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Bioquímica do Sangue e da Coagulação

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Arthur Rodrigues Cardoso - Turma 150
Universidade Federal de Pernambuco
Bioquímica do Sangue e da Coagulação
→ O sangue é um Tecido Conjuntivo Líquido, formado por diferentes tipos celulares.
→ A principal função do sangue é transportar e distribuir moléculas pelo corpo.
→ 56% plasma (solução aquosa) e 44% elementos figurados (células);
→ Dos 56%, 90% é água e contém eletrólitos, íons e minerais, metabólitos
que precisam ser exportados de um órgão para outro, proteínas e hormônios.
Proteínas Plasmáticas (Fatores)
→ São uma grande mistura de centenas de proteínas dissolvidas no sangue:
● Simples: cadeia de aminoácidos;
● Conjugadas: glicoproteínas (mais resistentes à degradação) e lipoproteínas;
→ A maioria é sintetizada no fígado (contudo, algumas são sintetizadas pelos
plasmócitos e outras pelas células endoteliais) e foi excretada, e por isso precisam ser
resistentes, possuindo açúcar ligado a eles.
→ A alta concentração é de glicoproteínas, que antes de chegarem no plasma,
passam pelo sistema secretório celular, sendo sintetizadas na forma de pré-proteínas, que
inicialmente contém um peptídeo sinal na extremidade aminoterminal. Isso é um
mecanismo de regulação: enquanto estiver armazenada, não deve estar funcionando,
apenas quando for secretada.
→ Sequência Sinal: sequência inicial de peptídeo que indica que aquela proteína
será secretada.
→ Peptídeo Reconhecedor do Sinal (SRP): proteína presente no citosol e
responsável por identificar a sequência sinal.
O SRP se liga ao ribossomo e sinaliza para parar a sintetização da proteína,
que deve ser concluída somente dentro do retículo endoplasmático rugoso. Na
membrana do RER, existe um receptor de SRP que se liga a ele, fazendo uma ponte
entre o ribossomo que está traduzindo a proteína e o RER.
O ribossomo insere a proteína que está sendo traduzida num canal de
membrana no RER, libera o SRP e finaliza a tradução da proteína, sem o peptídeo
sinal (removido). Essa proteína fica armazenada nos grânulos do RER, de forma
inativa. Somente quando o RER libera a proteína para o Complexo de Golgi, é que
outras partes dessa proteína serão removidas, ativando-a.
→ Existem 3 formas das proteínas secretadas:
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1. Pré-Proteínas: sequência inteira do gene, que tem a sequência sinalizadora
mais o restante da cadeia;
2. Pró-Proteína: quando já perdeu a sequência sinalizadora, guardada nos
grânulos.
3. Proteína: já está pronta, fragmentada para estar na forma ativa.
→ As proteínas plasmáticas têm as funções transportadoras, imunológicas,
hormonais, coagulante e hemostático.
→ Meia-Vida: quanto tempo uma proteína plasmática dura no plasma, após ser
excretada. Quanto maior o tempo de meia vida, mais tempo ela dura. É o tempo necessário
para que a concentração da proteína secretada caia pela metade.
● Ceruloplasmina: que transporta íons cobre no sangue;
● Transferrina: transporta o ferro na corrente sanguínea;
● Ferritina: estoque de ferro dentro das células;
● Albumina: transportadora;
● Globulinas de ligação: carregam moléculas com dificuldade de serem
solúveis em água, como por exemplo, hormônios sexuais, corticoides,
tireoide, ou seja, com características hidrofóbicas.
● Haptoglobina: transporta hemoglobina extracorpulasuclar (que saiu da
hemacia);
● Lipoproteínas: transportam lipídios;
● Hemopexina: transporta o grupo heme livre (onde tem o átomo de ferro, que
carrega o oxigênio), ele não deve estar livre no sangue, caso ele apareça na
forma livre, a hemopexina carrega ele pra degradação ou ser reaproveitado.
● Proteína de ligação de retinol: para vitaminas;
● Alfa 2 macroglobulina: transporta zinco no plasma.
ALBUMINA
→ Produzida pelo fígado (12g por dia) e tem a função de transportar muita coisa,
como ácidos graxos livres, íons de cálcio, cobre e zinco, alguns hormônios esteróides,
bilirrubina, e vários fármacos.
