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1 Hepatites virais agudas Definição: infecção que gera necroinflamação do fígado, com manifestações clínicas (não existe sinal/sintoma patognomônico) e laboratoriais relacionadas a lesão hepática inflamatória. São provocadas por diferentes agentes etiológicos com tropismo primário pelo tecido hepático. o Ex: herpes vírus, citomegalovírus, Epstein- Barr, varicela. • Grave problema de saúde pública, com magnitude dos diferentes tipos de acordo com a região. • A maioria é autolimitada, durando cerca de 1 a 2 meses não apresentando complicações. No entanto, em alguns casos pode ocorrer complicações como cirrose e CA hepatocelular, evoluindo para hepatite crônica, ou seja, uma duração superior a 6 meses. • Todas as hepatites virais são doenças de notificação compulsória, em até 7 dias. • Em termos mundiais, a hepatite A é a mais frequente, mas nos países desenvolvidos são as hepatites virais crônicas B e C que se revestem de maior impacto em termos de morbimortalidade. Agente etiológico Genoma Modo de transmissão Período de incubação Período de transmissibilidade HAV RNA Fecal - oral 15-45 dias (média de 30 dias) Desde duas semanas antes do início dos sintomas até o final da segunda semana da doença HBV DNA Sexual, parenteral, percutânea, vertical 30 -180 dias (média de 60 a 90 dias) Duas a três semanas antes dos primeiros sintomas, se mantendo durante a evolução clínica da doença. O portador crônico pode transmitir o HBV durante anos HCV RNA Parenteral, percutânea, vertical, sexual 15-150 dias. Uma semana antes do início dos sintomas e mantem-se enquanto o paciente apresenta HCV-RNA detectável HDV RNA Sexual, parenteral, percutânea, vertical 30-180dias (período menor na superinfecção Uma semana antes do início dos sintomas da infecção conjunta (HBV, HDV). Na superinfecção, não se conhece este período. HEV RNA Fecal-oral 14-60dias (média de 42 dias) Duas semanas antes do início dos sintomas até o final da segunda semana da doença. • São manifestações muito parecidas, desde formas agudas leves, quase assintomáticas até formas agudas graves, com rápida evolução (fulminante) para insuficiência hepática. • Sintomas inespecíficos: mal-estar, astenia, febre leve (38 a 38,5°C), cefaleia, mialgia, diarreia ou obstipação, fadiga, náuseas, anorexia, leve dor em quadrante superior direito do abdome (reflete hepatomegalia dolorosa, que pode se associar a discreta esplenomegalia em 10%), perda ou perversão do paladar e olfato, fotofobia, tosse, rinorreia, artralgia – lembra um quadro gripal. Além disso, rash e urticária. o Obs: na presença de febre é importante levar em consideração outros diagnósticos, como virose respiratoria, dengue, leptospirose, colangite bacteriana. Na presença de febre alta, atentar-se para hepatite viral de curso fulminante. o Obs: em crianças os sintomas tendem ser mais brandos, podendo não ser notada tal fase. • Duração: cerca de uma semana, podendo se estender por até 3 semanas. • A artralgia/artrite, urticária, glomerulonefrite, doença do soro e exantema falam a favor de HB, devido a deposição de imunocomplexos. • Doença geralmente mais aguda na HA, e mais insidiosa na HC. • Apareciem os anticorpos específicos, com os títulos virais mais altos e as aminotransferases começam a se elevar. 2 As três fases duram até no máximo 6 meses. Se posterior a esse tempo, trata-se da forma crônica. • Inicio da urina com coloração escura marca o inicio dessa fase. • Surgimento da icterícia e agravamento da náusea e fadiga. Os achados sistêmicos iniciados na fase prodrômica geralmente regridem ou abrandam com o início da fase ictérica, talvez com a exceção dos sintomas gastrointestinais, que muitas vezes se acentuam. • As fezes podem ficar esbranquiçadas nos casos de icterícia grave e pode haver prurido. • Podem estar presentes – anorexia, disgeusia e perda ponderal. • Ao EF: icterícia e dor a palpação do HD. Pode haver hepatomegalia e esplenomegalia nos casos mais graves. • Exames laboratoriais mostram hiperbilirrubinemia, elevação de aminotransferases em mais de dez vezes o limite superior da normalidade. • Os níveis virais começam a decair no sangue e fígado. • A duração dessa fase pode variar, bem como sua intensidade. Alguns dias até uma semana são geralmente os períodos de duração, podendo estender-se por quatro a oito semanas. • Sinais de gravidade: mudança no comportamento e no ritmo de sono, prolongação do tempo de protrombina (pode sugerir insuficiência hepática aguda e sinalizam evolução para forma fulminante. • OBS: a fase ictérica pode não acontecer - o paciente que experimentou a fase prodrômica como um “quadro gripal”, ou nunca saberá ter tido hepatite viral, ou só se dará conta da doença vários anos após, quando aflorar o primeiro sinal de hipertensão porta ou mesmo insuficiência hepática, relacionados à cronificação da infecção pelo HBV ou HCV e ao desenvolvimento tardio de cirrose. • A recuperação geralmente dá os primeiros sinais com o retorno do apetite, bem estar, melhora da icterícia, da coluria e da acolia fecal., normalização sérica de bilirrubinas e aminotransferases e depuração viral. • A maioria dos pacientes evolui para cura, em particular nas hepatites A e E. Porém, 55% a 80% dos casos de hepatite C e 2% a 10% dos adultos com hepatite B irão evoluir para forma crônica – além disso, no caso da hepatite B, 95% dos recém-nascidos e 20% das crianças irão evoluir para forma crônica. • Complicações da infecção aguda são: cronificação, insuficiência hepática fulminante (desenvolvimento de encefalopatia hepática, por isso deve-se ficar atento aos padrões de comportamento e do sono. Ocorre em 1% a 2% dos casos, mais frequentemente nas formas B e D, e menos frequentemente na C), hepatite recorrente ou colestática (icterícia e prurido intenso estão presentes) e síndromes extra-hepáticas. 3 • O fator prognóstico mais confiável é o grau de prolongamento do tempo de protrombina. Outros sinais que indicam mau prognóstico incluem: progressão persistente da icterícia, ascite e diminuição do tamanho do fígado. Aminotransferases e carga viral têm pouco valor prognóstico. • A avaliação minuciosa é de grande valor nesses pacientes: área de procedência, contato com portadores, exposição a indivíduos infectados e fatores de risco – como transfusão ou procedimento invasivo prévios, quadro anterior de icterícia, imunodeficiências, doenças de base, medicamentos em uso, comportamento sexual e uso de drogas devem ser investigados. • O exame físico deve avaliar estado nutricional, sinais periféricos de hepatopatia (como teleangiectasias e eritema palmar), características físicas do fígado (tamanho, forma, textura, etc) e do baço (se palpável), presença de ascite, edema ou circulação colateral. Escoriações na pele podem indicar que paciente teve prurido intenso. Na hepatopatia aguda, temos um fígado doloroso, elástico, homogêneo e com bordas lisas. Muito infrequentemente, haverá esplenomegalia, edema ou ascite. Hepatites A e E nunca se tornam crônicos. • Leucopenia por queda de neutrófilos e linfócitos, evoluindo para linfocitose (aumento do percentual de linfócitos atípicos, semelhante a mononucleose infecciosa). • Em casos de hepatite fulminante, pode ocorrer leucocitose neutrofílica (raro). • Diagnósticos diferenciais de hepatite viral apresentam leucocitose – hepatite alcoólica aguda, no qual vem associada de desvio a esquerda; leptospirose (pode ter também icterícia por se tratar de uma infecção bacteriana). • Avaliam a função do hepatócito. • As hepatites virais cursam com síndrome hepatocelular em que existe uma injúria generalizada aos hepatócitos, suficiente para fazer com que elesliberem para o plasma as aminotransferases – ALT (alanina aminotransferase), AST (aspartato aminotransferase) – aumentadas acima de dez vezes o limite superior da normalidade. São marcadores sensíveis para detecção de lesão do parênquima hepático, porém não são específicas para nenhum tipo de hepatite. Níveis mais elevados de ALT/TGP, quando presentes, não guardam correlação direta com a gravidade da doença. Geralmente ATP > AST. o Outras causas de aumento das aminotransferases: intoxicação por paracetamol. Hepatite isquêmica. • Além disso há hiperbilirrubinemia e icterícia com predomínio da BD (a injúria da célula hepática compromete mais a etapa da excreção de bilirrubina para os canalículos biliares do que as etapas de captação e conjugação. Isso vem do fato de a excreção de bilirrubina do hepatócito ser um processo altamente dependente