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Introdução à Economia: Conceito e Significado

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ECONOMIA
Professora Doutora
ANDRÉIA MOREIRA DA FONSECA BOECHAT
Conceito e Significado de Economia 
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Olá!
Seja muito bem-vindo(a) à nossa primeira aula da disciplina Economia. Tenho certeza de que você já ouviu falar muito sobre os temas que envolvem o estudo da economia, pois fazem parte do dia a dia de todas as pessoas, independentemente da classe social ou nível de escolaridade. Mas você sabe dizer quais são esses temas? Entre aqueles que mais afetam a nossa vida e, portanto, são preocupações das ciências econômicas, estão:
FONTE: Elaboração da autora (2019).
Como você pode perceber, o estudo da economia é amplo, já que ela se preocupa com muitas variáveis. Mas e se eu perguntar o significado de economia, você saberia responder?
A palavra “economia” é oriunda do grego, é a junção de duas outras palavras: Oikós, que significa “casa”, e Nomos, que são as leis e normas. Portanto, traduzindo ao pé da letra, economia é a “administração da casa”.
Figura 1.1 - administração da casa
Acredito que você tenha ficado surpreso, não é mesmo? Mas vamos pensar como funciona a nossa casa: nós trabalhamos para receber um salário, que utilizamos para pagar contas tais como, mensalidade da faculdade, energia elétrica e alimentação, entre outras. Caso não tenhamos dinheiro para todas as contas, ou se algo inesperado ocorre, fazemos empréstimos. Agora, se sobrar dinheiro, fazemos investimentos, por exemplo, na caderneta de poupança ou renda fixa.
Uma empresa e um país funcionam dessa mesma forma! A empresa tem a receita com a venda dos bens e serviços e os custos com a compra de matéria-prima e com a folha de pagamentos. Um país, como o Brasil, faz a arrecadação por meio de tributos que as pessoas físicas e jurídicas pagam, e gasta ofertando bens e serviços públicos, por exemplo. Caso faltem recursos financeiros, empréstimos e financiamentos são feitos, e quando o gasto/custo é menor do que a receita, investimentos em máquinas, equipamentos, reforma de escolas são feitos. Assim como na nossa casa.
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Fonte:Disponível aqui
Porém, “administração da casa” é a tradução da palavra, mas não o conceito de economia, que Vasconcellos (2011) define como a ciência social que estuda como o indivíduo e a sociedade decidem utilizar recursos produtivos escassos, na produção de bens e serviços, distribuindo tais produtos entre as várias pessoas e grupos da sociedade, com o objetivo de satisfazer às necessidades humanas. Para Mendes (2009), a economia é uma ciência social que trata do estudo da alocação dos recursos escassos na produção de bens e serviços para a satisfação das necessidades ilimitadas ou desejos humanos (MENDES, 2009).
A economia é definida como a ciência social que estuda a alocação dos recursos produtivos escassos para a produção dos bens e serviços que a sociedade deseja/precisa.
Como você percebeu, três palavras na acepção de Mendes (2009) estão em destaque, pois são os termos principais da definição e que precisam ser muito bem entendidos. A primeira palavra é “ciência social”, que diferente do que o senso comum acredita, a economia não é uma ciência exata, e sim uma ciência social, pois ela estuda a melhor forma da satisfazer às necessidades das pessoas. Para que o estudo da satisfação da sociedade seja possível, a economia utiliza teorias, história, sociologia, e instrumentais matemáticos, como a estatística. 
O segundo termo é “recursos escassos”, que significa que os recursos de produção, como mão de obra, capital e insumos, são limitados, ou seja, mais cedo ou mais tarde acabam. E é em razão dessa limitação (escassez) que os problemas econômicos existem. Assim, podemos afirmar que a economia tem como objeto de estudo a escassez. Se os recursos fossem ilimitados, não haveria economia. Ou ainda, se as necessidades da população fossem limitadas, também não haveria economia, já que todas as necessidades seriam satisfeitas. Portanto, a economia só existe porque é preciso produzir bens com os poucos recursos que se tem disponível e assim, atender a todas ou a maior parte possível, das necessidades humanas. 
