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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO RIO GRANDE DO NORTE LUCAS SOARES VELOSO IMPLANTAÇÃO DE USINAS FOTOVOLTAICAS NA GESTÃO PÚBLICA: O CASO DO IFRN NATAL – RN 2021 LUCAS SOARES VELOSO IMPLANTAÇÃO DE USINAS FOTOVOLTAICAS NA GESTÃO PÚBLICA: O CASO DO IFRN Trabalho de conclusão de curso apresentado à Banca Examinadora do Curso Superior de Tecnologia em Gestão Pública do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte, em cumprimento às exigências legais como requisito parcial à obtenção do título de Tecnólogo em Gestão Pública. Orientador: Prof. Francisco Monteiro de Sales Júnior NATAL – RN 2021 ___________________________________________________________________ Página reservada para ficha catalográfica. Elaboração de responsabilidade da Biblioteca ___________________________________________________________________ LUCAS SOARES VELOSO IMPLANTAÇÃO DE USINAS FOTOVOLTAICAS NA GESTÃO PÚBLICA: O CASO DO IFRN Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Curso Superior de Tecnologia em Gestão Pública do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte, em cumprimento às exigências legais como requisitos parcial à obtenção do título de Tecnólogo em Gestão Pública. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado e aprovado em ___/___/____, pela seguinte Banca Examinadora: BANCA EXAMINADORA ___________________________________________________________________ Prof. Francisco Monteiro de Sales Júnior - Presidente Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte ___________________________________________________________________ Prof.ª Anna Cecília Chaves Gomes - Examinadora Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte ___________________________________________________________________ Prof. Augusto César Fialho Wanderley - Examinador Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte À Deus, pois, sem ele eu não teria forças para essa longa jornada. À meus pais, por sua capacidade de acreditar e investir em mim, pelo cuidado e dedicação que me deram, em alguns momentos, a esperança para seguir, sua presença significou segurança e certeza de que não estou sozinho nessa caminhada. Por fim, a Maria Luiza que de muito bom grado me ajudou e me motivou a não esmorecer. AGRADECIMENTOS Primeiramente à Deus qυе permitiu tudo isso acontecer, ао longo de minha vida, е não somente nestes anos de curso, mas que em todos os momentos foi e é o maior mestre qυе alguém pode conhecer. Ao meu pai Ednaldo de Araújo, o qual apesar de todas as dificuldades me fortaleceu, e para mim foi muito importante. Agradeço а minha mãe Jaqueline Soares, heroína qυе me deu apoio, incentivo nas horas difíceis, de desânimo е cansaço. E nos momentos de minha ausência em dedicação aos estudos, sempre fizeram entender qυе о futuro é feito а partir da constante dedicação no presente. Agradeço a Maria Luiza pelo apoio, pelo tempo dedicado a este trabalho, me incentivando e cuidando para que eu não desistisse ao longo do caminho. E também, ao meu orientador prof. Monteiro que me proporcionou essa boa experiência, além dos ensinamentos ao longo dessa jornada. De igual forma, às equipes técnicas do IFRN que possibilitaram a coleta de dados, como o Professor Augusto Fialho e o Engenheiro Franclin Robias. Por fim, ao IFRN pelo ambiente agradável, pelo cuidado e pelas muitas oportunidades oferecidas, hoje posso ver outros horizontes. RESUMO Pesquisa de cunho exploratório e descritivo que buscou como objetivo principal relatar e discutir a experiência do IFRN (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte), enquanto autarquia federal, na implantação de usinas fotovoltaicas. Para isso, o presente estudo teve como base aportes bibliográficos que corroboraram a estruturação de todo o referencial teórico, ao qual abordou os seguintes temas: Sustentabilidade, Nova Gestão Pública, Energias Renováveis, Energia Solar e a Regulamentação dessa fonte energética. Nesse contexto, para coleta de dados foram realizadas entrevistas, em pesquisa de campo, sendo o engenheiro eletricista responsável pelo projeto um dos respondentes. Dados forma levantados para permitir um melhor detalhamento do projeto. Por conseguinte, o Instituto apresenta considerável potencial na geração de energia solar, sendo usado como modelo em outras instituições. Observou-se a relevância do incentivo da administração pública em buscar inovação na prestação do serviço. Assim a pesquisa tem como relevância o fato da administração pública ser referência e possibilitar a instituições do âmbito público e privado a inovação, ainda com potencial de crescimento. No mais, observa-se que é necessário que se dê continuidade às pesquisas e trabalhos que abordem tais temas, uma vez que esses serão úteis no aprimoramento e melhor desenvolvimento do projeto apresentado. Palavras-Chave: Energias Renováveis. Energia Fotovoltaica. Regulamentação. ABSTRACT Exploratory and descriptive research that sought to report and discuss the experience of IFRN (Federal Institute of Education, Science and Technology of Rio Grande do Norte), as a federal authority, in the implementation of photovoltaic plants. To this end, the present study was based on bibliographic contributions that support the structuring of the entire theoretical framework, which addressed the following themes: Sustainability, New Public Management, Renewable Energies, Solar Energy and the Regulation of this energy source. In this context, for data collection they were designated in the field