 
dupla a ser amplificada
5’
5’
5’
3’
3’
3’
3’
3’
3’
5’
5’
5’
Etapa 1
Aquecer 
para 
separar 
as fitas
Etapa 2
Resfriar para 
anelar os 
iniciadores
Par de 
iniciadores
Figura 70 – Ciclo de PCR. Cada ciclo da PCR inclui três etapas: o DNA de fita dupla é aquecido brevemente para separar 
as duas fitas; o DNA é exposto a uma quantidade excessiva de um par de iniciadores específicos projetados para 
limitar a região do DNA a ser amplificada – e a amostra é resfriada para permitir que os iniciadores hibridizem com as sequências 
complementares nas duas fitas de DNA; essa mistura é incubada com DNA-polimerase, de modo que o DNA possa ser sintetizado a 
partir dos dois iniciadores. Para amplificar o DNA, o ciclo é repetido muitas vezes por meio do reaquecimento da amostra para separar 
as fitas de DNA recém-sintetizadas
O processo de desnaturação, anulamento e extensão é repetido várias vezes, até que se obtenha 
grande quantidade do DNA a ser amplificado. Os filamentos de DNA recém-sintetizados, mesmo 
complementares, formam uma segunda cópia da sequência alvo original, gerando, assim, uma 
amplificação exponencial (2, 4, 8, 16, 32… cópias).A PCR é uma reação em cadeia, pois as fitas 
de DNA, recentemente sintetizadas, atuarão como molde para mais uma síntese de DNA nos ciclos 
subsequentes. Após cerca de 25 ciclos de síntese de DNA, os produtos da PCR incluem, além do 
DNA que iniciou a reação, cerca de 105 cópias da sequência alvo especifica. Na PCR convencional, 
para visualização do produto da reação, também chamado de amplicon, é necessário realizar uma 
eletroforese, e os resultados são qualitativos.
Além da análise do DNA, pequenas amostras de RNA podem ser analisadas pela reação em 
cadeia da polimerase. Nesse caso, é utilizada a RT-PCR, uma reação da transcriptase reversa seguida 
de PCR. A partir do RNA (fita simples), a enzima transcriptase reversa sintetiza uma cadeia de DNA 
complementar (chamada de cDNA). Ao cDNA, aplica-se a técnica de PCR. Uma vez que analisa 
o RNA responsável pela síntese de proteínas, a RT-PCR é amplamente utilizada para verificar a 
expressão gênica.
PCR em tempo real
Derivada da PCR convencional, a PCR em tempo real é uma inovação tecnológica e vem conquistando 
espaço nos diagnósticos clínicos e nos laboratórios de pesquisa por apresentar a capacidade de gerar 
resultados quantitativos, além de ser mais rápida e precisa, quando comparada à PCR convencional, 
que apresenta resultados qualitativos. O método original de PCR apresenta algumas limitações sérias ao 
amplificar primeiro a sequência de DNA e depois analisar o produto; a quantificação era extremamente 
difícil, uma vez que, independentemente da quantidade inicial de moléculas de DNA, ao fim de toda a 
reação, era originada essencialmente a mesma quantidade de produto. Essa limitação foi resolvida em 
1992 pelo desenvolvimento da PCR em tempo real.
143
MICROBIOLOGIA E MICOLOGIA CLÍNICA
Na PCR em tempo real, o produto formado é monitorado durante o curso da reação. A fluorescência 
de corantes ou sondas introduzidas na reação é monitorada em tempo real e é proporcional à 
quantidade de produto formado e ao número de ciclos de amplificação necessários para obter a amostra. 
A quantificação desses materiais ocorre com maior precisão e com maior reprodutibilidade, uma vez que 
os valores são determinados na fase exponencial da reação. Assumindo que a amplificação ocorra com 
eficiência, que normalmente é quase uma duplicação do número de moléculas por ciclo de amplificação, 
é possível calcular o número de moléculas de DNA da sequência amplificada que estavam inicialmente 
presentes na amostra.
