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Teoria Geral do Direito Civil

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PESSOA E RELEVÂNCIA DA
PERSONALIDADE
ANDREA ZANETTI
Agenda
Pessoa
Personalidade jurídica
Personalidade jurídica e capacidade
Início da personalidade jurídica 
A proteção do nascituro
Qual a tutela jurídica para o embrião não 
implantado?
Pessoa no contexto jurídico
Tradicionalmente, aponta-se como não apenas a pessoa natural (ser humano), mas
também a pessoa jurídica ou moral formada pelo agrupamento humano em torno de um interesse
comum (MONTEIRO, 2012, p. 72).
Assim, quanto às espécies de pessoas no direito civil, temos a seguinte divisão: 
1 pessoas físicas, constituídas pelo indivíduo singular, ou seja, o ser humano
pessoas jurídicas constituídas pelo agrupamento de pessoas na forma 
determinada pelo Código Civil (art. 44, CC).
Pessoa e Personalidade
A pessoa é o sujeito de direito, destinatária:
Deveres jurídicos
Cumprir determinações da norma jurídica
Pretensão (Windscheid) 
direito subjetivo: exigir uma ação ou abstenção de outrem.
Pessoa natural ou física: 
Três princípios fundamentais (AMARAL, 2017, p. 322):
(a)todo ser humano é pessoa, pelo simples fato de existir, e por isso é capaz de direitos e
deveres na ordem civil (CC, art. 1º);
(b)todos têm a mesma personalidade porque todos têm a mesma aptidão para a titularidade
de relações jurídicas; e
(c) ela é irrenunciável.
O conceito de personalidade jurídica está vinculado à pessoa, é um atributo do jurídico, que
reconhece seu papel social como sujeito de direitos e obrigações. A pessoa no contexto jurídico
é a potencialidade de desempenhar funções: cônjuge, filho, credor, devedor, avalista,
inventariante, tutelado, curadora, representante (AMARAL, 2017, p. 320).
Personalidade jurídica e Capacidade jurídica 
Cf. MOREIRA ALVES, v. 1, 1983, p. 115; e GOMES, 2019, p. 125.
Personalidade jurídica Capacidade jurídica 
Potencialidade de adquirir
Direitos ou contrair obrigações
É considerado por si só um valor
Limite dessa potencialidade.
Considera diferentes graus e 
perspectivas (absolutamente 
incapaz, relativamente capaz e 
capaz)
Extensão do valor
Noções Introdutórias do Código Civil
Art. 1.º Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil. (Personalidade)
Art. 2.º A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo,
desde a concepção, os direitos do nascituro. (Início)
Art. 3.º São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16
(dezesseis) anos.
Art. 4.º São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer:
I os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
II os ébrios habituais e os viciados em tóxico;
III aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade;
IV os pródigos.
Parágrafo único. A capacidade dos indígenas será regulada por legislação especial.
Início da personalidade civil 
Nascimento com vida: no momento da separação do ventre materno e primeira 
respiração, inicia-se a personalidade jurídica do recém-nascido (art. 2º, CC semelhanças 
com o Código suíço e Código Civil italiano) 
Mas qual o tratamento jurídico que o Código Civil dá ao nascituro, ao embrião?
Expressão: mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.
O início da personalidade civil se dá a partir do nascimento com vida. Sobre essa questão
existem três correntes:
1. Teoria natalista, na linha apresentada (Caio Mário da Silva Pereira, Silvio Rodrigues, Arnoldo Wald): não há
reconhecimento da personalidade ao nascituro, nem se admite que seja sujeito de direito.
2. Teoria da personalidade condicional (Washington de Barros Monteiro): a Lei não pode ignorar o nascituro,
a personalidade jurídica está sob condição suspensiva, ou seja, o nascimento com vida. O feto tem
expectativa de vida humana (MONTEIRO, 2012, p. 76).
3. Teoria concepcionista (Teixeira de Freitas, Francisco Amaral e Silmara Chinelato e Almeida): há a presença
de personalidade desde a concepção, pois há tutela jurídica dos interesses do nascituro, existem direitos que
lhe são assegurados.
Visão e discussão no regime jurídico
italiano (apontamentos da doutrina)
O ordenamento reconhece o nascituro como titular de interesses merecedores de
tutela. A personalidade provisória torna-se definitiva a partir do nascimento com vida
(BIANCA, 1976, p. 203).
O sujeito não é elemento essencial para a existência da situação, podendo existir
interesses e, portanto, situações que são tutelados pelo ordenamento apesar de não
terem ainda um titular. O exemplo dado pelo autor é exatamente o caso de doação a
nascituro. Aqui existe um interesse tutelado, mas não há o sujeito do interesse
(PERLINGIERI, 1999, p. 106.)
A proteção do nascituro
O Código Civil tutela a vida intrauterina (nascituro): 
Correspondência com as normas constitucionais: art 1º da CF e art. 5º, caput, da CF
Possibilidade de nomeação de curador, caso o pai tenha falecido e a mãe, grávida, 
não tenha condições de exercer o poder familiar (art. 1.779 do CC)
Possibilidade de reconhecimento voluntário da filiação pelo pai (art. 1.609, 
parágrafo único)
Poderá ser o destinatário de doação (art. 542 do CC) 
A proteção do nascituro
O Código Civil tutela a vida intrauterina (nascituro): 
Contemplado em testamento (art. 1.798 CC)
Direito à assistência pré-natal (art. 8º do ECA)
Ser indicado como beneficiário do seguro (art. 789 do CC)
Titularidade para pleitear alimentos gravídicos (Lei 11.804/2008)
Trecho de ementa:
CÍVEL COBRANÇA DE SEGURO CONTROVÉRSIA RECURSAL ADSTRITA AO RATEIO DO CAPITAL
ESTIPULADO E AOS CONSECTÁRIOS MORATÓRIOS SEGURO DE VIDA ENTABULADO SEM PREVISÃO DE
BENEFICIÁRIO (CCB, ART. 792) TUTELA JURÍDICA DO NASCITURO (CCB, ART. 2º, ) ( ) , PARA ALGUNS, O NASCITURO
AINDA QUE NÃO DISPONHA DE PERSONALIDADE JURÍDICA, OU, PARA OUTROS, DE UMA PERSONALIDADE JURÍDICA
PLENA, NADA OBSTA LHE SEJAM GARANTIDAS DETERMINADAS POSIÇÕES OU SITUAÇÕES JURÍDICAS VANTAJOSAS
EM RELAÇÃO AOS DIREITOS DE CUNHO PATRIMONIAL, QUE PODERÃO, MAIS TARDE, CASO NASÇA COM VIDA,
INCORPORAR-SE A SEU PATRIMÔNIO Grifamos
e dentre essas posições e situações jurídicas vantajosas admite-se a indicação do nascituro como beneficiário do seguro
de vida, conforme a ordem de vocação hereditária no caso do seguro de vida No caso concreto, nascida a filha com
vida, ela receberá parte do valor da indenização securitária em paridade de condições com sua mãe e companheira do
segurado (...).
Continuação
(TJPR - 10ª C.Cível - 0006215-41.2012.8.16.0069 - Rel.: DESEMBARGADOR DOMINGOS THADEU RIBEIRO 
DA FONSECA - J. 14.02.2019)
Continuação
(...)
1. Ao prever que, à míngua de uma estipulação (válida) de beneficiário, o capital segurado deverá ser pago
metade ao cônjuge ou companheiro e metade herdeiros do segurado, obedecida a ordem da vocação
(CCB, art. 792), a norma, de maneira alguma, exclui dessa partilha os filhos ainda não nascidos ao
tempo do sinistro, a quem o Direito garante não só a legitimidade de suceder (CCB, art. 1.798), mas também a
aptidão genérica de figurar como beneficiário de um seguro de convicção do intérprete da norma sobre a
concepção adotada pelo Direito pátrio para o início da personalidade pessoa. 2. Qualquer seja a convicção do
intérprete da norma sobre a concepção adotada pelo Direito pátrio para o início da personalidade natural .... poderá,
nunca, colidir com a regra segundo a qual a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro (CCB, art.
2º). . grifamos
(TJPR - 10ª C.Cível - 0006215-41.2012.8.16.0069 - Cianorte - Rel.: DESEMBARGADOR DOMINGOS THADEU RIBEIRO DA 
FONSECA - J. 14.02.2019)
Destaque para a teoria concepcionista - situação jurídica do nascituro
DIREITO CIVIL. ACIDENTE AUTOMOBILÍSTICO. ABORTO. AÇÃO DE COBRANÇA. SEGURO OBRIGATÓRIO. DPVAT.
PROCEDÊNCIA DO PEDIDO. ENQUADRAMENTO JURÍDICO DO NASCITURO. ART. 2º DO CÓDIGO CIVIL DE 2002.
EXEGESE SISTEMÁTICA. ORDENAMENTO JURÍDICO QUE ACENTUA A CONDIÇÃO DE PESSOA DO NASCITURO. VIDA
INTRAUTERINA. PERECIMENTO. INDENIZAÇÃO DEVIDA. ART. 3º, INCISO I, DA LEI N. 6.194/1974. INCIDÊNCIA.1. A despeito da literalidade do art. 2º do Código Civil - que condiciona a aquisição de personalidade jurídica ao
nascimento -, o ordenamento jurídico pátrio aponta sinais de que não há essa indissolúvel vinculação entre o
nascimento com vida e o conceito de pessoa, de personalidade jurídica e de titularização de direitos, como pode
aparentar a leitura mais simplificada da lei.
.. CONTINUAÇÃO
(STJ, REsp n. 1.415.727/SC, relator Ministro Luis Felipe Salomão, Quarta Turma, julgado em 4/9/2014, DJe de
29/9/2014.)
2. Entre outros, registram-se como indicativos de que o direito brasileiro confere ao nascituro a condição de pessoa, titular de
direitos: exegese sistemática dos arts. 1º, 2º, 6º e 45, caput, do Código Civil; direito do nascituro de receber doação, herança e de
ser curatelado (arts. 542, 1.779 e 1.798 do Código Civil); a especial proteção conferida à gestante, assegurando-se-lhe
atendimento pré-natal (art. 8º do ECA, o qual, ao fim e ao cabo, visa a garantir o direito à vida e à saúde do nascituro); alimentos
gravídicos, cuja titularidade é, na verdade, do nascituro e não da mãe (Lei n. 11.804/2008); no direito penal a condição de pessoa
viva do nascituro - embora não nascida - é afirmada sem a menor cerimônia, pois o crime de aborto (arts. 124 a 127 do CP) sempre
esteve alocado no título referente a "crimes contra a pessoa" e especificamente no capítulo "dos crimes contra a vida" - tutela da
vida humana em formação, a chamada vida intrauterina (MIRABETE, Julio Fabbrini. Manual de direito penal, volume II. 25 ed. São
Paulo: Atlas, 2007, p. 62-63; NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de direito penal. 8 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2012, p.
