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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADE CEARENSE CURSO DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS LUCILE BERNARDO DE AMORIM RIOS A INTELIGÊNCIA EMOCIONAL NO AMBIENTE DE TRABALHO FORTALEZA 2014 LUCILE BERNARDO DE AMORIM RIOS A INTELIGÊNCIA EMOCIONAL NO AMBIENTE DE TRABALHO FORTALEZA 2014 Monografia submetida à aprovação da Coordenação do Curso de Administração de Empresas da Faculdade Cearense, como requisito parcial para obtenção do grau de graduação. LUCILE BERNARDO DE AMORIM RIOS A INTELIGÊNCIA EMOCIONAL NO AMBIENTE DE TRABALHO BANCA EXAMINADORA: ________________________________________________ Professora Mônica Valesca Veras Machado, Ms ________________________________________________ Professora Mônica Helena Gurgel Barros, Esp ________________________________________________ Professora Ariane de Queiroz Sousa, Ms Monografia apresentada como pré-requisito para obtenção do título de bacharelado em Administração de Empresas outorgado pela Faculdade Cearense (FaC), tendo sido aprovada pela banca examinadora composta pelos professores Data de aprovação: ____ / ____ / ________ Ao meu marido e aos meus pais. AGRADECIMENTOS Primeiramente à Deus, que esteve comigo em todos os momentos e me deu forças para continuar. Ao meu marido, que me apoiou e incentivou em todas as etapas. Aos meus pais que, diante de tantas dificuldades, me deram oportunidade de estudar e adquirir novos conhecimentos. À minha orientadora, pelo tempo e esforço dedicado a este trabalho. RESUMO Pouco se percebe o quanto as emoções são importantes no ambiente organizacional, sendo determinantes para os resultados no trabalho e, consequentemente, para o sucesso das empresas. Saber lidar com as emoções é essencial para que o profissional possa desenvolver todo o seu potencial produtivo. A inteligência emocional é, então, a capacidade de lidar com as emoções de tal forma que os acontecimentos negativos não tenham a capacidade de atingir negativamente o indivíduo e a empresa. Os indivíduos que têm inteligência emocional desenvolvida podem ter maiores chances de ascender profissionalmente, bem como as empresas que a promovem em seu ambiente de trabalho têm chances consideravelmente mais elevadas de alcançar resultados melhores. Desta forma, surgiu a problematização: qual a importância da inteligência emocional no ambiente de trabalho? Este trabalho buscou analisar a relevância da inteligência emocional dentro do ambiente de trabalho e como ela pode influenciar para o alcance do sucesso no âmbito profissional da empresa. Para tanto, procedeu-se à coleta de dados através de levantamento bibliográfico e aplicação de questionário com profissional de treinamento da área de inteligência emocional. Quanto à forma de abordagem, a pesquisa é qualitativa, por ser subjetiva e não quantificável. Quanto aos seus fins, é tida por exploratória e explicativa. É dessa forma que o presente trabalho apurou que a inteligência emocional precisa ser mais estudada e, especialmente, mais aplicada no seio laboral, a fim de que indivíduos e empresas possam desenvolver todo seu potencial produtivo. Palavras-chave: inteligência emocional, emoções e ambiente de trabalho. ABSTRACT Little is realize how emotions are important in the organizational environment, being decisive for the outcome on the job and thus to the success of businesses. Dealing with emotions is essential to enable the professional to develop to their full productive potential. Emotional intelligence is, then, the ability to deal with emotions such that negative events do not have the ability to adversely hitting the person and the company. Individuals who have developed emotional intelligence may have higher chances of ascending professionally as well as businesses that promote in their work environment have considerably higher chances of achieving better results. Thus came the questioning: what is the importance of emotional intelligence in the workplace? This study aimed to analyze the relevance of emotional intelligence in the workplace and how it can influence to achieve success in the professional company. For that, we proceeded to collect data through a literature review and a questionnaire with the area of emotional intelligence training professional. How to approach, research is qualitative, for being subjective and not quantifiable. As for your purposes is considered by exploratory and explanatory. It is thus that the present study found that emotional intelligence requires further study, and especially in more applied work within, so that individuals and businesses can develop to their full productive potential. Keywords: emotional intelligence, emotions and work environment. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................................................9 2 REFERENCIAL TEÓRICO........................................................................................................................................11 2.1 Ambiente de trabalho..........................................................................................................................................11 2.1.1 Evolução, conceito e importância do trabalho......................................................................................12 2.1.2 Fatores que influenciam no ambiente de trabalho positivo............................................................16 2.1.3 Sucesso profissional x motivação individual........................................................................................18 2.2 Inteligência emocional........................................................................................................................................21 2.2.1 Inteligência emocional: histórico e definição.........................................................................................23 2.2.2 A importância da inteligência emocional para os profissionais....................................................27 2.2.3 Liderando com inteligência emocional....................................................................................................30 2.2.4 As vantagens para as empresas que trabalham com a inteligência emocional.................................................................................................................................................33 3. A PESQUISA............................................................................................................................................................35 3.1 Metodologia.............................................................................................................................................................35 3.2 Análise e discussão dos dados........................................................................................................................36 4 CONCLUSÃO............................................................................................................................................................40 REFERÊNCIAS............................................................................................................................................................41 APÊNDICE......................................................................................................................................................................441 INTRODUÇÃO Saber lidar com as emoções na vida familiar, conjugal, no trabalho e na sociedade como um todo é um desafio para qualquer pessoa. As emoções norteiam, motivam, impulsionam e mostram muito do comportamento do ser humano. É no ambiente corporativo que as pessoas passam maior parte do dia ativo e onde, consequentemente, se confrontam com diferentes emoções. Por sua vez, as emoções acabam influenciando o resultado no trabalho. Sendo assim, a inteligência emocional colabora sensivelmente para que as emoções sejam controladas de forma a não prejudicar a produtividade no trabalho, ao contrário, procuram beneficiá-lo. O presente estudo, portanto, desenvolveu-se a partir do seguinte questionamento: qual a importância da inteligência emocional no ambiente de trabalho? O trabalho tem como objetivo geral identificar de que maneira a inteligência emocional pode influenciar e beneficiar as pessoas no ambiente de trabalho. Como objetivos específicos buscou-se mostrar quais são os fatores que influenciam no ambiente de trabalho positivo e identificar o que é a inteligência emocional e quais os benefícios à companhia empresarial que nela investe. A escolha do tema se deu através da percepção da relevância da inteligência emocional no contexto atual, em que as empresas buscam e investem no aprimoramento contínuo dos seus colaboradores e meios que proporcionem um ambiente de trabalho agradável, propício à produtividade, com profissionais bem sucedidos e comedidos. A estrutura desta monografia apresenta, além desta introdução, como primeiro capítulo, mais três capítulos, referências bibliográficas e um apêndice. No segundo capítulo será abordado o referencial teórico, dividido em dois tópicos. O primeiro tópico abordará o ambiente de trabalho, a evolução, o conceito e a importância do trabalho, os fatores que influenciam no ambiente de trabalho positivo e o sucesso profissional em contraponto à motivação individual. O segundo tópico tratará da inteligência emocional, do conceito de inteligência emocional, seu histórico e definição, das vantagens para as empresas que trabalham com ela, da sua importância para os profissionais e da liderança com inteligência emocional. No terceiro capítulo será abordada a pesquisa em dois tópicos. O primeiro tópico a metodologia da pesquisa e o segundo tópico apresentará a análise e a discussão dos dados. O quarto capítulo contempla a conclusão e algumas possíveis recomendações para aplicação da inteligência emocional visando o sucesso corporativo no desenvolvimento e otimização do ambiente de trabalho positivo. Por fim, apresentam-se as referências bibliográficas e o apêndice, restando à pesquisa concatenada no estudo monográfico que se construiu e apresenta-se a seguir. 