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Tutorial 05 – Módulo IX Ciclo da Bilirrubina Essa substância é formada pela degradação das hemácias velhas pelo sistema reticuloendotelial, separando em hemoglobina, globina e heme. A parte da hemoglobina vira bilirrubina livre (bilirrubina indireta) que vai pro fígado, onde vira bilirrubina conjugada (bilirrubina direta) pela enzima glicuronitransferase UDP. Ela vai pro intestino, e junto com a ação bacteriana e as glicuronidades, vira o urobilinogênio. Esse urobilinogênio pode ir pros rins, e por oxidação vira a urobilina por oxidação, que é excretada na urina, ou pode ir para o intestino grosso, que vira o estercobilinogênio, depois estercobilina por oxidação e vai pras fezes. Problemas no ducto biliar, vesícula biliar ou fígado podem aumentar a quantidade de bilirrubina no sangue, causando icterícia (coloração amarelada dos tecidos e mucosas). O exame da bilirrubina é solicitado com o objetivo de avaliar a função do fígado, monitorar o tratamento de recém-nascidos ictéricos e avaliar doenças que podem interferir na produção, armazenamento, metabolismo ou excreção de bilirrubinas. Normalmente o médico solicita a bilirrubina total, no entanto os laboratórios também costumam liberar as dosagens de bilirrubina direta e indireta. Hepatites Virais Agudas Na maioria dos casos são autolimitadas, durando 1-2 meses e não apresentam complicações. Porem podem manifestar sintomas extra- hepáticos significativos e evoluir pra doença hepática crônica (>6 meses). Os vírus mais frequentes são o ABCDE, mas raramente podem ser por Epstein-Barr, CMV, HVS, vírus da febre amarela, vírus da rubéola e outros. Todas são doenças de notificação compulsória no Brasil, feita em até 7 dias. QUADRO CLÍNICO GERAL: são possíveis formas leves e quase assintomáticas, e também formas agudas graves, com rápida evolução (fulminante) pra insuficiência hepática. Fase Prodômica: primeiros sintomas inespecíficos, majoritariamente sistêmicos e gastrointestinais. Manifesta com mal-estar, diarreia, anorexia, náuseas, vômitos, diarreia, perda ou perversão do paladar ou olfato, artralgias, mialgias, tosse, coriza, cefaleia e fotobia (quadro grpal). Febre costuma ser leve se estiver presente, é incomum ser alta, mas pode aparecer no tipo fulminante. Pode ter desconforto abdominal que reflete a hepatomegalia dolorosa, que pode estar junto com discreta esplenomegalia. Alguns pctes tem artrite por deposição de imunocomplexos, outros desenvolvem Glomerulonefrite aguda (Hepatite B). Manifestações cutâneas como rash e urticaria podem estar presentes. Em crianças é mais brando, e essa fase pode nem ser notada. Fase Ictérica: após vários dias a poucas semanas, associada ou não com colúria (urina escura), hipocolia fecal (fezes mais claras) e prurido (tudo isso é síndrome colestática). Os achados sistêmicos regridem e os sintomas gastrointestinais pioram. Os pctes que apresentaram fase prodrômica como quadro gripal podem nunca saber que tiveram hepatite, ou se darão conta após vários anos em momento de cronicidade com sinal de hipertensão portal/insuficiência hepática (hepatite C). Fase de Convalescência: percepção clinica da melhora dos sintomas e dos sinais da fase ictérica. Costuma durar semanas, e quando acaba, acaba o quadro agudo de hepatite (ou cura ou evolui pra crônico). A duração da fase aguda não pode passar de 6 meses, pois indica hepatite crônica. ACHADOS LABORATORIAIS: Hemograma: é comum leucopenia evoluindo pra linfocitose. Leucocitose neutrofílica é rara mas pode ocorrer nos casos fulminantes. Pode ter leucocitose em diagnósticos diferenciais de hepatite alcoolica aguda, que vem com desvio á esquerda (+ neutrófilos e bastões). Hepatograma: a injúria aos hepatócitos libara aminotransferases como ALT e a AST (TGO e TGP), esperando aumento de 10x acima do limite, com ALT>AST. A magnitude da elevação não tem relação com o prognostico, mesmo que um aumento exuberante indique maior lesão hepática (não significa maio chance de evoluir pra falência do órgão). Apresenta hiperbilirrubinemia (> 20mg/dL) e icterícia, predominando a bilirrubina direta, pois a injúria dos hepatócitos compromete a excreção de bilurribina