Buscar

Guia_da_Disciplina didatica

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 41 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 41 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 41 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

DIDÁTICA 
Esp. Daniella Medeiros Moreira Rogel 
GUIA DA 
DISCIPLINA 
 2020 
 
 
1 Didática 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
“Quem ensina aprende ao ensinar, e quem aprende ensina ao aprender”. 
 (Paulo Freire) 
INTRODUÇÃO 
 
O ensino é uma forma sistemática de transmissão de conhecimentos que nós 
humanos utilizamos para educar e instruir. Podemos perceber então a importância desta 
prática para a sociedade e seu desenvolvimento. O processo de ensino e aprendizagem é 
complexo, envolve diferentes fatores, e dentre eles está a forma, a estratégia que é utilizada 
para ensinar algo a alguém. 
 
Uma reflexão que podemos fazer está relacionada ao momento em que aprendemos, 
por exemplo, a andar de bicicleta, ou a dirigir. Como você aprendeu? Que ferramentas a 
pessoa utilizou para te ensinar? Sempre que nós ensinamos algo a alguém, acabamos por 
automaticamente aprender mais sobre o conteúdo que estamos abordando. A didática está 
relacionada a esta complexa missão de ensinar algo a alguém. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 Didática 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
1. O QUE É DIDÁTICA 
 
A palavra didática vem da expressão grega “Techné didaktiké”, que significa arte ou 
técnica de ensinar. Por isso, abrange a parte da pedagogia que se ocupa dos métodos e 
técnicas de ensino, ou seja, a didática estuda os processos de ensino e aprendizagem, 
envolvendo a arte de conseguir promover aprendizagem aos alunos. Para tanto, a ação 
didática envolve o professor, o aluno, o conteúdo, o contexto da aprendizagem e as 
estratégias metodológicas. 
 
O pai da didática moderna e um dos maiores educadores do século XVII é o checo 
Jan Amos Komensky, nascido em 1592 e mais conhecido como Comenius. Ele lutava pelo 
aprendizado contínuo e o desenvolvimento de um pensamento lógico, em vez da simples 
memorização. Em sua principal obra, didática magna: tratado da arte universal de ensinar 
tudo a todos, o educador define didática como: 
 
“um método universal de ensinar tudo a todos. E de ensinar com tal certeza, que 
seja impossível não conseguir bons resultados. E de ensinar rapidamente, ou seja, 
sem nenhum enfado e sem nenhum aborrecimento para os alunos e para os 
professores, mas antes com sumo prazer para uns e para outros. E de ensinar 
solidamente, não superficialmente e apenas com palavras, mas encaminhando os 
alunos para uma verdadeira instrução, para os bons costumes e para a piedade 
sincera. Enfim, demonstraremos todas estas coisas a priori, isto é, derivando-as da 
própria natureza imutável das coisas, como de uma fonte viva que produz eternos 
arroios que vão, de novo, reunir-se num único rio; assim estabelecemos um método 
universal de fundar escolas universais” 
 
 
 
No link abaixo você encontra na íntegra o e-book (livro digital) de Comenius, 
Didática Magna (1649). 
<http://www.ebooksbrasil.org/eLibris/didaticamagna.html> 
 
 
 
 
 
 
3 Didática 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 
 
O presente tem sentido quando analisamos o passado e planejamos o futuro, por 
isso somos seres históricos. Com a intenção de se entender os aspectos envolvidos na 
realidade da educação no Brasil é necessário falar sobre a evolução histórica da didática e 
consequentemente dos objetivos da escola e dos estudos sobre o processo de ensino e 
aprendizagem. 
 
Para delinear o lugar que a didática ocupa no contexto dos cursos de formação de 
professores retomaremos a época militar brasileira, mais precisamente pós 1964. Em 1972 
aconteceu o Primeiro Encontro Nacional dos Professores de Didática na Universidade de 
Brasília porque a época requeria um avanço na forma de transmissão do conhecimento. 
 
Tem-se o professor técnico e a racionalização do processo de ensino e 
aprendizagem onde o planejamento deve ser seguido como papel central aos alunos. 
Somente após dez anos, em 1982 que se realizou no Rio de Janeiro o I Seminário intitulado 
A Didática em Questão. A dimensão política interiorizada no ato pedagógico surge frente a 
 
 
4 Didática 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
necessidade de docentes críticos e conscientes com o papel que a educação e a formação 
dos professores representam no país, já que nesta época o avanço na dicotomia entre o 
público e o privado só aumentava, e a escola pública era direcionada aos pobres e menos 
favorecidos economicamente, com realidades totalmente diferentes, que podem ser 
observadas ainda hoje nas escolas, conforme podemos refletir lendo as charges abaixo 
sobre o ensino público e o privado. 
 
 
 
Houve um tempo em que ensinar era possuir o conhecimento dos conteúdos 
(assuntos) a serem transmitidos aos alunos, planejar as estratégias e organizar os recursos 
a serem utilizados nesse processo. No final do mesmo, elaborava-se uma avaliação que 
definia se o aluno havia ou não aprendido os conteúdos daquele determinado período na 
escola. Pensemos num “receituário”, no qual havia objetivos, conteúdos, estratégias, 
recursos e avaliações determinados para cada série escolar. Era um tempo favorável às 
reproduções de “diários” de professor para professor e de ano para ano. Acreditava-se na 
possibilidade de uma educação estática e mecânica. 
 
 No período compreendido entre 1994 e 2000 o aluno passa a ser concebido como 
um ser historicamente situado e que pertence a uma determinada classe social e portador 
de uma prática social com interesses próprios e ainda com um conhecimento que adquire 
nessa prática, os quais não podem mais ser ignorados pela escola. Esse período se 
relaciona com os anteriores através da problemática da interdisciplinaridade, que passa 
então na mudança do século a ser uma questão importante. 
 
 
 
5 Didática 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Nosso estudo é nesta época baseado no entendimento de que a prática não é 
dirigida pela teoria, mas a teoria vai expressar a ação prática dos sujeitos. São as formas 
de agir que vão determinar as formas de pensar dos homens. A teoria pensa e compreende 
a prática, a sua única função é indicar caminhos possíveis, nunca governar a prática. A 
base do conhecimento é a ação prática que os homens realizam através de relações 
sociais. 
 
Os estudos de Libâneo (2010; 2013) ressaltam que a prática educativa envolve uma 
ação consciente, intencional e planejada que busca agir no processo de formação humana. 
O termo pedagógico denota que a finalidade dessa estrutura é formalizar um conjunto de 
objetos necessários a execução de um plano de ação educativo. Assim, a didática estará 
pautada em um planejamento de ensino, que envolverá escolha de técnicas e estratégias 
que facilitem o processo de ensino e aprendizagem dos alunos. 
 
A educadora Vera Maria Candau, professora da Pontifícia Universidade Católica do 
Rio de Janeiro, ressalta que a Didática pode ser entendida como reflexão sistemática e 
busca de alternativas para os problemas da prática pedagógica, o que envolve o estudo 
das teorias de ensino e aprendizagem aplicadas ao processo educativo que se realiza na 
escola, bem como dos resultados obtidos. 
 
 
 
Os elementos da ação didática são: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 Didática 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 
 
Dica de leitura: LIBÂNEO, J. O dualismo perverso da escola pública brasileira: 
escola do conhecimento para os ricos, escola do acolhimento social para os 
pobres. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 38, n. 1, p. 13-28, 2012. 
 
 
 
 
 
LIBÂNEO. José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez, 2013. 
 
CANDAU, Vera Maria. A didática em questão. 32ª ed. Rio de Janeiro: Vozes, 
2011. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 Didática 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
2. O PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM 
 
Libâneo (2010) defende que a educação estáligada a processos de comunicação e 
interação pelos quais membros de uma sociedade assimilam habilidades, técnicas, atitudes 
e valores para que consigam produzir outros saberes. Uma experiência educacional 
positiva é aquela que capacita o aluno para pensar, sentir e agir, por isso, está pautada no 
professor, aluno, conhecimento, contexto e avaliação, que interagem entre si para 
construção de significados. 
 