658)
3. As teorias mais restritivas dos direitos do nascituro - natalista e da personalidade condicional - fincam raízes na ordem
jurídica superada pela Constituição Federal de 1988 e pelo Código Civil de 2002. O paradigma no qual foram edificadas
transitava, essencialmente, dentro da órbita dos direitos patrimoniais. Porém, atualmente isso não mais se sustenta.
Reconhecem-se, corriqueiramente, amplos catálogos de direitos não patrimoniais ou de bens imateriais da pessoa - como a
honra, o nome, imagem, integridade moral e psíquica, entre outros.
(STJ, REsp n. 1.415.727/SC, relator Ministro Luis Felipe Salomão, Quarta Turma, julgado em 4/9/2014, DJe de 29/9/2014.)
4. Ademais, hoje, mesmo que se adote qualquer das outras duas teorias restritivas, há de se reconhecer a
titularidade de direitos da personalidade a garantir ao nascituro expectativas de direitos, ou mesmo direitos
condicionados ao nascimento, só faz sentido se lhe for garantido também o direito de nascer, o direito à vida, que
é direito pressuposto a todos os demais.
5. Portanto, é procedente o pedido de indenização referente ao seguro DPVAT, com base no que dispõe o art. 3º da
Lei n. 6.194/1974.
Se o preceito legal garante indenização por morte, o aborto causado pelo acidente subsume-se à perfeição ao
comando normativo, haja vista que outra coisa não ocorreu, senão a morte do nascituro, ou o perecimento de
uma vida intrauterina.
6. Recurso especial provido.
(STJ, REsp n. 1.415.727/SC, relator Ministro Luis Felipe Salomão, Quarta Turma, julgado em 4/9/2014, DJe de
29/9/2014.)
Origem: 1º Câmara do Tribunal de Justiça do Estado do Acre (2017/0015756-6) responsabilidade objetiva do 
Estado pela morte de nascitura.
Dever do ofensor ao pagamento de despesas do funeral e alimentos aos genitores vulneráveis (condição de 
baixa renda) pela duração provável da vida da vítima (nascituro) na forma do art. 948, CC . 
Art. 948, CC. No caso de homicídio, a indenização consiste, sem excluir outras reparações:
I - no pagamento das despesas com o tratamento da vítima, seu funeral e o luto da família;
II - na prestação de alimentos às pessoas a quem o morto os devia, levando-se em conta a duração provável da vida
da vítima.
Cf. STJ, EDcl no AgInt no REsp nº 1.653.692/AC, relatora Ministra Regina Helena Costa, Primeira Turma, julgado em
8/6/2021, DJe de 11/6/2021.)
E QUAL A TUTELA PARA O EMBRIÃO NÃO IMPLANTADO?
Como já afirmei, nascituro é aquele que está por nascer, já concebido. No terceiro milênio, a quarta era dos direitos,
caracterizada pelos avanços da Biomedicina, da Genética e das Telecomunicações, a dúvida é se o conceito pode se
estender ao nascituro concebido in vitro, isto é, fora do ventre materno (....)
No meu modo de ver, o conceito amplo de o que há de nascer pode abarcar tanto o implantado como
o embrião pré-implantatório. Como é possível conferir-se herança e doação até à prole eventual prole não gerada
e que talvez nem o seja pode-se também conferi-las ao embrião pré-implantatório, bastando que seja identificado,
o que se dá pela identificação dos doadores dos gametas. (CHINELLATO, 2007, p. 90)
* Contempla: embrião implantado e não implantado (in vitro).
Lei de biossegurança ( Lei 11.105/2005)
Art. 5o É permitida, para fins de pesquisa e terapia, a utilização de células-tronco embrionárias obtidas 
de embriões humanos produzidos por fertilização in vitro e não utilizados no respectivo procedimento, 
atendidas as seguintes condições:
I - sejam embriões inviáveis; ou
II - sejam embriões congelados há 3 (três) anos ou mais, na data da publicação desta Lei, ou que, 
já congelados na data da publicação desta Lei, depois de completarem 3 (três) anos, contados a partir da 
data de congelamento.
§ 1o Em qualquer caso, é necessário o consentimento dos genitores.
Obs. § 2o Instituições de pesquisa e serviços de saúde - devem submeter seus projetos à apreciação e 
aprovação dos respectivos comitês de ética em pesquisa e § 3o É vedada a comercialização do material 
biológico
Trecho da ementa
legislação ordinária. A potencialidade de algo para se tornar pessoa humana já é meritória o bastante para 
acobertá-la, infraconstitucionalmente, contra tentativas levianas ou frívolas de obstar sua natural continuidade 
fisiológica. Mas as três realidades não se confundem: o embrião é o embrião, o feto é o feto e a pessoa 
humana é a pessoa humana. Donde não existir pessoa humana embrionária, mas embrião de pessoa 
humana. O embrião referido na Lei de Biossegurança ( "in vitro" apenas) não é uma vida a caminho de 
outra vida virginalmente nova, porquanto lhe faltam possibilidades de ganhar as primeiras terminações 
nervosas, sem as quais o ser humano não tem factibilidade como projeto de vida autônoma e irrepetível. 
O Direito infraconstitucional protege por modo variado cada etapa do desenvolvimento biológico do ser 
humano. Os momentos da vida humana anteriores ao nascimento devem ser objeto de proteção pelo 
direito comum. O embrião pré-implanto é um bem a ser protegido, mas não uma pessoa no sentido 
biográfico a que se refere a Constituição. (STF, ADI 3510, Tribunal Pleno, Relator Ayres Britto, j. 29/05/2008, 
publicação 28/05/2008)
Reflexões
Como fica a tutela dos embriões não 
implantados diante do divórcio do casal?
Há a necessidade de criação de um Estatuto 
do Embrião?
Reflexões
...] a utilização da engenharia genética para produzir bebês sob encomenda
deve sofrer certa moderação para que se evite o uso descontrolado da vida
humana incipiente, evitando-se que o progresso da biomedicina represente
um episódio da erosão de nossas sensibilidades humanas [...];
[...] já é hora do Congresso implementar o Estatuto do Embrião, para, dentre
outras, pacificarmos questões como, qual dos progenitores poderá encerrar a
vida humana incipiente e, em quais condições, bem como a colisão do
consentimento do eventual com a denegação por parte da mulher que
não quer se tornar mãe dos embriões (ROSENVALD, 2006).
AMARAL, Francisco. Direito civil: introdução. 9. ed. rev., modif. e ampl. São Paulo: Saraiva, 2017.
BIANCA, C. Massimo. Diritto civile, I. Milano: Giuffrè, 1976.
CHINELLATO, Silmara Juny de Abreu. A pessoa natural na quarta era dos direitos: o nascituro e o embrião pré-
implantatório. Revista Brasileira de Direito Comparado, Instituto de Direito ComparadoLuso-Brasileiro ,n. 32, p. 81-
129, 2007.
DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro: teoria geral do direito civil. 29. ed. São Paulo: Saraiva, 2012. v. 1.
GOMES, Orlando. Introdução ao direito civil. Coordenador e atualizador Edvaldo Brito; atualizadora Reginalda Paranhos 
de Brito. 22. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2019.
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro: parte geral. 20. ed. São Paulo : SaraivaJur, 2022.
Referências
LOTUFO, Renan. Código Civil comentado: parte geral. São Paulo: Saraiva, 2004. v. 1.
MALUF, Adriana Caldas do Rego Freitas Dabus; CORREIA, Atalá; CAPUCHO, Fábio Jun. Direitos da personalidade: a 
contribuição de Silmara J. A. Chinellato. Barueri: Manole, 2019.
MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de direito civil: parte geral. 44. ed. São Paulo: Saraiva, 2012. 
MOREIRA ALVES, José Carlos. Direito Romano, Rio de Janeiro: Forense, 5ª ed. Vol. 1, 1983
PERLINGIERI, Pietro. Perfis do direito civil: introdução ao direito civil constitucional. Tradução Maria Cristina De Cicco. 
Rio de Janeiro: Renovar, 1999.
ROSENVALD, Nelson. Os embriões de Sofia Vergara. 22 dez. 2006. Disponível em 
https://ibdfam.org.br/artigos/1185/Os+embri%C3%B5es+de+Sofia+Vergara. Acesso em: 1º out. 2020.
TARTUCE, Flávio. Direito civil: lei de introdução e parte geral. Rio de Janeiro: Forense, 2021. 
TEPEDINO, Gustavo; OLIVA, Milena Donato. Teoria geral do direito civil. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2021.
Referências
AULA 2
DIFERENÇAS DA PERSONALIDADE CIVIL E
DA CAPACIDADE CIVIL
Agenda
Personalidade jurídica e Capacidade civil 
diferenças
Extensão abstrata e concreta
Reestruturação do regime das incapacidades
Cessação da incapacidade
Emancipação
Síntese da estruturação das incapacidades na 
atualidade (Lei 13.416/2015
Noções Introdutórias
Art. 1.º Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil.
Art. 2.º A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a
concepção, os direitos do nascituro.
Art. 3.º São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16
(dezesseis) anos.
Art. 4.º São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer:
I os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
II os ébrios habituais e os viciados em tóxico;
III aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade;
IV os pródigos.
Parágrafo único. A capacidade dos indígenas será regulada por legislação especial.
Lei 13.416/2015 (Estatuto da Pessoa com Deficiência Reformulação da teoria das incapacidades 
no Código Civil alinhado ao princípio constitucional da dignidade humana)
Capacidade Civil
Art. 1.º do CC personalidade jurídica
Atribui a todo ser humano, bem como a determinados entes por ele criados (a exemplo das 
associações, fundações, sociedades), a possibilidade de ser sujeito de direito, ou seja, o poder de 
ser titular de direitos e obrigações na ordem civil (Código Civil, art. 1.º).
Art. 2.º do CC absolutamente incapazes (capacidade) 
Art. 3.º do CC relativamente incapazes (capacidade)
A capacidade civil projeta-se na personalidade jurídica, conferindo a extensão ou graus dos
e inerentes a cada pessoa no ordenamento jurídico, em especial no contexto
civil. Essa extensão ou grau considera determinado momento da vida da pessoa, logo, podem ser
revistos a qualquer momento conforme a condição daquela pessoa se altere por fatores internos,
como atingir determinada idade, ou externos como a dependência química que
comprovadamente impossibilite a pessoa de gerir seus próprios bens (MELLO, 2019, p. 66).
Capacidade de direito: inerente à personalidade, comum a todo indivíduo.
Capacidade de fato: é o exercício de atos na vida civil.
