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RELATORIO ESTAMIRA PSICOPATOLOGIA

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RELATÓRIO PSICOLÓGICO
1. IDENTIFICAÇÃO
Nome: Estamira Gomes de Sousa	
Sexo: Feminino
Data de Nascimento: 07/04/1941 Escolarização: Alfabetizada Idade: 65
Profissão: Catadora de lixo Estado Civil: Separada Nacionalidade: Brasileira
Autor: Paula Natalia Mosconi O. da Silva
Solicitante: Francieli da Silva Oratz
Finalidade: Apresentar aspectos psicopatológicos e neuropsicológicos através do documentário Estamira.
2. DESCRIÇÃO DA DEMANDA
Requisito parcial para obtenção de nota.
3. PROCEDIMENTOS
Dados técnicos do documentário Estamira
4. ANÁLISE
4.1. História Clínica: Estamira diz que vai contar “tudinho” ela mesmo se apresenta, fala seu nome completo e data de nascimento, conta que o pai da mãe de Estamira, seu avô estuprou sua mãe e abusou dela. Com 12 anos a levou para um bordeu, e lá se prostituiu.Lembra da morte de seu pai, onde ela mesma conta que o perdeu muito cedo e cita com muita tristeza: “Eles levaram meu pai no 43. Aí meu pai nunca mais voltou, meu pai chamava de tanto nomezinho...chamava de uns nomes engraçados: merdinha, neném, filhinha do pai.
No bordeu conheceu o pai de Hernani, Miguel Antonio que a tirou de lá e colocou em uma casa. Miguel era cheio de mulheres, Estamira não aguentou pegou seu filho e foi embora. Foi quando conheceu o Italiano pai de Carolina que a levou para a casa dele, e moraram juntos por 12 anos.
Segundo Estamira sua mãe também era perturbada. E seu marido Leopoldo a obrigou internar no Engenho de Dentro. Quando foi visitá-la a encontrou com os braços todo roxo, e perguntou o que aconteceu, e ela disse que eles bateram nela, e deram choque.
Quando vai embora sua mãe fica gritando me tira daqui, me tira daqui. Estamira resolve se separar de Leopoldo e a primeira coisa que faz é buscar a mãe, e vive com ela até a morte. Estamira conta que o que mais sente falta é da mãe, e ela lembra frequentemente de sua mãe com sentimento de culpa por ter internado.
Carolina filha do meio de Estamira, conta que seu pai sua mãe viviam em uma casa boa, que o pai era mestre de obras, ganhava bem, tinha uma combi, que ela e sua mãe andavam com correntinhas de ouro, conta que eles vivam bem financeiramente, mas que seu pai maltratou muito sua mãe, levando mulheres para dentro de casa, dizendo que eram colegas, foi quando sua mãe não aceitou, começou a brigar, xingar, e ele puxou a faca pra ela, e ela pra ele, foi quando ele os colocou pra fora de casa. Ai a luta começou, Carolina conta que logo quando a mãe começou a trabalhar no Gramacho (lixão), os filhos tentaram convencer ela a sair de lá, pois achavam que lá era perigoso, que ela podia se furar com algo contaminado, ela saiu e foi trabalhar em outro local, Estamira saía nos finais de semana sexta ou sábado com os amigos para tomar beber uma cervejinha e quando acabava cada um ia pro seu canto, e sua mãe vinha embora sozinha. A primeira vez que ela foi estuprada foi no centro de Campo Grande, a segunda vez foi na rua da casa da sua filha Carolina. Carolina conta que nem luz tinha na rua ainda, e que sua mãe relata que o homem fez sexo anal com ela, e que ela gritava para ele parar pelo amor de Deus, e que ele disse: Que Deus? Esquece Deus. Que fez sexo com ela de todos as formas e quando terminou mandou ela se adiantar, ir embora. Carolina diz que ela contou esse caso chorando muito e muito revoltada. Até essa época, não tinha alucinações e acreditava muito em Deus, era muito religiosa. Carolina diz que as alucinações começaram quando um dia ela chegou para sua sogra Maria, e falou “quando eu cheguei lá no meu quarto hoje pra trabalhar tinham feito um trabalho de macumba pra mim, joguei fora, pisei e disse que não ia acreditar que Deus a protegia, Deus que me guia e me guarda ”.1 mês depois começou, “eu tenho a impressão que tem gente do FBI atrás de mim, que tem pessoas quando eu pego o ônibus me filmando dentro do ônibus eu não sei pra que, com a câmera escondida”. Um dia se sentou no quintal da sogra de Carolina, e ficou olhando para os pés de coqueiro, olhou, olhou, virou e falou “isso aqui é o poder, isso tudo que é real”.