research, in which the electrical engineer responsible for the project participates. Thus, from this identification it was possible to raise important data that allowed for a better detail of the project. Consequently, the Institute has potential in the generation of solar energy, used as a model in other institutions. Soon there is a company that encourages public administration to seek innovation in servisse provision. Thus, a research as an extension model of public administration will enable the institution of the public or private sphere to innovate, still with potential for growth. In addition, it is observed that it is necessary to continue research and work that addresses such themes, since this will be useful in the improvement and better development of the project presented. Keywords: Renewable energies. Photovoltaic Energy. Regulation. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 – Usina Fotovoltaica IFRN Parelhas. Figura 2 – Usina Fotovoltaica IFRN Lajes. Figura 3 – Usina Fotovoltaica IFRN Natal – Cidade Alta. Figura 4 – Usina Fotovoltaica IFRN Natal – Zona Norte. Figura 5 – Usina Fotovoltaica IFRN Mossoró. Figura 6 – Localização das Usinas do IFRN espalhadas no estado do RN. Figura 7 – Usina Fotovoltaica IFRN Canguaretama. Figura 8 – Usina Fotovoltaica IFRN Currais Novos. Figura 9 – Usina Fotovoltaica IFRN Natal – Central. Figura 10 – Usina Fotovoltaica IFRN João Câmara. Figura 11 – Usina Fotovoltaica da Reitoria. Figura 12 – Usina Fotovoltaica IFRN Ceará – Mirim. Figura 13 – Usina Fotovoltaica IFRN São Paulo do Potengi. Figura 14 – Usina Fotovoltaica IFRN Apodi. Figura 15 – Usina Fotovoltaica IFRN São Gonçalo do Amarante. Figura 16 – Usina Fotovoltaica IFRN Parnamirim. Figura 17 – Usina Fotovoltaica IFRN Caicó.Figura 18 – Notícia sobre visita de Deputado Estadual da Paraíba a instalação da Usina Fotovoltaica da Reitoria. Figura 19 – Notícia da revista PV Magazine Latino América. Figura 20 – Notícia sobre o IFRN bater metas na instalação das Usinas Fotovoltaicas. Figura 21 – Usina Fotovoltaica IFRN Pau dos Ferros. Figura 22 – Usina Fotovoltaica IFRN Nova Cruz. Figura 23 – Usina Fotovoltaica IFRN Ipanguaçu. Figura 24 – Usina Fotovoltaica IFRN Macau. Figura 25 – Usina Fotovoltaica IFRN Santa Cruz. Figura 26 – Status do sistema da UFV da Reitoria, apresentando sua produção em tempo real. Figura 27 – Status de produção UFV da Reitoria, detalhado em geração do dia, mês e ano. Figura 28 – Status da produção de energia semanal, rendimento financeiro e CO2 evitado. Figura 29 – Despesa com energia elétrica em duas situações. a) Sem gerador fotovoltaico funcionando; b) Com gerador fotovoltaico funcionando. Figura 30 – Participação da energia fotovoltaica gerada e a energia total consumida pelo campus. Figura 31 – Energia fornecida pelo gerador fotovoltaico para o sistema elétrico do campus Natal-Central. LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica. CNAT Campus Natal-Central. CC/CA Corrente Contínua e Corrente Alternada COSERN Companhia Energética do Rio Grande do Norte. CO2 Gás Carbônico. DILIC Diretoria de Licitação EaD Educação a Distância. EPT Educação Profissional e Tecnológica. GEE Gases de Efeito Estufa. GWh Gigawatt-hora. IDEMA Instituto de Defesa do Meio Ambiente. IFRN Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte. kWp Quilowatt-pico. kWh/m2 Quilowatt-hora por metro quadrado. MWh Megawatt-hora. NGP Nova Gestão Pública. PDI Plano de Desenvolvimento Institucional. ProGD Programa de Desenvolvimento da Geração Distribuída de Energia Elétrica RN Resolução Normativa. SETEC/MEC Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica do Ministério da Educação. UFV Usinas Fotovoltaicas. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 14 1.1 OBJETIVOS ..................................................................................................... 16 1.1.1 Objetivo Geral .......................................................................................... 16 1.1.2 Objetivos Específicos ............................................................................. 16 1.2 JUSTIFICATIVA ............................................................................................... 16 2 CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE DE PESQUISA .......................................... 18 3 REFERENCIAL TEÓRICO ..................................................................................... 19 3.1 ENERGIA E SUSTENTABILIDADE ................................................................. 19 3.1.1 A Nova Gestão Pública e a sua contribuição para a Sustentabilidade ........................................................................................................................... 22 3.2 ENERGIAS RENOVÁVEIS .............................................................................. 24 3.2.1 Energia Solar Fotovoltaica ..................................................................... 27 3.3 GERAÇÃO DE ENERGIA: REGULAMENTAÇÃO ........................................... 30 4 METODOLOGIA .................................................................................................... 35 4.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA ................................................................... 35 4.2 UNIVERSO DE AMOSTRA ............................................................................. 36 4.3 TÉCNICAS DE COLETA DE DADOS .............................................................. 36 5 ANÁLISE DOS RESULTADOS ............................................................................. 