Acredito que você esteja se perguntando se em todas as situações e países a escassez está presente, certo? Então, a escassez é uma situação normal de todas as sociedades, já que está relacionada a diversas variáveis, tais como tempo, dinheiro, espaço físico, matéria-prima, mão de obra, seja especializada ou não, entre outras. Por exemplo, talvez no Brasil não tenhamos escassez de espaço para produção agrícola, mas no Japão tem. Por outro lado, aqui falta tecnologia, lá não. Compreendeu o funcionamento da escassez? Espero que sim, pois essa é a base de todo o estudo da economia.
Já o termo “necessidades ilimitadas” está destacado em função das necessidades de as pessoas serem ilimitadas, ou seja, não tem fim. Por exemplo, temos R$250,00 para ir ao shopping comprar uma calça jeans. Chegando lá, compramos a calça, mas, logo desejamos uma blusa ou uma bolsa, e assim, sucessivamente. Sem falar nas necessidades básicas, como alimentação e moradia.
É importante observar que a economia estuda o todo, portanto, mesmo que uma pessoa individualmente não tenha desejos ilimitados ou que todas suas necessidades sejam satisfeitas, na economia como um todo não é assim que funciona.
Mas o problema não são as necessidades ilimitadas ou a escassez de recursos e sim, a junção dos dois: de um lado temos necessidades que não são satisfeitas totalmente e de outro lado, temos os recursos produtivos limitados, conforme figura 1.2.
Necessidades ilimitadas x Recursos produtos escassos. FONTE: Elaboração da autora (2019).
Conforme a figura 1.2 nos mostra, os problemas econômicos são oriundos da falta de recursos produtos suficientes para produzir tudo o que a população deseja. Vasconcellos (2011) observa que se não houvesse escassez de recursos não haveria a necessidade do estudo de questões como inflação, crescimento econômico, déficit no balanço de pagamentos, desemprego, concentração de renda, entre outros tantos temas de estudo.
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A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) apontou que, no primeiro trimestre deste ano, 41,8% da população de 18 a 24 anos fazia parte do grupo dos subutilizados, ou seja, estavam desempregados, desistiram de procurar emprego ou tinham disponibilidade para trabalhar por mais horas na semana.
Em números absolutos, são 7,337 milhões de jovens brasileiros subutilizados, o maior número já registrado desde que o levantamento começou a ser apurado em 2012. Entre 2012 e o primeiro trimestre de 2019, a fatia de subocupados na economia brasileira passou de 20,9% para 25%, enquanto entre os jovens de 18 a 24 anos o aumento foi de 30,1% para 41,8%.
Fonte:Disponível aqui
‍As questões econômicas fundamentais
Dadas as necessidades ilimitadas das pessoas e os recursos escassos, todas as sociedades são obrigadas a fazer opções, ou seja, precisam escolher uma ou algumas alternativas possíveis entre tantas disponíveis. Para essa escolha, é preciso responder a perguntas básicas da economia, que são:
FONTE: Elaboração da autora (2019).
Vamos entender cada uma dessas questões?
“O que produzir” significa definir quais bens e serviços a economia vai fabricar. Essa não é uma decisão fácil, pois, como você já sabe, os recursos são escassos. Então, não podemos produzir tudo o que desejamos ou de que precisamos – em outras palavras, aumentar a produção de um determinado bem significa reduzir a quantidade produzida de outros bens.
Após decidir o que será feito, dados os recursos limitados, tem que ser definidaa quantidade do bem ou serviços escolhidos que será produzida, além do público-alvo desse produto. Um dos fatores de escolha do “para quem produzir” é a renda desse consumidor. Quanto maior for a renda, maior a quantidade de mercadorias que ele poderá adquirir. Essas três primeiras perguntas mostram que quem vai influenciar a decisão da empresa/país são os consumidores.