A principal característica da PCR em tempo real é a sua capacidade de monitorar o progresso 
da PCR enquanto ocorre a reação, e os dados são coletados ao longo dos ciclos. A detecção da 
formação das ampliações ocorre por meio de ampliações com sistema ótico para a captação 
da fluorescência em um computador com um software para aquisição de dados e análise da 
reação. Existe grande variedade e fabricantes desses equipamentos que apresentam diferenças 
quanto à capacidade da amostra, ao método de captação da fluorescência, à sensibilidade e aos 
softwares para a análise dos dados. Os usos típicos da PCR em tempo real incluem quantificação 
e análise de patógenos (viral, bacteriana ou de protozoários), análise de expressão gênica, 
análise de polimorfismo de nucleotídeo único (SNP), análise de produtos transgênicos, análise 
de aberrações cromossômicas e, mais recentemente, também, detecção de proteínas por PCR em 
tempo real.
 Saiba mais
Os recentes surtos epidêmicos de doenças emergentes e 
reemergentes têm demonstrado a importância da aplicação de 
medidas de controle e prevenção. Para que tais medidas sejam eficazes, 
o desenvolvimento de métodos de diagnóstico acurados é essencial. 
Os métodos decorrentes do aprimoramento da biologia molecular 
e celular têm propiciado a utilização de técnicas diagnósticas que 
produzem um resultado confiável em poucos minutos ou horas. Os 
ensaios imunocromatográficos, a PCR e suas variações, a tecnologia de 
micro arranjos de DNA, a citometria de fluxo e a análise do proteoma 
constituem exemplo. Leia:
CAVALCANTI, M.; BARROS, V.; GOMER, Y. Avanços biotecnológicos 
para o diagnóstico das doenças infecciosas e parasitárias. Revista de 
Patologia Tropical, v. 37, n. 1, p. 1-14, jan.-abr. 2008. Disponível em: 
https://bit.ly/3dxjgRW. Acesso em: 1º jul. 2021.
144
Unidade III
8.3 Técnicas imunosorológicas aplicadas em virologia 
Serão descritos, a seguir, diversos métodos utilizados em imunologia clínica, que possuem 
características semelhante, como utilizar da formação do complexo antígeno-anticorpo para quantificar 
a presença de diferentes analitos. Contudo, esses métodos têm várias diferenças na sua constituição e 
finalidade do uso, por isso, para melhor entendimento de cada método e seus princípios, eles serão 
divididos em não marcados e marcados.
Os métodos não marcados são mais simples. Eles quantificam antígenos e anticorpos apenas pela 
formação dos complexos imunes. São as imunoprecipitações, as aglutinações e os ensaios líticos. Já os 
métodos marcados têm um antígeno ou anticorpo “marcado”, ou seja, que estará conjugado com uma 
molécula, o que é capaz de aumentar a sensibilidade e a visualização das reações. 
As técnicas marcadas são mais modernas e conseguem detectar menores concentrações do analito nas 
amostras. Os conjugados utilizados podem ser enzimas, isótopos radioativos ou fluoróforos. Os métodos 
são nomeados de ensaio imunoenzimático (Elisa), radioimunoensaio (RIA) e imunofluorescência (IFA).
Todas as técnicas descritas a seguir, sobretudo as técnicas marcadas, podem ser utilizadas no 
diagnóstico de inúmeras doenças de etiologia viral.
Imunoprecipitação 
As técnicas de imunoprecipitações permitem identificar e quantificar, semiquantitativamente, as 
precipitações que ocorrem com a formação de complexos imunes, que são ligações de antígenos a 
anticorpos. Nessa técnica, que foi observada pela primeira vez em 1897 por Rodolf Kraus, vai ocorrer 
a mistura de antígenos e anticorpos solúveis, que preferencialmente devem ter antígenos multivalentes 
quanto ao número de epítopos, e os anticorpos devem ser policlonais. Para anticorpos monoclonais, é 
essencial que o epítopo esteja em uma posição acessível e em grande concentração no antígeno ao qual 
o anticorpo se ligará. 
A formação dos imunocomplexos vai acontecer com uma mistura de um antígeno solúvel com um 
anticorpo, até que o número de ligação se torne grande o suficiente, e, com isso, insolúvel, que precipita. 
Os anticorpos em solução vão precipitar com a adição gradual de antígenos solúveis na mistura.
