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O USO DE MICRORGANISMOS NA INDUSTRIA DE ALIMENTOS: PERCEPÇÃO E ACEITAÇÃO PELOS MORADORES DA CIDADE GARANHUNS - PE E REGIÃO. EL USO DE MICROORGANISMOS EN LA INDUSTRIA ALIMENTARIA: PERCEPCIÓN Y ACEPTACIÓN DE LOS RESIDENTES DE GARANHUNS - PE Y LA REGIÓN. THE USE OF MICROORGANISMS IN THE FOOD INDUSTRY: PERCEPTION AND ACCEPTANCE BY THE RESIDENTS OF GARANHUNS - PE AND THE REGION. Apresentação: Pôster Fabiana Maria da Silva; Juan Carlos da Silva Nascimento; Wellington Vieira da Silva; Débora Ciriaco Pereira dos Anjos; Marilene Maria de Lima Introdução O homem utiliza de microrganismos no preparo de bebidas, alimentos e vestimenta desde antigamente, bem antes do reconhecimento da existência deles e estudos no século 19. O descobrimento da fermentação ocorreu várias vezes na história da humanidade e trouxe duas vantagens muito importantes, sendo uma delas a eliminação das substâncias tóxicas de alguns graus, e a outra, a preservação dos alimentos (VINCENZI, 2011). Segundo CARVALHO (2010), nos dias hoje a indústria de alimento inclui na produção de diversos produtos os microrganismos, produtos como, picles, vinagres, leites fermentados, pães, entre outros. Atualmente, devido à grande evolução tecnológica os consumidores estão passando a ter mais acesso ao conhecimento. Logo, estão tornando-se consumidores mais exigentes. Com isso, a busca por produtos inovadores e de qualidade está crescente no mercado atual. Por este motivo desenvolver produtos alimentícios novos torna-se cada vez mais abrangente e desafiador, à medida que o mercado procura atender as demandas dos consumidores por produtos saudáveis e atrativos (SANTOS et al, 2011). Vários microrganismos são utilizados na área de alimentos pelo fato de sua facilidade em sobreviver e se adaptar a diversidade do meio e por aumentar a vida útil dos produtos por meio da fermentação, pois, diferentemente de outros seres vivos, não são afetados em grandes quantidades por condições ambientais ou de sanidade e podem ser cultivados em laboratório. Desses microrganismos, muitos são usados como probióticos, tais como, as bactérias àcido-lácticas, bactérias não ácido-lácticas e leveduras (COPPOLA; TURNES, 2004), Lactobacillus e Bifidobactérias. A utilização de organismos probióticos iniciou-se no Oriente médio, no qual médicos receitavam como terapia para infecções do trato gastrintestinal e estimulante para o apetite iogurtes e outros fermentados (CARLI, 2006). Assim como os prebióticos, os probióticos encaixam-se no conceito de alimentos funcionais, aqueles que além de fornecer a nutrição básica, promove a saúde do hospedeiro (BECKER, 2009). Apesar da grande demanda de informações ao falar em microrganismos muitas pessoas ainda associam a doenças, esquecendo que muitos destes microrganismos são benéficos e auxiliam na produção de alimentos, conforme o que já foi citado anteriormente. Desta forma, o objetivo desta pesquisa foi analisar a percepção e aceitação, dos consumidores da cidade de Garanhuns, PE, quanto a aplicação de microrganismos utilizados na indústria de alimentos. Fundamentação Teórica Nos últimos anos, os consumidores têm se mostrado mais conscientes e preocupados com seu estilo de vida (HUNGRIA; LONGO, 2009). Isso tem aumentado a procura por alimentos que promovam a saúde e o bem-estar, como aqueles com propriedades funcionais que têm atraído a atenção dos consumidores e da indústria alimentícia (MARTINS et al., 2013). Muito embora, maioria dos consumidores não tenham conhecimento do que são, no grupo dos alimentos funcionais, estão os probióticos, os prebióticos e os simbióticos que podem estar associados