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UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO DEMOCRACIA ESCOLAR Disciplina: Politicas, estruturas e gestão da educação básica. Professora: Luisa Cardorim Facenda Acadêmicos: Caroline Busa Maciel, Eduarda Giardello, Gabriel Stumpf, Kérly Alessandra Denkio, Maiara Gabriela Graeff de Paula, Mylena de Olieira e Nathalia Foza. Passo Fundo, junho de 2018 GESTÃO DEMOCRATICA NO ENSINO INFANTIL Introdução O presente trabalho tem como objetivo, comentar sobre como deve ser a gestão democrática, exclusivamente no ensino infantil, demostrando a importância da participação da comunidade escolar, pois com ela é possível fazer uma gestão democrática. A comunidade escolar é constituída por estudantes, professores, funcionários e pais, os mesmos devem estar presentes na construção do projeto político pedagógico da escola, colocando suas opiniões para o ano letivo escolar. Com isso, fazendo com que a gestão seja democrática, escutando as opiniões de todos que fazem parte e necessitam dela. Entende-se que os estudantes da educação infantil, não tem idade para fazer posicionamentos para a gestão escolar, mas neste momento que faz voz por eles, são os seus pais, que devem estar presentes em momentos de decisões na escola, defendendo o que é melhor para o seu pequeno. 1 Democracia Escolar 1.1 O que é democracia? Antes de falarmos de democracia escolar, se faz necessário conceituar o termo democracia. A democracia surgiu em Antes na Grécia no ano de 510 a.C, devido a uma rebelião liderada por Clístenes um aristocrata1 progressista2, no qual derrubou o último tirano. A democracia ateniense no período clássico grego, inspirou as outras formas de Estados de democráticos que temos na pós modernidade. Entretanto, a democracia da Cidade-Estado de Atenas, foi um modelo democrático, na qual nem todos os cidadãos podiam ter o direito de participar das questões políticas da pólis ( Cidade-Estado). Os cidadãos que poderiam participar das questões políticas em Atenas, eram os homens livres maiores de 18 anos e nascidos em Antenas, ou seja, mulheres, estrangeiros e escravos não possuíam o direito de participar das questões políticas atenienses. Como podemos observar a democracia anteniense, difere do que nós entendemos por democracia. Na pós modernidade entende-se por democracia uma organização social, cujo o 2 Progressista termo utilizado a alguém que seja defensor do progresso ou das transformações ou reformas nos campos políticos e econômicos. 1 Aristocrata termo utilizado para se referir ao um nobre ou fidalgo. controle político emana do povo, pois é a população que escolhe seus governantes e todos os membros de um Estado tem o direito ao voto. Por fim, a democracia parte do princípio que há igualdade de oportunidade e que todos os sujeitos têm os mesmos direitos e deveres para exercer e cumprir. Entretanto, no Brasil considerado um país democrático, nem todos os cidadãos tem acesso a educação, unidades médicas entre outros itens, administrados pelo governo. 1.2 Democracia Escolar A democracia escolar, parte dos pressupostos ideais de uma democracia participativa, dessa forma os membros da comunidade escolar, discentes, professores, funcionários, e gestores devem ter o direito de participa das questões escolares. Nesse sentido, os estudantes viram as figuras essenciais no processo educacional, assim nessa condição os professores atuam facilitando o que é do interesse dos alunos. Numa escola democrática, os alunos também podem ter o direito de escolher as suas atividades de acordo com os seus interesses, desse modo os estudantes controlam o seu tempo e seus rendimentos terá grande chance de serem satisfatório já que ele estudará disciplinas de sua preferência, e os discentes aprenderam a ter poder de decisão. Por fim, a escola democrática é distinta da escola tradicional devido aos seguintes aspectos. A escola democrática ela trabalha por ciclos e não por anos ou séries, e os professores juntamente com os alunos escolhem quais conteúdos serão aprendidos. Por outro lado, a escola tradicional é aquela na qual os conteúdos são impostos, ou seja, não há diálogo entre os professores e alunos para selecionar os conteúdos de interesse entre os ambos, e a ela é organizada por anos ou séries. 2 A formação da gestão A formação dos gestores, assim como a dos professores, é essencial para o desenvolvimento de uma escola. Afinal, é preciso conhecer a psicologia e o desenvolvimento humano (cognitivo, afetivo e psicomotor), além dos aspectos administrativos do sistema de ensino. Por isso, para atuar na gestão deve- se ter formação em Pedagogia, Licenciatura ou pós-graduação. Para os professores, fora sua formação inicial de Pedagogia, é essencial que a escola disponibilize formação continuada. Segundo a Coordenadora do curso de especialização em Gestão Pedagógica e Formação em Educação Infantil do ISE Vera Cruz, Zilma de Moraes Ramos de Oliveira, a formação continuada, deve propiciar aos professores possibilidades de trabalhar sua autoestima, dar-lhes oportunidade de serem ouvidos e de atuarem como protagonistas de seu próprio processo de mudança e garantir o exame das dimensões éticas da atuação docente. (2013) Segundo o autor Jerônimo Sartori, a visão do gestor tem influência direta desde a organização dos ambientes até a organização e compreensão da rotina de trabalho com