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 Ambiente de trabalho É no ambiente de trabalho que as pessoas passam a maior parte do seu dia ativo. Nesse contexto, as pessoas o consideram a segunda casa, pois passam mais tempo no trabalho do que no lar. Navarro (2012, p. 1) afirma que O ambiente de trabalho é importante para a segurança e qualidade de vida dos trabalhadores. Muito desses, acrescentando os tempos de deslocamentos de suas residências para o local de trabalho e vice-versa, chegam a ficar mais de 70% de seu tempo diário. Assim, o ambiente e as características dos trabalhos realizados devem ser os mais agradáveis possíveis a fim de que os trabalhadores se sintam bem. Para uma melhor compreensão do que vem a ser o ambiente de trabalho, abordaram-se os conceitos de ambiente e trabalho, segundo o dicionário da língua portuguesa. Tais conceitos se revelam importantes para iniciação da definição de ambiente de trabalho, alicerçando as noções gerais sobre o tema. Segundo Houaiss, Villar e Franco (2008, p. 37), ambiente significa O que rodeia e constitui o meio em que se vive. 2 recinto, espaço, em que se está ou vive. 3 conjunto de condições que envolve as pessoas; atmosfera. 4 Ambiência („espaço‟). 5 conjunto dos aspectos de um meio social, natural ou histórico em que se situa uma ação [...] Ainda segundo Houaiss, Villar e Franco (2008, p. 734), trabalho significa “Atividade profissional, remunerada ou não. 2 Atividade produtiva ou criativa, exercida para determinado fim. 3 O resultado ou exercício dessas atividades. 4 Local onde a atividade é exercida. 5 Esforço, lida [...].” Através dos conceitos de Houaiss, Villar e Franco (2008) pode-se extrair precisamente o conceito de ambiente de trabalho. Navarro (2012, p. 1) relata que o ambiente de trabalho é o “[...] local ou ambiente onde se desenvolvem as ações de trabalho, convivência e permanência dos trabalhadores, enquanto no exercício de suas atividades laborais”. Entende-se que o ambiente de trabalho, por ser o local onde pessoas desenvolvem atividades laborais e passam várias horas do dia, necessita no mínimo ser sadio, agradável e seguro. Verdussen (1978, p. 49, apud FALCÃO, 2008, p. 4) afirma que “Um local de trabalho, um escritório, uma oficina ou um quarto, deve ser sadio e agradável. O usuário precisa encontrar aí condições capazes de lhe proporcionar um máximo de proteção e, ao mesmo tempo, satisfação no trabalho [...]”. Portanto, o ambiente de trabalho, além de ter de ser sadio, confortável e seguro, deve influenciar positivamente as pessoas que nele trabalham. Percebe-se que as pessoas são frutos do meio em que vivem, possuem sentimentos e emoções e tomam atitudes influenciadas pelo espaço que as rodeia, seja ele físico (instalações, móveis, decoração, entre outros) ou social (as pessoas que o habitam) (SOBRINHA, 2010). Desta forma, o ambiente de trabalho tem importante influência no desempenho dos funcionários. Guebur, Poletto e Vieira (2007, p. 90) afirma que [...] é preciso estar atendo a alguns detalhes que, muitas vezes, passam despercebidos e acabam agindo como desestimulantes. Muitos são os motivos ou acontecimentos que interferem, negativa ou positivamente, no desempenho das atividades de trabalho de uma organização. Portanto, é importante organizar o local de trabalho para quem ele ajude no desempenho das funções, sendo eficaz para a produtividade, ao invés de atrapalhá-la. Com as afirmações de Guebur, Poletto e Vieira (2007) é de fácil percepção a importância de um ambiente de trabalho adequado para o alcance de um melhor resultado nas atividades desempenhadas nele. Um ambiente equilibrado é propício à formação de profissionais equilibrados. Rodrigues (2012, p. 32) afirma que Em relação às influências no ambiente de trabalho, não se pode exigir resultados de uma equipe se esta não tiver um mínimo de comodidade e de condições para realizar suas necessidades básicas. Mas acredita-se que quanto melhor e mais bem atendidas estas necessidades tanto melhor será o desempenho de uma equipe. Entende-se que o ambiente de trabalho pode influenciar no comportamento das pessoas e, consequentemente, no seu desempenho, afetando diretamente os resultados da empresa. Logo, a empresa que se preocupa em manter um ambiente de trabalho agradável, confortável e seguro, com condições adequadas para o desenvolvimento das atividades por seus colaboradores, está investindo no desempenho da equipe e no aumento da produtividade. Diante de tais considerações, o próximo tópico abordará a evolução, o conceito e a importância do trabalho. 2.1.1 Evolução, conceito e importância do trabalho Perante os diversos conceitos atribuídos ao trabalho, pode-se extrair a essência que abrange todos eles e resumi-la como sendo a maneira com que o homem transforma o meio, garante a sua subsistência e se realiza. Segundo Marx (1985, p. 149, apud BRITO, 2005, p. 38), O trabalho é um processo entre o homem e a Natureza, um processo em que o homem, por sua própria ação, media, regula e controla seu metabolismo com a Natureza(...). Ele põe em movimento as forças naturais pertencentes à sua corporalidade, braços e pernas, cabeça e mão, a fim de apropriar-se da matéria natural numa forma útil para sua própria vida. Já para Sandroni (1999, p. 609, apud PEREIRA, 2010, p. 7), o trabalho “é toda atividade humana voltada para a transformação da natureza, com o objetivo de satisfazer uma necessidade [...]”. Os conceitos de Marx e Sandroni enfatizam a relação existente entre o trabalho, o homem e a natureza. Deixando claro o poder que o homem tem de transformar o meio através do trabalho. Esse poder de transformação, obtido através do trabalho, permite que o homem mude a situação em que vive, use os recursos da natureza a seu favor, supra suas necessidades e se realize pessoal e profissionalmente. Percebe-se que o trabalho tem grande influêcia na evolução do homem. Silva (2008, p. 1) afirma que A origem etimológica da palavra trabalho, segundo vários autores, vem do latim tripalium, cujo termo é derivado da junção: tres + palium, significando, porém, o instrumento formado por três paus usado para punir os cavalos que não queriam deixar-se ferrar e os quais dificultavam o trabalho do ferreiro. Portanto, o termo tripaliare (ou trabalhar) significa torturar com o tripalium. Para outros autores, trabalho deriva do latim trabaculum, o qual é derivado do mesmo latim trabs, o que significa trave, viga, usada, também, para ferrar animais. E ainda. As palavras europeias para o termo labor – o latim e o inglês labor, o grego ponos, o alemão arbeit – significam dor e esforço e também são usadas para indicar as dores do parto. Compreende-se que a palavra trabalho carrega em sua origem o significado de algo ruim, um pesar, um castigo, sofrimento, dor, ou até mesmo um fardo que homem está condenado a levar para garantir sua sobrevivência e sustento, enquanto viver. O conceito de trabalho está penetrado no nosso inconsciente pessoal e coletivo como algo que está sobre todas as coisas e do qual quase todas as coisas dependem. Talvez por conta da herança dos antepassados ou até mesmo por conta da lembrança da história bíblica, em que o cansaço foi o castigo para o pecado original (MASI, 1999). Assim como na afirmação de Silva (2008), nota-se na afirmação de Masi (1999) a importância aferida ao trabalho para o homem. Da mesma forma Masi (1999) também mostra que trabalho carrega em sua história a conotação de algum ruim, um castigo. Analisando o trabalho imposto como uma pena, Martinez (2011) mostra que a história da bíblia, em que se relata a criação do homem, apresenta no livro de Gênesis o significado aviltante do trabalho. Quando Adão descumpriu as leis divinas como fruto da sua desobediência, foi imposto o trabalho para obter o seu próprio sustento, sendo, então, o trabalho uma punição determinada pela falta de obediência de Adão. Observa-se mais uma vez a conotação negativa atribuída ao trabalho. De acordo com Masi (1999, p. 12) O trabalho e a desocupação apresentam desdobramentos paradoxais. Milhões de pessoas se desesperam por estarem excluídas do exercício de algumas atividades da qual, entretanto, não gostam, que às vezes até detestam, que muitas vezes são aviltantes de tão inúteis, mas que as estatísticas oficiais consideram como “trabalho”. E têm bons motivos para se desesperar, porque a organização social atual faz depender mesmo do exercício daquelas atividades, isto é, do “trabalho”, o direito de obter uma retribuição. Isto é, o direito a viver de um modo decente e independente, ter uma casa e filhos, ser bem aceito no convívio social. Seguindo a linha de entendimento do autor, o homem se tornou refém do trabalho e, embora o veja como um fardo, necessita dele para suprir suas necessidades, ter uma vida decente e ser bem aceito na sociedade. Martinez (2011, p. 36) afirma que “Se o trabalho por conta própria, realizado para fins de sobrevivência, já possuía em si a ideia de pena, o trabalho por conta alheia impôs um sentimento bem mais negativo”. Mesmo com a origem negativa do trabalho, implicando a ele um significado de pena, castigo, algo ruim, percebe-se o seu valor nas extremidades