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Didática Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Profa. Ms. Júlia de Cássia Pereira Nascimento Profa. Ms. Adriana Xavier da Silva Revisão Técnica Profa. Dra. Jane Garcia de Carvalho Revisão Textual: Profa. Dra. Selma Aparecida Cesarin Abordagens de Ensino e Aprendizagem • Abordagens dos Processos de Ensino e de Aprendizagem • O Professor para o Aprendizado do Aluno • Os Alunos · Conhecer e refletir sobre diferentes abordagens do processo de ensino e aprendizagem, baseadas na concepção da autora Maria das Graças Nicoletti Mizukami. · Discutir sobre o saber e o saber-fazer dos professores, pois, para refletir sobre as abordagens de ensino e aprendizagem temos de visualizar o papel do professor de acordo com o contexto social atual. Para tanto, tomaremos por base uma análise do relatório elaborado por Delors (1998) para a UNESCO: “Os quatro pilares para a educação do século XXI”. · Focar a Didática e o trabalho docente, agora sob um novo tema: o professor na Era Digital. · Não se esqueçam de que a aprendizagem ocorre com a informação, a participação, a reflexão e os comentários; portanto, leiam os textos, realizem as atividades propostas e participem do Fórum. OBJETIVO DE APRENDIZADO Abordagens de Ensino e Aprendizagem Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como o seu “momento do estudo”. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo. No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados. Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Abordagens de Ensino e Aprendizagem Contextualização Todos os assuntos tratados nesta Disciplina colaboram de forma positiva na formação de vocês, como professores. Mas, como atuar no contexto atual de nossa Sociedade, que nos pede formação e atualização constantes? Como preparar uma aula? Quais posturas, abordagens e métodos utilizar? E quanto ao planejamento? Mais ainda, que Sociedade é essa que nos cobra conhecimentos e habilidades diferenciadas para trabalhar a Educação? O que se espera de nós, professores, nesse cenário de novas tecnologias? Devemos conhecê-las e utilizá-las ou somente nosso conhecimento didático é suficiente para atender às necessidades de aprendizagem de nossos alunos? Assista ao vídeo Tecnologia ou Metodologia, para refletir sobre o que nos espera. Pense na maneira como os professores estão atuando nas salas de aula, sob quais abordagens e metodologias e se há utilização de novas tecnologias no processo ensino e aprendizagem.O vídeo está disponível em: https://youtu.be/IJY-NIhdw_4. Ex pl or Estamos certas de que vocês ficaram curiosos quanto aos assuntos desta Unidade. 8 9 Abordagens dos Processos de Ensino e de Aprendizagem Por meio dos estudos já realizados, pudemos perceber que a Didática tem im- portante papel no trabalho do professor, vez que ela se dedica ao estudo e ao aprofundamento das maneiras de desenvolvimento do ensino e da aprendizagem, objetivos primordiais da Educação. Nesta unidade, estudaremos algumas abordagens do processo de ensino e aprendizagem, que darão ao professor uma direção a seguir no desenvolvimento de suas aulas, na relação com os alunos e em sua prática pedagógica. Sabemos que a Educação é um processo que está em constante formação e transformação e trabalha de diferentes formas, de acordo com a teoria ou a abor- dagem do processo ensino e aprendizagem adotado. A adoção de determinada abordagem pelo professor não se dá de forma alea- tória, não é uma simples escolha. As diferentes abordagens de ensino estão cada qual ligadas a conceitos e escolhas mais profundas, que se relacionam a ideologias, à visão de mundo e à visão de Educação, por exemplo. Essa escolha deve também contemplar diferentes momentos da sala de aula, as individualidades de cada aluno, os conteúdos a serem trabalhados e os objetivos que se pretende atingir naquele momento. É fruto de uma interpretação pessoal do fenômeno educacional, assim como de uma tomada de posição em relação ao sujeito e ao meio. As bases de nossa reflexão sobre as abordagens do processo ensino e aprendizagem serão as considerações da Profª. Dra. Maria das Graças Nicoletti Mizukami. Para a autora, é importante que se reflita sobre a ques- tão “O que fundamenta a ação docente?”, vez que desta ação dependem a aprendizagem do aluno e a Educação, como processo. Figura 1 É preciso que o professor perceba que a Educação é um fenômeno humano e histórico, na qual estão presentes diferentes dimensões: humana, técnica, cognitiva, emocional, sociopolítica e cultural. Essas dimensões trazem implicações e relações diferenciadas no processo educativo. 