A aprendizagem significativa acontece onde as ideias são expressas simbolicamente 
e interagem de maneira substantiva e não-arbitrária com aquilo que o aprendiz já sabe. 
Este novo conhecimento e que pode ser, por exemplo, um símbolo já significativo, um 
conceito, uma proposição, um modelo mental, uma imagem, David Ausubel (1918-2008) 
chamava de subsunçor ou ideia-âncora. 
 
O conhecimento prévio na visão de Ausubel é a variável isolada mais importante 
para a aprendizagem significativa de novos conhecimentos. Isto é, se fosse possível isolar 
uma única variável como sendo a que maior influência para as novas aprendizagens, esta 
seria o conhecimento prévio, os subsunçores já existentes na estrutura cognitiva do sujeito 
que aprende. Por exemplo, o aluno externaliza o que sabe sobre um determinado assunto, 
o professor também compartilha seus significados, tudo dentro do contexto que estão 
inseridos, o aluno confere sentido as novas informações e as agrega a sua rede de 
conhecimento, o que tornará a aprendizagem mais significativa. 
 
Assim sendo, Masetto (1997) ressalta que o processo de ensino e aprendizagem, na 
escola, é intencional, ou seja, orientado por objetivos a serem alcançados por aqueles que 
dele participam. Portanto, é significativo que os alunos consigam aprender o que se propõe, 
através de condições apropriadas, o que envolve aspectos da: 
 
- dimensão humana, pois depende da relação interpessoal entre os envolvidos. 
 
- dimensão político-social, pois o processo de ensino e aprendizagem se realiza em uma 
determinada escola, situada em um bairro com determinadas características sociais e 
econômicas, essa escola recebe suas orientações e diretrizes educacionais propostas por 
políticas governamentais, que influenciarão por meio de legislação e normas em seu 
 
 
8 Didática 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
trabalho. Alunos, pais, professores, diretores, funcionários, pesquisadores, autores, todos, 
são pessoas que vivem e convivem em uma cultura específica e, portanto, têm posições 
políticas e sociais que são transmitidas em seus trabalhos e nas suas relações com a 
escola, cujo trabalho é educar a criança para uma participação ativa na sociedade, fazendo 
uso então de alguma tendência pedagógica. 
 
- dimensão técnica do processo de aprendizagem implica definição de objetivos, seleção 
de conteúdos, técnicas e recursos de ensino, organização e definição do processo e 
técnicas de avaliação, ou seja, todo planejamento. 
 
 A seguir, estudaremos cada um destes aspectos envolvidos no processo de ensino 
e aprendizagem. 
 
 
 
LIBANEO, J. Pedagogia e pedagogos, para quê? São Paulo: 
Cortez, 2010. 
 
MASETTO, M. Didática: a aula como centro. São Paulo: FTD, 1994. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 Didática 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
3. DIMENSÃO HUMANA: RELAÇÕES INTERPESSOAIS NA ESCOLA 
 
A escola favorece a formação social entre os que estão nela envolvidos, pois 
promove interação entre as pessoas, principalmente entre os professor-aluno e aluno-
aluno, levando ao desenvolvimento de atitudes e assimilação de valores. Assim sendo, 
pode-se afirmar que no processo de construção do conhecimento, a interação humana 
assume um papel pedagógico significativo e evidente. 
 
Quando o aluno chega na escola, traz consigo conhecimentos construídos a partir 
de suas experiências anteriores, que somadas a intervenção do professor e o contato com 
novos conteúdos, promoverão a construção de novos conhecimentos. Por isso, o professor 
deve sempre exercer uma função incentivadora, despertando e estimulando o interesse do 
aluno, conhecer seus alunos e os conhecimentos prévios que possuem. Esse 
conhecimento deverá ser o ponto de partida do professor. Isso é importante, pois, partindo 
de um universo familiar ao aluno, poderá despertar seu interesse pela participação, 
envolvendo-o em situações-problemas nas quais ele se sentirá capaz para resolver. Para 
o professor, esse ato de conhecer e compreender o aluno mediará não somente seu 
trabalho com os conteúdos a serem apresentados, mas também seu próprio envolvimento 
na busca de atitudes mais positivas na relação com esse aluno e suas dificuldades no 
processo de ensino e aprendizagem. 
 
Os professores precisam saber que as representações que eles mesmos têm de 
seus alunos (o que pensam e esperam deles, as capacidades e intenções que lhes 
atribuem) influenciam no trabalho desenvolvido na sala de aula, da mesma forma que 
ocorre com as representações que os alunos têm de seus professores. 
 
É importante pensar na importância de um autoconceito positivo dos alunos na 
construção de seus conhecimentos e autonomia. O autoconceito refere-se ao 
conhecimento e conceito que alguém tem de si mesmo, uma autoimagem que influi na 
autoestima. Crianças com alto nível de autoestima conseguem melhores resultados na 
escola. Quando o professor conhece o aluno e favorece seu envolvimento no processo de 
ensino e aprendizagem mediante o diálogo, estimula sua participação e interesse nas 
atividades e trabalhos. A motivação é um processo psicológico interno e profundo que o 
professor poderá utilizar para incentivar o aluno a alcançar, mediante esses procedimentos. 
 
 
10 Didática 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
O processo de ensino e aprendizagem 
vem se transformando na medida em que a 
sociedade também se modifica. Segundo 
Bauman (2001) vivemos em uma sociedade em 
que as relações não duram, em que o poder 
está desterritorializado e que o espaço e o 
tempo não compõem mais as duas faces de 
uma moeda. O tempo pode ser superado pela velocidade, enquanto o espaço pode ser 
ultrapassado pelas tecnologias que permitem conhecer o mundo em um só clique. Desta 
forma, a velocidade passa a ser uma característica marcante da contemporaneidade. 
 
Nesta última década podemos afirmar que um dos maiores desafios docentes é 
justamente a relação humana professor-aluno, que se confunde com a relação de família, 
de amigos, de respeito, de proximidade, entre outras. O docente é rotulado por “ser 
bonzinho”, “explicar bem”, “ser chato”, entre outras termos. 
 
A constante mudança dos objetivos educacionais, do espaço escola e do seu papel 
na sociedade revelam um profissional responsável pela transformação social e isso reflete 
na sua prática em sala de aula. 
 
O acesso à informação em um clique de botão permite que o aluno tenha as notícias 
em tempo real e cabe ao professor à mediação entre a realidade virtual vivenciada pelo 
educando e a realidade escolar tornando-as o mais próximo possível. O verdadeiro 
processo de ensino e aprendizagem é aquele que proporciona um ambiente educacional 
onde o diálogo é privilegiado, pois, como já vimos anteriormente, o professor foi colocado 
como o centro do conhecimento (teoria para só depois vir a prática) e o aluno como uma 
tábua rasa que seria alimentada pelas informações teóricas transmitidas pelos docentes 
detentores do saber. 
 
Neste processo de globalização e desterritorialização a educação foi percebida 
como a fonte transformadora do ser humano e de repente se coloca o professor em 
um papel de mediador do processo de ensino e aprendizagem e para tanto se faz 
necessário dar a este docente uma contínua formação. Assim, o professor 
independente da rede pública ou privada e ainda do local de sua formação precisa 
 
 
11 Didática 
Universidade Santa Cecília - Educação aDistância 
renovar seu olhar e se libertar de ideais de uma educação perfeita, de alunos perfeitos 
e de uma sala homogênea. 
 
Todos nós enquanto seres humanos e docentes estamos em constante 
aprendizagem e construção de nossos valores morais e éticos. Ser um professor na 
atualidade requer assumir uma profissão que está em constante ressignificação. Pois 
a sociedade passa por profundas mudanças em seus valores mais profundos que 
repercutem no comportamento de todos nós e no esti lo de vida, de moradia e de 
relacionamento gerando um impacto enorme na realidade escolar e principalmente na 
prática pedagógica do professor, na sua relação com os alunos e consequentemente 
no processo de ensino e aprendizagem. 
 
Basta pensar e saberemos que é preciso atualizar a instituição escolar, a 
realidade do ofício de professor é um sistema complexo para ser explicado aos leigos 
por suas incertezas e impasses de diversidades. Ter somente experiência docente e 
deter a informação/conhecimento não é mais suficiente, por isso, podemos afirmar 
que o professor está em constante processo de ensino aprendizagem também. 
 
Este docente aprende sobre e com seus alunos as diferentes técnicas, 
didáticas, posturas, e reavalia seu método de ensino e a motivação que transmite aos 
seus alunos, para que sejam ativos e não simplesmente repetidores de informação. 
 
