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Didática Organização do Trabalho Pedagógico

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Didática - Organização doDidática - Organização do
Trabalho PedagógicoTrabalho Pedagógico
AUTORIA
Andriele dos Santos Rodrigues Alvaro
Bem vindo(a)!
Seja muito bem-vindo(a)!
Prezado(a) aluno(a), vamos aprender nesta disciplina um tema relevante do seu
interesse para atuação pedagógica. Ao iniciarmos esta grande jornada, quero trilhar
junto a você buscando novas formas de aprendizagem. Me proponho a construir
esta relação de ensino e aprendizagem em que nosso conhecimento sobre os
conceitos da Didática e a Organização do Trabalho Pedagógico serão fundamentais
para nossas ações educacionais.
Na Unidade I vamos conhecer a linha histórica dos pensadores, apresentando os
conceitos da descoberta de métodos e técnicas para ensinar (posteriormente recebe
o nome de Didática). Vamos identi�car o objeto de estudo utilizado na didática
como um ramo pedagógico e observar a presença em todos os ambientes que
geram o ensino. Abranger a didática como instrumento fundamental para criar
metodologias e práticas educativa, a �m de ressaltar a importância de sistematizar o
conteúdo no momento da aprendizagem.
Já na Unidade II você irá saber mais sobre como analisar as correntes pedagógicas,
seus pesquisadores que a longo da história da educação, promoveram a evolução e
com ela seus modelos de prática inserida no processo do ensino e aprendizagem na
História Brasileira. Além perceber que Freire, um dos pesquisadores da Educação
Brasileira, defendia a educação libertadora e buscava, em sua época, promover o
ensino aos oprimidos, tido como os sem acesso à educação.
Na sequência, na Unidade III, falaremos a respeito de estabelecer o planejamento
como uma forma viável ao docente de estimular seu aluno a aprendizagem,
aprimorando os conhecimento e habilidade a �m de desenvolver o raciocínio e o
pensamento crítico. Vamos considerar o planejamento como forma consciente e
organizada de ensinar, em que o plano será o momento de re�etir as opções das
ações a serem ensinadas. Analisando os diversos caminhos a serem percorridos
durante o planejamento, avaliar cada instrumento utilizado nesta construção, como
o currículo, projeto político pedagógico, que norteia o plano utilizado nas aulas.
Em nossa Unidade IV vamos �nalizar o conteúdo dessa disciplina com promoção da
escrita de projetos, embasados na atual diretriz a Base Nacional Comum Curricular,
que norteia as competências e habilidades a serem desenvolvidas a cada faixa
etária. Direcionando o olhar para a prática de ensino que envolve os diferentes
âmbitos da educação infantil, desde estrutura física, até formação do corpo docente,
a �m de promover desde a primeira infância até a aprendizagem. Apresentar a
importância do uso tecnológico dos recursos em sala de aula, de maneira a utilizar a
tecnologia como instrumento de ensino. Despertar no educador o estímulo à busca
de reavaliar os processos de avaliação, sem classi�car ou promover alunos, mas rever
as práticas de aprendizagem de toda turma, a �m de promover o ensino a todos.
Nesse momento quero reforçar meu compromisso com você: de juntos percorrer
essa jornada de conhecimento e multiplicar os conceitos sobre tantos assuntos
abordados em nosso material. Espero contribuir para seu crescimento pessoal e
pro�ssional. 
Muito obrigada e bom estudo!
Sumário
Essa disciplina é composta por 4 unidades, antes de prosseguir é necessário que
você leia a apresentação e assista ao vídeo de boas vindas. Ao termino da quarta da
unidade, assista ao vídeo de considerações �nais.
Unidade 1
Didática,
Identidade
Pro�ssional e
Contextualização
da Prática
Unidade 2
Tendências
Pedagógicas
Unidade 3
Escola,
Professor,
Planejamento,
Plano de Aula e
Currículo
Unidade 4
Projetos de
Trabalho,
Avaliação, Leis e
Tecnologia
Unidade 1
Didática, Identidade
Pro�ssional e
Contextualização da
Prática Docente
AUTORIA
Andriele dos Santos Rodrigues Alvaro
Introdução
A educação ou prática educativa é um fenômeno social e universal. Isso quer dizer
que por meio dela garantimos às gerações futuras o acesso aos conhecimentos
historicamente construídos pela humanidade. Esses conhecimentos são
transformados com o passar dos tempos e de acordo com as necessidades culturais,
sociais, políticas e econômicas de cada nação.
Nesse caso, cabe ao professor, além do ato especí�co de ensinar, conhecer as
necessidades históricas de seu tempo para adequar os conteúdos e temas à essa
realidade. A Didática faz parte da área dos conhecimentos pedagógicos e, por isso,
pode oferecer a professores e alunos os instrumentos necessários para a efetivação
do ensino e da aprendizagem.
No entanto, como veremos no decorrer desta unidade, o ensino e a aprendizagem
não são conceitos deslocados do mundo dos alunos ou dos professores. Ao
contrário, eles carregam consigo posicionamentos políticos, experiências sociais,
ideologias, opiniões e outras coisas.
Podemos perceber, com isso, que a responsabilidade da escola e dos professores é
muito grande, pois lhes cabe escolher uma concepção de ensino que permita o
domínio dos conhecimentos e a capacidade de raciocínio necessária à compreensão
da realidade social e à prática pro�ssional de seus alunos. Graças aos ramos de
estudo da Pedagogia, essa não é uma tarefa que o professor deve realizar sozinho.
Ele pode servir-se do conhecimento de várias áreas, como a Filoso�a, a Sociologia, a
Psicologia, a História, os Fundamentos da Educação e também da Didática.
Sendo assim, nossa primeira tarefa nesta unidade será conhecer a Didática e seus
campos de atuação. Isso quer dizer que analisaremos nossa disciplina como um
ramo de estudo da Pedagogia que busca respostas teóricas e práticas para orientar
a ação educativa da escola. A partir dessas de�nições, podemos, então,
compreender o objeto de estudo da Didática: os processos de ensino e
aprendizagem. Para isso, é fundamental situarmos essa área do conhecimento em
seu contexto, ou seja: na formação docente e na formação humana. 
E então, você está preparado(a)? Ótimo! Vamos começar.
Bons estudos!
Plano de Estudo
Breve histórico da Didática. 
Conceitos e de�nições da prática docente.
Objetivos de
Aprendizagem
Conceituar a Pedagogia e sua
implicação com a Educação.
Compreender o campo de
atuação da didática.
Analisar os processos de ensino
aprendizagem.
Didática: Aspectos
Históricos
AUTORIA
Andriele dos Santos Rodrigues Alvaro
Ao iniciar os estudos sobre a didática encontramos seu signi�cado no dicionário:
“análise e desenvolvimento de técnicas e métodos que são utilizados para ensinar
determinado conteúdo para um indivíduo ou um grupo”. A didática faz parte da
ciência pedagógica, sendo responsável por estudar os processos de aprendizagem e
ensino. Na a�rmação de Malheiros (2012, p. XVI):
A didática é a disciplina pedagógica que vai se interessar em estudar
exatamente esta interseção – este momento no qual alguém aprende
aquilo que alguém ensina. Ela pesquisará, portanto, métodos e técnicas
que auxiliem o professor, instrutor, educador ou qualquer outro
pro�ssional que tem no ensino seu trabalho, a buscar condições
necessárias para levar uma pessoa a aprender algo de forma
intencional e planejada.
Postas essas condições iniciais, é possível perceber que a didática se torna uma
disciplina fundamental na formação de qualquer professor. Tendo isso em mente,
buscamos estudar um pouco da história educacional e os aspectos históricos
traçando uma linha de pensamento para melhor aprender desse ramo pedagógico.
Segundo Piletti (2010), a didática é o ramo especí�co da pedagogia que tem como
objetivo dirigir tecnicamente o ensino rumo à aprendizagem, ou seja, a didática é a
parte da pedagogia que tem como objeto de estudo o ensino em sua relação com a
aprendizagem.
Sabemos que muitos dos conhecimentos da nossa História �caram perdidos por
falta do registro, métodos de aprendizagem utilizados desde as primeiras criações
humanas ou escritos dos precursores educacionais que não podemos experienciar.
Assim, traçamos juntos uma linha histórica de um pensamento sistematizado,abordando as correntes pedagógicas brasileiras com o objetivo de identi�car os
métodos de ensino nas Idades Média, Moderna e Contemporânea.
Desde a antiguidade as formas de ensinar eram subordinadas à hierarquia imposta.
Com a chegada da Idade Média e a disseminação do Cristianismo no Ocidente, a
Igreja assume o papel de acolher crianças abandonadas e proporciona a garantia da
sobrevivência desses desamparados. Nessa fase, os monges educavam as crianças
orientadas pelo espírito cristão; os �lhos que pretendiam ter uma formação
pro�ssional se integravam a uma corporação, sendo essas associações de pessoas
que exerciam a função trabalhista de ensinar o que poderia ser trabalho, como
sapateiros e artesãos (MALHEIROS; RAMAL, 2012, p. 3).
Já na Idade Moderna (Meados do séculos XIV – XVIII) temos alguns avanços
educacionais: os Jesuítas que contribuem para a transformação da maneira como o
ensino é visto; na Idade Média as crianças de cinco anos estudavam com adultos e,
nessa nova fase, passam a conhecer a seriação que conhecemos hoje em nossas
escolas. A divisão de séries por idade passou a ter o nome de ensino primário, sendo
ofertado às classes populares, enquanto ensino o secundário era oferecido aos
pertencentes à burguesia (MALHEIROS; RAMAL, 2012).
No �nal do século XIX, início do século XX, temos a Idade Contemporânea que busca
o desenvolvimento cultural do aluno, com um grande avanço nas diretrizes. Passa-
se a se delimitar o espaço para o ensino, com horários determinados para o estudo,
seleção de conteúdo conforme a série, obrigatoriedade na frequência e a avaliação
regular para certi�car-se da aprendizagem (MALHEIROS; RAMAL, 2012).
Após delimitarmos toda essa linha de pensamento, pensamos: quando surgiu a
Didática?