9 UNIDADE Abordagens de Ensino e Aprendizagem Quando trabalhamos com alunos dos cursos de licenciaturas, procuramos organizar as disciplinas pedagógicas de forma que o futuro professor possa formar um corpo de ideias que justifiquem e deem subsídios à sua prática pedagógica. A partir dessas ideias, cada professor vai filtrar e escolher sua prática baseado em suas próprias vivências, ideologias e crenças. Por esse motivo é importante que se conheçam diferentes abordagens ou linhas pedagógicas usualmente utilizadas no ensino brasileiro, as quais servirão de diretrizes à ação docente, vez que a utilização e a elaboração de cada professor serão individuais e intransferíveis, e trarão em si as escolhas pessoais, humanas, sociopolíticas e ideológicas. Vejamos, então, cada uma das abordagens do processo de ensino e aprendiza- gem, em seus aspectos mais fundamentais. Abordagem tradicional A abordagem tradicional apresenta como característica uma concepção e uma prática educacional com ênfase à transmissão de conteúdos de forma sistematizada pelo professor e pela reprodução deles pelos alunos. A didática tradicional poderia ser resumida em “dar a lição” e “tomar a lição”. Sendo assim, as avaliações passam a ter um fim em si mesmas, mantendo-se o mesmo ritual: avalia-se conforme o que o aluno pode “reproduzir” acerca do que lhe foi “transmitido”. As notas obtidas funcionam, na escola e na sociedade, como níveis de aquisição do patrimônio cultural. Podemos concluir, em relação à abordagem tradicionalque a Escola é o local da apropriação do conhecimento, por meio da transmissão de conteúdos pelo professor, que detém todo o saber, e a confrontação com modelos e demonstrações. O indivíduo nada mais é do que um ser passivo, um receptáculo de conhecimentos escolhidos e elaborados por outros para que ele se aproprie. Nesaa escola, os alunos têm apenas a função de receber, memorizar e reproduzir, com a máxima exatidão possível, os ensinamentos transmitidos pelo professor. Aqui, convidamos você à assistir ao clip de Pink Floyd – The Wall (legendado), pensando no papel do professor no processo de ensino e aprendizagem. O clip está disponível em: https://youtu.be/vrC8i7qyZ2w. Ex pl or Abordagem comportamentalista Na concepção comportamentalista, o desenvolvimento e a aprendizagem são entendidos como transformações resultantes das interações ocorridas entre o comportamento apresentado e os acontecimentos do ambiente. 10 11 Essa abordagem vê o homem como uma consequência das influências ou forças existentes no meio ambiente, sendo que suas ações são resultado das condições do meio que, uma vez estabelecido, pode antecipar os resultados. O ser humano não depende apenas de si mesmo, mas principalmente daqueles que o ensinaram a construí-lo. Ao analisarmos o processo ensino e aprendizagem nessa abordagem, perce- bemos que ensinar consiste em saber usar o condicionamento e o reforço para manter o conhecimento, sendo papel do professor assegurar a aquisição do com- portamento necessário. Esses comportamentos serão instalados e mantidos por condicionamento e reforçadores arbitrários (elogios, notas, prestígio, castigos) e as- sociados a reforçadores mais remotos e generalizados (status, profissão, diploma). Podemos entender, portanto, que a abordagem comportamentalista consiste na aquisição de determinados comportamentos pelos alunos, que os levarão à aprendizagem, que se garante pelo programa estabelecido e pela aquisição de comportamentos desejáveis, instalados e mantidos por condicionantes e reforçadores arbitrários, sejam positivos ou negativos. Importante! O Behaviorismo é a teoria que fundamenta a abordagem Comportamentalista? Vamos aprender um pouco mais sobre esse tema assistindo ao vídeo disponível em: https://youtu.be/-wAceVuAbxY Você Sabia? Abordagem humanista Na abordagem humanista, privilegia-se a vida emocional e a psicológica do indivíduo, sua orientação e o desenvolvimento de uma visão de si orientada para uma realidade individual e grupal. O homem é considerado uma pessoa situada no mundo. É único e se relaciona consigo mesmo e com as pessoas em seu redor, realizando constantes descobertas em sua vida. Desse modo, constrói seu próprio mundo exterior, partindo de suas experiências. A atitude básica presente nessa abordagem é de confiança e de respeito ao aluno. A aprendizagem tem a qualidade de envolvimento pessoal. O aluno é considerado em sua sensibilidade e, sob o aspecto cognitivo, é incluído, de fato, na aprendizagem. O aprender e o compreender vem de dentro do aluno, ainda que o primeiro impulso venha de fora, do professor. Podemos dizer que, nessa abordagem, a aprendizagem é significativa e penetrante, vez que ela provoca modificações no comportamento e nas atitudes dos alunos. 