Já na última, “como produzir”, a empresa/país define o melhor processo produtivo, ou seja, como fabricar o bem na quantidade escolhida, de forma mais eficiente possível. Dado que os recursos produtivos são escassos, a empresa deverá escolher a combinação desses recursos com o menor custo possível para fabricar bens e serviços.
As sociedades precisam fazer escolhas, já que não é possível produzir e consumir tudo o que se deseja. Para isso, três perguntas se fazem necessário: O que e quanto produzir? Para quem produzir? Como produzir?
Aluno(a), finalizamos a nossa primeira aula da disciplina Economia. Se você ficou com alguma dúvida, procure seu tutor. E não se esqueça de fazer as atividades para assimilar melhor o conteúdo!
Abraço, Profª. Drª. Andréia Moreira da Fonseca Boechat.
Nesta aula estudamos:
· Conceito e Significado de Economia
Para complementar seus estudo assista a videoaula a seguir:
Parabéns! Aula Concluída.
Veja as referências utilizadas pelo(a) autor(a). Você pode ainda enriquecer seu aprendizado com os materiais complementares.
AULA 2 
Professora Doutora
ANDRÉIA MOREIRA DA FONSECA BOECHAT
Princípios Básicos
de Economia
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Olá, aluno(a), tudo bem? Após você compreender exatamente do que se trata a economia e seu real significado, nesta segunda aula vamos discutir os princípios básicos de economia, ou seja, pensamentos/ideais iniciais que explicam alguns comportamentos econômicos dos agentes (pessoas físicas e jurídicas e governo, que discutiremos na próxima aula). 
Essas ideias básicas, segundo Mankiw (2012), são dez princípios que estão divididos em três grupos, que são: “Como as pessoas tomam decisões”, “Como as pessoas interagem” e “Como a economia funciona”. Não se preocupe em “decorar” cada princípio e sim, procure entendê-los, relacionando ao nosso dia a dia, combinado? Então, vamos conhecê-los?
Grupo 1: como as pessoas tomam decisões
O comportamento da economia reflete o comportamento das pessoas que dela fazem parte. Por essa razão, temos quatro princípios de tomada de decisão individual.
‍Princípio 1‍
As pessoas enfrentam tradeoffs
Para iniciarmos nossas discussões sobre esse primeiro princípio, é importante que a expressão tradeoff esteja bem clara em nossas mentes. Na economia, quando falamos em tradeoff nos referimos a uma situação de escolha conflitante, ou seja, quando uma ação tem como objetivo resolver um determinado problema e acaba acarretando outros.
Tradeoff é um termo de origem da língua inglesa que define uma situação em que existe conflito de escolhas, e que faz parte de todas as decisões econômicas.
Por exemplo: uma forma de fazer com que o Produto Interno Bruto (PIB) de um país cresça é estimulando a demanda. Porém, quando aumenta a demanda, faz com que os preços da maioria dos produtos subam e, isso faz com que surja a chamada inflação. Então, o objetivo inicial, que era fazer com que o país crescesse economicamente, acabou por fazer com que a taxa de inflação também aumentasse, o que não é bom. Nesse caso, existe um tradeoff entre crescimento e inflação.
A situação apresentada anteriormente reflete a tomada de decisão de todas as pessoas. Como diz o provérbio “nada é de graça”, e isso é válido na economia também, porque nada é de graça, sempre que queremos algo, precisamos abrir mão de outra coisa de que gostamos. Portanto, precisamos tomar decisões, fazer escolhas e renunciar a algo em decorrência de outro objetivo.
Você, por exemplo, neste momento fez uma escolha, já que você dedicou, digamos, uma hora hoje para estudar a disciplina Economia. Para isso, você teve que abrir mão de outra atividade, como estudar para outra disciplina ou sair com os amigos. Agora, você tem uma outra escolha a ser feita: você pode dividir uma hora entre estudar economia e estudar outra disciplina. Nesse caso, você está abrindo mão de meia hora de estudo de uma disciplina para estudar trinta minutos de outra.