Comênio foi o seu fundador, já que propôs formas de estruturar o ensino para
acelerar o processo da aprendizagem, tendo como marco a sua publicação Didacta
Magna. Comênico a�rmava que a educação deveria preparar a criança para a vida
adulta, ligando o processo de aprendizagem ao desenvolvimento biológico
(MALHEIROS; RAMAL, 2012).
Herbart (1766-1841), in�uenciado por esses precursores educacionais, tinha o objetivo
de formular um único método de ensino que contribuísse para com a
aprendizagem de todos. Então, organizou as quatro etapas descritas:
1. CLAREZA: consistia na preparação e apresentação do conteúdo a ser
ensinado. 2. ASSOCIAÇÃO: buscava associar o conhecimento que o
aluno já tinha ao novo a ser aprendido. 3. SISTEMATIZAÇÃO:
organização dos conhecimentos novos com os conhecimentos antigos.
4. MÉTODO: corresponde à efetiva aplicação do conhecimento que foi
construído (MALHEIROS; RAMAL, 2012, p. 6).
Herbart nota que a noção do ensinar e aprender são processos distintos; seus
sucessores entendem que tais ideias vieram antes, tendo como base que a
aprendizagem advém de um ensino, mostrando que são processos intrínsecos.
Temos, portanto, o ponto de partida para compreender que esse processo de ensino
e aprendizagem é o que buscamos na didática (MALHEIROS; RAMAL, 2012, p. 7).
SAIBA MAIS
Comênio, Filósofo Tcheco, �cou conhecido como pai da Didática.
Sabemos que muitos direitos que respeitam a liberdade de aprender e
ensinar, valorizando sua individualidade, são conquistas das últimas
décadas. Mas saiba que no século XVII Comênio já lutava por essa
causa. Ele proponha ideias para que a prática do Ensino fosse igual para
todos, de maneira que as meninas e crianças com necessidades
especiais deveriam também estudar, pois eles não possuíam o direito
em estudar. Defendia o ensino da escrita e cálculos, visto que a época
era da burguesia mercantil, de maneira que ensino regular era
subordinado à teologia cristã.  
Leia o artigo na íntegra Revista Nova Escola: 
ACESSAR
https://novaescola.org.br/conteudo/184/pai-didatica-moderna-filosofo-tcheco-comenio
Didática: Concepção e
Objeto
AUTORIA
Andriele dos Santos Rodrigues Alvaro
Em nossos estudos de Didática vamos compreender o seu objeto de estudo e seus
campos de atuação. Para Libâneo (2008), a didática é o ramo dos conhecimentos
pedagógicos que estuda os processos de ensino e aprendizagem. No entanto esses
processos não podem ser tratados como atividade especí�ca da escola, a�nal
aprende-se e muito fora do espaço escolar. O trabalho docente é uma das
modalidades de ensino que ocorrem na prática educativa. Mas existem muitas
outras práticas que não podem ser ignoradas e que fazem parte dos conhecimentos
de vida e de sociedade de nossos alunos.
Ainda de acordo com Libâneo (2008, p. 16), “a ciência que investiga a teoria e a
prática da educação nos seus vínculos com a prática social e global é a Pedagogia”.
A Didática, sendo parte integrante da Pedagogia, é uma disciplina que estuda os
objetivos, os conteúdos, as formas e os processos de ensino, tendo em vista as
�nalidades educacionais. Como essas �nalidades educativas são sempre sociais, a
Didática se fundamenta na Pedagogia para encontrar seu contexto de atuação.
Dessa forma, quando estudamos a educação em seus aspectos políticos, sociais,
econômicos e psicológicos e tentamos descrever ou explicar o fenômeno educativo,
a pedagogia conta com o auxílio de outras áreas, como História, Fundamentos da
Educação, Prática de Ensino e outras. Esses estudos acabam convergindo na
Didática em si e, assim, essa área da educação consegue reunir em seu campo de
conhecimento os objetivos e ações pedagógicas.
Além disso, a didática compreende que a educação propriamente dita não acontece
apenas na instituição escola. Ela ocorre também em diversas instituições e
atividades humanas como na família, no trabalho, nas Igrejas, nas organizações
políticas, nos meios de comunicação de massa e outras.
Ao englobamos todos esses estudos e instituições é que compreendemos a
extensão da área de atuação da Didática. Mas toda essa área de atuação precisa
estar focada em um objetivo. Chamaremos, então, esse objetivo de objeto de
estudo. Dessa maneira, podemos compreender que o objeto de estudo dessa
ciência é o ensino, em todos os seus processos e amplitudes. Sendo assim, Libâneo
(2008, p. 16) salienta que a atividade principal do professor é sempre o ensino, “Essa
tarefa consiste ainda em orientar, organizar e estimular a aprendizagem escolar dos
alunos”.
O que desejo que você compreenda é que a educação é formada de múltiplos
aspectos, como a vida de todos nós, como as relações entre professores e alunos no
trabalho docente. Esses aspectos estão carregados de signi�cados sociais que se
constituem na dinâmica das relações humanas entre classes, grupos, entre adultos
e crianças, jovens e idosos, homens e mulheres. Isso signi�ca que são os seres
humanos que mediante suas diferentes relações com o mundo, dão signi�cado às
coisas, às ideias, às ideologias e opiniões. A compreensão desse fato é fundamental
para organização e encaminhamento da prática educativa.
Para Libâneo (2008, p. 22),
Quem lida com a educação tendo em vista a formação humana dos
indivíduos vivendo em contextos sociais determinados, é
imprescindível que se desenvolva a capacidade de descobrir as
relações sociais reais implicadas em cada acontecimento, em cada
situação real da sua vida e da sua pro�ssão, em cada matéria que
ensina, como também nos discursos, nos meios de comunicação, nas
relações cotidianas, na família e no trabalho.
Mais uma vez, concordamos com nosso autor. E arrisco um pouco mais. Nossa
capacidade de descobrir as relações reais implicadas nas diferentes instituições é
desenvolvida sempre por meio da didática. Aliás, é exatamente esse o contexto de
atuação de nossa disciplina: as relações humanas.
Didática e a Construção da
Identidade Pro�ssional
AUTORIA
Andriele dos Santos Rodrigues Alvaro
Vimos que a Pedagogia tem por objetivo organizar e orientar os processos
educativos. Para cumprir com tal função, é preciso criar um conjunto de condições
metodológicas e práticas que orientam as �nalidades da escola. Por isso, a função
primordial da didática é assegurar o ensino e a aprendizagem em suas dimensõessociais e técnicas. Dessa forma, podemos concluir que a Didática é uma disciplina
pedagógica que estuda os processos de ensino em todos os seus componentes,
como: conteúdos, métodos e teorias que orientam a ação docente e formula
atividades facilitadoras da aprendizagem.
Por isso, segundo Candau (2009, p. 46), “[...] é uma matéria de estudo fundamental
na formação pro�ssional de professores e um meio de trabalho do qual os
professores se servem para dirigir a atividade de ensino, cujo resultado é a
aprendizagem dos conteúdos escolares pelos alunos”.  Re�etindo sobre as palavras
da professora Vera Maria Candau, podemos notar que a didática é uma disciplina de
mediação entre os objetivos e os conteúdos de ensino. Portanto, sua maior função é
a de investigar as condições e as formas reais de ensino.
Mas como determinar as condições reais de ensino de uma escola? Para isso é
preciso analisar os objetivos políticos e sociais do ensino. Mediante as informações
obtidas dessa análise (pessoal e intransferível) é possível selecionar e organizar os
conteúdos necessários para a aprendizagem. Na verdade, a conexão entre os
objetivos de ensino e os conteúdos selecionados é que regulará a ação didática.
Mas, a�nal, quais são os objetivos de ensino? Libâneo (2008) nos explica que o
conjunto das atividades de ensino não visa outra coisa senão o desenvolvimento
físico e intelectual dos alunos, com vistas a sua preparação para a vida social. Nas
palavras do autor podemos entender que:
O processo didático de transmissão e assimilação de conhecimentos e
habilidades tem como culminância o desenvolvimento das
capacidades cognoscitivas dos alunos, de modo que assimilem ativa e
independentemente os conteúdos sistematizados (LIB NEO, 2008, p.
53).
Você já deve ter percebido que construir aprendizagens não é uma tarefa fácil. Mas
esse não é um caminho solitário. Ele pode ser orientado por métodos, técnicas e
currículos. A seguir, analisaremos cada componente desse conjunto.
Vamos iniciar novamente pelo ensino. De acordo com o Dicionário Aurélio (2009),
ensino refere-se à instrução. No entanto, para instruir alguém é necessário ter o que
ensinar, ou seja, é preciso existir um conteúdo. Sendo assim, podemos observar que
o núcleo do ensino, ou seja, seu aspecto mais importante é o conteúdo. Muito bem,
estando isso entendido, vamos adiante.
Tendo um conteúdo a ensinar, precisamos descobrir a melhor forma de transmiti-lo
aos nossos alunos. O planejamento pode ajudar nessa tarefa (analisaremos mais
profundamente essa questão na nossa Unidade III). Por meio do planejamento
podemos organizar os temas, de�nir direções e avaliar as atividades pedagógicas
para veri�car se estamos concretizando nossa tarefa de ensinar. No entanto, o
ensino é algo dinâmico e se modi�ca no decorrer das atividades do professor devido
a vários fatores, como: ritmo de trabalho dos alunos, interesse especí�co por um
determinado tema, necessidade de aprofundamento maior de algum aspecto do
conteúdo e outros. Para não nos perdermos nesse processo é que contamos com a
ajuda de um currículo.
O currículo, segundo Libâneo (2008), expressa os conteúdos de ensino. Nele, os
assuntos são divididos em matérias e possuem diferentes graus de
aprofundamento, organizados segundo o nível escolar dos alunos. Conhecendo bem
o currículo, o professor é capaz de “prever” os conhecimentos e as habilidades que
serão desenvolvidas no processo de instrução. Tendo em vista o que os alunos
precisam aprender, o professor pode traçar, então, seus objetivos. Para alcançar
esses objetivos, precisamos escolher um método, ou seja, uma teoria que dê conta
de nos orientar enquanto percorremos os caminhos dos conteúdos.