38 5.1 USINAS SOLARES FOTOVOLTAICAS IFRN: INICIAÇÃO DO PROJETO ..... 38 5.2 AQUISIÇÃO E IMPLANTAÇÃO ....................................................................... 40 5.3 USINAS EM OPERAÇÃO ................................................................................ 45 5.4 REGULAMENTAÇÃO ...................................................................................... 49 5.5 IFRN COMO MODELO EM ENERGIA SOLAR ............................................... 51 5.6 GERAÇÃO, DESEMPENHO E MANUTENÇÃO .............................................. 54 5.7 RETORNO SOBRE O INVESTIMENTO .......................................................... 57 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 61 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 64 ANEXO I – Conta de Energia Campus Natal-Central ............................................ 68 14 1 INTRODUÇÃO O consumo de energia elétrica vem demonstrando um ritmo intenso de expansão no Brasil. Seu uso deriva de um crescimento considerável nos centros urbanos e nas indústrias automatizadas dos mais diversos segmentos. Conforme Silva (2012), no intermédio dos anos de 1995 e 2011, o consumo anual apresentou um aumento de 78% resultando em 190 mil GWh – Giga watt-hora1. Segundo as projeções da Empresa de Pesquisa Energética, à época, a demanda total cresceria a uma taxa média de 5,3% ao ano (a.a.) até 2018, chegando a 681 mil GWh ao final daquele período. (EPE, 2009 apud SILVA, 2012). Com esse aumento, a temática associou-se a debates relacionados ao meio ambiente devido às formas de geração de energia, algumas com altos impactos ambientais. A percepção dessa necessidade, apontou a utilização de fontes renováveis. O Brasil tem abraçado esta causa e explorado sua vasta diversidade de mananciais propícios à geração de energia por meio de fontes renováveis. Essa viabilidade proporciona certo diferencial quando comparado a outros países. Um deles é a vasta incidência de luz solar em seu território. Através desta fonte se consegue gerar energia através de placas fotovoltaicas que captam a luz solar e a transformam em energia elétrica, sendo ela (a energia com fonte na luz do sol) uma das principais alternativas de geração sustentável. Trata-se de uma das fontes renováveis de energia limpa que se mostra em ascensão atualmente, e surge como uma opção cada vez mais adequada. Teoricamente, enquanto houver sol, haverá energia solar. O governo brasileiro vem estimulando a utilização de fontes renováveis no setor privado e público a partir de incentivos e programas que auxiliam também a implantação de usinas fotovoltaicas. A Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL também tem sido partícipe nestes incentivos, sobretudo ao criar o sistema de compensação de energia regulamentado pela Resolução Normativa 482/2012. Nela 1 Wh – Watt-hora é a quantidade de energia utilizada para alimentar uma carga com potência de 1 (um) Watt pelo período de 1h (uma hora). Gigawatt-hora (GWh) equivale a 109 Wh (um bilhão de Watt-hora). 15 são estabelecidas as condições para a geração e distribuição de energia elétrica. Decorrente dela, mais duas resoluções foram criadas até o presente momento, notadamente, a Resolução Normativa nº 687, de 24 de novembro de 2015 e a Resolução Normativa nº 786, de outubro de 2017. Há também outros programas, convênios, projetos e financiamentos que facilitam a utilização de energias renováveis. Dentre as organizações que fazem uso dos direitos possibilitados pelas resoluções está o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN). O Instituto implantouusinas fotovoltaicas em todas as suas 21 unidades, como forma de geração de energia elétrica sustentável, entretanto a sua 22ª unidade (Campus Avançado de Jucurutu) ainda está em fase de implantação. O presente estudo teve por objetivo averiguar, in loco, como se deu a experiência do Instituto com a referida geração fotovoltaica. Buscou-se, em suma, descrever e analisar o modelo de geração e consumo de energia elétrica de suas unidades. Foi considerado um recorte temporal que se estendeu desde as primeiras iniciativas para a adoção do modelo em dezembro de 2013 até a entrada em regime da última usina implantada em meados de 2018, identificando os entraves encontrados no processo e os benefícios oriundos. Nesse ínterim, são apresentadas as tecnologias envolvidas, comparando-as ao modelo tradicional, com as diretrizes de sustentabilidade presentes na legislação. Também foram identificados e relatados os principais atores e etapas presentes no processo de adoção das usinas. De forma complementar, são apresentados alguns dos resultados no que tange à redução da conta mensal de energia elétrica junto à concessionária, sendo este um elemento importante na análise do impacto. Buscou-se compreender se a adoção das usinas fotovoltaicas nos campi do Instituto tem se mostrado exitosa. Nesta conjuntura, é apresentada a seguinte questão de pesquisa: Qual a experiência do IFRN na implantação de usinas fotovoltaicas? Assim, o trabalho apresenta os resultados da análise das etapas da implantação das usinas fotovoltaicas nos diversos campi do IFRN, e particularmente das posicionadas no Campus Natal-Central e Reitoria. 16 1.1 OBJETIVOS 1.1.1 Objetivo Geral • Relatar e discutir a experiência do IFRN, enquanto autarquia federal, na implantação de usinas fotovoltaicas. 