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Caso Elizabeth e Caso Katharina PDF

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS – REG. CATALÃO 
DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA 
DISCIPLINA: ESTÁGIO CURRICULAR OBR. – PROCESSOS 
CLÍNICOS E SAÚDE II 
DOCENTE: TIAGO RIBEIRO NUNES 
DISCENTE: JOANA DARC DA SILVA DIAS 
 
Freud, Sigmund, 1856-1939. Obras completas, volume 2: estudos sobre a histeria (1893-
1895) em coautoria com Josef Breuer / Sigmund Freud; tradução Laura Barreto; revisão 
da tradução Paulo César de Souza — 1ª ed. — São Paulo: Companhia das Letras, 2016. 
O caso Elisabeth 
No outono de 1982, o caso de Elisabeth chegou para Freud através de um amigo 
médico conhecido, o mesmo acreditava que o caso da jovem se tratava de histeria e por 
isso pediu que Freud a examinasse. 
Elisabeth, uma jovem de vinte e quatro anos sofria com dores nas pernas e tinha 
dificuldade em andar. Ela era inteligente, mentalmente normal e encarava bem seus 
problemas, mesmo com eles interferindo em todos os aspectos de sua vida. O autor a 
descreve até como uma jovem com ar alegre. Apesar disso, sempre contou com muito 
mais infortúnios do que com felicidades. Elisabeth conta sobre sua família: primeiro 
perdeu o pai, depois a mãe precisou se submeter a uma séria cirurgia de vista devido a 
uma doença dos olhos, por fim, sua irmã casada adoeceu do coração após o puerpério. 
Segundo Freud, pouco se obteve de proveitoso durante a primeira entrevista com 
a paciente, o que dificultou que ambos fizessem progressos no entendimento do caso. 
Elisabeth andava com a parte superior do corpo inclinada para a frente, mas não usava 
nenhum apoio, tampouco caminhava mau. No entanto, após pequenas caminhadas já era 
capaz de reclamar de uma demasiada dor, que cessava quase que por completo ao parar 
de movimentar as pernas, também se queixava de muito cansaço depois de andar e ao 
ficar em pé. Suas dores localizavam-se na superfície anterior da coxa direita e ali, os 
músculos e a pele eram mais sensíveis que nos outros pontos, no entanto, a sensibilidade 
anormal se estendia por toda as suas pernas. A dor começara e se desenvolveu 
gradativamente nos dois anos anteriores. 
O autor relata que a suspeita de histeria continuava, apesar do difícil diagnostico. 
Sentiu estranhamento ao perceber que Elisabeth expressava prazer quando era beliscada 
ou tinha os músculos das pernas pressionados. Dito isso, é importante ressaltar que 
qualquer outra pessoa ao sentir dor em uma parte do corpo sensível, se retrai e expressa 
características que é possível presumir que está sentindo sofrimento ou incomodo. Freud 
relatou que acreditava que as dores da jovem estariam associadas e vinculadas a 
pensamentos e sentimentos. Isso o fez acreditar que seu distúrbio era histérico e que ao 
estimular as áreas sensíveis do seu corpo também eram zonas histerogênicas. 
Freud deu inicial ao tratamento com correntes elétricas de alta tensão nas zonas 
sensíveis da paciente e quanto mais fortes eram, mais a dor diminuía. Rapidamente houve 
uma melhora e Elisabeth parecia gostar dos choques. Após quatro semanas de tratamento, 
o autor sugeriu a utilização de outro método. Este consistia em primeiramente perguntar 
a paciente se ela sabe a origem e a causa da sua doença, se a resposta for sim, não se faz 
necessário o uso de nenhuma técnica especial. 