Com a supremacia das tecnologias de informação e comunicação o educando, todos 
os dias podemos ter acesso a novidades, notícias em tempo real, seja da TV ou da Internet, 
e a escola faz o quê? A escola precisa estar atenta e acompanhar estes novos 
acontecimentos, com a finalidade de contextualizar a realidade escolar com a realidade 
vivenciada pelos educandos fora dali, em suas casas, na rua, tornando a educação mais 
próxima e condizente com o seu dia-a-dia. O ato de ensinar e aprender envolve criatividade, 
planejamento e diálogo. 
 
 
 
 
 
12 Didática 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
4. DIMENSÃO POLÍTICO SOCIAL: TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS NO 
BRASIL 
 
A dimensão político social envolvida no processo de ensino e aprendizagem estará 
pautada na legislação educacional vigente e no contexto ao qual a escola está inserida. 
Considerando esta realidade o professor fará uso de alguma tendência pedagógica em 
suas aulas, o que facilitará seu trabalho e o embasará frente a estudiosos e defensores de 
diferentes possibilidades para a sua prática pedagógica. 
 
A seguir estão as tendências pedagógicas resumidas segundo o prof. José Carlos 
Libâneo (1994): 
 
Na Pedagogia Tradicional, a didática é uma disciplina normativa, um conjunto de 
princípios e regras que regulam o ensino. A atividade de ensinar é centrada no professor 
que expõe e interpreta o conteúdo. O meio principal utilizado é a exposição oral. É 
importante que o aluno preste atenção, porque ouvindo facilitará o registro do que está 
sendo transmitido, na memória. O aluno é, assim, um recebedor do conteúdo e sua tarefa 
é decorá-la. O conteúdo de ensino é tratado isoladamente, desvinculada dos alunos e dos 
problemas reais da sociedade e da vida. Esta pedagogia é intelectualista, já que a prática 
pedagógica do professor não considera a experiência dos alunos, o contexto em que estão 
inseridos, nem a realidade escolar. 
 
A pedagogia renovada inclui 
várias correntes que de certa forma estão 
ligadas ao movimento da Escola Nova 
(Escolanovismo). Nesse contexto, a 
Didática é entendida como direção de 
aprendizagem, considerando o aluno 
como sujeito da aprendizagem, ser ativo 
e curioso. O professor é visto como um facilitador no processo de busca que deve partir do 
aluno. A ideia é que o aluno aprende melhor o que faz por si próprio. O professor incentiva, 
orienta, organiza as situações de aprendizagem, adequando-as às capacidades e 
características individuais dos alunos. Na sala de aula, tende a ficar circulando entre grupos 
de alunos que trabalham de forma autônoma. 
 
 
13 Didática 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
O tecnicismo educacional, embora seja considerado como uma tendência 
pedagógica incluiu-se, em certo sentido, na pedagogia renovada, ganhando nos anos 60 
autonomias, quando se constituiu especificamente como tendência, inspirada na teoria 
behaviorista da aprendizagem e na abordagem sistêmica do ensino. Define uma prática 
pedagógica controlada e dirigida pelo professor, com atividades mecânicas inseridas em 
uma proposta educacional rígida e passível de ser totalmente programada em detalhes (...) 
O que é valorizado nessa perspectiva não é o professor, mas a tecnologia; o professor é 
um mero especialista na aplicação de manuais e sua criatividade não é considerada. A 
função do aluno é reduzida a um indivíduo que reage aos estímulos de forma a 
corresponder às respostas esperadas pela escola, sendo que seus interesses e seu 
processo particular não são considerados. No final dos anos 70 e início dos anos 80, com 
a abertura política decorrente do final do regime militar e a grande mobilização em busca 
de uma educação crítica que trouxesse transformações sociais, econômicas e políticas para 
superação de desigualdades existentes na sociedade, destacam-se a pedagogia 
libertadora e a pedagogia crítico-social dos conteúdos. 
 
A pedagogia libertadora tem suas origens nos movimentos de educação popular 
que ocorreram no final dos anos 50 e início dos anos 60 e não tem uma proposta didática 
explícita. A atividade escolar é centrada na discussão de temas sociais e políticos, um 
ensino centrado na realidade social, no qual o professor e alunos analisam problemas e 
realidades locais, com seus recursos e necessidades, tendo em vista uma ação coletiva 
frente a esses problemas e realidades. O professor é um coordenador ou animador das 
atividades que se organizam sempre pela ação conjunta dele e dos alunos. Esta pedagogia 
tem sua base pautada nas ideias e estudos de Paulo Freire. 
 
A pedagogia crítico social surge no final dos anos 70 e início dos anos 80 e 
assegura a função social e política da escola mediante o trabalho com os conhecimentos 
sistematizados, a fim de colocar as classes populares em condições de uma efetiva 
participação nas lutas sociais. Entende que não basta ter como conteúdo escolar as 
questões sociais atuais, mas é necessário que se tenha domínio de conhecimentos, 
habilidades e capacidades mais amplas, para que os alunos possam interpretar suas 
experiências de vida e defender seus interesses de classe (BRASIL, 1997). 
 
 
 
 
 
14 Didática 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 
 
 
No link abaixo estão diferentes olhares dos mais renomados estudiosos da 
educação sobre a importante obra de Paulo Freire, Pedagogia do Oprimido de 
1987. Não deixe de ler. 
https://www.cairu.br/arquivos/biblioteca/E-book_50_Olhares.pdf 
 
 
 
 
 
LIBANEO, J. Didática. São Paulo: Cortez, 1994. 
BRASIL. Parâmetros Curriculares nacionais. Ministério da educação. Brasília: 
1997. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
https://www.cairu.br/arquivos/biblioteca/E-book_50_Olhares.pdf
 
 
15 Didática 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
5. DIMENSÃO TÉCNICA: PLANEJAMENTO 
 
Segundo Libâneo (1994) o planejamento é um processo de racionalização, 
organização e coordenação da ação docente, articulando a atividade escolar e a 
problemática do contexto social. É um ato político social e técnico, mas nunca estanque, 
ele deve acompanhar a evolução da criança e da escola e se propor a estar em constante 
mudança. O planejamento é essencial para que o professor consigo organizar sua prática 
pedagógica, de forma a contribuir cada vez mais para a aprendizagem significativa de seus 
alunos. 
 
Para Haydt (1999), “planejar é analisar uma dada realidade, refletindo sobre as 
condições existentes, e prever as formas alternativas de açãopara superar as dificuldades 
ou alcançar os objetivos desejados. Portanto, o planejamento é um processo mental que 
envolve análise, reflexão e previsão” (p. 45). E a escola? Será que é necessária a realização 
de um planejamento para os trabalhos que nela acontecem? Haydt (1999) nos responde 
que na educação e no ensino há vários níveis de planejamento: 
 
 planejamento de um sistema educacional; 
 planejamento geral das atividades de uma escola; 
 planejamento de currículo; 
 planejamento didático ou de ensino; 
 planejamento de curso; 
 planejamento de unidade didática ou de ensino; 
 planejamento de aula. 
 
O planejamento de um sistema educacional é feito em âmbito nacional, estadual e 
municipal e consiste na definição de prioridades e metas para o aperfeiçoamento do 
sistema educacional, estabelecimento de formas de atuação e cálculos dos custos 
necessários à realização das metas. 
 
O planejamento geral das atividades da escola é o processo de tomada de decisão 
sobre os objetivos a serem atingidos e a previsão das ações, tanto pedagógicas como 
administrativas a serem executadas por toda a equipe escolar. Deve ser participativo 
 
 
16 Didática 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
(professores, funcionários, pais e alunos). O resultado desse tipo de planejamento é o plano 
escolar ou projeto político-pedagógico. 
 
O planejamento de currículo é a previsão dos diversos componentes curriculares que 
serão desenvolvidos ao longo do curso, com a definição dos objetivos gerais e a previsão 
dos conteúdos programados de cada componente. 
 
O planejamento didático ou de ensino é a previsão das ações e procedimentos que 
o professor vai realizar junto a seus alunos, e a organização das atividades discentes e das 
experiências de aprendizagem, com o propósito de atingir os objetivos educacionais 
estabelecidos. Neste nos interessa, sobretudo o planejamento de aula, quando o professor 
especifica e operacionaliza os procedimentos diários. 
 