E é isso que acontece na economia, pois os recursos produtivos são escassos, como vimos na primeira aula. Diariamente, ou melhor, a toda hora, temos tradeoffs e precisamos fazer escolhas. O governo e as empresas também precisam tomar decisões o tempo inteiro.
Princípio 2‍
O custo de alguma coisa é aquilo de que você desiste para obtê-la
Como enfrentamos diversos tradeoffs, ao tomar decisões é necessário comparar os custos com os benefícios gerados para cada alternativa possível. Porém, nem sempre o custo de uma ação é muito claro, mas, mesmo assim, precisa ser avaliado. Por exemplo: você resolveu se matricular no curso da Unimar, como benefício, você agrega conhecimento, novas oportunidades de emprego surgem, você terá aumento salarial, entre tantos outros benefícios que um curso superior proporciona. Por outro lado, você tem que pagar a mensalidade do curso, além disso terá que se dedicar aos estudos.
A situação apresentada é chamada de custo de oportunidade, que pode ser definido como sendo tudo aquilo de que se abre mão em função de outra coisa. Por exemplo, você abriu mão de parte do seu salário, hoje, para pagar a mensalidade e de parte do seu dia para estudar, em função de cursar uma graduação, para ganhar um aumento de salário no futuro, novas oportunidades de emprego e aumento de seu conhecimento.
Custo de oportunidade é um dos principais conceitos econômicos, e está relacionado às escolhas dadas à escassez de recursos. A ideia é sempre levar em consideração nas decisões o que se ganha e o que se deixa de ganhar em uma determinada situação.
Então, como você percebeu, o custo de oportunidade está presente em todas as situações de tomada de decisão. Portanto, sempre precisamos levar em consideração, ao fazer uma escolha do que estamos deixando de lado, ou seja, os custos e benefícios daquela ação. Assim como a empresa e o governo que precisam, também, analisar o custo de oportunidade, sempre.
Princípio 3‍
As pessoas racionais pesam na margem
Na economia partimos do princípio de que todas as pessoas são racionais, ou seja, os indivíduos são capazes de fazer o máximo para alcançar seus objetivos, sempre de forma direta e sistemática, a partir das oportunidades que surgem. Porém, uma pessoa racional sabe que imprevistos surgem e, como são racionais, são capazes de fazer pequenos ajustes em seu plano de ação. Esses ajustes são chamados de mudança marginal. Então, uma pessoa racional compara, ao tomar decisão, o custo marginal com o benefício marginal daquela ação.
Neste momento, você deve estar achando que não compreendeu muito bem os princípios até aqui explicados, mas com um exemplo citado por Mankiw (2012) ficará mais fácil! Imagina uma empresa aérea que tem um avião de 200 lugares e o voo custa à empresa 100 mil reais. O custo médio de cada poltrona é de 100 mil divididos por 200 lugares, o que dá 500 reais. Ou seja, o valor mínimo da passagem deve ser de R$ 500,00. Porém, a poucas horas de decolar, esse avião está com 10 lugares vagos e os passageiros potenciais estão dispostos a pagar R$ 300,00 pela passagem.
A empresa venderá com esse valor, pois o custo marginal desses 10 passageiros é muito pequeno, quase insignificante e esses passageiros irão  consumir alimentos a bordo, o que mostra o custo marginal.
‍Princípio 4‍
As pessoas reagem a incentivos
Como as pessoas são racionais, tomam decisões comparando o custo com o benefício daquela decisão. Esse benefício, que podemos traduzir em incentivo, exerce papel essencial para essa escolha, pois o incentivo é algo que faz com que uma pessoa racional aja. Por exemplo, quando o preço da couve aumenta, as pessoas vão reduzir o consumo dessaverdura e substituí-la por outra, como alface. A mesma situação ocorre quando o governo implementa uma política econômica. Por exemplo, o aumento da taxa de juros que vai alterar o comportamento das pessoas e essa mudança de comportamento deve ser levada em consideração pelo governo.
