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INTRODUÇÃOÀ PROFISSÃO FARMACÊUTICA-1

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ACESSE AQUI O SEU 
LIVRO NA VERSÃO
DIGITAL!
PROFESSOR 
Dr. José Gilberto Pereira
Introdução 
à Profissão 
Farmacêutica
https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/1001
FICHA CATALOGRÁFICA
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. 
Núcleo de Educação a Distância. PEREIRA, José Gilberto.
Introdução à Profissão Farmacêutica. José Gilberto 
Pereira
Maringá - PR: Unicesumar, 2021. Reimpresso em 2022.
288 p.
“Graduação - EaD”. 
1. Introdução 2. Profissão 3. Farmacêutica. 
CDD - 22 ed. 615.4 
CIP - NBR 12899 - AACR/2
ISBN 978-65-5615-390-2
Impresso por: 
Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB- 9-1679
Pró Reitoria de Ensino EAD Unicesumar
Diretoria de Design Educacional
NEAD - Núcleo de Educação a Distância
Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jd. Aclimação - Cep 87050-900 | Maringá - Paraná
www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360
 
 
Coordenador de Conteúdo Sidney Edson Mella Junior Designer Educacional Ana Salvadego Revisão Textual Nagela 
Naves, Ariane Fabreti e Meyre da Silva Editoração Isabela M. Belido e Andre Morais Ilustração Natalia Scalassara 
Realidade Aumentada Matheus Guandalini, Maicon Curriel e Cesar Seidel Fotos Shutterstock. 
PRODUÇÃO DE MATERIAIS
EXPEDIENTE
DIREÇÃO UNICESUMAR
NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho 
Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin 
Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi
Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia Coelho Diretoria 
de Cursos Híbridos Fabricio Ricardo Lazilha Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Head de Graduação Marcia de Souza Head 
de Metodologias Ativas Thuinie Medeiros Vilela Daros Head de Tecnologia e Planejamento Educacional Tania C. Yoshie Fukushima 
Head de Recursos Digitais e Multimídias Franklin Portela Correia Gerência de Planejamento e Design Educacional Jislaine Cristina 
da Silva Gerência de Produção Digital Diogo Ribeiro Garcia Gerência de Recursos Educacionais Digitais Daniel Fuverki Hey 
Supervisora de Design Educacional e Curadoria Yasminn T. Tavares Zagonel Supervisora de Produção Digital Daniele Correia
BOAS-VINDAS
Tudo isso para honrarmos a 
nossa missão, que é promover 
a educação de qualidade nas 
diferentes áreas do conhecimento, 
formando profissionais 
cidadãos que contribuam para o 
desenvolvimento de uma sociedade 
justa e solidária.
Reitor 
Wilson de Matos Silva
A UniCesumar celebra os seus 30 anos de 
história avançando a cada dia. Agora, enquanto 
Universidade, ampliamos a nossa autonomia 
e trabalhamos diariamente para que nossa 
educação à distância continue como uma das 
melhores do Brasil. Atuamos sobre quatro 
pilares que consolidam a visão abrangente do 
que é o conhecimento para nós: o intelectual, o 
profissional, o emocional e o espiritual.
A nossa missão é a de “Promover a educação de 
qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, 
formando profissionais cidadãos que contribuam 
para o desenvolvimento de uma sociedade 
justa e solidária”. Neste sentido, a UniCesumar 
tem um gênio importante para o cumprimento 
integral desta missão: o coletivo. São os nossos 
professores e equipe que produzem a cada dia 
uma inovação, uma transformação na forma 
de pensar e de aprender. É assim que fazemos 
juntos um novo conhecimento diariamente.
São mais de 800 títulos de livros didáticos 
como este produzidos anualmente, com a 
distribuição de mais de 2 milhões de exemplares 
gratuitamente para nossos acadêmicos. Estamos 
presentes em mais de 700 polos EAD e cinco 
campi: Maringá, Curitiba, Londrina, Ponta Grossa 
e Corumbá), o que nos posiciona entre os 10 
maiores grupos educacionais do país.
Aprendemos e escrevemos juntos esta belíssima 
história da jornada do conhecimento. Mário 
Quintana diz que “Livros não mudam o mundo, 
quem muda o mundo são as pessoas. Os 
livros só mudam as pessoas”. Seja bem-vindo à 
oportunidade de fazer a sua mudança! 
Aqui você pode 
conhecer um 
pouco mais sobre 
mim, além das 
informações do 
meu currículo.
Aqui você pode 
conhecer um 
pouco mais sobre 
mim, além das 
informações do 
meu currículo.
MEU CURRÍCULO
MINHA HISTÓRIA
Olá, gostaria de contar a você um pouco sobre mim e 
minha formação. Sempre muito estudioso, a escola era 
para mim motivo de alegria e satisfação. No Ensino Mé-
dio, percebi que me entusiasmavam os ensinamentos de 
Química, Biologia e Língua Portuguesa. Ainda muito jo-
vem, decidi cursar Farmácia e, no ano de 1982, escolhi a 
Universidade Estadual de Maringá para estudar. Comecei 
minha carreira profissional ainda na graduação, quando 
optei pelo núcleo das disciplinas farmacêuticas e, em es-
pecial, aquelas voltadas para a indústria. Colei grau, em 
1986, sem cursar a habilitação em Bioquímica, pretendia 
mesmo era seguir carreira acadêmica como professor 
e pesquisador, mas, por questões pessoais, retornei à 
cidade natal onde montei uma farmácia comunitária de 
bairro e atuei por dez anos. Em 2000, mudei-me para 
Curitiba, onde trabalhei dois anos no Conselho Regional 
de Farmácia e, neste período, cursei o aperfeiçoamento 
em Farmacologia, na Universidade Federal do Paraná. 
Em 2003, voltei para Maringá para atuar como docente 
no Curso de Farmácia, da UniCesumar, onde estive por 
dez anos, período em que fiz mestrado em Ciências da 
Saúde, na Universidade Estadual de Maringá (2006) e 
doutorado em Saúde Pública, na Fundação Oswaldo Cruz 
no Rio de Janeiro (2013). Hoje, atuo como farmacêutico 
no Hospital Universitário Regional de Maringá e como 
professor convidado na Especialização em Farmacologia 
Clínica e no Curso de Farmácia EaD da UniCesumar. 
Dr. José Gilberto Pereira
Lattes: https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/8628
https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/8627
IMERSÃO
RECURSOS DE
Quando identificar o ícone de QR-CODE, utilize o aplicativo Unicesumar 
Experience para ter acesso aos conteúdos on-line. O download do aplicativo 
está disponível nas plataformas: Google Play App Store
Ao longo do livro, você será convidado(a) a refletir, questionar e transformar. Aproveite 
este momento.
PENSANDO JUNTOS
EU INDICO
Enquanto estuda, você pode acessar conteúdos online que ampliaram a discussão sobre 
os assuntos de maneira interativa usando a tecnologia a seu favor.
Sempre que encontrar esse ícone, esteja conectado à internet e inicie o aplicativo 
Unicesumar Experience. Aproxime seu dispositivo móvel da página indicada e veja os 
recursos em Realidade Aumentada. Explore as ferramentas do App para saber das 
possibilidades de interação de cada objeto.
REALIDADE AUMENTADA
Uma dose extra de conhecimento é sempre bem-vinda. Posicionando seu leitor de QRCode 
sobre o código, você terá acesso aos vídeos que complementam o assunto discutido
PÍLULA DE APRENDIZAGEM
Professores especialistas e convidados, ampliando as discussões sobre os temas.
RODA DE CONVERSA
EXPLORANDO IDEIAS
Com este elemento, você terá a oportunidade de explorar termos e palavras-chave do 
assunto discutido, de forma mais objetiva.
https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/3881
INICIAIS
PROVOCAÇÕES
INTRODUÇÃO À PROFISSÃO FARMACÊUTICA
Seja bem-vindo(a)!
Começo a apresentação da disciplina Introdução à Profissão Farmacêutica com a seguinte 
pergunta: De onde veio e para onde vai o farmacêutico? Quando fazemos a nossa opção 
profissional, nem sempre estamos seguros de ter feito a escolha correta. Ao longo do 
processo de formação, surgem dúvidas constantes a respeito do caminho a seguir, em 
especial no Curso de Farmácia que possui um currículo tão heterogêneo e diversificado, 
pois envolve conhecimentos de Ciências Exatas e da Terra, Ciências Biológicas, Ciências 
da Saúde, Ciências Sociais Aplicadas, Ciências humanas e, até mesmo, um pouco das 
Engenharias. Caminhar por todas estas áreas poderá trazer muitas incertezas, já que o 
egresso do Cursode Farmácia é esse quebra-cabeças com competências e habilidades 
para atuar em várias frentes de trabalho. Somente um planejamento coordenado da 
carreira poderá nos transformar no farmacêutico que queremos ser.
O farmacêutico, em essência, é um profissional da saúde, que tem no medicamento 
sua principal ferramenta. É descobrindo, experimentando, produzindo, dispensando 
e monitorando o uso de medicamentos que ele mais contribui para a promoção, pre-
venção e recuperação da saúde das pessoas. Com isso, o farmacêutico tem lugar de 
destaque nos sistemas de saúde, e é, principalmente na farmácia, sua casa de ofício, 
onde ele atua, de forma integrada à equipe multiprofissional de saúde, na prestação 
dos cuidados farmacêuticos em favor dos pacientes que a ele acorrem.
Nesta disciplina, convido você, a viajar comigo pela história da Farmácia e da Medicina 
a fim de entender como o ser humano tem lidado com o processo saúde-doença e o 
modo como o método científico clássico surgiu e se desenvolveu nas civilizações antigas. 
Conheceremos os primórdios da profissão farmacêutica e a figura do boticário como o 
dedicado produtor de medicamentos desde os tempos da Idade Média. Acompanhare-
mos cada etapa da evolução da farmácia em nosso país, desde a época colonial até as 
drugstores dos nossos dias, entendendo como se deu a regulamentação da profissão 
ao longo do tempo, em seus aspectos históricos, éticos e legais. Veremos o papel da 
vigilância sanitária de medicamentos e a consolidação da legislação sanitária do setor, 
assim como a importância do controle sanitário de medicamentos na manutenção da 
saúde da população. Conheceremos todas as possíveis áreas de atuação do farma-
cêutico na atualidade com ênfase na farmácia clínica e atenção farmacêutica, que são 
consideradas práticas de vanguarda. Por fim, lançaremos um olhar sobre o impacto das 
tecnologias nas ciências farmacêuticas e sobre as perspectivas do futuro da profissão. 