→ Tem 17 pontes dissulfeto (extremamente resistente à degradação). Solúvel em
água (polar), e tempo de vida de 20 dias;
→ Partes podem ter algumas moléculas de glicose associadas, mas não será uma
porção de carboidrato;
→ Fase Aguda Negativa: concentração diminuída pela inflamação;
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→ Responsável pela pressão oncótica do plasma, uma pressão por tudo que está
solúvel no plasma e que coordena se vai extravasar ou vai entrar mais água, mantendo a
quantidade de líquido constante.
→ Indicador da função do fígado. Albumina reduzida significa que o fígado não
está bem, e a Gamma aumentada o sistema imune está produzindo demais.
→ Eletroforese: as proteínas numa amostra de plasma são submetidas a
um campo elétrico e caminham no material de acordo com o seu tamanho ou carga
elétrica. Depois, é feito uma técnica de coloração, usando um corante que se liga às
proteínas, podendo ver onde as proteínas estão paradas (regiões mais escuras,
chamadas de bandas). A primeira banda corresponde à Albumina.
HAPTOGLOBINA:
→ Glicoproteína produzida no fígado.
→ Principal função: transportar a hemoglobina extracorpuscular, impedindo a
perda de hemoglobina livre pelo rim e formando um complexo HAP-Hb (muito grande para
atravessar o glomérulo) para ser degradado no fígado ou no sistema reticuloendotelial.
→ Está aumentada durante processos inflamatórios (fase aguda positiva) e
diminuída em episódios hemolíticos.
→ A dosagem de haptoglobina sérica é usada clinicamente como indicador de grau
de hemólise intravascular (pouca ou nenhuma haptoglobina no plasma por causa da
remoção dos complexos HAP-Hb).
→ Eritrócitos (glóbulos vermelhos ou hemácias): são mais abundantes, quando
maduros não tem organelas nem núcleos. A função é transportar oxigênio e tamponar o
sangue, mantendo o PH constante. Por não ter organela, a energia é a produção de
ATP pela glicólise. E dentro de seu citoplasma, tem várias enzimas necessárias para
prevenir ou reparar danos oxidativos causados pelas espécies reativas de oxigênio (ROS) e
para a geração de energia. A hemácia tem sistema antioxidante de produção.
● A hemoglobina corresponde a 95% das proteínas intracelulares do eritrócito;
● Proteína Conjugada: parte protéica (globina) + grupos heme;
● Estrutura Quaternária com 4 subunidades, cada uma com um grupo
heme.
→ Leucócitos (glóbulos brancos)
→ Trombócitos/Plaquetas: são fragmentos celulares, micro células derivadas no
megacariócitos, e estão envolvidos na coagulação sanguínea e circulam no sangue por
10 dias.
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● Circulam o tempo todo no sangue, mas só formam coágulo ou trombo
quando ativados, por agentes químicos, epinefrina, colágeno, trombina,
fator ativador de plaquetas, complexos imunes e hemodinâmica elevada.
● Após ativadas, as plaquetas mudam de forma (discóide → esférica, com
pseudópodes estendidos) e passam a secretar várias moléculas (ADP,
serotonina, tromboxano A2, fator de von-Willebrand) que formam um
agregado e se aderem a parede celular, formando o tampão, trombo, ou
coágulo sanguíneo.
COAGULAÇÃO SANGUÍNEA
→ Quando há um rompimento do vaso, as plaquetas se ativam e
se agregam a demais componentes para formar o tampão. Esse
processo de controle da quantidade de sangue que está dentro dos
vasos sanguíneos se chama HEMOSTASIA, e é ativado quando a
quantidade de líquido circulante no sistema fechado está diminuída ou
para evitar o vazamento de sangue. Ela vai ser dividida em 3 fases:
● Pró-Coagulação: é ativada quando há lesão e o volume
de líquido no sistema fechado diminui, gerando a
ativação de plaquetas e a produção de fibrina, que
forma uma rede, trombo, coágulo.
● Anticoagulação: que deve acontecer logo após a pró-coagulação, porque
após o trombo formado, a coagulação precisa ser interrompida.
● Fibrinólise: o coágulo é desfeito, depois que a parede cicatrizou.
1. PRÓ-COAGULAÇÃO
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→ Agregação plaquetária e produção de Fibrina,através do Fibrinogênio, a partir
de uma cascata de coagulação..