11 UNIDADE Abordagens de Ensino e Aprendizagem Não existe, portanto, em relação à avaliação, qualquer padronização de produtos de aprendizagem e competências do professor, sendo muito utilizada a autoavaliação, pois tanto os alunos quanto os professores têm a responsabilidade de definir os critérios para avaliar se seus objetivos estão sendo atingidos. O próprio aluno sabe se está ou não satisfazendo suas necessidades, se está aprendendo o que antes ignorava. Abordagem cognitivista A Abordagem cognitivista preocupa-se com a maneira como se dá a aprendiza- gem e utilizá-la pede que se estude a aprendizagem como um produto do ambiente, das pessoas ou de fatores que são externos aos alunos. É, portanto, uma aborda- gem predominantemente interacionista, na medida em que privilegia a capacidade que o aluno tem de integrar informações e processá-las. O importante nessa abordagem é a maneira como acontece a organização do conhecimento, o processamento das informações e os comportamentos que dizem respeito às tomadas de decisões. Nesse processo de interação e formação do conhecimento, essa abordagem encontra respaldo na teoria de Jean Piaget, que consiste no estudo do desenvolvimento mental do ser humano, no campo do pensamento, da linguagem e da afetividade. Priorizam-se as atividades do sujeito, considerando-o inserido numa situação social. Abordagem construtivista Alguns autores entendem que a Abordagem construtivista é uma vertente da Abordagem cognitivista, devido à citação de que “A inteligência se constrói a partir da troca do organismo com o meio, por meio das ações do indivíduo” (MIZUKAMI, 1986, p. 78). No Construtivismo, o aluno está sempre criando algo novo, num processo permanente de evolução e criatividade. Aqui, o ato de aprender depende do aluno e o objetivo da educação é liberar sua capacidade, tanto intelectual quanto emocional, desenvolvendo características como a autodescoberta e a autodeterminação, na busca do conhecimento e da aprendizagem. Nessa abordagem, são oferecidas aos alunos algumas situações de desafios à sua percepção, análise e raciocínio, assim como jogos, leituras, visitas, excursões, trabalho em grupo, arte, oficinas, teatro etc. Assim, novas aprendizagens são assimiladas por uma estrutura já existente, que provoca uma reestruturação do conhecimento. 12 13 A aprendizagem só se realiza quando o aluno elabora seu conhecimento. Isso porque conhecer um objeto é agir sobre ele e transformá-lo. O mundo deve ser reinventado (MASETTO, 1997, p. 44). Na Abordagem construtivista, há uma grande preocupação com a aprendizagem e com a participação do aluno nessa aprendizagem, elaborando seu próprio conhecimento, valorizando o ensaio e o erro, e reinventando o mundo que o cerca com novos conhecimentos. Abordagem sociocultural A abordagem sociocultural busca a superação da relação entre opressor e opri- mido e as situações de ensino e aprendizagem devem contribuir para essa supe- ração, por meio de algumas condições, como nos mostra Masetto (1986, p. 44): a) Solidarizar-se com o oprimido, o que implica assumir a sua situação; b) Transformar radicalmente a situação objetiva geradora de opressão. As obras mais relacionadas a essa abor- dagem, por se referirem ao aspecto po- lítico-social mais significativo no contexto brasileiro, são as escritas por Paulo Freire. A abordagem sociocultural trabalha com a educação problematizadora, cujo objetivo é o desenvolvimento da consci- ência crítica e libertadora, como forma de superar as contradições da Educação tradi- cional. Entende que, por meio da reflexão, o aluno torna-se sujeito da Educação, po- dendo, assim, refletir sobre sua realidade e a transformar. Figura 2 Fonte: Wikimedia Commons A Educação é, portanto, um descobrimento constante da realidade, num esforço para que os alunos possam, criticamente, perceberem-se como participantes do mundo e como se inserem nesse mundo. Nesse processo, é preciso que os alunos assumam, desde o início, o papel de sujeitos cidadãos. A cultura constitui a aquisição sistemática da experiência humana, que se dará por meio da conscientização crítica e criadora do homem. Todo conhecimento é elaborado e criado a partir do pensamento e da crítica. Nesse sentido, a Educação é um ato de conhecimento da realidade, que se dará por meio da consciência crítica, que não é um produto acabado, e sim um processo contínuo. Esse processo de ensino e aprendizagem constitui-se na troca de experiências que procuram transformar a situaçãoconcreta que gera a opressão. 