É hora de lançar um desafio para você. Esta disciplina foi concebida para ser uma diretriz 
na sua carreira de farmacêutico, no sentido de expor grande parte dos aspectos que 
estruturam a profissão, os quais subsidiarão os fundamentos da sua jornada acadêmica 
durante o Curso de Farmácia e tornarão sólidas suas convicções na escolha profissional 
realizada. Para obter este êxito, fique atento a cada detalhe apresentado e se dedique 
integralmente aos objetivos que a disciplina propõe.
Na Unidade 1, você terá a oportunidade de caminhar pela História da Farmácia e da 
Medicina ao longo do tempo, desde as épocas mais primitivas até a contemporânea. 
Você compreenderá como o processo saúde-doença era abordado pela sociedade 
na busca do vigor físico e da sobrevivência humana, bem como conhecerá as várias 
formas terapêuticas empregadas e a evolução das ciências médicas. Também terá o 
entendimento de como surgiram e se desenvolveram a Farmácia e as atividades farma-
cêuticas, assim como o contexto no qual foi reconhecido o profissional Farmacêutico. 
Historicamente, a Farmácia e a Medicina são ciências indissociáveis, pois a primeira 
surgiu como consequência da segunda e, assim, permanecem atreladas até hoje.
Na Unidade 2, você terá a oportunidade de lançar um olhar aos primórdios da profissão 
e entender a dinâmica da construção de um profissional, considerando todas as vitórias 
e os percalços que fizeram seu o caminho até aqui. Nas palavras do poeta espanhol 
Antônio Machado: “Caminhante, são tuas pegadas o caminho e nada mais; caminhante, 
não há caminho, se faz caminho ao andar”. Ao voltarmos a vista atrás e vislumbrarmos 
o caminho percorrido, o nosso passo será adiante, em direção ao futuro.
Na Unidade 3, você terá a oportunidade de conhecer o modo como as farmácias brasi-
leiras vêm se organizando e desenvolvendo ao longo dos anos, bem como identificar as 
diferentes atividades nelas executadas e as tendências mercantis. Terá oportunidade, 
também, de refletir sobre a função social da farmácia enquanto unidade de prestação de 
assistência farmacêutica, assistência à saúde e orientação sanitária individual e coletiva.
Na Unidade 4, você terá conhecerá toda a base legal que regulamenta a profissão far-
macêutica no Brasil em cada uma das espécies legislativas. Entender os fundamentos e 
a organização da hierarquia das normas no Direito brasileiro. Acompanhar a evolução 
histórica desta legislação, considerando os aspectos políticos, sociais e econômicos, 
que a cada época influenciaram a dinâmica da regulamentação profissional e, conse-
quentemente, o reflexo dessas mudanças na atuação do farmacêutico. 
INICIAIS
PROVOCAÇÕES
Na Unidade 5, você terá a oportunidade de conhecer a legislação sanitária aplicada às 
empresas e aos estabelecimentos farmacêuticos, que refletem, diretamente, no exercício 
profissional farmacêutico. Apresentaremos o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária, 
a criação e o desenvolvimento da Agência Nacional de Vigilância Sanitária - Anvisa e 
seus mecanismos regulatórios para o setor farmacêutico.
Na Unidade 6, você terá a oportunidade de conhecer os aspectos básicos da forma-
ção profissional, tais como a legislação que a regulamenta, as Diretrizes Curriculares 
Nacionais do Curso de Graduação em Farmácia, o Projeto Pedagógico e os requisitos 
curriculares mínimos do Curso. Conhecerá, também, a diversidade e as oportunida-
des disponíveis na pós-graduação Lato Sensu e Stricto Sensu bem como cada área 
de atuação do farmacêutico, no mercado de trabalho, na atualidade, e sua respectiva 
regulamentação.
Na Unidade 7, você terá a oportunidade de conhecer os fundamentos de duas práticas 
avançadas da profissão farmacêutica. Ambas surgiram nos anos 1960 e se disseminaram 
como resposta ao movimento de reprofissionalização do farmacêutico e de definição 
do seu papel no sistema de saúde. A primeira, a Farmácia Clínica, trata-se de uma prá-
tica que surgiu na Farmácia Hospitalar e oportunizou a aplicação de conhecimentos do 
farmacêutico de forma direta à assistência à saúde dos pacientes em cooperação com 
a equipe multiprofissional de saúde. A segunda, a Atenção Farmacêutica, compreende 
uma ação conjunta do farmacêutico com paciente para a otimização da farmacoterapia, 
visando resultados definidos na saúde, com base em responsabilidades e valores éticos 
de compromisso e competência profissional.
Na Unidade 8, você terá a oportunidade de conhecer as linhas gerais do processo de 
desenvolvimento de novos medicamentos, desde a concepção da molécula até o uso 
pelo paciente. Entenderá como se dá a descoberta de um novo fármaco e conhecerá 
todos os testes a que é submetido antes de ser experimentado em seres humanos. 
INICIAIS
PROVOCAÇÕES
Acompanhará os testes pré-clínicos realizados em laboratórios e cada uma das etapas 
dos ensaios clínicos. Assim, terá uma visão geral dos aspectos que compõem o mercado 
farmacêutico e a indústria farmacêutica no país, como também entenderá o conceito 
de Complexo Industrial da Saúde.
Na Unidade 9, você terá a oportunidade de entender, na perspectiva de uma visão 
global, como o farmacêutico se encontra inserido nos sistemas de saúde e o modo 
como o conceito de saúde e a organização desses sistemas define o espaço de atuação 
profissional e orienta a capacitação para sua inserção e desenvolvimento das práticas 
profissionais necessárias ao atendimento das demandas por saúde e medicamentos 
da população, no que se denominou farmacêutico sete estrelas. Verá também a 
maneira como se estruturam as carreiras dos farmacêuticos de acordo com seus inte-
resses, seus objetivos e sua visão de futuro, conhecendo as diretrizes e um modelo de 
desenvolvimento da carreira bem como conhecer as competências, as habilidades e as 
razões para se tornar um farmacêutico de sucesso. Conhecerá as áreas emergentes e 
especializadas da farmácia, que geram novas tecnologias e que impulsionam os limites 
do conhecimento farmacêutico, em médio e longo prazo. E, por fim, entenderá como 
os farmacêuticos se organizam em defesa epelo progresso da profissão, no Brasil e 
no mundo, por meio das associações e das sociedades corporativas.
Ao cursar a disciplina Introdução à Profissão Farmacêutica, você compreenderá as ca-
racterísticas envolvidas desde o surgimento da farmácia e do farmacêutico, que foram 
evoluindo conforme o desenvolvimento da profissão, bem como olhará para as pers-
pectivas de futuro e vislumbrará o(a) farmacêutico(a) que você pretende se tornar.
Minha maior expectativa com relação à disciplina é que você realmente possa se fun-
damentar, com base nos conceitos e nos ensinamentos propostos nos vários recursos 
empregados, a se encontrar, de modo significativo, com sua escolha profissional.
Bons estudos! 
APRENDIZAGEM
CAMINHOS DE
1 2
43
5
13 
69 
43
97
HISTÓRIA DA 
FARMÁCIA E DA 
MEDICINA: DOIS 
 SABERES 
 INDISSOCIÁVEIS
6 153
ÁREAS DE ATUAÇÃO 
PROFISSIONAL DO 
FARMACÊUTICO: 
FORMAÇÃO, 
DIVERSIDADE E 
POSSIBILIDADES
EVOLUÇÃO DA 
FARMÁCIA NO BRASIL.
REGULAMENTAÇÃO DA 
PROFISSÃO DO 
PRIMÓRDIOS DA 
PROFISSÃO 
FARMACÊUTICA.
FARMACÊUTICO NO 
PAÍS: ASPECTOS 
HISTÓRICOS, ÉTICOS 
E LEGAIS
PAPEL DA 
VIGILÂNCIA SANITÁRIA 
DE MEDICAMENTOS: 
A LEGISLAÇÃO 
SANITÁRIA BRASILEIRA
125
7 183
8 209
IMPACTO DAS 
TECNOLOGIAS 
NAS CIÊNCIAS 
FARMACÊUTICAS
VANGUARDA DA 
FARMÁCIA CLÍNICA 
E A ATENÇÃO 
FARMACÊUTICA
9 231
PERSPECTIVAS 
DO FUTURO 
PROFISSIONAL 
FARMACÊUTICO
1
Na Unidade 1, você terá a oportunidade de caminhar pela História 
da Farmácia e da Medicina ao longo do tempo, desde as épocas 
mais primitivas até a contemporânea. Você compreenderá como 
o processo saúde-doença era abordado pela sociedade na busca 
do vigor físico e da sobrevivência humana bem como conhecerá as 
várias formas terapêuticas empregadas e a evolução das ciências 
médicas. Você também terá o entendimento de como surgiram e 
se desenvolveram a Farmácia e as atividades farmacêuticas, assim 
como o contexto no qual foi reconhecido o profissional farmacêu-
tico. Historicamente, a Farmácia e a Medicina são ciências indisso-
ciáveis, pois, a primeira surgiu como consequência da segunda e 
assim permanecem atreladas até hoje.
História da Farmácia 
e da Medicina: Dois 
Saberes Indissociáveis
Dr. José Gilberto Pereira
14
UNICESUMAR
Você sabe como surgiu a profissão que escolheu? Revisitar o passado nos permite traçar novas pers-
pectivas de futuro para a profissão e, para entender o farmacêutico da atualidade, é preciso refazer o 
caminho que o trouxe até aqui, afinal, o farmacêutico de hoje é reflexo da evolução ao longo do tempo. 
Desta forma, o sentido primário das atividades farmacêuticas está em usar a natureza e as suas 
fontes de recursos como forma de curar as doenças que podem afetar o ser humano ao longo de sua 
vida e, com isso, aumentar a expectativa média de vida. É desta maneira que o farmacêutico tem se 
tornado um elemento essencial à saúde das pessoas, por isso, a sua profissão não terá fim.
Certamente, durante a sua educação escolar, você foi apresentado(a) aos vários períodos em que 
a História da humanidade é dividida. Resumindo e, em ordem cronológica, temos a Pré-História, 
com seus períodos Paleolítico, Neolítico e Idade dos Metais, seguida por um período de transição 
denominada Proto-História e, por fim, a História, propriamente dita, dividida em Idade Antiga – 
Clássica e Oriental – Idade Média, Moderna e Contemporânea. 
A escrita, as escavações arqueológicas, as artes e as ciências são os principais elementos de registro 
e perpetuação da História, por isso, bibliotecas, museus, sítios arqueológicos e arquivos de documen-
tos são os locais mais apropriados para aquisição e entendimento dos conhecimentos históricos. 
O advento da tecnologia da informação possibilitou a criação virtual desses vários ambientes que 
são fontes de informação histórica e, com isso, sem necessidade de deslocamento, você terá acesso 
e realizará buscas por elementos da História da Farmácia e da Medicina para compor o seu próprio 
campo de conhecimento da disciplina. 