→ A ativação plaquetária vai secretar serotonina, para a vasoconstrição (contração
do vaso para evitar a perda de sangue), tromboxano A2 (TxA2) e ADP, para ativar mais
plaquetas.
→ Existem dois fatores que ativam a primeira plaqueta: o colágeno sanguíneo
exposto, que se liga a um receptor plaquetário, e o Fator de Von-Willebrand (proteína
plasmática secretada pela parede do endotélio o tempo todo. Ele tem afinidade de se ligar
no colágeno e na superfície do endotélio lesionado)
→ O fibrinogênio consegue se ligar às plaquetas ativas, mas a união dessas
plaquetas acaba sendo fraca, pois ainda não foi convertido em fibrina. A produção de
fibrina se dá por duas vias, que funcionam juntas, de forma interdependente:
● Via Extrínseca ou Fator Tecidual: iniciada pela molécula de fator tecidual
(fator III), que é uma proteína transmembrana que fica exposta na lesão
(vem a partir de um fato externo ao sangue). Seu objetivo é ativar o fator X ,
que é uma proteína plasmática que inicia a cascata para a formação de
fibrina;
● Via Intrínseca ou Fator de Contato: são lesões no revestimento endotelial,
nas superfícies aniônicas das membranas, e quanto mais lesionado, mais
superfícies aniônicas e mais ativação da coagulação. Seu objetivo é,
também, ativar o fator X.
CASCATA DE COAGULAÇÃO:
→ Fator Xa + Fator Va → Protrombinase (enzima) + Protrombina → Trombina
(amplifica a resposta, ativando todos os fatores. É a enzima responsável por ativar o
Fibrinogênio → Fibrina).
→ No fibrinogênio tem o fator E, entre os D-dímeros, que impedem que eles grudem
um ao outro, formando uma fibra. A trombina cliva esse Fibrinogênio, liberando o
Fibrinopeptídeos, possibilitando a formação de um polímero de Fibrina, tornando a rede
mais forte.
→ Nesse polímero, há o fator XIII que liga os D-dímeros, fortalecendo o coágulo de
fibrina. Exame D-dímeros, mede justamente a quantidade de dímeros formados, quanto
mais d’dímeros, mais coagulação.
2. ANTICOAGULAÇÃO
→ Inibição das hidrolases envolvidas na coagulação;
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→ Inicia quase junto com a Pró-Coagulação, quando as proteínas plasmáticas
responsáveis pela interrupção da coagulação são disparadas, porém a formação dos
complexos inibidores é inicialmente lenta.
→ Os complexos enzima-inibidores (inibidores + fatores ativados) formados são
removidos pelo fígado.
3. FIBRINÓLISE
→ Desfeita do coágulo formado.
→ A enzima Plasmina, ativada pela Proteína Ativadora de Plasminogênio
Tecidual (produzido pelo tecido do endotélio saudável), degrada a Fibrina em fragmentos
solúveis.
AVALIAÇÃO LABORATORIAL DA COAGULAÇÃO
→ Hemograma, Plaquetograma: quantidade e morfologia plaquetária.
→ Feita pelo tempo de formação de Protrombina (avalia a Via Extrínseca) e de
Tromboplastina parcialmente ativada (avalia a Via Intrínseca). Caso estejam altos,
indicam deficiência dos fatores envolvidos em cada via.
BIOPATOLOGIAS
→ Doença de Von-Willebrand: doença hemorrágica, com diminuição do Fator de
Von-Willebrand e sangramentos exagerados, já que o fator não vai se depositar na lesão
para as plaquetas de ligarem;
→ Síndrome de Bernard Soulier: herança autossômica recessiva, onde há falta da
GP Ib (receptor que liga no Fator de Von-Willebrand) na superfície das plaquetas;
→ Hemofilia: afeta a via Intrínseca. O tratamento é com a forma recombinante de
FVIIa (vai aumentar a via extrínseca, para liberar o fator tecidual)
● Hemofilia A: doença recessiva ligada ao cromossomo X, deficiência no fator
VIII. Possui o tempo de protrombina normal, no caso de concentração
elevada do fator tecidual. Porém, devido à deficiência do FVIII, o processo
geral da coagulação é deficiente.
● Hemofilia B: disfunção no fator IX.

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