 
 
 
 
 
17 Didática 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 
PLANO DE AULA 
SIMPLIFICADO 
 
 
Para Libâneo (1994), os planos devem ser como um guia de orientação e devem 
apresentar: 
 ordem sequencial progressiva: seguindo passos, de modo a obedecer uma 
sequência lógica; 
 objetividade: estar de acordo com a realidade na qual a escola se insere, pois 
terá maior significado para os alunos; 
 coerência: os objetivos, conteúdos, métodos e avaliação escolhidos pelo 
professor devem apresentar coerência que irá contribuir para o processo de 
ensino e aprendizagem; 
 flexibilidade: uma vez que a relação pedagógica está sempre sujeita a situações 
concretas e reais, e a realidade está sempre em movimento, o planejamento 
pode sempre sofrer alterações de acordo com a necessidade. 
 
 
 
 
Professor e/ou colaboradores Você pode fazer seu plano em parceria com outros 
professores do mesmo ano ou não. 
Objetivos Os objetivos são utilizados com verbos observáveis e 
no infinitivo, isto é: verbos que dão sentido direto. Ex 
contar, montar, etc... 
Tema da aula Tema, assunto, conteúdo, etc.... 
Estratégias 
Como você dará aula? 
De que forma você vai usar os recursos, pense 
sempre no perfil da sua turma. 
Recursos – material a ser 
utilizado. 
Delinear o material necessário e de onde ele pode ser 
adquirido. 
Observação e avaliação 
Como avaliar? 
A avaliação deve ser coerente com suas observações 
sobre as estratégias utilizadas. 
 
 
18 Didática 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
6. ELEMENTOS DE UM PLANEJAMENTO 
 
 Dentre os elementos presentes em qualquer tipo de planejamento estão: 
6.1. Objetivo 
É a descrição clara daquilo que se quer alcançar como resultado da atividade, ou 
seja, são os resultados esperados e previstos para ação educativa. Eles traduzem onde 
desejo como professor chegar ou alcançar com o aluno ou turma. 
 
Objetivos gerais: previstos para um determinado grau ou ciclo, numa escola ou certa 
área de estudo, e que serão alcançados a longo prazo. 
 
Objetivos específicos: são aqueles definidos especificamente para uma disciplina, 
uma unidade de ensino ou uma aula. Consistem no desdobramento ou operacionalização 
dos objetivos gerais. 
 
Assim, os objetivos gerais nos forneceriam as diretrizes para a ação educativa como 
um todo e os específicos norteiam, de forma direta, o processo de ensino e aprendizagem. 
6.2. Conteúdos 
Segundo Libâneo (1991) conteúdos de ensino são o conjunto de conhecimentos, 
habilidades, hábitos, modos valorativos e atitudinais de atuação social, organizados 
pedagógica e didaticamente, tendo em vista a assimilação ativa e aplicação pelos alunos 
na sua vida prática. Englobam, portanto: conceitos, ideias, fatos, processos, princípios, leis 
científicas, regras; habilidades cognoscitivas, modos de atividade, métodos de 
compreensão e aplicação, hábitos de estudos, de trabalho e de convivência social; valores 
convicções, atitudes. São expressos nos programas oficiais, nos livros didáticos, nos planos 
de ensino e de aula, nas atitudes e convicções do professor, nos exercícios nos métodos e 
forma de organização do ensino. 
 
Qualquer que seja a linha pedagógica escolhida para a ação da escola, professores 
e alunos trabalham com conteúdos. Estes são o ponto de partida para as atividades a serem 
realizadas tanto para a aquisição de conceitos e princípios, como para a construção de 
procedimentos e desenvolvimento de hábitos, valores e atitudes. 
 
 
19 Didática 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Os conteúdos precisam estar o mais próximo possível da realidade e incluir 
elementos de sua vivência nos exemplos trabalhados em sala. É preciso pensar na ação 
mediadora que o professor exerce ao se dispor a orientar seu aluno no caminho. 
 
Existem princípios curriculares e metodológicos para seleção de conteúdos, que 
permitem ao aluno compreender o conhecimento como algo produzido historicamente pela 
humanidade e a sua função na história desta produção. Considerar esses princípios no 
planejamento do ensino de algo facilita o trabalho daquele que ensina e o que aprende. 
São eles: 
- Princípio do confronto: o saber popular (senso comum) e o saber escolar (aquele 
conteúdo que selecionamos) devem ser confrontados para que ocorra uma reflexão 
pedagógica, instigando o aluno a ultrapassar o senso comum e construir pensamentos mais 
elaborados. 
- Simultaneidade dos conteúdos: conforme o aluno vai tendo acesso a um novo 
conteúdo, amplia seu conhecimento de forma total, e não fragmentada, de forma 
simultânea, espiralada, dando sentido ao que está sendo discutido/aprendido. 
- Provisoriedade do conhecimento: a busca pelo conhecimento não termina, quando 
se aprende algo novo deve ser entendido que um estágio provisório foi alcançado, para 
chegar até ali foi escrita uma história, uma gênese. Isso coloca o aluno na posição de sujeito 
histórico e entende que as coisas não estavam sempre daquela forma, é provisório. 
6.3. Metodologia 
Metodologia é o campo em que se estuda os melhores métodos praticados em 
determinada área para a produção do conhecimento. No cotidiano do processo ensino 
aprendizagem a metodologia é uma palavra derivada de “método”, do Latim “methodus” 
cujo significado é “caminho ou a via para a realização de algo”. Método é o processo para 
se atingir um determinado fim ou para se chegar ao conhecimento. 
 
Cada área possui uma metodologia própria. A metodologia de ensino é a aplicação 
de diferentes métodos no processo de ensino e aprendizagem. Os principais métodos de 
ensino usados no Brasil são: método Tradicional (ou Conteudista), o Construtivismo (de 
Piaget), o Sociointeracionismo (de Vygotsky) e o método Montessoriano (de Maria 
Montessori). 
 
 
20 Didática 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 
 
Método de ensino querdizer: caminho para se chegar ao objetivo do ensino. O 
método é visto em duas dimensões: a primeira como processo intelectual que analisa, 
reflete e critica um fenômeno estudado. A segunda dimensão é o método visto como um 
método operacional, que diz respeito a forma como se organizam de maneira lógica e 
sequencial as diversas atividades, para se chegar a um fim. 
 
Todos os atos na educação são pautados pelo planejamento. Entende-se que a 
técnica de ensino está relacionada sempre com a prática, ação em que o objetivo é a 
compreensão empregada em um processo de aprendizagem, pois as técnicas motivam o 
aprendizado, despertam os interesses dos alunos, incentivando-os aos estudos. As 
técnicas subsidiam o professor para que ele torne o ensino mais agradável, eficiente e 
eficaz. Para ministrar os conteúdos de sua disciplina o professor deverá utilizar o que se 
chama de habilidades técnicas de ensino, que proporcione maior integração no 
relacionamento entre professor e aluno. 
Já nas estratégias podemos pensar nas modificações, adequações que devem ser 
feitas no decorrer do processo e alteradas de acordo com a assimilação dos alunos. 
6.4. Recursos 
Os recursos didáticos nada mais são do que as ferramentas que o professor utilizará 
durante todo o ano letivo e pode, muitas vezes, precisar de algumas alterações ou novos 
utensílios que servirão para o aprimoramento das atividades e aulas realizadas na escola. 
 
 
 
21 Didática 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 
 
De acordo com Souza (2007), recurso didático é todo material utilizado como auxílio 
no processo de ensino e aprendizagem do conteúdo proposto para ser aplicado pelo 
professor a seus alunos. Os recursos didáticos compreendem uma diversidade de 
instrumentos e métodos pedagógicos que são utilizados como suporte experimental no 
desenvolvimento das aulas e na organização do processo de ensino e de aprendizagem. 
 
Exemplos de alguns dos recursos didáticos: 
 Quadro Negro, ou branco / Giz, ou canetão / Apagador; 
 Jornais, cartazes, revistas e livros; 
 Textos manuais; 
 Televisão 
 Aparelho de Som 
 Aparelho DVD 
 Filmes em DVD 
 Filmadora (caso necessite realizar algumas gravações) 
 Máquina Fotográfica Digital 
 Computador com projetor 
 Instrumentos didáticos conforme a disciplina (Ex: química – tubos de ensaio, 
biologia microscópio entre outros...) 
 Data show, etc... 
 