Um método é formado por um conjunto de técnicas. Essas técnicas podem se referir
a uma instrução de estudo, de aplicação, de desenvolvimento ou de aprendizagem.
Para se certi�car de que essas teorias podem ser aplicadas e que elas funcionam na
realidade é que existe a metodologia.
A metodologia nada mais é que um estudo da aplicabilidade dos métodos. Para
Candau (2009), a metodologia se refere aos procedimentos de ensino e estudo das
disciplinas do currículo. Sendo assim, podemos concluir que as técnicas, recursos ou
meios de ensino são elementos que complementam a metodologia e devem ser
colocados à disposição do professor. A partir das suas necessidades e de seu
conhecimento especí�co, o professor pode selecionar o método adequado para
enriquecer o processo de ensino.
O campo da metodologia tem se expandido tanto, que na atualidade já podemos
contar com a “tecnologia educacional”. Candau (2009) explica que essa expressão
engloba técnicas de ensino muito diversi�cadas e que abrange desde os recursos da
informática, dos meios de comunicação e os audiovisuais até os instrumentos de
instrução programada e estudo individual ou de grupo.
Ao percorrermos parte dos processos de instrução, podemos notar que o ensino não
é apenas mera transmissão de informações. Trata-se, na realidade, de um trabalho
de mediação entre os conhecimentos atuais do aluno e as novas matérias do ensino.
Essa mediação é realizada pelo professor que, conhecendo mais profundamente os
conteúdos, é capaz de organizar a atividade de estudo dos alunos, tornando o
processo mais e�caz.
No entanto, o ensino só é bem-sucedido quando os objetivos elencados pelo
professor coincidem com os objetivos de estudo e aprendizagem dos alunos. Para
isso, professores e alunos precisam construir entre si uma relação recíproca de
con�ança e autonomia. Nesse campo, também podemos contar com as
contribuições da didática. Ela é capaz de construir um elo entre alunos, professores e
os conhecimentos. Vejamos agora algumas ações desenvolvidas pelos professores
que são capazes de construir esse elo. Libâneo (2008, p. 71) nos indica três caminhos:
Ao analisarmos essa proposta, notamos que o sentido do ensino está na
aprendizagem signi�cativa. Ou seja, está no aprendizado de saberes úteis a vida do
aluno. Esses conhecimentos ganham sentido quando são capazes de orientar não
somente a atividade escolar, mas também, a vida cotidiana dos alunos. Este é o
caráter educativo do ensino. Compreendido o processo de instrução ou processo de
ensino, podemos partir para o outro lado da moeda: a aprendizagem.
Assegurar aos alunos o domínio mais seguro e duradouro possível dos
conhecimentos cientí�cos;
Criar as condições e os meios para que os alunos desenvolvam
capacidades e habilidades intelectuais de modo que dominem
métodos de estudo e trabalho intelectual visando a autonomia no
processo de aprendizagem e independência de pensamento;
Orientar as tarefas de ensino para objetivos educativos de formação de
personalidade, isto é, ajudar os alunos a escolherem um caminho na
vida, a terem atitudes e convicções que norteiam suas opções diante
dos problemas e situações da vida real.
Didática na Formação de
Professores
AUTORIA
Andriele dos Santos Rodrigues Alvaro
Ensino e aprendizagem são duas faces da mesma moeda. O professor precisa ter
consciência de que sua maior responsabilidade didática é garantir os melhores
meios para que os alunos aprendam. Para isso, ele precisa planejar, orientar e
controlar o processo de ensino, com o objetivo único de estimular a aprendizagem
dos alunos.
Mas nesse processo não são apenas os alunos que aprendem. De acordo com o
estudo de muitos teóricos, como Vygotsky, Piaget e Luria, a aprendizagem é a
principal característica dos seres humanos. Isso quer dizer que qualquer pessoa
aprende, e não apenas na escola. Vejamos o que Vygotsky (2001, p. 476) diz a esse
respeito:
Em essência a escola nunca começa no vazio. Toda aprendizagem com
que a criança depara na escola tem sempre uma pré-história. Por
exemplo, a criança começa a estudar aritmética na escola. Entretanto,
muito antes de ingressar na escola ela já tem experiência no que se
refere a quantidade: já teve oportunidade de realizar essa ou aquela
operação, de dividir, de determinar a grandeza, de somar e diminuir... a
aprendizagem escolar nuncacomeça no vazio, mas sempre se baseia
em determinado estágio de desenvolvimento, percorrido pela criança
antes de ingressar na escola.
Sendo assim, qualquer atividade social, ou seja, praticada no ambiente em que
vivemos, pode levar a uma aprendizagem. Desde que nascemos estamos
aprendendo e continuamos aprendendo durante a vida toda. Nossa primeira fonte
de aprendizagem são nossas experiências com o mundo e com as pessoas com as
quais nos relacionamos. Nossa família contém as primeiras pessoas com quem
construímos aprendizagens que nos levam a andar, falar, a manipular brinquedos
etc. A partir desses conhecimentos desenvolvemos habilidades mentais “maiores” e
aprendemos a contar, a escrever, a ler, a pensar e a trabalhar junto com outras
crianças.
A partir dessas constatações, podemos distinguir, então, tipos diferentes de
aprendizagens. Uma que é própria da escola, que acontece com os recursos das
instituições escolares e mediadas pelos professores, e outra que acontece por meio
de nossas experiências pessoais, de nossas relações com os outros e com nossa
vivência de mundo. Chamaremos a aprendizagem escolar de aprendizagem
sistematizada e a aprendizagem por meio de nossas vivências de aprendizagem
casual.
Para Libâneo (2008), a aprendizagem casual, ocorre quase sempre de maneira
espontânea, ou seja, sem um planejamento prévio. Surge naturalmente, pela
convivência social, pela observação de objetos e acontecimentos, pelo contato com
os meios de comunicação, leituras, conversas. As pessoas vão acumulando essas
experiências e por meio delas adquirem conhecimentos, formam, conceitos,
atitudes e convicções. Por não exigir estratégias, métodos e técnicas, temos a falsa
noção de que essa forma de aprendizagem é mais simples que a escolar ou
sistematizada. No entanto, não é. Na realidade, para que aconteça o
desenvolvimento natural dos seres humanos, precisamos das duas. Ou seja, a
aprendizagem casual complementa e cria condições para que exista a
aprendizagem sistematizada.
Veja, a seguir, um exemplo dessa situação: uma professora conta para sua classe de
alunos da educação infantil uma história. Os alunos ouvem a história e recebem o
seu conteúdo mediante a assimilação de sua mensagem ou até mesmo da
memorização. Enquanto escutam a história, aparentemente a atitude dos alunos é
passiva. Mas, enquanto escutam, as crianças estão mentalmente ativas e
organizando as informações da história com suas experiências já vividas e com seu
imaginário. Dessa maneira, estão trabalhando o conteúdo em sua mente e
reestruturando novas informações a partir das que já são conhecidas. Isso signi�ca
que os alunos estão aprendendo.
Compreenderemos melhor a relação entre aprendizagem casual e aprendizagem
sistematizada ao conhecermos mais profundamente a aprendizagem sistematizada.
Libâneo (2008) explica que a aprendizagem sistematizada é aquela que tem por
�nalidade especí�ca aprender conteúdos cientí�cos, habilidades e normas de
convivência social. Mesmo que essa aprendizagem possa ocorrer em diversos
lugares, é na escola que ela é organizada e selecionada a partir da escolha das
melhores condições para a sua transmissão e assimilação. Portanto, essa
organização é sempre intencional e planejada. Isso signi�ca que o principal trabalho
do professor é tornar o conhecimento acessível ao aluno.
Para que o conhecimento seja alcançado, Gasparin (2007) nos orienta a motivar os
alunos. Uma das formas de conquistar a motivação dos alunos é conhecendo o
cotidiano da turma. Assim, também temos acesso ao conhecimento prévio dos
alunos, ou seja, ao que eles já conhecem (aprendizagem causal) do assunto
ensinado. Isso possibilita ao professor um trabalho pedagógico mais adequado, pois
ele não corre o risco de iniciar o conteúdo por algo já conhecido – o que pode tornar
o aprendizado maçante. Também evita que inicie o ensino do conteúdo por um
nível mais complexo e, com isso, desmotive os alunos.
Conteúdos cientí�cos podem não interessar, a princípio, para quem os aprende. Por
isso, é necessário suscitar nos alunos os conhecimentos relacionados a temas que
eles já possuem por aprendizagem casual. Ao relacionar um conceito cientí�co com
seus conceitos empíricos (o que já aprenderam por experiência própria e pessoal)
estamos, com isso, contextualizando o conhecimento e o conteúdo para os alunos.
É nesse ponto que se relacionam os conhecimentos adquiridos por aprendizado
casual e por aprendizado sistematizado. A aprendizagem casual é o ponto de
partida para novos conhecimentos. No entanto, isso não signi�ca que a
aprendizagem escolar seja uma continuação do saber casual. A aprendizagem
escolar ou sistematizada trabalha com a aquisição de conteúdos cientí�cos, que é,
de acordo com Gasparin (2007, p. 51) “substancialmente divergente da
aprendizagem espontânea”.
Gasparin orienta que no princípio o professor deve contrastar o conhecimento
cotidiano do aluno com suas explicações. Ou seja, devemos demonstrar por meio de
perguntas, comparações e outras atividades que os conhecimentos que nossos
alunos já possuem podem ser aprofundados e aprimorados. É importante também
que eles reconheçam as limitações do que já conhecem. Mas essas limitações
devem ser apontadas de forma natural e não autoritária. A�nal, o intuito é despertar
o interesse dos estudantes e não os desmotivar.
Gasparin (2007) também explica que os alunos devem ser motivados e desa�ados a
elaborar uma de�nição própria do conceito cientí�co proposto (o conteúdo em si).
Esse processo pode ser incentivado com espaços especí�cos da aula, na qual os
alunos detenham a voz e a vez. Isso quer dizer que o professor pode organizar um
espaço próprio de sua aula para que os alunos discutam e debatam entre si os
conceitos aprendidos até o momento. É importante motivar a todos a tentar
conceituar, com suas próprias palavras, o que entenderam.