1.1.2 Objetivos Específicos • Averiguar, in loco, como se deu a experiência do Instituto com a referida geração fotovoltaica; • Identificar importantes atores e etapas no processo de adoção de usinas de geração de energia fotovoltaica; • Apontar entraves encontrados durante a implantação; • Descrever o atual modelo de geração de energia elétrica no IFRN e as tecnologias envolvidas. 1.2 JUSTIFICATIVA Nos últimos anos, a busca por fontes de energias renováveis vem se propagando e as formas de geração de energia elétrica estão se desenvolvendo com veemência, assim como as formas que possibilitam seu acesso. O artigo 3º, inciso II da Constituição brasileira apresenta um dos objetivos fundamentais no que tange a garantir o desenvolvimento nacional. Assim também, pela forma de desenvolvimento sustentável em que possibilita um baixo impacto ao meio ambiente, a energia solar fotovoltaica tem se mostrado promissora. Projetos como o ProGD – Programa de Desenvolvimento da Geração Distribuída de Energia Elétrica, lançado em 2015 pelo governo federal, são propostos com o intento de aprofundar as ações referentes à geração de energia elétrica com base em fontes renováveis, sobretudo por meio de equipamentos como painéis 17 solares. Trata-se de incentivos destinados à implantação destas tecnologias em organizações públicas e privadas. Intercala-se aqui o caso do IFRN, que se apresentou como uma das instituições pioneiras no estado do Rio Grande do Norte (RN) na geração de energia solar fotovoltaica. Na região Nordeste, onde são situadas as unidades do Instituto, esta forma de geração demonstra potencial, considerando a favorável condição climática e meteorológica disponível no território. A relevância acadêmica da pesquisa baseia-se no fato de que são poucos os estudos que abordam essas discussões voltadas à gestão pública. Esta lacuna literária pode ser preenchida a partir da avaliação continuada das experiências adotadas no serviço público. No caso do IFRN, ainda são poucas as informações publicadas sobre a eficiência ou não da implantação das usinas, como se dá o processo de coleta de seus dados, sendo limitados os dados que relatam a economia após o funcionamento dos geradores, deixando abertas lacunas diversas, como a real economia obtida pelo Instituto. Com relação ao âmbito social, a presente pesquisa contribui para que a sociedade tome ciência de que a postura sustentável pode servir de exemplo a ser seguido em diferentes instâncias, sendo as instituições públicas verdadeiras referências para tal. A sociedade pode melhor compreender as vantagens e desvantagem do uso das usinas implantadas. Em um viés de partilhar experiências relacionadas a essa área e cooperando com a amostragem de dados que podem ser observados como modelo para outros Institutos Federais ou qualquer outra organização que tenha interesse. Os resultados, em forma de experiência relatada, poderão ser utilizados para novas aplicações ao longo do território nacional ou até mesmo internacional. Assim, o estudo proporciona uma melhor interpretação do tema. Em uma visão educacional, considerando os objetivos do IFRN, a pesquisa favorece a análise da implantação das usinas fotovoltaicas, especialmente no Campus Natal-Central (CNAT), para que os próprios estudantes e servidores locais possam ter um conhecimento a mais sobre a estrutura das usinas que agregam ao patrimônio da mesma, já que a organização possui um curso na área de energias renováveis, o que facilitará a adoção de práticas pedagógicas nas aulas de diferentes cursos oferecidos pela Instituição. 18 2 CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE DE PESQUISA A presente pesquisa desenvolveu-se nos campi do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte – IFRN, a partir da análise das etapas da implantação de usinas fotovoltaicas em suas unidades. A Instituição foi fundada em 23 de setembro de 1909 após o momento em que o então Presidente Nilo Peçanha sancionou Decreto nº 7.566 para criação dos institutos, que no período foram chamadas Escolas de Aprendizes Artífices. E com o passar dos anos a instituição passou por diversas mudanças. Até que em 1967, a escola passou a ocupar novas instalações, no bairro Tirol, Avenida Senador Salgado Filho, onde funciona hoje o Campus Natal-Central do IFRN, obtendo, em 1968, a denominação de Escola Técnica Federal do Rio Grande do Norte – ETFRN. Com o passar dos anos, a ETFRN com os cursos básicos oferecidos até então, deram lugar ao ensino profissionalizante de 2° grau. Em 1994, dar-se início ao processo de transformação em Centro Federal de Educação Tecnológica – CEFET com a inauguração da Unidade de Ensino Descentralizada de Mossoró, sendo concluída em 1999. Mas só em 2006, com o início da 1ª fase da expansão da Rede federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, foram implantadas três novas unidades: Zona Norte de Natal, Ipanguaçu e Currais Novos. A segunda etapa começou em 2007, com a construção de outras seis unidades: Macau, Caicó, Apodi, João Câmara, Santa Cruz e Pau dos Ferros. Essas escolas foram inauguradas em 2009, com nova institucionalidade, já nasceram como campi do novo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte – IFRN. Nesta fase ainda, foram construídos os campi de Natal-Cidade Alta, Nova Cruz, Parnamirim e São Gonçalo do Amarante. Na terceira fase de expansão, a partir de 2013, foram criados mais cinco campi: Ceará-Mirim, Canguaretama, São Paulo do Potengi, Lajes e Parelhas. Acrescentando também a Reitoria e o Ensino a Distância (EaD). Atualmente, o IFRN possui em seus 22 campi, distribuídos por toda as regiões do estado do Rio Grande do Norte (RN), usinas fotovoltaicas, com grandes potenciais de geração de energia. 