Estes são alguns dos variados recursos materiais que ajudam muito na didática de 
acordo com o plano de ensino proposto pelo professor. O restante fica por conta da 
 
 
22 Didática 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
criatividade do profissional docente, que mesmo tendo uma infinidade de recursos pode 
não os utilizar corretamente, atrapalhando assim o entendimento da matéria pelos alunos, 
ao invés de aperfeiçoá-los. 
 
Para quem não conhece, o mimeógrafo era o que tínhamos de mais moderno na 
reprodução das atividades. 
 
Na era da tecnologia, o docente tem que está receptivo às mudanças tecnológicas, 
no sentido de dispor aos educandos novos recursos tecnológicos, visando um aprendizado 
mais condizente com o mundo atual. Mas isso nem sempre é uma tarefa fácil devido à 
sobrecarga de atividades que o professor está submetido, impedindo um contato mais 
frequente com novos recursos didáticos. 
 
A utilização de instrumentos, resultantes das novas tecnologias, em sala de aula 
surge com o intuito de preencher os espaços deixados pelo ensino tradicional, a fim de 
favorecer aos educandos a ampliação de seus horizontes, isto é, de seus conhecimentos, 
fazendo dos estudantes agentes participativos do processo de aprendizagem. 
 
Não há como negar que a tecnologia vem se fazendo presente em nossa vida, 
facilitando nossos afazeres diários e contribuindo em muito com o nosso trabalho. Segundo 
pesquisas, os recursos audiovisuais são muito utilizados no âmbito educacional, porque 
envolvem os sentidos de captação mais fortes na aquisição de conhecimentos e de 
 
 
23 Didática 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
informações (a audição e a visão). No caso dos recursos audiovisuais, se considerado sua 
praticidade e as diversas opções de uso, eles tornam-se um instrumento imprescindível 
para a realização de aulas dinamizadas (MEC, 2008). 
 
Alguns dos recursos didáticos despertam mais a atenção nas crianças do que nos 
adultos, a exemplo os jogos, sendo estes mais utilizados no ensino fundamental (anos 
iniciais) por despertar nas crianças o espírito de brincadeira, de competição. Contudo, não 
significa dizer que os mesmos não possam ser usados por educandos de uma faixa etária 
mais avançada, uma vez que o professor pode adequar para qualquer público que se 
deseje trabalhar. Para utilização da internet o professor deve dobrar a atenção para os 
endereços eletrônicos que os educandos podem visitar, devendo estabelecer previamente 
qual caminho deve ser percorrido. 
 
É inquestionável o fascínio que o educando sente ao está de frente a um computador 
sabendo que o mesmo tem o poder de “alçar voos” jamais possíveis antes. Os recursos 
pedagógicos são imprescindíveis para a culminância da prática pedagógica do professor 
porque abarca a linguagem verbal, não-verbal, formas, cores, sensações com o grande 
poder de transformar a aula em uma atividade 
prazerosa e menos rotineira onde se deixa de 
lado um pouco da recepção de conteúdos 
decorados e se parte para a síntese, abstração 
mediante elementos concretos e o raciocínio 
lógico. Ainda convém ressaltar, que mediante 
aos recursos didáticos, é possível que o aluno 
se torne mais próximo da realidade que estava 
distante de sua compreensão. 
 
 
 
Nenhum professor segue o mesmo método, a mesma metodologia, estratégia e 
objetivos durante nosso ano letivo, uma vez que estamos em constante mudança 
como nossos alunos. 
 
 
 
 
 
24 Didática 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
7. RECURSOS DIDÁTICOS: TECNOLOGIA 
 
A didática busca nas suas reflexões sistemáticas do processo de ensino e 
aprendizagem entender novas formas de “fazer educação”. Diante disso, é imprescindível 
que educadores, desde o início da sua formação, discutam e reflitam a respeito das novas 
possibilidades e novos entremeios instalados nesse processo de ensino e aprendizagem. 
Não somente novas tecnologias, como também novas formas de se enxergar/olhar o uso 
destas na educação estão encontrando seus espaços nas formas, meios e recursos para 
se ensinar e para se aprender. 
 
Segundo Bauman (2001) a alguns anos atrás, vivíamos em um estágio sólido, onde 
a lógica, os conhecimentos adquiridos por uma pessoa davam suporte a resolução de 
problemas pelo resto da vida. Entretanto, atualmente a humanidade vive em um estágio de 
modernidade líquida, caracterizado pela fluidez e incerteza, em que a imprevisibilidade é a 
palavra de ordem. Nesse contexto de impermanência, situa-se a educação contemporânea 
e, mais precisamente, a escola, com seus processos, com os sujeitos que a constituem, 
com as relações docente-estudante-conhecimento e com as práticas docentes. 
 
É nessa perspectiva que se situa o método ativo - tido aqui como sinônimo de 
metodologias ativas - como uma possibilidade de deslocamento da perspectiva do docente 
(ensino) para o estudante (aprendizagem), ideia corroborada por Freire (2015) ao referir-se 
à educação como um processo que se realiza na interação entre sujeitos históricos por 
meio de suas palavras, ações e reflexões. Com base nessa ideia, é possível inferir que, 
enquanto o método tradicional prioriza a transmissão de informações e tem sua 
centralidade na figura do docente, no método ativo, os estudantes ocupam o centro das 
ações educativas e o conhecimento é construído de forma colaborativa e com autonomia. 
 
Se as informações são muitas na atualidade e se como educadores precisamoscompartilhá-las com nossos alunos, simplesmente temos, todos, de ter acesso aos meios 
pelos quais este “compartilhar” torna-se efetivo. No entanto, ainda encontramos muitos 
distantes de uma realidade verdadeiramente democrática. Vamos entender como se 
relacionam sujeitos e informações. Quando estas eram divulgadas em tempo e espaço 
longos, nós – os sujeitos – podíamos entendê-las, discuti-las e digeri-las também contando 
com tempo e espaço que nos fizesse compreender o mundo, seus fenômenos e as relações 
entre os seres em geral. Podíamos tranquilamente definir entre diferentes informações; 
 
 
25 Didática 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
escolher, questionar, “aproveitar”, discernir sobre o que nos informávamos. Atualmente 
essas preciosidades reflexivas estão preteridas pela quantidade de informação as quais 
temos acesso. Somos bombardeados por quantidades inatingíveis de possibilidades de 
aprendizagens, mas não temos condições de pensar a respeito das mesmas. Como diz 
Morin citado por Alarcão (2003), sem organização do que é aprendido (informação), pelo 
pensamento, não se produz conhecimento. 
 
Falemos então sobre quem é o aluno na sociedade da aprendizagem. Trata-se de 
um aprendiz do “viver aprendendo” ou que “aprenderá a aprender”. Portanto, o aluno na 
sociedade da aprendizagem precisa ser afastado da pedagogia da dependência e ser 
inserido num fazer pedagógico autônomo. 
 
De acordo com Alarcão (2003), os professores devem estimular que seus alunos 
desenvolvam as seguintes competências: 
• possuir curiosidades intelectuais; 
• utilizar e recriar conhecimento; 
• questionar; 
• indagar; 
• ter pensamentos próprios; 
• autoaprendizagem; 
• gestão da própria vida (individual e grupal); 
• adaptação sem perda de identidade; 
• responsabilidade pelo próprio desenvolvimento (constante); 
• lidar com situações que fujam à rotina; 
• decidir e assumir responsabilidades; 
• resolver problemas; 
• trabalhar em cooperação; 
• aceitar os outros; 
• possuir horizontes temporais e geográficos alargados; 
• compreensão sistêmica dos acontecimentos; 
• comunicar e interagir; 
• autoconhecimento e autoestima. 
 
 
 
26 Didática 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
E o professor na sociedade da aprendizagem? Este possui um desafio profissional 
amplo, mas imprescindível que é o de ajudar a desenvolver nos alunos, futuros cidadãos, 
a capacidade de trabalho autônomo e colaborativo, mas também o espírito crítico. 
 