Finalizamos aqui nosso debate sobre o primeiro grupo de princípios básicos da economia e você, agora, já sabe como as pessoas tomam suas decisões. Vamos conhecer o segundo grupo?
Grupo 2: como as pessoas interagem
Muitas vezes uma decisão individual afeta a vida de outras pessoas, já que vivemos em sociedade e interagimos com as outras pessoas. E os princípios que discutiremos nesse segundo grupo darão suporte para entendermos como as pessoas interagem. Vamos conhecer os três princípios que fazem parte desse grupo?
Princípio 5
O comércio pode ser bom para todos
A visão de que dois países que produzem o mesmo tipo de bem são concorrentes é equivocada, pois apesar de as empresas concorrerem por consumidores, o comércio entre os países é bom para todos. Você sabe me explicar o porquê? Isso acontece em função do país A se especializar em um determinado bem, exportar (vender para outros países) esse bem e importar (comprar de outros países) outro bem de que necessita, mas do qual não é especialista. Então, vê-se que os países dependem uns dos outros.
Portanto, o comércio internacional é essencial para o crescimento econômico, e é por isso que as nações se preocupam tanto em manter boas relações comerciais e não comerciais com determinados países, que podem ser considerados chave para compra e vende de bens e serviços.
ACORDO ENTRE MERCOSUL E UE É BEM RECEBIDO POR PROFISSIONAIS DE COMÉRCIO EXTERIOR
“...o Brasil, agora com esse acordo, começa a voltar a se reintegrar nos fluxos dinâmicos de comércio e na aceitação e no cumprimento de regras internacionais que são aprovados por todo mundo, o Brasil estava fora disso”, disse Rubens Barbosa, ex-embaixador em Washington e presidente do Instituto de Comércio de Relações Internacionais e Comércio Exterior.
Fonte do fragmento:Disponível aqui
Princípio 6‍
Os mercados são geralmente uma boa maneira de organizar a atividade econômica
Atualmente, sabemos que a forma mais eficiente de organizar a atividade econômica é por meio do próprio mercado, ou seja, por meio da chamada economia de mercado. A economia de mercado é definida por Mankiw (2012) como uma economia que aloca recursos por meio das decisões descentralizadas das empresas e famílias, quando elas interagem nos mercados de bens e serviços.
Nesse caso, a economia é controlada via preços, da seguinte forma: o comprador verifica o preço ao determinar a demanda por bens e serviços e os vendedores analisam o preço ao decidir a oferta. O preço formado pela relação entre demanda e oferta reflete no preço de mercado por bens e serviços e no custo da manufatura.
No entanto, é importante observar que o governo pode e deve, em muitos casos, tomar medidas de forma a impedir que o mercado se ajuste sozinho. Medidas essas como impostos, subsídios, entre outras.
‍Princípio 7‍
Às vezes, os governos podem melhorar os resultados dos mercados
Como você já sabe, os mercados procuram se estabilizar por meio dos preços. Porém, mesmo em país que defende a livre iniciativa privada, o governo tem como papel fazer com que as regras sejam cumpridas, garantindo o chamado direito de propriedade.
Você já ouviu falar em direito de propriedade? Direito de propriedade, segundo Mankiw (2012), é a habilidade de um indivíduo de possuir e exercer controle sobre recursos escassos, sendo um incentivo para empresas e famílias produzirem. Além de garantir o direito de propriedade, o governo deve intervir na economia de mercado, para garantir a eficiência e promover a igualdade.
  Em relação à eficiência, os mercados nem sempre conseguem alocar os recursos de forma eficiente, gerando as chamadas falhas de mercado. As falhas de mercado acontecem em razão das externalidades e do poder de mercado. Vamos conhecer esses dois conceitos?
Externalidade é quando a ação de um indivíduo afeta, positiva ou negativamente, o bem-estar das outras pessoas. Já o poder de mercado é a capacidade de um ou um grupo de agentes econômicos influenciarem os preços de mercado de forma significativa.