Assim, aos poucos os próprios alunos perceberão seus pontos fracos e fortes em
relação ao conhecimento ensinado. Perceberão também que para expor em
palavras um conhecimento é necessária a organização de ideias e uma sequência
lógica. É dessa maneira que alunos e professores conseguem constatar que o
processo de formação de conceitos não é espontâneo. De acordo com Vygotsky
(2001), exige uma série de funções superiores, como atenção voluntária, memória
lógica, abstração, comparações e diferenciações. Gasparin (2007, p. 60) destaca:
REFLITA
Nesse momento você pode se questionar: como os alunos aprendem
conteúdos cientí�cos? Bem, caro(a) aluno(a), o caminho é longo, mas os
resultados são empolgantes! Quem nos auxiliará nessa jornada é o
professor João Luiz Gasparin, juntamente com seus estudos e
pesquisas.
Os conceitos do professor não se transmitem de forma mecânica e
direta ao aluno; não são passados, automaticamente, de uma cabeça
para outra. O caminho vai desde o primeiro contato da criança com o
novo conceito até o momento em que a palavra se torna propriedade
sua, como conceito cientí�co, é um complicado processo psíquico
interno e envolve a compreensão da nova palavra, seu uso e
assimilação real.
Podemos, então, concluir que os conceitos cientí�cos não são aprendidos de
maneira simples, uma vez que são exigidas relações mais complexas entre o ensino
e o desenvolvimento desses conceitos. Para Gasparin (2007, p. 58) a construção dos
conceitos cientí�cos vai, aos poucos, formando-se “a partir da identi�cação das
características mais especí�cas do conteúdo e se desenvolve com explicações mais
consistentes das dimensões sociais desse conceito”.
Podemos notar, com isso, que, para atuar no ensino, o professor precisa conhecer e
“diagnosticar” a fase de desenvolvimento em que se encontra o aluno em relação ao
que está sendo ensinado. Vygotsky (2001) estabeleceu três níveis de
desenvolvimento de ensino.
O primeiro nível é chamado de zona de desenvolvimento real. Ele indica o que o
aluno é capaz de fazer sozinho naquele momento. Para perceber essa fase o
professor não deve interferir na produção do aluno, ou seja, precisa apenas observar
oque ele é capaz de desenvolver por si só. Trata-se de evidenciar os conhecimentos
já consolidados no aluno, reconhecer aquelas funções e capacidades que ele já
domina e consegue utilizar sem o auxílio de alguém.
Para determinar o segundo nível, conhecido como zona de desenvolvimento
imediato, o professor precisa auxiliar o aluno. Diferentemente da zona de
desenvolvimento real (o primeiro nível), o professor agora interfere na produção do
aluno com a intenção de guiá-lo. Essa interferência pode ser realizada mediante
perguntas sugestivas, de indicações de como iniciar a tarefa, de diálogo explicativo
ou trocas de experiências. Para Gasparin (2007), essas ações determinam o processo
mais signi�cativo da aprendizagem, pois envolve atividades mais complexas que são
desenvolvidas com a orientação do professor. Nesse momento valoriza-se mais a
transmissão do conteúdo, ou seja, o ensino.
Vygotsky (2001) con�rma a importância do ensino ressaltando que a grande maioria
dos conhecimentos e habilidades do homem se forma por meio da assimilação da
experiência de toda humanidade acumulada no processo da história social e
transmissível no processo de aprendizagem.
O trabalho no nível de desenvolvimento imediato encerra-se quando o aluno atinge
um novo nível de desenvolvimento: o atual. Nesse nível o aluno mostra que se
superou. A�nal, foram exigidas dele novas operações mentais e a apropriação de
novos conteúdos. Quando o aprendiz atinge o nível de desenvolvimento atual, ele
realmente aprendeu e assimilou o que foi ensinado.
Acompanhando os níveis de desenvolvimento da aprendizagem podemos concluir
que, para que o aluno construa seu próprio conhecimento, é preciso que ele se
aproprie, tome para si o conhecimento historicamente produzido pela humanidade.
Esse conhecimento precisa estar socialmente à disposição, ou seja, a serviço de
todos. Esse ato de “pagar” para si tais conhecimentos é que possibilita a construção
de novos saberes. Isso porque ninguém aprende ou entende um assunto da mesma
forma. É a riqueza de possibilidades da assimilação que nos permite construir
sempre, novos saberes a partir de outros já conhecidos.
Então, toda vez que um aluno atinge consciência de um determinado tipo de
conceito ou conteúdo, ele internaliza-o à sua maneira, de acordo com suas palavras.
Para Gasparin (2007), essa internalização só é possível a partir das estruturas
construídas com o conhecimento causal, ou seja, com aquilo que o aluno já sabe. No
entanto, a estrutura obtida transfere-se para outros conceitos que ainda precisam
ser assimilados e, com isso, reconstrói-se um novo conhecimento, com uma nova
consciência e novos domínios. Tais transferências geram a elevação do nível dos
conceitos espontâneos, que são transformados sob a in�uência de um novo
conceito cientí�co adquirido.
Gasparin (2007) ainda demonstra que os conceitos espontâneos (adquiridos por
meio da aprendizagem causal) precisam atingir um determinado patamar ou nível
para que seja possível a tomada de consciência desse saber. Para atingir esse nível
de aprendizagem que permite a tomada de consciência, os conceitos espontâneos
precisam ser contrastados, comparados com os conceitos cientí�cos.
Vygotsky (2001) explica que a assimilação de um conceito cientí�co antecipa o
caminho do desenvolvimento, isto é, transcorre em uma zona de habilidades que
ainda não está amadurecida e, com isso, desenvolve-a. Assim, podemos perceber
que a aprendizagem escolar (ou cientí�ca) desempenha um papel imenso e
decisivo no desenvolvimento intelectual do aluno.
CONCEITUANDO
Em outras palavras, os conceitos cotidianos preparam o caminho para
a obtenção de conceitos cientí�cos, já que cria estruturas elementares
para a re�exão, análise e assimilação de novos conteúdos. Por outro
lado, os conceitos cientí�cos geram comparações e generalizações
que tornam o uso dos conceitos cotidianos conscientes e voluntários.
Na interação entre professor e aluno é que dá se o confronto entre os conceitos
espontâneos e cientí�cos. Os conceitos cientí�cos assumem uma ligação com a
realidade quando são colocados em contato com a vivência dos alunos. Notamos,
com isso, que a construção de novos conhecimentos, ou seja, a aprendizagem exige
uma relação de corresponsabilidade entre professores e alunos.
Colocando-se como mediador, o professor torna-se um facilitador, incentivador ou
motivador da aprendizagem. A maneira de apresentar e de organizar um conteúdo
que ajuda o aprendiz a coletar informações, manipulá-las e ordená-las até chegar ao
ponto de ser capaz de produzir um conhecimento que seja signi�cativo e possível
de ser utilizado em seu mundo intelectual e social.
Para Libâneo (2008), a escola, por meio de seu currículo, representa a dimensão
cientí�ca do conhecimento. As diversas matérias que compõem o currículo escolar
representam um conjunto de conhecimentos socialmente produzidos e
organizados com métodos e teorias que visam compreender e orientar as atividades
humanas. Então, é papel do professor tornar-se mediador e a partir desse conceito,
estabelecer ligações entre os conceitos cientí�cos e os conceitos cotidianos. No
entanto, essa mediação só se torna possível quando o professor conhece estas duas
realidades: a dos conceitos cientí�cos e a dos conceitos cotidianos.
Conhecendo o cotidiano do aluno e o conteúdo escolar, o professor pode elaborar
esquemas e ações capazes de preparar os alunos para desenvolver as habilidades e
capacidades necessárias para a construção do novo conhecimento. Assim, com
essas ações coletivas entre professores e alunos, aos poucos os educandos vão
aprendendo e internalizando os conceitos cientí�cos.
NA PRÁTICA
Portanto, sua primeira tarefa é a de conhecer profunda e
corretamente os conceitos cientí�cos de sua área de atuação, ou
seja, você deve conhecer profundamente o conteúdo que irá ensinar. A
segunda tarefa, e não menos importante, é a de tomar conhecimento
dos conceitos e conhecimentos cotidianos dos alunos.
REFLITA
Antepassado
Só te conheço de retrato,
não te conheço de verdade,
mas teu sangue bole em meu sangue
e sem saber te vivo em mim
e sem saber vou copiando
tuas imprevistas maneiras,
mais do que isso: teu fremente
modo de ser […]
Acabei descobrindo tudo
que teus papéis não confessaram
nem a memória de família
transmitiu como fato histórico
e agora te conheço mais
do que a mim próprio me conheço […]
O enxerto do poema Antepassado, de Carlos Drummond de Andrade,
tem como temática a busca por respostas de como os antepassados
são capazes de in�uenciar nossas atitudes ainda que não os tenhamos
conhecido.
De maneira que possamos re�etir no tema da didática: as formas de
ensinar utilizadas no passado in�uenciam os métodos atuais? Existe
algum método de ensino que seja totalmente livre da in�uência do
contexto histórico?
Caro(a) aluno(a), terminamos as discussões dessa nossa primeira unidade. Espero que
você tenha gostado e compreendido a importância das re�exões realizadas até aqui.
Caso tenha �cado alguma dúvida, vou retomar com você os principais conteúdos
vistos.
Iniciamos nossos estudos analisando o campo de atuação da didática e pudemos
notar que ela é uma disciplina pedagógica que se preocupa principalmente com os
processos de ensino e aprendizagem.
Pudemos notar também que as pessoas aprendem dentro e fora da escola. Aliás,
aprendemos o tempo todo, com nossas experiências, com nossas observações e
convivência com os outros. Todo esse conhecimento pode e deve ser utilizado pela
escola na aquisição de saberes cientí�cos.
A construção de novos conhecimentos e de conceitos cientí�cos é função própria da
escola. Mas essa não é uma tarefa simples. Ela precisa ser organizada, sistematizada e
competente. Para dar conta dessa função é que a instituição escolar conta com o
auxílio da didática.