Que tal você buscar algumas informações e entender, por exemplo, como se desenvolveu a Far-
mácia da Idade Média, também chamada Idade das Trevas, quando práticas como magia, bruxaria 
e alquimia eram, comumente, empregadas tanto para fazer viver como para fazer morrer?
Considerando a Tecnologia da Informação, proponho uma pesquisa no maior sítio de busca da 
internet, o Google, utilizando os seguintes termos, escritos entre aspas: “História da Farmácia na 
Idade Média”. Você se deparará com quatro resultados: dois deles referem-se a teses acadêmicas de 
universidades portuguesas, outro direciona ao sítio do Museu da Farmácia de Portugal e, por último, 
o blog Plantas Medicinais Brasileiras. Em algumas dessas fontes, você encontrará, relatado, um marco 
importante para a História da Farmácia na Idade Média, que aconteceu no ano de 1240.
A seguir, sugiro que utilize o Diário de Bordo para relatar como foi a sua experiência de entrar 
em contato com as fontes de informação que resultaram da busca no Google e, também, discorrer 
sobre a qualidade da informação encontrada em cada uma delas. Por fim, aponte qual foi o marco 
importante para a História da Farmácia, na Idade Média, que você identificou.
DIÁRIO DE BORDO
15
UNIDADE 1
Iniciemos a nossa jornada histó-
rica sobre a Farmácia no Período 
Paleolítico da Idade da Pedra. É 
óbvio que, naquele tempo, a es-
crita ainda não havia sido desen-
volvida, então, por analogia his-
tórica, é possível inferir o modo 
como a sociedade da época, que 
se organizava em pequenas tri-
bos, lançava mão do uso de plan-
tas medicinais e substâncias de 
origem animal. Estas, em con-
junto com as crenças e práticas 
relacionadas à saúde, compu-
seram a denominada Medicina 
Primitiva (MENEZES, 2005). 
Dessa forma se baseava a terapêutica, com forte componente místico e psicológico. Veja você que o uso 
de plantas medicinais, como o emprego da Matricaria recutita (camomila) para tratar cólicas intestinais, 
quadros leves de ansiedade e como calmante suave, ou, de substâncias animais como a heparina, a princí-
pio, extraída de fígado de porco, hoje, amplamente, usada na prevenção e no tratamento de distúrbios de 
coagulação do sangue, afora as tecnologias, seguem o mesmo princípio empregado há cerca de 50.000 anos 
A escrita surge por volta do ano 4.000 a.C. com as primeiras sociedades urbanas arcaicas, que se 
estabeleceram numa região denominada Crescente Fértil, formada pelo Egito – ao longo do rio Nilo 
– e pela Mesopotâmia – banhada pelos rios Tigre e Eufrates. Ali, se desenvolveram a agricultura e a 
pecuária e, dessa região, também, são os mais antigos registros médico-farmacêuticos, inscritos em 
pequenas “tábuas” de argila, que existem até hoje (MENEZES, 2005). 
Figura 1 - Crescente Fértil
Fonte: Menezes (2005, p. 8).
Descrição: a ilustração traz um mapa em escala de 1:600 km com a terra de cor laranja e a água em azul claro. Na 
parte central, está representada a região do Crescente Fértil, identificada com uma meia-lua, num tom de rosa mais 
claro, o contorno pontilhado de verde, com o arco voltado para o norte (parte superior da figura). No terço superior 
esquerdo, surge o Mar Mediterrâneo, que avança até o terço central da figura. Um pouco abaixo do terço central 
superior, surgem os rios Tigre à direita e Eufrates à esquerda, que se estendem, lado a lado, até desembocarem no 
Golfo Pérsico, representado no terço médio da lateral direita do mapa. No terço inferior do Mar Mediterrâneo, de-
semboca o Rio Nilo, vindo do terço inferior esquerdo do mapa. Paralelo ao Rio Nilo está o Mar Vermelho, que surge 
no terço central inferior e segue até a proximidade da foz do Rio Nilo. No interior do terço direito da meia-lua está a 
Mesopotâmia, onde se encontram, identificadas, ao norte, às margens do Rio Tigre, as cidades de Nínive e Assur, e, na 
parte central da Mesopotâmia, próximo à intersecção dos rios Tigre e Eufrates, está a cidade de Babilônia. Na parte 
leste da Mesopotâmia, bem próximo ao Mar Mediterrâneo,encontram-se as cidades de Biblos, Sidon e Tiro, um pouco 
mais à direita estão Damasco e Jerusalém. Este conjunto de cidades forma o chamado Corredor Sírio-Palestiniano. No 
terço esquerdo da meia-lua está representado o Egito, que se estende do Mar Mediterrâneo, ao longo do Rio Nilo, até 
alcançar, ao sul, a linha imaginária do Trópico de Câncer. No Egito, às margens do Rio Nilo, ao norte, estão as cidades 
de Sais e Mênfis, e, ao sul, Tebas.
16
UNICESUMAR
O registro farmacêutico mais antigo conhecido é uma tabuinha 
suméria (região ao sul da Mesopotâmia), que teria sido escrita no 
final do terceiro milênio antes de Cristo e descoberta em Nippur 
(uma das principais cidades sumérias da época), contendo 15 
receitas medicinais. No primeiro milênio antes de Cristo, foram 
identificadas cerca de 20.000 tabuinhas médicas, muitas delas 
com informação sobre medicamentos empregados, na época, 
naquela região. No Egito, as fontes de registros médicos eram 
os papiros (folhas de papel confeccionadas a partir das fibras 
da planta Cyperus papyrus). O Papiro de Ebers é considerado o 
mais importante da História da Farmácia, datado de 1.550 a.C., 
ele faz referência a mais de 7.000 substâncias medicinais incluídas 
em cerca de 900 fórmulas farmacêuticas e, atualmente, está sob 
a guarda da Biblioteca da Universidade de Leipzig, na Alemanha 
(MENEZES, 2005).
Os principais povos que viveram na Mesopotâmia à época eram 
os assírios e babilônios, cujos conceitos terapêuticos ainda perpetua-
vam a crença de que os fenômenos da natureza eram comandados 
por deuses, dentre os mais poderosos estavam Marduk e Gula, que 
podiam dar saúde ou doença como forma de castigo. A terapêutica 
visava à purificação do indivíduo por meio de um tipo de catarse (li-
bertação) cujo medicamento era um elemento mágico usado nessa 
purificação. Acreditava-se, também, que demônios específicos eram 
responsáveis por doenças ou sintomas específicos, por exemplo, a 
peste era causada por Nergal, a febre, por Ashakku, a cefaleia, por 
Ti’u e as doenças do peito, por Sualu, desta divisão resultaram as 
práticas de diagnósticos e terapêuticas específicas. O diagnóstico 
tinha, por objetivo, conhecer o pecado que o doente havia cometido, 
e a terapêutica objetivava a sua reconciliação com os deuses por 
meio de sacrifícios, e amuletos eram utilizados como profilaxia ao 
adoecimento (MENEZES, 2005).
Embora poucos registros históricos tenham sido encontrados 
com referência ao mesmo período, os povos chineses e indianos 
na Ásia bem como os maias e os incas nas Américas tinham a sua 
terapêutica baseada, principalmente, no uso de plantas medicinais. 
A civilização hindu – também chamada Ayurvédica – além de se 
preocupar em como agiam os medicamentos nas doenças, se ocu-
pavam da sua conservação e potência, determinando os seus prazos 
de validade (MENEZES, 2005; ANDRÉ, 2013). 
Figura 2 - Asclépio
Descrição: a figura é uma da 
fotografia da escultura, em 
mármore branco, de Asclépio, 
em tamanho natural, apoiada 
sobre uma base quadrada. Na 
escultura, Asclépio está repre-
sentado como um homem de 
meia-idade com porte atlético, 
cabelos cheios e ondulados, bar-
ba com os mesmos aspectos e 
sem cobrir o pescoço. O corpo é 
coberto por uma túnica desde o 
ombro esquerdo até as canelas, 
deixando o lado direito do tórax 
exposto. Os pés estão calçados 
por sandálias fechadas até os 
tornozelos, deixando à vista as 
pontas dos pés. Os braços estão 
estendidos ao longo do corpo 
com a mão direita sobre a lateral 
do quadril, e a mão esquerda se-
gura o caduceu, que se estende 
da altura da cintura até o chão. 
No caduceu está enrolada uma 
serpente com o rabo voltado 
para o chão, a cabeça toca a 
mão que segura o caduceu.
17
UNIDADE 1
Continuaremos o roteiro da nossa história com a clássica medicina greco-romana da Antiguidade, 
que, no princípio, conservava os mesmos aspectos mitológicos de então. A serpente que, hoje, é símbolo 
da Medicina, da Farmácia e de outras profissões da Saúde, teve origem na lenda de um herói chamado 
Gilgamesh, baseada na história de um rei sumério do terceiro milênio antes de Cristo. Conta a lenda 
que o herói mergulha até o fundo do mar para colher a planta da eterna juventude, mas, ao regressar, 
uma serpente rouba-lhe a planta. O animal, ao engoli-la, rejuvenesce, mudando a pele.
Contam que a medicina clássica grega, em sua mitologia, tinha em Asclépio, filho de Apolo e da ninfa 
Coronis, a sua representação. Tirado do ventre da mãe pelo pai, no momento em que ela se encontrava 
na pira funerária (onde os mortos eram queimados), Asclépio sobreviveu e foi considerado o deus da 
Medicina desde o nascimento: a vitória da vida sobre a morte. A Medicina foi ensinada a ele por um 
centauro (ser metade homem, metade cavalo) de nome Quíron. Asclépio aprendeu com uma serpente 
como usar certa planta para fazer viver os mortos e, por isso, acusado de diminuir o número de mortos, 
Figura 3 - Hígia
Fonte: ES’TAS a ver (2012, on-line)1. 
Descrição: a figura mostra a fotografia da escultura, em mármore branco, 
de Hígia em tamanho natural, com recorte na parte inferior, na altura das 
coxas. O aspecto é de uma mulher jovem, bela e esguia, com cabelos curtos 
e ondulados envoltos por uma faixa larga do alto da cabeça até a nuca, sem 
cobrir as orelhas. Com pescoço esguio e colo exposto, ela veste um vestido 
fino de manga curta, sendo perceptível no braço direito desnudo, sobre 
o vestido, uma túnica um pouco mais grossa, que inicia sobre o ombro 
esquerdo e desce cobrindo o braço e o seio esquerdos, prolongando-se 
por todo corpo. O braço esquerdo está estendido ao longo do corpo com 
a palma da mão voltada para a coxa, e o direito, com uma leve flexão, pois 
segura um pequeno prato na mão direita com a palma voltada para frente. 