de ATP), em que a BT pode alcançar valores de até 20mg/dl. • Pacientes que evoluem com componente colestático associado apresentam elevações moderadas de fosfatase alcalina e gama-GT. Acontece principalmente na forma colestática da hepatite A. • Nos pacientes com hepatite A e B principalmente, que cursam com obnubilação ou torpor, deve-se dosar a síntese hepática ataves da albuminemia e do tempo de atividade de protrombina (tem papel prognóstico, o que possibilita diagnosticar precocemente insuficiência hepática fulminante. • Feito pela presença dos marcadores virais. • Alguns exames podem ser necessários para DD: dosagem de autoanticorpos séricos, cobre, ceruloplasmina, alfa-1-antitripsina e cobre urinário de 24 horas, além de afastar lesão hepática por drogas. • Não é recomendada, a menos que o diagnostico permaneça confuso. Achados histológicos compatíveis incluem inflamação generalizada e focos de necrose. As lesões das células hepáticas predominam sobre as mesenquimais. Há infiltrado inflamatório, com predomínio de linfócitos, macrófagos e histiócitos. Não há fibrose, geralmente não é possível diferenciar dentre os cinco tipos virais pela histopatologia e colorações imuno-histoquímicas para antígenos virais são geralmente negativo Síndrome Pós-Hepatite: se caracteriza pela persistência de alguns sinais e sintomas da hepatite, como fadiga, peso no hipocôndrio direito, intolerância a certos alimentos e ao álcool, mesmo após a cura do quadro agudo. A palpação do hipocôndrio direito pode ser dolorosa e as aminotransferases podem continuar discretamente elevadas. O prognóstico é bom, mas o quadro pode persistir por meses, muitas vezes sendo necessário a realização de biópsia hepática para descartar hepatite crônica. 4 normalização das bilirrubinas; normalização do tempo de protrombina e normalização das aminotransferases (estas com intervalo mínimo de 4 semanas). • Critérios de hospitalização: pacientes com vômitos muito intensos e queda significativa do estado geral; tempo de protrombina muito prolongado; bilirrubinas persistentemente muito elevadas (>15mg/dl a 20mg/dl) ou se evoluir com encefalopatia hepática. • Casos fulminantes: transferência para UTI, com avaliação da necessidade de transplante hepático. • Feito no domicílio, baseado em medidas de suporte. • Não há evidências de que restrição de atividade física seja necessária, bem como não há indicação de uma dieta especifica, no entanto convém pedir que o paciente não realize atividades extenuantes e mantenha repouso relativo até a normalização das aminotransferases, a partir da qual o paciente já pode gradualmente retornar suas atividades físicas; e que a dieta seja de mais fácil aceitação, considerando que frequentemente há náuseas e vômitos no inicio do quadro. • Evitar analgésico, sedativo, narcóticos, álcool. • Pode se usar antiemetico se presença de náusea. • No acompanhamento dos pacientes devera haver consulta de reavaliação sendoas duas primeiras a cada 2 semanas. As consultas seguintes devem ter intervalo de 4 semanas entre si, com seguimento laboratorial das aminotransferases, tempo de protrombina, bilirrubinas e albuminas, até que haja duas dosagens normais com intervalos de 4 semanas. • Inicialmente, convém dosar também gama-GT, fosfatase alcalina e proteínas totais e frações, com repetições a cada 4 semanas, no máximo. • Critérios de alta: remissão dos sintomas com no máximo adinamia discreta e sintomas digestivos vagos; Hepatite A • Já foi definida como icterícia catarral epidêmica – curta duração, alta infectividade e evolução benigna. 5 Quanto mais jovem o paciente adquire a infecção menos aparente/sintomática ela é • Virus de RNA, com capsídeo icosaédrico, desprovido de envelope, da família picornaviridae, gênero hepatovirus. • Sorotipo único. • No brasil, o grupo mais acometido são crianças com menos de dez anos, com pico de incidência na faixa etária entre 5 a 6 anos. • Severidade dos sintomas aumenta com a idade. Icterícia pode ocorrer em 80% dos adultos. • Feminino = masculino. • Letalidade de 0,1% para crianças e 1,8% para maiores de 50 anos. • A viremia é curta, sendo eliminado nas fezes nos dias que precedem a icterícia até 8 dias depois. • Maior número de casos: norte; nordeste. Sul (menor) • Últimos anos → queda da frequência de HA, o que cria um contigente de pessoas suscetíveis, não imunizadas pela infecção natural na infância, aumentado o risco de epidemias. • Contagio principal pela via fecal-oral de forma interpessoal ou através de água ou alimentos contaminados. o Aglomerados humanos como em asilos e creches são propensos a surtos. o A questão de contaminação por alimentos depende muito da condição sanitária do grau de higiene de um determinado lugar e um grupo de pessoas. o Vírus pode sobreviver períodos longos de doze semanas a dez meses em água e que os moluscos e crustáceo podem reter e acumular o virus por até quinze vezes mais do que o nível original da água. • Transmissão parenteral – rara, mas acontece quando a transfusão foi realizada a partir de um doador em plena fase virêmica. • Transmissão pelo contato íntimo sexual acontece principalmente em homossexuais masculino pela pratica do sexo anal → causa de surtos de hepatite A nos últimos anos. • HAV resiste ao Ph ácido do TGI alto, e assim, após ser ingerido, penetra na mucosa intestinal → circulação porta → fígado. As partículas virais se proliferam e se concentram no citoplasma dos hepatócitos, sendo posteriormente excretadas na bile, o que explica os elevados títulos virais nas fezes (100-1.000x mais altos que no sangue) e, por conseguinte, a transmissão eminentemente fecal-oral. • É órgão-específico: a replicação viral ocorre apenas nos hepatócitos. • Manifestações extra-hepáticas, como glomerulonefrite, artrite e vasculite (extremamente raras na hepatite A) são secundárias à deposição de imunocomplexos contendo anticorpos produzidos pelo hospedeiro e antígenos virais secretados a partir do fígado. • A patogenia da lesão hepática não é totalmente compreendida- sabe-se que o HAV não é diretamente citopático (por si só ele não causa dano aos hepatócitos infectados). Acredita-se que a lesão hepatocelular ocorra em função da resposta imune do hospedeiro, principalmente por intermédio do “braço celular” da imunidade, representado pelos linfócitos T citotóxicos (CD8+). • Sintomas tem duração de uma semana a dois meses. Em 10 a 15% dos infectados, pode haver prolongamento dos sintomas ou serem recorrentes por seis a nove meses. Há uma inflamação difusa do parênquima hepático. • Forma prolongada e colestática são raras, em que o paciente pode apresentar elevações transitórias nas transaminases até um ano depois do quadro agudo. • Maioria oligossintomáticos. • Importante perguntarhistória de viagens para locais de alta prevalência de HAV e ingestão de alimentos de procedência desconhecida. • Crianças,sobretudo menores de dois anos, tem a forma benigna da doença (de assintomática até gastroenterite, predominante anictérica). Pode ser confundido com gastroenterite. • Adultos apresentam quadro ictérico febril com repercussões sobre o estado geral. 6 • Recidivante: Presente em 10% dos casos e caracterizada por dois ou mais “ataques” de hepatite aguda, ocorrendo num período de 6 a 10 semanas. Não costuma ser grave. • Fulminante: Mortalidade 30-50% dos acometidos. Grupos mais suscetíveis: idosos e portadores de doença hepática crônica. • Hepatite A é a hepatite viral mais relacionada à síndrome colestática intra-hepática, cursando com prurido intenso, colúria e acolia fecal, bem como com elevação moderada da fosfatase alcalina, gama-GT e bilirrubina direta. Nas formas sintomáticas clássicas, as aminotransferases começam a se elevar ainda no período de incubação, normalizando 3-4 semanas após o início dos sintomas. • Pode haver síndrome nefrótica por lesão glomerular (GN proliferativa mesangial) associada. • Em indivíduos geneticamente predispostos, a infecção pelo vírus A parece ser capaz de deflagrar a hepatite autoimune tipo I. • -HAV IgM (isto é, antes do início dos sintomas), porém, perduram por tempo indefinido e são os classicamente encontrados na fase de convalescença- indica sequela imunológica. o Obs: indivíduos que tiveram a infecção natural apresentam múltiplos anticorpos da classe IgG específicos contra antígenos estruturais e não estruturais do vírus (ex.: proteínas do capsídeo e enzimas replicativas, respectivamente). Indivíduos vacinados, por outro lado, apresentam apenas anticorpos IgG direcionados contra as proteínas do capsídeo (pois somente estas estão presentes na vacina). • O vírus pode ser detectado no sangue ou nas fezes, pelo método molecular – PCR. • Pode haver aumento da ALT após infecção, normalizando antes da viremia. • Pode haver aumento de BD. • Necessário fazer DD com colestase reacional, leptospirose, outras hepatites, febre amarela, malária, síndrome de Gilbert, processos expansivos neoplásicos ou granulomatosos, colangite. • Alterações de exames como coagulograma e fator V são sinais de alerta para a foma fulminante. • Fator reumatoide pode causar falso positivo para elevação anti-HAV. • Se um paciente desenvolve icterícia e em seu sangue é encontrado o anti-HAV IgG, mas não o IgM, o diagnóstico não é de hepatite A Aguda. O paciente teve hepatite A no passado (ou foi vacinado), devendo-se buscar outra explicação para a icterícia. • Os anticorpos anti-HAV elevam-se no soro poucos dias antes do início dos sintomas. Os anti-HAV classe IgM denunciam infecção aguda, e tendem a persistir aumentados por 3-6 meses. Anti-HAV IgG já podem ser encontrados na mesma época em que o anti- Somente o achado de IgM anti-HAV autoriza o diagnóstico de hepatite A aguda. 