O papel da didática é estudar, organizar os objetivos, os conteúdos e os processos de
ensino e aprendizagem. Ela se ocupa ainda com o contexto educacional, veri�cando
para que �ns se educa e em que realidade se desejaeducar. Dessa forma, a didática
abrange a educação em seus aspectos políticos, sociais, econômicos e psicológicos.
Para dar conta da tarefa de contextualizar a educação, é preciso criar um conjunto de
condições metodológicas e práticas que orientam as atividades escolares. A primeira
questão a se observar diz respeito aos conteúdos e objetivos de ensino. É preciso
existir uma coerência lógica e evidente entre o que se quer ensinar e o porquê se
pretende ensinar. Feito isso, temos condições de compreender as situações reais de
ensino.
Conclusão - Unidade 1
A análise entre os objetivos e os conteúdos é orientada por meio de um conjunto de
métodos, técnicas e currículos. Em nosso livro, analisamos cada um desses
componentes e concluímos que tendo um conteúdo a ensinar, precisamos descobrir
a melhor forma de transmiti-lo aos alunos. Mediante um planejamento é possível
organizar os temas e de�nir quais atividades pedagógicas vem a concretizar nossa
tarefa de ensinar.
Os conteúdos de ensino são expressos por meio do currículo. Nele, encontramos as
matérias e os diferentes graus de aprofundamento dos conteúdos, organizados
segundo o nível escolar dos alunos. A partir do conhecimento do currículo, o professor
toma consciência das habilidades e competências que serão desenvolvidas no aluno
durante o processo de instrução.
Esse processo se torna mais claro se embasado em um bom método. A função de um
método é nos oferecer instrumentos teóricos capazes de responder às nossas
necessidades da prática. O conhecimento geral desses processos de ensino dá ao
professor maiores possibilidades de êxito para garantir os melhores meios para que o
aluno aprenda.
Mas, o ensino não pode ser con�rmado apenas pela vontade de instruir do professor.
Ele precisa contar com a participação, também voluntária, do aluno de aprender.
Compreendendo melhor os níveis de desenvolvimento propostos por Vygotsky, o
professor pode avaliar em que estágio o aluno se encontra e motivá-lo a progredir.
A aprendizagem se efetiva realmente quando o aluno é capaz de utilizar seus
conhecimentos casuais para fundamentar novos conhecimentos cientí�cos. Esse
processo ocorre por meio da mediação do professor. Essa mediação pode ser feita
mediante comparações e generalizações que tornam o uso dos conceitos cotidianos
conscientes e voluntários.
Assim, torna-se evidente que a construção de novos conhecimentos exige
corresponsabilidade entre professores e alunos para efetivação do processo de
aprendizagem.
Para terminar nossas re�exões, gostaria de salientar outra competência necessária na
construção de um ensino transformador: a racionalidade.
Um professor que age com racionalidade em sua prática docente toma suas decisões
quanto aos conteúdos que precisam ser ensinados pensando nas possibilidades de
satisfazer as necessidades intelectuais e culturais de seus alunos. Outro professor,
fundamentado nos preceitos tradicionais da escola, se preocupa apenas em cumprir
o “programa” e em não “atrasar” os conteúdos. Assim, os professores �cam reduzidos
a técnicos obedientes, que seguem à risca os programas curriculares.
Por mais importante que seja “cumprir o programa”, fazendo de maneira mecânica e
tecnicista, perdemos a oportunidade de analisar o currículo oculto do que ensinamos.
Ou seja, perdemos a chance de re�etir sobre quais conceitos, valores e crenças
estamos transmitindo silenciosamente aos nossos estudantes.
Para tentar mudarmos essa realidade, devemos começar com o questionamento
contínuo e crítico daquilo que é dado como conhecimento. Além disso, a escola
precisa ser conhecida em sua realidade local para que os estudantes tenham a
chance de tornarem-se cidadãos críticos e ativos.
As escolas precisam ser vistas como instituições sociais marcadas pela diferença, as
mesmas diferenças que compõem nossa cultura, nossa convivência e nossa
realidade. Isso também signi�ca que professores, pais e outros interessados devem
participar dos processos de ensino e aprendizagem.
Ao �nal desta unidade, espero que você tenha compreendido como o ensino é um
ato político, mesmo quando não tomamos partido nenhum. Por isso, caro(a) aluno(a),
é muito importante que você conheça profundamente sua área de atuação e saiba o
quanto ela é importante para a transformação social.
Leitura Complementar
A Importância da Didática na Formação Docente
Resumo: Este artigo aborda assuntos relacionados a importância da didática na
formação docente na área da pedagogia. Usá-la adequadamente, propiciará um
trabalho e�caz e exitoso do professor que além de consumar, com sucesso, as
perspectivas previamente propostas, oferecerá um trabalho qualitativo. O trabalho
docente deve levar em conta que teoria e prática são caminhos indissociáveis,
paralelos e convergentes que norteiam o ensino-aprendizagem no contexto
pedagógico. Uma vez que um depende do outro, jamais haveria perfeição na tarefa
docente, se não fossem consideradas as suas inter-relações. A aplicabilidade da
didática, ora fundamentada na teoria, realizará o papel íntegro do professor no
âmbito educacional, com direcionamento ao seu público alvo. É um projeto saindo do
papel rumo a sua efetivação. Presumimos que um dentre tantos problemas
entranhados no processo do ensino-aprendizagem é a falta da didática, tendo em
vista que muitos pro�ssionais da área pedagógica, podem até planejar com
excelência, para atender as exigências das secretarias de educação, mas não
cumprem integralmente, com o que planejaram.
Palavras-Chave: Didática, Docente, Pedagógica.
Dê um click para ler o texto na íntegra:
BASTOS, Manoel de Jesus. A Importância da Didática na Formação
Docente. Revista Cientí�ca Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento,
ano 02, ed. 1, v. 14, p. 64-70, jan. 2017.
ACESSAR
Livro
https://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao/didatica-formacao-docente
Filme
Unidade 2
Tendências Pedagógicas
AUTORIA
Andriele dos Santos Rodrigues Alvaro
Introdução
Caro(a) aluno(a), nessa unidade vamos explanar um conteúdo relacionado às
Tendências Pedagógicas, abordado de forma mais especí�ca em Fundamentos da
Educação, porém se refere à área da ciência Filoso�a. Essas Tendências estão
correlacionadas com todo o processo educacional Brasileiro, além de apresentar
suas principais características, iremos rever os pesquisadores de cada corrente
tradicional e progressista.
Essa parte do estudo nos guiará para analisar a Educação Bancária, que foi criticada
por Paulo Freire, um dos precursores da nossa Educação. Que promove através da
crítica a Educação Problematizadora ou libertadora, retirando o foco da
aprendizagem apenas em repassar o conteúdo ou depositar no aluno o
conhecimento. Devemos re�etir o processo do ensino que é reavaliar o processo da
aprendizagem. Levando em consideração o conhecimento do professor para
conduzir a aprendizagem com abertura de diálogos em que os educandos
contribuem para com o conhecimento.
Sabemos que a prática escolar está sujeita a condições de ordem sociopolítica que
implicam diferentes concepções de homem e de sociedade e, como consequência
diferentes pressupostos sobre o papel da escola e da aprendizagem. Assim, a
justi�cativa do presente estudo visa o modo como os professores realizam o seu
trabalho na escola, tendo em vista esses pressupostos teóricos, explícita ou
implicitamente.
Embora apresente di�culdades do educador ao identi�car a composição dessas
diferentes tendências pedagógicas, cujas in�uências se re�etem no meio-termo do
ensino atual, emprega-se, neste estudo, a teoria de José Carlos Libâneo, que as
classi�ca em dois grupos: “Liberais” e “Progressistas”. No primeiro grupo, incluímos
quatro tendências, sendo elas: tradicional, renovada progressivista, renovada não-
diretiva e a tecnicista. Já a segunda corrente, temos três: tendência libertadora,
libertária e crítico-social dos conteúdos.
Vamos juntos? Chegou o momento de direcionar nossa atenção nas descrições das
tendências, explorar cada uma e avaliar cada pensador e pesquisador da época.
Essas análises são essenciais,pois re�etem em nosso trabalho docente hoje.
Bons estudos!
Plano de Estudo
Breve histórico da Educação Brasileira, com apresentação
dos modelos educacionais e seus pesquisadores.
Conceitos e de�nições das correntes pedagógicas.
Objetivos de Aprendizagem
Compreender os modelos de educação
alinhados a história da Educação
Brasileira.
Identi�car os precursores da Educação
que promoveram mudanças efetivas no
processo do ensino.
Pedagogia Liberal e
Pedagogia Progressista
AUTORIA
Andriele dos Santos Rodrigues Alvaro
O tema central do nosso estudo é a didática, lembrando o que aprendemos na
unidade anterior, essa prática se relaciona com o processo do ensino e
aprendizagem. De maneira que não poderíamos deixar de lado este assunto
essencial, sendo as correntes pedagógicas existentes e seus modelos de pedagogia
abrangendo as práticas docente e a função social do aluno que servirão para nortear
nossas aulas e planejamentos diários.
Isso pressupõe que o indivíduo precisa adaptar-se aos valores e normas vigentes na
sociedade de classe, através do desenvolvimento da cultura individual. Devido a essa
ênfase no aspecto cultural, as diferenças entre as classes sociais não são
consideradas, pois, embora a escola passe a difundir a ideia de igualdade de
oportunidades, não leva em conta a desigualdade de condições.
Seguimos o estudo descrevendo de forma sucinta cada modelo pedagógico, que
vem a in�uenciar, até os dias de hoje as práticas educacionais pedagógicas, no
ensino e na aprendizagem.
A primeira delas, que surgiu com o ensino dos primeiros educadores do Brasil, os
Jesuítas, a pedagogia tradicional, apresenta o conhecimento intelectual e moral,
todos os alunos são passivos e o professor é autoritário (centro do ensino), como
aquele que detém o saber. O método utilizado foi de repetição e memorização
mecânica. Pelos críticos é nomeado como conteúdo enciclopédico, que não faz
relação com a realidade cotidiana do aluno, ele é uma folha em branco preenchida
pelos conhecimentos do professor e depois é testado por exames para veri�car se
memorizou tal conhecimento.