19 3 REFERENCIAL TEÓRICO 3.1 ENERGIA E SUSTENTABILIDADE Com o passar do tempo a energia elétrica tem se tornado um dos principais constituintes da sociedade moderna. Ela é necessária para proporcionar regalias, criar bens a partir dos recursos naturais,e também fornecer serviços dos quais se tem diversos benefícios (HINRICHS; KLEINBACH, 2003). Dentre os resultados oferecidos pela energia elétrica, encontra-se um impasse na maneira de sua geração. Essa dificuldade tem levantado alguns debates sobre os impactos ambientais negativos que o aumento na geração de energia proporciona. Lima (2014) afirma que há uma preocupação com a crise energética por conta da redução das reservas petrolíferas mundiais, dos impactos causados pelo uso de fontes de energia poluentes, ocasionando escassez dos recursos naturais. Somando a isso tudo, há aumento na demanda por oferta de energia e pelo crescimento populacional, recorrendo a discussões acerca de fontes alternativas, que possam corresponder à demanda crescente, reduzindo os impactos ambientais e utilizando racionalmente os recursos energéticos. Os impactos ambientais provocados por algumas fontes de geração e consumo de energia se dão, sobretudo, a partir de fontes fósseis que provocam emissões de poluentes, gases de efeito estufa e acarretam o aumento dos riscos os suprimentos de longo prazo no planeta. Sendo necessárias mudanças nesses padrões para passar a estimular as energias renováveis, o Brasil apresenta uma condição bastante favorável em relação ao resto do mundo (GOLDEMBERG; LUCON, 2007). Concernente a isto, Hinrichs e Kleinback (2003) afirmam que, entender o consumo de energia elétrica reflete em compreender os recursos necessários para sua geração e suas limitações, bem como as consequências ambientais da sua utilização. Energia, meio ambiente, sustentabilidade, e desenvolvimento econômico estão fortes e estreitamente correlacionados. A sustentabilidade, em uma compreensão substancial, se dá em um pensamento ecologicamente correto, em ações e programas relacionados ao meio 20 ambiente, direcionado ao consumo consciente, reciclagem, reutilização, redução, dentre outras. Já em sua definição geral, “Sustentabilidade é um conceito sistêmico, relacionado com a continuidade dos aspectos econômicos, sociais, culturais e ambientais da sociedade humana” (LARANGEIRA, 2009, p. 1). Concernente a isto, Scarlato e Pontin afirmam que: A definição de desenvolvimento sustentável que o documento apresenta e que se torna célebre nos anos 90 é a de um desenvolvimento que é capaz de garantir as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras atenderem também às suas” (SCARLATO; PONTIN, 1992, p.9). Com isso, compreende-se que as distintas vertentes da sustentabilidade deterão, pois, importantes resultados sobre as estratégias e os conteúdos da educação ambiental. Os efeitos sobre o processo educativo serão diferentes se o movimento para sustentabilidade global apadrinhar os mecanismos do mercado para reconhecer a natureza e a mudança tecnológica para desmaterializar a produção e limpar o ambiente, ou se está baseado em uma nova ética e na construção de uma racionalidade ambiental (LEFF, 1999). Por conseguinte, entende-se também, que quanto maior for o aproveitamento dos recursos, menores impactos ao meio ambiente serão provocados. O objetivo deveria ser o do estabelecimento de uma utilização racional e ecologicamente sustentável da natureza, em benefício às pessoas a sua volta, levando-as a um cuidado com a conservação da biodiversidade, provocando solicitude, tornando-se uma estratégia de desenvolvimento e mostrando a necessidade de se adotar padrões contratuais de gestão da biodiversidade. No tocante a isto, para que as mudanças sejam efetivadas, o uso consciente de recursos naturais não deve partir da individualidade dos cidadãos, mas da coletividade. Deve também englobar o mercado, assim como o Estado, que através de políticas públicas podem promover ações e programas voltados ao estímulo dessa conscientização (SACHS, 2008). Dentro desse debate, propõe-se a ser um meio de configurar a civilização e atividades humanas, de tal forma que a sociedade, os seus membros e as suas economias possam preencher as suas necessidades e expressar o seu maior potencial no presente e, ao mesmo tempo, preservar a biodiversidade e os ecossistemas naturais, planejando e agindo de forma a atingir pró-eficiência na manutenção indefinida desses ideais (LARANGEIRA, 2008). Concernente a isto, 21 Scotto (2008) afirma que, não há dúvida que a busca pela sustentabilidade socioambiental está muito limitada e compreendida a partir, somente, de uma racionalidade tecnológica e de uma globalização focada simplesmente no mercado. Tal conceito busca equilibrar a capacidade de reabilitação dos recursos e de filtração de desejos com tendência a busca pela economia. Segundo Veiga (2008), o crescimento da população e da produção não deve levar a humanidade a ultrapassar a capacidade de regeneração dos recursos e de absorção dos desejos. Nos países do centro, tanto a produção quanto a reprodução já deveriam estar voltadas apenas à reposição. Esse entendimento traz uma preocupação com o uso de recursos de forma não planejada, como afirma Veiga: O crescimento econômico contínuo trará cada vez mais danos ao meio ambiente da Terra? Ou aumentos da renda e da riqueza jogam as sementes de uma melhora dos problemas ecológicos? É com esta alternativa formulada em duas perguntas que G&K (Grossman; Krueger, 1995) abrem a introdução de seu