7 icterícia. A duração do afastamento deve ser reavaliada e prolongada nos surtos em instituições que abriguem crianças sem controle esfincteriano (uso de fraldas), onde a exposição entérica é maior. Nestes casos, também se faz necessária a disposição adequada de fezes, urina e sangue, com os devidos cuidados de desinfecção e máxima higiene. • Excelente • Recuperação é total geralmente, sem sequelas. • A chance da hepatite A evoluir para a forma fulminante varia de 0,1 a 0,5% dos casos, com média de 0,35%. Nestes pacientes a mortalidade gira em torno de 30- 50%. Mais comum em idosos. • A eliminação fecal de partículas virais ocorre entre duas semanas antes do início dos sintomas e uma semana após o surgimento destes, diminuindo com o aparecimento da icterícia. Como a fase de maior eliminação viral ocorre antes do surgimento de sintomas, não é necessário colocar um paciente sintomático em isolamento de contato. • De acordo com o Ministério da Saúde, pode ser necessário o afastamento do paciente de suas atividades (principalmente crianças que frequentam creche ou escola) durante as primeiras duas semanas da doença, e não mais que um mês após o início da • Vacina de vírus inativado, intramuscular. • Efeitos colaterais incomuns- febre, reação local da injeção, rash cutâneo. • A soroconversão geralmente ocorre dentro de quatro semanas. A vacinação contra o HAV faz parte do calendário vacinal básico do Brasil, indicado para todas as crianças. Em 2016, o Ministério da Saúde passou a recomendar a aplicação de dose única aos 15 meses de vida (podendo a vacina ser ministrada até os 23 meses). • Cumpre ressaltar que, em outros países (e na rede privada), a vacina é feita em duas doses (a primeira aos • 12 meses de vida, seguida de reforço 6-12 meses após). A vacina também está disponível nos CRIE (Centros de Referência em Imunobiológicos Especiais) para pacientes com idade acima de dois anos que se enquadrem em alguma das categorias abaixo: Hepatopatias crônicas de qualquer etiologia (incluindo hepatite crônica B e/ou C); Coagulopatias; Crianças < 13 anos portadores de HIV/Aids; Adultos portadores de HIV/Aids que tenham hepatite B e/ou C; Doenças genéticas (hemoglobinopatias, doenças de depósito, fibrose cística, trissomias como Down); Imunodepressão terapêutica ou por doença imunodepressora; Repouso. Aumento da ingesta calórica. Medicamentos para sintomas – antiemético, antitérmico. Evitar drogas de potencial hepatotóxico – paracetamol. Não ingerir álcool por pelo menos 6 meses. Adm parenteral de vit K por 1 a 3 dias em casos que cursam com a queda na atividade de protrombina. Se hepatite fulminante encaminhar para UTI com centros de capacidade de realização de transplante hepático. 8 • Indivíduos anti-HAV IgG negativo (não vacinados e não infectados no passado) se beneficiam de medidas profiláticas após exposição à hepatite A, desde que essas medidas sejam aplicadas num prazo máximo de duas semanas (quanto antes melhor). Para pessoas saudáveis com idade entre 12 meses e 40 anos, a estratégia de escolha consiste na aplicação de dose única da vacina anti-HAV inativada. Por outro lado, pacientes com idade < 12 meses ou > 40 anos, bem como portadores de imunodepressão, hepatopatias crônicas ou que possuam qualquer contraindicação à vacina, devem receber imunoglobulina humana (0,02 ml/kg, IM). A imunoglobulina humana convencional é obtida a partir de um pool de múltiplas doações de sangue. Logo, em vista da elevada prevalência de anti- HAV IgG positivo na população, este hemoderivado tipicamente contém níveis protetores do referido anticorpo, imunizando “passivamente” uma pessoa suscetível que foi inadvertidamente exposta ao vírus A. Hepatite B • HBV – vírus de DNA, família hepadnavirida. Possui envoltório lipoproteico – expressa antígeno de superfície HBsAg e um núcleo central denso (core) – expressão antígeno HBcAg. Além disso, na corrente sanguínea é excretado HBeAg (em casos de elevadas taxas de replicação viral). Por fim há o antígeno HBxAg, uma molécula que estimula a transcrição de genes virais e celurares, podendo estimular a transcrição de outros vírus também, como o HIV. • HBsAg: produzido em grande quantidade durante a infecção pelo vírus V, sendo detectado por exames sorológicos mesmo quando o vírus não se encontra em estado replicativo. Circula na forma de pequenas partículas livres, esféricas ou tubulares, cujas concentrações plasmáticas são 1000x maiores que as concentrações do vírus completo – marcador da presença do HBV no corpo, estando o vírus ativo ou não. Determina a formação do anticorpo especifico anti – HBs. HBsAg positivo indica apresença do vírus B no organismo (principal elemento sorológico para o diagnóstico da hepatite B). O surgimento do anti-HBs é seguido pelo desaparecimento do HBsAg no sangue, indicando a cura da hepatite B (e aquisição de imunidade duradoura), haja vista seu caráter neutralizante. • HBcAg - não é secretado no plasma, pois está escondido pelo envoltório. Possui atividade antigênica. Determina formação de anticorpo anti-HBc. O antígeno C não é detectado no sangue. Anti-HBc é o principal marcador de infecção pelo vírus B (ativa ou curada). Não é neutralizante, ou seja, sua presença não indica cura da infecção • HBeAg: localizado no core viral. É secretado durante a fase de replicação viral, sendo solúvel e detectável nesse momento de infecção. Ou seja, quando está positivo há um grande número de virions completos circulando (alta viremia) – infectivade da doença grande. Determina formação do anticorpo anti-HBe, que ao aparecer, torna o HBeAg negativo, com diminuição da infectividade. HBeAg é o grande marcador da fase de alta viremia da hepatite B (fase replicativa). Sua presença indica alta infectividade. O anti-HBe marca a fase não replicativa, de baixa infectividade. Quando ele se torna positivo, o HBeAg desaparece • Há dez genótipos distintos do HBV, se diferenciando na sequencia de nucleotídeos do genoma. No brasil, predomina-se o A, D, F (os genótipos A e B teriam melhor resposta ao interferon, e os genótipos C e F teriam maior chance de evoluir para hepatocarcinoma). • 20 – 69anos (condiz com a transmissão principal pela via sexual). • Queda da incidência em crianças com menos de 15 anos, devido a vacina e realização da profilaxia contra a transmissão vertical. • Diagnostico se da por volta dos 35 anos, com predomínio nos homens. Candidatos a transplante de órgão sólido, cadastrados em programas de transplantes; Transplantados de órgãos sólidos ou medula óssea; Doadores de órgãos sólidos ou medula óssea, cadastrados em programas de transplantes 9 • Maior parte dos casos são registrados no Sul e Sudeste, com subnotificação das demais regiões. O maior impacto de infecção se dá na região Norte. • Chance de transmissão é diretamente proporcional a carga viral do paciente, tendendo a ser maior em HBeAg positivo. • Não é diretamente citopático. • Se inicia por uma resposta imune celular dirigida contra antígenos virais expressos pelos hepatócitos, resultando em dano a estas células, por meio de linfócitos T citotóxicos (CD8+) e citocinas pró- inflamatórias, como o TNF-α. • Uma resposta imune acentuada, apesar de poder causar lesão hepática potencialmente mais grave, em geral se associa a uma maior chance de clareamento viral e cura. • Uma resposta imune “insuficiente” (ex-pacientes