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V ESTASE VENOSA Epidemiologia Uma trombofilia hereditária comum, fator V de Leiden, provoca resistência à proteína C ativada. (PORTH) A resistência à proteína C ativada é responsável por aproximadamente 20% dos episódios iniciais de trombose, 50% dos casos de trombose familiar e 60% dos eventos trombóticos em pessoas com níveis normais de proteína C, proteína S, antitrombina e anticorpos antifosfolipídio. (PORTH) A hipercoagulabilidade está associada a risco aumento de tromboembolia venosa (TEV), que está associada a altas taxas de morbidade e mortalidade. (PORTH) A tromboembolia venosa, que inclui embolia pulmonar e trombose venosa profunda, pode ser dividida em genética e adquirida. A incidência de tromboembolia venosa genética é relativamente baixa. (PORTH) Etiologia A formação de trombos pela ativação do sistema de coagulação pode ser o resultado de transtornos primários (genéticos) ou secundários (adquiridos) que afetam os componentes do processo de coagulação sanguínea (i. e., aumento no nível de fatores de pró- coagulação ou diminuição na taxa de anticoagulação). (PORTH) Entre os fatores adquiridos ou secundários que levam ao aumento da coagulação e à trombose estão: estase venosa, devido a repouso prolongado e imobilidade, infarto do miocárdio, câncer, estados de hiperestrogenismo, tabagismo, obesidade e uso de contraceptivos orais. (PORTH) Pessoas com neoplasias malignas desenvolvem TEV com mais frequência do que aquelas sem esses processos. Em aproximadamente 20 a 25% dos indivíduos com TEV primária será encontrada uma neoplasia maligna oculta. (PORTH) A incidência de AVE, tromboembolia e infarto do miocárdio é maior em usuárias de contraceptivos orais, principalmente aquelas com mais de 35 anos de idade ou tabagistas pesadas. (PORTH) Os níveis dos fatores de coagulação também são mais altos durante uma gestação normal. Essas alterações, juntamente com a atividade limitada durante o puerpério (pós-parto imediato), predispõem à trombose venosa. (PORTH) O desenvolvimento de estados de hipercoagulabilidade também é comum em casos de câncer e septicemia. Acredita-se que muitas células tumorais liberem moléculas de fator tecidual que, juntamente com o aumento da imobilidade e a sepse observada em pessoas com doença maligna, contribuem para o desenvolvimento de trombose nessas pessoas. (PORTH) Insuficiência cardíaca também contribui para o desenvolvimento de congestão venosa e trombose. (PORTH) Síndromes de hiperviscosidade (policitemia) e a deformação das hemácias nos casos de anemia falciforme aumentam a resistência ao fluxo e causam estase em pequenos vasos. (PORTH) Fisiopatologia A estase do fluxo sanguíneo provoca acúmulo de fatores de coagulação ativados e de plaquetas e impede a interação com os inibidores. (PORTH) Um fluxo lento e alterado é uma causa comum de trombose venosa em pessoas imobilizadas ou no período pós-operatório. (PORTH) Acredita-se que a inflamação contribua para a estase. (PORTH) Diagnóstico e Tratamento A profilaxia de TEV se tornou um indicador da qualidade da assistência à saúde. (PORTH) O American College of Chest Physicians elaborou e publicou padrões para prevenção de TEV, que incluem o uso de heparina de baixo peso molecular (HBPM), heparina não fracionada e meias compressivas e/ou dispositivos de compressão intermitente. (PORTH) Essas diretrizes são implementadas com base na avaliação dos fatores de risco e das condições atuais do paciente segundo o escore de risco de Caprini. Esse escore estratifica os pacientes em quatro categorias de risco. (PORTH) Trombose Venosa Profunda TUTORIA 11 @juliaasoare_ 3º período de Medicina TROMBOSE VENOSA PROFUNDA Epidemiologia A TVP é um dos problemas médicos mais prevalentes da atualidade, com uma incidência anual de 80 casos a cada 100.000 