as crianças (2017, p.31). Desse modo, a escola deve pensar na construção do Projeto Político Pedagógico: ouvir os educadores, os funcionários, a família e principalmente as crianças, criar espaços para a família; organizar a rotina da escola; decidir se os educadores terão autonomia para desenvolver seus projetos; pensar junto com os docentes o processo de adaptação das crianças; perceber a essência e tornar realidade as leis da Diretrizes e Bases Curriculares que lhes cabem; estruturar os espaços educativos garantindo a segurança e tranquilidade de todos, salas amplas, número adequado de crianças por educador, brinquedos e livros infantis próprios à idade, sem esquecer também dos espaços externos. Segundo Líbaneo: O diretor não pode ater-se apenas às questões administrativas. Como dirigente, cabe-lhe ter uma visão de conjunto e uma atuação que aprenda a escola em seus aspectos pedagógicos, administrativos, financeiros e culturais (Líbaneo, 2005, apud Sartori, 2017, p. 42). Para ser ter uma boa gestão é necessário ser guiada pelo sentimento humano. Afinal, são histórias de diversas vidas que estariam sendo influenciadas. 3 A gestão democrática nas Instituições da Educação Infantil A cerca de aproximadamente dez anos a educação infantil vem sendo reordenada através das exigências impostas pela legislação, uma das consequências é a formação pessoal deste profissional que trabalha diretamente com o público infantil, como a qualificação e habilitação para este setor e tratamento destes indivíduos, atuando de forma adequada na docência. Pois a educação na antiguidade era baseada na informalidade. A criança não era tratada como sujeito cultural da sociedade. E a educação neste período era focada na mulher pelo fato deste gênero ter um instinto materno, para manter a relação com estes sujeitos. Foi aí o grande salto, no ensino superior, partindo destes requisitos de qualificação destes profissionais. Como assegura a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (BRASIL, 1996) em seu artigo 61. Consideram-se profissionais da educação escolar básica os que, nela estando em efetivo exercício e tendo sido formados em cursos reconhecidos, são: I – Professores habilitados em nível médio ou superior para a docência na educação infantil e no ensino fundamental e/ou no ensino médio; II – Trabalhadores em educação portadores de diploma de pedagogia, com habilitação em administração, planejamento, supervisão, inspeção e orientação educacional, bem como com títulos de mestrado ou doutorado nas mesmas áreas; III – Trabalhadores em educação, portadores de diplomade curso técnico ou superior em área pedagógica ou afim. V - Profissionais graduados que tenham feito complementação pedagógica, conforme disposto pelo Conselho Nacional de Educação. Também é de grande importância a qualificação dos gestores dos estabelecimentos de educação infantil para que estes ambientes sejam democráticos ao público e funcionários que ali atuam, afinal a gestão é responsabilidade de todos, não apenas de uma pessoa só, mas sim da comunidade da instituição, a LDB (BRASIL, 1996) em seu artigo 12. Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e as do seu sistema de ensino, terão a incumbência de: VI - Articular-se com as famílias e a comunidade, criando processos de integração da sociedade com a escola. Em seu artigo 14. Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino público na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios: I - Participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola; II - Participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes. Não podemos esquecer da fundamental participação da comunidade na gestão democrática da escola, é um direito dos pais, dos alunos e da comunidade participar desse processo, como relata o Estatuto da Criança e do Adolescente (BRASIL, 1990) “É direito dos pais ou responsáveis ter ciência do processo pedagógico, bem como participar da definição das propostas educacionais”. Podemos observar no ECA (BRASIL, 1990) no Artigo 53 que “a criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho, assegurando-se lhes: III - Direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer às instâncias escolares superiores; IV - Direito de organização e participação em entidades estudantis;” A Meta 19 do Plano Nacional de Educação (BRASIL, 2014) diz que deve-se “assegurar condições, no prazo de 2 (dois) anos, para a efetivação da gestão democrática da educação, associada a critérios técnicos de mérito e desempenho e à consulta pública à comunidade escolar, no âmbito das escolas públicas, prevendo recursos e apoio técnico da União para tanto.” Tendo como estratégias: 19.4) estimular, em todas as redes de educação básica, a constituição e o fortalecimento de grêmios estudantis e associações de pais, assegurando-se-lhes, inclusive, espaços adequados e condições de funcionamento nas escolas e fomentando a sua articulação orgânica com os conselhos escolares, por meio das respectivas representações; 19.5) estimular a constituição e o fortalecimento de conselhos escolares e conselhos municipais de educação, como instrumentos de participação e fiscalização na gestão escolar e educacional, inclusive por meio de programas de formação de conselheiros, assegurando-se condições de funcionamento autônomo; 19.6) estimular a participação e a consulta de profissionais da educação, alunos (as) e seus familiares na formulação dos projetos político-pedagógicos, currículos escolares, planos de gestão escolar e regimentos escolares, assegurando a participação dos pais na avaliação de docentes e gestores escolares. 