pros canalículos biliares, e não tanto a conjugação. Alguns pctes podem ter componente colestático junto, com elevações da fosfatase alcalina e gama-gt (forma colestática da hepatite A). Todas as vezes que um pcte com HVA, A ou B, evoluir com obnubilação ou torpor (depressão do SNC), é necessário avaliação da síntese hepática pela dosagem da albuminemia e do tempo e atividade de protrombina, ou seja, confirmar precocemente um eventual diagnóstico de insuficiência hepática fulminante. Provas de Função Hepática: síntese proteica e fatores de coagulação, excreção da bilirrubina, detoxificação de substâncias e etc. Pedir albuminemia, tempo de atividade de protrombina TAP com INR, bilirrubinas e amonemia (amônia serica). SÍNDROME PÓS-HEPÁTICA: persistência de alguns sinais e sintomas como fadiga, peso no HD, intolerância a certos alimentos e ao álcool. Palpação no HD pode ser dolorosa e as aminotransferases podem continuar um pouco elevadas. Prognostico bom, mas se persisrtir muito, é necessário biopsia pra descartar HC. Hepatite Viral A É um vírus de RNA com capsídeo icosaédrico, desprovido de envelope, da família Picornaviridae, gênero Hepatovirus. EPIDEMIOLOGIA: acomete no Brasil crianças < 10 anos, pico entre 5-6 anos, sem diferença entre os sexos, e mais presente na região Norte e Nordeste. Observa-se queda progressiva na frequência, explicado na melhoria das condições sanitárias, mas cria um contingente de pessoas suscetíveis não imunizadas na infância pela infecção, aumentando risco de epidemias. Por isso a vacinação contra hepatite A faz parte do calendário básico. Principal via de contágio é o fecal-oral, de forma entre pessoas ou através de agua/alimentos contaminados. Aglomerados humanos são propensos a surtos. Transmissão parenteral é rara, mas possível se transfusão seja feita de um doador em fase virêmica, e transmissão sexual também, mais pelo sexo anal. PATOGENIA: o vírus resiste ao pH acido do estomago, e após ingerido, penetra na mucosa intestinal chegando ao fígado pela circulação portal. Assim, as partículas virais se proliferam e ficam no citoplasma dos hepatócitos, sendo excretadas na bile (elevados títulos virais nas fezes). É um vírus órgão-específico, ou seja, replicação viral ocorre somente nos hepatócitos. E assim, manifestações extra-hepáticas são muito raras, secundarias á deposição de imunocomplexos contendo anticorpos. A lesão hepática não é muito compreendida, pois o vírus sozinho não causa dano aos hepáticos infectados, então acredita-se que seja por resposta imune do hospedeiro (linfócitos T citotóxicos CD8+). MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: inflamação difusa do parênquima hepático, com síndrome de lesão hepatocelular. Costuma ser leve, e pode ser confundido com uma gastroenterite, pois poucas crianças desenvolvem a icterícia. Adultos tem sinais e sintomas mais acentuados e prolongados, tendo icterícia. »Fases sequenciais: Fase assintomática – comum nas crianças. Fase sintomática – clássica e autolimitada durando 8 semanas. Fase colestática – icterícia com padrão colestático podendo durar mais de 3 meses. Fase Recidivante – 10% dos casos e não costuma ser grave, caracterizada por 2 ou mais ataques de HÁ, ocorrendo em 6- 10 semanas. Fase Fulminante – rara com mortalidade de 30-50%, comum em idosos e portadores de doença hepática crônica. É a hepatite mais relacionada com síndrome colestática intra-hepatica, cursa com prurido intenso, coluria e acolia fecal, assim comoelevação de fosfatase alcalina, gama-gt e bilirrubina direta. Aminotransferases começam a elevar no período de incubação, normalizando 3- 4 semanas depois do inicio dos sintomas. A infecção pode deflagrar hepatite autoimune tipo I em indivíduos geneticamente predispostos. DIAGNÓSTICO: incubação é de 15-45 dias, com dia de 28 dias, e assim os picos de viremia e de eliminação viral nas fezes ocorrem nessa fase antes dos sintomas. Os anticorpos anti-HAV elevam-se poucos dias antes do inicio dos sintomas: Anti-HAV IgM indicam infecção aguda, persistindo 3-6 semanas. Indica o diagnostico. Anti-HAV IgG podem aparecer na mesma época, mas ficam por tempo indefinidos e são mais encontrados na fase de convalescença. TRATAMENTO