Extensão abstrata da Capacidade
Capacidade de 
Direito 
Capacidade de fato 
ou de exercício
Capacidade Civil 
Plena
Extensão concreta da capacidade civil
A capacidade civil plena considera, portanto, a capacidade jurídica na
proporcionalidade da capacidade de fato ou de exercício
É a possibilidade de agir de modo consciente, atuando segundo sua
experiência de vida, sua idade, seu estado de saúde físico e mental
(PASSARELLI, 1967, p. 17).
Capacidade civil: é o sopesar da capacidade jurídica e da capacidade de
exercício ou de fato (extensão concreta).
Reestruturação do regime das incapacidades
O regime das incapacidades foi formulado no Código Civil com intenção de proteger o 
incapaz, sobremodo, nas relações negociais.
Contudo, não é possível estender essa compreensão a questões existenciais, às
manifestações do direito da personalidade.
Além disso, a compreensão da incapacidade, presente no Código Civil, antes das
alterações dadas pela Lei 13.416/2015, levava a uma proteção abstrata e pouco flexível,
que impossibilitava a modulação para cada caso concreto.
PRINCÍPIO DA PREPONDERÂNCIA DA TUTELA DO INCAPAZ 
(PONTES DE MIRANDA, t. IV, § 386, 2)
Indicação da extensão da incapacidade (casuística)
Agravo de instrumento. Ação de interdição c.c pedido de curatela provisória promovida por filha em
face de genitor. Decisão indeferiu pedido de nomeação de curador provisório. Requisitos do artigo
300, do CPC preenchidos. Estado de saúde do agravado aliado à dilapidação patrimonial, admitem a
concessão da tutela de urgência. Prova pericial médica indicativa de doença mental que o torna
"limitado para atos complexos da vida privada e atos complexos da vida civil, atos para os quais
necessita de representação, frente até o comportamento pródigo". Aconselhável a nomeação de
curador especial para atos de administração patrimonial, sujeito à prestação de contas. Agravo
provido. TJSP; Agravo de Instrumento 2144279-84.2019.8.26.0000; Relator (a): Edson Luiz de
Queiróz; Órgão Julgador: 9ª Câmara de Direito Privado; Data do Julgamento: 10/12/2019; Data de
Registro: 11/12/2019
Indicação da extensão da incapacidade (casuística)
APELAÇÃO CÍVEL Interdição Ação proposta por mãe em face do filho, dependente químico -
Insurgência da autora contra sentença de improcedência Acolhimento Réu com histórico de
comportamento agressivo, tentativas de suicídio e de uso abusivo de drogas, com episódios diversos de
internação Em ação de internação compulsória, consta prova de que o réu foi diagnosticado com CID
F.19.5 ("transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de múltiplas drogas e ao uso de outras
substâncias psicoativas - transtorno psicótico") e F19.2 ("transtornos mentais e comportamentais devidos
ao uso de múltiplas drogas e ao uso de outras substancias psicoativas síndrome de dependência") -
Evidente comprometimento da capacidade civil do réu que, em decorrência do diagnóstico apresentado,
não possui condições de gerir a própria vida e, além de colocar-se em risco grave, também põe em risco
os próprios familiares e toda a sociedade - Modificação substancial da teoria da incapacidade disciplinada
no Código Civil com a vigência da Lei n. 13.146/15 Incapacidade absoluta que se limita ao critério etário
Continua .
TJSP; Apelação Cível 1002185-60.2018.8.26.0358; Relator (a): Rodolfo Pellizari; Órgão Julgador: 6ª Câmara de Direito
Privado; Data do Julgamento: 22/07/2020; Data de Registro: 23/07/2020.
Indicação da extensão da incapacidade (casuística)
Continuação
curatela que devem ser definidos de acordo com o caso concreto e a fim de preservar os interesses e a dignidade do
interditando Caso em que o curador deve também ter gerência sobre questões relacionadas à saúde do
curatelado Incapacidade do curatelado que é relativa, nos termos do art. 4º, III, do Código Civil, e restrita à prática
de atos da vida civil de natureza patrimonial e negocial, como emprestar, transigir, dar quitação, alienar, hipotecar,
demandar ou ser demandado, e praticar, em geral, os atos de administração, bem como atos relacionados à sua
saúde, como submissão a tratamentos médicos e medicamentosos prescritos por profissional competente e
necessários à preservação da higidez de sua condição física e psíquica - Sentença reformada RECURSOPROVIDO.
TJSP; Apelação Cível 1002185-60.2018.8.26.0358; Relator (a): Rodolfo Pellizari; Órgão Julgador: 6ª Câmara de
Direito Privado; Data do Julgamento: 22/07/2020; Data de Registro: 23/07/2020.
Absolutamente incapazes
Em razão da idade, são apenas os menores de 16 anos. 
Possuem capacidade de direito, mas não capacidade de fato. Não conseguem exercer 
pessoalmente os atos na vida civil, necessitando que o representante legal (pais, tutora ou 
tutor) realize os atos necessários em seu nome e segundo seu interesse (art. 2.º, CC).
Eis a razão pela qual o negócio jurídico com absolutamente incapaz acarreta a nulidade 
absoluta (art. 169, CC).
Isso quer dizer que, mesmo quando a pessoa completar 18 anos, não será possível 
convalidação. 
Será necessário, a partir da maior idade, realizar novamente o negócio jurídico. Sem 
possibilidade de convalidação do negócio.
Apelação cível. Ação declaratória de nulidade c/c indenização por danos morais e obrigação de fazer
contrato. Nota de crédito comercial. Negócio jurídico realizado com absolutamente incapaz. Ato
insuscetível de convalidação. Negativação nome menor. Danos morais configurado. Quantum
indenizatório mantido. 1. O artigo 3.º do Código Civil considera o menor de dezesseis anos absolutamente
incapaz de exercer pessoalmente os atos da vida civil. Assim, por violar preceito de ordem pública, a lei
civil não permite convalidação de ato envolvendo bens de menor impúbere, sem a devida autorização
judicial, oportunidade em que deve ser declarado nulo o negócio jurídico. 2. O abalo moral sofrido pelo
autor/apelado é patente ante a negativação de seu nome nos cadastros de proteção ao crédito, face a
nulidade do aval por ele prestado. 3. Quantum indenizatório a título de danos morais mantido, porquanto
fixado em observância às peculiaridades do caso e com o fim de assegurar o caráter repressivo e
pedagógico da indenização, sem constituir enriquecimento indevido da parte autora. Recurso conhecido e
improvido (TJGO, Agravo provido, Apel. 0003459-85.2016.8.09.0175, Des. Amaral Wilson de Oliveira, DJ
28.06.2018. Disponível em: www.tjgo.jus.br. Acesso em: 20 jan. 2022).
Incapacidade Relativa
Podem praticar alguns atos da vida civil pessoalmente; em outros, será necessária a
assistência.
Art. 4.º do CC, com as alterações da Lei 13.416/2015.
Em razão da:
Idade os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos, serão assistidos e
Condição específica os ébrios habituais e os viciados em tóxico; aqueles que, por
causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade; os pródigos
(nestes casos sujeitos à curatela art. 1.767 do CC).
Incapacidade Relativa 
A realização de negócio jurídico com relativamente incapaz acarreta a nulidade relativa
(anulabilidade).
Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio jurídico:
I por incapacidade relativa do agente.
*Permite convalidação quando o relativamente incapaz atingir a maioridade civil ou a 
partir da manifestação do representante do assistido, mesmo posterior à realização do ato.
Reflexão
É anulável o negócio jurídico sem a assinatura do assistente, mas o que 
ocorre na situação inversa, quando há apenas a assinatura do 
assistente?
Não se pode desconsiderar a vontade do assistido 
DECLARATÓRIA DE VALIDADE DE NEGÓCIO JURÍDICO Cessão de direitos econômicos
sobre transferência de atleta profissional de futebol Contratação realizada mediante
assinaturas falsas Fraude constatada - Nulidade do negócio bem decretada Ausência de
manifestação de vontade do menor relativamente incapaz Assinatura do representante
legal que não convalida o ato Restituição de valores devida - Ato ilícito configurado
Possibilidade da pessoa jurídica sofrer dano moral indenizável, a teor da Súmula 227 do C.
STJ Fixação em R$ 20.000,00 - Sentença, em parte, reformada para esse fim Recurso
parcialmente provido (TJSP, 10.ª Câmara de Direito Privado, Apelação Cível 1035016-
38.2013.8.26.0100, Rel. Elcio Trujillo, j. 28.08.2018, data de registro: 29.08.2018). Disponível em:
www.tjsp.jus.br.
Trecho da fundamentação do acórdão
Embora fosse menor relativamente incapaz, havendo necessidade de ser assistido por um
representante legal, não há como suprir a própria vontade do interessado, pois a assistência de
qualquer dos genitores serve apenas para confirmação da vontade do menor assistido (TJSP, 10.ª
Câmara de Direito Privado, Apelação Cível 1035016-38.2013.8.26.0100, Rel. Elcio Trujillo, j.
28.08.2018, data de registro: 29.08.2018). Disponível em: www.tjsp.jus.br.
Obs. No caso, o menor entre 16 e 18 anos teve sua assinatura falsificada (fraude) e apenas o genitor
assinou o contrato de cessão de direitos econômicos sobre transferência de atleta profissional de
futebol.
Efeitos da inobservância do regime das incapacidades
Relativamente incapazes
Há prazo decadencial
Art. 178. É de quatro anos o prazo de decadência
para pleitear-se a anulação do negócio jurídico,
contado:
I no caso de coação, do dia em que ela cessar;
II no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de
perigo ou lesão, do dia em que se realizou o negócio
jurídico;
III no de atos de incapazes, do dia em que cessar a
incapacidade.
Absolutamente incapazes
Norma de ordem pública
Ofendem preceitos de ordem pública
Sentença de natureza declaratória (imprescritível)
Não há prazo decadencial 
Não admite confirmação (art. 169 do CC)
Incapacidade relativa 
Exceção à invocação da incapacidade relativa
Art. 180 do CC.
O menor, entre dezesseis e dezoito anos, não pode, para eximir-se de uma obrigação, invocar a sua
idade se dolosamente a ocultou quando inquirido pela outra parte, ou se, no ato de obrigar-se,
declarou-se maior.
O dolo nunca é prestigiado no direito, mesmo quando originário de quem é reputado relativamente
incapaz, por isso o artigo veda a arguição de anulabilidade pelo próprio relativamente incapaz, ou seja,
pelo menor ente 16 e18 anos, que ocultou tal fato quando da realização do negócio, mesmo tendo
sido inquirido sobre sua verdadeira idade e situação jurídica. Como se referia Clóvis Bevilaqua:
supplet (a malícia super a (LOTUFO, 2004, p. 487-488).