que não evoluem com franca hepatite, não apresentando icterícia) parece ser o principal fator predisponente à cronificação. • Limita a soroconversão. Após o contagio, este antígeno pode ser detectado no soro dentro de 1 a 10 semanas – média de 30 dias, antes da existência de qualquer sintomatologia. Quando o paciente desenvolve os primeiros sintomas inespecíficos da fase prodrômica já há HBsAg positivo. • 30 a 180 dias – média de 4 a 6 semanas, variando de acordo com o tamanho do inoculo viral. • O aparecimento dos sinais e sintomas, é acompanhado por aumento das aminotransferases e aparecimento do anticorpo anti-HBc. • anti-HBc IgM aparece no soro logo após o HBsAg (1-2 semanas), juntamente com os sintomas da hepatite. Este anticorpo permanece positivo por 4-5 meses. Em conjunto com o HBsAg, compõe os dois marcadores sorológicos mais importantes para o diagnóstico de hepatite B aguda. • O anti-HBc IgG aparece pouco tempo depois do IgM, permanecendo positivo indefinidamente, mesmo que ocorra cura (cicatriz sorológica) ou cronificação da doença. • Com o surgimento do anticorpo contra o antígeno de superfície – anti-HBs –, inicia-se a fase de convalescência, marcada pela queda progressiva das aminotransferases e redução da icterícia e dos sintomas sistêmicos. Este anticorpo surge em média 1- 2 meses após o início dos sintomas, logo depois ou algumas semanas depois da negativação do HBsAg. Tal período é chamado de “janela imunológica”, intrauterina/transplacentária – incomum, 5 a 10% dos casos. Fatores de risco: HBeAg positivo na mãe; trabalho de parto pré-termo laborioso; procedimentos obstétricos com manipulação da placenta ou perinatal (durante o parto) – 90 a 95% dos casos. Ocorre por microtransfusões de sangue materno durante as contrações uterinas; ruptura da membrana amniótica com exposição do feto ao sangue e secreções contaminadas; contato das mucosas fetais com sangue e secreções contaminadas presente no canal vaginal. Quando a mulher é agudamente infectada durante a gestação, há chance de verticalização em 10% no 1º trimestre e 60% no 2º ou 3º trimestre. Quando a mulher já é portadora crônica, chance varia de acordo com seu perfil sorológico – 90% p HBeAg + e 10- 40% para HBeAg negativo. É importante realizar a profilaxia para reduzir as chances. Chance de cronificação da doena é inversamente proporcional a idade (RN infectados tem maior chance de evoluir p HB crônica e suas complicações na idade adulta. Isso acontece, pois a exposição intraútero ao antígeno “e” – solúvel e capaz de cruzar a barreira placentária, induz um estado de tolerância do sistema imunológico fetal em formação aos antígenos do core viral (HBcAg e HBeAg). Assim, ao adquirir a infecção o sistema imune do recém-nascido não reconhece os antígenos virais como “estranhos”, e o vírus consegue se replicar, sem impedimento, durante anos ou mesmo décadas no corpo do paciente. Em relação ao aleitamento materno, evidências ainda são necessárias, assim não se rescomenda a suspensão do aleitamento. ocorre pelo contato no período pós-natal pele contato diário com adultos ou outras crianças infectatadas forma mais comum de transmissão nos países desenvolvidos. Pode ser pela pratica de sexo, tanto hetero quanto homossexual. Risco aumenta se múltiplos parceiros e diminui o risco, materiais perfurocortantes contaminados, ex: seringas e agulhas compartilhadas por usuário de drogas endovenosas, reutilização de equipamentos para tatuagens, tratamento dentário, manicures, acupuntura, piercing, hospitais atualmente tem baixo risco devido a testes de rastreio sorológico e exclusão dos doadores profissionais. 10 justificando um diminuto grupo de pacientes com hepatite B aguda HBsAg negativo. A melhora do quadro agudo da hepatite B e a evolução para a cura dependem fundamentalmente da capacidade do indivíduo em produzir de forma satisfatória o anti-HBs. Se não houver a produção deste anticorpo dentro de seis meses, o paciente se torna portador assintomático ou desenvolve hepatite B crônica (presença do HBsAg por mais de seis meses significa cronificação da infecção). • O antígeno “e” (HBeAg) é produzido durante a fase sintomática da hepatite B e durando um período um pouco inferior ao HBsAg. Com o passar do tempo, o organismo tende a suprimir a replicação viral, e passa a ser detectado no soro o anticorpo contra o antígeno “e” (anti-HBe). Se houver cura do quadro de hepatite B, o anti-HBe permanece positivo evidenciando um passado de replicação viral. • Depende da idade de infecção, nível de replicação viral, estado imune, forma evolutiva. • Sintomas são mais intensos do que na HB e HC, surgindo na fase de replicação viral, desaparecendo na fase não replicativa. • Perinatal/infância – mais brando, assintomático, mas com elevado risco de cronicidade. • Adultos – sintomatologia proeminente com icterícia com pouca chance de cronicidade. • Idosos – casos mais graves se houver novo aumento de bilirrubinacom retorno ou acentuação da icterícia. Acontece dentro dos primeiros 6 meses da doença. Colestática: no urso de uma hepatite B aguda ictérica, alguns pacientes desenvolvem um padrão clínico e laboratorial bastante semelhante ao das icterícias colestáticas clássicas, com intensa acolia fecal e prurido, associado ao aumento progressivo da bilirrubina direta, fosfatase alcalina e gama-GT. Bom prognostico. Mais comum na HA. Inversão do padrão de lesão hepatocelular p/ colestase com redução das aminotransferases. Evolução aguda grave Hepatite fulimante: ocorre em 1% dos casos. Evolução para encefalopatia hepática por insuficiência hepática num período de oito semanas a partir do início do quadro clínico. Início de uma evolução ruim é com frequência prenunciado pela acentuação dos sintomas gastrointestinais durante a fase ictérica e do surgimento de febre persistente. A própria icterícia se intensifica, e o fígado tem redução de seu volume à palpação abdominal. A partir de então surgem gradualmente os sintomas de insuficiência hepática, como flapping (tremor no punho quando estendido (dorsiflexão), às vezes parecido com o "bater de asas de um pássaro"), distúrbios eletrolíticos, distúrbios da consciência. As aminotransferases tendem a sofrer redução de seus níveis séricos, e pode haver leucocitose com neutrofilia e desvio à esquerda. Laboratorialmente, se caracteriza por extensa necrose do parênquima hepático, com desenvolvimento precoce dos anticorpos anti-HBs, anti-HBc e anti-HBe, e desaparecimento dos antígenos virais correspondentes. O anti-HBc IgM é encontrado em altíssimos títulos. A letalidade da hepatite B fulminante chega a 50-60%. Nos pacientes que sobrevivem, entretanto, a negativação do HBsAg é a regra, e costuma ser acompanhada pela regeneração completa da estrutura hepática, com normalização de suas funções. Hepatite subaguda • Em 10 a 20% dos pacientes. • Acontece principalmente na forma crônica • Surge com a circulação de imunocomplexos com antígenos e anticorpos. FORMAS DE EVOLUÇÃO AGUDA NA HB Evolução aguda benigna Assintomática: aumento das aminotransferases e dos marcadores sorológicos. Anictérica: sintomas do quadro gripal com aminotransferases acima de 500 U/L ou como doença do soro – febre, rash, poliartrite simétrica, distal Ictérica Recorrente/recrudescente: novas elevações das aminotransferases que já haviam melhorado e normalizado (recorrente) ou que estavam caminhando para tal (recrudescente). Só são percebidos clinicamente 11 • Poliarterite nodosa (PAN): é uma vasculite necrosante sistêmica. 30% dos portadores de PAN apresentam positividade p HBsAg. Imunocomplexos HBV medeiam a agressão a parede vascular. • Glomerulonefrite: relação principal em crianças. Forma encontrada é a Glomerulonefrite membranosa. Lesão mediada por deposição de imunocomplexos na mb basal glomerular e o mesângio. A doença hepática nesses casos é leve. A lesão renal em crianças, tende a regressão espontânea entre 6 meses a 2 anos. Em adultos, a lesão pode assumir curso insidioso progressivo em 1/3 culminando em insuficiência renal. • Acrodermatite papular/doença de Ginaotti: se manifesta com erupção maculopapular, eritematosa, não pruriginosa e simétrica sobre a face, membros e nádegas. Persiste por 15 a 20 dias. Mucosas são poupadas. Há surgimento de adenopatia inguinal e axilar. Comum em crianças, principalmente nas menores de 4 anos. As evidências clínicas de lesão hepatocelular podem coincidir com o início das manifestações cutâneas, ou, mais comumente, se iniciam quando a dermatite começa a melhorar. HBsAg + → hepatite B aguda; hepatite B crônica; estado de portador assintomático do vírus. HBsAg - → negativação grdual na convalescença e cura. Janela imunológica: fim da fase ictérica, com queda dos níveis de HBsAg indetectável ou ausente Falsos negativos: níveis muito baixos não detectáveis, mutante de escape – hepatite B oculta (pacientes em hemodiálise, coinfecção com HCV, usuários de drogas injetáveis, mutações no HBsAg). HBs Ag + ou – associado IgM anti –HBC → hepatite B aguda. 