No início da adição, haverá excesso de anticorpos na reação e, com isso, as ligações em poucos 
antígenos não serão suficientes para formarem imunocomplexos para a precipitação, é a zona de 
excesso de anticorpos. Com a adição de mais antígenos, será atingida a concentração equivalente 
entre as duas moléculas, o que vai permitir a formação de complexo imune e a máxima precipitação, é 
a zona de equivalência. Contudo, quando houver o excesso de antígenos, um anticorpo ficará ligado 
em suas duas regiões Fab, não ocorrendo a formação do imunocomplexo, diminuindo a precipitação, é 
a zona de excesso de antígenos 
145
MICROBIOLOGIA E MICOLOGIA CLÍNICA
Ac ≡ Ag Excesso 
Ag
Excesso 
Ac
Concentração do analito
Im
un
op
re
ci
pi
ta
çã
o
Figura 71 – Imunoprecipitação. A adição de antígeno solúvel em uma mistura de anticorpos irá permitir a formação de 
imunocomplexos insolúveis que irão precipitar. No início, na zona de excesso de anticorpos haverá pouca precipitação. 
Na zona de equivalência, ocorre a formação de muito complexo imune, havendo muita precipitação. Na zona de 
excesso de antígeno, novamente a formação de imunocomplexo é comprometida, diminuindo a precipitação
Porém a visualização do imunoprecipitado em meio líquido é difícil, pois já há uma turvação 
e coloração natural das amostras, que é variável. Por essa razão, é uma metodologia de difícil 
padronização, mas esse inconveniente é resolvidopelas possibilidades de utilizar esse princípio nas 
técnicas de automação, que são os métodos de nefelometria e turbidimetria, muito mais sensíveis 
do que o olho humano, e são capazes de corrigir ou anular os interferentes inerentes das amostras.
Imunodifusão
As técnicas de imunodifusões são aquelas em que substâncias solúveis se difundem ao acaso em 
meios gelificados, como a agarose ou o ágar. Essas moléculas livres se movimentam até encontrarem o 
seu ligante e formarem o imunocomplexo insolúvel, que vai se precipitar no gel, ficando imobilizado, 
permitindo a visualização como uma turvação. Assim como na imunoprecipitação líquida, as 
imunodifusões possuem vários interferentes, os já citados anteriormente e, principalmente, a pureza 
dos reagentes e a distribuição homogênea dos componentes no gel. 
Existem quatro técnicas de imunodifusão:
• Simples: um componente está fixo no gel e o outro, solúvel.
• Dupla: os dois elementos são móveis e migram simultaneamente.
• Linear ou unidimensional: uma corrente elétrica direciona a migração.
• Radial: o movimento ocorre em todas as direções.
Na imunodifusão simples, descrita por Oudin em 1946, o anticorpo é adicionado na fase gelificada, 
que é sólida, em um tubo, e o antígeno é adicionado no topo da coluna. Depois, os tubos deverão ser 
vedados e mantidos em temperatura constante. Depois de aproximadamente sete dias, será possível 
146
Unidade III
observar se ocorreu a formação do imunocomplexo pela visualização de turvação. Nesses ensaios, a 
concentração de antígeno será proporcional à espessura da linha de turvação formada, assim como a 
distância percorrida pelo antígeno até a formação do imunocomplexo.
A imunodifusão simples pode ser do tipo radial, descrita em 1965 por Carbonara e Heremans. 
Nessa técnica, uma quantidade fixa de anticorpo específico é adicionada em meio, que é gelificado. 
Depois, serão realizados orifícios sobre a superfície desse gel, onde são adicionados os antígenos a serem 
testados, além de uma amostra controle com o antígeno de interesse em concentração conhecida. O 
antígeno vai se difundir no gel até encontrar com anticorpos, formando o imunocomplexo, porém, se 
uma grande quantidade de antígeno chegar à região, terá a zona de excesso de antígeno. Com isso, 
os imunocomplexos se desfazem, migram mais, encontram novos anticorpos e precipitam novamente. 
Somente quando o antígeno estiver na zona de equivalência, haverá a precipitação dos imunocomplexos 
e turvação do gel.
Ao redor do orifício, no local em que há precipitação, vai se formar um halo, que, quanto mais 
distante do centro, maior será a concentração de antígeno. É uma técnica utilizada para quantificação 
de proteínas de fase aguda e de imunoglobulinas. A sensibilidade dessa técnica é de aproximadamente 
10 μg/dl. Além disso, exige uma rigorosa padronização das condições e dos reagentes usados. Pode ser 
usada para quantificação, desde que seja realizada uma curva padrão com o antígeno controle, com a 
implementação de técnicas de automação de nefelometria e turbidimetria. O método, que demorava 
até 72 horas, pode ser realizado em alguns minutos.