Cessação da incapacidade
Idade: maioridade (18 anos art. 5.º do CC) e emancipação (parágrafo único, art. 5.º, I a 
V, do CC).
Resolução da condição determinante da relativa incapacidade: como tratamento e 
reabilitação no caso do dependente químico ou solução da situação que impossibilitava 
a pessoa de exprimir sua vontade, em qualquer situação.
A curatela, no caso dos pródigos, ébrios habituais, viciados em tóxico e aqueles que, por 
causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade, deve ser 
compreendida como medida excepcional e transitória.
Revisão da curatela
CURATELA. Levantamento. Admissibilidade. Cessação da incapacidade do curatelado para gerir seus
bens e interesses patrimoniais. Disciplina das capacidades no Código Civil, calcada na ideia de
discernimento, alterada pelo art. 114 do Estatuto da Pessoa com Deficiência. Medida de natureza
extraordinária. Laudo pericial conclusivo no sentido da reabilitação do curatelado, dependente
químico de álcool. Curatelado atualmente mora sozinho e não apresenta mais surtos oriundos da
dependência química. Manutenção da curatela que não apresenta benefícios e compromete a procura
por emprego e inclusão social. Sentença mantida. Recurso improvido. TJSP; Apelação Cível 0026150-
25.2011.8.26.0554; Relator (a): Francisco Loureiro; Órgão Julgador: 1ª Câmara de Direito Privado; Foro
de Santo André - 3ª Vara de Família e Sucessões; Data do Julgamento: 18/03/2021; Data de Registro:
18/03/2021
Emancipação parágrafo único, art. 5.º, I a V
Emancipação Judicial: depende de sentença judicial. É o caso específico do menor sob tutela que completou 16 
anos de idade.
Emancipação Legal:
1. Casamento: leva ao fim da incapacidade civil pela constituição da família.
2. Exercício de emprego público efetivo: daqui serão excluídos aqueles interinos, contratados, diaristas, 
mensalistas,entre outros, uma vez que o Poder Público reconhece a maturidade do indivíduo para representá-lo.
3. Colação de grau
4. Estabelecimento civil ou comercial 
Emancipação Voluntária: é um ato unilateral (escritura pública e prescinde de homologação judicial) dos pais 
(titularidade do poder familiar) que reconhecem a desnecessidade de proteção do Estado ao relativamente 
incapaz, tendo a pessoa maturidade para administrar seus bens e ela mesma. Todavia, tal ato não é capaz de 
excluir a responsabilidade dos pais diante de ilícitos praticados pelo menor emancipado.
Demonstram a maturidade do menor e a subordinação aos
pais poderia acarretar dificuldades ao negócio jurídico.
Emancipação voluntária limites
AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. ATROPELAMENTO. LESÕES CORPORAIS. 
INCAPACIDADE. DEVER DE INDENIZAR. REEXAME DE MATÉRIA DE FATO. REVISÃO DO VALOR DA INDENIZAÇÃO POR DANO 
MORAL. PENSÃO MENSAL. BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. CUMULAÇÃO. POSSIBILIDADE. JULGAMENTO ULTRA PETITA. 
OCORRÊNCIA. RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PAIS. EMANCIPAÇÃO.
1. Não cabe recurso especial por alegada ofensa a dispositivos constitucionais.
2. A emancipação voluntária, diversamente da operada por força de lei, não exclui a responsabilidade civil dos pais pelos 
atos praticados por seus filhos menores.
3. Impossibilidade de reexame de matéria de fato em recurso especial (Súmula 7 do STJ).
4. Admite a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, excepcionalmente, em recurso especial, reexaminar o valor 
fixado a título de indenização por danos morais, quando ínfimo ou exagerado.
Hipótese, todavia, em que o valor foi estabelecido na instância ordinária, atendendo às circunstâncias de fato da causa, de 
forma condizente com os princípios da proporcionalidade e razoabilidade.
5. A percepção de benefício previdenciário não exclui o pagamento de pensão mensal como ressarcimento por 
incapacidade decorrente de ato ilícito. Precedentes.
6. Indevidos décimo terceiro e férias, não postulados na inicial, uma vez que o autor não era assalariado, desenvolvendo a 
atividade de pedreiro como autônomo.
7. Agravo regimental parcialmente provido (STJ, 4ª Turma, AgRg no Ag 1.239.557/RJ, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, j. 
09.10.2012, DJe 17.10.2012).
Emancipação legal
RECURSO ESPECIAL. CIVIL. CONTRATO DE GESTÃO DE CARREIRA E DE AGENCIAMENTO DE JOGADOR PROFISSIONAL DE FUTEBOL.
NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. NÃO OCORRÊNCIA. HIPÓTESE DE EMANCIPAÇÃO LEGAL CARACTERIZADA. RELAÇÃO
EMPREGATÍCIA. ART. 5º, PARÁGRAFO ÚNICO, V, DO CC. DESNECESSIDADE DE AUTORIZAÇÃO JUDICIAL. AFERIÇÃO DA VALIDADE
DOS CONTRATOS À LUZ DO ART. 1.691 DO CC. IMPOSSIBILIDADE. FILHO EMANCIPADO. APLICAÇÃO DA LEI PELÉ. DESCABIMENTO.
ATO JURÍDICO PERFEITO. CONTRATO DE GERENCIAMENTO DE CARREIRA. ATLETA PROFISSIONAL MENOR DE DEZOITO ANOS.
VALIDADE. RECURSO ESPECIAL DE TRAFFIC TALENTOS E MARKETING ESPORTIVO LTDA. EPP E FREDERICO AUGUSTO ANDRADE
PENA PROVIDO E RECURSO ESPECIAL DE GR2 GESTÃO E MARKETING LTDA. E GABRIEL MARTINEZ MASSA PARCIALMENTE PROVIDO.
1. O propósito recursal consiste em definir, além da negativa de prestação jurisdicional, se a autorização judicial é pressuposto de
validade de contratos de gestão de carreira e de agenciamento de jogador profissional de futebol celebrados por atleta
relativamente incapaz devidamente representado pelos pais ou responsável legal. 2. Verifica-se que o Tribunal de origem analisou
todas as questões relevantes para a solução da lide, de forma fundamentada, não havendo falar em negativa de prestação
jurisdicional. 3. A emancipação legal proveniente de relação empregatícia, prevista no art. 5º, parágrafo único, V, parte final, do
CC/2002, pressupõe: (i) que o menor possua ao menos dezesseis anos completos; (ii) a existência de vínculo empregatício; e (iii)
que desse liame lhe sobrevenha economia própria. 4. Por decorrer diretamente do texto da lei, essa espécie de emancipação
prescinde de autorização judicial, bem como dispensa o registro público respectivo para a validade dos atos civis praticados pelo
emancipado, bastando apenas que se evidenciem os requisitos legais para a implementação da capacidade civil plena, como na
hipótese.
Continua .
(STJ, 3ª Turma, REsp 1.872.102/SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, j. 02.03.2021, DJe 11.03.2021).
Emancipação legal
5. O regramento disposto no art. 1.691 do CC, que exige autorização judicial para a contração de obrigações em 
nome do filho menor, não se aplica ao filho emancipado, porquanto dotado este de capacidade civil plena, podendo 
realizar os atos da vida civil, por si só. 
6. Celebrados os contratos dos presentes autos antes da entrada em vigor do inciso VI do art. 27-C da Lei n. 
9.615/1998 (Lei Pelé), mostra-se descabida a análise da sua higidez à luz desse dispositivo legal, por se tratar de ato 
jurídico perfeito (art. 6º, § 1º, da LINDB).
7. A título de reforço argumentativo, é nulo de pleno direito o contrato de gerenciamento de carreira pactuado pelo 
atleta em formação menor de dezoito anos, afigurando-se válida, ao revés, a avença celebrada pelo atleta 
profissional menor de dezoito anos devidamente assistido, caso ainda não adquirida a capacidade civil plena, 
conforme a norma dos arts. 3º, § 1º, I, 27-C, VI, 28 e 29, § 4º, todos da Lei n. 9.615/1998.
8. Recurso especial de Traffic Talentos Marketing Esportivo Ltda. EPP e Frederico Augusto Andrade Pena provido e 
recurso especial de GR2 Gestão e Marketing Ltda. e Gabriel Martinez Massa parcialmente provido (STJ, 3ª Turma, 
REsp 1.872.102/SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, j. 02.03.2021, DJe 11.03.2021).
A exigência de idade mínima nos concursos públicos
PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA. CONCURSO PÚBLICO. AUXILIAR DE BIBLIOTECA. IDADE 
MÍNIMA. EMANCIPAÇÃO. AUSÊNCIA DE JUSTIFICAÇÃO DA EXIGÊNCIA LEGAL PARA EXERCÍCIO DA ATRIBUIÇÃO DO CARGO. 
INAPLICABILIDADE DA SÚMULA 683/STF.
1. A Teoria do Fato Consumado tem sido rechaçada pela jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça em casos como o 
dos autos, em que a participação do candidato no certame seletivo se dá de forma precária, em virtude de decisão judicial.
2. O Supremo Tribunal Federal consolidou sua jurisprudência quanto à constitucionalidade dos limites etários, na Súmula 
683, segundo a qual: "O limite de idade para a inscrição em concurso público só se legitima em face do art. 7º, XXX, da 
Constituição, quando possa ser justificado pela natureza das atribuições do cargo a ser preenchido".
3. A exigência de idade mínima para o ingresso em cargo público mediante concurso orienta-se no sentido de que o 
requisito etário deve ser aferido no momento da posse, e não no da inscrição para o provimento do cargo, por ser tal 
exigência relativa à atuação da função. Súmula 266/STJ.
4. O requisito de idade mínima de 18 anos deve ser flexibilizado pela natureza das atribuições do cargo de auxiliar de 
biblioteca, principalmente porque a impetrante possuía dezessete anos e dez meses na data da sua posse, encontrava-se 
emancipada havia quatro meses e a atividade para qual foi nomeada é plenamente compatível com sua idade, conforme 
entendeu o Tribunal de origem.
5. Recurso especial não provido (REsp 1.462.659/RS, , 2ª Turma, Rel. Min. Herman Benjamin, j. 1º.12.2015, DJe
04.02.2016).
Síntese
no regime jurídico atual das incapacidades, no Brasil, não há incapacidade em função:
a. do sexo, 
b. estado civil, 
c. deficiência física (Estatuto da pessoa com deficiência, art. 6º)
d. deficiência mental ou intelectual (Estatuto da pessoa com deficiência, art. 6º ).
*ii. limitada a necessidade de cada caso, conforme indicação da perícia (casuística) e poderá ser 
revista e levantada posteriormente. 