Grupo 3: como a economia funciona
Os dois grupos de princípios da economia que discutimos formam o terceiro grupo “como a economia funciona”, pois a forma como as pessoas tomam decisões e interagem formam a economia. Vamos conhecer os três últimos princípios?
Princípio 8‍
O padrão de vida de um país depende de sua capacidade de produzir bens e serviços
Como você sabe, existe diferença no padrão de vida dos países e variam ao longo do tempo. Essa diferença pode ser explicada pela produtividade, ou ainda, pela diferença entre a produtividade das nações. A produtividade pode ser entendida como a quantidade de bens e serviços produzidos por unidade de insumo de mão de obra (MANKIW, 2012). Então, em países em que a produtividade é maior, o padrão de vida também é maior, por outro lado, países com produtividade baixa tendem a ter o padrão de vida menor. E o que fazer com países com produtividade mais baixa? Cabe ao governo implementar políticas públicas que procurem aumentar a produtividade desses países.
‍Princípio 9‍
Os preços sobem quando o governo emite moeda demais
Uma variável que gera bastante preocupação é a inflação, que pode ser definida como o aumento contínuo e generalizado de preços. Quando o governo emite moeda, teremos mais moeda em circulação, dando a impressão para a população de aumento do poder aquisitivo. Com isso, as pessoas demandarão mais bens e serviços, fazendo com que os preços subam. Além disso, quando o governo emite moeda, o valor dela diminui, gerando aumento de preços, lembre-se que a moeda é um bem como outro qualquer, depois aprofundaremos nossas discussões sobre inflação durante nossa disciplina.
‍Princípio 10‍
A sociedade enfrenta um tradeoff de curto prazo entre inflação e desemprego
O aumento da quantidade de moeda em circulação estimula a demanda por bens e serviços. Esse aumento pode fazer com que as empresas aumentem os preços dos seus produtos, gerando inflação. Por outro lado, quando temos muita demanda, as empresas precisam contratar mais trabalhadores, gerando aumento no nível de empregos. Resumindo: no curto prazo, o aumento da demanda gera inflação e reduz o desemprego.
Nesta aula estudamos:
· Princípios Básicos de Economia
Para complementar seus estudo assista a videoaula a seguir:
Parabéns! Aula Concluída.
Veja as referências utilizadas pelo(a) autor(a). Você pode ainda enriquecer seu aprendizado com os materiais complementares.
AULA 3 
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ANDRÉIA MOREIRA DA FONSECA BOECHAT
Conceitos Econômicos Fundamentais
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Olá, aluno(a), tudo bem? Agora que você conheceu os dez princípios básicos da economia, nesta terceira aula vamos compreender alguns conceitos econômicos fundamentais para a compreensão da disciplina como um todo. Portanto, como tais conceitos são básicos, é muito importante que estejam bem claros. Assim, caso não entenda qualquer conceito, releia o material, assista novamente à aula e tire suas dúvidas com seu tutor, combinado? Além disso, procure relacionar cada tema discutido com o nosso dia a dia! Vamos conhecer alguns desses conceitos tão importantes para a ciência econômica?
Bens e serviços
Bens e serviços são tudo que é capaz de atender uma necessidade das pessoas, e são classificados de duas formas principais: em relação à sua raridade e em relação a quem os oferta. No que diz respeito à raridade, os bens e serviços podem ser:
Livres
são os bens cuja quantidade é ilimitada e podem ser obtidos sem nenhum esforço humano. Em função dessas características, são bens sem preço, e por isso, não é objeto de estudo da economia. O ar, o mar e a luz solar são exemplos de bens livres.
Econômicos
são bens e serviços limitados,possuem valor de mercado e precisam de esforço humano para produzi-los. Um carro, um computador, uma caneta são exemplos de bens econômicos.
Os bens podem ser classificados em livres, os que não têm preço e, portanto, não são objeto de estudo da economia; e econômicos, que têm valor de mercado, estudados pela economia. Porém, um bem livre hoje pode se tornar um bem econômico daqui a uns anos.