à redução do risco de doenças crônicas degenerativas e não transmissíveis (FOOD INGREDIENTS BRASIL, 2011). Os probióticos são definidos como suplementos alimentares à base de microrganismos vivos, que afetam positivamente o animal hospedeiro, promovendo o balanço de sua microbiota intestinal (FULLER, 1989). Dentre os efeitos benéficos trazidos ao homem em função da ingestão de alimentos contendo probióticos, estão a síntese de vitaminas e proteínas pré-digeridas, a inibição de patógenos, a reconstituição da microbiota intestinal após o uso de antibióticos, o aumento da imunidade, a diminuição da atividade ulcerativa de Helicobacter pylori, entre outros, sendo assim muito importante estar presente nos alimentos (SAAD, 2006; GOLDIN; GORBACH, 2008). Metodologia A pesquisa foi realizada na cidade de Garanhuns e em seu entorno, Angelim, São João e Canhotinho, do estado de Pernambuco, no período entre 03 e 10 de outubro de 2019. Foram elaborados e aplicados questionários através da plataforma do Google Forms, de acesso público, online e gratuito com oito questões, sendo cinco relacionadas a opinião de cada indivíduo sobre o uso de microrganismos na indústria de alimentos que abordavam dados como: a percepção dos indivíduos relacionados com o uso leveduras e bactérias não patogênicos na produção de alimentos, a conservação de alimentos a partir de microrganismos, o conhecimento acerca de probióticos. Ainda foram listados seis alimentos de (leite fermentado, pães, queijos, cervejas, vinhos e iogurtes), no qual foram indagados quanto a frequência de consumo desses e a confiabilidade em ingeri-los. E três questões analisando informações pessoais de cada entrevistado, tais como idade, grau de escolaridade e gênero. Os dados da pesquisa foram tabulados no programa Excel (2016) e expressos na forma de gráficos de setores. Resultados e Discussões O resultado deste estudo, mostrou que dos indivíduos que responderam ao questionário aplicado, a maioria dos entrevistados eram mulheres 59.4 % e apenas 40,6 % são do sexo masculino como podemos observar na Figura 1. A faixa etária representada por 77,2 % entre 18 e 30 anos, seguido de 15,8 % maiores de 30 anos e 6,9 % menores de 18 anos representado na Figura 2. A relação de nível superior finalizado ou cursando foi de 77.2 % e 19,8 % que concluirão o ensino médio ou estão cursando, como na Figura 3. 80,2 % dos entrevistados declararam se sentir seguros quanto ao uso de microrganismos na produção de alimentos, e 19,8 % alegaram insegurança naquilo referente ao consumo desses alimentos, conforme expressos na figura 4 (A). Segundo Guilherme Tonial, Biotecnologista pela UFGD, as grandes doenças que atingiram a humanidade ao longo do tempo é uma das principais causas dos microrganismos causarem tanto medo na sociedade até os dias de hoje. Outro dado verificado foi sobre o conhecimento dos entrevistados em relação ao uso desses microrganismos na indústria, representado na Figura 4, onde 75.2 % sabiam que microrganismos eram usados como método de conservação de alimentos (Figura 4 (B)), e 82,2 % afirmaram saber do uso de leveduras e bactérias não patogênicas em alimentos, ainda encontradas na Figura 4 (C). Figura 4- Resultado do questionário em (A) Receio do consumo de microrganismos para produção de alimentos. (B) Utilização de microrganismos como conservantes e (C) Conhecimento envolta do uso de microrganismos não patogênicos na indústria de alimentos. (A) (B) (C) Fonte: O Autor (2019) Fonte: O Autor (2019) Fonte: O Autor (2019) No entanto, na Figura 5 podemos verificar que 50.5 % dos entrevistados não sabiam o que são probióticos, definidos como “micro-organismo vivo que, quando