12 HBsAg negativo– associado a IgM negativo– associado a IgG positivo: será que o paciente é possuidor de hepatite B crônica e o HBsAg está falsamente negativo (porque circula em níveis muito baixos), ou será que o HBsAg está realmente ausente, e a presença da IgG representa apenas uma infecção por vírus B antiga, já completamente curada, numa espécie de cicatriz imunológica? Deve-se observar anti-HBs → se presente há cicatriz imunógica. Se ausente há hepatite B crônica ou o paciente foi curado há muito tempo, quando eventualmente o anti-HBs desaparece e anti-HBc se mantem devendo ser feita a pesquisa do DNA. HBsAg Negativo / Anti-HBc (IgM) Negativo – (IgG) Negativo/ Anti-HBs Positivo → imunização. DNA DO HBV por meio do PCR – em casos de avaliação terapêutica, diagnostico difícil, triagem de transplante hepático, hepatite B fulminante. 13 Abortamento espontâneo, independente da idade gestacional. Laboratórios com pequeno volume de exames para hepatite. Vitimas de violência sexual. Portadores de outras DST. • Detecta HBsAg na HB e anticorpos anti-HCV na hepatite C. • Ampliam o diagnóstico em lugares com infraestrutura precária ou se necessidade de rápido diagnostico. • São testes de screening – quando positivos devem ser feitos exames adicionas com encaminhamento do paciente para o serviço de saúde. • Resultado negativo não necessariamente descarta infecção. Persistindo a suspeita clinica, nova amostra deve ser coletada após 30 dias. • Possui os mesmos fatores de risco da hepatite B oculta para falso-negativo. • Hemograma não alterado ou com leucopenia com linfocitose, com linfócitos atípicos na fase aguda. • Hepatite fulminante apresenta neutrofilia e desvio a esquerda. • VHS normal. • AST e ALT elevadas quando aparecem os sintomas, devendo ser monitoradas quinzenalmente. o A AST pode ser encontrada nos hepatócitos (enzima mitocondrial), mas também está presente em outros tecidos como músculo esquelético, miocárdio, vesícula biliar e rins. Assim, sua elevação no sangue não necessariamente indica lesão dos hepatócitos. O aumento da ALT, por outro lado, costuma se correlacionar bem com a lesão do parênquima hepático. • Bilirrubina aumentada → lesão hepatocelular ou colestase. • GT e fosfatase alcalina → colestase. • Eletroforese de proteínas mostram nas formas crônicas, * na cirrose, hipergamaglobulinemia. • Mutantes na região pré-core: há uma falha na expressão do HBeAg, em que a replicação é elevada mesmo na presença de anti-HBe. Associada a ocorrência de hepatite aguda fulminante e exacerbações de quadros da hepatite crônica, com maior morbimortalidade. Deve ser suspeitada com HBsAg positivo por mais de seis meses, HBeAg negativo, anti-HBe positivo e aminotransferases elevadas. • Mutantes por escape: alteração no HBsAg, impedindo a atividade neutralizante do anti-HBs (resistência ao anticorpo). Pode apresentar altos títulos de anti-HBs na presença do HBsAg ou desenvolver HB sem positivar HBsAg, mas com positivo p anti-HBc, IgM ou IgG. • São feitas com HbsAg recombinante. A soroconversão (produção de anti-HBs) ocorre em 90%. Pode ser menos eficaz em obesos, fumantes, idosos e imunodeprimidos. • Dura mais de 10 anos de anti-HBs >10Mui/ml. INDICAÇÕES Regiões de difícil acesso e sem infraestrutura laboratorial Programas do MS – rede cegonha, ESF, consultório na rua, quero fazer. Centro de testagem e aconselhamento (CTA) e unidades de testagem móvel (UTM). Populações vulneráveis: HB – homossexuais masculinos, profissionais do sexo, usuários de drogas, presidiários, moradores de rua, indígenas, quilombolas, indivíduosnascidos em áreas endêmicas. HC: idade > 45 anos; indivíduos com história de hemotransfusao, transplante de órgãos, compartilhamento de material de injeção e/ou hemodiálise. Segmentos populacionais flutuantes. Comunicantes de pessoas vivendo com hepatites virais. Acidentes biológicos ocupacionais. Gestantes não testadas no pré-natal, cuja idade gestacional não garante o recebimento do resultado do teste convencional antes do parto. Parturientes e puérperas não testadas no pré-natal ou cujo resultado não seja conhecido no momento do parto. 14 • Criança: 1ª dose ao nascimento até 12 horas de vida com vacina monovalente. 2ª dose no 2 mês de vida com vacina pentavalente (DTP/HB/Hib). 3ª dose no 4º mês de vida com vacina pentavalente. 4ª dose no 6º mês de vida com vacina pentavalente. Queda do hepatocarcinoma em países com vacinação universal. • Adultos e idosos: instalada em 2016. Aqueles que não receberam a vacina, devem receber 3 doses, no esquema, 0, 1 e 6 meses. • Dosagem de anti-HBs no soro com títulos <10 devem receber dose de reforço: imunodeficientes, profissionais de saúde que sofreram exposição ocupacional, nefropatias em diálise. Indicações: Vítimas de acidentes com material biológico positivo ou fortemente suspeito de infecção pelo HBV, sem vacinação para HB ou sem resposta após duas series completas de vacinação (anti-HBs <10 UI/ml). Comunicantes sexuais de casos agudos de HB. Vitimas de abuso sexual. Imunodeprimido após exposição de rico, mesmo que previamente vacinado. Hepatite viral C • HCV pertence a família flaviviridade (primo do vírus da febre amarela e zika), gênero hepacivirus. Composto por RNA de cadeia simples envolto por um capsídeo proteíco contido dentro de um envelope lipídico. • Possui diversos genótipos, interferindo nas repostas ao tratamento. • Mais frequente no nosso meio é o genótipo 1, representando 65% dos casos. Os outros circulantes são o 3 (30,2%); 2 (4,6%); 4 (0,2%); 5 (0,1%). • Extremamente mutagênico → dificuldade de criar vacina e enorme capacidade de escapar do sistema imune. • Todos os RN verticalmente expostos devem receber imunização ativa com dose de vacina monovalente + imunização passiva com imuglobulina específica anti- HBs (HBIg 0,5ml) por via intramuscular em local diferente da aplicação da vacina – proteção de 90% • Nas situações de HBeAg+ ou carga viral materna >106 UI/ml em que proteção com as condutas anteriores cai p 70% está indicado o uso de tenofovir na mãe a partir a 28ª semana de gestaçao, podendo ser suspensa 30 dias após o parto, se a paciente não tiver indicação para manter o tto. É preferível o tenofovir do que lamivudina pois com ele tem menor chance de surgir resistência ao vírus, necessitando de menos medicação. Obs: a via de parto normal e o aleitamento materno podem ser feitos normalmente. • Adm de HBIg entre 7 a 14 dias a depender do tipo de exposição. Iniciar conjuntamente a vacinação ativa. • Estima-se que cerca de 71 milhões de pessoas estejam infectadas pelo vírus da hepatite C em todo o mundo e que cerca de 400 mil vão a óbito todo ano, devido à complicaçõ es desta doença, principalmente por cirrose e carcinoma hepatocelular (CHC). 15 • Estima-se que cerca de 657 mil pessoas estejam cronicamente infectadas pelo HCV no Brasil. A maioria absoluta sem saber desse diagnóstico. • 64,1% ocorreram no Sudeste, 24,5% no Sul, 5,5% no Nordeste, 3,3% no Centro-Oeste e 2,5% no Norte. • A introdução dos novos medicamentos de ação direta (DAA) para o tratamento da hepatite C modificou de forma radical o panorama epidemiológico desta doença em todo o mundo. • Media de diagnostico aos 46,3 anos. Predomina no sexo masculino, em que os homens tende a se infectar numa idade mais precoce. • Verdadeira prevalência é desconhecida devido aos casos assintomáticos, já que são notificados somente aqueles sintomáticos com cirrose e complicações. • 1/3 dos pacientes crônicos de HCV apresentarão cirrose. • É menos contagioso que o HBV e HIV. • Principal forma de transmissão se dá por sangue contaminado: Compartilhamento de equipamentos para uso de drogas ilícitas (compartilhamento de agulhas e seringas em drogas injetáveis ou compartilhamento de soluções de continuidade nas mucosas como canudo sujo de sangue p inalação de cocaína). Confecção de tatuagens e piercing, ou realização de procedimentos médicos-odontológicos (incluindo acupuntura), sem obediência às normas de biossegurança. Compartilhamento de objetos de uso pessoal, como escovas