13 UNIDADE Abordagens de Ensino e Aprendizagem Professores e alunos relacionam-se de forma horizontal; não há imposição e o diálogo é desenvolvido por meio da cooperação, da união, da solução conjunta dos problemas. Alunos e professor participam juntos do processo. Educador e educando são, portanto, sujeitos de um processo em que crescem juntos, porque “ninguém educa ninguém, ninguém se educa. Os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo” (MASETTO, 1997, p. 44). Por esse motivo, a metodologia utilizada deve ser ativa, dialógica e crítica, com um conteúdo próprio, estabelecido a partir da consciência que se tem da realidade. A abordagem sociocultural pressupõe que o alu- no seja sujeito de sua própria educação. Toda ação educativa deverá promover o indivíduo e não ser instrumento de ajuste dele ao mundo. A interação homem-mundo ou sujeito-objeto é imprescindível para que o ser humano se torne sujeito de sua obra. Essa abordagem procura desenvolver a ação e a reflexão dos homens sobre o mundo, com o objetivo de transformá-lo. Ao estudarmos as Abordagens do Processo de Ensino Aprendizagem, não podemos perder de foco nossa Disciplina, que é Didática. Certamente, cada um de nós está interessado em uma formação que nos permita desempenhar da melhor forma possível nossa atividade docente. Ao assumirmos a Didática como reflexão sistemática sobre o processo de ensino e aprendizagem, na busca de melhores soluções para os problemas que enfrenta- mos em nossa prática pedagógica, é preciso que possamos refletir profundamente sobre cada uma das abordagens aqui apresentadas, para que possamos escolher aquela que julgamos mais próxima de nossos pensamentos, ideologias, práticas e posicionamento sociopolítico e cultural. Nesse sentido, é preciso que nos coloquemos numa postura constante de re- flexão-ação, partindo do compromisso com a transformação social e individual de nossos alunos, buscando alternativas pedagógicas que tornem o ensino mais eficiente, a partir das teorias e concepções de ensino e aprendizagem já desenvol- vidas ou, ainda, criando novas alternativas de trabalho a partir de nossas próprias experiências e concepções. Assista à animação Aprender a Aprender, disponível em: https://youtu.be/Pz4vQM_EmzI. Ex pl or Figura 3 Fonte: gritodosexcluidos.org 14 15 O Professor para o Aprendizado do Aluno O aprendizado dos seus futuros alunos é de sua responsabilidade e você deve certificar-se de que as metas de aprendizado e métodos de ensino estejam de acordo com o contexto no qual sua Escola está inserida. Existem muitos recursos de ensino, mas o professor é o principal. De nada adianta tecnologia de ponta, os melhores livros, recursos e Escola, se não há comprometimento do professor, se ele não se vê ou age como um dos protagonistas do processo de ensino e aprendizagem. O professor do século XXI não é mais o guardião do saber; ele é o mediador e o parceiro que precisa usar todos os recursos disponíveis para envolver, conquistar e trazer o aluno para a sua Disciplina. Você já ouviu falar em Augusto Cury? Ele é psiquiatra, cientista e autor. É também diretor da Academia de Inteligência, um instituto que promove o treinamento de psicólogos, educadores e público em geral. Augusto Cury, em um dos seus livros, chamado Pais brilhantes, professores fascinantes, apresenta os sete hábitos dos bons professores e dos professores fascinantes. Vou compartilhar esses hábitos com você, pois é de suma importância que o futuro professor reflita sobre a sua prática e exerça o seu papel social de educador, fazendo a diferença na vida do aluno. Vejamos então, segundo Augusto Cury (2003), os sete hábitos dos bons profes- sores e dos professores fascinantes: Bons professores são eloquentes; professores fascinantes conhecem o funcionamento da mente. Bons professores têm boa cultura acadêmica e transmitem com segurança e eloquência as informações em sala de aula. Os professores fascinantes ultrapassam essa meta. Eles procuram conhecer o funcionamento da mente dos alunos para educar melhor. Para eles, cada aluno não é mais um número na sala de aula, mas um ser humano