CONCEITUANDO
Segundo Libâneo (1990), a Pedagogia Liberal sustenta a ideia de que a
escola tem por função preparar os indivíduos para o desempenho dos
papéis sociais, de acordo com as aptidões individuais.
Temos como um dos pesquisadores da época Johann Friedrich Herbart, um �lósofo
alemão que sempre direcionou o olhar para práticas pedagógica. Foi ele quem
iniciou uma estrutura com o passo a passo da aula, seguindo as seguintes etapas:
preparação, apresentação, associação, generalização e aplicação de exercícios e
foram os Jesuítas que aplicaram essa metodologia tradicional durante anos. “A
concepção de mundo na pedagogia tradicional é a de um mundo pronto. Esta
concepção de igualdade leva a crença de que é possível fazer com que todos
aprendam utilizando o mesmo método” (MALHEIROS, 2017, p. 24).
REFLITA
Na corrente liberal, temos o modelo da pedagogia tradicional, uma das
primeiras pedagogias utilizadas pelos Jesuítas.
Chegou a hora re�etir as atuações dos pro�ssionais da educação na
atualidade. Se compararmos o modelo que traz o papel do professor
como detentor do conhecimento e o método de exposição do
conteúdo, podemos perceber que ainda nos dias de hoje este modelo
está presente em nosso meio? (Queremos nossos alunos sentados e
calados, para ouvir o que temos a dizer) Como podemos estimular a
mudança em nossa ação cotidiana por meio do planejamento?
Fonte: a autora.
CONCEITUANDO
Já a pedagogia escola nova ou renovada progressivista surgiu no
�nal do século XIX e início do século XX. Sua preocupação era com o
desenvolvimento cognitivo do aluno, de maneira que inovou com uma
dinâmica do conhecimento por meio de projetos, pesquisas e
experiências. Traz consigo a realidade de uma escola dentro da
sociedade em mudanças.
O ensino tem o foco em aprender a aprender, os alunos são levados a aprender
fazendo, um ensino que leva à prática e o professor, nesse momento, torna-se o
auxiliar, tendo o aluno como protagonista, ativo, solidário e participativo, que realiza
atividades em grupo e passa a respeitar o próximo tendo um convívio efetivo
(MALHEIROS, 2017).
O precursor foi Jean Piaget, um psicólogo suíço, que apresentou a teoria da
aprendizagem com a intenção promover o ensino mediante a interação com o meio
(pessoas e objetos). Já John Dewey, um �lósofo norte-americano, defendia a ideia
que o aluno aprende fazendo, assim, a interação com recursos, a expressão de
pensamento e ideias amplia a interação com o meio. A criação das atividades em
grupos ganhou espaço, pois práticas relacionadas com os alunos em forma projetos
foram sendo aprimoradas.
Neste modelo de ensino, a aprendizagem passa a ser percebida como uma
reconstrução das experiências vividas por parte do sujeito aprendiz. Este é, inclusive,
um dos pontos mais fortes que diferenciam a Pedagogia Renovada do modelo que
o antecedeu: a certeza de que o ser humano é único e que cada pessoa constrói seu
conhecimento de forma singular (MALHEIROS, 2017, p. 26).
En�m, temos a representação de um brasileiro, Anísio Teixeira, um advogado e
escritor, que se identi�cou com a educação e lutou por suas necessidades em sua
época. Ele saiu em defesa do Ensino Público (gratuito), laico e obrigatório de
qualidade a todos e ganhou destaque com sua efetiva participação no Manifesto
dos Pioneiros/Escola Nova.
Já a pedagogia escola nova/renovada progressivista não-diretiva tem a ênfase
dos estudos direcionados na formação de atitudes através do relacionamento
interpessoal. Com a preocupação da criança aprender em um ambiente harmonioso
para desenvolver sua personalidade. Professor e aluno devem conviver num clima
agradável, sendo esse um facilitador do conteúdo, como um especialista em
relações humanas, con�ável e receptivo. O aluno ainda é o centro do processo
educacional, buscando a sua autoaprendizagem, a realização pessoal torna-se mais
importante, estar bem consigo mesmo e com seu semelhante. Seu precursor, Carl
Rogers, um psicólogo americano, enfatizou a afetividade como necessidade na
relação entre professor e aluno (MALHEIROS, 2017).
Finalizando a corrente liberal, temos modelo pedagógico tecnicista que
proporciona ao aluno a preparação para o mercado de trabalho. As técnicas são
apresentadas com foco da aprendizagem, tendo a e�ciência e a produtividade
como missão. O professor torna-se um administrador dessas técnicas, com o uso da
instrução programada, o microensino e uso das tecnologias, sendo o aluno
direcionado a ter um ensino autodidata (MALHEIROS, 2017).
A escola torna-se uma reprodutora do sistema em que o educador faz o uso do
planejamento como forma de organizar seu trabalho pedagógico, a �m de ensinar
estabelece seus objetivos, métodos e técnicas, bem como forma avaliar para que o
aluno se desenvolva e possa estar pronto e preparado para atuação nas indústrias.
Skinner, um psicólogo, inventor e �lósofo norte americano, defendia a teoria
comportamentalista. Para ele tudo é resultado do estímulo de ensino e  da resposta
que gera o aluno a fazer o que foi ensinado.
A pedagogia tecnicista aparece na década de 1960 no Brasil, buscando o
aperfeiçoamento dos métodos de ensino e considerando a instrumentalização deste
processo. Era preciso identi�car formas que facilitam a aprendizagem e reduzissem
o trabalho do professor. O momento no qual o tecnicismo se impõe como grande
concepção dos processos de ensino no Brasil é contemporâneo à consolidação da
industrialização no país (MALHEIROS, 2017, p. 28).
Ele a�rma que pedagogia progressista e/ou dialética designa as tendências que,
partindo de uma análise crítica das realidades sociais, sustentam implicitamente as
�nalidades sociopolíticas da educação.
A Educação Brasileira, com a pedagogia libertadora, ligada ao seu idealizador Paulo
Freire, tem como missão a conscientização e a transformação social. Promover a
formação de homens capazes de re�etir sobre suas realidades, reconhecer como
oprimido e visar mudanças estruturaisna sociedade. Trabalha com temas
geradores, grupos de discussões e realizações de diálogos. Professor é um animador,
buscando formar alunos críticos, aluno é quem redige os textos para leitura, pois a
transmissão de conteúdo é vista como uma invasão cultural.
A liberdade que é uma conquista, e não uma doação, exige
permanente busca. Busca permanente que só existe no ato
responsável de quem a faz. Ninguém tem liberdade para ser livre: pelo
contrário, luta por ela precisamente porque não a tem. Ninguém liberta
ninguém, ninguém se liberta sozinho, as pessoas se libertam em
comunhão (FREIRE apud MALHEIROS, 2017.p. 30)
Mediante sua fala, percebemos a maneira de priorizar aquele visto como oprimido.
Paulo Freire, em seus escritos, promove a Educação para todos, visto que merecem
ter a liberdade de aprender. O destaque vem em defesa da educação para Jovens e
Adultos, inovando quaisquer aspectos até então defendidos para a Educação
Brasileira.
Na sequência temos a pedagogia libertária, que propõe a participação crítica desse
aluno. O professor é um orientador que contribui com o desenvolvimento do aluno
participativo. Visto que permanecem em grupos, o conhecimento se dá a partir da
vivência grupal, por meio de reuniões, assembleias e eleições que ajudam a
combater a burocracia, que é um instrumento de ação dominadora do estado.
Ambas pedagogias apresentadas defendem a autogestão pedagógica (MALHEIROS,
2017).
Como precursor temos um pedagogo francês, Célestin Freinet, que defende a ideia
de que a Democracia se inicia na escola, ambiente que deve criar no aluno o
sentimento de pertença a uma sociedade em que se deve buscar recursos para seu
desenvolvimento.
A pedagogia libertária se assenta sobre a relação de horizontalidade
entre educador e educando. Nesta relação, ambos aprendem e ambos
ensinam. Trata-se de uma valorização do processo democrático em sala
de aula, que norteia as relações para além do espaço pedagógico.
Também por isso a avaliação mais adotada nesta perspectiva é a auto
avaliação ou a avaliação realizada em grupos (MALHEIROS, 2017, p. 33).
Miguel Arroyo, um educador espanhol, promove a ideia que devemos ensinar nas
escolas que o Movimento Social, diferente do que o capitalismo apresenta, também
ensina e podemos aprender com essas práticas que valorizam o meio inserido e os
valores resgatados em cada conquista.
Finalizamos as tendências pedagógicas com a pedagogia crítica-social dos
conteúdos, método que perdura em nossas práticas educacionais contemporâneas.
Valoriza o conhecimento como forma de crítica e possibilidade de superação do
modelo de sociedade e enfatiza o conteúdo vivo indissociável da realidade. O
professor atua como mediador nesta tendência, utilizando das formas de trabalho,
como a análise crítica, relacionando a teoria e prática, com a vivência da experiência
e o saber, a �m de oportunizar aos alunos o domínio dos conhecimentos e
habilidades que tornará capaz de criticar o modelo social e também de transformá-
lo. Assim, o papel do aluno será de agente transformador na sociedade.
(MALHEIROS, 2017).
Temos como idealizador o �lósofo e professor Dermeval Saviani, que atualmente é
professor de uma Universidade Estadual de São Paulo e pesquisador da Cnpq. Ele
defende a ideia que na prática educativa o professor assume o compromisso político
de vital importância.
Na concepção crítico-social de conteúdo, a educação é o caminho para
os avanços cientí�cos e tecnológicos e deve ser responsabilizada por
levar a todos a instrução necessária para uma vida de qualidade. Deve,
ainda, se preocupar em desenvolver no educando a capacidade de
estudo e o raciocínio cientí�co (MALHEIROS, 2017, p. 33).
Correlacionando a prática educativa do ensino aprendizagem à ação
transformadora do cidadão efetivo na sociedade: o aluno. A competência técnica,
nomeada por ele de conhecimento que o educador possui, será propagada na sua
mediação com o aluno sendo um instrumento. Não se justi�ca por si mesmo, tem o
sentido em sua razão de ser no compromisso político (SAVIANI, 2003).