Aglutinação
Os ensaios imunológicos de aglutinação partem do princípio de que é possível aglutinar partículas 
com a formação de agregados visíveis como resultado da interação de anticorpos específicos com 
partículas insolúveis, que contêm determinantes antigênicos em sua superfície. 
A aglutinação vai acontecer em dois estágios. No primeiro, uma mistura das partículas insolúveis 
recobertas pelos antígenos vai se ligar com os anticorpos. No segundo estágio, como resultado das 
colisões que ocorrem entre essas partículas, os anticorpos já ligados a uma partícula se ligam a 
determinantes antigênicos de outra, formando agregados que serão visualizados (figura seguinte). 
147
MICROBIOLOGIA E MICOLOGIA CLÍNICA
Complexo aglutinado
Látex sensibilizado 
com anticorpo
Antígeno
A)
B)
Anticorpo
Figura 72 – As duas etapas da aglutinação. Primeiro, irá ocorrer a ligação do antígeno ao anticorpo, para a posterior 
ligação entre as partículas: a aglutinação ocorre por antígeno livre (A); a aglutinação ocorre por anticorpo livre (B)
Como está ilustrado na figura anterior, a caraterística principal da aglutinação, que se diferencia da 
técnica de precipitação, é a presença de uma partícula insolúvel, que será o “suporte” para a reação. Essas 
partículas, ao se ligarem a um componente livre, que pode ser antígeno ou anticorpo, formarão uma 
rede tridimensional que aglutinará. Essas partículas insolúveis podem ser: partículas que apresentam 
antígenos naturais em sua superfície, como as hemácias, bactérias, protozoários, entre outros. Partículas 
inertes, látex, poliestirenos, cristais de colesterol. Células antigenicamente não relacionadas, às quais se 
adsorvem ou se fixam antígenos insolúveis, como hemácias e bactérias.
Vários fatores podem interferir no ensaio, por isso, é importante saber o tipo do anticorpo que 
estará presente, pois o IgM se liga muito mais facilmente aos antígenos do que o IgG. Logo, quando 
se deseja detectar apenas os IgG, será necessário utilizar reagentes que neutralizam o IgM, como o 
2-mercaptoetanol. 
As técnicas de aglutinação podem ser divididas em direta, passiva ou indireta, inibição da aglutinação 
e floculação, dependendo das etapas que ocorrem para a formação do aglutinado. 
Na aglutinação direta, são utilizadas partículas antigênicas insolúveis em sua forma íntegra ou 
fragmentada. Essas partículas podem ser hemácias, bactérias, fungos, protozoários e vírus, os quais 
possuem antígenos em sua superfície de forma natural, por isso podem ser aglutinados diretamente 
pelo anticorpo.
Para a aglutinação acontecer, é utilizado um antissoro, que é uma solução de anticorpos específicos. 
Após um período de incubação, a adição do antissoro vai permitir a formação da aglutinação completa. 
148
Unidade III
Por isso, é uma técnica de detecção de antígenos. Quando o resultado for positivo, ele geralmente é 
expresso como um título que corresponde à diluição usada do antissoro, o resultado será a máxima 
diluição em que ocorrer a aglutinação.
Em 1951, Boyden verificou que proteínas podem ser adsorvidas em hemácias quando tratadas com 
ácido tânico. Essas células poderiam aglutinar-se com anticorpos específicos, o que permitiria a detecção 
de presença de anticorpos, em uma amostra, contra antígenos. Para a realização dessa técnica, que utiliza 
a hemácia como a partícula insolúvel, a aglutinação indireta é nomeada de hemaglutinação passiva.
É uma técnica de simples execução, não exige a utilização de nenhum equipamento especial. Como 
esse método é comumente utilizado para a detecção de anticorpos de algumas doenças, como Chagas, 
toxoplasmose, entre outras, a amostra de escolha é o soro. Apesar das facilidades, é necessária, sempre, a 
realização, juntamente com o teste, de um controle positivo e um negativo, garantindo a confiabilidade 
do resultado obtido. 
O uso de diluição seriada da amostra de soro testada permite a realização de uma semiquantificação 
da presença do analito investigado, ou seja, terá como resultado um título de reação, que representa a 
diluição máxima em que há anticorpos presentes na amostra. Quanto maior a diluição em que ocorrer 
a reação positiva, maior é a concentração de anticorpos na amostra. 