pioneiro artigo. Se os métodos de produção fossem imutáveis, é óbvio que só seria possível responder afirmativamente à primeira pergunta. Todavia, há inúmeras evidências de que o processo de desenvolvimento leva a mudanças estruturais naquilo que as economias produzem. E muitas sociedades já demonstraram notável talento em introduzir tecnologias que conservam os recursos que lhe são escassos. Em princípio, os fatores que podem levar a mudanças na composição e nas técnicas da produção podem ser suficientemente fortes para que os efeitos ambientalmente adversos do aumento da atividade econômica sejam evitados ou superados. (VEIGA, 2008, p. 114). Para Sachs (2008), de um modo geral, esse objetivo deveria ser o do estabelecimento de uma utilidade racional e ecologicamente sustentável da natureza em privilégio às populações locais, levando-as a incorporar o cuidado com a preservação da biodiversidade às suas próprias preferências, como um componente de estratégia de desenvolvimento. Daí a necessidade de se adotar padrões negociados e contratuais de gestão da biodiversidade. Essa necessidade tem surgido devido à falta de preservação da natureza, provocando alguns efeitos. Para tratar esta questão, Larangeira (2008) propõe a aplicação dos 3R’s: Reduzir – diminuir a quantidade de produção de lixo; Reutilizar – de forma a usar materiais diversas vezes, criando utilidade para os que não são mais necessários; e Reciclar – consistindo em transformar um produto em outro de forma a minimizar o consumo de matéria-prima extraída da natureza. 22 Concernente a isto, Veiga (2008) afirma ainda que o desgaste da camada de ozônio, o aumento do efeito estufa e a vasta perda de biodiversidade são problemas globais em sua própria gênese e âmago. Os diversos conflitos sociais sobre sustentabilidade então no cerne dessas três questões. Nelas residem as maiores dificuldades de preservar e expandir as liberdades substanciais de que as pessoas podem desfrutar sem comprometer a capacidade de as futuras gerações usufruir de liberdade semelhante ou maior. Complementando, Sachs afirma que: De maior importância, pelo lado positivo, foi a imensa reflexão sobre estratégias de economia de recursos (urbanos e rurais) e sobre o potencial para a implementação de atividades direcionadas para a eco eficiência (eficiência na economia) e para a produtividade dos recursos (reciclagem, aproveitamento de lixo, conservação de energia, água e recursos, manutenção de equipamentos, infraestrutura e edifícios visando à extensão de seu ciclo de vida)(SACHS, 2008, p.55). Outro detalhe importante relativo à redução de energia, bem ressaltado por Hinrichs e Kleinbach (2003) é que, ao se criar uma política energética, deve-se relacioná-la não apenas à descoberta de novas fontes e à redução do consumo de energia, mas também se ponderar as formas de prolongar as vidas no planeta. Para tanto, deve-se ter em conta o peso dos efeitos dos novos estilos de vida e das novas tecnologias relacionadas à energia. Reavendo a expansão da energia sustentável, agrega-se a ela os recursos energéticos pois as fontes renováveis proporcionam para um mundo um melhor tributo para tamanha carência de energia. Elas podem ser usadas das mais diversas maneiras, gerando impactos e problemas ambientais mínimos e esses ainda podem ser controlados com tecnologias aprimoradas (HINRICHS; KLEINBACH, 2003). Concernente a isto, o governo apresenta uma nova roupagem pois as políticas energéticas apresentam fragilidades a longo prazo. Assim, a administração pública utiliza a jurisprudência como ferramenta para formular políticas públicas a contribuir para a sustentabilidade. 3.1.1 A Nova Gestão Pública e a sua contribuição para a Sustentabilidade Acerca disso, a administração pública tem se manifestado para melhor atender às necessidades que se mostram na área da sustentabilidade, buscando um melhor 23 desempenho. Essa forma de gestão é também considerada na Nova Gestão pública (NGP) que caracteriza um conjunto de argumentos e filosofias administrativas, apresentadas como um novo paradigma de Administração Pública em busca da melhoria da eficiência. Especificamente, como filosofia administrativa e como um padrão de desempenho organizacional específico advindo da administração pública, a NGP possibilitou que fosse atingido um status elevado de um corpo doutrinário que desfruta de uma grande aceitação, como “uma corrente de pensamento dominante” (MICHAEL BARZELAY, 2001, p.52 apud DASSO JUNIOR, 2014). Com características bem distintas dos modelos que a antecederam, a NGP foi concebida buscando meios para a rediscussão da forma e do papel do funcionamento do Estado. Concernente a isto, Gomes (2009) afirma que, no receituário da NGP, uma das principais recomendações é o modelo de Gestão por Resultados. Surgindo-o essencialmente para criticar o modelo burocrático, com o qual encontra-se um excessivo apego às regras, processos e procedimentos. A Nova Gestão Pública busca e defende a flexibilização dos meios, empenhando-se para orientar as organizações e seus agentes públicos, para alcançar melhores resultados. Apresentando assim uma roupagem que busca a melhoria em seu desempenho, flexibilizando meios para melhor servir a sociedade. Concomitante a isto, Laranjeira (2009) apresenta que uma das ações prioritárias da Agenda 21 brasileira (ferramenta de planejamento na área de sustentabilidade), a sustentabilidade urbana e rural, ainda com a preservação de recursos naturais e a ética política no planejamento de ferramentas para o desenvolvimento