Elisabeth, não sobre hipnose, contou um pouco de suas lembranças. Era a mais 
nova das três irmãs, era muito afetuosa aos pais e vivia na Hungria. Quando sua mãe 
adoeceu dos olhos, apegou-se muito ao pai, um homem de bem com a vida que dizia que 
Elisabeth ocupava o lugar de um filho ou de um amigo intimo com quem poderia contar 
sobre coisas e trocar ideias. Com isso, Elisabeth se sentia descontente por ser mulher, não 
queria se casar e perder sua liberdade, possuía planos ambiciosos de estudar música. Seu 
relacionamento com o pai ficava cada dia mais forte, visto que ela nutria orgulho do pai 
e da condição social da família. Mais tarde, a família se mudou para a capital, onde 
segundo a paciente, durante um curto espaço de tempo fora muito feliz, até que seu pai 
adoeceu e ficou de cama por dezoito meses. Elisabeth desempenhou o papel principal de 
cuidadora do pai. Foi nesse momento que eles mais estavam próximos. A jovem dormia 
no quarto dele e cuidava dele e dia e noite. 
Elisabeth relata que ficou acamada por um dia e meio por causa das dores e talvez 
esse tenha sido o inicio de tudo, e esteja diretamente relacionado àquela época. Quando 
seu pai faleceu, a jovem dedicou toda sua afeição e cuidado a mãe, que estava doente e 
sofria com problemas de visão. 
Após um ano da morte do pai, sua irmã mais velha casou-se com um bom partido, 
porém egoísta e egocêntrico. Elisabeth não lidava bem com isso, e sempre que podiam 
travavam uma briga entre si. As outras mulheres da família pouco se importavam com as 
características irritantes do homem. Elisabeth não conseguia perdoar a irmã por sua falta 
de atitude em relação a isso e nem seu cunhado por aceitar uma promoção na Áustria e ir 
embora com sua pequena família. A jovem se sentia infeliz, descontente e desamparada 
por ver que já não restava quase ninguém além dela que se preocupava com a mãe e nem 
com deixa-la feliz. Quando sua segunda irmã se casou, Elisabeth ficou feliz e começou 
a ter um pouco mais de esperança da família e no matrimônio, mesmo sabendo dos 
sacrifícios que deveria fazer se quisesse se casar. 
O segundo casal permaneceu presente, morando perto da mãe e quando tiveram 
um filho, este se tornou alguém especialíssimo para Elisabeth. Após isso, a doença da 
mãe ficou mais grave e precisou operar, depois precisou permanecer em um quarto escuro 
por muitas semanas. A cirurgia foi um sucesso e a família resolveu tirar férias depois de 
toda a preocupação. 
Elisabeth relata que foi nessas férias que as dores começaram, primeiro por um 
curto período e depois com muita violência após um banho quente. Desse momento em 
diante, Elisabeth era considerada a inválida da família. A segunda irmã ficou gravida 
novamente e adoeceu em estado gravíssimo. Estava sofrendo de problemas cardíacos 
agravados pela gravidez, que provavelmente herdou do pai. A irmã morreu e o viúvo, 
inconsolável, afastou-se da família da esposa, também não permitiu que o filho ficasse 
com as mulheres. 
Todo esse relato foi para Freud um pouco decepcionante. Nada foi capaz de 
explicar por que ela adoecera de histeria e por que sua histeria tomou a forma de dores 
nas pernas. 
Freud concluiu então que deveria hipnotiza-la por completo, porém não obteve 
êxito. Decidiu, por fim, aplicar pressão em sua cabeça, afim de fazer novas perguntas. 
Descobriu, a partir disso, um namorado da época em que o pai esteve doente. Elisabeth 
nutria sentimentos profundos por esse rapaz. Certa noite, se encontraram em uma festa e 
no final dela, ele a levou em casa. Quando Elisabeth chegou até o pai, soube da piora de 
saúde dele. A jovem se culpou por ter se ausentado durante toda uma noite e recusou fazer 
isso novamente. Com isso, ela e o rapaz mantinham pouco contato, até a morte do pai. O 
rapaz, por respeito, se afastou afim de dar um tempo para o luto da paciente, no entanto, 
seguiram caminhos distintos depois disso. 
Freud conta que houve um conflito entre seus sentimentos por ele e a felicidade 
que ela sentiu naquela noite da festa e seus sentimentos por seu pai e pela piora drástica 
de saúde dele: “resultado desse conflito foi que a representação erótica foi recalcada para 
longe da associação e o afeto ligado a essa representação foi utilizado para intensificar ou 
reviver uma dor física que estivera presente simultaneamente ou pouco antes.” 