Educação Bancária e
Educação
Problematizadora
AUTORIA
Andriele dos Santos Rodrigues Alvaro
De acordo com as tendências aqui descritas, é possível analisar de maneira oposta,
porém marcante na educação brasileira. A concepção bancária tão debatida
apresenta um caráter marcante que se envolve em relações fundamentais
indissociáveis no processo educador-educando.
“Desta maneira, a educação se torna um ato de depositar, em que os educandos são
os depositários e o educador o depositante” (FREIRE,1996, p. 58). O autor citado
descreve em sua fala que o educador apenas faz comunicados, os educandos – sem
expressão ou liberdade – são passivos, meros receptores do conhecimento a eles
imputado. Exempli�camos com a a�rmação:
Por isto mesmo é que uma das características desta educação
dissertadora é a “sonoridade” da palavra e não sua força
transformadora. Quatro vezes quatro, dezesseis; Pará, capital Belém.
Que o educando �xa, memoriza, repete, sem perceber o que realmente
signi�ca quatro vezes quatro. O que verdadeiramente signi�ca capital,
na a�rmação, Pará, capital Belém. Belém para o Pará e Pará para o
Brasil (FREIRE, 1996, p. 57).
A Educação Bancária não permite uma educação que ressalve a invenção, a
reinvenção. Os educandos não têm o “saber”, apenas os educadores são detentores
de todo conhecimento, são os sábios. Nessa visão pedagógica, a educação é uma
“doação” do saber superior, aos menos desguarnecidos do saber. Desta forma, a
práxis é uma visão surreal, longe da realidade, fora da busca de transformação.
Assim, se distorce a visão da educação que demonstraria mudanças no sujeito e na
sociedade em que está inserida.
CONCEITUANDO
No contexto educacional presenciamos e vivenciamos as normativas
educacionais marcantes dentro da tônica que a educação é imposta,
uma narrativa que deve marcar a vida de um educando. Ficando
estático, parado, apenas como um armazenador de conhecimento –
“depósito” –, por isso o nome de “educação bancária”. O educador
tornou-se apenas o narrador de conhecimentos e o educando, o
receptor e guardador de um conhecimento que, muitas vezes, não
compreende, não assimila, apenas retém.
A Concepção de uma Educação Problematizadora vem na contramão de toda essa
tendência vivenciada no cotidiano educacional no Brasil – Educação Bancária. É
importante ressaltar que não temos isso como uma contextualização recente, a
educação se arrasta há anos pelos dominados e dominadores de conhecimento. A
Educação Problematizadora e Libertadora traz justamente essa ideia de libertação
de um processo educativo dominador.
Não pode perceber que somente na comunicação tem sentido à vida
humana. Que o pensar do educador somente ganha autenticidade na
autenticidade do pensar dos educandos, mediatizados ambos pela
realidade, portanto na intercomunicação. Por isto, o pensar daquele
não pode ser um pensar para estes nem a este imposto. Daí que não
deva ser um pensar no isolamento, na torre de mar�m, mas na e pela
comunicação, em torno, repitamos, de uma realidade (FREIRE,1996, p.
67).
É necessário se desenvolver (por que não dizer formar?) educadores conscientes
desta dualidade existente em nosso meio educacional. Educadores com pensar
autêntico, não tendo em mente que seu conhecimento será uma doação, mas sim
uma entrega de conhecimento, podendo haver ensino x aprendizagem no mesmo
processo. Consciente que o educando não é apenas depósito de conhecimento, mas
que ele também pode ensinar. O educador que passar a agir desta forma será
aquele humanista, revolucionário que não estará à espera de uma possibilidade de
ação, mas suas ações de imediato serão re�etidas em seus educandos, na sociedade
em que está inserido.
Exatamente porque não podemos aceitar a concepção mecânica da
consciência, que a vê como algo vazio a ser enchido, um dos
fundamentos implícitos na visão “bancária” criticada, é que não
podemos aceitar, também, que a ação libertadora se sirva das mesmas
armas da dominação, isto é, da propaganda dosslogans, dos
“depósitos”. A educação que se impõe aos que verdadeiramente se
comprometem com a libertação não pode fundar-se numa
compreensão dos homens como seres vazios a quem o mundo “encha”
de conteúdos; não pode basear-se numa consciência especializada,
mecanicistamente compartimentada, mas nos homens como “corpos
conscientes” e na consciência como consciência intencionada ao
mundo (FREIRE, 1996, p. 73).
De maneira que na Educação Problematizadora toda a essência do ser humano está
em sua consciência, negando, assim, uma educação que oprime, que acentua e
nega o educando como um ser pensante. Deixa de ser apenas um objeto, um
depósito que se controla, se direciona ao meu bom modo. O educando, neste
sentido, torna-se cognoscente numa situação gnosiológica, deixa de ser passivo a
tudo e todos, mas faz parte de todo processo educacional. É preciso compreender
que não somente aprendemos do outro, mas aprendemos com o outro. A troca de
experiências e aprendizado isso faz uma educação humanizadora.
Agora que já conheceu os princípios de liberdade na qual Paulo Freire lutava e
promovia a Educação, vamos descrever de maneira simples e pontual o percurso da
história do educador que fez a diferença na busca por uma educação de qualidade.
Paulo Freire, que nomeia de Educação Bancária a Pedagogia Tradicional,
parafraseando a maneira que o conteúdo era repassado aos alunos, em forma de
depósito. Indo além da crítica, ele mostra a solução para essa prática e traz a
inovação com a Educação Problematizadora ou Libertadora, que tira o oprimido da
zona de opressão e o torna agente do saber.
Primeiramente, uma síntese da história deste que se tornou um dos precursores da
Educação Nacional e como sua forma de pensar e agir contribui até os dias de hoje
para repensar e rever conceitos educacionais no mundo.
Paulo Freire foi um educador brasileiro que nasceu em 1921, em Recife, Pernambuco,
região do nordeste brasileiro. Freire teve quatro irmãos e perdeu seu pai aos 13 anos,
momento este em que a mãe, para sustentar a casa, agora sozinha, foi falar com o
Diretor do Colégio Oswaldo Cruz que não poderia pagar a escola para o �lho, de
maneira que Paulo Freire inicia seus primeiros passos como educador. Devido a essa
condição, ele foi bene�ciado com a matrícula, e tornou-se auxiliar de disciplina e
posteriormente o professor de Língua Portuguesa.
Em 1943 iniciou seus Estudos na Faculdade Direito do Recife, Instituição até hoje
renomada que recebeu alunos importantes para a sociedade brasileira, presidentes,
autores, �lósofos entre outros. Mesmo ao concluir seu curso de Direito, o amor pelas
letras e o ensinar o �zeram permanecer em sala de aula. Sua primeira esposa, Elza
Freire, professora primária, fez com que seu encanto por lecionar fosse presente em
suas vidas. Freire foi contratado em 1947 para dirigir o Departamento de Educação e
Cultural do Serviço Social e Indústria (SESI), entrando em contato com a Educação
de Jovens e Adultos.
Em 1955 fundou, com outros educadores no Recife, o Instituto Capibaribe, uma
escola inovadora que atraiu muitos intelectuais da época e que continua em
atividade até os dias de hoje.
Mas sua grande preocupação era a Educação dos Adultos, principalmente aqueles
que viviam nos sertões nordestinos sem a devida perspectiva da aprendizagem. Sua
prática para com esse ensino era simplesmente utilizar das palavras do cotidiano
dos trabalhadores: colheita, enxada, entre outras para promover o interesse na
aprendizagem, por meio da escrita e traçado eles recebiam do professor novos
conhecimentos; com o diálogo promovendo entre eles uma troca de experiências, o
conhecimento do aluno como ponto de partida para a aprendizagem, críticas aos
modelos de ensino até então estabelecidas em nossa sociedade brasileira.
A iniciativa do educador foi aplicada pela primeira vez em 1962, na cidade de
Angicos, no sertão do Rio Grande do Norte, quando foram alfabetizados 300
trabalhadores da agricultura. O projeto �cou conhecido como “Quarenta horas de
Angicos”. Os fazendeiros da região chamavam o processo educativo de “praga
comunista”.
Durante o seu percurso como educador Freire deparou-se com a ditadura militar,
em 1964, quando suas ideologias foram vistas como ameaças ao governo. Acusado
como agitador, foi preso por 70 dias. Em seguida, após ser libertado, se exilou no
Chile. Durante cinco anos desenvolveu trabalhos em programas de educação de
adultos no Instituto Chileno para a Reforma Agrária. Em 1968 lançou seu livro A
pedagogia do oprimido, um dos seus best-sellers que in�uenciou a educação
mundial.
Em 1969, Paulo Freire lecionou na Universidade de Harvard. Durante dez anos, foi
consultor especial do Departamento de Educação do Conselho Municipal das
Igrejas, em Genebra, na Suíça. O educador viajou por vários países dando consultoria
educacional.
Em 1979, com a anistia, Paulo Freire retornou ao Brasil, estabelecendo-se em São
Paulo. Foi professor da UNICAMP e da PUC e atuou como Secretário de Educação da
Prefeitura de São Paulo na gestão de Luísa Erundina. Realizou um belo trabalho e
fez assessoria em países da América Latina e África.
Por seu trabalho na área educacional, Paulo Freire foi reconhecido mundialmente.
Ele é o brasileiro com mais títulos de Doutor Honoris Causa de diversas
universidades. Ao todo são 41 instituições, entre elas, Harvard, Cambridge e Oxford.
Segundo pesquisas ele tornou-se o terceiro nome como referência mundial na área
da educação.
Paulo Freire faleceu em São Paulo, no dia 2 de maio de 1997, vítima de insu�ciência
cardíaca.
SAIBA MAIS
Assista o vídeo do nosso precursor da Pedagogia Histórico-Crítica
Professor Dr. Dermeval Saviani. No link a seguir ele descreve a tese do
seu doutorado, a busca pelo modelo de sistema nacional de Educação,
realiza uma investigação para propor uma visão sistemática da
educação brasileira. Está imperdível a sua fala que esbanja domínio de
conhecimento da nossa Educação Brasileira.