Para que seja possível visualizar a reação de aglutinação, é preciso realizar o ensaio em uma placa 
própria que possui o fundo em V. Lembrando que, quando a reação de aglutinação ocorre, há a formação 
de uma rede tridimensional. O resultado positivo será visualizado como um “tapete”, já o resultado 
negativo será observado com a presença da formação de um “botão”. Esse botão nada mais é do que 
as hemácias livres que não se ligaram a anticorpos, sedimentadas no fundo do poço (figura seguinte).
Um exemplo prático da utilização da técnica de aglutinação é para o diagnóstico de diarreia e/ou 
disenteria em crianças suspeitas de infecção porrotavírus. Neste caso, colhe-se uma amostra de fezes 
contendo supostamente as partículas do vírus e, utilizando de monoclonais específicos, detecta-se por 
método de aglutinação a presença dele.
Figura 73 – Resultados da hemaglutinação. À esquerda, resultado positivo, há a formação de um tapete, no fundo do 
poço em V, devido à ligação de anticorpos nas hemácias, formando um complexo, uma rede tridimensional. À direita, 
resultado negativo, na ausência de ligação de anticorpos aos antígenos, as hemácias livres sedimentam
Adaptada de: Montassier (s.d.).
149
MICROBIOLOGIA E MICOLOGIA CLÍNICA
Por ser um teste semiquantitativo, esse método sempre é realizado com o soro diluído em diferentes 
títulos. A positivação em diferentes diluições permite dizer se há pouco ou muito anticorpo na amostra 
testada. Além disso, a diluição da amostra elimina a ocorrência do efeito prozona, que é quando o resultado 
é falsamente negativo (FN) devido à reação estar acontecendo na zona de excesso de anticorpos. Nesses 
casos, a amostra possui muitos anticorpos, mas, como todas as regiões Fab ficam ligadas por antígenos 
e vários anticorpos ficarão livres, não é possível haver a ligação entre as hemácias, consequentemente, a 
amostra que é positiva não vai formar complexo imune. A diluição do soro consegue resolver esse falso 
negativo, pois vai fazer com que a reação aconteça na zona de equivalência, em um título maior, sendo 
possível visualizar o resultado positivo 
Paciente Título1/
2
1/
16
1/
12
8
1/
10
24
1/
4
1/
32
1/
25
6
Po
s.
1/
8
1/
64
1/
51
2
N
eg
.
1 64
2 8
3 512
4 <2
5 32
6 128
7 32
8 4
Figura 74 – Título de positividade da hemaglutinação
Na figura anterior, todas as amostras estão positivas, porém a amostra que possui maior 
concentração de anticorpos é a 3, que foi positiva até o título de diluição 1/512, já a que possui 
menos concentração de anticorpos é a 8, que deu positivo apenas até a diluição 1/8. A amostra 6 
é a representação do efeito prozona, as primeiras duas diluições são falsamente negativas, por ter 
excesso de anticorpo, quando a amostra é diluída, a reação acontece na zona de equivalência e se 
torna positiva. 
A hemaglutinação indireta é usada para a detecção de anticorpos contra vários parasitas, entre eles, 
anticorpos de Trypanosoma cruzi, Toxoplasma gondii e Treponema pallidum. As hemácias utilizadas 
como suporte da reação antígeno-anticorpo são de baixo custo, fácil de serem obtidas e mantidas, 
permitem a ligação de vários antígenos e podem ser suspensas em soluções estabilizadoras que evitam 
reações inespecíficas. 
As hemácias utilizadas, preferencialmente, são de aves, e antígenos, de polissacarídeos, que se ligam 
prontamente a essas hemácias. Já os proteicos precisam de tratamento com ácido tânico ou cloreto 
de cromo. Quanto mais puros, maior a sensibilidade e especificidade do sistema, mas, mesmo com 
antígenos purificados, é necessário tratar a amostra, ou seja, o soro do paciente, com soluções que 
extinguam as IgM. Comumente, é usado o mercaptoetanol para quantificar apenas as IgG. Caso não 
150
Unidade III
haja o tratamento da amostra, será quantificado qualquer anticorpo contra o antígeno em questão, 
independentemente da classe. 
Outra aplicação de hemácia como suporte para a aglutinação é usá-las para a detecção de pequenas 
quantidades de antígenos solúveis, haptenos ou anticorpos que competem com a substância na qual 
a hemácia foi sensibilizada. É um teste de competição pelo anticorpo, no qual a reação de aglutinação 
será inibida na presença do analito na amostra, inibição da hemaglutinação passiva. A aplicação dessa 
técnica é para detectar a presença de antígenos da hepatite e da hemofilia. 