Elisabeth surpreendeu Freud ao recordar o porque as dores se iniciam sempre nas 
coxas e porque as dores ali são sempre mais fortes. Conta que era onde seu pai apoiava a 
perna inchada todas as manhas para que ela fizesse ataduras. Isso aconteceu centena de 
vezes. 
Com as lembranças fluindo mais rapidamente, as dores deElisabeth diminuíram 
e na maior parte do tempo ela já não sentia mais dor. Freud verificou que a perna direita 
da paciência doía durante as hipnoses ao mencionar seu namorado da adolescência e seus 
cuidados com o pai e sua perna esquerda doía quando falava sobre sua irmã morta ou seus 
cunhados. Era correto afirmar que a perna direita tinha relação com os cuidados que 
Elisabeth havia prestado ao pai. 
O tratamento com Elisabeth foi difícil e com muita resistência, como se ela não 
quisesse realmente contar o que havia em sua cabeça. Talvez por achar desnecessário e 
inútil ou por nomear ser inapropriado. Freud quem decidiria o que seria útil ou não e por 
isso continuou a insistir. 
A paciente se sentia melhor e mentalmente aliviada, mas suas dores não haviam 
sumido completamente. Isso significava que a analise ainda não estava completa. Um dia, 
durante a sessão, seu cunhado apareceu perguntando por ela e Elisabeth pediu que 
continuassem depois. Após isso, voltou a sentir dores agudas. 
Elisabeth relata sobre as férias que a família tirou tempos atrás, após a recuperação 
da mãe da cirurgia dos olhos, quando a irmã ainda estava viva. Naquelas férias, Elisabeth, 
o cunhado e alguns amigos fizeram um passeio. O cunhado esteve ao lado dela todo o 
momento e ao voltar para a casa, as dores começaram. Dias depois, após a partida da irmã 
e do cunhado, fez uma caminhada até um local bonito com uma vista mais bonita ainda, 
onde se sentiu e desejou ter um relacionamento como o de sua irmã. Depois, voltou e 
tomou um banho quente, e as dores irromperam, tornaram-se fortes e permanentes. 
Quando sua irmã morreu, ao ver o corpo dela sem vida, seus primeiros pensamentos 
foram que agora o cunhado estava livre e que ela poderia, enfim, ser sua esposa. Ela nutria 
sentimentos pelo cunhado e suas dores físicas eram uma maneira de poupar-se dessa triste 
realidade. Quando Elisabeth começava a ter consciência dos sentimentos, como no 
passeio, no local com vista bonita, no banho quente e ao ver sua irmã morta, as dores 
tornavam-se mais agudas. 
Esses sentimentos recalcados, quando expostos por Freud, teve um efeito 
devastador sobre Elisabeth, que negou veementemente. Depois, ao juntar fragmentos de 
lembranças juntamente com Freud, Elisabeth pôde perceber que durante muito tempo, 
antes mesmo do rapaz se tornar seu cunhado, seus sentimentos já eram latentes por ele. 
Essa junção fez com que a jovem se sentisse melhor e mais aliviada. As dores não foram 
mais citadas por ela e Freud concluiu que o tratamento pudesse ser encerrado. 
Na primavera de 1994, depois de nunca mais se consultar com Freud, Elisabeth se 
casou. Sua relação com o cunhado não teve mudanças e continuou inexistente. Freud a 
considerou curada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Freud, Sigmund, 1856-1939. Obras completas, volume 2: estudos sobre a histeria (1893-
1895) em coautoria com Josef Breuer / Sigmund Freud; tradução Laura Barreto; revisão 
da tradução Paulo César de Souza — 1ª ed. — São Paulo: Companhia das Letras, 2016. 
Caso Katharina 
Durante sua viagem de férias, Freud é abordado por Katharina, que lhe contou 
seus sintomas de falta de ar, que por vezes sentia que fosse sufocar-se, quando sua 
garganta se fechava por completo. Freud constatou que de fato se tratava de ataque 
histérico, cujo sintoma eram crises de angústia. Katharina, diante dos questionamentos 
de Freud, relata que sua crise começou a dois anos, quando morava com sua tia em uma 
montanha, mais precisamente em uma cabana de hospedagem, e quando sua crise se 
inicia, ela consegue ver um rosto de alguém desconhecido. 