da vida do homem, desde o suprimento das necessidades básicas que promovem a sobrevivência, até a satisfação que promove a sua realização profissional e pessoal. “O trabalho é um método que transforma a realidade e promove a sobrevivência e a realização do ser humano” (ZANELLI, ANDRADE & BASTOS, 2004, p. 13). A afirmação de Zanelli, Andrade e Bastos (2004) atribui ao trabalho uma conotação positiva e mostra o seu poder de transformação na vida do ser humano. Através do trabalho, o homem opera sobre o meio de maneira ativa e obtém os recursos de que necessita. Entende-se que o trabalho é um instrumento que contribuiu positivamente para a evolução do homem. Através do trabalho o homem mudou sua maneira de pensar, agir e sentir, ou seja, o trabalho o fez crescer e evoluir. Masi (1999, p. 13) afirma que As pessoas que “trabalham”, isto é, aquele bilhão que exerce encargos regularmente remunerados está mais garantida do que as outras, é mais respeitada, pode ostentar a profissão no cartão de visita. Ao “trabalho”, de fato, são atribuídos efeitos positivos, até milagrosos. Segundo muitos sociólogos, apenas quem trabalha consegue socializar-se, amadurecer, realizar-se. Segundo algumas religiões, só quem trabalha consegue se redimir do pecado original e alcançar o paraíso. A afirmação de Masi (1999) mostra com precisão os efeitos positivos do trabalho. Através dela compreende-se que o trabalho agrega valor ao homem. A pessoa que trabalha se sente mais valorizada e aceita pela sociedade. O trabalho tem também a importante função de promover a agregação social, pois une as pessoas, faz com que elas se relacionem, troquem conhecimentos, cresçam e construam laços. Martinez (2011) afirma que, no cenário de transformação do individualismo para o coletivismo, em que se deu abertura para o interesse coletivo, o trabalho sempre foi visto como um importante instrumento de agregação social. Em sua afirmação, Martinez (2011) salienta o poder do trabalho na transformação da sociedade e sua contribuição para a formação de relações entre os homens. De acordo com Teixeira (1995, p. 132, apud BRITO, 2005, p. 39) Quem se põe a observar a sociedade capitalista, percebe que ela é fundada em relações comerciais entre os indivíduos, cujos interesses privados, particulares é o que une e os leva a se relacionarem entre si. É no mundo das mercadorias, no mundo do mercado, e por meio dele que se tecem as relações entre os homens. Observa-se que o paradigma que impõe ao trabalho um valor negativo é desfeito diante da realidade em que ele proporciona inúmeros benefícios ao homem e é estritamente necessário para o desenvolvimento de um ser social. É comum se escutar que „o trabalho dignifica o homem‟, que „um homem sem trabalho não tem honra‟ e que „primeiro o trabalho e depois o lazer‟. Frases como essas resumem a relevância imputada ao trabalho na vida do ser humano e na sociedade. Falcão (2011, p. 73) explica que “desde sua existência o homem precisou trabalhar, em princípio para se alimentar e sobreviver em um ambiente primitivo e em seguida para produzir armas utilizadas para defesa, quando ameaçado por animais ou outros homens”. O trabalho passou por várias fases desde a época primitiva até a chegada da indústria, que foi um marco em sua história. Por muitos anos, até o surgimento da indústria, os aristocratas, os proprietários de terras e os intelectuais, pessoas que faziam parte do alto da pirâmide social, não trabalhavam. Eles obtinham riqueza e prestígio através do nome da família, da proteção às artes e letras e de rendas. Em contrapartida, hoje, um empresário, administrador ou diretor geral investe muito mais tempo no trabalho queum operário ou empregado. Ou seja, milhares de anos atrás, quanto mais rico menos tempo o homem passava trabalhando, tendo mais tempo livre para dedicar-se a si, à família e aos amigos. Ao passo que atualmente, quanto mais rico, mais o homem trabalha. O trabalho deixou de ser castigo e passou a ser privilégio (MASI, 1999). Com o surgimento da indústria, inicia-se uma nova era caracterizada pelo trabalho cruel que ultrapassava os limites do corpo e da mente. Masi (1999, p. 13) expõe que Depois, pelo fim do século XVIII, chegou a indústria: milhões de camponeses e artesãos se transformaram em trabalhadores “subordinados”, os tempos e os lugares de trabalho passaram a não depender mais da natureza, mas da regras empresariais e dos ritmos da máquina, dos quais o operário não passava de uma engrenagem. O trabalho – que podia durar até quinze horas por dia – passou a ser um esforço cruel para o corpo do operário e preocupação estressante para a mente do empregado. Quando existia, deformava os músculos e o cérebro; quando não existia, reduzia os trabalhadores a desocupados e os desocupados a “subproletariado”: trapos ao vento, como diz Marx. Masi (1999) relata uma época em que o homem estava exposto a situações cruéis, em que o trabalho a ele imposto exigia que se esforçasse como parte de uma máquina, extrapolando os limites do ser humano. Segundo Falcão (2011, p. 78) A Revolução Industrial, o surgimento da máquina de fiar e da máquina a vapor são tidos pela doutrina trabalhista como os acontecimentos responsáveis por transformar o trabalho em emprego, e, mais que isso, foram determinantes para o desenvolvimento do trabalho assalariado, dos contratos de trabalhos e, por conseguinte, do próprio Direito do Trabalho. Falcão I. (2011) relata uma época da história do trabalho, determinante para o surgimento de uma nova fase, em que o trabalhador passou a ter seus direitos. Martins (2002, p. 36, apud FALCÃO I., 2011, p.78) afirma que Havia necessidade de que as pessoas viessem, também, a operar as máquinas não só a vapor, mas as máquinas têxteis, o que fez surgir o trabalho assalariado. Daí nasce uma causa jurídica, pois os trabalhadores começaram a reunir-se, para reivindicar melhores condições de trabalho e de salários, diminuição das jornadas excessivas [...]. A partir desse momento, surge uma liberdade na contratação das condições de trabalho. O Estado, por sua vez, deixa de ser abstencionista, para se tornar intervencionista, interferindo nas relações de trabalho. Atualmente, com a evolução do trabalho, o trabalhador passou a possuir direitos que o resguarda e garantem o seu bem-estar. Leis foram criadas para regimentar as condições de trabalho e determinar, por exemplo, a jornada de trabalho, intervalos dentro da jornada de trabalho e entre as jornadas, férias, repouso semanal obrigatório, e estabelecer ainda outros benefícios. Tudo no sentido de prover as melhores condições de trabalho possíveis. Além dos direitos obtidos ao longo dos anos visando o bem-estar do empregado, existem outros fatores que influenciam no ambiente de trabalho positivo. O próximo tópico abordará esses fatores. 2.1.2 Fatores que influenciam no ambiente de trabalho positivo Há uma série de fatores que influenciam para a formação de um ambiente de trabalho positivo, onde os colaboradores se sintam bem, confortáveis, seguros e motivados. De acordo com Krone et al. (2013, p. 4) O ambiente de trabalho se distingue por condições físicas, materiais, e por qualidades psicológicas e sociais. Sendo assim, um ambiente de trabalho agradável pode influenciar o relacionamento interpessoal e a produtividade, bem como reduzir acidentes, doenças, absenteísmo e rotatividade de colaboradores [...] Através da afirmação de Krone et al., percebe-se a influência do ambiente de trabalho no desempenho dos colaboradores. Partindo desse princípio, entende-se que, quanto mais positivo o ambiente de trabalho, melhores serão os resultados alcançados. Atualmente, as empresas estão mais envolvidas e preocupadas em investir no ambiente de trabalho positivo e garantir o bem-estar e satisfação dos funcionários. Navarro (2012, p. 1) expõe que A segurança, saúde e bem-estar dos trabalhadores são preocupações vitais de centenas de milhões de profissionais em todo o mundo, mas a questão se estende para além dos indivíduos e suas famílias. Ela é de suprema importância para a produtividade, competitividade e sustentabilidade das empresas e comunidades, assim como para as economias nacionais e regionais. Observa-se, na exposição do autor, a importância aferida ao ambiente de trabalho, para produtividade, competitividade e sustentabilidade das empresas. Isso justifica o fato das empresas estarem com olhares voltados para o seu melhoramento contínuo e tratarem com tanto esmero o assunto. Krone et al. (2013, p. 11) afirma que A importância da Qualidade de vida no Trabalho reside no fato de que passamos em ambiente de trabalho a maior parte de nosso dia, em média por 35 anos de nossas vidas, portanto os funcionários que possuem qualidade de vida na empresa são mais felizes e, por isso, produzem mais, pois isto resulta em maior probabilidade de se obter qualidade de vida pessoal, social e familiar, embora estejam em diferentes esferas e nelas se desempenhem papéis diferentes, o funcionário precisa de tempo para administrar suas várias carreiras como: pais, mães, filhos, maridos, esposas e cidadãos. As empresas certamente podem ajudar a manter esse equilíbrio. Compreende-se que, para a constituição de um ambiente de trabalho positivo, a empresa necessita proporcionar aos seus colaboradores qualidade de vida no trabalho. Entre os diversos fatores que influenciam para a qualidade de vida no trabalho, pode-se mencionar: satisfação no trabalho, crescimento profissional, ambiente psicológico e físico de trabalho, liberdade e responsabilidade de decidir, reconhecimento pelos resultados alcançados, benefícios especiais e relacionamento humano dentro do grupo