de dente, barbeadores, depiladores e instrumentos de manicure/pedicure sem esterilização adequada. o Soroprevalência do HCV nos profissionais de saúde varia de 0,6 a 4,5% devido a acidentes perfurocortantes ou exposição • Queda da transmissão por transfusão sanguínea com advento em 1993, da sorologia anti-HCV nos bancos de sangue. • Outros fluidos corpóreo – baixa transmissão. o Transmissão vertical ocorre em 5% de RN nascidos de mães com carga viral >105 copias/ml. A coinfecção pelo HIV, aumenta este risco em 4x. não existe contraindicação p parto normal e aleitamento materno. Em caso de fistula é recomendável suspender a amamentação. Além disso deve ser evitado se a mulher estiver em uso de tratamento antiviral especifico. o Transmissão sexual é mais frequente em pessoas com múltiplos parceiros sem proteção. Presença de DST aumenta o risco. Casais monogâmicos estáveis, onde um dos cônjuges tem HC, a chance de transmissão é baixíssima não necessitando de nenhuma medida preventiva. • Sintomas surgem entre 6 a 12 semanas após infecção. Porem, menos de 20% tornam-se sintomáticos na fase aguda. • Probabilidade de se tornar paciente crônico em 80%. • Fatores associados a maior probabilidade de clareamento viral espontâneo após infecção aguda: idade <40 anos; sexo feminino; genótipo 3; icterícia; polimorfismo do gene IL28B. • Raríssima evolução p hepatite fulminante. • Lesão hepatocelular deve-se a resposta imune. • Aminotransferases se elevam a partir da 2 a 8 semana após infecção, antes do surgimento dos sintomas. ALT pode atingir valores até 100x maior que a normalidade, mas normalmente aumenta até 10x com caráter flutuante. • HCV-RNA é detectado no sangue a paritr da 2ª semana após exposição. Os anticorpos anti-HCV são positivos no soro em 80% dos sintomáticos, e nos 20% só pode ser feito o diagnostico através da pesquisa do HCV- RNA. • Não costuma ser feito nessa fase. • Nos sintomáticos, 80% são diagnosticados com anti- HCV (ELysa)no soro e os 20% restantes com a pesquisa de HVC-RNA. • O anti-HCV leva 8 a 12 semanas para ser positivo, por isso em situações de forte suspeita de transmissão do HCV num inidviduo sintomático pesquisa-se diretamente HCV-RNA por meio do PCR quantitativo. Indicações: confirmação do diagnostico após anti-HCV positivo;pesquisa de hepatite C em menores de 18 meses (podem ter anti-HCV positivo devido a presença de anticorpos maternos, por isso, neles é preciso ver se tem HC pela forma HCV-RNA. Resultado negativo deve ser confirmado pela repetição do teste após 3-6 meses. Resultado positivo deve manter a soroconversão entre 12-18 meses de idade); caracterização da transmissão após acidente ocupacional em paciente assintomático; monitorização do tto. o Obs: anti-HCV não diferencia infecção atual ou contato prévio curado, por isso o HCV-RNA deve ser sempre usado para confirmar que o anti- HCV positivo significa infecção ativa pelo vírus C. • RIBA – pesquisa de anti-HCV pode ser solicitado com nti-HCV positivo e HCV-RNAnegativo. O MS não o recomenda. Positivos em duas ou mais bandas de antígenos marcados indicam contato prévio com vírus. 16 Única banda marcada indica indeterminação.Nenhuma banda marcada indica anti-HCV falso positivo, ocorrendo devido a uma infecção cruzada e não por infecção. • Genotipagem do HCV deve ser feito após confirmação do diagnostico com anti-HCV e HCV-RNA positivos para melhor definição do tratamento. • Quanto mais precoce for o tratamento na fase aguda, menor a probabilidade de evoluir para forma aguda. • Feito com alfapenguinterferona (PEG-IFN), podendo associar ou não com ribavirina (usar com HIV associado). CRITÉRIOS : aguardar 12 semanas após inicio dos sintomas. Se HCV-RNA continuar positivo após este período, iniciar tto. iniciar o tto imediatamente após o diagnostico. : populações que monitoram regularmente anti-HCV, como HSH ou usuários de drogas endovenosas, que desenvolvem anti-HCV positivo recente confirmado por HCV-RNA positivo. É necessário repetiri HCV-RNA na 4ª semana após o 1º exame. Caso não ocorra diminuição da carga viral de pelo menos 2log iniciar o tto. Se river reduzir não iniciar o tto e repetir o HCV-RNA na 12ª semana após o primeiro exame. Se positivo inicar o tto. Se negativo, paciente curado, repetir HCV-RNA após 24 e 48 semanas, a fim de confirmar a ocorrência de clareamento viral definitivo. • Conduta: repetir o HCV-RNA na 4ª semana de tto. Se negativo, mante-lo por 24 semanas. Se positivo, mantê-lo por 48 semanas, dosando o HCV-RNA com 12 semanas de tto. Se não houver queda da carga viral de 2log 10 interromper tto imediatamente. Hepatite D: • É um vírus RNA defectivo que tem core próprio mas necessita do envelope sintetizado pelo HBV para sobrevivência e disseminação. Ou seja, envoltório lipoproteico indistinguível do HbsAg. • Prevalência elevada na bacia amazônica – forma endêmica. Amazônia e Acre. • Forma não endêmica relaciona-se com usuários de drogas, hemotransfusao e exposição percutânea. • : infecção simultânea com HBV. Concorre com interferência viral e prejuízo da replicação do HBV. Apresenta-se como hepatite aguda recidivante de curso clinico aguda, geralmente é benigna. Evolui em 3% para HBV crônica. • : infecção por HDV secundaria a do HBV. Mais grave e de pior prognostico, em que a replicação intensa provoca diretamente a lesão do hepatócito. Tem risco de 80% de infecção crônica posterior, em cerca de 2 a 6 anos, sendo mais rápido em crianças. • Detecção dos anticorpos anti-HDV deve ser pesquisada em portadores de HB residentes em áreas endêmicas ou com antecendetes epidemiológico correspondente. • Tratamento: alfapeguinterferon + tenofovir ou entecavir, por 48 semanas, podendo-se repetir por mais 48 semanas caso necessário (isto é, totalizando 96 semanas de tratamento nos pacientes que persistem com dano hepático sustentado. Após o período de 48 17 ou 96 semanas a alfapeguinterferona é suspensa, sendo as medicações orais mantidas por tempo indeterminado. • A coinfecção HDV + HBV aumenta a frequência de hepatite fulminante de cerca de 1% para 5%. • Febre de Lábrea ou hepatite espongiocitária: quadro histológico com necrose hepatocelular moderada com balonização de hepatocios e hepatócitos aumentados de volume por conta da presença de gotículas de gordura em volta do núcleo – células de mórula ou espongiocitos. Hepatite E: • RNA vírus. • Transmissão fecal-oral. • Possui período prodrômico breve seguido por lesão hepatocelular intensa (queda do estado geral, icterícia e aminotransferases >10x) e posteriormente fase de covalescencia. • Genótipos 1 e 2 - hepatite E epidêmica: vírus primariamente humanos, responsável pela forma clássica semelhante a Hepatite A. Comum na Asia e Africa. • Genótipos 3 e 4- hepatite E autóctone: vírus primariamente suíno em todo globo que já infecta homens com sintomatologia diferente. • No período de incubação permanecem assintomáticos, mas há a fase de viremia. • Surgimento de anticorpos anti-HEV IgM (permanece positivo por 3 a 12 meses) e IgG (cicatriz sorológica) determina manifestações secundárias a lesão hepatocelular. Posteriormente há a fase convalescência. • Não há relato de cronificação dessa forma. • Predomina em adolescentes e adultos jovens. • É agressiva, com letalidade em 5%, principalmente em gestantes do 3º trimestre, que evoluem para hepatite fulminante em cerca de 20 a 30% dos casos devido a alterações na secreção de citocinas e um desequilíbrio de micronutrientes. • Transmitida pela ingesta de carne de porco mal cozida principalmente, ou pela transfusão ou contato direto com suínos. • Sua forma sintomática predomina em idosos. • Pacientes mais jovens geralmente são assintomáticos. • Homens são mais acometidos (3:1). • Fenótipo de hepatite crônica agudizada: pacientes já eram portadores de alguma hepatopatia crônica e descompensam com icterícia, ascite, encefalopatia quando infectados pelo HEV. • Achados extra hepáticos: neuropatias. Ex: síndrome de Guillain-barré, polineuropatia periferica, ataxia, encefalopatia, paralisia de Bell. Queixas neurológicas acompanham o curso da infecção. Isso ocorre pois estes vírus podem incorporar fragmentos do genoma humano no seu material genético. • Hepatite E crônica: acontece em pacientes imunocomprometidos em que se observa persistência a longo prazo de altos títulos de HEV-RNA no plasma e fezes, evoluindo com alterações fibroticas crônicas no parênquima hepático, podendo chegar a cirrotização. • Pesquisa de Hepatite E em áreas não endêmicas: Hepatite aguda não A, não B e não C, descartadas também as infecções por Citomegalovírus e Vírus Epstein-Barr. Histórico de viagem ou procedência de uma região endêmica para o HEV; Ocorrência de uma epidemia de hepatite aguda cuja investigação revele o contágio por uma fonte comum de água. • Prevenção: china tem vacina. Não comer carne de porco mal cozida e evitar ostras (dejetos dos porcos atinge criadouros de ostras) principalmente pacientes imunodeprimidos. 