O autor diz que provavelmente a dois anos, Katharina viu ou ouviu algo que a 
incomodou e constrangeu muito, e a mesma afirma que sim. Tinha visto sua prima 
Franziska e seu tio juntos. Seu tio estava em cima de sua prima em um quarto trancado e 
escuro e ao se deparar com aquela cena, Katharina conta que ficou sem ar, tudo opaco, 
com um zumbido na cabeça, assim como acontecia desde então. A paciente diz que não 
entendeu bem o que tinha visto naquela época, pois era jovem demais e preferiu não 
contar a ninguém, somente após algum tempo resolveu relatar para a tia o ocorrido e 
depois simplesmente esqueceu. 
Relata que três dias depois se sentiu tonta e caiu doente, ficando acamada por mais 
três dias. Freud concluiu que a paciente teria ficado doente pelo que havia visto no quarto, 
que lhe causara repulsa. 
Contou a sua tia o que tinha presenciado com relutância, pois a tia começou a 
suspeitar que algo estava errado e que Katharina estaria guardando algum segredo dela. 
Após a paciente confessar o que viu, seguiram-se várias brigas entre o tio e a tia e depois 
se separaram, e a tia mudou-se com os filhos e Katharina. Deixou o tio com sua prima, 
Franziska, que ficou grávida. 
Depois, Katharina mudou de assunto, contado acontecimentos que aconteceram 
antes disso. Quando ela tinha catorze anos e o mesmo tio fizera investidas sexuais contra 
ela. A jovem estava para adormecer quando sentiu o corpo do tio na cama, assustada o 
questionou o que estava fazendo. O homem tentou apaziguá-la, mas Katharina se manteve 
firme, saltando da cama e mantendo distancia dele, até que o mesmo desistiu e foi dormir 
na própria cama. Novamente, naquela época ela não sabia o que aquilo significava e se 
incomodou somente porque queria dormir e porque não era bom. 
A paciente contou ainda outras inúmeras vezes da qual o tio tentou investir 
sexualmente nela, principalmente quando ele estava bêbado. Ela relatou que em todas as 
vezes sentia pressão nos olhos e no peito, mas nenhuma falta de ar. 
Depois, contou as investidas dele em Franziska, que também aconteceu em 
diversas vezes. Freud a questionou sobre ter ficado desconfiada do tio nessa ocasião e a 
paciente negou, dizendo que apenas notou e não pensou mais a respeito. 
Ao fim desses relatos, Freud conseguiu notar em Katharina uma expressão feliz e 
não triste, como estava antes. Foi quando concluiu que Katharina se lembrava, mas não 
compreendia de verdade. Quando se deparou com a prima e o tio, um em cima do outro 
no quarto escuro, imediatamente estabeleceu uma conexão entre todas essas recordações. 
Ao ver os dois no quarto, a repulsa não foi pela visão, mas pela lembrança de quando seu 
tio se deitou na cama com ela e sentira o corpo dele no seu. 
Freud concluiu que ao ver a imagem no quarto, ela pensava que o tio estava 
fazendo com a prima Franziska aquilo que ele tentou fazer com ela. Questionou o que ela 
realmente sentiu do corpo do tio, qual parte dele, porém não obteve resposta, pois 
Katharina se constrangeu. Katharina, no entanto foi capaz de reconhecer que o rosto que 
ela via durante suas crises era de seu tio, mas não daquela época. 
Quando ela contou para sua tia, o tio a ameaçava, a culpando pelo divórcio e ficava 
furioso e era essa a expressão que sempre vinha em sua mente. Ou seja, Katharina tinha 
medo dele a pegar desprevenida e cumprir as ameaças que fazia. 
Freud conclui lamentando que a jovem tenha tido sua sensibilidade sexual afetada 
tão precocemente e relata desejar que a conversa de ambos traga benéficos a Katharina. 
Freud não voltou a vê-la.

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