e da organização (KRONE et al., 2013). O atendimento desses fatores de forma satisfatória gera qualidade de vida no trabalho e consequentemente contribui para um ambiente de trabalho positivo. Falcão (2008) explica que um ambiente é fruto dos fatores que atuam sobre ele. Classifica os fatores atuantes no ambiente como Principais e Secundários. Os principais são temperatura, iluminação, ruídos, vibrações, odores, cores e layout. Já os secundários são arquitetura, relações humanas, remuneração, estabilidade e apoio social. A conjuntura favorável dos fatores mencionados, por certo, trará como consequência a estruturação de um ambiente de trabalho positivo que otimizará os recursos de trabalho da corporação e certamente manterá os colaboradores satisfeitos. Um fator que contribui fortemente para um ambiente de trabalho positivo é o relacionamento entre as pessoas que fazem parte da organização, sejam colaboradores ou gestores, pois não há como manter um ambiente agradável e positivo se não existir um bom relacionamento entre as pessoas. Segundo Ruggiero (2008, p. 45 apud KRONE et al., 2013, p. 12), Por mais engajados que os colaboradores sejam, sua força jamais será potencializada se não houver bom relacionamento entre os mesmos. Em um relacionamento é preciso que tenhamos, boa educação e respeito mútuo entre gestores e colaboradores. A efetiva força do grupo só será possível por meio de um relacionamento transparente e não superficial entre seus membros. As pessoas que fazem parte do ambiente de trabalho podem contribuir ou não para que ele seja positivo. As suas atitudes são vitais para formação de um ambiente positivo ou negativo. O papel do gestor, como pessoa e líder, é decisivo para o alcance de um ambiente saudável e desejável, principalmente, pelo estímulo constantea integração das pessoas e equipes (NETO; CABRAL, 2007). Com a afirmação de Neto e Cabral (2007), nota-se que as pessoas têm grande influência para a formação de um ambiente de trabalho agradável. As habilidades emocionais descritas pelo autor Goleman (1995) também têm grande influência para a formação de um ambiente de trabalho positivo. Uma delas é a empatia, capacidade de saber como o outro se sente. É perceptível que um ambiente de trabalho onde as pessoas conseguem compreender o que as outras sentem e se colocam no lugar das outras é mais positivo. O valor gasto em qualquer melhoria no ambiente de trabalho é investimento de grande rentabilidade, podendo gerar maior produtividade, redução dos acidentes, doenças ocupacionais e abstencionismo, resultando num melhor relacionamento entre a empresa e os funcionários (FALCÃO F., 2008, p. 8). A empresa que entende que um ambiente de trabalho positivo influencia sensivelmente na produtividade passa a ver os custos com melhorias no ambiente como investimentos. 2.1.3 Sucesso profissional x motivação individual Ao falar de sucesso profissional e motivação individual, é perceptível que ambos são bastante subjetivos. Isto porque a motivação individual é algo interno, que varia de uma pessoa para outra, e da mesma forma é o sucesso profissional. Não há uma definição exata do que vem a ser o sucesso profissional, visto que ele está diretamente ligado à perspectiva de cada pessoa. Chiavenato (2004, p.390 apud KRONE et al.,2013, p.4) afirma que A motivação seria uma força ou energia, que nasce de nossas necessidades interiores, ela é intrínseca, ou seja, está dentro de cada um de nós, e ninguém pode de forma alguma motivar alguém, apenas recebemos estímulos que irão satisfazer nossas necessidades interiores e assim ficar motivados. A definição de Chiavenato mostra a subjetividade da motivação, por ser algo intrínseco à pessoa, não há uma fórmula que defina o que pode motivar todas as pessoas. Cada pessoa é motivada através de estímulos diferentes. Segundo Salanova, Hontangas e Peiró (1996, p. 16, apud ZANELLI, ANDRADE & BASTOS, 2004, p. 146) “Motivação pode ser definida como uma ação dirigida a objetivos, sendo auto-regulada, biológica ou cognitivamente, persistente no tempo e ativada por um conjunto de necessidades, emoções, valores, metas e expectativas.” Com a afirmação de Salanova, Hontangas e Peiró (1996), observa-se novamente que os fatores que motivam o ser humano se distinguem de uma pessoa para outra. Segundo Lopes (2003, p. 21), A motivação existe dentro das pessoas e se dinamiza através das necessidades humanas. Todas as pessoas têm suas necessidades próprias, que podem ser chamadas de desejos, aspirações, objetivos individuais ou motivos. As necessidades humanas ou motivos são forças internas que impulsionam e influenciam cada pessoa determinando seus pensamentos e direcionando o seu comportamento frente às diversas situações da vida. Entende-se que a motivação é influenciada pelas necessidades da pessoa. Essas necessidades são individuais e influenciadas por aspectos biológicos e psicológicos, características específicas de cada indivíduo. Lopes (2003, p. 21) afirma também que As necessidades constituem as fontes internas da motivação da pessoa. Cada um possui seus próprios e específicos motivos ou necessidades, que são pessoais e individuais, pois são determinados pelos fatores que formam a personalidade, pelos traços biológicos e psicológicos e pelas características adquiridas através da experiência pessoal e aprendizagem de cada pessoa. Cada um pode sentir e perceber seus motivos e necessidades de maneira diferente em épocas ou situações diferentes. Ainda segundo Lopes (2003), a motivação está dentro das pessoas, motivação interna, mas pode ser influenciada por fontes externas, como empresa e sociedade. Sendo ideal que as fontes internas e externas se complementem. A autora define as necessidades, aptidões, interesses, valores e habilidade da pessoa como motivos internos. Afirma que esses são os impulsos inferiores de natureza fisiológica e psicológica. Define como motivos externos os estímulos ou incentivos que o ambiente oferece ou objetivos que satisfaçam as necessidades. A partir do entendimento de Lopes, compreende-se como fontes externas: ambiente, outras pessoas, metas, situações, prêmios, vantagens, desafios, entre outros. Segundo Goleman (1995), a motivação pode ser direcionada e impulsionada através da inteligência emocional. Sob a perspectiva do autor, encontrar motivação frente às frustações da vida é um mérito que pode ser obtido através da inteligência emocional. De acordo com Guebur, Poletto e Vieira (2007, p. 89) No contexto da inteligência emocional, motivação significa utilizar a energia necessária para um propósito específico, mantendo esse processo em andamento e sendo persistente até finalizar o trabalho, ou seja, até atingir o objetivo almejado. Compreende-se que a inteligência emocional é um fator interno que, quando desenvolvido, tem o poder de impulsionar a motivação até mesmo diante das situações difíceis, em que os fatores externos não contribuem. Lopes (2003, p. 19) afirma que “a motivação refere-se a forças de dentro de cada pessoa que conduzem a um determinado comportamento, funciona como o resultado da interação entre o indivíduo e a situação que o envolve”. Através da inteligência emocional é possível que a pessoa se sinta motivada mesmo quando a situação que a envolve não seja um estímulo. Partindo da ideia de que as pessoas se diferenciam por possuírem características, necessidades, desejos, emoções, valores, metas e expectativas particulares, entende-se que a motivação é gerada de maneira diferente em cada pessoa. Imamura (2010, p. 10) afirma que Sucesso é um sentimento único e particular do indivíduo. Cada um o vê de uma maneira e é isto que faz com que não exista uma fórmula para alcançá-lo. Alguns acham que o alcançam quando conseguem uma boa remuneração, outros quando encontram um bom emprego, ou até mesmo o cargo dos sonhos, mesmo que a remuneração não seja assim tão boa. Assim como a motivação, não há como definir com exatidão o que é o sucesso profissional ou o caminho para alcançá-lo, por se tratar de algo individual do ser humano. Cada pessoa tem suas metas, seus objetivos e sonhos. O sucesso profissional para determinada pessoa pode ser trabalhar com o que gosta, já para outra pode ser receber como remuneração determinada quantia, para outra pode ser bater todas as metas. O sucesso profissional pode ter infinitas formas, quem o define é aquele que o almeja. Coaracy (2008) afirma que É a motivação que permite que alguém trabalhe horas a fio sem sentir cansaço, que faz com que o atleta persista no treinamento mesmo com os pés feridos. É o que leva uma pessoa superar seus limites obstinadamente, como se estivesse sob o efeito de uma substância poderosa e irresistível, transformando o processo de conquistar um objetivo numa aventura maravilhosa. Compreende-se que a motivação tem o poder de conduzir as pessoas ao alcance dos seus objetivos, é como um comprimido de forças para enfrentar desafios de forma obstinada. De acordo com Lopes (2003, p. 31) A motivação para o trabalho é um estado de espírito positivo, que permite ao indivíduo a realização das tarefas do cargo e de seu pleno potencial. É a “gasolina” interior para se enfrentarem os desafios da função e da organização. É a paixão com que o indivíduo exerce uma missão, alcançando satisfação quando os objetivos são alcançados. Através das afirmações de Coaracy e Lopes, é possível compreender que a motivação de uma pessoa a conduz ao alcance do sucesso, seja profissional ou pessoal. Do que se conclui que, em sendo os padrões de sucesso profissional conceitos intrínsecos eindividuais de cada ser, que o percebe de diversas maneiras distintas, seria impossível definir um conceito de tal forma abrangente que abarque todas estas conotações. Não obstante isso é perceptível que os indivíduos motivados tendem a alcançar os seus objetivos com mais facilidade. O desenvolvimento da inteligência emocional capacita os indivíduos a permanecerem motivados e alçarem seus objetivos. 