complexo, com necessidades peculiares. Bons professores possuem metodologia; professores fascinantes possuem sensibilidade. Bons professores falam com a voz, professores fascinantes falam com os olhos. Bons professores são didáticos, professores fascinantes vão além. Possuem sensibilidade para falar ao coração dos seus alunos. Bons professores educam a inteligência lógica; professores fascinantes educam a emoção. Bons professores ensinam seus alunos a explorar o mundo em que estão, do imenso espaço ao pequeno átomo. Professores fascinantes ensinam os alunos a explorar o mundo que são, o seu próprio ser. Sua educação segue as notas da emoção. Bons professores usam a memória como depósito de informações; professores fascinantes usam-na como suporte da arte de pensar. Bons professores usam a memória como armazém de informações; professores fascinantes usam a memória como suporte da criatividade. Bons professores cumprem o conteúdo programático das aulas; professores fascinantes também cumprem o conteúdo programático, mas seu objetivo fundamental é ensinar os alunos a serem pensadores, e não repetidores de informações. Bons professores são mestres temporários; professores fascinantes são mestres inesquecíveis. Um bom professor é lembrado nos tempos de escola. Um professor fascinante é um mestre inesquecível. Um bom professor procura os alunos; um professor fascinante é procurado por eles. Um bom professor é admirado; um professor fascinante é amado. Um bom professor se preocupa com as notas de seus alunos; um professor fascinante se preocupa em transformá-los em engenheiros de ideias. 15 UNIDADE Abordagens de Ensino e Aprendizagem Bons professores corrigem comportamentos, professores fascinantes resolvem conflitos em sala de aula. Bons professores corrigem os comportamentos agressivos dos alunos. Professores fascinantes resolvem conflitos em sala de aula. Bons professores educam para uma profissão, professores fascinantes educam para a vida. Um bom professor educa seus alunos para uma profissão;, um professor fascinante os educa para a vida. Professores fascinantes são profissionais revolucionários. Ninguém sabe avaliar o seu poder, nem eles mesmos. Eles mudam paradigmas, transformam o destino de um povo e um sistema social sem armas, tão somente por prepararem seus alunos para a vida por meio do espetáculo das suas ideias. O que você achou dos sete hábitos? Sonho ou realidade? Possível ou impossível? Acreditamos que eles sejam possíveis no processo ensino e aprendizagem. De nada adianta ser doutor em Língua Portuguesa e usar tecnologia de ponta se o professor não enxergar o aluno. Pense nisso quando for entrar em sala de aula, combinado? Recomendamos a leitura do livro na íntegra: CURY, Augusto. Pais brilhantes, professores fascinantes. Rio de Janeiro: Sextante, 2003.Ex pl or Os Alunos Agora, vamos tratar da outra ponta do processo ensino e aprendizagem: os alunos. Que bom seria se os nossos alunos pudessem ser programados para cada aula do Ensino Fundamental e Médio, não? Seria perfeito: o professor prepara e ministra a aula, os alunos a assistem, fazem exercícios, respondem aos questionamentos e aprendem. Simples assim, não? Na verdade, não é nem um pouco simples. Nossos alunos são únicos e trazem para a sala de aula toda a sua bagagem cultural, educação, experiência de vida, medos, alegrias e anseios. E nós estamos lá na frente, com a nossa aula preparada para o grupo, e não para cada um deles. Difícil, não? Talvez pelo desejo subconsciente de simplificar seu trabalho docente, o professor tende, em geral, a considerar o corpo discentecomo uma massa homogênea e indiferenciada. É possível que apenas três tipos de estudantes escapem desse anonimato: o estudante brilhante, o badalador e o encrenqueiro. No jogo das relações professor-aluno, com efeito, esses tipos de estudantes fornecem os maiores prêmios e ameaças e, por conseguinte, chamam a atenção do professor (BORDENAVE; PEREIRA, 2005, p. 59). Existem as múltiplas inteligências e cada aluno aprende de maneira diferente, e é importante que o professor olhe e trate seus alunos como pessoas singulares e adeque seus métodos didáticos às diferenças individuais de cada um. 16 17 Em meio a tanta singularidade, cabe ao professor despertar nos alunos o interesse pela Língua Portuguesa, mostrando sempre a importância do idioma para a vida social, escolar e profissional. Sabemos que não é fácil conhecer todos os alunos, memorizar seus nomes, preparar atividades individualizadas, dar