sustentável. Mas o ponto chave dessas ações é o planejamento de sistemas de produção e consumo sustentáveis, combatendo também a cultura do desperdício. Como descrito por Gomes (2009), o destaque dado à eficiência pelo movimento da Nova Gestão Pública provoca o fortalecimento das políticas públicas de gestão. As políticas são atividades identificadas, primariamente, com relação às diversas áreas, embora sejam políticas sistêmicas que podem influenciar todas as demais. Sendo assim, políticas que têm como objetivo a estrutura organizacional, o orçamento, os recursos humanos, o planejamento, os processos e as tecnologias, as compras governamentais, e, a cada vez mais, a qualidade na prestação dos serviços públicos e no atendimento ao cidadão têm surgido. Sano (2013) reforça que, a principal 24 dificuldade é garantir a vinculação entre as ações dos programas e as mudanças percebidas. A eficácia, por sua vez, propicia que as instituições avaliadas possam demonstrar que os resultados estão sendo alcançados. Ainda, Sano (2013) afirma que é preciso destacar que a avaliação sistemática, contínua e eficaz é uma ferramenta poderosa de gerenciamento, fornecendo assim aos formuladores e gestores de políticas públicas melhores condições para aumentar a eficiência e eficácia dos recursos aplicados. Fazendo-se necessário o desenvolvimento de um conjunto harmônico e sistemático que possa abranger a eficiência, eficácia e efetividade e suas inter-relações. 3.2 ENERGIAS RENOVÁVEIS Os países têm procurado meios de geração de energia que possam ser explorados por maiores períodos e causem menores danos ao meio ambiente. Trata- se de uma busca pela autossuficiência em geração de energia, aliada a uma diversificação da matriz energética. Ou seja, pela escassez de recursos a melhor opção foi a busca por fontes renováveis (PACHECO, 2006). Três possíveis nomes dados para qualquer energia obtida por meios renováveis são: energia renovável, energia alternativa ou energia limpa. As fontes primárias para produção de energia podem ser classificadas em renováveis e não-renováveis. São consideradas fontes não-renováveis aquelas que são passíveis de extinguirem-se por serem utilizadas com velocidade bem maior que os muitos anos necessários para sua formação (REIS et al., 2005). A Agência Nacional de Energia Elétrica afirma que: O consumo de energia é um dos principais indicadores do desenvolvimento econômico e do nível de qualidade de vida de qualquer sociedade. Ele reflete tanto o ritmo de atividade dos setores industrial, comercial e de serviços, quanto a capacidade da população para adquirir bens e serviços tecnologicamente mais avançados, como automóveis (que demandam combustíveis), eletrodomésticos e eletroeletrônicos (que exigem acesso à rede elétrica e pressionam o consumo de energia elétrica) (ANEEL, 2008, p. 39). No início do século XXI as fontes renováveis de energia foram responsáveis por fornecer aproximadamente 9% da energia mundial (podendo aumentar esse índice para 22% se incluir todos o uso também da biomassa) sendo responsável 25 também por 8% a 10% das necessidades dos Estados Unidos (HINRICHS; KLEINBACH, 2003). Segundo Pacheco (2006), o novo regulamento mundial é a procura pela autossuficiência em produção de energia, ou seja, a procura por variadas fontes alternativas que possam suprir a demanda interna dos países, no caso de falta de combustíveis fósseis. Provenientes de ciclos naturais, as energias renováveis regeneram-se espontaneamente. O consumo da energia elétrica é um dos principais indicadores do nível de qualidade de vida de qualquer sociedade e do desenvolvimento econômico. Ele representa uma série de fatores, tanto influenciados pela capacidade da população para adquirir bens e serviços tecnologicamente mais avançados como eletrodomésticos, eletroeletrônicos (que exigem acesso à rede elétrica e pressionam o consumo de energia elétrica) e automóveis (que demandam combustíveis), quanto o ritmo de atividades dos setores industrial, comercial e de serviços (ANEEL, 2015). Neste contexto, o esgotamento rápido das fontes convencionais, seguido dos grandes impactos ao meio ambiente, são motivos que conduzem também a busca por opções mais abundantes e menos poluentes nomeadas de energias alternativas ou renováveis. Para que se possa criar um sentido sobre o que a energia significa é necessário entender suas limitações como também as consequências ambientais advindas da sua utilização. Energia, meio ambiente e desenvolvimento econômico estão fortemente conectados (HINRICHS et al., 2003). Logo, entende-se que as fontes renováveis decorrem de ciclos naturais, originado da conversão da radiação solar. As energias renováveis são provenientes de ciclos naturais de conversão da radiação solar, fonte primária de quase toda energia disponívelna Terra e, por isso, são praticamente inesgotáveis e não alteram o balanço térmico do planeta e se configuram como um conjunto de fontes de energia que podem ser chamadas de não-convencionais, ou seja, aquelas não baseadas nos combustíveis fósseis e grandes hidroelétricas (PACHECO, 2006, p. 5). Esta abordagem defende que fontes alternativas não são convencionais e possuem baixo impacto ambiental. Essas formas de geração de energia se apresentam como meios mais eficientes de compensar e realizar neutralização da emissão de CO2 (gás carbônico), um dos principais causadores de distúrbios no meio ambiente. O uso da energia oriunda de fontes limpas contribui para a não emissão de 26 gases ou quaisquer outros materiais tóxicos e nocivos ao meio