habitantes. (SOCESP) Nos Estados Unidos, mais de 500.000 pessoas apresentam quadro de TVP anualmente, sendo 20% em pacientes hospitalizados e, destas pessoas, 50.000 casos apresentam EP como complicação. (SOCESP) As estatísticas nos Estados Unidos e na Europa mostram uma incidência de EP não fatal em torno de 20:100.000 habitantes e na EP fatal de 50:100.000. (SOCESP) No Brasil, a incidência é em torno de 0,6 por 1.000 habitantes/ano. A média de idade para desenvolver é acima de 60 anos, por inúmeros fatores associados. (SOCESP) A TVP dos membros inferiores é o tipo mais comum de trombose, com uma prevalência de 1 caso em 1.000 habitantes com 25% de suas complicações sendo representadas pelas úlceras de perna, cuja prevalência gira em torno de 300:100.000. (SOCESP) Estas complicações significam em torno de uma perda de 2 milhões de dias de trabalho, a um custo aproximado de 600 a 900 milhões de euros. (SOCESP) Apesar de a síndrome pós-trombótica (SPT) não apresentar complicações fatais, ela apresenta um problema socioeconômico importante em nosso meio. (SOCESP) Pacientes em idade economicamente ativa ficam, na maioria dos casos, impossibilitados de exercer suas atividades laborativas ou cotidianas normalmente. (SOCESP) Aproximadamente 28% dos pacientes com TVP evoluem com SPT e isso justificaria uma abordagem mais agressiva nos quadros de trombose venosa aguda em pacientes jovens sem TVP prévia, com trombólise e recanalização precoce, visando evitar a complicação crônica. (SOCESP) Etiologia A trombose venosa profunda (TVP) e a embolia pulmonar (EP) são manifestações de uma única entidade denominada tromboembolismo venoso (TEV). (SOCESP) A TVP consiste na formação de coágulos (trombos) nas veias do sistema venoso profundo, acometendo, com maior frequência, as veias dos membros inferiores e dos membros superiores. (SOCESP) ANATOMIA: O sistema venoso periférico apresenta a função de reservatório sanguíneo e, também, serve como um conduto que transporta o sangue da periferia até o coração e pulmões. (SOCESP) Histologicamente, as veias não apresentam três camadas bem definidas como as artérias, sendo a maioria composta de uma camada tecidual única. (SOCESP) Somente as veias de maior calibre apresentam uma membrana elástica interna, mas esta camada é fina e irregular, não suportando, portanto, grande aumento de pressão local como uma artéria. (SOCESP) O funcionamento adequado das veias depende de um sistema complexo de válvulas que permite o fluxo em um sentido único, além do auxílio do sistema muscular, que contribui para o retorno venoso através da compressão e descompressão muscular sobre as veias. (SOCESP) As válvulas consistem em uma camada única e fina, presente na parede interna das veias. (SOCESP) Essas válvulas apresentam um sistema supreendentemente eficiente, capaz de retornar o conteúdo sanguíneo da periferia até o coração. (SOCESP) O sistema venoso é dividido em dois: o sistema venoso superficial e o sistema venoso profundo. (SOCESP) Trombose venosa superficial (TVS): pode ocorrer em qualquer veia superficial, podendo levar a complicações. Acomete as veias safena magna e parva e não resulta na embolia pulmonar. (SOCESP) Está associada a cateteres intravenosos e infusões, podendo desenvolver a TVP (trombose venosa profunda). (SOCESP) Os pacientes normalmente se queixam de dor no local do trombo e no exame físico revela cordão @juliaasoare_ 3º período de Medicina avermelhado, quente e dolorido, que se estende ao longo do trajeto da veia superficial acometida. (SOCESP) Trombose venosa profunda (TVP): ocorre mais nos membros inferiores, sendo um distúrbio sério, complicado por embolia pulmonar, episódios recidivante de TVP, e o desenvolvimento de insuficiência venosa crônica. (SOCESP) A maior parte dos trombos pós-operatórios surge nos seios venosos solfais ou nas grandes veias