2.2 Inteligência emocional Os noticiários relevam inúmeros casos de desentendimentos, seja no trabalho, no trânsito, na família, entre amigos ou pessoas desconhecidas. Paixões compulsivas, ciúmes, raivas descontroladas, impulsos desmedidos são algumas das causas destes desentendimentos, que, em diversas vezes, acabam em morte. Pessoas com alto nível de escolaridade, como médicos, advogados, juízes e empresários estão envolvidos nestas tragédias expostas nos jornais. Percebe-se que o conhecimento adquirido na escola e nos cursos de graduação não são o suficiente para garantir que o homem tenha uma vida equilibrada. As emoções descontroladas podem arruinar a vida de qualquer pessoa. “Em resumo, as emoções descontroladas podem fazer pessoas inteligentes parecerem burras” (GOLEMAN, 2001, p. 36). Lidar com as emoções de forma com que elas não venham a afetar negativamente os resultados em qualquer área da vida é o que a inteligência emocional ajuda o ser humano a fazer. “Inteligência emocional refere-se à capacidade de identificar nossos próprios sentimentos e os dos outros, de motivar a nós mesmos e de gerenciar bem as emoções dentro de nós e em nossos relacionamentos” (GOLEMAN, 2001, p. 337). O bom gerenciamento das emoções pode evitar conflitos e situações de desequilíbrio que causariam prejuízo aos envolvidos. Goleman explica que o ser humano possui duas mentes, a emocional e a racional, uma sente e a outra pensa e as duas trabalham harmoniosamente na parte do tempo (GOLEMAN, 1995). Entende-se que o equilíbrio entre a mente emocional e racional é o que define o equilíbrio das emoções. “Em geral, há um equilíbrio entre as mentes emocional e racional, com a emoção alimentando e informando as operações da mente racional, e a mente racional refinando e às vezes vetando o insumo das emoções” (GOLEMAN, 1955, p. 23). Mas nem sempre esse equilíbrio existe. Goleman (1995) afirma que as duas mentes se coordenam na maioria das vezes, sendo os pensamentos e os sentimentos essenciais um para o outro. Mas quando as paixões chegam, existe uma perda de equilíbrio e a mente emocional comanda e inunda a racional. Quando ocorre o desequilíbrio entre a mente racional e a emocional, como cita o autor, as emoções tomam a frente e o papel da mente racional é inibido. Para melhor compreensão do que vem a ser emoção, a seguir serão expostas definições de diferentes autores. Houaiss, Villar e Franco (2008, p. 276) define emoção como “abalo afetivo ou moral”. Soto (2005, apud FERREIRA, 2007, p. 6) afirma que “A emoção é um estado interno – fisiológico e mental – do organismo que pode ser analisado a partir de uma dupla perspectiva provocada pela resposta interna do sujeito diante de um estímulo percebido como agradável ou desagradável”. Já Goleman (1995) expõe seu entendimento a respeito da definição de emoção e mostra a abrangência do significado. Eu entendo que emoção se refere a um sentimento e seus pensamentos distintos, estados psicológicos e biológicos, e a uma gama de tendências para agir. Há centenas de emoções, juntamente com suas combinações, variações, mutações e matizes. Na verdade, existem mais sutilezas de emoções do que as palavras que temos para defini-las (GOLEMAN, 1995, p. 305). Para Madrigal (2003, apud FERREIRA, 2007, p. 6), A emoção é o componente principal das vidas das pessoas. Emoções não variam somente em tipos, mas também em intensidade. E esta intensidade emocional é a mola propulsora para o entendimento de como comportamentos e sentimentos são influenciados fortemente pelas emoções. Goleman (1995) explica que ira, tristeza, surpresa, vergonha, medo, prazer, amor e nojo são considerados por alguns teóricos como as emoções primárias que formam famílias básicas e alguns membros destas famílias são: fúria, revolta, sofrimento, mágoa, ansiedade, apreensão, felicidade, alegria, aceitação, amizade, choque, espanto, desprezo, desdém, culpa e vexame. Essas emoções influenciam o modo de pensar, falar e agir do ser humano e têm o poder de influenciar positiva ou negativamente cada atitude e de gerar ou não situações de conflitos. Sob a ótica de Goleman, é através do controle dos impulsos que o ser humano consegue alcançar objetivos, evitar situações de conflitos, permanecer no foco e, de modo geral, evitar prejuízos (GOLEMAN, 1995). Observam-se os inúmeros benefícios proporcionados pela inteligência emocional para a vida do ser humano. Lutar contra a própria natureza e conseguir controlar impulsos avassaladores são mérito de poucos, mas que podem ser alcançados através das competências emocionais. Goleman (2001, p 37) afirma que O grande divisor de águas entre os tipos de competências se situa entre a mente e o coração ou, em termos técnicos, entre a cognição e a emoção. Alguns tipos de competências são puramente cognitivos, tais como o raciocínio analítico ou a perícia técnica. Outros combinam pensamento e sentimento, e a esses chamamos competências emocionais. Portanto, além de competências cognitivas, que irão influenciar no desenvolvimento do nosso trabalho em termos técnicos, precisamos também de competências emocionais para desenvolvê-lo de forma equilibrada. Segundo Goleman (1995, p. 18): Uma visão da natureza humana que ignora o poder das emoções é lamentavelmente míope. O próprio nome homo sapiens, a espécie pensante, é enganoso à luz da nova apreciação e opinião do lugar das emoções em nossas vidas que nos oferece hoje a ciência. Como todos sabemos por experiência, quando se trata de modelar nossas decisões e ações, o sentimento conta exatamente o mesmo – e muitas vezes mais – que o pensamento [...] Para o melhor e o pior, a inteligência não dá em nada, quando as emoções dominam. Seguindo o entendimento de Goleman (1995), nota-se que as emoções têm o mesmo poder que o pensamento diante de situações, ações e decisões, muitas vezes até se sobressaem e quando as emoções se sobressaem, não importa quão inteligente a pessoa seja, a sua inteligência é anulada diante do domínio exercido pelas emoções. Compreende-se que a inteligência emocional é muito importante para o homem na sua desenvoltura na vida e pode garantir o sucesso ou fracasso em diversas áreas. Para maior explanação da inteligência emocional, o próximo tópico abordará seu histórico e definição. 2.2.1 Inteligência emocional: histórico e definição Para uma melhor compreensão da definição de inteligência emocional, será abordado primeiramente o que vem a ser inteligência. De acordo com Houaiss, Villar e Franco (2008, p. 428), inteligência é “capacidade de aprender e compreender”. A palavra inteligência tem sua origem da junção de outras duas palavras latinas, a palavra inter (entre) mais a palavra legere (eleger ou escolher). Adaptando-se a origem desse termo ao conceito atual de inteligência chega-se à ideia de que a inteligência é a escolha (melhor) entre duas ou mais situações. Assim, é inteligente quem escolhe a melhor saída ou a melhor resposta, e esse conceito indica a capacidade que dispomos para, através da seleção, penetrar na compreensão das coisas. (ANTUNES, 1998, p. 16, apud GUEBUR; POLETTO & VIEIRA, 2007, p. 81). Logo, a maneira com que o homem reage diante das situações, seu grau de compreensão, suas atitudes e decisões demonstram seu potencial de inteligência. Uma nova definição do que é ser inteligente, algo que descontrói os princípios de muitos a respeito da hegemoniaatribuída ao QI ou cociente de inteligência para o alcance sucesso pessoal e profissional, é o que temos visto através dos estudos sobre a inteligência emocional. Goleman (2001, p. 16) afirma que Por muitas décadas, falou-se vagamente sobre essas habilidades, que eram chamadas de temperamento e personalidade ou habilidades interpessoais (habilidades ligadas ao relacionamento entre pessoas, como a empatia, liderança, otimismo, capacidade de trabalho em equipe, de negociação etc.), ou ainda competência. Atualmente, há uma compreensão mais precisa desse talento humano, que ganhou um novo nome: inteligência emocional. O empenho de muitos profissionais em desenvolver pesquisas e testes buscando provar a importância da inteligência emocional na vida do ser humano tem mostrado em seus resultados o papel fundamental deste talento para o alcance da excelência na vida pessoal e profissional. Goleman (1995, p. 9) explica que “[...] A cabeça e o coração precisam um do outro”. Entende-se a necessidade que há do equilíbrio entre cabeça e coração, razão e emoção. Dentre os mais influentes teóricos da inteligência que apontaram a distinção entre capacidades intelectuais e emocionais estava Howard Garder, psicólogo de Harvard, que propôs, em 1983, um modelo amplamente conceituado de inteligência múltipla. Sua lista de sete tipos de inteligência incluía não apenas as conhecidas aptidões para a fala e a matemática, mas também duas variedades pessoais: o conhecimento do mundo interior de cada um e a aptidão social (GOLEMAN, 1995, p.10). Porém, em seu modelo, Garder ficou adstrito aos elementos cognitivos, pouco abordou a importância das emoções (GOLEMAN, 2001). Nos anos 80, o psicólogo Bar-On propôs um modelo pioneiro de inteligência emocional e sua teoria surgiu pela primeira vez em sua tese de doutorado (GOLEMAN, 2001). “[...] Esse modelo, em essência, descreve a inteligência emocional como um conjunto de habilidades pessoais, emocionais e sociais que influenciam a