Precisamos, nós os educadores, construir-nos profissionalmente com re(criações) 
dos nossos papéis. Precisamos mediar as construções de conhecimentos dos nossos 
alunos mais nos seus processos do que nas suas finalizações. Precisamos “fazer escolas” 
possíveis de sobreviver, viver e contribuir para uma sociedade da aprendizagem que inclua, 
discuta, possua discernimento, enfim que conceba o “aprender a aprender”. 
 
Segundo Reeve (2009 apud Berbel, 2011, p 28), o professor contribui para promover 
a autonomia do aluno em sala de aula, quando: 
a) Nutre os recursos motivacionais internos (interesses pessoais); 
b) Oferece explicações racionais para o estudo de determinado conteúdo ou para 
a realização de determinada atividade; 
c) Usa de linguagem informacional, não controladora; 
d) É paciente com o ritmo de aprendizagem dos alunos; 
e) Reconhece e aceita as expressões de sentimentos negativos dos alunos. 
 
 
 
 
Para tal, e em se tratando da didática nas reflexões sobre ensino e aprendizagem, 
faz-se necessário discutirmos novas formas de ver/olhar o mundo e, num recorte específico, 
ver/olhar o mundo do conhecimento atrelado às suas formas de fazer-se presente e de 
criar-se ou recriar-se em novas possibilidades de ações. 
 
 
27 Didática 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Convém direcionarmos nossa discussão para como este conhecimento numa 
sociedade da aprendizagem pode ser tecido muito mais do que estabelecido. Como 
entendermos o conhecimento e a sua aquisição num mundo repleto de informação e 
exigente de aprendizagem. Por que esta discussão? Se a escola é uma instituição a qual o 
conhecimento sustenta, obviamente discuti-lo nos mais variados contextos é 
imprescindível. Especialmente no campo da didática. 
7.1. Dicas de uso da tecnologia para as escolas 
Utilize o Youtube para postar vídeos da Escola 
Se sua Escola ainda não tem um canal oficial no Youtube, pode ser uma boa hora 
para começar, o serviço é gratuito e fácil de utilizar. Nestes canais, a Escola pode postar 
webinars, palestras, tutoriais sobre assuntos escolares, trabalhos dos alunos e até vídeos 
sobre as rotinas diárias da Escola. Os canais podem ser públicos ou privados, e a Escola 
decide o que disponibilizar para Pais e Alunos e o que disponibilizar para o público externo. 
 
Disponibilize materiais didáticos na web 
O tempo em que os alunos precisavam transcrever as anotações do quadro para os 
seus cadernos ficou para traz. Hoje existem muitas ferramentas para disponibilizar o 
conteúdo passado em sala de aula, como apostilas e apresentações, em ambientes virtuais. 
 
Uma solução é o Slide Share, o serviço permite o compartilhamento de 
apresentações e de e-books, em formato PDF ou em apresentações de Power Point. Criar 
um canal nesta rede social também é bastante simples, basta utilizar uma conta de e-mail 
ou do Facebook. Além da utilização pela Escola, os alunos também podem disponibilizar 
suas apresentações e trabalhos pelo site, onde ficarão armazenadas e disponíveis para o 
professor acessar quando precisar. 
 
Informe a comunidade escolar sobre as regras de utilização 
A utilização das redes sociais precisa ser acompanhada de monitoramento 
constante. Uma boa maneira de iniciar, é promovendo reuniões com professores e 
responsáveis pelos alunos para divulgar as políticas e regras de uso das 
plataformas. Importante também não deixar de incluir os alunos no processo de 
esclarecimento, gerando materiais específicos por faixa etária e grau de maturidade. 
 
 
 
 
28 Didática 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Tenha conhecimento sobre o direito do uso de imagem 
Muitas pessoas podem não ficar confortáveis com sua imagem compartilhada na 
WEB, e está cada vez mais comuns pais solicitando explicitamente à Escola, que seus 
filhos não sejam fotografados. Por isso, antes de qualquer publicação, é de suma 
importância que a Escola tenha autorização de uso das imagens, e de forma oficial, 
documentada. O mesmo vale para seus professores e colaboradores. 
 
Concentre a comunicação da Escola em um só lugar 
Por mais variadas que sejam as opções de conteúdo nas Redes Sociais, alimentá-
las e realizar o devido acompanhamento em cada uma delas, é uma tarefa extremamente 
árdua. Com isso, uma boa saída é concentrar a comunicação em um único canal, que 
atenda a todas as necessidades da Escola. 
 
Será que estamos diante de uma utopia? O ClipEscola é uma poderosa ferramenta 
que possibilita o envio de mensagens, documentos, vídeos e imagens de maneira ágil e 
segura. Desenvolvido para aproximar pais, professores e alunos, a plataforma atende a 
todas as necessidades de comunicação da Escola e ainda vai muito além dos recursos 
oferecidos pelas Redes Sociais. 
 
 
 
 
ALARCÃO, I. Professores reflexivos em uma escola reflexiva. São Paulo: Cortez, 
2003. 
BAUMAN, Z. Modernidade líquida. Zahar, 2001. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
29 Didática 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
8. ESTRATÉGIA DIDÁTICA: PROJETOS 
 
Uma possibilidade de estratégia didática que pode ser utilizada pelo professor é o 
uso de projetos. A pedagogia dos projetos surge para que se norteie a práxis para a 
excelência e não para a simplicidade ou superficialidade na ação educativa. A organização 
de um projeto deve estar pautada nas respostas a seguintes questões: Qualo motivo para 
execução deste projeto?; Quais serão as funções dos alunos e dos professores?; e Quais 
objetivos se busca com o projeto? 
 
Hoje os projetos se dão como proposta de prática para a mediação do 
desenvolvimento das habilidades e competências. O projeto surge a partir de uma 
necessidade da turma ou da escola, considerando um tema que motive o aluno a estar 
envolvido na execução do mesmo. É um planejamento que está inserido com o contexto 
escolar, considera as características dos alunos e busca diferentes formas, funções para 
estimular a participação de todos e consequentemente promover a aprendizagem do 
conteúdo em questão. 
 
Porém, o que se tem visto comumente nas escolas são projetos planejados pela 
coordenação pedagógica ou por professores no período anterior aos primeiros contatos 
com seus alunos. O projeto deve ser elaborado junto com os alunos, a partir das 
características dos mesmos e do contexto social em que todos estão inseridos, pois assim, 
será mais significativo para todos. 
 
 
 
 
 
30 Didática 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
O projeto temático ou de trabalho é um processo coletivo. O “modismo” sem respaldo 
teórico e prático (por ser esta uma proposta recente) tem levado muitas escolas a “realizar” 
projetos planejados pela coordenação que distribui atividades aos professores que, por sua 
vez, as repassam aos alunos. O resultado disso: cartazes ou cópias de textos sem sentido 
de trabalho, apenas como resultado “viciado” nas apresentações da escola tradicional. 
 
Um projeto é do aluno e do professor e ambos opinam e delineiam a sua trajetória. 
Dessa forma os procedimentos (de anotações, de pesquisas, de confecção de mapas, 
tabelas etc.) estão presentes no desenvolvimento de um projeto. O professor medeia as 
ações procedimentais por ele planejadas e que também podem ser sugeridas pelos alunos. 
 
O projeto pode envolver também professores de outras disciplinas e outras turmas, 
sendo considerado então interdisciplinar, e caracterizado por um planejamento mais amplo. 
 
O conhecimento como rede de significados tem sido a concepção mais adotada 
recentemente pelos educadores pela sua possibilidade de rompimento com a linearidade 
do conhecimento transformando-o em ramificação como numa rede. A característica de 
dinamismo dos projetos os torna flexíveis como trajetória de nossos alunos em relação à 
construção do conhecimento, possibilitando-lhes tecer suas próprias redes conforme os 
significados dados aos seus interesses. 
 
Se participando de trabalhos com projetos os alunos lidam com procedimentos, 
tecendo sua própria rede de atribuição de significados aos conhecimentos, então estão 
diante da oportunidade de desenvolverem sua autonomia no sentido de fazer escolhas, 
posicionar-se, elaborar projetos pessoais, participar de projetos coletivos, governar-se etc. 
Essa autonomia poderá desenvolver no aluno a capacidade de, no futuro, continuar 
aprendendo. 
 