3.1 A participação da comunidade na gestão democrática Para a construção de uma gestão escolar democrática, principalmente na educação infantil, é necessário que família, comunidade e escola tenham uma boa relação. Uma vez que, [...] toda criança faz parte de uma família e [...] está inserida em uma comunidade, hoje, ambas, família e comunidade, estão incumbidas, juntamente com a escola, da formação de um mesmo cidadão, portanto são peças fundamentais no processo educativo e, porque não, na elaboração do projeto pedagógico da escola e na gestão da mesma. (OLIVEIRA; BELICE; et al, 2011, p. 1) Assim, “É impossível desenvolver um bom trabalho com a criança sem ter acesso à família”. (SARTORI, 2017, p.43). A fim de ampliar a participação da comunidade na escola e garantir a gestão e processos educativos democráticos, foram criados os Conselhos Escolares. Nesses conselhos, pais, familiares, sindicatos e associações podem colaborar e serem ouvidos, também, receberem informações da gestão e dos profissionais que atuam na escola. Infelizmente, nas escolas de educação infantil, o cenário atual é bem diferente do ideal. Os pais não passam do portão da escola e pior mal conhecem a professora e a gestão de onde seus filhos estudam. Articulando família e escola, criando uma relação de parceria, interação e comprometimento, ou seja, transformando essa realidade, irá ocorrer, segundo Gadotti (1997, p.52) “a aprendizagem de mão dupla: a escola estendendo sua função pedagógica para a sociedade e a sociedade influenciando os destinos da escola”. (Apud AQUINO, 2009, p. 262). 3.2 A voz da criança, na educação infantil O ensino infantil é uma das fases mais importante na vida de uma pessoa, é nessa fase que aprendemos um pouco de tudo, que nos constituímos e é através do ambiente escolar que tudo isso ocorre, através de um professor, um mediador da criança com o conhecimento, para ser um bom professor é preciso saber ouvir a criança, ouvir o que ela tem a dizer, quando o professor ouve a criança o desenvolvimento , conhecimento da mesma é muito grande pois a criança tem um mundo criativo, com imaginações, percepções que os professores não tem, muitas vezes é brincando que as crianças amadurecem, aprendem, para isso é preciso, é necessário que o professor tenha essa escuta da criança, a criança aprende com o professor mas também o ensina, desse modo temos o “ aprender a aprender”. Existem momentos em que o professor já tem em mente o que vão fazer, desenvolver com as crianças (planejamento), mas também existem momentos que as opiniões dos pequenos ajudam no cotidiano, fazendo com que eles tenham voz, seus desejos, suas vontades também são importantes para o bom andamento das aulas, para perceber seus desenvolvimentos e eles se divertem bem mais quando a brincadeira ou atividade é proposta por eles. Em questão da voz da criança perante a gestão na educação infantil, podemos dizer que normalmente os professores percebem as necessidades dos alunos, tanto individual quanto ao grande grupo diariamente enquanto desenvolvem e aplicam as atividades, realizam as rotinas, pois são nesses momentos que eles dialogam entre si e com os professores e assim os professores repassam para a gestão em reunião de professores ou quando necessário. Conclusão Na execução deste trabalho foi possível analisar as idealizações de democracia para o Brasil, com isso, observou-se também que partindo de uma gestão democrática escolar, fazendo com que a comunidade escolar participe frequentemente das questões administrativas, é possível fazer com que os estudantes desde cedo, aprendam sobre democracia, e o quão é necessária ter voz ativa nestes processos, fazendo com que o estudante que irá se formar em um ambiente em que valorizam a sua opinião, se tornara um cidadão participativo na sociedade, para defender seus benefícios. Referência AQUINO, Lígia Maria Leão de. A gestão democrática nas instituições de educação infantil: questões para pensar a formação de gestores. Revista Educação em Foco, Juíz de Fora, v. 13, n.2, p. 251-268, set 2008/ fev 2009. BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei nº 9.394/96, de 20 de dezembro de 1996. BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. BRASIL. Plano Nacional de Educação. Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014. OLIVEIRA, Zilma de Morais Ramos de. Gestão pedagógica na educação infantil. Gestão Escolar. 2013. Disponível em: https://gestaoescolar.org.br/conteudo/149/. Acesso 18, mai de 2018. OLIVEIRA. A. C. C.; BELICE, R. D.; et al. Relação escola, família e comunidade: um estudo de caso. Disponível em <http://www.inicepg.univap.br/cd/INIC_2011/anais/arquivos/0723_1220_01.pdf>Acesso em: 15 de maio de 2018. SARTORI, Jerônimo. Gestão Educacional: formação em cursos de especialização Faed/UPF. Passo Fundo: Ed. Universidade de Passo Fundo, 2017 MONOGRAFIAS BRASIL ESCOLA. https://monografias.brasilescola.uol.com.br/educacao/escola-democraticaum-caminho-para-u m-ensino-qualidade-.htm. Acesso em: 24,mai de 2018. TODA MATÉRIA. https://www.todamateria.com.br/democracia/. Acesso em: 24, mai de 2018
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