que drenam o músculo gastrocnêmio. (SOCESP) Classificação A TVP nos membros inferiores é dividida,simplificadamente, segundo sua localização: (DIRETRIZ) • Proximal - quando acomete veia ilíaca e/ou femoral e/ou poplítea. • Distal - quando acomete as veias localizadas abaixo da poplítea. O risco de EP e a magnitude da síndrome pós-trombótica (SPT) decorrente da TVP proximal são maiores. (DIRETRIZ) Entretanto, existe um risco de progressão da trombose distal para segmentos proximais de até 20%, o que faz com que o diagnóstico e o tratamento da TVP distal sejam similares ao da TVP proxima. (DIRETRIZ) Portanto, a classificação do tipo de TVP suspeita é importante para guiar as estratégias de tratamento. (DIRETRIZ) Fatores de Risco Os principais fatores diretamente ligados à gênese dos trombos são: estase sanguínea, lesão endotelial e estados de hipercoagulabilidade (DIRETRIZ) Portanto, constituem-se como fatores de risco para TVP: (DIRETRIZ) • Idade avançada • Câncer • Procedimentos cirúrgicos • Imobilização • Uso de estrogênio • Gravidez • Distúrbios de hipercoagulabilidade hereditários ou adquiridos A sua incidência aumenta proporcionalmente com a idade, sugerindo que esta seja o fator de risco mais determinante para um primeiro evento de trombose. (DIRETRIZ) Para efeitos didáticos, os fatores de risco podem ser classificados como: (DIRETRIZ) Hereditários/Idiopáticos: • Resistência à proteína C ativada (principalmente fator V de Leiden) • Mutação do gene da protrombina G20210A • Deficiência de antitrombina • Deficiência de proteína C • Deficiência de proteína S • Hiperhomocisteinemia; aumento do fator VIII • Aumento do fibrinogênio Adquiridos/Provocados: • Síndrome do anticorpo antifosfolipídico • Câncer • Hemoglobinúria paroxística noturna; idade > 65 anos; obesidade • Gravidez e puerpério • Doenças mieloproliferativas (policitemia vera; trombocitemia essencial etc.) • Síndrome nefrótica • Hiperviscosidade (macroglobulinemia de Waldenström; mieloma múltiplo) • Doença de Behçet • Trauma • Cirurgias • Imobilização • Terapia estrogênica. Fisiopatologia Rudolf Virchow, no ano de 1856, descreveu a tríade (tríade de Virchow) responsável pela formação da trombose venosa. (SOCESP) Tal tríade consiste em: estase sanguínea, lesão endotelial e hipercoagulabilidade. (SOCESP) Estase sanguínea A estase sanguínea é um dos mais importantes itens da tríade, uma vez que a associação entre pacientes acamados, seja por cirurgia ou impossibilidade de movimentar-se, é conhecida e descrita desde o século XIX. (SOCESP) O paciente em repouso fica com a musculatura relaxada, permitindo um maior volume sanguíneo acumulado nos @juliaasoare_ 3º período de Medicina membros inferiores, além da própria dilatação da parede venosa. (SOCESP) Estes itens, associados à redução do débito cardíaco no repouso e a não utilização dos mecanismos de retorno venoso da contração da panturrilha, causam uma queda da velocidade de fluxo local e consequente instalação da estase sanguínea local (SOCESP) A diminuição de fluxo causaria uma alteração do fluxo laminar local nas veias, em especial nas válvulas venosas, criando um turbilhonamento de sangue neste local. (SOCESP) Este turbilhonamento local nos seios valvulares causando um acúmulo de hemáceas e plaquetas que, em condições normais, seria “lavado” pelo fluxo venoso. (SOCESP) A estase promovida pelo repouso prolongado é responsável pela ativação da agregação plaquetária e, consequentemente, pela ativação da cascata de coagulação neste local. (SOCESP) Este mecanismo causaria uma rede de fibrina que, por sua vez, seria responsável pelo aprisionamento de hemáceas nos seios das válvulas venosas e, através da agregação plaquetária local com liberação de ADP e tromboxano A2, causaria progressão da coagulação local e do trombo na luz do vaso. (SOCESP) Há também uma teoria que