No ombro esquerdo, apoia-se a parte do rabo de uma serpente, a qual está 
disposta sobre o tórax e o abdome, contornando o seio esquerdo na forma 
de um S, e a cabeça apoiada sobre o antebraço e a mão direita, a boca da 
serpente toca o pequeno prato. 
foi aniquilado por um raio de 
Zeus (deus grego absoluto do 
Olimpo). Com isso, passa a ser 
cultuado como deus da Medici-
na e era representado trazendo 
à mão o “caduceu” – bastão com 
uma serpente enrolada – o qual, 
mais tarde, se tornaria o símbo-
lo da área médica. 
Duas filhas de Asclépio se 
tornaram figuras simbólicas: 
Hígia, também conhecida como 
Higeia, era a deusa da Farmá-
cia e da Higiene, e Panaceia, 
remédio para todos os males. 
De acordo com o princípio de 
Hígia, a saúde dependia do es-
tilo de vida das pessoas, sendo 
a higiene uma das mais signi-
ficativas preocupações médi-
cas. Com isso, as prescrições 
eram medidas higiênicas, re-
gimes dietéticos, hidroterapia, 
repouso, clima e atmosfera de 
tranquilidade; a esperança e a 
confiança, por sua vez, visavam 
à manutenção da saúde. Ao mé-
18
UNICESUMAR
dico cabia o papel de orientar sobre as restrições comportamentais e dietéticas, já que a cura viria da 
natureza, a doença vinha como consequência da relação inadequada com a natureza e atribuía-se caráter 
de culpa e vergonha por este comportamento. Este conceito ficou inserido na cultura dos povos greco-
-romanos durante toda a Idade Antiga e permaneceu até a Idade Média (KOCH, 2011; UJVARI, 2020).
Em Epidauro, uma cidade da Grécia Antiga situada às margens do mar Egeu, por meio do culto a 
Asclépio, desenvolveu-se uma escola de medicina com métodos mágicos, que evoluíram e prepararam 
o caminho da medicina científica (KOCH, 2011).
Figura 4 - Hipócrates
Descrição: a figura compreende a foto do busto de 
Hipócrates, em mármore branco, com sulcos escure-
cidos. A imagem aparenta ser um homem cinquen-
tenário com uma vasta cabeleira, mas com falhas na 
testa, tornando-se um pouco mais volumosa nas têm-
poras, onde tem aspecto ondulado, e desce até uma 
barba cheia que cobre todo o queixo até a metade do 
pescoço. Uma túnica grossa cobre o ombro esquerdo, 
deixando a maior parte do peito à vista. O bustose sus-
tenta em uma base quadrada de dupla camada, sendo 
a superior menor e com a inscrição “Hippocrates”. 
Pitágoras, filósofo e matemático da época, con-
siderava que a doença era resultado da quebra ou 
perturbação do estado de harmonia (equilíbrio), 
o qual se baseava em proporções numéricas defi-
nidas. Segundo ele, exercícios físicos, passeios ao 
ar livre, audição de músicas suaves, alimentação à 
base de frutas e vida austera eram os meios mais 
adequados para restabelecer a saúde. Discípulo 
de Pitágoras, o médico e filósofo Alcméon pos-
tulava o princípio da isonomia das qualidades 
dos componentes do corpo – quente e frio, seco 
e úmido, amargo e doce – e o predomínio de uma 
dessas qualidades levaria ao desequilíbrio, isto é, à 
doença, assim, a cura corresponderia ao restabele-
cimento da isonomia (MENEZES, 2005; ANDRÉ, 
2013). As doutrinas de Pitágoras e Alcméon foram 
assimiladas e desenvolvidas em escolas médicas 
como Knidos, Crotone e Kos (MENEZES, 2005).
Hipócrates, nascido na ilha de Kos (460 a.C.), 
recebeu de seu pai, Heráclides, a formação médi-
ca básica, e foi contemporâneo de várias figuras 
intelectuais, como Péricles, Empédocles, Sócrates, 
Aristóteles e Platão. É atribuída a Hipócrates e a 
seus discípulos uma vasta obra de literatura mé-
dica composta por 53 livros, que se denominou 
Corpus Hippocraticum. A patologia geral descri-
ta por ele segue as teorias dominantes na escola 
de Kos e, de acordo com essas teorias, a vida era 
mantida pelo equilíbrio entre quatro humores: 
sangue, fleuma, bílis amarela e bílis negra, pro-
cedentes, respectivamente, do coração, cérebro, 
fígado e baço. Cada um desses humores teria di-
19
UNIDADE 1
ferentes características e tipos fisiológicos: o sanguíneo era quente e úmido, o fleumático, frio e úmido, 
o colérico (bílis amarela), quente e seco, o melancólico (bílis negra), frio e seco, e eram articulados, 
respectivamente, aos elementos da natureza: terra, água, fogo e ar. 
 “
A saúde resultava assim do equilíbrio entre os humores (eucrasia); sendo a doença o 
resultado do desequilíbrio entre estes (discrasia). A medicina hipocrática acreditava 
que a causa das doenças podia ser externa (temperatura, clima, alimentação, venenos, 
parasitas de origem animal), ou interna (diferentes raças, sexo, idade, meio de onde 
eram provenientes as pessoas) (ANDRÉ, 2013, p. 7). 
Era, então, fundamental analisar todo líquido excretado pelo doente, na investigação de qualquer alteração 
dos humores, nascia aí o nosso primitivo laboratório de análises clínicas. Avaliava-se a cor, o cheiro e, 
até mesmo, o gosto da urina, esmiuçavam-se as fezes, o escarro, o suor e o sangue em busca de qualquer 
alteração na consistência, no odor e na viscosidade, ou a presença de elementos estranhos (UJVARI, 2020).
Figura 5 - Teoria dos Humores
Fonte: adaptada de Menezes (2005, p. 11)
Descrição: a ilustração representa um esquema da Teoria dos Humores com 
seus elementos. Trata-se de um retângulo verde-claro entremeado por um 
losango branco cujos vértices tocam o meio de cada lado do retângulo, dando 
forma a quatro triângulos-retângulos de mesmo tamanho. Na parte exter-
na dos vértices do quadrado, leem-se as inscrições Coléricos, Sanguíneos, 
Fleumáticos e Melancólicos, respectivamente, no vértice superior esquerdo 
e direito e no inferior direito e esquerdo. Na parte externa dos vértices do 
losango, leem-se as inscrições Quente, Úmido, Frio e Seco, respectivamente, 
nos vértices superior esquerdo e inferior direito. No interior do triângulo-
-retângulo superior direito estão os termos Bílis amarela, Fígado e Fogo, no 
triângulo superior esquerdo constam os termos Sangue, Coração e Ar, no 
triângulo inferior esquerdo, os termos Linfa, Cérebro e Água. Por fim, no 
triângulo inferior direito, os termos Bílis negra, Baço e Terra.
Quente
Frio
Bílis Amarela
Bílis Negra Linfa
Sangue
Fígado Fogo
Terra
Baço
Seco Húmido
Água
Cérebro
Ar
Coração
Fleugmáticos
SanguíneosColéricos
Melancólicos
REALIDADE
AUMENTADA
ORIGEM DO SÍMBOLO DA FARMÁCIA
20
UNICESUMAR
O termo phármakon é atribuído a uma substância introduzida no organismo para modificar o seu 
estado, sendo referido nos poemas de Homero, algumas vezes, como remédio, em outras, como vene-
no. A melhor definição dada para phármakon é: toda substância exterior ao corpo capaz de produzir 
sobre esse uma modificação favorável ou desfavorável. 
Os phármakon eram classificados como purgantes (eméticos, diuréticos e laxantes) e não purgantes, 
à medida em que os purgantes possuíam ação evacuante, agindo de forma purificadora, mediante a 
expulsão da matéria patogênica pelo organismo (MENEZES, 2005; ANDRÉ, 2013).
Na Grécia, eram várias as denominações utilizadas para definir os profissionais que lidavam com medica-
mentos. Os mais comuns eram os vendedores de medicamentos (pharmakopoloi), que também teriam outras 
funções no campo da saúde e cuja situação social e cultural não era das mais elevadas. De mais importância 
havia o grupo dos raizeiros ou cortadores de raízes (rhizotomoi) dos quais era exigido menos conhecimen-
to. Outros grupos no campo farmacêutico incluíam os preparadores de medicamentos (pharmakopoeioi), 
os preparadores de unguentos (myropoeioi), os vendedores de misturas (migmatopoloi), os vendedores de 
especiarias (aromatopoloi), os vendedores de mirra (muropoloi), entre outros (MENEZES, 2005).
A formação do Império Romano teve influências diretas do mundo grego, este foi a principal fonte 
de inspiração daquele. Dessa forma, tem sido difícil distinguir, com exatidão, os elementos gregos dos 
romanos, adotando-se, então, a designação “greco-romana”. Isso também teve reflexos na medicina 
romana, por exemplo, Asclépio é denominado Esculápio e muitos médicos influentes em Roma são 
de origem grega, sendo as figuras mais marcantes da medicina e da Farmácia: Celso; Plínio, O Velho; 
Scribonius Largus; Dioscórides e Claudius Galeno (MENEZES, 2005; ANDRÉ, 2013).
O Corpus Hippocraticum foi o marco da mudança na maneira de fundamentar o atendimento 
aos doentes. Em vez de atribuir as doenças às influências mágicas e religiosas, elas passam a 
receber explicações racionais baseadas em quatro princípios: observar tudo (diagnóstico pelo 
uso dos sentidos); estudo do paciente em vez da doença (aplicação da anamnese); avaliação 
honesta (divulgar os fracassos médicos em diagnosticar e tratar); ajudar a natureza (sempre 
se posicionar em benefício do bem-estar e da saúde do paciente). 
O prognóstico passa ser uma das partes mais importantes da medicina, pois, para o médico, 
prever o curso de uma doença é a conclusão racional construída com base na experiência e no 
conhecimento. Hipócrates foi considerado o fundador da medicina científica e da ética médica. 
Esta é resumida na famosa regra da honra médica primum non nocere (antes de tudo, não causar 
dano). O tratamento era orientado pela utilização de ações e medicamentos contrários (contrário 
cura contrário), semelhantes (semelhante cura semelhante) e dessemelhantes (futura alopatia). Em 
geral, os recursos terapêuticos empregados, à época, eram as dietas, a farmacoterapia e a cirurgia.
Fonte: adaptado de André (2013).
21
UNIDADE 1
Embora seja grande a dimensão da medicina 
greco-romana, nos limitaremos, aqui, a falar so-
bre Galeno e a importância do seu legado para 
as ciências médicas da atualidade. Conhecido 
como pai da Farmácia, Galeno nasceu em 129 
d.C., em Pérgamo, uma cidade grega localizada 
na atual Turquia. A medicina hipocrática foi a 
grande influenciadora da sua formação de mé-
dico nas escolas de Pérgamo e Corinto. A aber-
tura de cadáveres era proibida, na época, pela 
lei romana, com isso, Galeno dissecava animais, 
como porcos e macacos, e descrevia, com deta-
lhes, todos os seus achados. O seu conhecimento 
de anatomia e fisiologia do corpo humano foi 
aprimorado na escola médica de Alexandria e 
quando trabalhou como médico na escola de 
gladiadores de Pérgamo (ANDRÉ, 2013; STÜLP; 
MANSUR, 2019). 