Apesar da aplicabilidade dos ensaios não marcados que foram apresentados anteriormente, 
muitas vezes, a eficácia e a confiabilidade do ensaio não podem ser asseguradas, pois nem sempre 
é possível realizar a visualização sem a ajuda de equipamentos, da formação do complexo imune 
in vitro. Porém, devido aos avanços tecnológicos pelos quais, desde 1950, é possível detectar com 
maior sensibilidade e especificidade a formação dos complexos imunes com o uso da conjugação 
de moléculas aos componentes dos testes, a detecção das reações imunológicas ficou mais fácil de 
ser mensurada. 
A conjugação é a ligação de um componente, de forma covalente, a uma molécula do teste, que 
será uma proteína, que pode ser tanto um antígeno como um anticorpo. A ligação do conjugado 
deve ser realizada de uma forma que mantenha a funcionalidade das moléculas. As moléculas que 
podem ser utilizadas como conjugados são: fluorocromos, radioisótopos, substâncias luminescentes, 
enzimas, com diferentes substratos, podendo ser fluorescente, cromogênicos ou luminescentes.
A ligação do conjugado pode ser realizada tanto em antígenos purificados como naqueles produzidos 
por recombinação genética. Já os anticorpos que serão conjugados podem ser monoclonais ou policlonais, 
independentemente de qual é a molécula que será conjugada. Quanto maior o seu grau de pureza, 
maior será a eficiência do teste em questão. Além de propiciar uma maior eficácia e confiabilidade aos 
testes, as marcações permitiram o desenvolvimento de diversos sistemas de automação.
 Lembrete
As técnicas não marcadas são tidas como menos específicas e, portanto, 
seu uso vem caindo em desuso, mas vale a pena lembrar que, ainda em 
laboratórios de pequeno porte, tais metodologias ainda são uma alternativa 
viável para que se possa dar atendimento a populações menos favorecidas.
Imunofluorescência
Os ensaios que empregam o uso de fluorocromos permitem a ligação do conjugado em antígenos 
ou em anticorpos. Essas moléculas vão emitir fluorescência quando estimuladas em um determinado 
comprimento de onda, pois a molécula fluorescente absorve uma grande quantidade de energia, 
elevando o nível de energia nos seus elétrons, que, quando retornam ao nível basal, emitem luz, a 
fluorescência, em um comprimento de onda maior. A emissão dessa luz poderá ser observada em um 
microscópio de fluorescência.
151
MICROBIOLOGIA E MICOLOGIA CLÍNICA
Por usarem fluorescência ligados a antígenos ou anticorpos, os ensaios são nomeados de 
imunofluorescência. Podem ser do método competitivo ou não competitivo, homogêneos ou 
heterogêneos ou, ainda, realizados em fase líquida ou sólida.
As técnicas de fluorescência ainda são utilizadas em laboratório de diagnóstico, contudo, vêm sendo 
substituídas pelas técnicas imunoenzimáticas, pois, para a visualização da fluorescência, é necessário 
o uso de microscópios próprios. Porém, em laboratórios de pesquisa, a imunofluorescência ainda é 
amplamente utilizada, já que permite uma grande variabilidade de aplicações para um mesmo método.
A detecção de um antígeno diretamente em uma célula ou em um tecido é realizada pelo método da 
imunofluorescência direta. A única limitação do teste é a necessidade de utilizar um anticorpo monoclonal 
conjugado para cada antígeno que se desejar detectar. A utilização de imunofluorescência direta é feita 
em: imuno-histoquímicas; pesquisa de Chlamydia trachomatis, Treponema pallidum, Legionella sp., 
Influenzavirus A, Influenzavirus B e demais vírus respiratórios, entre outros patógenos; determinação de 
subgrupos de linfócitos; presença de depósitos proteicos específicos na doença autoimune lúpus.