preconiza que o turbilhonamento sanguíneo na região mais profunda do seio valvular, além de permitir maior agregação de hemáceas e plaquetas pelo baixo fluxo, também causaria uma hipóxia do tecido com consequente lesão endotelial. (SOCESP) Lesão Endotelial A lesão endotelial é trombogênica pela própria ativação da cascata da coagulação. (SOCESP) O endotelio vascular não é somente uma camada celular em contato com a luz, mas também um tecido biológico ativo que, em condições normais, impede a formação de trombos, mantendo o sangue em sua forma líquida através da produção de óxido nítrico (NO), prostaglandina I2 (prostaciclina), ADP-defosfatase. (SOCESP) Essas substâncias impedem a adesão plaquetária local ao inativar os receptores da plaqueta (NO e prostaciclina) e causar quebra do ADP (ADP-defosfatase). (SOCESP) Além disso, o endotélio impede a adesão plaquetária, uma vez que constitui uma barreira entre o sangue e a matriz extracelular. (SOCESP) O endotélio vascular em condições normais não apenas mantém as plaquetas inativas, impedindo a adesão e agrega-ção, mas também evita a coagulação local ao impedir a presença de fatores pró-coagulantes ativados. (SOCESP) O complexo sulfato de heparano-antitrombina III, que inativa moléculas de trombina, fator X ativado (Xa) e fator IX ativado (IXa). (SOCESP) A trombomodulina forma um complexo com a trombina após modular sua função e ativa a proteína C que, por sua vez, inativa o fator V ativado (Va) e o fator VIII ativado (VIIIa). (SOCESP) O ativador do plasminogênio tecidual (t-PA) converte o plasminogênio em plasmina, uma enzima fibrinolítica responsá-vel pela degradação da fibrina. (SOCESP) Diversos fatores, como traumas (iatrogênicos ou não), radiação, infecção, drogas, lesões térmicas, citocinas e anti-corpos, além de outros, podem ser responsáveis pela lesão do endotélio vascular saudável, causando exposição da matriz extracelular, produção de tromboxano A2 e ADP, adesão e agregação plaquetária, com formação de trombina (que estimula a agregação) e, por sua vez, a ativação da cascata de coagulação, com formação de fibrina através da ativação dos fatores VII, IX e X. (SOCESP) O próprio trauma cirúrgico e a reação inflamatória com leucocitose podem ser suficientes para lesão do endotélio e pela consequente formação de trombos em pacientes pós--operatórios. (SOCESP) @juliaasoare_ 3º período de Medicina Trombofilias A hipercoagulabilidade sanguínea, ou trombofilia pode ser de origem genética ou adquirida. (SOCESP) Na origem genética podemos encontrar uma deficiência de fatores que impedem a coagulação, como a antitrombina, a proteína C e a proteína S. (SOCESP) Podemos também encontrar resistência à proteína C ativada causada por mutação no fator V, encontrada em 20 a 50% dos pacientes com TVP, sendo a trombofilia mais comum nos pacientes com TEV. (SOCESP) Constituem também causas genéticas, alterações no gene da protrombina, que é encontrada em 6 a 18% dos pacientes com TVP, e a hiper-homocisteinemia, que encontra sua origem na mutação do gene da metilenotetra-hidrofolato redutase (MTHFR), além de causas adquiridas, como deficiências de vitamina B12, B6 e folato. (SOCESP) Existem outras causas genéticas raras, como as desfibrinogenemias, deficiência de co-fator II e de plasminogênio. (SOCESP) Na origem adquirida temos fatores teoricamente temporários como a gravidez, uso de anticoncepcionais orais (em especial os combinados com estrogênio e progestágenos), cirurgias, tabagismo, obesidade e infecções. Temos, também, doenças adquiridas como a síndrome do anticorpo antifos-folípide (SAAF), neoplasias, vasculites, poliglobulias e outras. Manifestações Clínicas Geralmente, as pessoas com trombose venosa são assintomáticas, e até 50% das pessoas com TVP não manifestam sintomas. (PORTH) A ausência de sinais e sintomas é devido a obstrução