No entanto, os bens econômicos são classificados, segundo a natureza, em bens materiais, que são os bens tangíveis, como uma televisão, e bens imateriais, que também são chamados de serviços, que são intangíveis, tais como uma consulta médica, uma aula ou uma consultoria.
Os bens econômicos materiais podem ser de três tipos, conforme a seguir:
BENS DURÁVEIS
Consumo, que são bens duráveis.
Exemplo: roupas.
Fonte: Elaboração da autora (2019).
BENS DE CONSUMO
Intermediário, que são necessários para fabricar os bens de consumo.
Exemplo: barras de ferro.
Fonte: Elaboração da autora (2019).
BENS UTILIZADOS PARA
FABRICAR OUTROS BENS
Capital, que são bens utilizados para fabricar outros bens.
Exemplo: máquinas.
Fonte: Elaboração da autora (2019).
Agentes econômicos e o sistema capitalista
Um termo de suma importância para fazer com que a economia gire são os agentes econômicos. Você sabe me dizer quem são esses agentes? Os agentes econômicos são as pessoas de natureza física ou jurídica que, por meio de suas ações, contribuem para o funcionamento do sistema econômico, exercendo distintos papéis na economia.
Esses agentes podem ser classificados em quatro tipos, que são:
· ‍Empresas – são unidades produtivas responsáveis pela produção e comercialização dos bens e serviços, por meio da combinação dos fatores de produção.
· ‍Família – conhecida como consumidores, são todos os indivíduos e unidades familiares da economia. As famílias têm duas funções principais: produzir e adquirir bens e serviços.
Família = consumidor = pessoa. No Brasil, segundo o IBGE (2019), temos um pouco mais que 210 milhões de habitantes, portanto, de famílias.
Governo – são as organizações que estão direta ou indiretamente sob o domínio do Estado e que atuam no sistema econômico. Temos os governos federal, estadual e municipal, além das leis e regulações.
Setor externo – são os demais países que ao fazer comércio com o Brasil, acabam influenciando a economia e também são influenciados. Assim, o setor externo é composto por todas as instituições que mantêm relações econômicas com o país.
Para acompanhar o crescimento da população brasileira por unidade federal e a projeção desse crescimento, acesse o link do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Fonte:Disponível aqui
Sistema econômico capitalista
Visando desenvolver as atividades econômicas, todas as economias procuram estabelecer normas, que devem ser respeitadas pelos agentes econômicos. Por exemplo, as unidades produtivas devem ter autorizações específicas, como o alvará de funcionamento para produzir e comercializar seus produtos.
Tais normas e suas relações com as unidades produtivas e familiares, bem como com os setores público e externo, formam o que chamamos de sistema econômico. Os mais relevantes tipos de sistema econômico são: o capitalismo e o socialismo. Nosso foco nesta disciplina é o sistema capitalista, adotado pela maioria das economias, entre elas o nosso país.
O sistema capitalista tem como características a propriedade privada dos fatores de produção e dos bens; sistema de preços que é responsável pelo controle do funcionamento da economia, ou seja, o preço que seleciona os bens e serviços a serem produzidos, e as técnicas que serão utilizadas para essa produção; o lucro é o incentivador da produção e o principal objetivo dos agentes econômicos; a competição entre empresas é acirrada; e o governo está presente, interfere no funcionamento da economia, mas de forma limitada.
As bases de um sistema econômico capitalista podem ser mais bem discutidas por meio de um modelo de economia de mercado que não considere interações com o setor público ou governo e com o setor externo ou resto do mundo, apresentado na figura 3.1.
Figura 3.1 – Interação entre família e empresa. FONTE: Mendes (2004).
‍
Observe que as instituições familiares e produtivas nesse modelo interagem em apenas dois mercados, sendo eles o mercado de bens e serviços e o mercado de fatores de produção (MENDES, 2004). Nessa direção, as unidades familiares oferecem no mercado de fatores de produção recursos produtivos. As unidades produtivas, por sua vez, oferecem no mercado de bens e serviços sua produção.