Na obraDe Methodo Medendi (em portu-
guês, A Arte de Curar), Galeno tratou de assuntos 
como as propriedades e a composição dos me-
dicamentos simples e compostos, descrevendo 
inúmeras substâncias de origem vegetal, animal e 
mineral. Do ponto de vista farmacêutico, o ápice 
do “galenismo” foi a transformação da patologia 
humoral hipocrática numa teoria racional e sis-
temática, em que se faz necessária a classificação 
de medicamentos. Ao utilizar remédios que ti-
vessem propriedades opostas à causa da doença, 
Galeno diferenciou três classes deles: aqueles que 
atuam sobre uma qualidade elementar; aqueles 
que atuam sobre várias qualidades elementares 
e os dotados de uma ação específica. À época de 
Galeno, os romanos salientaram a importância 
da saúde pública, melhorando as condições de 
higiene e introduzindo o uso de plantas medi-
cinais. As obras de Galeno, conhecidas até hoje, 
dominaram a Medicina e a Farmácia até o século 
XVII, ou seja, por 15 séculos, tendo vasta influên-
cia no Ocidente cristão e no mundo árabe até o 
século XVIII (ANDRÉ, 2013).
Listamos, a seguir, algumas espécies vegetais 
utilizadas e descritas por Galeno com suas res-
pectivas aplicações terapêuticas e que, ainda, são 
conhecidas e usadas na atualidade: a abóbora 
macerada crua, na forma de emplastro, comba-
te inchaços; o absinto para tratar perturbações 
digestivas; o açafrão tem propriedades expec-
torantes e laxativas; o agrião combate a anemia; 
o alecrim para a epilepsia; o anis e o seu óleo 
aromático; a arruda também aromatizante; o 
aspargo é muito benéfico para o estômago; a 
couve é usada como remédio digestivo, tônico 
para as articulações, para problemas de pele e no 
combate à febre; o cravo-da-índia aromático é 
usado em cerimônias religiosas; o feno-grego, 
muito valorizado por Hipócrates para facilitar 
o parto e aumentar a secreção do leite materno; 
a seiva da figueira usada no combate à sarna, 
para queimaduras do sol e manchas pelo corpo; 
a erva-de-são-joão (hipérico) com proprieda-
des antidepressivas, como se diziam, esconjura-
va os maus espíritos; da macela se preparavam 
clisteres laxativos; mandrágora, uma planta 
mística, era usada como analgésico, afrodisía-
co, ansiolítico e alucinógeno, era destinada a 
tratar a esquizofrenia; o milefólio (mil-folhas) 
tratava a hemorragia das feridas de soldados 
devido às suas propriedades anticoagulantes; o 
sabugueiro era empregado como expectorante, 
diurético e laxativo potente; o salgueiro-branco 
foi a fonte da salicina, substância precursora da 
aspirina, era um remédio muito antigo e o mais 
empregado como analgésico (ANDRÉ, 2013). 
Muitas espécies vegetais utilizadas na Antiguida-
de deram origem a medicamentos que passaram 
a ser sintetizados, quimicamente, e tiveram o uso 
perpetuado até os nossos dias.
22
UNICESUMAR
A Idade Média, comumente, de-
nominada “Idade das Trevas”, da 
intolerância religiosa, do obscu-
rantismo e do misticismo por 
excelência, inicia-se em 476 d.C., 
com a queda do Império Roma-
no do Ocidente, o que conduziu 
à perda do conhecimento greco-
-romano para os mais instruídos, 
ficando, apenas, a língua latina 
como elo de união entre os po-
vos. Este acontecimento levou 
a Europa Ocidental à perda do 
acesso aos trantados da Antigui-
dade Clássica, escritos em gre-
go, ficando, somente, as versões 
incompletas, a maior parte das 
vezes, cheias de erros, traduzidas 
para o latim. A vida intelectual e 
cultural e o parco conhecimento 
médico clássico remanescente 
concentraram-se nos mosteiros, 
local onde os monges copiavam 
textos e faziam compilações, mui-
tas vezes, deturpadas, da informa-
ção existente, introduzindo, como 
novidade, ilustrações nos manus-
critos, todos escritos em latim. 
Nisibis
PONTO
Bizâncio
Alexandria
EGIPTO
MACEDÔNIA
HISPANIA
ITÁLIA
GÁLIA
Mérida
Roma
BRETANHÃ
I.R do Ociente I.R do Oriente
Divisão do Império Romano
depois da morte de Teidósio (395 d.C.)
Figura 6 - Divisão do Império Romano
Fonte: Menezes (2005, p. 15).
Descrição: a figura traz um mapa do ano de 395 d.C., composto pela Europa 
e pelo norte da África centralizado no Mar Mediterrâneo. As terras fora dos 
limites do Império estão coloridas em rosa escuro e as águas em azul com 
pontilhados escuros representando ondas. Uma linha vertical pontilhada, 
que sai do norte da África e vai até o limite da Macedônia com a Itália, divide 
o mapa em duas partes iguais. A parte da direita configura o Império Roma-
no do Oriente, colorido em laranja até os seus limites, composto, à leste, 
pela Macedônia com a sua capital Bizâncio, à oeste o Ponto com sua capital 
Nisibis, ao sul pelo Egito, com sua capital Alexandria. O Império Romano 
do Ocidente, colorido de verde, é composto, ao sul, por uma faixa do norte 
da África que vai do Egito até o que, hoje, é o Estreito de Gibraltar, à leste, 
pela Itália, com a sua capital Roma, à oeste, pela Hispania e a sua capital 
Mérida, ao centro, pela Gália, e, ao norte, pela Bretanha. Na parte inferior 
esquerda da figura há a inscrição “Divisão do Império Romano depois da 
morte de Teodósio (395 d.C.)”.
Simultaneamente, no Império Romano do Oriente, historicamente, denominado Império Bizantino, 
constituído por diversos povos, dentre os quais, gregos, persas e egípcios, verificava-se a continuidade 
do conhecimento, uma vez que o acesso às fontes originais foi mantido. E foi assim, de forma natural, 
que a cultura clássica foi passada do Império Bizantino ao mundo árabe (ALMEIDA, 2009; ANDRÉ, 
2013). As ciências médicas, na Idade Média, configuram-se em três vertentes principais: uma medieval, 
ocorrida na Europa Ocidental, a medicina bizantina e a árabe (islâmica) no mundo oriental.
Na Europa Ocidental, como religião, predomina o Cristianismo e os princípios da Medicina passam 
a ser tratados, metaforicamente, pela Igreja. Cristo, o Redentor, é comparado a um médico – Christus 
23
UNIDADE 1
medicus – e, ao mesmo tempo, o remédio para todos os males. Os padres e os monges detiveram o que 
restou da medicina clássica hipocrática. Aplicando esses conhecimentos e realizando curas, se auto-
denominavam médicos da alma – medici animarum. Com isto, o doente estava associado à condição 
de pecador, e a medicina, ao Cristianismo redentor. 
Veja você que este pensar médico do início da Idade Média liga-se, diretamente, ao modo de repre-
sentação do processo saúde-doença pelas crenças sumérias e assírio-babilônicas da Antiguidade. As 
doenças eram consideradas possessões demoníacas cujo remédio era o exorcismo (MENEZES, 2005). 
O Evangelho de Mateus, capítulo 9, versículos 32-33, relata: “Mal tinham saído, trouxeram a Jesus um 
possesso que era mudo. Quando o demônio foi expulso, o mudo começou a falar” (BÍBLIA, 2016, p. 
1724). Muitas outras curas foram operadas por Jesus Cristo segundo os evangelhos, prática continuada 
pelos apóstolos e primeiros cristãos.
A associação entre doença e pecado permanece até a atualidade e não, apenas, na visão popular 
da medicina. O Cristianismo dá uma nova dimensão ao pecado como causa da doença, a do pecado 
coletivo, aquele original que retirou a imortalidade da raça humana e atribuiu a doença e o sofrimento. 
A doença passa a ser considerada um sacrifício humano para a expiação dos pecados, a salvação da 
alma para alcançar a vida eterna prometida por Cristo.
A Igreja Católica combateu, veemente, todas as práticas religiosas alheias à doutrina cristã, com 
destaque à superstição, à bruxaria e a todas as formas de demonologia, assim como condenou o poli-
teísmo egípcio, mesopotâmico e greco-romano e o tão difundido culto a Asclépio. A necessidade de 
afirmar a superioridade do poder curativo do Cristianismo fez do culto aos santos e das suas relíquias 
as fontes de cura pela produção de milagres, o que levou vários povos à conversão ao Cristianismo. 
A medicina monástica (praticada pelos monges) expandia-se pela Europa e foi usada como meio de 
difusão da religião cristã. O mosteiro Monte Cassino, da ordem beneditina (fundada por São Bento 
deNúrsia), na atual Itália, tornou-se um centro importante de conhecimento médico, um depósito 
valioso de manuscritos clássicos, tanto originais como cópias. Instalações anexas aos mosteiros que 
funcionavam como nosocomium (hospitais primitivos) recebiam e cuidavam dos enfermos (MENE-
ZES, 2005; ALMEIDA, 2009; ANDRÉ, 2013; UJVARI, 2020).
A peste negra (uma combinação de peste bubônica com pneumonia), que matou, aproximada-
mente, um terço da população europeia, no início do século XII, foi um dos fenômenos epidêmicos 
que mais contribuiu para as mudanças profundas na mentalidade do indivíduo medieval com relação 
ao processo saúde-doença. Pelo fato de os conhecimentos médicos da época serem insuficientes para 
tratar a peste, predominou uma atitude que variava entre a fuga e o fatalismo, encarando a epidemia 
como castigo divino. Pois o fato de leigos exercerem a medicina não significa que explicações religiosas, 
influência dos astros e conspirações de envenenamento dos poços eram deixadas de lado, na verdade, 
as autoridades urbanas, por sua vez, tomaram uma série de medidas tentando “aplacar a ira divina”, por 
exemplo, intensificar o controle moral sobre os seus habitantes e reforçar as atividades religiosas, tais 
como procissões, cultos aos santos, culto mariano etc., que passaram a ser obrigatórias. 