capacidade de uma pessoa lidar com as exigências e pressões do meio” (GOLEMAN, 2001, p. 395). Em seu modelo, Bar-On explica que as 15 habilidades-chave fazem parte de cinco conjuntos gerais: capacidades intrapessoais, habilidades interpessoais, adaptabilidade, estratégias de gerenciamento do estresse e os fatores motivacionais e de estado de ânimo geral (GOLEMAN, 2001). Em resumo, podem-se definir capacidades intrapessoais como a capacidade de percepção do próprio ser. Habilidades interpessoais, a capacidade de perceber e compreender os sentimentos dos outros. Adaptabilidade, a capacidade de mudar com flexibilidade os pensamentos e sentimentos. Estratégia de gerenciamento de estresse, a capacidade de lidar com o estresse. E fatores motivacionais e de estado de ânimo geral, a capacidade de ser otimista (GOLEMAN, 2001). Mas, os primeiros a formalizar o conceito de inteligência emocional no âmbito acadêmico foram os pesquisadores Peter Salovery e John Mayer, em 1990, através de dois artigos (MAYER, DIPAOLO & SALOVEY, 1990, apud NETA, GARCÍA & GARGALLO, 2008). Ao introduzirem o termo inteligência emocional na literatura científica, Salovey e Mayer lançaram um conceito inovador e abriram portas para que outros pesquisadores abordassem o assunto. Na primeira publicação de natureza teórica os autores propuseram uma definição inicial de inteligência emocional como sendo “a habilidade para controlar os sentimentos e emoções em si mesmo e nos demais, discriminar entre elas e usar essa informação para guiar as ações e os pensamentos” (MAYER; DIPAOLO & SALOVEY, 1990, p. 189, apud, NETA, GARCÍA & GARGALLO, 2008, p. 12). “O segundo artigo ofereceu as primeiras demonstrações empíricas de como a inteligência emocional poderia ser considerada como uma habilidade mental” (NETA, GARCÍA & GARGALLO, 2008, p. 12). Por alguns anos o conceito inovador ficou praticamente impensado, até que o psicólogo e redator científico Goleman, em 1995, baseado nas ideias de Salovey e Mayer publicou o livro inteligência emocional (NETA, GARCÍA & GARGALLO, 2008). Goleman (1995, p. 19) expõe que [...] embora nossas emoções tenham sido sábias no longo percurso evolucionário, as novas realidades que a civilização apresenta surgiram com tanta rapidez que a lenta marcha da evolução não pôde acompanhar. Na verdade, as primeiras leis e proclamações de ética – o Código de Hamurabi, os Dez Mandamentos dos hebreus, os Éditos do imperador Ashoka – podem ser interpretadas como tentativas de conter, subjugar e domesticar a vida emocional. Como descreveu Freud em O Mal-estar na Civilização, a sociedade teve de impor de fora regras destinadas a conter as ondas de excesso emocional que surgem demasiado livres de dentro. Seguindo o entendimento do autor, percebe-se que há milhões de anos já existiam pessoas que contemplavam a importância do controle das emoções na vida do ser humano e estipulavam regras e valores na tentativa de controlá-las. Goleman (2001) relata que, em princípio, a máquina era a medida do trabalho humano, mais adiante surgiu um novo padrão de avaliação, o teste de QI. Em seguida, com a descoberta de que a personalidade era um ingrediente de excelência, surgiu mais uma medida de potencial de trabalho, os testes e as tipologias da personalidade. Porém, os testes de personalidade não eram eficazes, por muitas vezes fugirem do objetivo e os de QI também não eram infalíveis, pois muitas vezes pessoas de alto QI não desempenhavam bem suas funções no trabalho, já outras de QI moderado se destacavam. A monografia de McClelland de 1973, Testing for Competence Rather than Intelligence [Testando Competência em vez de Inteligência], modificou os termos do debate. McClelland sustentou que os conceitos tradicionais de habilitação acadêmica, notas escolares e credenciais avançadas simplesmente não eram capazes de predizer o desempenho profissional de ninguém e nem mesmo se uma pessoa iria ou não vencer na vida. Em lugar disso, propôs a tese segundo a qual um conjunto de tipos específicos de competência, incluindo empatia, autodisciplina e iniciativa, distinguiria os mais bem-sucedidos daqueles que eram bons apenas para manterem seus empregos (GOLEMAN, 2001, p. 29). Nos últimos 25 anos, a percepção de McClelland fomentou pesquisas com centenas de milhares de empregados, que variam de funcionários com cargos mais baixos aos mais altos executivos, em organizações tão grandes como o governo dos Estados Unidos e tão pequenas quanto empresas de apenas uma pessoa. Todas as conclusões identificaram que a inteligência emocional é o ingrediente-chave para o alcance do êxito no trabalho (GOLEMAN, 2001). A inteligência emocional (IE) constitui um campo de investigação relativamente novo, que traz consigo a proposta de ampliar o conceito do que é aceito como tradicionalmente inteligente, incluindo nos domínios da inteligência aspectos relacionados ao mundo das emoções e sentimentos (WOYCIEKOSKI & HUTZ, 2009, p. 1). Apesar de a inteligência emocional ser um conceito novo, os dados existentes indicam que ela pode ser tão poderosa ou mais que o QI (GOLEMAN, 1995). Hoje, é a neurociência que defende levar-se a sério as emoções. As novas da ciência são encorajadoras. Dizem-nos que, se dermos mais atenção sistemática à inteligência emocional – ao aumento da autoconsciência, a lidar mais eficientemente com nossos sentimentos aflitivos, manter o otimismo e a perseverança apesar das frustações, aumentar a capacidade de empatia e envolvimento, de cooperação e ligação social – o futuro pode ser mais esperançoso (GOLEMAN, 1995, p. 8). Observa-se que os estudos têm comprovado a importância da inteligência emocional e atribuem a ela o poder de proporcionar ao homem dias melhores. Nos dias atuais, a ciência pode abordar com mais domínio as questões da psique e fazer um mapeamento maispreciso do coração humano. Esse estudo confronta aqueles que têm o QI como um fator determinante para definir o destino das pessoas, algo que é genético e não pode ser alterado. O mapeamento os desafia a explicar como pessoas de alto QI fracassam e as de QI modesto são bem sucedidas. Goleman responde ao questionamento afirmando que a diferença na maioria das vezes está nas competências definidas como inteligência emocional, que incluem autocontrole, zelo, persistência e a capacidade de nos motivar a nós mesmos (GOLEMAN, 1995). Adiante serão abordadas diferentes definições de inteligência emocional, expostas por Goleman, Mayer, Salovey e Weisinger. Goleman (1995, p. 46) traz a seguinte definição: [...] inteligência emocional: talentos como a capacidade de motivar-se e persistir diante de frustrações, controlar impulsos e adiar satisfação, regular o próprio estado de espírito e impedir que a aflição invada a capacidade de pensar, criar empatia e esperar [...]. Mayer e Salovey (1997/2007, p. 32, apud NETA, GARCÍA & GARGALLO, 2008, p. 13) afirma que A inteligência emocional implica a habilidade para perceber e valorar com exatidão a emoção; a habilidade para acessar e ou gerar sentimentos quando essas facilitam o pensamento; a habilidade para compreender a emoção e o conhecimento emocional, e a habilidade para regular as emoções que promovem o crescimento emocional e intelectual. Goleman (2001, p. 19) afirma que [...] inteligência emocional não quer dizer liberar sentimentos, “botar tudo para fora”. Diferentemente, significa administrar sentimentos de forma a expressá-los apropriadamente e efetivamente, permitindo às pessoas trabalhem juntas, com tranquilidade, visando suas metas comuns. De acordo com Weisinger (2001, p. 14 apud GUEBER, POLETTO & VIEIRA, 2007, p. 84) A inteligência emocional é simplesmente o uso inteligente das emoções – isto é, fazer intencionalmente com que as suas emoções trabalhem a seu favor, usando-as como uma ajuda para ditar seu comportamento e seu raciocínio de maneira a aperfeiçoar seus resultados. As definições expostas pelos autores acima citados conduzem a observar que a inteligência emocional é um meio que viabiliza o controle das emoções. Percebe-se também a relevância da inteligência emocional na vida do homem em qualquer âmbito e sob diversos aspectos. Nesse contexto, o próximo tópico abordará a importância da inteligência emocional para os profissionais. 