E PROGNÓSTICO: repouso relativo e aumento da ingestão calórica associado, se necessário, a medicamentos sintomáticos (antitérmico, antiemético). Deve-se evitar drogas com potencial hepatotóxico (paracetamol) e não pode ingerir álcool por pelo menos 6 meses. A administração parenteral de vitamina K pode ser tentada em casos com queda na atividade de protrombina. Prognostico excelente com recuperação usualmente total e sem sequelas, não se cronifica. A probabilidade de complicação para forma fulminante é maior em idosos, com mortalidade de 50-60%. PREVENÇÃO: como a fase de maior eleminação viral ocorre antes do surgimento sintomático, não é preciso colocar os sintomáticos em isolamento. Pode ser necessário o afastamento das atividades em crianças que frequentam creche ou escola durante 2 primeiras semanas. Imunização: é feita com vacina de vírus inativado, administrada IM com efeitos colaterais incomuns (febre, reação no local, rash cutâneo), e a soroconversão ocorrem em 4 seamans. Faz parte do calendário vacinal básico pra todas as crianças, e esta disponível no CRIE para pctes com idade acima de 2 anos dentro das categorias: hepatopatia crônica, coagulopatia e doenças genéticas, crianças < 13 anos com HIV/Aids, imunodepressão terapêutica ou doença imunossupressora, transplantados e doadores de órgãos/medula. Profilaxia Pós-Exposição: os não vacinados ou infectados podem se beneficiar de medidas que são aplicadas em 2 semanas, e é a aplicação da vacina de dose única. Caso pcte > 12 meses e > 40 anos e também os com comorbidades, devem receber imunoglobulina humana (pool de doação de sangue). Hepatite Viral B O HBV é de DNA da família Hepadnaviridae. Possui envoltório lipoproteico e um núcleo central denso (core), e esse envoltório expressa o antígeno superficial (HBsAg). O núcleo central denso possui o HBcAg. Um terceiro antígeno (HBeAg) é secretado na corrente sanguínea pelos hepatócitos infectados. Existe ainda o “antígeno x” (HBxAg), que é uma molécula que estimula a transcrição de genes virais e celulares, que pode estimular a transcrição de genes de outros vírus, como o HIV. HBsAg – bem elevado durante infecção, facilmente detectado na sorologia, mesmo quando não está replicando. Marca a presença do vírus no corpo. Em algumas pessoas, determina a formação do anticorpo Anti-HBs, seguido pelo desparecimento do antígeno (indica cura). HBcAg – não é secretado pro plasma, pois fica no centro do vírus, mas mesmo assim possui atividade antigênica e determina formação de anticorpo anti- HBc (principal marcador de infecção mas não indica cura). HBeAg – fica no core viral, próximo ao antígeno de centro, muito secretado durante replicação viral. Quando positivo indica alta viremia, portanto a Infectividade é grande. Determina a formação do anticorpo anti-HBe, tornando o antígeno negativo, e a Infectividade diminui. EPIDEMIOLOGIA: acomete mais 20-69 anos no Brasil. A incidência nos menores de 15 anos vem caindo devido a implicação vacinal e pela profilaxia da transmissão vertical. A media da idade de diagnostico gira em torno de 35 anos, predominantemente nos homens. As mulheres tendem a adquirir mais cedo. Maior parte dos casos é na região Sul e Sudeste. MODOS DE TRANSMISSÃO: encontrado no sangue e em outros fluidos corpóreos, sendo transmitido através do contato com esses materiais (principalmente o sangue|). A chance de transmissão é proporcional a carga viral do pcte, sendo mais nos indivíduos com HBeAg positivo (replicação viral). Transmissão Vertical: pode ser intrauterina (incomum) ou perinatal durante o parto. O principal risco é o HBeAg positivo na mãe. HBV pode ser encontrado em 95% das amostras de aspirado gástrico de recém-nascidos de parto natural de mães com HB. Em locais de alta prevalência da doença (Sudeste Asiatico), pcte já nasce com HB, e tem mais chance de evoluir pra HB crônica. Quando a mulher é infectada durante a gestação, a chance de transmissão vertical aumenta com a evolução da gravidez. Quando a mae já é portadora crônica de HB, a chance de transmissão vertical é 90% em pctes com replicação positiva, e 10-40% para mulheres com replicação negativa. A instituição de medidas profiláticas podem