24
UNICESUMAR
Houve, também, avanços na Europa Ocidental da Idade Média, em diferentes áreas, dentre eles, 
a criação de universidades, que permanecem até hoje. As melhorias na agricultura fomentaram 
o comércio e, com isso, o desenvolvimento urbano e o crescimento da população, o que culmi-
nou no fenômeno conhecido como Renascimento. A Escola de Salerno, na Itália, e a de Mon-
tpellier, na França, foram alguns dos contrapontos da medicina laica da Europa cristã do século 
X. Essas escolas tiveram influência da civilização muçulmana, o que permitiu o intercâmbio 
de estudiosos de medicina de várias regiões, como Índia, China e Pérsia, além das contribui-
ções originais e da experimentação e observação médicas desenvolvidas na medicina árabe. 
Figura 7 - A Peste Negra
Descrição: a figura mostra a fotografia da cena de um filme sobre a Peste Negra e que caracteriza a paramentação 
médica da época. O médico, apresentado à frente e à direita da cena, está em pé, de perfil, vestido com uma pesada 
e comprida capa preta, que cobre os pés, de mangas longas e calçado e luvas pretas grossas. Sobre a cabeça, há uma 
espécie de capuz preto, que cobre até os ombros, acoplado a uma máscara de metal com dois orifícios fechados com 
vidros, para permitir a visão do médico, abaixo, um grande e longo bico, semelhante ao de um pássaro, para manter a 
reserva de ar. Ainda sobre a cabeça, encontra-se uma cartola preta para firmar o capuz. À tiracolo, uma bolsa branca 
com a alça transpassada no peito e conteúdo aparente. O braço direito encontra-se estendido ao longo do corpo com 
a mão sobrepondo a bolsa, e o braço esquerdo, flexionado. Na mão, uma bengala de madeira escura é segurada pelo 
meio. Logo à direita e um pouco mais ao fundo está um grupo de quatro pessoas, três mulheres e um homem, todos 
de costas. As mulheres, com vestidos longos de tecidos escuros e toucas brancas, e o homem, com calça, botas e um 
casaco cingido à cintura, todos escuros. Ao lado esquerdo do grupo de pessoas, há um cavalete feito de madeira para 
amarrar cavalos. Atrás do grupo e do cavalete, há uma tenda de lona branca no formato de cone. O chão é calçado com 
pedras desordenadas e apresenta grama entre os rejuntes. Ao fundo, tomando a metade esquerda da figura, há uma 
parede de pedras com duas janelas estreitas e altas. Na outra metade, um pouco mais distante, há um muro alto no 
estilo medieval e, acima do muro, o céu muito nublado e acinzentado. Entre a parede o muro, encontra-se um monte 
de feno, ao lado, uma pequena tenda com pessoas e objetos, os quais não são possíveis de definir, adequadamente. 
25
UNIDADE 1
Nas obras de conteúdo farmacêutico e tera-
pêutico, originárias de Salerno, destacam-se o 
Antidotarium e o De Simplici Medicina. A pri-
meira contém umas 140 fórmulas farmacêuti-
cas ordenadas, alfabeticamente, e um apêndice 
sobre pesos e medidas. Foi um dos receituários 
mais utilizados por médicos e farmacêuticos 
durante a Idade Média e, no século XII, o seu 
uso passou a ser obrigatório em todas as boticas 
de Paris. A segunda obra inclui mais de 250 
artigos referentes a drogas medicinais, também, 
dispostas, alfabeticamente, em que são aborda-
das as suas propriedades, etimologia e história 
(MENEZES, 2005).
Também teve participação, neste renascer, 
a tradição médica judaica, fundada no conhe-
cimento continental adquirido pelo processo 
migratório ocorrido na diáspora, que levou ao 
desenvolvimento de expressivo conhecimento 
médico, tendo Moisés Maimônides (médico, 
filósofo e rabino) como um dos maiores no-
mes da medicina na Idade Média da Europa 
Ocidental. Hildegard von Bingen, religiosa e 
médica alemã, foi um dos raros destaques fe-
mininos na medicina da época. As suas obras 
mais importantes são Scivias, Physica e Causae 
et Curae, a primeira de natureza religiosa, e as 
duas últimas fazem uma ponte entre a medicina 
da Antiguidade e o seu conhecimento prático, 
como o uso de plantas com propriedades cura-
tivas, contendo, igualmente, fundamentos de 
farmacologia e de botânica aplicada à medicina, 
na qual se destaca o uso de produtos caseiros, 
como óleo de oliva, lanolina, vinho e vinagre, 
funcho, lavanda, noz moscada, camomila etc. 
Von Bingen tratou, com sucesso, casos de fe-
bre, epilepsia, laringite, depressão, ansiedade, 
tumores, problemas de pele e de olhos, entre 
outros, dando muita importância à natureza 
e à alimentação equilibrada como forma de 
preservar e, muitas vezes, restituir a saúde. Essa 
médica soube separar religião e cuidados médi-
cos (MENEZES, 2005; ALMEIDA, 2009).
O desenvolvimento do ensino universitário 
de medicina impulsionou o comércio de espe-
ciarias orientais por meio do Mediterrâneo e 
cresceu o número dos “especieiros” – aqueles que 
se dedicavam ao comércio ambulante de drogas 
e especiarias – os quais desenvolveram progres-
sivo processo de especialização na preparação 
de medicamentos, aumentando, assim, as suas 
perícia e formação técnica. Esse processo deu 
origem ao profissional denominado “boticário”, 
que não era mais um ambulante, mas sim, esta-
belecido em armazéns fixos, as boticas, e já usa-
vam instrumentos e ferramentas específicas no 
preparo dos medicamentos (MENEZES, 2005).
Na Europa, a separação, de fato, entre as pro-
fissões do médico e do boticário (farmacêutico) 
ocorreu por ordem legal do rei Frederico II 
da Sicília, no ano de 1240, por meio do Édito 
de Melfi, que reafirmou a obrigatoriedade de 
um curso de tipo superior para o exercício da 
medicina, ao mesmo tempo em que proibiu 
qualquer tipo de sociedade entre médicos e 
boticários e determinou que esses deveriam 
dispensar os medicamentos de acordo com as 
receitas médicas e as normas éticas universitá-
rias. O mesmo édito introduziu o princípio da 
necessidade de algum controle dos preços dos 
medicamentos e do licenciamento e inspeção 
da atividade farmacêutica. Este legado difun-
diu-se por toda Europa até meados do século 
XIII (MENEZES, 2005; ANDRÉ, 2013), e, como 
você pode observar, permanece, ainda hoje, em 
quase todo o mundo.
26
UNICESUMAR
A farmácia europeia medieval reflete a influência 
árabe. O espaço físico da farmácia era pequeno e 
aberto para o mercado, sobre o balcão, estavam dis-
postos almofarizes, pilões e balanças, por detrás do 
balcão, as prateleiras estavam preenchidas com me-
dicamentos simples e compostos. Apesar de todo este 
envolvimento com o pensamento místico e religioso, 
a Farmácia alcançou consideráveis conquistas, como 
a separação da profissão farmacêutica, a introdução 
de farmacopeias no exercício profissional, o estabe-
lecimento físico da farmácia e o reforço do papel 
do farmacêutico enquanto agente da saúde pública(MENEZES, 2005).
Paralelamente ao desenrolar da organização polí-
tico-social da Europa Ocidental, os árabes iniciaram 
a sua expansão no século VII, depois da conversão 
dos povos da Península Arábica à fé islâmica, esta 
revelada por Maomé. O Império Árabe estendia-se 
desde a Península Ibérica, hoje, compreendida por 
Portugal e Espanha, até o norte da África, o Oriente 
Médio, a Pérsia e a Índia. A descoberta e o uso de 
novos medicamentos, ambos estagnados na Europa 
Ocidental, foram, de certa forma, compensados pelos 
árabes. Com o domínio do comércio do Oceano 
Índico e os caminhos das caravanas provenientes da 
Índia e da África, os árabes tiveram acesso a muitas 
plantas dessas regiões e de outras originárias de zo-
nas isoladas da Ásia. 
Neste período, a medicina árabe conheceu a al-
quimia e os seus aspectos místicos originários de 
Alexandria, os quais, somados às técnicas químicas 
que essa medicina dominava, criaram uma prática 
científica de grande utilidade para a Farmácia. Outra 
contribuição muito importante foram os numerosos 
formulários com compilações de fórmulas e receitas 
de medicamentos, dos quais se destaca o denomina-
do ibn-’AbdRabbih’s al-Dukkan (A Farmácia), que 
descrevia as composições e doses a serem utilizadas 
dos medicamentos mais usados pelos árabes (ME-
NEZES, 2005; ANDRÉ, 2013).
O mais conhecido sábio da tradição médica islâ-
mica talvez seja Abu Ali ibn Sina, ou, simplesmente, 
Avicena, como era chamado pelos latinos. Nascido 
na Pérsia em 980, desde cedo, estudou filosofia e me-
dicina e, aos 16 anos, já a exercia. A sua obra Cânone 
de Medicina é composta por cinco volumes, dois dos 
quais dedicados à Farmácia, que tratam da matéria 
médica e dos medicamentos compostos. A maté-
ria médica era dividida em duas partes: a primeira 
abordava as propriedades das drogas, incluindo as 
qualidades, as virtudes e os modos de conservação, a 
segunda continha uma lista de fármacos ordenados, 
alfabeticamente, com suas indicações terapêuticas 
(MENEZES, 2005). Estes livros possuíam uma vasta 
lista de substâncias terapêuticas simples, um tratado 
sobre venenos e preparações de medicamentos e 
uma longa lista de receitas medicinais. Apesar do seu 
saber ter forte influência de Galeno, Avicena con-
tribuiu, também, por mérito próprio, para a ciência 
farmacêutica da época. 
27
UNIDADE 1
 “
Avicena introduziu também no campo da farmácia as pílulas douradas e prateadas, a 
cura de glucose, usando frutos ricos em açúcar, inúmeros pensos, compressas, clisteres, 
ampolas, massagens e diversos métodos terapêuticos entre os quais, a distensão de 
membros em caso de fratura. Aperfeiçoou o processo da destilação que utilizou para 
extrair o famoso óleo-de-rosas para ser usado na pele e no cabelo. A água-de-rosas era 
utilizada como aromatizante da compota chamada lokum. A influência de Avicena 
foi muito notória, sendo o seu trabalho tão referenciado como Galeno nas áreas da 
Medicina e da Farmácia (ANDRÉ, 2013, p. 43).
Foram os árabes os responsáveis pelo desenvolvimento das técnicas e operações unitárias físico-químicas, 
como destilação, sublimação, cristalização e filtração e, também, pela introdução de novas formas farma-
cêuticas espessas, tais como xaropes, conservas, confecções, julepos e eletuários, todas com a utilização 
de mel e açúcar, demonstrando, assim, que os remédios amargos não são os únicos a serem eficazes. 