2.2.2 A importância da inteligência emocional para os profissionais A alta competitividade é uma realidade atual enfrentada por diversos profissionais. Diante desta realidade é perceptível a preocupação de muitas pessoas em adquirir novos conhecimentos para encarar o mercado com diferencial competitivo. Estas pessoas vivem uma verdadeira jornada acadêmica, fazendo cursos e mais cursos, acreditando estar investindo no sucesso. Porém, os estudos relacionados à inteligência emocional mostram que apenas o QI não é o suficiente para garantir o sucesso na vida profissional. Neste contexto, a inteligência emocional tornou-se um diferencial competitivo. Segundo Cavalieri e Soares (2007, p. 12) Com revolução industrial e as constantes e rápidas mudanças sociais que passa o mundo hoje, a inteligência emocional tem grande importância para o indivíduo situar-se em seu contexto profissional, auxiliando-o: a perceber seus próprios limites e qualidades; a desenvolver a autoconfiança; a melhorar o autocontrole; a ter maior capacidade de comunicação; a ter capacidade de exercer influência; a ter capacidade de adaptar-se às mudanças. As capacidades alcançadas através da inteligência emocional são fortes aliadas do profissional dos dias de hoje. As constantes mudanças e as pressões do mercado exigem do profissional capacidade de adaptabilidade e de se relacionar bem. Segundo Rodrigues (2012, p. 33) O ser humano emocionalmente inteligente tende a ser assertivo e expressa as suas ideias de um modo direto, sente-se bem consigo mesmo e com os outros; para ele a vida tem sentido. É comunicativo e gregário, expressa de modo adequado seus sentimentos, adapta-se bem à tensão mantendo equilíbrio emocional, isto lhe permite ir até os outros coroando um relacionamento interpessoal. Através da afirmação de Rodrigues, percebe-se que as pessoas que possuem inteligência emocional são dotadas de inúmeras qualidades que fazem a diferença no desempenho profissional. Goleman (2001, p. 15) afirma que Os parâmetros do mercado de trabalho estão mudando. Estamos sendo avaliados por novos critérios. Já não importa apenas o quanto somos inteligentes, nem a nossa formação ou nosso grau de especialização, mas também a maneira como lidamos com nós mesmos e com os outros. Este é o critério de avaliação que, cada vez mais, vem sendo utilizado para se decidir quem será contratado ou quem não será, quem será dispensado ou mantido na empresa, quem ficará para trás e quem será promovido. Esses inovadores parâmetros preveem qual o profissional que tem maior probabilidade de alcançar o sucesso e a excelência no que faz e aquele que está mais propenso a não alcançá-los. Parâmetros que pouco estão relacionados ao que na escola era avaliado como importante. Estes critérios estão focados em qualidade pessoais, como capacidade de adaptação e de persuasão, iniciativa e empatia (GOLEMAN, 2001). Os estudos e as análises relacionados ao assunto têm gerado grandes descobertas, que revelam que a inteligência emocional é mais importante que o QI para o alcance de um desempenho profissional destacado (GOLEMAN, 2001). Há uma sinergia entre as capacidades de inteligência emocional e de inteligência cognitiva. Os que têm desempenho destacado possuem ambas. Quanto mais complexo o trabalho, mais importa a inteligência emocional, até porque a deficiência nesse tipo de capacidade pode prejudicar a utilização de qualquer conhecimento especializado ou intelecto eu uma pessoa possa ter (GOLEMAN, 2011, p. 36). Compreende-se que, para se destacar, o profissional precisa possuir as capacidades de inteligência emocional e de inteligência cognitiva. As duas devem andar lado a lado, pois a deficiência de uma pode afetar negativamente a outra. Segundo Goleman (2001, p. 38), “Competência emocional é uma capacidade adquirida baseada na inteligência emocional, que resulta num desempenho destacado no trabalho”. As competências emocionais se congregam em grupos, cada um baseado numa capacidade implícita de inteligência emocional. As capacidades implícitas de inteligência emocional são vitais para que as pessoas adquiram com êxito as competências necessárias para ter sucesso no trabalho (GOLEMAN, 2001, p. 39). Em uma de suas conversas com profissionais bem sucedidos, Golenan escutou de um consultor de empresas que na ocasião possuía alto desempenho no trabalho, mas na escola possuía um histórico de notas baixas, que havia constatado que o mais importante para o alcance da excelência não era o conhecimento técnico especializado e muito menos aquele adquirido em livros, mas a inteligência emocional (GOLEMAN, 2001). O mundo está repleto de profissionais bem treinados, que aparentemente seriam promissores, mas em um determinado momento tiveram suas carreiras interrompidas por deficiências cruciais em termos de inteligência emocional (GOLEMAN, 2001). Goleman (2001, p. 18) explica que [...] Muitas teorias clássicas de gerenciamento concentram-se em como as pessoas lidam com elas mesmas e se relacionam com os outros. A novidade está no volume de dados. Temos agora o acúmulo de 25 anos de estudos empíricos que nos informam, com precisão inédita, o quanto a inteligência emocional é importante para o sucesso. Nota-se que esses 25 anos de estudos empíricos e seus resultados, que enfatizam o poder da inteligência emocional, têm influenciadoas empresas a avaliarem de maneira diferente seus funcionários e aspirantes. Goleman (2001, p. 23) afirma que As pessoas estão começando a se dar conta de que o êxito requer mais do que a excelência intelectual ou a maestria técnica, e que necessitamos de um outro tipo de habilitação apenas para sobreviver – e, sem dúvida, para prosperar – no mercado de trabalho do futuro, cada vez mais turbulento. Qualidades interiores como resistência, iniciativa, otimismo e adaptabilidade estão recebendo uma nova valorização. Essa nova percepção das pessoas influencia na formação de empresas compostas por profissionais mais capacitados e equilibrados, que agregam valor à empresa. Guebur, Poletto e Vieira (2007, p. 79) afirma que É importante salientar que as pessoas que têm a inteligência emocional bem desenvolvida sentem-se satisfeitas e tendem a ser eficientes em sua vida pessoal e profissional, aumentando sua produtividade. Sabem gerenciar emoções, promover a cooperação, tomar decisões adequadas, desenvolver o autoconhecimento e ter empatia pessoal. São autoconfiantes e capazes de persistir num determinado objetivo, apesar dos percalços. Conseguem controlar impulsos e se mantêm em bom estado de espírito, não deixando que a ansiedade interfira em sua capacidade de raciocinar. Além de alcançar um alto desempenho nas atividades que realizam, as pessoas emocionalmente inteligentes tendem a ser pessoas satisfeitas e realizadas na vida pessoal e profissional. Segundo Goleman (2001, p. 337) [...] Muitas pessoas que têm a inteligência dos livros mas carecem de inteligência emocional acabam trabalhando para pessoas que possuem um QI inferior ao delas, mas que se destacam nas habilidades da inteligência emocional. Contudo, a inteligência emocional é importante para o profissional e para a empresa que o contrata. Percebe-se que a inteligência emocional é um importante diferencial competitivo para os profissionais. A competência emocional é muito mais importante que as capacidades puramente cognitivas, para conseguir um excelente desempenho em todas as funções e campos (GOLEMAN, 2001). Portanto, a competência emocional é imprescindível para aqueles que pretendem alcançar um excelente desempenho em qualquer âmbito. Exposta a importância da inteligência emocional para os profissionais de forma geral, o próximo tópico explanará a importância da inteligência emocional para o líder. 2.2.3 Liderando com inteligência emocional Em uma realidade em que é grande o número de pessoas que não possuem competência emocional, que não conseguem conter suas emoções em situações adversas, o líder, como mentor de pessoas, tem a grande responsabilidade de gerir estas pessoas e lidar com suas emoções. É cada vez mais importante a participação da liderança na administração das emoções no ambiente corporativo. Esta importância está associada ao fato de que pessoas são os recursos mais importantes dentro de um sistema produtivo, pois pensam, agem e monitoram seus procedimentos levando em consideração o ambiente em que vivem (FERREIRA, 2007, p. 7). Por estar à frente, o líder é sempre um alvo a ser observado e seguido. Neste sentido, as emoções e as atitudes de um líder são potenciais influências para os liderados. Sprea (2009, p. 2) afirma que [...] Nas organizações, são os administradores, considerados, por muitos como o maestro do século XXI, que têm a capacidade de saber controlar as próprias emoções e a dos colaboradores para que os mesmos atuem como uma orquestra afinada para que o desempenho e a produtividade laboral sejam a melhor e trabalhem cooperativamente. Observa-se, na afirmação de Sprea, a responsabilidade que o líder possui de fazer com que os seus liderados desempenhem suas atividades da melhor maneira. Percebe-se que o líder tem papel determinante para que a equipe alcance os objetivos almejados. De acordo com Goleman (2001, p. 46), A competência emocional ocupa uma posição central na liderança, função cuja essência reside em fazer com que outras pessoas realizem seu trabalho de forma mais eficaz. A inépcia interpessoal de líderes baixa o desempenho de todos. É um fator que desperdiça tempo, cria asperezas, corrói a motivação e a dedicação, gera hostilidade e apatia [...]. Mais uma vez se observa a importância do líder e o poder que ele tem de influenciar seus liderados de forma positiva ou negativa, pois a má atuação de um líder afeta diretamente o desempenho de seus liderados e consequentemente os resultados da empresa. Segundo Mersino (2009, p. 194, apud BARROS, 2011, p. 27), O líder visionário apoia-se muito nas competências da inteligência emocional: autoconsciência, autoconfiança e empatia. Em especial, a empatia é fundamental, pois o líder visionário precisa entender como as pessoas se encontram para poder ajudá-las a se conectarem com o quadro geral [...]. A empatia é essencial para alguém que exerce o cargo de liderança. Não há como conduzir pessoas ao alcance de objetivos se não houver o entendimento de como elas se encontram. A empatia é também um importante fator para a construção da confiança entre líder e liderado. Barros (2011, p. 34) afirma que [...] a chave para a sustentabilidade pessoal de líder efetivo seria a inteligência emocional, que pode possibilitar maior compromisso para com o crescimento pessoal e as mudanças. Nesse sentido, a empatia seria o núcleo para as relações sociais. Ser empático não significa necessariamente concordar com as outras pessoas em suas manifestações ou anseios, mas mostrar que seus sentimentos e necessidades estão sendo compreendidos. Dessa forma é que se construiria a confiança [...]