reduzir em 90% a chance de transmissão vertical em todos esses cenários. Transmissão Horizontal: considera-se que o aleitamento materno não oferece risco adicional de transmissão, então não se recomenda suspensão. A vezes pode acontecer no pós-natal pelo contato de adultos com crianças infectadas. Transmissão Sexual: bem importante em países desenvolvidos. Uso de preservativo diminui o risco. Transmissão Percutânea: por materiais perfurocortantes contaminados (agulhas, seringas, equipamento de tatuagem, tratamento dentário, manicures, acupuntura, piercing). Pode ocorrer por materiais descartáveis. Hemotransfusão e Transplante de Órgaos: antigamente o risco era muito maior, mas o desenvolvimento de testes de rastreio sorológico e a exclusão de doadores reduziram esse risco. PATOGÊNESE: não é diretamente citopático, inicia por resposta imune celular (LTCD8+ e citocinas pró-inflamatórias) dirigida contra antígenos virais expressos pelos hepatócitos, resultando em dano dessas células. Uma resposta imune acentuada, mesmo causando mais lesão, associa-se a maior chance de clareamento viral e cura. Uma resposta imune insuficiente parece ser o principal fator de cronificação. O surgimento do HBsAg é o primeiro e mais importante, limita o período de soroconversão, podendo detectar em 1-10 semanas (30 dias) antes de qualquer sintomatologia. Quando o pcte desenvolve os primeiros sintomas da fase prodrômica, já é possível reconhecer a presença de HBV no corpo. O período de incubação pode ser de 30-180 dias (media de 4-6 semanas), variando em função do tamanho do inoculo viral recebido durante contagio. Quando se iniciam os primeiros sinais e sintomas, aumenta as aminotransferases e o aparece o anticorpo contra o antígeno do core (anti-HBc). Assim inicia a fase prodrômica que dura de 1-2 semanas, o anticorpo do core aparece logo o antígeno superficial, junto com os sintomas da hepatite. Com o surgimento do anticorpo anti-HBs, inicia- se a fase de convalescência, com queda progressiva das aminotransferases e redução da ictérica e dos sintomas sistêmicos. Surge em 1-2 meses após o inicio dos sintomas, logo depois da negativação do HBsAg (período de janela imunologia podendo ter HBA e HBsAg negativos)> A melhora do quadro e a cura dependem da capacidade de produzir o anticorpo superficial, e se não tiver em 6 meses, o pcte se torna crônico e assintomático. O antígeno E (HBeAg) é produzido quando o vírus se replica intensamente, durante fase sintomática. Quanto maior replicação viral, mais facilmente se encontrara o antígeno, e também mais Infectividade. Com o passar do tempo, o organismo suprime a replicação viral, e passa a ser detectado o anticorpo anti-HBe(caso tenha cura, ele permanece positivo). Para diagnóstico de um pcte ictérico, quando o objetivo é a interpretação de um quadro provável de hepatite B, o HBeAg e o anti-HBe não têm tanta importância quanto os HBsAg, anti-HBc e anti-HBs. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: dependem da idade em que ocorre a infecção, do nível de replicação e do estado imune do pcte, também dependendo da forma evolutiva adotada. Costumam ser mais intensos que as outras formas de hepatite, e tendem a surgir na fase de replicação viral e desaparecer na fase não replicativa. Infecção perinatal ou durante infância tem quadro mais brando, oligo ou assintomático (sem icterícia), com elevado risco de cronicidade. Em adultos tem mais sintomas, mas pouca chance de cronicidade. Em idosos tende a ser grave. Forma assintomática: apenas um aumento das aminotransferases e dos marcadores sorológicos. Forma anictérica: apenas com sintomas da fase prodrômica, na maioria confundida com um quadro gripal com aminotransferases > 500 U/L. Pode ter semelhança com a doença do soro, com febre, rash e Poliartrite simétrica distal. Forma ictérica: clássica e de fácil diagnostico. Forma Recorrente / Recrudescente: novas elevações das aminotransferases em pctes que já haviam melhorado e normalizado essas enzimas (recorrente), ou que vinham caminhando para tal (recrudescente). Só é percebido clinicamente se houver também novo aumento de bilirrubinas, com retorno ou reacentuação da icterícia. Forma Colestática: no curso de uma HBA ictérica, algumas vezes os pctes desenvolvem um padrão clinico e laboratorial bastante semelhante ao das icterícias colestáticas. Intensa acolia fecal e prurido, associado ao aumento progressivo da bilirrubina direta, fosfatase alcalina e gama-gt. Ocorre inversão do padrão de lesão hepatocelular para o de colestase se completa com uma tendência a redução das aminotransferases. Forma Fulminante: 1% dos casos, é quando evolui pra encefalopatia hepática num período de 8 semanas a partir do inicio do quadro. Sintomas se intensificam (febre, gastrointestinais, icterícia), ocorre redução do volume hepático á palpação, e surgimento de sintomas de insuficiência hepática (flapping, distúrbios eletrolíticos, perda de consciência). Aminotransferases tendem a reduzir seus níveis séricos, e pode haver leucocitose com neutrofilia e desvio á esquerda. Ocorre necrose do parênquima hepático com desenvolvimento precoce dos anticorpos anti- HBs, anti-HBc e anti-HBe, e desaparecimento de antígenos virais. A gravidade do dano hepático está relacionada com a velocidade de desaparecimento do HBV. O anti-HBc IgM é encontrado em altíssimos títulos A letalidade chega a 50-60%, nos que sobrevivem, a negativação do HBsAg é a regra, e costuma ser/acompanhada pela regeneração da estrutura hepática e normalização das funções. Manifestações Extra-Hepáticas: 10-20% dos pctes, relacionado com a circulação de imunocomplexos contendo antígenos. As mais comum são Poliartrite nodosa, Glomerulonefrite e acrodermatite papular (doença de gianotti). DIAGNÓSTICO: a positividade do antígeno HBsAg indicada presença de HBV no organismo, podendo ser hepatite B aguda, crônica, ou estado assintomático. Caso negativo, não exclui possibilidade, pois no final da fase ictérica ele fica em níveis indetectáveis (janela imunológica). Se houver positividade de HBsAg e de IgM anti-HBc → diagnóstico fechado para hepatite B aguda. Se o paciente for negativo para HBsAg, mas positivo para IgM Anti-HBc → considerar a janela imunológica, e o diagnóstico também é confirmado. Se houver positividade de HBSag, mas o IgM der negativo e o IgG positivo → hepatite B crônica. Se HBsAg der negativo, IgM negativo e IgG positivo → deve ser observado o anti- HBs para saber se há ou não hepatite B. Se o Anti-HBs for negativo → tem HB crônica ou teve e se curou. Apenas o DNA viral pode esclarecer a duvida (PCR em tempo real). O teste rápido pra HB detecta apenas o antígeno de superfície. Caso de negativo, mas ainda tem suspeita, realizar depois de 30 dias. EXAMES LABORATORIAIS: o hemograma não costuma alterar, pode ter discreta leucopenia com linfocitose. Na fase aguda, a leucocitose pode ter linfócitos atípicos. Se for fulminante, a leucocitose vem com neutrofilia e desvio a esquerda. VHS é normal. A dosagem serica de ALT (TGP) e AST (TGO) faz parte do diagnostico e parte do acompanhamento de lesão hepática, ficam elevadas antes dos sintomas aparecerem. A AST pode ser encontrada nos hepatócitos e em outros tecidos, por ser uma enzima mitocondrial seu aumento não necessariamente indica lesão dos hepatócitos Já a ALT, quando aumentada costuma se relacionar bem com a lesão do parênquima hepático. O aumento das bilirrubinas pode significar lesão hepatocelular/colestase com predomínio da fração direta. A fosfatase alcalina e a gama-gt se elevam bastante. PROFILAXIA: vacinação universal da criança, fazendo parte do calendário vacinal, com primeira dose ao nascimento (monovalente) e mais 3 doses no segundo, quarto e sexto mês (todas essas pentavalentes). Hepatite Viral C HCV é da família Flaviviridae do gênero Hepacivirus, composto de RNA de cadeia simples, envolto por capsídeo proteico dentro de um envelope lipídico. Possui 7 genotipos com diferentes respostas ao tratamento, os mais frequentes no país são o 3, 2, 4 e o 5. É extremamente mutagênico, tornando a criação da vacina bem difícil, e tem uma enorme capacidade de escapar do sistema imune do pcte. EPIDEMIOLOGIA: media de diagnostico é 46,3 anos, predomina no sexo masculino (idade mais precoce), acomete mais a região Sudeste e Sul. MODOS DE TRANSMISSÃO: é através de contato com sangue contaminado, principalmente nas exposições