apenas parcial da veia ou a presença de circulação colateral. (PORTH) Quando os sinais e sintomas estão presentes, osmais comuns são aqueles relacionados ao processo inflamatório, incluindo dor, edema e sensibilidade nos músculos profundos. (PORTH) Além destes, podem apresentar febre, mal-estar geral e elevação da contagem de leucócitos. (PORTH) A localização mais comum é nos seios venosos, músculo sóleo e as veias tibial posterior e fibular. (PORTH) Nesses casos, podem haver edemas envolvendo o pé e o tornozelo. (PORTH) Também é comum haver dor e sensibilidade na panturrilha. (PORTH) A trombose da veia femoral produz dor e sensibilidade na área distal da coxa e na região poplítea. (PORTH) Os principais sinais e sintomas são: • Taquipneia; • Taquicardia; • Aumento da temperatura; • Hemoptise; • Tosse; • Dispneia; • Quarta bulha cardíaca; • Dor torácica. Também pode haver cianose, dilatação das veias superficiais, calor, sensibilidade, vermelhidão e inchaço. (PORTH) A embolia pulmonar é uma manifestação comum da TVP, resultando na fragmentação ou destacamento do trombo venoso. (PORTH) Tromboembolismo pulmonar A embolia pulmonar se desenvolve quando uma substância transmitida pelo sangue se aloja em um ramo da artéria pulmonar e obstrui o fluxo sanguíneo. (PORTH) @juliaasoare_ 3º período de Medicina A embolia pode consistir em um trombo, ar acidentalmente injetado durante uma infusão intravenosa, gordura mobilizada a partir da medula óssea por ocasião de uma fratura ou a partir de um depósito traumático de gordura, ou líquido amniótico que entrou na circulação materna com a ruptura das membranas no momento do parto. (PORTH) Quando a embolia pulmonar ocorre no contexto de uma malignidade, a taxa de mortalidade é de 25%. (PORTH) Etiologia e patogênese Embolias pulmonares resultam de trombos que geralmente ocorrem a partir de trombose venosa profunda (TVP) nos membros inferiores ou superiores. (PORTH) A trombose nas veias profundas das pernas ou da pelve muitas vezes permanece insuspeita até o evento de uma embolia. (PORTH) Os efeitos da embolia na circulação pulmonar estão relacionados com a obstrução mecânica da circulação pulmonar e os reflexos neuro-humorais que causam vasoconstrição. (PORTH) A obstrução do fluxo sanguíneo pulmonar provoca broncoconstrição reflexa na área afetada do pulmão, perda de ventilação, comprometimento das trocas gasosas e perda de surfactante alveolar. (PORTH) Podem se desenvolver hipertensão pulmonar e insuficiência cardíaca direita quando sucede vasoconstrição maciça por causa de um grande êmbolo. (PORTH) Embora possam ser observadas pequenas áreas de infarto, é incomum um infarto pulmonar total. (PORTH) Dentre os fatores fisiológicos que contribuem para o desenvolvimento de trombose venosa, destaca-se a tríade de Virchow, que consiste em estase venosa, lesão endotelial venosa e estados de hipercoagulabilidade. (PORTH) As trombofilias (p. ex., deficiência de antitrombina III, deficiência de proteínas C e S, mutação do fator de V de Leiden) são um grupo de doenças hereditárias que afetam a coagulação e tornam o indivíduo propenso ao desenvolvimento de tromboembolismo venoso. (PORTH) Estase venosa e lesão endotelial venosa podem resultar de repouso prolongado no leito; traumatismo; cirurgia; parto; fraturas no quadril e fêmur; infarto do miocárdio e insuficiência cardíaca congestiva; e lesão medular. (PORTH) Pessoas submetidas à cirurgia ortopédica e à cirurgia para o tratamento de câncer ginecológico estão particularmente em risco, assim como pessoas submetidas a longos períodos de imobilização. (PORTH) A hipercoagulabilidade está relacionada com diversos fatores. (PORTH) As células cancerosas podem produzir trombina e sintetizar fatores pró-coagulação, aumentando o risco de tromboembolismo. (PORTH) Acredita-se que o uso de contraceptivos