A incapacidade absoluta, prevista no CC (art. 3º do CC) A incapacidade relativa, prevista no Código Civil (art. 4º 
do CC)
restringe-se à idade (menor de 16 anos) representação 
legal, tutela
i. idade (menor de 18 anos e maior de 16 anos) 
assistência
ii. Condição dos pródigos, ébrios habituais, viciados em 
tóxico e aquelesque, por causa transitória ou 
permanente, não puderem exprimir sua vontade
curatela (medida excepcional)*
Referências
AMARAL, Francisco. Direito civil: introdução. 9. ed. rev., modif. e ampl. São Paulo: Saraiva, 2017.
DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro: teoria geral do direito civil. 29. ed. São Paulo: 
Saraiva, 2012. v. 1.
GOMES, Orlando. Introdução ao direito civil. Coordenador e atualizador Edvaldo Brito; atualizadora 
Reginalda Paranhos de Brito. 22. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2019. 
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro: parte geral. 20. ed. São Paulo : SaraivaJur, 2022.
LOTUFO, Renan. Código Civil comentado: parte geral. São Paulo: Saraiva, 2004. v. 1.
Referências
MALUF, Adriana Caldas do Rego Freitas Dabus; CORREIA, Atalá; CAPUCHO, Fábio Jun. Direitos da 
personalidade: a contribuição de Silmara J. A. Chinellato. Barueri: Manole, 2019.
MELLO, Marcos Bernardes de. Teoria do fato jurídico: plano da validade. 15. ed. São Paulo: Saraiva 
Educação, 2019. 
PASSARELLI, Francesco Santoro. Teoria geral do direito civil. Tradução Manoel Alarcão. Coimbra: 
Atlântida, 1967.
ROSENVALD, Nelson. Curatela. In: PEREIRA, Rodrigo da Cunha (org.). Tratado de direito das famílias. 
Belo Horizonte: IDFAM, 2015.
TEPEDINO, Gustavo; OLIVA, Milena Donato. Teoria geral do direito civil. 2. ed. Rio de Janeiro: 
Forense, 2021.
AULA 3 
CAPACIDADE E ESTATUTO DA PESSOA
COM DEFICIÊNCIA
Agenda
Relevância do Estatuto da Pessoa com Deficiência (EPD)
i. Reformulação da teoria das incapacidades proporcionando a análise de 
cada caso concreto.
ii. Estabelece a distinção entre a capacidade negocial e a capacidade de 
consentir (MARTINS-COSTA, 2009, p. 302).
iii. Prestigia os direitos existenciais, com reconhecimento da pessoa como 
norte do diploma legal alinhado à Constituição Federal (teoria personalista 
presente no art. 1.º, III da CF princípio da dignidade humana).
Relevância do Estatuto da Pessoa com Deficiência (EPD)
iv. Dá efetividade. Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos das Pessoas com
Deficiência (CDPD), primeiro tratado de direitos humanos aprovado pelo
Congresso Nacional promover, proteger e assegurar o exercício pleno e equitativo
de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais por todas as pessoas com
deficiência e promover o respeito pela sua dignidade inerente.
v. Reconhecimento de que toda pessoa com deficiência é dotada de capacidade
para os atos da vida civil.
vi. Por isso, a curatela (art. 3.º da Lei 13.416/2015) é medida extraordinária
admissível apenas quando as circunstâncias do caso exigirem razoabilidade,
proporcionalidade quanto à extensão e tempo da medida, uma vez demonstrada a
deficiência qualificada, que se distingue da situação da pessoa com deficiência
(ROSENVALD, 2015, p. 741-742).
A relevância do Estatuto da Pessoa com Deficiência
Lei 13.416/2015
Art. 114. A Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil) , passa a vigorar com as seguintes alterações:
anos.
I (Revogado);
II (Revogado);
III 
incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer:
I os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos
II os ébrios habituais e os viciados em tóxico;
III aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade;
IV os pródigos
A deficiência, seja qual for sua característica, não afeta a plena capacidade 
civil da pessoa
Quem é o destinatário da EPD?
Art. 2.º Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de
longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em
interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva
na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas.
Constatação da deficiência
§ 1.º A avaliação da deficiência, quando necessária, será biopsicossocial, realizada por
equipe multiprofissional e interdisciplinar e considerará:
I os impedimentos nas funções e nas estruturas do corpo;
II os fatores socioambientais, psicológicos e pessoais;
III a limitação no desempenho de atividades; e
IV a restrição de participação.
§ 2.º O Poder Executivo criará instrumentos para avaliação da deficiência.
Efeitos da intervenção qualitativa do EPD 
Não mais se rotula como incapaz ou relativamente capaz a pessoa com deficiência.
A pessoa que possui uma insuficiência psíquica ou intelectual deve ter sua condição 
avaliada para confirmar sua impossibilidade de conformar ou exprimir sua vontade: 
ausência de consciência de si e do meio social, que revele a insuficiência do sistema 
de decisão apoiada, sendo necessária a escolha de um curador, o que não implica 
suprimir a possibilidade do curatelado exercer direitos existenciais inerentes ao 
interesse do próprio curatelado (liberdade sexual, vida familiar, intimidade).
incapaz, mesmo se submetida à curatela. É desproporcional e desumano atrelar a 
ROSENVALD, 2015, p. 742).
Podemos encontrar exemplos da nova sistemática do EPD, CDPD, CC 
para a pessoa com deficiência e a deficiência qualificada (curatela)?
Capacidade plena (art. 6º do EPD)
Expressamente ressaltam a plenitude do
consentimento para o ato matrimonial direito
existencial (art. 23 do CDPD, e art. 6º, I, do EPD).
Deficiência qualificada (deficiência 
psíquica acentuada que impede a 
expressão consciente da vontade)
Depende da avalição multiprofissional e
interdisciplinar em ação judicial para
constatar a causa permanente.
Incapacidade relativa (arts. 4º, III, e 1.767, do
CC).
Podemos encontrar exemplos da nova sistemática do EPD, CDPD, CC 
para a pessoa com deficiência e a deficiência qualificada (curatela)?
Pessoas com deficiência
Em linha semelhante ao estabelecido na legislação
especial, o § 2º do art. 1.550 do CC, possibilidade de a
pessoa com deficiência mental ou intelectual em idade
núbil contrair matrimônio, expressando sua vontade
diretamente ou por seu responsável ou para
alguns doutrinadores há aqui o equívoco de retirar o
direito personalíssimo e existencial do consentimento da
pessoa atribuindo ao curador (melhor seria considerar a
presença do curador apenas para revisão ou controle).
Podem requerer procedimento de decisão apoiada, caso
sintam necessidade para exercícios de determinados atos
(negociais), mantendo-se a condição de igualdade em
relação aos demais (art. 84, § 2º, do EPD).
Deficiência qualificada 
Quanto à submissão à intervenção clínica ou cirúrgica, a tratamento ou a 
institucionalização forçada (EPD)
Pessoas com deficiência
Art. 11. A pessoa com deficiência não poderá ser 
obrigada a se submeter a intervenção clínica ou 
cirúrgica, a tratamento ou a institucionalização 
forçada.
Art. 12. O consentimento prévio, livre e esclarecido
da pessoa com deficiência é indispensável para a
realização de tratamento, procedimento,
hospitalização e pesquisa científica.
Deficiência qualificada
Art. 11. [...] Parágrafo único. O consentimento da
pessoa com deficiência em situação de curatela
poderá ser suprido, na forma da lei.
Art. 12. [ ] § 1.º Em caso de pessoa com
deficiência em situação de curatela, deve ser
assegurada sua participação, no maior grau
possível, para a obtenção de consentimento.
Quanto à submissão à intervenção clínica ou cirúrgica, a tratamento ou a 
institucionalização forçada (EPD)
Em qualquer circunstância (a pessoa com deficiência e a pessoa com 
deficiência qualificada), aplica-se a restrição do art. 12. § 2.º, do EPD A 
pesquisa científica envolvendo pessoa com deficiência em situação de tutela 
ou de curatela deve ser realizada, em caráter excepcional, apenas quando 
houver indícios de benefício direto para sua saúde ou para a saúde de outras 
pessoas com deficiência e desde que não haja outra opção de pesquisa de 
eficácia comparável com participantes não tutelados ou curatelados.
Portanto, a nova sistemática das capacidades deve considerar que:
Tomada de decisão apoiada, art. 116 do EPD 
inserção do art. 1.783-A no CC
A tomada de decisão apoiada é um processo voluntário.
O próprio interessado (pessoacom deficiência) indica ao menos duas pessoas
idôneas, com as quais mantenha vínculos e que gozem de sua confiança, para 
prestar-lhe apoio na tomada de decisão sobre atos da vida civil, fornecendo-lhes os 
elementos e as informações necessários para que possa exercer sua capacidade. 
A tomada de decisão apoiada não interfere na capacidade plena da pessoa com
deficiência.
É uma forma de estimular autodeterminação e capacidade de agir beneficiária do
apoio, sem que sofra o estigma social da curatela (ROSENVALD, 2015, p. 755).
Tomada de decisão apoiada, art. 116 do EPD 
inserção do art. 1.783-A no CC
Permanece a capacidade do exercício de fato, todavia, em atos
específicos, solicitará da intervenção dos apoiadores para a perfeição do
ato (assinando o instrumento). Trata-se, portanto, de questão de
legitimidade para os atos específicos indicados no apoio.
Visa beneficiar pessoas com deficiência física, sensorial e psíquica (ex.
cegueira e surdez permanentes, tetraplegia, pessoas acometidas por
AVC, enfermidade ou acidente que acarretem vulnerabilidades capazes
de dificultar a dinamicidade do negócio jurídico).
Como ocorre o procedimento da tomada de decisão apoiada?
Art. 1.783-A no CC
§ 1.º Para formular pedido de tomada de decisão apoiada, a pessoa com deficiência e os
apoiadores devem apresentar termo em que constem os limites do apoio a ser oferecido e os
compromissos dos apoiadores, inclusive o prazo de vigência do acordo e o respeito à vontade,
aos direitos e aos interesses da pessoa que devem apoiar.
É importante que o instrumento (público ou particular) detalhe as qualidades da pessoa, o objetivo, a
extensão dos atos que estão contemplados na tomada de decisão apoiada.
§ 2.º O pedido de tomada de decisão apoiada será requerido pela pessoa a ser apoiada, com
indicação expressa das pessoas aptas a prestarem o apoio previsto no caput deste artigo.
§ 3.º Antes de se pronunciar sobre o pedido de tomada de decisão apoiada, o juiz, assistido por
equipe multidisciplinar, após oitiva do Ministério Público, ouvirá pessoalmente o requerente
e as pessoas que lhe prestarão apoio.
§ 4.º A decisão tomada por pessoa apoiada terá validade e efeitos sobre terceiros, sem
restrições, desde que esteja inserida nos limites do apoio acordado.
Como ocorre o procedimento da tomada de decisão apoiada?