Já na técnica para detecção de anticorpos, na imunofluorescência indireta (IFI), serão utilizados 
anticorpos anti-imunoglobulina conjugados, nomeados de anticorpo secundário. É necessário que uma 
lâmina com os antígenos fixados previamente seja incubada com a amostra biológica, que é o soro, 
contendo uma mistura de anticorpos, porém apenas o anticorpo específico vai se ligar aos antígenos da 
lâmina. Após a incubação, será adicionado o anticorpo secundário conjugado, que se ligará na porção Fc 
do anticorpo específico que se ligou ao antígeno presente na lâmina. O conjugado estará ligado à porção 
Fc na anti-imunoglobulina,permitindo a ligação pela porção Fab. Para garantir que não haverá ligações 
inespecíficas entre anticorpos da amostra e o antígeno da lâmina, entre cada etapa do procedimento, é 
necessário realizar lavagens com soluções próprias.
Etapa 1 Etapa 2 Etapa 3 Etapa 4
Antígeno
Anticorpo
Conjugado
 
A) B) 
Figura 75 – Imunofluorescência Indireta. A amostra não possui anticorpos específicos contra o antígeno da lâmina, 
é negativa (A); a amostra possui anticorpos específicos contra os antígenos da lâmina, é positiva (B)
Fonte: TESTES... (s.d.) e Schwanke et al. (2014). 
152
Unidade III
A detecção do anticorpo específico é possível, pois, quando ele está presente na amostra, irá se 
ligar ao antígeno que foi previamente fixado em uma lâmina, para que a ligação antígeno-anticorpo 
seja visualizada, adiciona um anticorpo anti-imunoglobulina conjugado com um fluoróforo, depois, a 
imagem será visualizada no microscópio de fluorescência. 
Ensaios imunoenzimáticos (Elisa e western blotting)
O principal imunoensaio heterogênico é o Elisa (enzyme linked immunosorbent assay), que foi 
desenvolvido nos anos de 1970 e se popularizou comercialmente nos anos de 1985 com o ensaio para 
detecção de anticorpos anti-HIV. 
Esses ensaios possuem diversas apresentações, porém têm como base a imobilização de um antígeno 
ou um anticorpo em uma fase sólida e a utilização de um conjugado, que também poderá ser antígeno ou 
anticorpo ligado a uma enzima com atividade catalítica preservada. A formação de um produto 
colorido pode ser observada visivelmente ou por meio de espectrometria pela medida de absorbância. 
A observação visual permite determinar resultados qualitativos ou semiquantitativos, se houver titulação 
da amostra, já a leitura da absorbância permite a quantificação do analito.
Foi um método criado em alternativa ao radioimunoensaio. O Elisa, apesar de não detectar 
concentrações em pictogramas, possui alta sensibilidade e especificidade, é de rápida execução, baixo 
custo e altamente adaptável a diferentes graus de automação. Contudo, é sempre necessário observar 
a padronização, as condições de execução da técnica em cada etapa do teste, deve ser considerada a 
concentração ideal de cada reagente, as concentrações iônica e proteica, o pH, que podem interferir na 
eficiência do teste.
O western blotting vem sendo empregado desde 1980, mas, recentemente, foi incluída a técnica 
no diagnóstico e passou a ser vendido comercialmente. É utilizado para caracterizar antígenos, além 
de distinguir perfis de especificidades dos anticorpos. É um método qualitativo. Para a realização da 
técnica, inicialmente, deverá ser realizada uma eletroforese, que vai separar uma mistura complexa de 
proteínas, a amostra terá suas proteínas solubilizadas, desnaturadas, e as pontes dissulfetos reduzidas, 
aplicadas em um gel de poliacrilamida, no qual estará submerso em um tampão. O sistema vai ser 
submetido a uma corrente elétrica, que vai separar as proteínas pelo peso molecular. Para a desnaturação 
das proteínas e neutralização das cargas das cadeias laterais dos aminoácidos, pode ser utilizado um 
detergente, o dodecil sulfato de sódio. Quando ele é utilizado, a corrida eletroforética é nomeada de 
SDS-PAGE. Após a eletroforese, a amostra é transferida para uma membrana e ficará imobilizada, pode 
ser uma membrana de nitrocelulose ou acetato. O resultado na membrana será revelado com o uso 
de um anticorpo primário, que é específico para o antígeno, uma proteína que estava presente na 
amostra, que já está imobilizada na membrana, porém essa ligação será visualizada sem a presença de 
um revelador.
Será necessário adicionar um anticorpo secundário, uma anti-imunoglobulina, conjugado com uma 
enzima ou um radioativo ou um fluoróforo. Dependendo do conjugado, o método de revelação vai 
mudar, podendo ser o uso de substrato cromogênico ou de equipamentos que revelem a radiação ou, 
ainda, que detectem a fluorescência.