orais, gestação e terapia de reposição hormonal aumentem a resistência aos anticoagulantes endógenos. (PORTH) Manifestações Clínicas As manifestações de embolia pulmonar dependem do tamanho e da localização da obstrução. (PORTH) Dor no tórax, dispneia e aumento da frequência respiratória são os sinais e sintomas mais frequentes de embolia pulmonar. (PORTH) Um infarto pulmonar muitas vezes causa uma dor pleurítica que muda com a respiração, sendo mais grave na inspiração e mais branda na expiração. (PORTH) Ocorre hipoxemia moderada, sem retenção de dióxido de carbono, como resultado do comprometimento das trocas gasosas. (PORTH) Pequenos êmbolos que se alojam nos ramos periféricos da artéria pulmonar podem passar despercebidos, a não ser quando a pessoa já tem algum comprometimento, como ocorre com idosos ou indivíduos gravemente enfermos. (PORTH) A existência repetida de pequenos êmbolos reduz gradualmente o tamanho do leito capilar pulmonar, o que resulta em hipertensão pulmonar. (PORTH) @juliaasoare_ 3º período de Medicina Pessoas com embolia moderada frequentemente apresentam dificuldade respiratória acompanhada de dor pleurítica, apreensão, febre baixa e tosse produtiva com expectoração de sangue. (PORTH) Muitas vezes se manifesta uma taquicardia para compensar a diminuição da oxigenação e o padrão de respiração é rápido e superficial. (PORTH) Pessoas com embolia maciça geralmente apresentam colapso repentino, dor subesternal no tórax, choque e, às vezes, perda de consciência. (PORTH) O pulso é rápido e fraco, a pressão arterial é baixa, as veias do pescoço se mostram distendidas e a pele se apresenta cianótica e diaforética. (PORTH) Uma embolia pulmonar maciça frequentemente é fatal. (PORTH) Diagnóstico Trombose Venosa Profunda Exame Físico: O quadro clínico, quando presente, pode consistir de: dor, edema, eritema, cianose, dilatação do sistema venoso superficial, aumento de temperatura, empastamento muscular e dor à palpação. (DIRETRIZ) A avaliação dos principais fatores relacionados ao surgimento da TVP, associado ao quadro de dor e edema, podem ser agrupados em modelos de predição clínica. (DIRETRIZ) Nenhuma avaliação clínica isoladamente é suficiente para diagnosticar ou descartar a TVP1, pois os achados clínicos se relacionam com a doença em apenas 50% dos casos. (DIRETRIZ) A literatura existente recomenda a anamnese e o exame físico, combinados com a realização de testes laboratoriais e exames de imagem. (DIRETRIZ) Escore de Wells: É um modelo de predição clínica, baseado em sinais e sintomas, fatores de risco e diagnósticos alternativos, estimando a probabilidade pré- teste para TVP. (DIRETRIZ) Essa classificação tem se mostrado útil na abordagem inicial do paciente com suspeita de TVP. (DIRETRIZ) Em sua primeira versão, categoriza os pacientes com probabilidade baixa, moderada ou alta de TVP, com uma prevalência de 5% (95% CI, 4%-8%), 17% (95%CI, 13%- 23%) e 53% (95% CI, 44%-61%), respectivamente. (DIRETRIZ) Este escore deve ser usado em combinação com meios diagnósticos adicionais, como o eco Doppler colorido (EDC) e D-dímero.. (DIRETRIZ) Apresenta melhor resultado na avaliação de pacientes jovens sem comorbidades ou história prévia de tromboembolismo venoso (TEV). (DIRETRIZ) • Pontuação de 2 ou maior indica que a probabilidade de TVP é moderada a alta • Pontuação menor que 2 indica que a TVP é de baixa probabilidade Teste D-dímero (DD): D-dímero, um dos produtos da degradação da fibrina, está presente em qualquer situação na qual haja formação e degradação de um trombo, não sendo, portanto, um marcador específico de TVP. (DIRETRIZ) Apresenta alta sensibilidade, mas pouca especificidade para o diagnóstico da TVP (DIRETRIZ) Os testes de ELISA e ELFA (testes de enzyme- linkedimmunofluorescence), juntamente com testes imunoturbidimétricos ou de látex quantitativo, são