 “
A conservação e o armazenamento de medicamentos e das matérias-primas, foram 
também uma preocupação dos árabes. Para tal, utilizaram recipientes de madeira, de 
ouro, de prata e ainda de porcelana. O exercício da prática farmacêutica foi valorizado 
entre os árabes, que perceberam a necessidade de um local exclusivo para tal prática, mais 
precisamente, para a preparação e comercialização de medicamentos e também para os 
profissionais desempenharem a sua atividade, o qual denominaram “sandalinis”. Este local 
destinava-se também à preparação e venda de espécies e perfumes. É também à farmácia 
árabe que se deve o desenvolvimento da farmácia hospitalar. [...] O mundo árabe foi o 
primeiro a desenvolver uma divisão de trabalho entre médicos e farmacêuticos. Em Bagdá 
criaram-se estabelecimentos de venda de drogas e medicamentos. Muitos desses estabe-
lecimentos seriam dirigidos por comerciantes de fraca preparação técnico-científica, os 
al-attar, mas desde o século VIII passou a existir um outro profissional de mais elevada 
formação, os Sayadilah. É incontestável a contribuição árabe para o desenvolvimento da 
identidade do farmacêutico, surgindo assim, um especialista com o conhecimento avan-
çado sobre as substâncias terapêuticas, com capacidade de manipular e elaborar formas 
farmacêuticas agradáveis de administrar ao paciente (ANDRÉ, 2013, p. 44).
O Califado de Córdoba, na Península Ibérica, foi considerado um grande centro intelectual islâmico de 
formação médica e filosófica. Albucasis (Al-Zahrawi Abu’l-Qasim Khalaf ibn ‘Abbas), nascido naquela 
região, exerceu medicina, farmácia e cirurgia e escreveu uma enciclopédia médica em 30 tratados, 
que trazia conhecimentos de medicina, farmácia, cirurgia, matéria médica, química farmacêutica e 
cosmética, entre muitos outros assuntos (MENEZES, 2005). Também natural de Córdoba, o médico e 
filósofo Averróis (Abulwalid Mohammed ibn-Ahmed ibn-Mohammed ibn-Roschd), nascido em 1126, 
escreveu o seu Culliyyâth (Tratado sobre a Totalidade do Corpo Humano), que muito contribuiu ao 
ensino da anatomia humana (PACHECO, 2020).
28
UNICESUMAR
 “
A queda de Constantinopla em 1453, às mãos dos turcos otomanos, levou a emigração 
para Itália de grande número de bizantinos, continuadores da cultura de língua grega 
e portadores de manuscritos de ciência, medicina e outras áreas do saber. Foi essa che-
gada que marcou o início do Renascimento, provocando uma enorme renovação do 
interesse pela cultura clássica, num movimento crescente que foi das letras e das artes 
à ciência e à tecnologia, potenciado pela introdução dos caracteres móveis na imprensa 
de Gutenberg (MENEZES, 2005, p. 24).
Houve, também, o advento do pergaminho e, depois, do papel, em substituição aos tão difundidos 
papiros. A reconquista da Península Ibérica pelos cristãos, depois de sucessivas batalhas, e as Grandes 
Navegações abrem as portas da Europa ao mundo por novos caminhos e permitem vasto intercâmbio 
cultural e científico (MENEZES, 2005).
 “
O Renascimento viu o aparecimento de um novo tipo de literatura sobre plantas, que 
introduziu a necessidade da representação da realidade natural, tanto através do pró-
prio texto como das imagens. A primeira obra desta natureza foi o Herbarum Vivae 
Eicones (1530) do médico, botânico e teólogo protestante alemão Otto Brunfels, que 
inclui 238 imagens desenhadas pelo artista Hans Weiditz a partir das formas naturais 
(MENEZES, 2005, p. 26).
Várias obras botânicas com plantas medicinais foram criadas na Alemanha e em outros países da 
Europa, o que levou ao aparecimento dos jardins botânicos em várias cidades italianas, alemãs, ho-
landesas e francesas bem como a inclusão da botânica nos currículos médicos. Os jardins botânicos 
foram essenciais para o estudo e fornecimento às farmácias de espécies de plantas locais, devidamente, 
controladas, e, posteriormente, para o estudo e a aclimatação de espécies exóticas provenientes de 
outras partes do mundo. 
Realmente, a Medicina e a Farmácia tiveram expressivo avanço no 
mundo árabe. Para ilustrar, um pouco mais, os fatos que ocorreram 
na medicina da Idade Média Oriental, indico um vídeo do YouTube 
que foi produzido por alunos do Curso de História da Medicina da 
Faculdade Pernambucana de Saúde.
Para acessar, use seu leitor de QR Code.
https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/6936
29
UNIDADE 1
Pela impossibilidade de ter plantas vivas para se-
rem estudadas, tornou-se comum a elaboração de 
herbários (coleção científica de plantas secas), téc-
nica conhecida desde o século XIV, mas difundida, 
somente, a partir da década de1530. A corrida pelo 
conhecimento do maior número de plantas medi-
cinais oriundas de diversas regiões do Ocidente e 
do Oriente levou à organização, no Antigo Impé-
rio Austríaco, de uma rede informal de médicos, 
farmacêuticos, botânicos, mercadores, viajantes e 
diplomatas (MENEZES, 2005).
 “
O velho conceito galênico dos 
odores e sabores das drogas 
como manifestação das qua-
lidades dos medicamentos, 
junto com o aperfeiçoamento 
das técnicas de destilação pe-
los árabes, levou ao desenvolvi-
mento do conceito de “princí-
pio ativo” e ao aparecimento da 
química farmacêutica. A partir 
daí surgiu a ideia de ser possível 
extrair das drogas um princípio 
ativo ou essência, que concen-
trasse as suas qualidades e ação 
terapêutica, eliminando com-
ponentes supérfluos e aumen-
tando o efeito farmacológico 
(MENEZES, 2005, p. 27).
Partindo da Península Ibérica em missões diplomá-
ticas e comerciais, boticários e médicos alcançaram 
a Índia e a China. Tomé Pires, boticário português, 
esteve na Índia, precisamente, em Cananor e Mala-
ca, como feitor e inspetor de drogarias. Estando em 
Cochim, Tomé escreveu a D. Manuel, o rei portu-
guês, uma carta em que descreve características de 
grande número de drogas asiáticas. Outro boticário 
português, Simão Álvares, partiu para a Índia, e, a 
partir de seus estudos, escreveu Do Nascimento de 
Todas as Drogas que vão para o Reino. O médico 
espanhol Garcia de Orta, radicado em Goa, na Ín-
dia, é autor das duas mais importantes obras para 
o estudo médico e botânico das drogas orientais, 
o Colóquio dos Simples e o Colóquio de Drogas e 
Coisas Medicinais da Índia. No seu Colóquio dos 
Simples, escrito em língua portuguesa, Orta apre-
senta a primeira descrição rigorosa, feita por um 
europeu, das características botânicas, origens e pro-
priedades terapêuticas de muitos fármacos orientais. 
Ele estudou, in loco, um grande número de plantas 
medicinais que eram conhecidas, apenas, na forma 
da droga, ou seja, na forma de parte da planta colhida 
e seca. Orta também incluiu, além de vários outros 
assuntos, algumas observações clínicas, das quais se 
destaca a primeira descrição, feita por um europeu, 
da cólera asiática (MENEZES, 2005).
 “
Contrariamente ao que acon-
tecia com a oriental, a matéria 
médica americana era des-
conhecida na Europa até a 
viagem de Colombo. Por essa 
razão e porque o objetivo dos 
espanhóis era precisamente 
atingir a Ásia e introduzir as 
drogas orientais no comércio 
europeu, vamos observar duas 
fases distintas na introdução 
das drogas americanas na Me-
dicina européia. A primeira, 
que corresponde grosseira-
mente ao século XVI, é domi-
nada pela introdução de dro-
gas apresentando semelhanças 
com outras orientais, muitas 
correspondendo a outras es-
30
UNICESUMAR
pécies do mesmo gênero. É a fase da procura de drogas americanas que substituíssem 
as orientais no comércio. Nesta fase foram igualmente introduzidas drogas destinadas à 
cura da sífilis, correspondendo à ideia galênica de que as doenças de determinado clima 
deveriam ser combatidas com drogas provenientes do mesmo clima. As drogas americanas 
mais singulares e que, por essa mesma razão, mais impacto teriam na Medicina européia 
só seriam introduzidas no século XVII. A ida de Francisco Hernández, outro médico 
espanhol, para o continente americano mostra a diferente atitude face à matéria médica 
das suas conquistas evidenciada pela Coroa espanhola, resultante do fato de se mostrar 
necessário criar um mercado que só existia para as drogas orientais (MENEZES, 2005, p. 30).
Na Europa do século XVII, tem início o movimento chamado Revolução Científica, cujas características 
eram a negação do empirismo e a adoção do método científico com base no indutivismo (observação 
repetida dos fenômenos). Dentre as grandes figuras desta “filosofia experimental”, citam-se Francis Bacon, 
René Descartes e Galileu Galilei, na mecânica, triunfa Isaac Newton. 
 “
A Iatroquímica foi o primeiro sistema a romper abertamente com o galenismo. Ele foi 
formulado na segunda metade do século XVII pelo holandês Franz de le Boë (Franciscus 
Sylvius) e pelo inglês Thomas Willis, que se basearam numa interpretação química dos 
processos fisiológicos, patológicos e terapêuticos. Aproveitaram igualmente todos os 
avanços mais recentes no campo da Medicina, como a anatomia baseada na dissecção 
de cadáveres humanos e a doutrina da circulação do sangue de William Harvey. Joan 
Baptista van Helmont defendeu a existência de agentes químicos específicos das doenças 
(archaei) contra a teoria do desequilíbrio humoral e estudou a digestão como processo 
químico. Franz de le Boë elaborou uma Fisiologia baseada em processos de fermentação 
e de reações de ácidos e bases, atribuindo às enfermidades o excesso de acidez ou alcali-
nidade. Thomas Willis, em seu Pharmaceutice Rationalis, procurou explicar a ação dos 
medicamentos (MENEZES, 2005, p. 34).
Conhecimentos de mecânica foram incorporados aos estudos de medicina e fisiologia por cientistas como 
Descartes, Santorio, Borelli, Boerhaave e Sydenham (MENEZES, 2005).
 “
A contribuição dos portugueses para o conhecimento da matéria médica africana e bra-
sileira ficou muito aquém do nível observado no Oriente. A matéria médica do Atlântico 
Meridional despertou inicialmente pouco interesse entre os autores médicos portugueses, 
devendo-se a maior parte dos contributos para o seu conhecimento a colonos, missioná-
rios, militares e viajantes. O jesuíta Padre José de Anchieta escreveu uma relação sobre a 
matéria médica brasileira, descrevendo a ipecacuanha e outras plantas, e Gabriel Soares 
de Sousa em sua Notícia do Brasil inclui uma longa seção sobre plantas medicinais e sobre 
a medicina dos tupinambás (MENEZES, 2005, p. 35-36). 