Conceber o ato de ensinar como ato de facilitar o aprendizado dos estudantes faz 
com que o professor os veja como seres ativos e responsáveis pela construção de seus 
conhecimentos, enquanto ele passa a ser visto pelos alunos como facilitador dessa 
construção, como mediador do processo de aprendizagem, e não como aquele que detém 
os conhecimentos a serem distribuídos 
 
 
31 Didática 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
O trabalho com projetos dá a possibilidade para o aluno lidar com as dificuldades no 
que se refere ao seu espectro de inteligências, bem como expandir a(s) sua(s) melhor(es) 
área(s) desse mesmo espectro no desenvolvimento de ações e procedimentos. 
 
As etapas para elaboração de um projeto são: 
 
1. Nome: todo projeto deve ter um nome que o defina. 
 
2. Definição do objetivo: o que será trabalhado e para quê? ou seja, o que se 
pretende com o desenvolvimento do projeto? 
 
3. Fundamentos: por que queremos atingir este objetivo? qual sua importância? o 
que ele ajuda na resolução do problema? como se justifica seu desenvolvimento? 
 
4. Metas (quando): para caso de situações quantificáveis, por exemplo, número de 
entrevistas esperadas, quantidade de turmas envolvidas, visitas previstas etc. 
 
5. Recursos (quais): embora apenas como previsão, para atingirmos esse objetivo, 
que recursos humanos (palestrantes, pais de alunos, coordenadora pedagógica, 
professores etc.) e que recursos materiais (vídeo, gravador, material de papelaria, 
tinta para impressora, ônibus para excursão etc.) são necessários? Esta previsão 
fará com que o professor coordenador do projeto se prepare para disponibilizar todos 
os recursos sem correria e “atropelos” de última hora. 
 
6. Cronograma (quando): estabelecer um cronograma com datas é importante para 
verificarmos os prazos que temos para alcançar o objetivo em questão. Isso faz com 
que nos policiemos e cobremos aquilo que ainda não foi realizado para atingir o 
objetivo em questão. 
 
7. Avaliação: esta deve ocorrer com base no(s) objetivo(s) inicialmente 
estabelecido(s). Descrever neste item como esse(s) objetivo(s) será(ão) avaliado(s), 
por quem (professores, coordenador etc.) e em que situações, ou seja, a avaliação 
do projeto como um todo. Também descrever como será a avaliação dos alunos 
(também realizada por eles e com eles): o processo, o envolvimento dos alunos e/ou 
equipes, as aquisições etc. 
 
 
32 Didática 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 
 
 
Dica de leitura: http://www.scielo.br/pdf/cp/n115/a09n115.pdf 
Autonomia e educação: a trajetória de um conceito, de Angela Maria Martins.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
33 Didática 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
9. AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM 
 
A avaliação é o ponto culminante de todos os itens estudados anteriormente nesta 
disciplina e motivo de grandes discussões dentro da unidade escolar em todos os níveis da 
educação. 
 
Existem três tipos de avaliação, sendo elas: a diagnóstica, a formativa e a somativa. 
Na primeira, o aluno consegue enxergar em qual nível de aprendizagem está, o que permite 
que ele reconheça seus limites e perceba suas necessidades e avanços, assim, este tipo 
de avaliação pode ser considerada um instrumento diagnóstico. Já a avaliação formativa 
tem como objetivo dar um feedback para o professor e seu aluno em relação ao 
desenvolvimento do processo de ensino e aprendizagem, o que possibilita que tanto o 
professor quanto o aluno consigam corrigir falhas e esclarecer dúvidas, estimulando a 
continuação do trabalho a fim de alcançar seu objetivo. Por fim, a avaliação somativa tem 
como propósito contribuir para o registro de informações relativas ao desempenho dos 
alunos. 
 
Uma avaliação formativa e autêntica é essencial no processo de recolhimento de 
informações para a orientação, regulação e controle do processo de ensino e aprendizagem 
do aluno, para que possa existir uma adaptação de atividades durante a evolução ou 
problemas apresentados na aprendizagem, facilitando o processo de criação de novas 
prioridades e novas estratégias de ensino. 
 
A perspectiva de avaliação contínua deve estar presente informalmente todos os 
dias, em atividades, feedbacks, relação do professor e aluno, no coletivo da turma, desafios 
propostos, decisões tomadas entre elementos, tratando-se de uma referência fundamental 
no planejamento do processo de ensino e aprendizagem. 
 
Jussara Hoffmann é uma das maiores autoras da educação brasileira sobre o 
assunto. A concepção defendida pela autora é de uma avaliação mediadora e não punitiva 
como se aplica na escola básica ainda hoje. 
 
 
 
34 Didática 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O JOGO DO CONTRÁRIO. Jussara Hoffmann. (2005) 
 
Costumo ouvir de professores que elesavaliam todos os dias, todos os momentos, 
continuamente. Por certo, a avaliação é inerente à ação educativa e se faz presente no 
cotidiano da sala de aula, ao professor perguntar, olhar os cadernos, dar orientações, 
corrigir uma tarefa..., contudo, ao avaliar para promover o desenvolvimento moral e 
intelectual dos alunos, devemos ter sistematização, propósitos específicos (objetivos - 
grifo meu) para alcançar uma ação mais efetiva. A prática avaliativa não deve ser uma ação 
improvisada ou mesmo rotineira, pois o olhar do professor pode se perder em meio à 
dinâmica complexa e múltipla do cotidiano escolar, observando e/ou registrando fatos ou 
aspectos que não são os mais significativos em termos das necessidades e interesses dos 
alunos. Portanto, a avaliação da aprendizagem caracteriza-se como uma ação contínua e 
intencional que se dá em três tempos, cada um deles de forma intencional por parte do 
professor: 
 
Primeiro tempo: observação do aluno em tarefas ou atividades (ex: propor 
exercícios aos alunos com o material dourado em matemática e sentar junto aos grupos 
observando o que fazem, ouvindo o que dizem...). 
 
Segundo tempo: reflexão pedagógica (ex: registrar comentários e perguntas que 
alunos fizeram ao jogar, refletindo então: qual o significado do que se observou? Algum 
aluno ainda não compreendeu o que o material representa?). 
 
 
 
35 Didática 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Terceiro tempo: ação/mediação (ex: replanejar, propondo novas atividades ao 
grupo ou em pequenos grupos, novos desafios direcionados especialmente aos alunos que 
mais precisam). 
 
9.1. Primeiro tempo: Tempo de observar e admirar o aluno 
O tempo de admiração dos alunos é o que dá conta, ao longo do processo avaliativo, 
da construção desse olhar. O desafio está em prestar atenção em cada um, buscando-se 
uma visão mais ampla possível sobre sua história e sobre seus jeitos de aprender para 
poder interpretá-los e compreendê-los. Algumas questões que se deve responder sobre os 
alunos: 
 Quem é o aluno? 
 O que se conhece de sua história de vida? 
 Como é percebido no contexto familiar e escolar? 
 Como ele próprio se refere a esses contextos e como se percebe neles? 
 Como se deu a sua escolarização até esse momento? 
 Quais são os seus interesses pessoais e/ou profissionais, projetos de vida, 
conquistas, necessidades, dificuldades? 
 Como ele estuda na escola e fora dela? 
 De que tempo e recursos dispõe para isso? 
 Que apoios e orientações recebe em termos de suas atitudes e aprendizagens? 
 O que revelam suas tarefas anteriores, testes, cadernos, material escolar, 
registros escolares? 
 
 
36 Didática 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Essas questões são apenas as iniciais. Quando respondidas, desencadeiam outras. 
Perguntas que nunca terminam, que se complementam ao se observar percursos 
individuais de aprendizagem. O importante é perceber que o exercício de olhar o aluno 
individualmente, seriamente, leva o educador a estender esse olhar mais profundo para 
outros alunos, para todos os alunos. Mais do que reunir dados ou fatos que expliquem o 
seu desempenho atual, trata-se de uma reconstrução permanente de hipóteses à medida 
que o professor interage com o aluno e efetiva sua mediação numa cadeia de ações 
flexíveis e de complexidade crescente. 
 