Aspectos complementares da decisão apoiada
Publicidade: recomendação de alguns doutrinadores para que a decisão seja averbada na certidão de
nascimento da pessoa no no Registro Civil de Pessoas Naturais. Objetivo - proteção ao terceiro de boa-fé.
A tomada de decisão apoiada visa, sobretudo, apoio em tomadas de decisão para atos patrimoniais e
negociais, todavia a pessoa com deficiência poderá ampliar a extensão para incluir, por exemplo, decisões
relacionadas à saúde.
A decisão apoiada não se confunde com os institutos da curatela e tutela, pois não se trata de proteger a
pessoa limitada em sua capacidade de fato ou de exercício ou impossibilitada de autogoverno.
A capacidade é plena, o próprio interessado pode solicitar o término do acordo realizado para a tomada
de decisão apoiada. O Estatuto da Pessoa com Deficiência permite tanto a resilição unilateral (como
poder potestativo) quanto a denúncia motivada (negligência, sem necessidade de que prejuízo).
REFLEXÕES SOBRE A TUTELA E CURATELA A PARTIR DA COMPREENSÃO DOS TRIBUNAIS
Não obstante a possibilidade de aplicação de normas da curatela, no que for cabível, os dois
institutos não se confundem.
Por essa razão, conforme se extrai da interpretação sistemática dos §§ 1º, 2º e 3º do art. 1.783-
A, a tomada de decisão apoiada exige requerimento da pessoa com deficiência, que detém a
legitimidade exclusiva para pleitear a implementação da medida, não sendo possível a sua
instituição de ofício pelo juiz (STJ, 3ª Turma, REsp 1.795.395/MT, Rel. Min. Nancy Andrighi, j.
04.05.2021, DJe 06.05.2021).
Procedimento voluntário, caráter não litigioso
Agravo de instrumento. Ação de tomada de decisão apoiada com pretensão de curadoria. Decisão que
indeferiu a antecipação de tutela para decretação da medida de apoio em favor do requerido. Insurgência
recursal dos requerentes. Não acolhimento. Tomada de decisão apoiada. Antecipação de tutela. Não
provimento. Necessidade de adequação do rito processual. Demanda proposta de maneira contenciosa.
Irregularidade formal. Art. 1.783-A do Código Civil. Lavratura de termo exclusivamente após a oitiva pessoal
do apoiado e do Ministério Público. Inteligência do § 3º do citado artigo. Pretensão incongruente com o
procedimento eleito pelos requerentes. Emenda da inicial determinada de ofício. Recurso conhecido e não
provido com determinação, de ofício, de readequação do procedimento judicial para a pretensão exarada. 1.
A incongruência procedimental impõe dúvida sobre a pretensão de curatela ou efetivamente a tomada de
decisão apoiada, pelo que o recurso não merece provimento (TJPR, 11ª C. Cível, 0038982-
33.2021.8.16.0000/Ipiranga, Rel. Des. Lenice Bodstein, j. 04.11.2021).
Curatela 
Curatela 
O deslocamento da hipótese da deficiência mental qualificada para a incapacidade relativa, 
mediante previa avaliação multidisciplinar e multiprofissional, permite que a curatela seja 
proporcional, limitada a aspectos patrimoniais e econômicos. Ficam resguardados os aspectos 
existenciais da pessoa, tais como a intimidade, a vida familiar, sexual, educação etc.
EPD
. 85. A curatela afetará tão somente os atos relacionados aos direitos de natureza
patrimonial e negocial.
§ 1º A definição da curatela não alcança o direito ao próprio corpo, à sexualidade, ao
matrimônio, à privacidade, à educação, à saúde, ao trabalho e ao voto.
Limites aspectos negociais (econômicos) habitualmente
EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INTERDIÇÃO. LEI N.º 13.146, DE 2015. APLICABILIDADE. 
CURATELA. LIMITAÇÃO AOS ATOS DE NATUREZA NEGOCIAL E PATRIMONIAL. RECURSO 
PROVIDO.
1. A Lei 13.146, de 2015, Estatuto da Pessoa com Deficiência, alterou a definição de pessoas 
incapazes, limitou a curatela aos atos de natureza negocial e patrimonial e criou a tomada de 
decisão apoiada para proteger as pessoas em situação de vulnerabilidade.
2. Assim, torna-se de rigor restringir a curatela às questões de cunho negocial e patrimonial, 
sobretudo quando há elementos indicativos de que a medida se revela adequada e suficiente 
para salvaguardar os interesses do incapaz.
3. Apelação cível conhecida e provida para limitar a curatela aos atos de cunho negocial e 
patrimonial (TJMG, 2.ª Câmara Cível, Apelação Cível 1.0000.20.602262-6/001, Rel. Des. Caetano 
Levi Lopes, j. 18.05.2021, publicação da súmula em 19.05.2021). Grifou-se
O transtorno mental transitório ou mesmo a constatação de transtorno mental não é 
por si só deficiência qualificada
Trecho de ementa: RECURSO ESPECIAL. PROCESSO CIVIL. AÇÃO DE RESCISÃO CONTRATUAL. CITAÇÃO EM NOME DE
INCAPAZ. INCAPACIDADE DECLARADA POSTERIORMENTE. NULIDADE NÃO RECONHECIDA. INTERVENÇÃO DO MP.
NULIDADE. NECESSIDADE DE DEMONSTRAÇÃO DO PREJUÍZO. ESTATUTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA. LEI N.
13.146/2015. DISSOCIAÇÃO ENTRE TRANSTORNO MENTAL E INCAPACIDADE.
. 8. Nos termos do novel Estatuto da Pessoa com Deficiência, Lei n. 13.146 de 2015, pessoa com deficiência é a
que possui impedimento de longo prazo, de natureza física, mental, intelectual ou sensorial (art. 2º), não devendo
ser mais tecnicamente considerada civilmente incapaz, na medida em que a deficiência não afeta a plena
capacidade civil da pessoa (conforme os arts. 6º e 84).
9. A partir do novo regramento, observa-se uma dissociação necessária e absoluta entre o transtorno mental e o 
reconhecimento da incapacidade, ou seja, a definição automática de que a pessoa portadora de debilidade mental, 
de qualquer natureza, implicaria a constatação da limitação de sua capacidade civil deixou de existir.
10. Recurso especial a que se nega provimento (STJ, REsp 1.694.984/MS, 4ª Turma, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, j. 
14.11.2017, DJe 1º.02.2018). (Grifou-se)Referências
Referências
MARTINS-COSTA, Judith; MÖLLER, Letícia Ludwig (org.). Bioética e responsabilidade. Rio de Janeiro: 
Forense, 2009.
MARTINS-COSTA, Judith. Capacidade de consentir e esterilização de mulheres. In: MARTINS-COSTA, 
Judith; MÖLLER, Letícia Ludwig (org.). Bioética e responsabilidade. Rio de Janeiro: Forense, 2009.
MELLO, Marcos Bernardes de. Teoria do fato jurídico: plano da validade. 15. ed. São Paulo: Saraiva 
Educação, 2019. 
PASSARELLI, Francesco Santoro. Teoria geral do direito civil. Tradução Manoel Alarcão. Coimbra: 
Atlântida, 1967.
ROSENVALD, Nelson. Curatela. In: PEREIRA, Rodrigo da Cunha (org.). Tratado de direito das famílias. 
Belo Horizonte: IDFAM, 2015.
TARTUCE, Flávio. Direito civil: lei de introdução e parte geral. Rio de Janeiro: Forense, 2021. 
TEPEDINO, Gustavo; OLIVA, Milena Donato. Teoria geral do direito civil. 2. ed. Rio de Janeiro: 
Forense, 2021.
Aula 4 ALGUMAS REFLEXÕES ATUAIS SOBRE ASPECTOS DA INTEGRIDADE
MORAL
(pessoa física)
AGENDA
Distinções sobre personalidade
Desenvolvimento dos direitos da personalidade
Características 
Extensão dos direitos da personalidade
Há hierarquia entre eles?
Aspectos da integridade moral
Note-se que há dois sentidos técnicos para o conceito de personalidade. 
1.º Noção associada à qualidade de ser sujeito de direito (direitos e obrigações), comum às pessoas 
físicas e às jurídicas. 
2.º Aplicável à proteção da pessoa humana, a sua dignidade e seus atributos singulares, a partir da
Constituição, Código Civil e leis especiais, cujas formas aplicam-se às pessoas naturais e nem sempre
se aplicam às pessoas jurídicas, necessitando do exame do caso concreto (PERLINGIERI, 1972, p. 138).
Desenvolvimento dos direitos da personalidade
Cf. Mattia, 1979, p. 150. 
Direitos humanos Direitos da personalidade
Referem-se aos direitos essenciais do indivíduo
com relação ao direito público, com a intenção
de protegê-los, sobretudo contra as
arbitrariedades do Estado.
Princípio da dignidade humana art. 1º, III, da CF
Princípio da solidariedade social art 3º, I, da CF
Princípio da igualdade social art. 5º da CF
Referem-se à tutela dos direitos essenciais à 
pessoa humana, imanentes a sua personalidade 
no direito privado, em relação entre 
particulares, devendo-se ser protegidos quando 
ameaçados ou violados por outras pessoas. 
Arts. 11 a 21 do CC
Os direitos da personalidade
Os direitos fundamentais, expressos na Constituição Federal, a exemplo do princípio da dignidade humana (art 1º,
III), estão refletidos no Código Civil, nos arts. 11 a 21.
Os direitos da personalidade são um valor em si que aperfeiçoam a personalidade presente no ordenamento
jurídico, conferindo um mínimo de direitos existenciais, necessários à própria existência humana.
Art. 12. Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar perdas e danos,
sem prejuízo de outras sanções previstas em lei.
São um conjunto de situações jurídicas existenciais tuteladas pelo 
ordenamento, que expressam bens e valores essenciais à pessoa, seja 
natural, física, moral ou intelectual (FRANÇA, 1976).
É inerente à pessoa humana.
Características principais: 
Personalíssimos;
Intransmissíveis (inseparáveis da pessoa);
Irrenunciáveis (porque essenciais à pessoa humana);
De natureza extrapatrimonial (ainda que possa haver exceções, a exemplo dos 
direitos do autor e propriedade industrial); 
Imprescritíveis (não se extinguem pela falta exercício do direito);
Vitalícios (assegurados desde a concepção, incluem embrião);
Indisponíveis (os direitos, não seus efeitos)
Direitos da personalidade: Indisponíveis?
Os direitos da personalidade são indisponíveis, mas seus reflexos ou efeitos patrimoniais,
econômicos (reflexos), podem ser objeto de disposição do titular do direito.
Art. 11 do CC: Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são
intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária.