18 Hepatites virais crônicas • Definida como lesão hepática necroinflamatória que perdura por mais de 6 meses. • Complicações: cirrose hepática pós-necrótica e hepatocarcinoma. • Biópsia: avalia o prognóstico, identificando possível etiologia, possível estágio de fibrose e o grau de processo inflamatório. • Dosagem sérica de ALT e AST: permite diagnostico e acompanhamento das hepatites. Seu aumento é menos pronunciado no que na hepatite aguda, se estabilizando em níveis pouco acima do limite normal (1 – 1,5x aos valores de referencia – entre 70 a 300 UI/L). Pode exibir curso flutuante, com aumento de 5 a 10x, ou pode manter normal. ALT >AST, em que a inversão do padrão sugere doença avançada (cirrose) ou concomitância de lesão hepática por álcool. • Fosfatase alcalina e gama GT: normais ou discreta elevação. • Albumina e atividade da protrombina: níveis de normalidade exceto nos casos de cirrose descompensada. Hepatite crônica C • Maioria assintomática sendo o diagnostico feito por exames rotineiros, como na doação de sangue. • Casos sintomáticos apresentam fadiga crônica associado ou não a náuseas, vomito e anorexia. • Aminotransferares flutuantes, sendo mais baixas do que na HB crônica. • É a principal causa de óbito por hepatite viral. • Manifestações extra-hepáticas: crioglobulinemia mista (tipo II) que pode cursar com vasculite cutânea e Glomerulonefrite membranoproliferativa por deposição de imunocomplexos contendo antígenos virais e crioglobulinas. Manifestações dermatológicas – porfiria cutânea tarda, líquen plano. Síndrome de Sjorgren. Fibrose pulmonar intersticial. • Complicações metabólicas sistêmicas: síndrome metabólica e DM tipo 2. • Aumenta a chance de desenvolver linfomas não Hodgkin decélulas B – linfoma folicular, linfoma linfocitico crônico, linfoma linfoplasmacítico e linfoma da zona marginal e gamopatia monoclonal de significado indeterminado. • Alguns pacientes possuem autoanticorpos, como o anti-LKM (associado a hepatite autoimune tipo 2) em que o HCV cronificado induz autoimunidade. • Após a infecção aguda, 20% resolvem espontaneamente e 80% cronificam, em que 1/3 evoluirá para cirrose hepática em menos de 20 anos 19 (progressores rápidos) e 1/3 entre 20-50 anos (progressores intermediários) e 1/3 após mais de 50 anos (progressores lentos). Hepatite B crônica • Definida por um HbsAg positivo por mais de seis meses que se associa com anti-HBc IgG positivo. o Obs: positividade isolada do anti-HBc IgG com anti- HBc negativo sugere HB crônica. • Taxa de cronificação: 90% em RN; 25-50% em crianças e 5-10% adultos. • A presença de quadro clássico de hepatite aguda ictérica diminui a chance de cronificação. • Chance de evolução para cirrose hepática ao longo de 20 anos na HB crônica é de 50%. Dos pacientes com cirrose, 5 a 15% evolui com hepatocarcinoma. o Na HC o hepatocarcinoma só se desenvolve se houver cirrose pré-estabelecida enquanto que na crônica o hepatocarcinoma pode surgir na ausência de cirrose em até 30-50% dos casos. Fatores que aumentam chance de cronificação: Idade (quanto menor, maior o risco), sexo masculino, imunodepressão, DRC (principalmente se em programa de hemodiálise ou transplante renal), infecção pelo HIV, síndrome de Down e doenças linfoproliferativas. Fatores que aumentam a chance de cirrose hepática e hepatocarcinoma: Álcool, fumo, sexo masculino, extremos de idade, história familiar de hepatocarcinoma, aflatoxinas, replicação viral persistente, genótipos C e F, mutante pré-core, coinfecção pelo HIV, HDV, HCV e outras hepatopatias crônicas. • Imunotolerância: período replicativo. Dura o tempo do período de incubação (4-24 semanas) e em crianças pela transmissão perinatal dura 10 a 30 anos. Há intensa replicação viral, com HBeAg positivo, anti-HBe negativo, DNA viral >20.000 cópias/ml, já que o sistema imune ainda não reconheceu os hepatócitos infectados. Aminotransferases são normais e não há lesão hepática visível na biopsia. Transmissibilidade máxima. • Imunoeliminação: período replicativo. Lesão hepatocitária pelo ataque imune as células hepáticas infectadas, associado a uma replicação viral ainda em níveis elevados, com HBeAg positivo, anti-HBe negativo, DNA viral de valor variável. Aminotransferases sobem e a biópsia hepática mostra lesão necroinflamatória e fibrose. Duração variável, de meses a anos. Taxa de conversão para a próxima fase é de 10-15% ao ano. • Soroconversão: não replicativa. HBeAg negativo, anti- HBe positivo e DNA viral indetectável ou detectável em níveis baixíssimos. Há grande depuração viral, persistindo o material genético incorporado ao genoma dos hepatócitos (estado latente). Regressão parcial ou total da lesão necroinflamatória hepática, embora possa persistir a fibrose. Aminotransferases voltam ao normal. São portadores inativos, em que o tratamento antiviral não está indicado, tendo bom prognostico. Fatores preditores de soroconversão – idade>40 anos; ALT>2x o normal e genótipo A ou B. Costuma haver nova elevação das enzimas hepáticas e mais um período de agrassao hepatocitária – flare. HBsAg permanece positivo indefinidamente, em alguns pacientes esse antígeno negativa com o surgimento do anti-HBs – cura espontânea. • Reativação: ocorre em 4-20% dos pacientes. Deve-se a imunodepressão do hospedeiro, em que se observa reversão do HBeAg que volta a ser positivo. Por desenvolvimento de mutações o vírus, onde o HBeAg continua negativo mas o DNA viral aumenta e ocorre nova elevação das aminotransferases associada a nova agressão hepática. Por isso, todos os pacientes que evoluiu para a fase de soroconversão deve ser monitorizado com dosagens seriadas de carga viral a cada seis meses. • Mutante pré-core: vírus com incapacidade em produzir o antígeno e. Os doentes se mantem replicantes com DNA viral em altos títulos, embora apresentem HBeAg negativo e anti-HBe positivo, sendo capaz de escapar da soroconversao. Normalmente evoluem com diversas recrudescências de replicação viral, o que eleva o risco de cirrose hepática e hepatocarcinoma. • Hepatite B oculta: HBsAg negativo, anti-HBc IgG positivo e anti-HBs positivo. Há novo aumento das aminotransferases e da carga viral. O vírus cujo DNA permanece incorporado ao genoma do hospedeiro indefinidamente mesmo após controle da replicação viral já tinha mutação de escape no HBsAg, que so é expressão em imunossupressão. Há retorno da Preditores de evolução desfavorável com maior chance de cirrotização e hepatocarcinoma: Idade > 40 anos no momento da infecção. Sexo masculino. Uso de álcool. Coinfecção com HIV e/ou HBV. Imunossupressão. Esteatose hepática. Resistência a insulina. Atividade necroinflamatoria mais intensa na primeira biopsia hepática. Excesso de ferro no parênquima Hepatopatias concomitantes – Wilson, hemocromatose, deficiência de alfa-1-antitripisina. 20 replicação viral, sem que haja produção do HBsAg, o anti-HBs perde sua capacidade neutralizadora e a doença retorna, podendo ser grave. • Maioria assintomática. Nos sintomáticos há predomínio da fadiga associado a náuseas, vômitos, anorexia, dor leve ou desconforto em HD, dificuldade de concentração e distúrbios do sono. Durante as exacerbações agudas, há icterícia com elevação das aminotransferases. • Manifestações extra-hepáticas: síndrome nefrótica pela glomerulopatia por imunocomplexos comum em crianças, sendo quase sempre uma nefropatia membranosa, com remissão espontânea em 30-60% dos casos (coincidindo com a soroconversão HBeAg para anti-HBe). Em adultos, a lesão glomerular pode ser nefropatia membranosa (mais típica) ou membranoproliferativa. Outra manifestação é a Poliarterite Nodosa (PAN). • Anamnese detalhada- identificação de fonte de infecção e fatores de risco para outras hepatopatias como o álcool (deve ser suspenso). • Exame físico: procurar estigmas de disfunção hepática. • Sorologia para HAV, HCV, HIV e HDV. • Avaliação do metabolismo do ferro por meio do ferro sérico e TIBIC para afastar coexistência de hemocromatose. • Aminotransferases e marcadores das funções hepáticas (bilirrubinas, TAP, albumina), contagem de plaquetas. • Essas avaliações permite ver se há