A avaliação mediadora é permanentemente investigativa, por meio da observação, 
da escuta, do diálogo: acompanhamento contínuo das atividades e tarefas propostas e os 
reflexos dessas em termos de aprendizagens e manifestações dos alunos constitui a 
primeira etapa do ciclo avaliativo. Dentre os tópicos dessa observação, aponto alguns 
aspectos essenciais: 
 O aluno em relação ao contexto sociocultural e à sua própria história de vida: 
núcleo familiar e entorno social, ciclo de vida (infância, pré-adolescência, 
adolescência, idade adulta), questões de gênero, de sexualidade, de etnia, de 
religião, vivências pessoais e profissionais, etc.; 
 Ao cenário educativo: ambiente físico da escola e da sala de aula, relação com 
colegas, professores e profissionais da escola, tempos, recursos e materiais 
disponíveis de aprendizagem, laboratórios, bibliotecas, etc.; 
 Ao currículo em desenvolvimento: objetivos perseguidos, temas/conteúdos 
desenvolvidos, metodologias de ensino, posturas pedagógicas, procedimentos 
avaliativos, etc.; 
 Às questões de aprendizagem: histórico de aprendizagem na escola e em 
escolas anteriores, questões afetivas e de aprendizagem desde o início de seu 
processo de alfabetização, contextos de aprendizagem extraescolares, projetos 
pessoais de estudo, etc. 
 
É necessário multiplicar e entrelaçar as várias dimensões do olhar avaliativo. Não se 
pode fixar a observação em nenhum desses tópicos nem tampouco tomá-los como mais 
relevantes quando se pretende compreender o aluno e ajudá-lo a prosseguir. Eles são 
interdependentes e se transformam permanentemente com a própria dinâmica da 
aprendizagem, de modo que a menor variação didática ou de qualquer aspecto (como um 
detalhe da vida do estudante) pode influenciar todos os outros. 
 
 
37 Didática 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
9.2. Segundo tempo: Tempo de refletir sobre as aprendizagens 
O tempo de reflexão é referente ao conjunto de ideias, sentimentos e possibilidades 
de ações futuras que afloram quando o professor para e pensa sobre como os alunos estão 
se manifestando em relação às tarefas e situações de aprendizagem propostas. 
 
Essa reflexão acontece todo o tempo em sala de aula: por trás de toda a ação do 
professor há uma “intenção” pedagógica. Mas é importante, contudo, que se faça 
conscientemente o “silêncio” que permite refletir. Predispor-se a momentos de pensar sobre 
o que se observa possibilita interpretar em termos didáticos, epistemológicos e relacionais 
as respostas dos alunos e suas manifestações em múltiplas linguagens, transformando as 
práticas avaliativas em mediadoras, direcionadas aos diferentes interesses e necessidades 
de cada aluno. 
 
Para tal, é necessário: 
 Ultrapassar o “pensar como fazer atarefado” da sala de aula em direção à ação 
reflexiva, intencional, planejada e longitudinal, em relação a cada aluno e em 
relação ao fazer pedagógico; 
 Levar mais a sério as pequenas tarefas do dia a dia da sala de aula, anotando, 
interpretando-as; 
 Perceber as faltas, as dissonâncias, os obstáculos epistemológicos possíveis 
decorrentes das propostas pedagógicas para vir a ajustar e detalhar os rumos 
do planejamento; 
 Interpretar o sentido das aprendizagens construídas nas tarefas avaliativas e 
situações de aprendizagem (para além de apenas corrigi-las), arquivando 
informações que considerar relevantes para o acompanhamento do estudante; 
 Conversar com os alunos sobre as situações observadas e as tarefas analisadas 
mediando aprendizagens em construção; 
 Reunir, de tempos em tempos, essas anotações feitas acerca dos alunos para a 
compreensão do conjunto e a tomada de decisões pedagógicas em relação às 
aprendizagens individuais e do grupo. 
 
Pode ser tarefa fácil e corriqueira corrigir exercícios, testes e cadernos de alunos, 
atribuindo-lhes pontos e médias finais. Contudo, muito ao contrário, não é simples nem fácil 
 
 
38 Didática 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
responsabilizar-se por promover aprendizagens (no sentido amplo do termo) a partir da 
compreensão de percursos individuais. 
9.3. Terceiro tempo: tempo de mediação, de reconstrução das práticas 
pedagógicas 
Em avaliação mediadora, interpreta-se para compreender e para cuidar que o aluno 
aprenda. O tempo de reflexão, assim, não é o de olhar para trás explicando o que o aluno 
não fez, não alcançou ou não sabe, mas o de projetar o futuro em termos de seu 
atendimento, tempo de prospecção: leitura de possibilidades cognitivas dosalunos, de 
outros temas e estratégias de ensino, de novas perguntas a fazer como desafio cognitivo. 
 
A reflexão sobre o processo percorrido por ele é a referência dos próximos passos a 
serem dados no sentido da continuidade da ação pedagógica. Sem essa reflexão, o fazer 
pedagógico é fragmentado, com base em sequência de conteúdo, em tempos de livros 
didáticos e outros tempos que não se ajustam aos tempos percorridos pelo aluno. Chamo 
atenção para a questão das múltiplas dimensões da avaliação porque a complexidade do 
ato avaliativo se dá por essa razão, acrescida pelo fato de o professor ser aquele que pode 
promover a ação mediadora. Ou seja, ele precisa estar envolvido com o aluno uma vez que 
ele é quem o observa, quem interpreta seus avanços ou necessidades no processo de 
aprendizagem e é ele também quem vai decidir sobre o que fazer (pedagogicamente) a 
partir do que observou. 
 
Na perspectiva da avaliação mediadora, o objetivo da interpretação das tarefas e 
situações de aprendizagem dos alunos é o de traduzir essa reflexão em estratégias 
pedagógicas, isto é, ter como objetivo a ultrapassagem da situação observada: selecionar, 
dentre a diversidade de aspectos observados, o mais relevante sobre o qual a atenção do 
professor deverá se voltar naquele momento, embasando a ação educativa favorecedora à 
superação individual e do grupo. Em relação aos múltiplos aspectos que se apresentam, 
surge a questão da relevância dos objetivos a atingir pelo aluno. 
 
A que aspecto deve se dedicar o professor e por quanto tempo sem menosprezar os 
demais aspectos a desenvolver? 
 
A proposta aos educadores é a de planejar situações, em todos os níveis de ensino, 
que envolvam os alunos em conflitos cognitivos, encorajando-os a elaborarem 
 
 
39 Didática 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
cooperativamente, em duplas, trios, pequenos grupos, soluções aos problemas colocados. 
Quando crianças, jovens e adultos são levados a trocar pontos de vista com seus colegas 
e a verbalizar suas explicações, constroem compreensões muito mais ricas e abstratas, 
evoluindo em seu pensamento. 
 
Muitas vezes os alunos passam por nós sem nos darmos conta deles, assim como 
suas ideias passam frente aos nossos olhos sem pensarmos sobre elas. É preciso 
debruçar-se sobre as tarefas e manifestações, levando a sério todas as formas de 
expressão dos alunos como pontos de partida para a continuidade da ação pedagógica: 
 Aceitando os erros como legítimos e como elementos importantes para a 
aprendizagem, buscando a sua lógica; 
 Valorizando as tentativas, as incompletudes, as rasuras como ensaios da 
expressão; 
 Valorizando os argumentos e os meios para chegar às soluções até mais do que 
as próprias soluções; 
 Observando em separado as ideias e as formas de expressá-las; 
Refletindo sobre a coerência, sobre a precisão e sobre a riqueza das ideias 
formuladas; 
 Relacionando respostas a perguntas diferentes sobre temas diferentes, 
buscando compreender o conjunto de aprendizagens; 
 Refletindo sobre os diferentes níveis de complexidade das questões propostas 
em todas as situações. 
 
Segundo, Cipriano Carlos Luckesi avançou seus estudos para o aprofundamento 
das questões teóricas, chegando à seguinte definição de avaliação escolar: Um juízo de 
qualidade sobre dados relevantes para uma tomada de decisão. Portanto, segundo essa 
concepção, não há avaliação se ela não trouxer um diagnóstico que contribua para 
melhorar a aprendizagem. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
40 Didática 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 
 
 
LUCKESI, C. Avaliação da aprendizagem escolar. São Paulo: Cortez. 
HOFFMANN, Jussara. Avaliação Mediadora. 2004.

Continue navegando