O exercício dos direitos da personalidade pode sofrer limitação voluntária, desde que não seja
permanente nem geral (Enunciado 4 da I Jornada de Direito Civil do CJF).
Cf. Roxana Cardoso Brasileiro Borges (2020). O Código Civil e o Direito da Personalidade. Revista
Do CEPEJ, (11). Recuperado de https://periodicos.ufba.br/index.php/CEPEJ/article/view/37603
Informativo 606 (STJ)
exercício dos direitos da personalidade pode ser objeto de disposição voluntária,
desde que não permanente nem geral, estando condicionado à prévia autorização
do titular e devendo sua utilização estar de acordo com o contrato estabelecido
entre as partes (REsp 1.630.851/SP, 3.ª Turma, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, por
unanimidade, j. 27.04.2017, DJe 22.06.2017).
Locutora profissional e gravação de sua voz para atendimento telefônico (saudação
telefônica) por empresa intermediária, relacionada com empresa de computadores e
software conhecida no segmento em que atua.
Possibilidade de proteção de direitos conexos do autor (originalidade).
Hipótese concreta que trata da possibilidade de examinar se o uso da voz está de
acordo e nos limites do acordado.
Exemplo: Contrato de cessão de uso de imagem e voz.
Uso não autorizado direito da personalidade/direito de imagem
DIREITO DE IMAGEM Utilização de fotografia do autor em álbum de figurinhas e não em
livro de história, pela preponderância comercial da obra, com a comercialização de
figurinhas Requerida que não se desincumbiu do ônus de provar a cessão pelo autor do
direito de imagem Direito de imagem que não se confunde com o direito de arena O
fato de se deixar fotografar com o uniforme do Clube Desportivo não importa em
autorização para o seu uso comercial - Razoabilidade da condenação fixada em R$ 10.000,00
Danos materiais inexistentes - Recursos desprovidos
(TJSP, 4.ª Câmara de Direito Privado, Foro de Barueri 6.ª Vara Cível, Apelação Cível 1011714-
32.2020.8.26.0068, Rel. Alcides Leopoldo, j. 28.10.2021, data de registro: 11.11.2021).
Direito da personalidade: limitado ou ilimitado?
Não se toleram o uso e o abuso do direito
Enunciado 139, III Jornada de Direito Civil
direitos da personalidade podem sofrer limitações, ainda que não especificamente previstas
em lei, não podendo ser exercidos com abuso de direito de seu titular, contrariando a boa-fé
objetiva e os bons costumes.
Conflito entre dois direitos da personalidade ou direitos constitucionalmente garantidos:
Consideração de critérios da proporcionalidade e as circunstâncias fáticas.
Extensão dos direitos de 
personalidade
Os direitos da personalidade, regulados de maneira não exaustiva pelo
Código Civil, são expressões da cláusula geral de tutela da pessoa
humana, contida no art. 1.º, inc. III, da Constituição (princípio da
dignidade da pessoa humana). Em caso de colisão entre eles, como
nenhum pode sobrelevar os demais, deve-se aplicar a técnica da
ponderação (Enunciado 274 da IV Jornada de Direito Civil).
Direito da personalidade: há hierarquia prévia entre eles?
Não. Então, para a solução do conflito, não há uma única regra aplicável ou a prevalência de um
direito sobre o outro.
No caso, por exemplo, de conflito entre o direito a imagem (imagem-retrato e imagem-atributo) e a
liberdade de imprensa/dever de informar:
A proteção à imagem deve ser ponderada com outros interesses constitucionalmente
tutelados, especialmente em face do direito de amplo acesso à informação e da liberdade de
imprensa. Em caso de colisão, levar-se-á em conta a notoriedade do retratado e dos fatos
abordados, bem como a veracidade destes e, ainda, as características de sua utilização (comercial,
informativa, biográfica), privilegiando-se medidas que não restrinjam a divulgação de
(Enunciado 279 do CJF/STJ da V Jornada de Direito Civil).
Direitos da personalidade
Contribuições de Limongi França
Direito à integridade moral
liberdade art. 11 do CC
direito à honra arts. 16 a 19 do
CC
direito ao recato (intimidade da
vida privada) art. 21 do CC
direito à imagem art. 20 do CCdireito ao nome - arts. 16 a 19 
do CC
Direito à integridade física
direito à vida art. 11 do CC
direito sobre o próprio corpo
arts. 13 e 15 do CC
direito ao cadáver art. 14 do
CC
.
Direito à integridade intelectual
liberdade de pensamento (art. 5º, IV, 
da CF)
direitos do autor (art. 28 da Lei 
6.910/1998)
Direito ao nome
Art. 16, CC -
Mecanismos de proteção
representações que a exponham ao desprezo público, ainda quando não haja intenção 
Proteção estendida ao pseudônimo
Direito ao nome
Art. 16 do CC todos os elementos integrantes do nome:
o prenome, ou seja, nome próprio da pessoa (Andrea, Fernanda);
o sobrenome, nome de família (Zanetti, Tartuce, Silva);
* as partículas (de, da, dos);
* o agnome retoma a existência de nome precedente (Filho, Neto, Júnior).
O nome poderá ser alterado mediante justificativa em regra (exceção art. 56 da Lei nº
14.382) e desde que o objetivo não seja prejudicar terceiros: nome que expõe ao ridículo 
ou causa embaraço; erro de grafia; introdução de apelidos sociais ou alcunhas; 
casamento; adoção; reconhecimento de paternidade, entre outros.
Lei 14.382 de 27 de junho 2022 
(Sistema Eletrônico de Registros Públicos)
Art. 56. A pessoa registrada poderá, após ter atingido a maioridade civil, requerer pessoalmente
e imotivadamente a alteração de seu prenome, independentemente de decisão judicial, e a
alteração será averbada e publicada em meio eletrônico.
§ 1º A alteração imotivada de prenome poderá ser feita na via extrajudicial apenas 1 (uma)
vez, e sua desconstituição dependerá de sentença judicial.
A conexão do direito ao nome com a identidade pessoal
O direito à identidade pessoal contempla o direito ao nome. Mesmo sem expressa
indicação no Código Civil, o direito à identidade pessoal assegura o reconhecimento da
pessoa segundo sua própria identificação e suas características genuínas. Trata-se da
tutela conferida à pessoa que sente lesada na sua dignidade por ser retratada
caracteres identificativos com aqueles que genuinamente se identifica em
sua vida pessoal e social. (TEPEDINO; OLIVA, 2021, p. 160).
A conexão do direito ao nome com a identidade pessoal
Observa-se a evolução das decisões do STJ (3ª Turma, REsp 1.905.614/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, j. 04.05.2021, DJe 
06.05.2021) quanto à modificação do nome: 
CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. DIREITO DE FAMÍLIA. DIREITO AO NOME. ELEMENTO ESTRUTURANTE DOS DIREITOS DA
PERSONALIDADE E DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA. MODIFICAÇÃO DO NOME DELINEADA EM HIPÓTESES
RESTRITIVAS E EM CARÁTER EXCEPCIONAL. FLEXIBILIZAÇÃO JURISPRUDENCIAL DAS REGRAS. ATRIBUIÇÃO DE NOME AO
FILHO. EXERCÍCIO DO PODER FAMILIAR QUE PRESSUPÕE BILATERALIDADE E CONSENSUALIDADE. INADMISSÃO DA
AUTOTUTELA. ATO DO PAI QUE, DESRESPEITANDO CONSENSO DOS GENITORES, ACRESCE UNILATERALMENTE PRENOME
À CRIANÇA POR OCASIÃO DO REGISTRO. VIOLAÇÃO DOS DEVERES DE LEALDADE E BOA-FÉ. ATO ILÍCITO. EXERCÍCIO
ABUSIVO DO PODER FAMILIAR. MOTIVAÇÃO SUFICIENTE PARA EXCLUSÃO DO PRENOME INDEVIDAMENTE ACRESCIDO.
AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DA MÁ-FÉ, INTUITO DE VINGANÇA OU PROPÓSITO DE ATINGIR À GENITORA.
IRRELEVÂNCIA. CONDUTA CENSURÁVEL EM SI MESMA. [...]
4. Conquanto a modificação do nome civil seja qualificada como excepcional e as hipóteses em que se admite a 
alteração sejam restritivas, esta Corte tem reiteradamente flexibilizado essas regras, permitindo-se a modificação se não 
houver risco à segurança jurídica e a terceiros.
(Continuação )
5. Nomear o filho é típico ato de exercício do poder familiar, que pressupõe bilateralidade, salvo na falta ou
impedimento de um dos pais, e consensualidade, ressalvada a possibilidade de o juiz solucionar eventual
desacordo entre eles, inadmitindo-se, na hipótese, a autotutela.
6. O ato do pai que, conscientemente, desrespeita o consenso prévio entre os genitores sobre o nome a ser
dado ao filho, acrescendo prenome de forma unilateral por ocasião do registro civil, além de violar os deveres
de lealdade e de boa-fé, configura ato ilícito e exercício abusivo do poder familiar, sendo motivação bastante
para autorizar a exclusão do prenome indevidamente atribuído à criança que completará 4 anos em
26.05.2021 e que é fruto de um namoro que se rompeu logo após o seu nascimento.
7. É irrelevante apurar se o acréscimo unilateralmente promovido pelo genitor por ocasião do registro civil da
criança ocorreu por má-fé, com intuito de vingança ou com o propósito de, pela prole, atingir à genitora,
circunstâncias que, se porventura verificadas, apenas servirão para qualificar negativamente a referida
conduta.
8. Recurso especial conhecido e provido (STJ, 3ª Turma, REsp 1.905.614/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, j.
04.05.2021, DJe 06.05.2021).
A conexão do direito ao nome com a identidade pessoal
Evolução do tema
A pessoa transgênero é a pessoa cuja identidade de gênero não corresponde ao sexo do seu 
nascimento.
A possibilidade de disposição do próprio corpo e alteração do nome como forma de observar o 
direito à identidade pessoal, como a direito à personalidade.
A interpretação do art. 13 acerca dos atos de disposição sobre o próprio corpo, consoante o
Enunciado 276 da IV Jornada de Direito Civil do CJF:
o art. 13 do Código Civil, ao permitir a disposição do próprio corpo por exigência médica, autoriza
as cirurgias de transgenitalização, em conformidade com os procedimentos estabelecidos pelo
Conselho Federal de Medicina, e a consequente alteração do prenome e do sexo no Registro .
Trata-se de possibilidade e não obrigatoriedade intervenção cirúrgica
A perspectiva atual do direito ao nome para a pessoa 
transgênero (CF, Pacto de São José da Costa Rica)
Possibilidade de alteração do prenome, mesmo sem cirurgia de transgenitalização. 
ADI 4.275/DF, o STF decidiu, por maioria:
[...] 1. O direito à igualdade sem discriminações abrange a identidade ou expressão de gênero. 2.