31
UNIDADE 1
A mais célebre das drogas brasileiras difundidas no século XVII foi 
a ipecacuanha (Cephaelis ipecacuanha), a ação emética da raiz da 
planta de mesmo nome. Utilizada pelos índios tupis, no Brasil, foi 
conhecida pelos jesuítas, logo, no século XVI, e o seu uso se espalhou 
pela Europa (MENEZES, 2005).
 “
Do ponto de vista da terapêutica, a grande inova-
ção deste período foi o aparecimento da farmá-
cia química, que surgiu em oposição à farmácia 
tradicional, a galênica, baseada na utilização de 
substâncias de origem vegetal e animal. Os medi-
camentos químicos foram introduzidos em resul-
tado das teorias dos iatroquímicos e do desenvol-
vimento de técnicas que visavam obter princípios 
ativos puros, em oposição às misturas complexas 
obtidas nos preparados galênicos. Os remédios 
químicos incluíam sais metálicos, principalmente 
de antimônio e mercúrio, e também substâncias 
medicamentosas obtidas por destilação de drogas 
vegetais. A farmácia química utilizava técnicas e 
instrumentos próprios, herdados do laboratório 
alquímico, da metalurgia e da contrastaria (ofi-
cina de metais e jóias) (MENEZES, 2005, p. 36).
Apesar da introdução da química na literatura, observou-se resistên-
cia passiva à difusão das técnicas químicas na prática farmacêutica. 
Notou-se a tendência de aquisição de medicamentos químicos já 
transformados, de forma a evitar a realização de operações labora-
toriais. Grande parte das boticas não possuía nem as instalações, 
nem o equipamento necessário para a manipulação química, o que 
resultou na falta de investimento nas novas técnicas de preparação 
de medicamentos. Houve expansão na busca de medicamentos e os 
lucros líquidos das boticas se elevaram, pelo fato de que os boticá-
rios podiam obter lucros mesmo adquirindo matérias-primas com 
alto grau de transformação. Existiam, também, outras razões que 
impulsionaram os boticários a preferirem comprar dos droguistas 
em vez da manipulação laboratorial, como as vantagens da compra 
a crédito e a tendência a investir em atividades e vias de ascensão 
social impróprias à profissão (MENEZES, 2005).
32
UNICESUMAR
Em Portugal, dentre as novas atividades e ocupações que tomaram novo impulso durante a primeirametade do século XVIII, destacou-se a fabricação de remédios secretos. Os segredos medicinais ti-
veram muita aceitação, sendo produzidos e vendidos por portugueses e estrangeiros, de todo o tipo 
de profissões, com ênfase aos médicos e cirurgiões. Os seus autores e fabricantes mantinham, em 
segredo, a composição e, muito frequentemente, os preparavam em grandes quantidades para serem 
vendidos em terras distantes. Com os remédios de segredo, surgiu a publicidade dos medicamentos 
na forma de anúncios publicados na Gazeta de Lisboa e em cartazes pregados nas esquinas das ruas. 
Esses medicamentos destinavam-se, especialmente, ao consumo por automedicação, facilitado pela 
introdução dos denominados “regimentos”, que eram folhetos indicando as doenças em que podiam ser 
utilizados, as doses e a dieta que devia seguir a sua administração. O aparecimento dos medicamentos 
químicos, muito mais estáveis, veio permitir a fabricação em larga escala e o consumo em locais mais 
distantes (MENEZES, 2005).
Deste ponto em diante, lançaremos o nosso olhar para a Farmácia no Brasil. Pelos meados do século 
XIV, a preocupação oriunda da sociedade do Brasil Colônia em conservar ou restabelecer a saúde par-
tiu, inicialmente, dos religiosos, notadamente, dos franciscanos e jesuítas que desembarcavam no país. 
 “
A princípio responsáveis pela “cura das almas”, os jesuítas que aqui se fixaram pro-
curaram, paralelamente ao trabalho de catequese do gentio, resguardar também sua 
saúde – tão fragilizada pela incidência de enfermidades trazidas pelos descobridores 
e até então desconhecidas por seus organismos – e expurgar aqueles rituais mágicos 
que até então se mostravam tão eficientes entre os nativos. Um dos grandes nomes da 
ordem de Inácio de Loyola no Brasil, Padre José de Anchieta, o primeiro a explorar o 
uso medicinal das plantas brasileiras, algo que ele aprendeu com os índios, afirma que 
não seriam apenas os silvícolas os dependentes da assistência dos irmãos, pois mesmo 
os portugueses parecem depender dos jesuítas para o cuidado em suas próprias en-
fermidades , como de seus escravos, e tinham os jesuítas como médicos, boticários e 
enfermeiros, fazendo de suas casas a botica de todos (VIOTTI, 2012, p. 17).
As boticas continuaram sob a curadoria dos jesuítas até meados do século XVIII, quando foram ex-
pulsos dos domínios portugueses. 
 “
Nelas, além da presença de medicamentos de uso recorrente em Lisboa, encontravam-
-se receitas oriundas dos experimentos dos próprios religiosos, receitas que obtiveram 
considerável sucesso no período colonial. Em 1703, um traficante de escravos francês, 
em sua estada no Rio de Janeiro, destaca o papel dessas antigas farmácias dos jesuítas 
(VIOTTI, 2012, p. 17-18).
A ampliação do uso da farmacopeia indígena na cura de determinadas doenças não só aumentou as 
possibilidades terapêuticas dos jesuítas, como diminuiu, significativamente, a natureza depreciativa 
33
UNIDADE 1
conferida às práticas indígenas. Foram muitas as suas contribuições na catalogação de plantas e no 
desenvolvimento de fórmulas úteis à aplicação médica, a herva de cobra, por exemplo, preparada 
pelos jesuítas, era muito eficaz contra os efeitos das picadas de animais, devido ao uso desse remédio, 
ninguém morria, mesmo que já se encontrasse inchado, com ânsias, sangrando por todos os lados. 
“Mesmo que munidos de remédios para o corpo, a percepção dos religiosos sobre os doentes funda-
mentava-se na assertiva de que o que está manifesto no exterior seria, na verdade, espelho das chagas 
da alma” (VIOTTI, 2012, p. 19).
Na ocupação holandesa do nordeste brasileiro, Maurício de Nassau incentivou filósofos naturais e 
artistas a não se deterem, somente, nos registros geográficos do lugar, mas a aprofundarem o conhe-
cimento e a descrição das riquezas que encontravam na flora, na fauna e nas etnias daquela região do 
Brasil. Com isso, os médicos Piso e Marcgrave se destacaram por causa dos seus relatórios De Medicina 
Brasiliensi e Historia Naturalis Brasiliae, editados, pela primeira vez, em 1648. Estas obras revelavam 
uma importante coleta, graças à riqueza do registro de plantas medicinais, de patologias nem como 
das flora e fauna de um período distante há, apenas, um século do descobrimento do Brasil (SANTOS 
et al., 2010; VIOTTI, 2012). 
 “
O primeiro volume, De Medicina Brasiliensi, é formado por quatro livros. O primeiro 
livro trata do ar, da água e dos lugares, uma clara evidência da influência hipocrática e 
galênica. O segundo trata das doenças endêmicas, e pode-se dizer que este foi o primeiro 
relato sobre as doenças que se disseminavam no Brasil, bem como suas sintomatologias 
específicas. O terceiro livro descreve os venenos e antídotos encontrados em animais, 
plantas e minerais. E, por fim, o quarto livro descreve as propriedades terapêuticas de 
árvores, raízes, arbustos, frutas e mel; ressalta-se neste último livro, um relato detalhado 
das tecnologias envolvidas na feitoria do açúcar e na manipulação da mandioca. Piso 
descreveu, em detalhes, as endemias reinantes no Brasil e os meios de tratá-las. Obser-
vou o tétano, várias paralisias, disenteria, hemeralopia entre outras inúmeras doenças. 
Mostrou ainda a ação terapêutica do coco da copaíba, do tipi, do sassafrás, da japecanga 
e do jaborandi (SANTOS et al., 2010, p. 50).
É certo que a medicina oficial do Brasil colônia, respaldada pelas Ordenações do Reino 
de Portugal, esvaziava o sentido de muitas práticas – de naturais da terra, escravos e 
mezinheiros, por exemplo – e, dando a elas os contornos da erudição corrente, reapro-
veitavam e ressignificavam a utilização de determinadas plantas ou receitas. A linha 
entre o “científico” e as meras “crendices” parece ter estado sempre à procura de um difícil 
equilíbrio: como um sábio poderia recomendar excrementos, sapos e aranhas, ou tantos 
outros elementos que eram usados, sobretudo, em rituais mágicos? Não é novidade que 
muitos eram os que se inseriram nas artes de curar: além dos médicos e cirurgiões licen-
ciados, havia parteiras, mezinheiros, experimentados, religiosos, xamãs e outros homens 
e mulheres dispostos a identificar os males, dizer o porquê de sua incidência e prescre-
ver alguma forma de cura. Em um espaço composto por múltiplos agentes, dos quais 
34
UNICESUMAR
os médicos sempre procuraram se distinguir, de que forma suas práticas efetivamente 
se impunham como singulares e especializadas? Em outras palavras, em que medida 
os processos de racionalização empreendidos pelos europeus realmente vingaram e se 
destacaram da prática gentílica e empírica em terras brasileiras? (VIOTTI, 2012, p. 90). 
Cria-se, em 1772, a Academia Scientifica do Rio de Janeiro, primeira a empreender, além dos estudos 
em história natural, os de “physica, chimica, agricultura, medicina, cirurgia e pharmacia”. Estas modi-
ficações de ordem institucional estimularam o trabalho de catalogação e observação, com minúcia, da 
botânica e zoologia coloniais, também, com a organização de centros de pesquisa como o Real Jardim 
e o Gabinete de História Natural da Ajuda, no Rio de Janeiro, assim como hortos e jardins botânicos 
no Brasil. O século XVIII teve significativo aumento de publicações farmacêuticas, indicativo da 
preocupação em sistematizar o leque das matérias-primas úteis para a preparação de fármacos e da 
maneira com que as pessoas poderiam ser beneficiadas pelo uso da medicação. 
Em 1794, é publicada a primeira Farmacopeia Portuguesa, que passa a ser utilizada para orientar 
as atividades farmacêuticas no Brasil (VIOTTI, 2012). 
 “
Os medicamentos podiam ser adquiridos nas boticas em localidades em que estas 
existiam. Nas regiões distantes, os mascates carregavam consigo drogas e medicamen-
tos, e às vezes assumiram o papel de curandeiros indicando remédios, não somente 
para a população, mas também para animais. O uso do termo “botica” para Farmácia 
e “boticário” para farmacêutico vem desde o descobrimento do Brasil, perdurando até 
a terceira década do

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