conta do conteúdo programático e do calendário escolar. No entanto, só conseguiremos trazer os alunos para a nossa aula e Disciplina se formos competentes o suficiente para darmos conta do conteúdo, ou parte dele, em um ambiente repleto de significado, respeito e educação. Os problemas nas salas de aula são inúmeros, muitos alunos são difíceis e trazem de casa sérios problemas familiares, mas quem deve ter maturidade e inteligência emocional para administrar os conflitos e propiciar bons momentos de ensino e aprendizagem é você, futuro professor de Português. Quando atuamos na área da Educação, precisamos ficar atentos às inteligências múltiplas. Cada ser humano aprende de uma maneira. Nos ensinos Fundamental e Médio, as Instituições de Ensino fornecem aos alunos diferentes Disciplinas e, em tese, espera-se que eles desenvolvam as inteligências que lhes são inerentes. No entanto, algumas delas são mais valorizadas no período escolar e muitos alunos são rotulados quando não conseguem ter bom desempenho em determinadas áreas. Como já foi dito, cada um aprende de uma maneira e tem inclinação para determinada área. É importante que os professores respeitem isso e permitam desabrochar o que há de melhor em cada aluno. A Teoria das Inteligências Múltiplas foi proposta por Howard Gardner (1985) como uma alternativa para o conceito de inteligência como capacidade inata, geral e única, que permite aos indivíduos desempenho maior ou menor em qualquer área de atuação. Insatisfeito com essa ideia, Gardner redefiniu a inteligência à luz das origens biológicas da habilidade para resolver problemas. Depois de muitos estudos e pesquisas, a Teoria de Gardner apontou a existência de 8 inteligências múltiplas: 1. Verbal/Linguística: Habilidade para brincar com as palavras, contar histórias, ler e escrever. A pessoa com esse estilo de aprendizagem tem facilidade em recordar nomes, lugares, datas e coisas semelhantes; 2. Lógica/Matemática: Capacidade para brincar com as questões, para o raciocínio e pensamento indutivo e dedutivo, para o uso de números e resolução de problemas matemáticos e lógicos; 3. Visual/Espacial: Habilidade para visualizar objetos e dimensões espaciais, para criar imagens internas. Esse tipo de pessoa adora desenhar, pintar, visitar exposições, visualizar slides, vídeos e filmes...; 4. Somato-quinestésica: Conhecimento do corpo e habilidade para controlar os movimentos corporais. As pessoas com esse tipo de inteligência movem- se enquanto falam, usam o corpo para expressar suas ideias, gostam de dançar, de praticar esportes e outras atividades motoras; 17 UNIDADE Abordagens de Ensino e Aprendizagem 5. Musical/Rítmica: Habilidade para reconhecer sons e ritmos; trata-se de pessoas que gostam de ouvir música, de cantar e até de tocar algum instrumento musical; 6. Interpessoal: Capacidade de relacionamento interpessoal. São pessoas que estão sempre rodeadas de amigos e gostam de conviver; 7. Intrapessoal: Autorreflexão, metacognição e consciência das realidades espirituais. São pessoas que preferem estar sozinhas e são pouco dadas a convívios; 8. Naturalista: Alta sensibilidade para as questões ambientais. São pessoas com elevado interesse pelas Ciências da Natureza e com particular dom para lidar com plantas e animais. Você, futuro professor, pode explorar todas essas inteligências em suas aulas. Portanto, use sem moderação! Quer saber mais sobre Howard Gardner e a sua Teoria das Inteligências Múltiplas? Então, acesse os sites a seguir: https://goo.gl/Eu6p7S; https://goo.gl/GzHti. Ex pl or 18 19 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Vídeos As Abordagens e o Professor A fim de proporcionar um melhor entendimento da relação entre a importância das abordagens de ensino e aprendizagem e o fazer pedagógico do professor. https://youtu.be/NpAJOtjY6J4 Didática para a Sala de Aula. Mario Sergio Cortella Assista também ao vídeo do Professor Cortella sobre Didática na sala de aula https://youtu.be/TMIGLNT-yis 19 UNIDADE Abordagens de Ensino e Aprendizagem Referências BORDENAVE, J. D.; PEREIRA, A. M. Estratégias de ensino-aprendizagem. 26.ed. Petrópolis: Vozes, 2005. CARVALHO, Ana Maria Pessoa; PEREZ, Daniel Gil. O saber e o saber fazer do professor. In CASTRO, Amélia Domingues; CARVALHO, Anna Maria Pessoa (org.) Ensinar a Ensinar: didática para a escola fundamental e média. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2001. Cap. 6. p. 107-124. CHAVES, Eduardo O. C. 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