Por outro lado, as unidades familiares demandam no mercado de bens e serviços a produção das empresas, ao passo que as unidades produtivas demandam no mercado de fatores de produção os recursos produtivos. Essa interação entre agentes econômicos e mercados é chamada de fluxo real da economia (VASCONCELLOS, GARCIA, 2011).
Entretanto, tal interação só é possível com a presença da moeda, que é empregada para remunerar as famílias pelo uso dos recursos produtivos, bem como para o pagamento dos bens e serviços adquiridos. Diante disso, tem-se um fluxo monetário. A união dos fluxos real e monetário da economia origina o que chamamos de Fluxo Circular de renda.
Fatores de produção
Outro termo muito utilizado em nossa disciplina é fatores de produção, que também são chamados de recursos produtivos. Os fatores de produção podem ser definidos como sendo os elementos escassos que são utilizados de diferentes formas no processo produtivo de todos os bens e serviços. Por exemplo, precisamos de trigo, ovos, leite, fermento, forno e um padeiro para fabricar o pão, certo? Todos esses elementos são fatores de produção.
Os fatores de produção são classificados em recursos naturais ou terra, que é a origem de todo processo produtivo, como terra, água, minerais e matérias-primas; trabalho, que é a contribuição, física ou intelectual do ser humano na produção os bens e serviços; e capital, que são bens utilizados no processo produtivo, tais como máquinas, construções, e infraestrutura.
Além dos três tipos de fatores de produção tradicionais, alguns autores ainda consideram a capacidade empresarial e o empreendedorismo como fatores de produção, já que são fundamentais para a tomada de decisão dos empresários quanto à utilização dos recursos produtivos. A tecnologia também pode ser considerada um fator de produção.
Setores econômicos
Em todas as atividades de produção ou setores da economia estão inseridos os fatores de produção ou recursos produtivos (terra ou recursos naturais, mão de obra ou trabalho e capital) e as técnicas de produção (MENDES, 2004). 
Destaca-se que, com base em Mendes (2004), dependendo da atividade de produção, tais recursos e técnicas variam em intensidade, ou seja, em cada um dos setores da economia são empregados recursos e técnicas em proporções diferentes. Em outras palavras, temos atividades de produção ou setores da economia que são intensivos em terra ou recursos naturais, outros em mão de obra ou trabalho, e ainda outros, que são intensivos em capital.
O autor nos explica ainda que a intensidade/proporção de uso/emprego dos fatores de produção ou recursos produtivos classifica as atividades de produção ou setores da economia em atividades primárias, secundárias e terciárias de produção. Vamos entender cada uma delas?
Setor primário
 
Setor secundário
 
Setor terciário
Atividades primárias de produção ou setor primário
Agricultura (lavouras permanentes, temporárias, horticultura, floricultura); pecuária (criação e abate de gado, de suínos e aves, pesca e caça); extração vegetal (produção florestal: silvicultura e reflorestamento).
Atividades secundárias de produção ou setor secundário
‍Indústria extrativa mineral (minerais metálicos e não metálicos); indústria de transformação (produtos alimentícios, minerais não metálicos, metalurgia, mobiliário, química, fiação e tecelagem, vestuário, calçados, material elétrico, de telecomunicações e de transporte, produtos de matérias plásticas, bebidas,fumos), indústria da construção (obras públicas, construções privadas).
Atividades terciárias de produção ou setor terciário
‍Comércio (atacadista e varejista); transportes (rodoviários, ferroviários, hidroviários e aeroviários); comunicações (telecomunicações, correios e telégrafos, radiofusão e TV); intermediação financeira (bancos, seguradoras, distribuidoras e corretoras de valores e bolsas de valores); imobiliárias (comércio imobiliário, administração e locação) hospedagem e alimentação (hotéis, restaurantes, bares e lanchonetes); reparação e manutenção (máquinas, veículos e equipamentos); serviços pessoais (cabeleireiros, barbeiros); outros serviços (assistência à saúde, educação, cultura, lazer, culto religioso) e governo (federal, estadual e municipal).

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