Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
NÚCLEO DE PRATICA JURÍDICA III Aluna: Larissa de Souza Barbosa. Matricula: 2018041236896. ATIVIDADE 03 – JECRIN Com base na Lei 9.099/95, na doutrina e na jurisprudência, responda de forma fundamentada aos questionamentos a seguir: 1 - Quais princípios orientam os processos no JECRIM? Os processos no JECRIM orientar-se pelos critérios da oralidade, simplicidade, informalidade, economia processual e celeridade, buscando, sempre que possível, a reparação dos danos sofridos pela vítima e a aplicação de pena não privativa de liberdade. Conforme disposto no artigo 62 da Lei 9.099/95 2 - Qual é o nome do rito adotado no JECRIM? O rito sumaríssimo, pois o mesmo é adotado para julgamento das infrações penais de menor potencial ofensivo, quais sejam, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 anos, cumulada ou não com multa, conforme disposto no artigo 61 da Lei 9.099/95 3 - No JECRIM para o oferecimento da denúncia a instauração do inquérito é indispensável? Não, o artigo 77 da 9.099/95, no seu § 1º traz a possibilidade da dispensa do inquérito policial, prescindir-se-á do exame do corpo de delito quando a materialidade do crime estiver aferida por boletim médico ou prova equivalente. 4 - O que é composição civil dos danos? Qual a consequência da sua aceitação e homologação nas ações penais privadas e nas ações penais públicas condicionadas à representação? A composição civil dos danos é a proposta feita pelo suposto autor do fato a vítima para reparar os prejuízos causados pela infração. Se a vítima aceitar e o juiz homologar o acordo, isso implicará em renúncia e teria o condão de extinguir a punibilidade nos crimes de ação provada pública condicionada a representação e ação penal privada. Pelo Código Penal e pelo Código de Processo Penal, a renúncia é causa de extinção da punibilidade nos crimes de ação penal privada. Excepcionalmente, ela atingirá os crimes de ação penal pública, nos termos do art. 74 parágrafo único da Lei 9.099 5 - A composição civil é cabível nas ações penais públicas incondicionadas? Sim, vale ressaltar que nas ações penais públicas incondicionadas a composição civil não extinguirá a punibilidade, cumpre a função de antecipar a certeza com relação ao valor da indenização que será postulado em processo de execução no juízo civil. Conforme podemos ver no ENUNCIADO 99 do FONAJER in verbis "Nas infrações penais em que haja vítima determinada, em caso de desinteresse desta ou de composição civil, deixa de existir justa causa para ação" Nesse sentido já se pronunciou a jurisprudência: APELAÇÃO CRIMINAL. IRRECORRIBILIDADE DA DECISÃO QUE ACOLHE O PEDIDO DE ARQUIVAMENTO DO TERMO CIRCUNSTANCIADO. AUSÊNCIA DE PRESSUPOSTO DE ADMISSIBILIDADE DO RECURSO. ENUNCIADO 101 DO FONAJE. CONDENAÇÃO EM CUSTAS. ENUNCIADO 122 DO FONAJE. MÉRITO PREJUDICADO. Recurso não conhecido. (TJPR - 4ª Turma Recursal - 0013217- 30.2018.8.16.0044 - Apucarana - Rel.: Juiz Aldemar Sternadt - J. 09.08.2019) 6 - O que é a Transação Penal? Qual a consequência da sua aceitação e homologação nas ações penais públicas condicionadas e incondicionadas? Transação penal é a proposta feita pelo Ministério Público ao suposto autor do fato para o cumprimento antecipado da pena, que pode ser multa ou restrição de direitos, em troca da não submissão a uma ação penal. Aceita a proposta e cumprido o acordo, o juiz declarará extinta a punibilidade. Cabimento – acusações de crimes com pena de até 2 anos. Prevista no artigo 76 da Lei 9.099/95 (Lei dos Juizados Especiais). 7 - Cabe transação penal nas ações penais privadas? Embora o benefício da transação penal encontre previsão na Lei 9.099/95, para as ações penais públicas, o Enunciado nº 112, aprovado no XXVII FONAJE traz em seu texto que cabem transação penal e a suspensão condicional do processo, mediante proposta do Ministério Público na ação penal de iniciativa privada. Nesse sentido já se pronunciou a jurisprudência: PENAL E PROCESSO PENAL. INJÚRIA. AÇÃO PENAL PRIVADA - TRANSAÇÃO PENAL OFERECIDA PELO MINISTÉRIO PÚBLICO - NECESSIDADE DE CONCORDÂNCIA DO QUERELANTE - PRINCÍPIOS DA OPORTUNIDADE E DA DISPONIBILIDADE. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. SENTENÇA ANULADA. DETERMINADO O RETORNO DOS AUTOS AO JUÍZO DE ORIGEM. 1. Aplicam-se à ação penal privada os princípios da oportunidade e da disponibilidade, de modo que a homologação da proposta de transação penal exige a concordância do querelante. 2. A querelante ofereceu queixa-crime contra o réu pelo crime de injúria. Em audiência preliminar, constatou-se a existência de procedimento relacionado a delito de ameaça (0711699- 87.2021.8.0.0006), correspondente aos mesmos fatos que embasaram a queixa-crime, e foi determinada a reunião dos feitos. A querelante manifestou-se contrariamente a transação penal. Entretanto, a magistrada entendeu não existir óbice à concessão do benefício envolvendo ambos os feitos. O querelante aceitou a transação penal oferecida pelo Ministério Público (ID 31985406). 3. Na ação penal privada, a manifestação do querelante contrária ao oferecimento da transação penal impede o Ministério Público de propor esse benefício, pois vigoram os princípios da oportunidade e da disponibilidade. Desse modo, não é possível retirar do autor o direito de prosseguir com a ação penal privada (PRECEDENTES: Acórdão 1318818, 00006127820198070008, Relator: CARLOS ALBERTO MARTINS FILHO, Terceira Turma Recursal, data de julgamento: 24/2/2021, publicado no DJE: 3/3/2021. Pág.: Sem Página Cadastrada; Acórdão 1275924, 00008059320198070008, Relator: ALMIR ANDRADE DE FREITAS, Segunda Turma Recursal, data de julgamento: 26/8/2020, publicado no PJe: 27/8/2020. Pág.: Sem Página Cadastrada). 4. Portanto, padece de nulidade a sentença homologatória de transação penal que, em ato decisório único, englobou os delitos de ameaça e injúria, sendo o último de ação penal privada, no qual o querelado manifestou-se contrariamente ao oferecimento do benefício. 5. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. SENTENÇA ANULADA. 6. Recurso conhecido e provido para anular a sentença homologatória que admitiu a transação penal e retornar os autos ao juízo de origem, a fim de que possa prosseguir o feito, com a realização de nova audiência preliminar. 7. Sem custas. (TJ-DF 07089702620218070006 DF 0708970-26.2021.8.07.0006, Relator: DANIEL FELIPE MACHADO, Data de Julgamento: 23/02/2022, Terceira Turma Recursal, Data de Publicação: Publicado no DJE : 04/03/2022 . Pág.: Sem Página Cadastrada.) 8 - Joana foi condenada pelo juízo do JECRIM ao crime do artigo 147 do CP. Ocorre que, mesmo preenchendo os requisitos, o Ministério Público não ofereceu a transação penal, sob a justificativa de que Joana não compareceu na audiência preliminar, embora tenha comparecido na audiência de instrução e julgamento. Nesse caso, qual seria o recurso cabível? Por que? No caso em tela, é possível impetrar de apelação conforme disposto no artigo 82 da lei 9099/95. Uma vez que o benefício de transição penal deveria ter sido oferecido na audiência de instrução e julgamento, conforme o artigo 79 da lei já citada, uma vez que Joana preenchia todos os requisitos. Por esse motivo o processo ser anulado desde a sentença para o oferecimento de tal benefício. 9 - O oferecimento da transação penal é uma mera faculdade do Ministério Público? O artigo 76 da Lei n.º 9.099/95 traz, em seu texto, que ‘’não sendo caso de arquivamento, o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multa’’. Entretanto, embora a expressão utilizada pelo legislador possa suscitar uma faculdade do representante do Ministério Público, na verdade trata-se de um dever e não de um ato discricionário do parquet.Ou seja, se o agente preencher os pressupostos legais e não se enquadrar em nenhum dos casos impeditivos de propositura da transação, deve ele ser beneficiado com referido instituto, não podendo o promotor de justiça fazer um juízo de valores subjetivo quanto a tal oferecimento.
Compartilhar