administrado em quantidades adequadas, confere um benefício à saúde do indivíduo” (BRASIL, 2018). O que mostra uma deficiência sobre a consciência do que está sendo consumido, visto que alimentos contendo probióticos, como iogurtes, são facilmente comercializados por todo o país. O alimento com aplicação de microrganismos mais consumido foram os pães, com 69.3 %, seguido dos queijos, com 15.8 %. Conclusões Baseado no questionário aplicado, foi observado que, mesmo com resultados satisfatórios,ainda é necessário divulgar os benefícios do uso de microrganismos em alimentos, visto que o receio do consumo desses alimentos ainda é presente nos habitantes de Garanhuns-PE e região. Ainda há uma grande necessidade de apresentar a garantia dos microrganismos durante o processo de fabricação de alimentos, para desmistificar o medo de consumir microrganismos por uma parte da população, como também na questão da segurança alimentar, que está relacionada principalmente, ao nível de prevenção, seja a nível de campo ou na indústria de alimentos. Além disso, conclui-se também que é preciso, de uma maior colaboração das indústrias de alimentos e dos órgãos que regularizam os microrganismos, no caso da produção de alimentos é a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para que os consumidores ativos se sintam seguros em consumir estes alimentos futuramente, também com apoio do avanço tecnológico, sejam eles naturais ou geneticamente modificados. Referências BECKER, L. V. Iogurte probiótico com teor reduzido de lactose adicionado de óleo de linhaça. 2009. 110p. Dissertação (Mestrado em Ciência e Tecnologia dos Alimentos) – Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria. BRASIL. Resolução da diretoria colegiada - RDC nº 241, de 26 de julho de 2018. Disponível em:<http://www.in.gov.br/materia//asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/34379910/do1- -2018-07-27-resolucao-da-diretoria-colegiada-rdc-n-241-de-26-de-julho-de-2018-34379900>. Acesso em: em: 17 de outubro de 2019. CARLI, E, M. de. Utilização de Lactobacillus paracasei como probiótico para o controle de Salmonella spp em frangos de corte. 2006. 76 p. Dissertação (Mestrado em Ciência e Tecnologia de Alimentos) – Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria. RS. CARVALHO, I. T. de. Microbiologia dos Alimentos - Microrganismos de interesse na Microbiologia de Alimentos. Recife, p. 15, 2010. COPPOLA, M. M. de.; TURNES, C. G. Probióticos e resposta imune. Revista Ciência Rural, Santa Maria, v. 34, nº 4, p. 1297- 1299, Jul. - Ago., 2004. FOOD INGREDIENTS BRASIL. Probióticos, prebióticos e simbióticos. Revista Food Ingredients Brasil. São Paulo, n. 17, p. 58-65, 2011. FULLER, R. Probiotics in man and animals. J. Appl.Bacteriol., Oxford, v.66, p.365-378, 1989. GOLDIN, B. R.; GORBACH, S. L. Clinical Indications for probiotics: an overview. Clinical Infectious Diseases, Chicago, v. 46, n.1, p. 96-100, 2008. HUNGRIA, T. D.; LONGO, P. L. Viabilidade de Lactobacillus casei em alimento probiótico infantil relacionada a vida de prateleira. Revista Saúde, Guarulhos, v. 3, n. 3, p. http://www.in.gov.br/materia//asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/34379910/do1-2018-07-27-resolucao-da-diretoria-colegiada-rdc-n-241-de-26-de-julho-de-2018-34379900 http://www.in.gov.br/materia//asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/34379910/do1-2018-07-27-resolucao-da-diretoria-colegiada-rdc-n-241-de-26-de-julho-de-2018-34379900 10-15, 2009. Disponível em: <http://revistas.ung.br/index.php/saude/article/view/477/557>. Acesso em: 17 de outubro de 2019. MARTINS, E. M. 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