percutâneas, hemotransfusoes e transplantes de doadores infectados. A transmissão sexual é mais frequente em pessoas com múltiplos parceiros que realizam praticas sexuais desprotegidas, e a presença de DST facilita a transmissão. A contaminação pelas vias sexuais e perinatal é menos comum. A transmissão vertical ocorre em cerca de 5% dos bebês nascidos de mães com carga viral elevada (>105 cópias/ml) e coinfecção pelo HIV parece multiplicar esse risco por 4. Hepatite C na mae não contraindica o aleitamento materno, apenas se aparecer fissuras no mamilo. A principal forma identificável de transmissão do HCV na atualidade é o uso de drogas ilícitas, principalmente injetáveis (compartilhamento do aparato de administração, como agulhas e seringas). Uso de drogas inaladas também mostrou ser um fator de risco associado. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: sintomas aparecem 6-12 semanas após a exposição, e menos de 20% se tornam sintomáticos na fase aguda (sintomas de hepatite viral aguda). A possibilidade de um pcte agudamente infectado de se tornar crônico é 80%. A evolução para falência hepática fulminante é raríssima, pois acredita-se que o HCV não seja capaz de lesar diretamente o parênquima hepático, e a lesão hepatocelular seria justificada pela agressão do próprio sistema imune. Aminotransferases começam a se elevar entre 2-8 semanas após a exposição. O HCV-RNA pode ser detectado depois da segunda semana após a exposição. Anticorpos anti-HCV são positivos no soro de 80% dos sintomáticos quando os sintomas aparecem, e nos 20% restantes o diagnóstico só pode ser estabelecido nesta fase através da pesquisa do HCV-RNA. As manifestações extra-hepáticas acontecem na fase crônica da doença São fatores associados a maior probabilidade de clareamento viral espontâneo após infecção aguda: Idade < 40 anos, sexo feminino, aparecimento de icterícia, genótipo 3 e fatores genéticos. DIAGNÓSTICO: naqueles com sintomas,o diagnostico pode ser suspeitado pela presença de anticorpos anti-HCV no soro (8-12 semanas pra positivar), e na minoria com pesquisa do RNA. O anticorpo pode ser pelo método ELISA (sorologia convencional) ou pelo teste rápido TR, mas se positivo, ele não diferencia se o pcte tem infecção atual ou contato prévio curado, então deve realizar o HCV-RNA pra confirmar infecção ativa (PCR quantitativa pra carga viral). HCV-RNA é indicado pra confirmação do diagnostico após um ELISA ou TR positivo, pesquisa de HC em menores de 18 meses, caracterização da transmissão após acidente ocupacional ou assintomático, e monitorização do tratamento. A pesquisa de anticorpos anti-HCV pelo método “RIBA” pode ser solicitada quando temos anti- HCV positivo e HCV-RNA negativo, e um RIBA positivo sugere infecção prévia curada. TRATAMENTO E PREVENÇÃO: usa-se drogas antivirais pra prevenir evolução pra forma crônica, e quanto mais precoce, maior a chance de resposta virologica sustentada. Os critérios para inicio do tratamento agudo é paciente assintomático iniciar imediatamente, e se sintomático (ictérico), não iniciar de imediato, mas dosar o HCV-RNA 12 semanas após o inicio do quadro (ver se acontece clareamento viral espontâneo). Utiliza-se o interferon convencional em monoterapia via subcutânea, com dose diária por 4 semanas e depois dose 3x na semana por 20 semanas (24 semanas). Outro esquema é o interferon + ribavirina por 24 semanas, com via subcutânea 3x na semana. Preferivel em pctes com intolerância a doses altas de interferon. As medidas de prevenção visam reduzir a transmissão do vírus, deve fazer acompanhamento com HCV-RNA após exposição. Hepatite Viral D É um vírus RNA defectivo que necessita da função do vírus B (HBV) para sua sobrevivência e disseminação, ou seja, ou virions HDV precisam do envelope sintetizado pelo HBV para terem formação completa. EPIDEMIOLOGIA: no Mediterrâneo, Amazônia e norte africano, a coinfecção HDV/HBV é endêmica. A infecção pelo HDV parece estar ligada à exposição percutânea, transfusão e usuários de drogas IV HDV pode infectar o indivíduo de forma simultânea com o HBV, criando coinfecção (hep aguda B + D). Ou pode infectar alguém cronicamente infectado pelo HBV, ao que se denomina