considerados de alta sensibilidade; o DD de sangue total é considerado de moderada sensibilidade, apesar de apresentar a mais alta especificidade. (DIRETRIZ) Seus resultadosgeralmente são divididos em grupos: negativo (menor que 350 ng/mL), intermediário (351 a 500 mg/nL) e positivo (maior que 500 ng/mL). (DIRETRIZ) A dosagem do DD deve ser utilizada apenas em pacientes de baixa probabilidade clínica para TVP, uma vez que não apresentam 100% de sensibilidade. (DIRETRIZ) Há fortes evidências de que o uso de DD isolado, ou seja, sem a combinação de escores pré-teste, apresenta um @juliaasoare_ 3º período de Medicina valor preditivo negativo alto em população específica: pacientes ambulatoriais, não recorrentes, adultos (não- idosos) e com curta duração dos sintomas. (DIRETRIZ) Em pacientes com alta probabilidade pré-teste para TVP ou EP, a utilidade do DD é questionável. (DIRETRIZ) Eco Doppler colorido (EDC): É o método mais frequente para o diagnóstico da trombose venosa em pacientes sintomáticos. (DIRETRIZ) É o exame de escolha para o diagnostico; (DIRETRIZ) Avalia a anatomia, fisiologia e características do fluxo sanguíneo. (DIRETRIZ) Angiotomografia: É o método invasivo por conta da necessidade do uso de contraste, apresenta custo elevado e exposição a radiação. (DIRETRIZ) Possui vantagens, porque facilita a melhor avaliação das veias abdominais e torácicas. (DIRETRIZ) Venografia: É considerada o padrão ouro para o diagnóstico de TVP, utilizado apenas quando os outros testes são incapazes de definir o diagnóstico, porque é um método invasivo e pode ocasionar reações alérgicas e é contraindicado para grávidas. (DIRETRIZ) Ressonância magnética (RM): RM pode ser utilizada para o diagnóstico de TVP em casos onde o ECD oferece resultados inconclusivos (DIRETRIZ) Apresenta acurácia similar ao ECD no diagnóstico da TVP do segmento ilíaco-caval. (DIRETRIZ) Tromboembolismo Pulmonar O diagnóstico de embolia pulmonar deve se basear em: (PORTH) • Sinais e sintomas clínicos • Determinações de gasometria sanguínea • Estudos de trombose venosa • Teste da troponina • Dímero D • Radiografias do pulmão • TC helicoidais do tórax • Os exames laboratoriais e os radiológicos são úteis na exclusão de outras condições capazes de originar sintomas semelhantes. Uma vez que êmbolos podem causar um aumento da resistência vascular pulmonar, o ECG pode ser usado para detectar sinais de tensão cardíaca direita. Como a maioria dos êmbolos pulmonares se origina de uma TVP, estudos venosos como ultrassonografia com compressão do membro inferior, pletismografia de impedância e venografia com contraste muitas vezes são utilizados como procedimentos diagnósticos iniciais. (PORTH) Destes, a ultrassonografia com compressão do membro inferior tornou-se uma importante modalidade não invasiva para a detecção de TVP. (PORTH) Os testes com dímero D envolvem a medição da concentração plasmática do dímero D, um produto de degradação de fatores de coagulação que foram ativados como resultado de um evento tromboembólico. (PORTH) Os níveis de troponina podem se mostrar mais altos, devido ao estiramento do ventrículo direito por um grande infarto pulmonar. (PORTH) A cintigrafia de ventilação-perfusão usa albumina radiomarcada, injetada por via intravenosa, e um gás radiomarcado, que é inalado. (PORTH) A câmara (gama) de cintilação é usada para digitalizar os vários segmentos do pulmão para verificar o fluxo sanguíneo e a distribuição do gás radiomarcado. O exame de ventilação-perfusão é útil somente quando os seus resultados são normais ou indicam uma alta probabilidade de embolia pulmonar. (PORTH) A angiotomografia computadorizada helicoidal (espiral) requer a administração de um agente de contraste radiológico por via intravenosa. É sensível para a detecção de êmbolos nas artérias pulmonares proximais e representa