Carolina diz que foi naquele dia que ela desistiu mesmo de Deus “eu e eu e o poder real e acabou”. Seu filho Hernani o mais velho, conta que seu pai de criação Leopoldo não deu nenhum dinheiro para ajudar a mãe, que foi ele quem ficou a semana toda procurando hospitais, para saber se tinha vaga para internar Estamira. Ele foi no Duque de Caxias, no carro de Leopoldo, e conseguiu uma ambulância e foi até o lixão buscar sua mãe. Hernani relata que até os bombeiros tiveram medo dela, pois ela queria morder todo mundo e gritava identidade de macumba, e que ela parecia um bicho, pegaram ela com uma corda a amarrarão com as mãos para trás e a levaram para o hospital de Caxias, e que quando chegou lá falaram que não dava para internar pois lá não tinha tratamento para ela, ai pegaram ela e a levaram para o Engenho de Dentro, Hernani diz que quem entra ali não sai, só com autorização do responsável, e quem era o responsável era ele porém não à aceitaram no Engenho de Dentro e voltaram com ela pra Caxias, ele conta que esperou ela acordar, mas que quando acordou já veio mordendo, ele deixou ela pra lá.
Estamira teve 3 filhos, Hernani, Carolina e Maria Rita, a mais nova Maria Rita não foi criada com ela, foi adotada por uma mulher com quase 9 quem levou Maria Rita da mãe foi Hernani, por querer uma vida melhor para a irmã, pois a menina dormia nas ruas, catava lixo, comia lixo, ele era preocupado com o futuro e com a saúde de sua irmã caçula. Carolina diz, que não tem coragem de internar sua mãe Estamira, pois sabe o sofrimento que Estamira carrega por ter feito isso com sua mãe e não gostaria de passar pela mesma situação.
Sua filha caçula nunca deixou de visitar a mãe, admira por saber cozinhar muito bem e lamenta não ter crescido próxima a mãe, se diz confusa, pois não sabe se foi melhor ter ido morar com a “madrasta” que foi sua mãe de criação ou se teria sido melhor ter ficado junto a mãe.
Estamira faz tratamento psiquiátrico no posto de saúde, porém se recusa a tomar os remédios de forma correta, pois alega que esses remédios a deixam dopada.
4.2 Discussão: Estamira não apresenta alteração de consciência, possui traços Paranóide por possuir alucinações e ideias delirantes, principalmente delírios auditivos, em uma das cenas ela se comunica com militares por rádio em outra língua, acredita que os astros quem comandam sua vida e suas dores e que utilizam um controle remoto para ela sentir as dores em seu corpo, acredita estar em todos os lugares, lugares que só ela conheceu, Estamira ouve sons e tem certeza que as demais pessoas ouvem também. Sua memória está conservada, ela lembra de detalhes de sua infância, seus casamentos, lembra das coisas que aprendeu na escola e na vida, não apresenta alterações de linguagem, não há alteração de inteligência, Estamira trabalha, cozinha sozinha, se cuida sem ajuda. Há uma alteração em sua afetividade quando se usa o nome Deus, fica bastante agitada. É possível notar uma alteração em sua sensopercepção, pois ela relata que ouve barulhos dentro de sua cabeça, possui um tique na mão, geralmente quando está tendo alucinações.
5. Conclusão: Concluo que Estamira apresenta um quadro de Esquizofrenia, devido as alterações de humor, principalmente quando se fala no nome de Deus, há também delírios , onde ela ouve vozes e tenta se comunicar, grande parte dos momentos Estamira está lucida , ela consegue contar sua história de vida desde a infância, conta histórias bíblicas, fala sobre o lixão, sobre conscientização de desperdício, porém há momentos que Estamira parece nem estar na terra, se comunica com as vozes que só ela ouve e muda até de idioma, o transtorno de Estamira pode estar relacionado com o fator genético, pois sua mãe também tinha alucinações, e os gatilhos se deram através dos traumas que ela viveu desde a perda de seu pai e o abuso de seu avô, as decepções amorosas de seus esposos e principalmente do segundo, pois quando ela fala no nomedele diz o amar e que ele foi ingrato, por fim os estupros.
Oriento a família a deixar alguém próximo a ela, para dar os remédios nos horários corretos e a não tocar em assuntos que façam ela se alterar, procurar diverti-la, incluir alimentação mais saudável e balanceada, diminuir o uso de cigarros e cerveja, pois as drogas atrapalham a eficácia do medicamento, e se possível a pessoa que ficar responsável por cuidar de Estamira procurar ajuda de um profissional psicólogo também. Com a história de Estamira eu aprendi que tudo o que acontece em nossas vidas e que tentamos resolver sozinhos vão se acumulando, que temos muito e não valorizamos, que vez ou outra me desagrado por pouca coisa, Estamira lutou desde o começo, ela procurou se “achar” em algum canto da terra, e foi no lixão que ela se sentiu confortável, pois é para lá que vão tudo o que não serve mais, acredito que se ela tivesse procurado mais cedo, tivesse com quem contar, para quem contar todas as suas dores, sua história poderia ter sido diferente. Com o documentário pude perceber que é preciso olhar com humanidade para cada ser humano pois cada um carrega traumas, dores, e que como um profissional não devo julgar e jamais deixar de analisar cada detalhe contado pelo paciente e me esforçar ao máximo para um diagnóstico preciso, para que o paciente não sofra mais do que já sofre. É preciso ser mais que humano e olhar com muito amor para cada paciente.
Paula Natalia Mosconi Oliveira da Silva
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