153
MICROBIOLOGIA E MICOLOGIA CLÍNICA
A metodologia de western blotting é usada na aplicação clínica, principalmente no diagnóstico do 
HIV. Além de ser um dos métodos confirmatórios de escolha, ela pode ser utilizada para determinar o 
sorotipo do vírus, diferenciando em HIV-1 e HIV-2.
Já em pesquisa científica, essa metodologia é utilizada sempre que se deseja confirmar a presença 
de uma proteína em uma amostra, podendo ter diversas aplicações. Como foi visto anteriormente, 
ela pode ser utilizada na produção de anticorpos monoclonais e também em clonagem de proteínas, 
estudos de expressão gênica, entre outros.
Posteriormente, essas técnicas serão utilizadas no diagnóstico de doenças virais, congênitas e 
autoimunes, assim como em imuno-hematologia, com a aplicação em banco de sangue. Lembrando que 
as aplicações se estendem para diversas outras patologias, e são os métodos utilizados nas sorologias. 
Além disso, podem ser utilizados com diferentes propósitos na pesquisa. Porém, antes de as aplicações 
na clínica serem descritas, será necessário entender como esses métodos são avaliados de acordo com a 
sua confiabilidade, ou seja, capacidade de acertar um resultado, e quanto a sua reprodutibilidade. 
 Observação
A técnica de Elisa, desde sua padronização e difusão, sobretudo com o 
início da pandemia de HIV, já apresentou grandes e profundas modificações. 
Sabe-se que, hoje, falamos de técnica de Elisa de quarta e até de quinta 
geração, sempre buscando um maior grau de sensibilidade e especificidade. 
Infelizmente, o custo continua elevado e, por vezes, requer de equipamentos 
nem sempre acessíveis a todo tipo de laboratório.
 Saiba mais
Quando nos dirigirmos à “testagem” para Sars-CoV-2 (covid-19), é de 
suma importância identificar o tipo de teste ao qual estamos nos referindo. 
Os testes possuem aplicações diferentes, e os resultados podem sofrer 
interferências de acordo com a metodologia de cada teste. As opções de 
testes são: os testes de RT-PCR (aqueles que pesquisam o vírus no nariz e 
orofaringe) e os testes sorológicos (aqueles que pesquisam anticorpos contra 
o vírus no sangue). Para saber mais sobre as vantagens e desvantagens de 
cada um e a importância no diagnóstico da infecção pelo Sars-CoV-2, leia: 
PROTO-SIQUEIRA, R. As diferenças entre os testes disponíveis para 
covid-19. Laboratório Antonello, maio 2020. Disponível em: https://bit.ly/3waIex2. 
Acesso em: 1º jul. 2021.
154
Unidade III
 Resumo
Nesta unidade, aprendemos mais sobre a importância clínica dos vírus, 
pudemos comprender, por exemplo, que a grande maioria das infecções 
virais são subclínicas e podem ser, por vezes, superestimadas. Entendemos 
que o diagnóstico de uma infecção requer muito conhecimento e habilidade, 
além do dominio de técnicas clássicas em virología, bem como interface 
com as áreas de biologia molecular e imunologia.
Reconhecemos as principais infecções virais que atingem a seres 
humanos e vimos um pouco sobre o impacto da pandemia de Sars-CoV-2 
na população mundial.
Entendemos que o tratamento de infecções virais requer muito 
conhecimento sobre a clínica do paciente. A melhor forma de se prevenir 
contra uma infecção viral é por meio da vacinação. Sobre esse tema, 
abordamos os diferentes tipos de vacinas, suas vantagens e desvantagens.
 Exercícios
Questão 1. Leia o texto a seguir.
“A pandemia de covid-19 tem nas vacinas a esperança mais promissora e ansiosamente esperada. 
Uma vacina eficaz será crucial para controlar a pandemia, que já acometeu cerca de trinta e um milhões 
de indivíduos em todo o mundo e matou um milhão de pessoas. A garantia de imunidade nos permitirá 
menor preocupação com o distanciamento social e todas as suas grandes implicações socioeconômicas.
A sequência genética do vírus divulgada precocemente em 11 de janeiro de 2020 desencadeou 
intensa atividade global de pesquisa para desenvolver uma vacina contra a doença. A escala do impacto 
humanitário e econômico da pandemia de covid-19 impulsionou a utilização de novas plataformas de 
tecnologia

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