. Através de pesquisas realizadas com executivos e líderes no setor empresarial, visando avaliar a importância da competência emocional para as posições exercidas por eles, observou-se que Apenas uma capacidade cognitiva distinguia os profissionais de primeira grandeza da média: a identificação de padrões, a capacidade de visualizar um cenário global, que permite aos líderes destacar as tendências significativas da massa de informação ao seu redor e pensar estrategicamente muito adiante no futuro. Entretanto, com essa única exceção, a superioridade intelectual ou técnica não desempenhava papel algum no êxito dessas lideranças. (GOLEMAN, 2001, p. 47). Já a competência emocional determinava a diferença decisiva entre os líderes medíocres e os melhores (GOLEMAN, 2001). Entende-se que o êxito profissional de líderes e liderados tem muito mais a ver com a competência emocional do que com a superioridade intelectual. Portanto, a inteligência emocional tem um papel decisivo no sucesso de um profissional. [...] Os profissionais de primeira grandeza demostravam força significativamente maior numa gama de competências emocionais dentre elas a influência, a liderança de equipes, a percepção política, a autoconfiança e a vontade de alcançar realizações. Em média, quase 90% do seu êxito na liderança se atribuía à inteligência emocional (GOLEMAN, 2001, p. 48). A afirmação de Goleman demonstra que a inteligência emocional é o fator de êxito que separa o líder medíocre de um excelente líder. “Para o êxito nos mais altos níveis em posição de liderança, a competência emocional responde por praticamente toda a margem de vantagem” (GOLEMAN, 2001, p. 48). Percebe-se que, para exercer sua função com excelência, necessariamente o líder deve possuir competência emocional. Goleman (2001) relata que Claudio Fernández Aráoz, encarregado de caça a executivos em toda a América Latina, realizou a comparação de 227 executivos altamente bem-sucedidos com 23 que não tiveram sucesso em seus empregos. Percebeu que os executivos que não tiveram sucesso possuíam quase todos QI elevado e alto grau de conhecimento especializado. Em todos os casos, a deficiênciaque ocasionou o fracasso estava na área da inteligência emocional. Assim sendo, o líder não pode confiar apenas no seu intelecto, pois o QI e o conhecimento especializado não garantem uma liderança com excelência. A falta de competência emocional pode findar carreiras de profissionais que possuem QI elevado e alto grau de conhecimento específico. Goleman (2001, p. 201) afirma que [...] o líder também é uma fonte-chave do tom emocional da organização. O entusiasmo que emana de um líder pode conduzir o grupo inteiro na direção desejada. Nas palavras de BirgittaWistrand, diretora executiva de uma companhia sueca, “a liderança consiste em transmitir energia”. Essa transmissão de energia emocional permite ao líder tornar-se o piloto da organização, determinando seu curso e direção [...]. Um líder emocionalmente inteligente tem mais facilidade de transmitir a energia correta que levará a equipe à melhor direção e ao alcance de seus objetivos. Birgitta Wistrand utiliza a expressão incontinência emocional para caracterizar a transmissão de emoções destrutivas de cima para baixo. Segundo ela, “tomado por emoções perturbadoras, um líder danifica a energia das pessoas tornando-as ansiosas, deprimidas ou enraivecidas”. Por outro lado, os líderes extremamente bem- sucedidos exibem um alto grau de energia positiva, que se espalha por toda a organização. Além disso, quanto mais positivo for o estado de ânimo do líder de um grupo, mais positivos, prestativos e cooperativos serão os membros do grupo (GOLEMAN, 2001, p. 201). Entende-se que os funcionários estão com os olhos voltados para o líder e o grupo que possui uma liderança dotada de competências emocionais; tende, assim como seu líder, administrar suas emoções com mais facilidade. Porém, com a mesma intensidade, o líder pode influenciar negativamente o seu grupo. Se o grupo possui uma liderança emocionalmente desequilibrada, enfrentará igualmente grandes dificuldades emocionais. A seguir serão expostas as vantagens para as empresas que trabalham com a inteligência emocional. 2.2.4 As vantagens para as empresas que trabalham com a inteligência emocional Frente à alta competitividade, em um mercado caracterizado pela globalização e a necessidade de inovação, as empresas necessitam investir no que as fazem funcionar com excelência, as pessoas. As empresas estão acordando para o fato de que até mesmo o treinamento mais caro pode dar errado, e geralmente dá. E essa inépcia surge num momento em que a inteligência emocional dos indivíduos e das organizações revela-se como o ingrediente que faltava na receita para a competitividade (GOLEMAN, 2001, p. 21). As organizações devem ter o entendimento de que a inteligência emocional quando desenvolvida é um diferencial competitivo e faz com que as empresas invistam em seu desenvolvimento. Percebe-se que as organizações e seus colaboradores precisam se atualizar constantemente para acompanharem as mudanças e tendências do mundo dos negócios para assim estarem pré-dispostos a correr riscos e encarar desafios [...]. Ela é formada por uma equipe, por isso, deve levar em consideração que somente as pessoas podem agregar valor, através de seu trabalho, conhecimento, visão e experiência de vida. Sem as pessoas nada adiantaria a existência de uma organização, pois é com ela que se trabalha e para elas (RODRIGUES, 2012, p. 34). Investir no crescimento do funcionário é agregar valor à empresa. Profissionais bem-sucedidos, satisfeitos, capacitados e equilibrados contribuem para o sucesso da empresa. Goleman (2001, p. 332) afirma que Se as empresas mudam, também mudam as características necessárias para sobreviver e, mais ainda, para se destacar. Todas essas transições dão um valor maior à inteligência emocional. A escalada ascendente das pressões competitivas atribui novo valor às pessoas que são automotivadas, demonstram iniciativa, possuem um impulso interior para se superarem, e são suficientemente otimistas para absorver com tranquilidade os insucessos e reveses. A necessidade sempre premente de bem servir os fregueses e clientes, de trabalhar de forma fluente e criativa, com uma gama cada vez mais diversa de pessoas, torna ainda mais essenciais as capacidade empáticas. Quanto maior a competitividade no mercado, mais intensa é a pressão por melhores resultados. Diante da realidade atual, as empresas tentem a cobrar mais dos seus funcionários e necessitam de colaboradores que estejam preparados para suportar as pressões, sem deixar que elas afetem negativamente os resultados. “Um número crescente de companhias vem constatando que o estímulo às habilidades ligadas à inteligência emocional é um componente vital da filosofia de gerenciamento de qualquer organização” (GOLEMAN, 2001, p. 20). A maneira como o ser humano lida com os outros depende também da utilização da inteligência e não só da razão, mas e principalmente da emoção que as relações laborais proporcionam ou não e consequentemente o sucesso das organizações (SPREA, 2009, p. 2). Não há como mensurar as inúmeras situações em que a inteligência emocional pode ser útil no ambiente de trabalho, não só útil, mas um divisor de aguas, na maioria delas. Guebur, Poletto e Vieira (2007, p. 83) afirma que É imensurável a quantidade de situações em que a inteligência emocional pode ser colocada em prática no local de trabalho: ao se utilizar das emoções de maneira produtiva; ao desenvolver a capacidade necessária para manter um bom relacionamento com os colegas; para solucionar um problema complicado; ao realizar uma tarefa e muitos outros desafios que surgem no dia a dia de uma instituição ou empresa. A inteligência emocional pode ser aplicada tanto intrapessoalmente, quanto interpessoalmente. Assim sendo, pode-se perceber que a inteligência emocional é um instrumento- chave para a solução de diversos conflitos que ocorrem no dia a dia de uma organização. Goleman (2001, p. 318) afirma que Um número cada vez maior de organizações está se empenhando em tornar-se emocionalmente mais inteligente, quer usem o termo ou não. A inteligência emocional coletiva de uma organização não é mera avaliação difusa, pois tem consequências concretas. Ainda segundo Goleman (2001, p. 331), Obviamente, há inúmeros elementos patogênicos que podem ser fatais para uma companhia: movimentos sísmicos nos mercados, visão estratégica míope, aquisições hostis, tecnologias competitivas imprevistas, e coisas semelhantes. Entretanto, uma falha em inteligência emocional pode ser crucial para tornar uma companhia vulnerável às outras, no equivalente empresarial de um sistema imunológico enfraquecido. Da mesma forma, a inteligência emocional pode ser uma vacina que preserva a saúde e estimula o crescimento [...]. Nessa conjuntura, possuir profissionais emocionalmente inteligentes pode ser um trunfo para a empresa, um diferencial competitivo. Estes profissionais tendem a driblar suas emoções de modo a não permitir que elas abalem seus resultados e afetem a produtividade. Após a explanação da importância da inteligência emocional para os profissionais e em especial para os líderes, o próximo capítulo abordará a metodologia utilizada para a elaboração da pesquisa e a análise e discussão dos dados coletados através da pesquisa de campo. 3 A PESQUISA 3.1 Metodologia Esse tópico abordará a metodologia da pesquisa realizada no presente trabalho. De acordo com Bastos (2008, p. 30), Pesquisar é dispor-se a conhecer cientificamente algo e efetivar tal objetivo. A pesquisa é uma atividade de busca, questionamento, investigação, com o intuito de elaborar conhecimento que ajude
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