outra modalidade de diagnóstico. (PORTH) A angiografia pulmonar envolve a passagem de um cateter venoso através do coração direito e na artéria pulmonar sob fluoroscopia. (PORTH) Embora continue sendo o método de diagnóstico de maior precisão, raramente é realizado por ser um procedimento tão invasivo. Por vezes, uma embolectomia é realizada durante esse procedimento. (PORTH) Tratamento Farmacológico Anticoagulação Constitui a base do tratamento clínico da TVP e deve ser instituída precocemente, pois é consenso que quanto mais rápido e eficaz o tratamento da fase aguda, @juliaasoare_ 3º período de Medicina menores as chances de graves seqüelas tardias. (SOCESP) De início deve-se lançar mão de drogas como a heparina que atuam rapidamente produzindo hipocoagulabilidade sangüínea para evitar a progressão da trombose; posteriormente, utilizam-se os anticoagulantes orais para manutenção da anticoagulação por períodos mais ou menos longos de acordo com cada caso. (SOCESP) Analisaremos a seguir os anticoagulantes disponíveis em nosso meio ressaltando seu modo de ação, indicações, contra-indicações e efeitos colaterais: (SOCESP) Heparinas A heparina atua como um anticoagulante ao se ligar à antitrombina III e inativar a trombina, o fator IXa e o fator Xa, podendo ser usada de maneira subcutânea e endovenosa. (SOCESP) A heparina deve ser usada com cautela nos pacientes com insuficiência renal, em especial com clearance de creatinina inferior a 30 mL/min. (SOCESP) A heparina tem a vantagem de não atravessar a barreira placentária ou ter efeito no leite materno, constituindo, deste modo, o tratamento de escolha na TVP gestacional. (SOCESP) Na administração subcutânea, podemos utilizar a heparina não fracionada (HNF) e a heparina de baixo peso molecular (HBPM). (SOCESP) A HBPM (enoxaparina, dalteparina) apresenta vantagens sobre a HNF, uma vez que ela apresenta uma melhor bioequivalência plasmática, com meia-vida maior, efeito previsível, não necessita de controle laboratorial pelo TTPa, maior inativação da trombina aderida ao coágulo e menor sensibilidade ao fator plaquetário, ou seja, com menor risco de trombocitopenia induzida por heparina (SOCESP) Fondaparinux Este anticoagulante é um pentassacáride sintético que se liga à antitrombina III, inibindo o fator Xa. (SOCESP) Ele tem a vantagem de não causar trombocitopenia induzida por heparina e a desvantagem de passar pela barreira placentária. (SOCESP) Anti-vitamina K: Esta classe de anticoagulantes se refere às cumarinas. (SOCESP) Temos disponíveis no mercado a varfarina (Marevan®, Cou-madin®) e a femprocumona (Marcumar®). (SOCESP) Estes medicamentos impedem a formação de fatores de coagulação dependentes da vitamina K, como os fatores II, VII, IX e X, não apresentando ação nos fatores já presentes no organismo. (SOCESP) Isso explica a demora para o início da ação anticoagulante desses medicamentos. (SOCESP) A varfarina demora, em geral, entre 14 e 24 horas para início de sua ação, com uma meia-vida de 20 a 60 horas. Já a femprocumona tem o início de sua ação entre 48 e 72 horas, com uma meia-vida de 5 dias. (SOCESP) Em decorrência do tempo de ação mais curto e à meia- vida menor, a varfarina é geralmente escolhida em vez da femprocumona. (SOCESP) Anticoagulantes orais diretos (AOD): Esta classe de anticoagulantes é a mais recente no arsenal de tratamento e prevenção da TVP e inclui a rivaroxabana (Xarelto®), apixabana (Eliquis®), edoxabana (Lixiana®) e dabigatrana (Pradaxa®). (SOCESP) Referências: Consolim-Colombo, Fernanda, M. et al. Tratado de cardiologia SOCESP 4a ed.. Disponível em: Minha Biblioteca, (4th edição). Editora Manole, 2019. Norris, Tommie L. Porth - Fisiopatologia. Disponível em: Minha Biblioteca, (10th edição). Grupo GEN, 2021. @juliaasoare_ 3º período de Medicina
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