presença de cirrose. • Indivíduos negativos para anti-HAV IgG devem ser imediatamente vacinados contra hepatite A. • Avaliar se o paciente está na fase replicativa. Níveis viremicos muito altos, são aqueles acima de 100.000 copias/ml. HBeAg positivo + Anti-HBe negativo = fase replicativa; Anti-HBe positivo + HBeAg negativo = fase não replicativa. • Biposia não é obrigatória, por não ser necessária para decisão terapêutica. Deve ser usada em casos de esclarecimento diagnóstico em casos duvidosos. • Controle da replicação viral, através da negativação sustentada do HBeAg e do HBV-DNA, o que se traduz em remissão clinica, bioquímica e histológica impedindo a progressão da doença hepática para o estagio de cirrose e desenvolvimento de hepatocarcinoma. Obs: quanto menor o HBV-DNA, menor a chance de evolução desfavorável, mesmo que o HBsAg permaneça positivo). • Na mutação pré core o controle da replicação so pode ser avaliada pela dosagem de carga viral. HBeAg reagente que não soroconvertem, tem objetivo de ter a negativação ou supressão da carga viral. Carga viral suprimida <10.000copias/ml ou <2000 UI/ml (1UI= 5,26 copias).Em pacientes cirróticos, a negativação ou supressão da carga viral reduz a chance de descompensaçao hepática e proporcionaaumento no tempo de sobrevida. CRITÉRIO DE INCLUSÃO PARA PORTADORES DE HB NÃO INFECTADOS POR HDV HBeAg + e ALT>2x limite superior normal. HBeAg + e idade >30 anos. HBeAg – e HBV-DNA >200UI/ml e ALT> 2XLSN OUTROS CRITERIOS INDEPENDENTE DE HBEAG, HBV- DNA E ALT. Historia familiar de CHC. Manifestações extra-hepáticas: artrite, vasculite, PAN, Glomerulonefrite, acometimento motor incapacitante. Coinfecção HBV/HCV ou HBV/HIV. Hepatite aguda grave (coagulopatia ou icterícia >14 dias). Reativação da Hepatite B crônica. Cirrose ou insuficiência hepática. Biopsia hepática mostrando metavir maior ou igual A2F2 Elastografia hepática > 7.0 kPa. Prevenção da reativação viral em pacientes que receberão imunossupressores ou quimioterapia. Alfapeguinterferon a 2a 180mcg/semana, via subcutânea. Contraindicações: Gravidez. Uso atual de álcool ou drogas ilícitas. Cardiopatia grave. Distúrbios psiquiátricos não tratados. Tireoidopatia não controlada. Neoplasia recente. Insuficiência hepática. Antecedente de transplante, exceto hepático. Anemia,leucopenia,plaquetopenia . Doença autoimune. Intolerância ao medicamento. Alfapequinterferon a 2b 1,5 mcg/kg/semana, via subcutânea. Representam um conjunto de proteínas e glicoproteinias com ação antiviral, antiproliferativa e imunomoduladora. Reservado aos pacientes com HBeAg +. Tempo de tto limitado a 48 semanas, e uma vez realizado não deve ser repetido. Se após 48 semanas não houver soroconversão, a alfapeguinterferona deve ser suspensa, introduzindo-se a monoterapia com tenofovir ou entecavir. 21 Usuários de MONITORAMENTO CLÍNICO alfapeguinterferona • Hemograma a cada 12 semanas. • AST/ALT na 2ª semana de tratamento, depois, a cada 4 semanas. • Glicemia de jejum, TSH/T4 livre a cada 12 semanas. * Resultados anormais em qualquer um desses exames indicam encaminhamento do paciente para centros de referência. MONITORAMENTO SOROLÓGICO • HBsAg, anti-HBs, HBeAg e anti-HBe ao final da 48ª semana. • HBV-DNA ao final da 24ª e 48ª semana**. ** Carga viral > 20.000 UI/ml em qualquer medida (ineficácia tera pêutica) indica a suspensão da alfapeguinterferona e troca por tenofovir ou entecavir. • Resistência primaria: HBV-DNA é reduzido em menos de 1 Log10 UI/ml após seis meses da instituição do tratamento. • Resistência Adquirida = Paciente que teve redução inicial do HBV-DNA apresenta aumento evolutivo > 1 Log10 UI/ml em relação ao menor valor apresentado, ou novas alterações nos exames de função hepática. • Detecção de resistência em usuários de entacavir → tratamento de resgate → entecavir + tenofovir. Após um ano de resgate, se houver indetectabilidade do HBV-DNA, procede-se à troca pela monoterapia com tenofovir. • Hepatite tende a ser mais grave, apresentando maiores taxas de replicação do vírus B, além de menor soroconversão espontânea e, consequentemente, maior atividade necroinflamatória e maior risco de cirrose hepática e CHC. Há chance aumentada de apresentar hepatite B oculta. • O início da terapia antirretroviral contra o HIV pode provocar uma agudização da hepatite B crônica subjacente, a qual pode ser grave, evoluindo com falência hepática aguda. • A resposta ao tratamento de ambas as doenças diminui, justificando o aumento da morbimortalidade geral. Entecavir 0,5 (cirrose compensada)-1,0 (cirrose descompensada) mg/dia via oral. Contraindicações: gravidez. É um análogo nucleosideo que deve substituir o tenofovir na presença de contraindicações ou surgimento de complicações em relação a este ultimo. Além disso é a primeira escolha em pacientes que vai receber imunossupressores ou quimioterapia. Não deve ser usado em pacientes que já usaram lamivudina e telbivudina pois há grande de probabilidade de mutações virais que esse medicamento não age. Duração do tto é indeterminada, podendo ser suspenso após atingir o desfecho ideal ou estado de portador inativo após duas aferições anuais. Continuar tto independente do alcance do objetivo em cirróticos. É excretado pela via renal, necessitando de ajuste posológico na presença de disfunção renal. Tenofovir 300mg/dia, via oral. Contraindicações: Doença renal crônica. Osteoporose e outras doenças do metabolismo ósseo.TARV com didanosina. Cirrose hepática(contraindicação relativa). Intolerância ao medicamento. Primeira linha de escolha. Duração de tratamento indeterminada, podendo ser suspenso após atingir o desfecho ideal de HBsAg e HBV-DNA indetectáveis ou o estado de portador inativo com soroconversao HbeAg – e anti- HBe + na ausência de mutação pré core. Portadores de cirrose hepática, mesmo quando atingem os objetivos devem manter o tratamento indefinidamente. É um análogo nucleotídeo inibidor da enzima transcriptase reversa viral, sendo eficaz em suprimir replicação viral além de possuir elevada barreira genética. Efeitos colaterais: toxicidade renal e desmineralização óssea. ACOMPANHAMENTO DA RESPOSTA TERAPÊUTICA Hepatite B crônica HbeAg + HBsAg, anti-HBs, HBeAg, anti- HBe e HBV-DNA anualmente Hepatite B crônica HBeAg - HBsAg, anti-HBs e HBV-DNA anualmente. 22 • Esquema: (TDF + 3-TC + DTG) - tenofovir + lamivudina + dolutegravir. • O vírus que predomina geralmente é o HCV (sua atividade “inibe” em parte a atividade do vírus B). Por isso usa-se esquema da hepatite C. O uso dos novos esquemas terapêuticos contra o vírus C podem se acompanhar de hepatite fulminante pelo vírus B (já que este deixa de ser “inibido” pelo vírus C, por isso é importante, iniciar tratamento concomitante para ambas as infecções. • Dosar nesses pacientes HBsAg e anti-HBc total, acrescentando HBV-DNA nos casos de positividade nos dois primeiros exames. • Terapia com entecavir. • Terapia profilática: uso do entecavir é iniciada antes do inicio da imunossupressão ou quimio. • Terapiia preempitivo: Quando a terapia contrao vírus B é iniciada após a introdução de imunossupressão/quimioterapia (havendo reativação viral), • Antivirais devem ser mantidos por 6 a 12 meses após o termino da imunossupressão ou quimioterapia. Casos em que a imunossupressão precisa ser mantida indefinidamente (ex.: pós-transplante hepático), a terapia antiviral também deve ser mantida indefinidamente. • Uso de lamivudina é autorizada quando o entecavir não estiver imediatamente disponível e a carga viral for indetectável. Não deve ser mantida por mais de 4 meses, deve trocar o esquema o quanto antes p entecavir. • Tenofovir é a droga de escolha se o paciente possui historia previa de lamivudina. Devido a possibilidade de resistência cruzada entre lamivudina e entecavir (resistência do vírus ao entecavir). 23 Referências • DA FONSECA, Rosa Maria Godoy Serpa et al. A perspectiva social das hepatites virais: Revisão de escopo. New Trends in Qualitative Research, v. 13, p. e641-e641, 2022. • NOVAES, Andressa Cristina et al. Hepatites virais no contexto brasileiro: uma revisão integrativa. Research, Society and Development, v. 10, n. 1, p. e12510111579-e12510111579, 2021. • PORTA, Gilda et al. Hepatites virais. In: Pediatria. Atheneu, 2022. • Boletim hepatites virais- Ministério da Saúde 2010 • BRASIL. Ministério da Saúde. ABCDE do diagnóstico para as hepatites virais: Série A. Normas e manuais técnicos. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2009a. 24 p.
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