superinfecção. DIAGNÓSTICO: é feito por sorologia com pesquisa do anticorpo anti-HDV, que apenas aparece 30-40 dias após infecção aguda, inicialmente com IgM e depois junto com IgG. Em muitos lugares só é possível dosar o anti- HDV total, e isso não possibilita saber se é coinfecção, superinfecção ou hepatite D curada. Todo pcte com antígeno de superfície B positivo que reside ou esteve em área endêmica para HD deve realizar pesquisa de coinfecção/superinfecção. PATOGENIA: superinfecção é mais frequente do que coinfecção e mais provável de causar doença crônica. A HD tende a ser mais grave que a HB isolada, e com maior chance de levar a forma fulminante, crônica grave e cirrose. O HD é o único vírus de hepatite que é diretamente citopatico, principalmente na forma aguda, enquanto na crônica predomina a lesão por resposta imune. Pode ser detectada elevação do anticorpo anti- LKM-3 durante infecção D. O vírus D inibe replicação do B, menos em pctes com HIV. Uma forma peculiar de hepatite D é a febre de Lábrea, no qual o quadro histológico revela necrose hepatocelular moderada com balonização de hepatócitos e hepatócitos aumentados de volume pela presença de gotículas de gordura em volta do núcleo. Essas células infiltradas com gordura são denominadas células de mórula ou espongiócitos. TRATAMENTO: combinação de alfapeguinterferon com tenofovir ou entecavir por 48 semanas, podendo repetir (96 semanas) nos pctes com dano sustentado. Hepatite Viral E É um RNA vírus tendo dois subgrupos, um de genótipo 1-2 que é responsável pela doença epidêmica semelhante a HÁ, e outro de genótipo 3-4, que acomete mais suínos. HEPATITE E EPIDÊMICA (1-2): inicia com incubação assintomática, porem vírus se replica altamente (fase de viremia). Quando o sistema imunológico reconhece o invasor e monta resposta imune específica (surgimento de anticorpos anti-HEV IgM e IgG) a doença desponta, ocorrendo manifestações secundárias à lesão hepatocelular Passadas algumas semanas, a circulação viral consegue ser contida, dando início à fase de convalescência. O IgG permanece positivo a longo prazo, que representa uma cicatriz imunológica indicando contato prévio. Não há relato de cronificação, e a doença predomina em adultos jovens e adolescentes. Relativamente agressiva, mortalidade 5%. Ocorre forma grave em gestantes. HEPATITE E AUTÓCTONE (3-4): é uma zoonose transmitida ao homem por um hospedeiro animal (porco), por ingestão da carne suína mal cozida ou contato direto com animal. Predomina em pessoas mais velhas, mas quando acomete outras idades pode ser subclínica ou assintomática. Quanto mais velho, maior a chance de surgirem manifestações. Homens são mais afetados em 3:1. A complicação é um padra frequente chamado “fenótipo de hepatite crônica agudizada”. Tais pctes já eram portadores de hepatopatia crônica que descompensa em função dessa hepatite E aguda (icterícia, ascite e encefalopatia). DIANGÓSTICO E TRATAMENTO: não tem padronização internacional pro método sorológico pra diagnostico, mas pode-se fazer o ELISA ou a pesquisa de HEV-RNA no sangue ou fezes. Drogas antivirais reduzem o HEV-RNA no plasma e fezes, pode usar (não foi aprovado) ribavirina isolada por 12 semanas. Já foi desenvolvida vacina, que só é usada na China. Doença Hepática Alcoólica O álcool pode causar doença que evolui em três estágios sucessivos: a esteatose hepática (fígado gorduroso), a esteato-hepatite (hepatite alcoolica) e a cirrose. CONDIÇÕES: principal determinante vai ser a quantidade de álcool a ser consumida. Homens = >80g/dia por mais de 10 anos. Mulheres = >30-40g/dia por mais de 10 anos. São mais suscetíveis devido a menos concentração da enzima álcool- desigrogenase na mucosa gástrica. Situações amplificadoras de risco: hepatites virais crônicas, obesidade, hepatopatias, desnutrição, polimorfismos nos genes PNPLA-3, TNF-alfa, citocromo P450 e glutation S- transferase. Quando nenhuma situação amplificadora está presente, o risco é muito baixo. FISIOPATOLOGIA: 1. Álcool absorvido pelo sistema porta e metabolizado na região centrolobular onde há maior concentração da enzima álcool desidrogenase 2. Oxigênio é intensamente consumido no processo gerando uma hipóxia