ACESSAR
https://www.youtube.com/watch?v=13ojrNgMChk
Finalizamos o capítulo com várias contribuições para o nosso trabalho pedagógico
diário. Acredito que a cada nova aprendizagem experimentamos viver um pouco da
nossa história educacional. Perpassar pelos momentos históricos e reconhecer cada
momento segundo a necessidade social, nos faz re�etir sobre a importância do
domínio, da consciência e responsabilidade que temos ao educar.
Vamos relembrar as correntes pedagógicas liberais: sendo a primeira tendência - a
tradicional – em que temos o ensino voltado aos valores morais e o intelecto, e o
professor como detentor da verdade, o aluno aquele que recebe o ensino; na
renovada/escola nova o aluno passa a protagonizar as atividades por meio de
experiências, o professor tem o papel de facilitar todo esse processo. Já a tecnicista
vem supre a necessidade da quali�cação da mão de obra para o mercado de
trabalho.
Seguimos a retomada de conteúdos, conforme descrito por um dos autores que
nortearam nossos estudos durante esse capítulo, José Carlos Libâneo nos apresenta a
corrente pedagógica progressistas, em que podemos observamos diversas mudanças
do modelo liberal, sendo um avanço educacional.  Hoje é a que mais se aproxima dos
nossos pressupostos atuais de aprendizagem.
A pedagogia libertadora busca como experiência a crítica do homem, ensinar o
aluno a construir o conhecimento cientí�co e como articular seu papel social, o
processo de ensino e aprendizagem se dá por meio de grupos de discussões e trocas
de experiências entre o educador e educandos. Temos Paulo Freire como
representante da Educação libertadora que propõe o ensino dos adultos, que até
então não recebiam olhares para uma aprendizagem efetiva. E, por �m, a pedagogia
histórico-crítica, que faz o professor exigir práticas que promovam a mudança social,
o aluno aprende não só a criticar seu papel social, mas aprende a transformar o meio
em que vive em razão daquilo que aprendeu.
Conclusão - Unidade 2
Conhecemos ainda nesta unidade um dos precursores da educação brasileira, o
educadorPaulo Freire, que contribuiu e in�uenciou a criação da modalidade de
Educação dos Jovens e Adultos. Suas críticas aos modelos educacionais buscam
promover uma educação de qualidade a todos, a �m de retirar da opressão aqueles
que eram vistos como excluídos da sociedade, nomeados por ele os trabalhadores
rurais e/ou adultos que não tiveram a oportunidade enquanto jovem de estudar. Estes
receberam a oportunidade de ir a uma sala de aula para contribuir com o ensino, pois
tendo uma vasta experiência de vida, compartilham, em discussões com professor e
colegas, seu conhecimento, existindo uma interação com o meio, contribuindo
diretamente para o ensino e aprendizagem.
Concluímos ainda que as práticas educacionais foram in�uenciadas por pensadores e
pesquisadores que nortearam as práticas ao longo dos anos, desde os Jesuítas.
Estudamos que são ajustáveis ao momento social na qual estamos inseridos,
lembrando que as mudanças acontecem constantemente e precisamos estar
preparados para adaptação cotidiana de nossas práticas pedagógicas.
Até a próxima unidade!
Leitura Complementar
As Concepções Marxistas da Pedagogia Histórico-crítica de Dermeval Saviani em
relação à Temática do Conhecimento: Contribuições ao Currículo
Resumo: O presente artigo traz à tona as contribuições do educador brasileiro
Dermeval Saviani ao campo do currículo. Para isso, utiliza de pesquisa bibliográ�ca
resgatando os princípios marxistas de sua obra, articulando-os ao campo do currículo
tendo como pano de fundo a temática do conhecimento. O trabalho utiliza também
comentadores de Saviani de modo a tornar mais completa e diversi�cada a análise.
Resgatar as contribuições de Saviani ao currículo é importante em um momento que
o campo se afasta da temática do conhecimento (MOREIRA, 2001, 2002, 2007, 2010,
2012) ao priorizar as articulações com a cultura sob viés marcadamente pós-
estruturalista. Assim, as concepções de Demerval Saviani se mantêm atuais e
polêmicas ao campo, ao defender uma concepção de conhecimento que acolhe
princípios de universalidade, e que prioriza a necessidade do currículo como um vetor
de transmissão dos conhecimentos tidos como patrimônios da humanidade.
Palavras-chave: Currículo; Dermeval Saviani; Conhecimento.
Dê um click para ler o texto na íntegra:
RIBEIRO, Márden de Pádua; ZINARDI, Teodoro Adriano Costa. As
Concepções Marxistas Da Pedagogia Histórico-Crítica De Dermeval
Saviani Em Relação À Temática Do Conhecimento: Contribuições Ao
Currículo. Educ. rev., Belo Horizonte, v. 34, jun. 2018.
ACESSAR
Livro
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-46982018000100144&script=sci_arttext
Filme
Unidade 3
Escola, Professor,
Planejamento, Plano de
Aula e Currículo
AUTORIA
Andriele dos Santos Rodrigues Alvaro
Introdução
Ao conhecermos os campos de atuação da didática adquirimos novas ferramentas
para instrumentalizar nossa prática docente. Mas nem sempre encontramos nas
teorias explicações sobre as ações necessárias aos professores, para aplicar
determinada proposta teórica. A ausência de ações didáticas adequadas impede o
professor de organizar um plano de ação, ou um plano de atividades, que procure
colocar em prática os princípios teóricos aprendidos. Por isso, muitas vezes, a teoria
�ca apenas na teoria.
Para transformar nossa prática docente é preciso iniciar pelo elemento central de
nossa atividade pedagógica: nossas aulas. Elas precisam ser repensadas, analisadas
e reorganizadas. Para isso, podemos contar com um grande e poderoso aliado: o
planejamento. Nessa unidade, convido você para veri�car como o planejamento
pode organizar e provocar mudanças profundas em suas aulas.
Quero que você compreenda que ao invés de ser um empecilho para o seu trabalho,
ele ajuda na organização do dia a dia e no cotidiano da sala de aula. Em seguida,
analisaremos alguns modelos de planos que nos possibilitam integrar diversas
disciplinas e colocá-las em ação, na forma de novos conhecimentos indispensáveis
para a vida de nossos alunos.
Além de podermos utilizar o currículo como aquele que apresenta a identidade de
cada disciplina, advindo de um processo de seleção em que um universo amplo de
conhecimentos e saberes são selecionados, mais especi�camente traçando
objetivos, procedimentos e métodos para que efetivamente possam atingir bons
resultados em sala de aula, respeitando idade e série pertinentes ao processo de
ensino; temos ainda o projeto político pedagógico de nossa escola, elaborado pelas
instâncias escolares, respeitando as particularidades de cada instituição que
contribui para nortear nossa trabalho em sala de aula.
Espero que você leia essa unidade com atenção e que compare as informações aqui
colocadas com sua prática docente.
Bons estudos!
Plano de Estudo
O desenvolvimento social e seus
embates pedagógicos.
O ato de planejar e o efeito nas
ações escolares.
ç
Objetivos de Aprendizagem
Reconhecer a importância da função
social da escola.
Analisar diferentes conceitos e
modelos de planejamento.
Identi�car e diferenciar o currículo,
plano de aula e projetos utilizados na
aprendizagem.
A Função Social da Escola
e dos Professores
AUTORIA
Andriele dos Santos Rodrigues Alvaro
A tarefa de planejar nem sempre é vista com bons olhos pelos professores. Pois
muitos de nós que estamos em sala de aula preferimos aderir a uma rotina diária,
por vezes não planejada. Temos uma grande barreira a vencer, a �m de promover o
ato do planejamento. O núcleo do problema se encontra na burocratização do
ensino e, nesse contexto, o planejamento não tinha signi�cado algum, além de
cumprir o protocolo. Visto dessa forma, a ação de planejar é completamente nula,
pois não retrata os problemas reais e, com isso, não pode ser colocado em prática.
Gasparin (2007, p. 152), acrescenta que os empecilhos de planejar são “sempre de
dupla ordem: a) di�culdade em entender a teoria e seus fundamentos práticos e b)
como passar dessa teoria a um projeto de ensino e aprendizagem”.
Para responder a essas e outras di�culdades é que me apego ao planejamento. Mas
não ao plano burocrático que prevê apenas os conteúdos a serem ensinados,
baseio-me no planejamento crítico que me obriga a re�etir o que adoto como
princípio didático.
Mas, planejar dentro dessa linha de trabalho às vezes é muito complexo. Isso porque,
para muitos professores, o planejamento não é essencial para ministrar suas aulas.
Além disso, muitos planejamentos são feitos sem signi�cado, ou seja, não
respondem às questões da prática escolar. Exatamente por isso é encarado por
muitos como perda de tempo.
Muitos fatores justi�cam a postura incrédula de alguns docentes frente ao ato de
planejar. Gasparin (2007) nos mostra a di�culdade de organizar as ações
pedagógicas quando a quantidade de aulas que o professor ministra para sobreviver
é muito grande. Outro fator agravante é o número de colégios que o professor
necessita percorrer para trabalhar, que nem sempre tem a mesma postura
metodológica em relação ao planejamento. Mais um agravante apontado pelo autor
é a quantidade de disciplinas que o docente assume para completar sua carga
horária, que acaba impedindo-o de executar e elaborar um plano mínimo de
trabalho.
Encaradas as di�culdades, precisamos iniciar a busca das soluções e a primeira,
apontada por Libâneo (2008), implica em ressigni�car a aula. A�nal, a aula é o
centro do processo de ensino e, por isso, precisa ser muito bem planejada.
No entanto, na maioria das vezes que pensamos em uma aula, nos vem à mente a
imagem de um professor expondo conteúdos e mais conteúdos diante de uma sala
inerte e silenciosa. É a típica imagem de uma aula expositiva e tradicional, muito
comum ainda nos dias de hoje (modelo das Tendências Pedagógicas estudadas na
unidade anterior). Existem muitas formas de se conduzir uma aula e a melhor opção
didática é encará-la como uma etapa no processo de estimulação dos alunos.
Gil (2009) a�rma que devemos entender a aula como um conjunto dos meios e
condições pelos quais o professor dirige e estimula o processo de ensino

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