A identidade de gênero é manifestação da própria personalidade da pessoa humana e, como tal,
cabe ao Estado apenas o papel de reconhecê-la, nunca de constituí-la. 3. A pessoa transgênero que
comprove sua identidade de gênero dissonante daquela que lhe foi designada ao nascer por
autoidentificação firmada em declaração escrita desta sua vontade dispõe do direito fundamental
subjetivo à alteração do prenome e da classificação de gênero no registro civil pela via
administrativa ou judicial, independentemente de procedimento cirúrgico e laudos de terceiros,
por se tratar de tema relativo ao direito fundamental ao livre desenvolvimento da personalidade
(STF, Sessão Plenária, Redator p/ acórdão Edson Fachin, j. 1º.03.2018).
AULA 5
DIREITOS DA PERSONALIDADE: 
ALGUMAS REFLEXÕES ATUAIS SOBRE
ASPECTOS DA INTEGRIDADE MORAL
Aula 5 ALGUMAS REFLEXÕES ATUAIS SOBRE ASPECTOS DA INTEGRIDADE
MORAL
(pessoa jurídica)
AGENDA
É possível estender os direitos da personalidade para a pessoa jurídica?
Quais são as pessoas jurídicas?
Pessoas jurídicas podem pleitear ação de indenização por violação à honra?
Qual a situação atual dos entes despersonalizados na perspectiva da violação da honra? 
É possível estender os direitos da personalidade para a 
pessoa jurídica?
E para os entes despersonalizados? 
Quais são as pessoas jurídicas na previsão do Código Civil?
i) Art. 42 do CC Pessoas jurídicas de direito público externo Estados estrangeiros e todas 
as pessoas regidas pelo direito internacional público.
ii) Art. 44 do CC Pessoas jurídicas de direito privado
as associações
as sociedades 
as fundações 
as organizações religiosas 
os partidos políticos 
Obs. Por não existir mais a EIRELI, havendo apenas Sociedade Limitada Unipessoal (SLU), o inciso VI do 
art. 44 foi revogado pela Lei 14.382/2022. 
A pessoa jurídica é sujeito de direitos e obrigações?
A pessoa jurídica é entidade que surge a partir de conjunto de pessoas que, organizadas para fins comuns
específicos, podendo incluir ou não bens, adquire individualidade e autonomias próprias, na expressão de Amaral
(2017, p. 392). A partir de então, a lei conferepersonalidade e capacidade jurídica à entidade para que seja titular
de direitos e obrigações.
A) TEORIA DA FICÇÃO a pessoa jurídica é uma ficção do legislador, pois só o homem é sujeito de direito -
GIERKE
B) TEORIA ORGÂNICA OU DA REALIDADE OBJETIVA a pessoa coletiva é um organismo social semelhante à
pessoa física, com capacidade de vida autônoma CASTRO Y BRAVO
C) TEORIA INSTITUCIONAL é a partir das relações sociais, não da vontade humana, que se constata a existência
de grupos organizados destinados à realização de uma ideia socialmente útil PLANIOL e RIPERT
Qual a escolha do legislador para fundamentar a capacidade da 
pessoa jurídica de direito privado?
TEORIA DA REALIDADE TÉCNICA 
pela qual a ordem jurídica atribui personalidade a grupos em que a lei reconhece vontade e objetivos 
Art. 45 do CC. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a 
inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de 
autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações 
por que passar o ato constitutivo.
Pessoas jurídicas de direito público interno: são civilmente responsáveis por atos dos
seus agentes que nessa qualidade causem danos a terceiros, ressalvado direito
regressivo contra os causadores do dano, se houver, por parte destes, culpa ou dolo (art.
43 do CC).
A partir da constituição técnica da pessoa jurídica, não é a pessoa, mas a própria entidade, 
que será sujeito de direitos e obrigações. Neste ponto, o próprio Código Civil aponta:
Art. 52. Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a 
proteção dos direitos da personalidade.
Necessária adaptação dos direitos da personalidade para 
a pessoa jurídica 
Art. 52. Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a
proteção dos direitos da personalidade.
Direito à integridade moral
liberdade (?)
direito à honra (?)
direito ao recato (intimidade da vida privada) (?)
direito à imagem (?)
direito ao nome (?)
Apontamentos doutrinários
Podemos destacar, dentre outros, já que 
ilimitados, como direitos da 
personalidade aplicáveis às pessoas 
jurídicas: honra, reputação, nome, marca 
e símbolos (direito à identidade da pessoa 
jurídica), propriedade intelectual, ao 
segredo e ao sigilo, privacidade, e assim 
todos que, com o avanço do direito, 
fizerem-se necessários à proteção dos 
desdobramentos e desenvolvimento da 
2008, p. 311).
podem também ser em parte garantidos 
pelo ordenamento, mas não com base na 
cláusula geral de tutela da pessoa 
humana. Esta exprime um valor 
existencial (o respeito da intimidade da 
vida privada da pessoa física); aquele, um 
interesse patrimonial do banco e/ou do 
PERLINGIERI, 2007, p. 157).
Diferenças
Pessoa física
Honra subjetiva: é a dignidade pessoal.
Reputação que a pessoa tem de si mesma
Honra objetiva: é a repercussão da
reputação no meio social.
Pessoa jurídica
Honra objetiva: referente à confiança e à 
reputação da entidade no mercado.
Facilidade de obtenção e manutenção do 
crédito.
Credibilidade, reputação.
A honra violada (seja no caso da pessoa natural ou pessoa jurídica) pode acarretar a
responsabilidade penal quando tipifica os crimes de calúnia, injúria e difamação
(arts. 138, 139 e 140 do CP) e responsabilidade civil, com o ressarcimento dos
prejuízos pelo ofensor (art. 953 do CC).
Pessoa jurídica pode pleitear danos morais 
decorrentes da violação da honra?
Possibilidade a partir da violação da honra objetiva, pois aplica-se no que 
couber (art. 52 do CC)
sse dano moral somente pode atingir a honra objetiva da pessoa jurídica, a sua
reputação. Não há que se falar em lesão à honra subjetiva, pois a pessoa jurídica não tem
(TARTUCE, 2021, p. 206).
Súmula 227 do STJ: A pessoa jurídica pode sofrer dano moral.
No caso de renovação de serviços de telefonia, o simples envio de SMS para a empresa cliente não
é suficiente para justificar a renovação automática do contrato, uma vez cumprido o prazo de fidelidade
contratual na visão do TJMG. Por isso, indevida a multa rescisória.
Todavia, uma vez que a empresa de telefonia, devido ao não pagamento da multa, inscreveu o nome
da empresa cliente nos órgãos de proteção de crédito, a 10.ª Câmara Cível do TJMG determinou o
pagamento de indenização a título de danos morais:
- A imagem da empresa é muito relevante na sua vida comercial implicando diversos aspectos, desde
a obtenção de créditos como no seu próprio valor patrimonial. A pessoa jurídica pode sofrer danos
de ordem moral, entendimento consolidado pela Súmula 227 do Superior Tribunal de Justiça.
Deve ser considerado o caráter duplo do dano moral, isto é, punitivo aliado ao compensatório,
observando-se os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade. A fixação do dano deve ser
feita em medida capaz de incutir ao agente do ato ilícito lição de cunho pedagógico, mas sem
propiciar o enriquecimento ilícito da vítima e com fulcro nas especificidades de cada caso (TJMG, 10.ª
Câmara Cível, Apelação Cível 5003705-02.2020.8.13.0027, Rel. Des. Cavalcante Motta, j. 17.08.2021,
publicação 24.08.2021).
Sobre a inscrição indevida e a indenização por danos morais in re ipsa
No Agravo Interno no Agravo em Recurso Especial n. 1.875.896/SP, a Quarta Turma do STJ, com
relatoria do Ministro Marco Buzzi, foi apontada a tendência atual da Corte de Justiça em
reconhecer o dano moral in re ipsa, casos de protesto indevido ou inscrição irregular em
cadastro de , segundo os precedentes da mesma Corte (STJ, 4.ª Turma, AgInt
no AREsp 1.875.896/SP, Rel. Min. Marco Buzzi, j. 29.11.2021, DJe 1º.12.2021).
Em outro sentido:
Ação de indenização por danos materiais e morais movidos por empresa que sofreu
prejuízos diante do atraso na entrega das obras necessárias ao aumento da capacidade do
seu sistema elétrico, logo, impossibilitando a expansão das atividades da empresa com
reflexos econômicos.
Configuração de elementos caracterizadores do dever reparação por danos materiais, mas
faltaram elementos para configuração do dano moral, na análise da Terceira Turma do STJ
(REsp 1.807.242/RS, com a relatoria da Min. Nancy Andrighi, j. 20.08.2019):
[...] 8. A distinção entre o dano moral da pessoa natural e o da pessoa jurídica acarreta uma diferença
de tratamento, revelada na necessidade de comprovação do efetivo prejuízo à valoração social no
meio em que a pessoa jurídica atua (bom nome, credibilidade e reputação).
9. É, portanto, impossível ao julgador avaliar a existência e a extensão de danos morais supostamente
sofridos pela pessoa jurídica sem qualquer tipo de comprovação, apenas alegando sua existência a
partir do cometimento do ato ilícito pelo ofensor (in re ipsa). Precedente. [...]
11. No contexto fático delineado pela moldura do acórdão recorrido, não há, todavia, nenhuma prova
ou indício da ocorrência de lesão à imagem, bom nome e reputação da recorrida, pois não foi
evidenciado prejuízo sobre a valoração social da recorrida no meio (econômico) em que atua
decorrente da demora da recorrente em concluir a obra no prazo prometido (STJ, 3ª Turma, REsp
1.807.242/RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, j. 20.08.2019, REPDJe 18.09.2019, DJe 22.08.2019).
Ente despersonalizado?
A questão do CONDOMÍNIO EDILÍCIO:
Constituído de duas partes indissociáveis perpetuamente:
1. Propriedade exclusiva unidade autônoma correspondente à fração ideal do terreno (art. 1.331,
§ 1º, do CC).
Apartamento, escritórios, salas, lojas e sobrelojas.
2. Propriedade comum terreno e áreas comuns (art. 1.331, § 2º, do CC).
Solo, estrutura do prédio, telhado, rede geral de água, esgoto, luz, calefação e refrigeração
Para suas atividades, possui CNPJ, pode abrir e gerir conta bancária, possui capacidade postulatória
e a figura do síndico (eleito em assembleia e que administra o condomínio arts. 1.347 e 1.348 do CC)
38
Personalidade 
jurídica? Ente 
despersonalizado?
I Jornada de Direito Civil CJF
Enunciado 90
condomínio edilício nas relações jurídicas 
III Jornada de Direito Civil CJF
Enunciado

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