centrolobular 3. Prejudica o funcionamento da mitocôndrias bloqueio da oxidação do ácidos graxos 4. Acúmulo de ácidos graxos no interior da célula na forma de gotículas de gordura – esteatose 5. Acetaldeído se liga a diversas proteínas teciduais, formando neoantígenos indução de resposta autoimune 6. Ocorre o processo inflamatório do parênquima hepático 7. Acetaldeído é toxico e provoca peroxidação das membranas celulares e necrose hepatocitária 8. Aumento da permeabilidade da mucosa devido ao álcool absorção de toxinas bacterinas que vão ativar as células de kupffer a produzir citocinas, amplificando o processo de inflamação 9. Recorrência de insultos ativa as células estreladas que começam a produzir colágeno dão início ao processo de fibrose PATOLOGIA: as três lesões vão predominar na região central. A esteatose hepática pode aparecer apenas algumas horas depois da primeira libação hepática, costuma ser macrovesicular e reversível com cessação do etilismo. Esteato-hepatite ocorre apenas quando há presença de necrose hepatocitária, infiltrado neutrofilico polimorfonuclear (TNF-alfa pelas células de Kupffer), destruição perivenular doinfiltrado e corpúsculos de Mallory (acumulo intraplasmocitário de material eosinofilico). Pode reverter com cessação do etilismo. Cirrose hepática ocorre quando tem deposição de colágeno no parênquima (células estreladas), inicia na região centrolobular (potencialmente reversível), mas pode ser panlobular. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: depende da lesão hepática. Quando for esteatose pura, o quadro é leve assintomático com hepatomegalia no exame físico. Pode ser grave com dor intensa no QSD com náuseas e discreta icterícia. A esteato-hepatite caua anorexia, hepatomegalia dolorosa, febre, icterícia acentuada. Pode ser assintomática (diagnostica por exames laboratoriais). Pcte etílico pode ter ascite e hemorragia digestiva por hipertensão portal transitória. A cirrose causa sinais e sintomas das síndromes de falência hepatocelular e hipertensão portal, como icterícia, encefalopatia, hipoalbumineamias, coagulopatia, ginecomastia e aranhas vasculares. Pode ter esplenomegalia, ascite e varizes esofágicas junto. A lesão clássica da cirrose é a contratura palmar de Dupuytren. EXAMES LABORATORIAIS: a esteato-hepatite causa elevação das aminotransferases com relação AST/ALT>2 sempre. O achado laboratorial das formas graves é a relação com níveis AST < 300 U/L. TRATAMENTO: primeiro fazer abstinência ao álcool com ajuda de medicamentos e grupo de ajuda (naltrexone, acomprostato e baclofeno). Fazer suporte nutricional em casos graves e repor micronutrientes conforme necessidade do pcte. Na hepatite alcoolica aguda junto de encefalopatia e/ou índice de função discriminante de Maddrey > 32, usar corticoterapia por um mês (prednisolona). Em pctes contraindicados, usar pentoxifilina 3x ao dia durante um mês. Na cirrose alcoolica deve-se controlar as complicações e caso o pcte apresente dano significativo, deve ser encaminhado pra transplante ortotrópico de fígado com abstinência alcoolica por pelo menos 6 meses. Hepatite Medicamentosa PARACETAMOL (ACETAMINOFENO): é um analgésico e antipirético que causa hetotoxicidade intrínseca por dose-dependencia, provocando necrose hepatocitária e insuficiência aguda associada a insuficiência renal. Ocorre lesão significativa com doses acima de 10-15g, tomadas na tentativa de suicídio. Principal causa de insuficiência hepática fulminante no mundo. O pcte em algumas horas apresenta náuseas, vômitos e diarreia, seguido por fase assntimatica. Níveis séricos de aminotransferases > 5000U/L. A lesão grave pode resultar em insuficiência hepática progressiva com encefalopatia, coagulopatia, hipoglicemia e acidose lática. O tratamento consiste em medidas de suporte e descontaminação gástrica com uso de carvão ativado pela VO nas primeiras 4 horas. Administrar N-acetilcisteína a pctes de alto risco que ingerem quantidades previsivelmente toxicas, reduzindo gravidade da necrose e da taxa de mortalidade. Atua através do fornecimento de cisteína pra síntese de glutationa (regenera agente antioxidante endógeno).
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