ambiente, contribuindo para a redução da agressão à natureza. Uma das fontes que proporciona uma maior geração de energia é a solar, com grande aproveitamento, e possuindo um grande potencial. “Muita energia vem do Sol para a Terra, mas pouco é aproveitado. Uma parte da radiação solar fornece calor, outra forma os ventos, outra, os potenciais hidráulicos dos rios (pela evaporação e condensação), outra, as correntes marinhas” (Goldemberg e Lucon, 2007, pág. 9). Dentro desta ótica, Pacheco (2006) afirma que, na busca por fontes de energias renováveis, o Brasil se destaca com larga vantagem em relação ao resto do mundo, pelas grandes dimensões territoriais e pelas altas taxas de luminosidade. Pelo destaque nos benefícios, no Brasil existe a necessidade de se administrar as regalias naturais. Contudo, existem desafios na implementação de programas que buscam melhoria na eficiência e na qualidade dos serviços prestados, mesmo se tratando de uma tendência mais genérica do que seja a administração pública. Referente a isto, Morais (2009) completa afirmando que, a proposta dessa reforma é de uma administração pública por resultados, buscando profissionalização, produtividade, eficiência, qualificação do serviço público, ou seja, exigindo resultados. Complementando, Oliveira (2008) afirma que, com o desenvolvimento dessa nova filosofia de administração pública através do modelo gerencial (ou pós-burocrático), a função e controle governamental passa a ser discutida como instrumento de grande relevância, proporcionando ao Estado garantir que os conceitos de eficiência, efetividade e eficácia, possam ser seguidos, como proposto pelo paradigma gerencial. Ainda nesta mesma linha de consideração, Gomes (2009) explica que, de acordo com a literatura corrente, o conceito de eficiência é definido como o balanço entre os objetivos atingidos e os recursos utilizados para tal feito; por eficácia, entende-se a constatação dos objetivos a serem alcançados com o nível de qualidade esperado; já na efetividade, são avaliados se os resultados pretendidos foram alcançados, se os efeitos sociais ou econômicos esperados foram atingidos, não atentando-se aos recursos empregados no processo. Reavendo a necessidade que o setor de energias renováveis carece, mas que a administração pública tem buscado melhor atendê-lo. 27 A geração de energia solar fotovoltaica assume particular relevo no panorama atual das fontes renováveis. Segundo Proença (2007) afirma que, embora no contexto mundial a produção de energia elétrica recorrente a sistemas fotovoltaicos seja marginal quando comparada com a total produção, o mercado tem tido uma taxa de crescimento de 30% ao ano, e teoricamente o potencial dessa tecnologia é infindável. Recebendo a cada hora do Sol a Terra abriga uma grande quantidade de energia, chegando a ser superior à produção anual no planeta inteiro. 3.2.1 Energia Solar Fotovoltaica A energia solar fotovoltaica mostra-se como uma das possíveis soluções para a demanda energética e, também, para problemas ambientais. Além disso, são diversos os benefícios que a energia solar pode gerar, sendo ela uma fonte renovável, praticamente inesgotável e com quase total ausência de poluição, tornando-se uma das alternativas promissoras e perdurável (LIMA, 2014). A energia solar é proveniente da luz e do calor do sol, considerada uma fonte renovável e sustentável, também podendo ser utilizada por diferentes tecnologias. O potencial da radiação solar como forma de geração de energia é praticamente inesgotável. A princípio, toda energia que o mundo necessita poderia ser extraída desta fonte. Para que se possa usufruir dessa energia limpa é necessário fazer uso de diversas tecnologias. A energia elétrica não é armazenada em grandes quantidades por sua produção ser praticamente simultânea ao seu consumo. Por isso a sua produção deve ser flexível, podendo se adaptar rapidamente às necessidades de cada momento (PROENÇA, 2007). Corroborando com essa ideia, Pacheco (2006) afirma que, a energia oriunda do sol pode ser usada diretamente no aquecimento da água, para o aquecimento do ambiente e para produção de eletricidade, possibilitando a redução de até 70% do consumo convencional. Esse tipo de fonte renovável pode ser utilizado por diversas indústrias e até mesmo residências para produzir sua própria energia. A maior diferença vai ser o tamanho do sistema. 28 A partir do discurso apresentado, evidencia-se a necessidade de compreender o funcionamento do sistema que permite obter eletricidade a partir do sol. O módulo fotovoltaico é o principal componente, sendo composto por um material semicondutor, o silício, constituinte da areia, que ao ser submetido a luz solar é carregado eletricamente. Para melhor conversão da potência associada a radiação solar com a potência elétrica são adicionadas substâncias semicondutoras (PROENÇA, 2007). Em conformidade com Machado e Miranda (2014), no aproveitamento da energia solar os países mais desenvolvidos são a Alemanha, a Itália, a Espanha e os Estados Unidos. Esses países, em 2011, corresponderam juntos a 88% da potência total instalada em todo mundo, sendo que no mesmo ano foram aproximadamente 35 mil megawatts, em que somente a Alemanha deteve cerca de 50%. Este grande aumento advindo de programas de incentivo a utilização de energia fotovoltaicas. A praticidade dos módulos fotovoltaicos é tamanha, sendo capaz de proporcionar diversas vantagens em relação às outras formas de geração de energia, podendo ser explicitado através do seguinte discurso: A utilização da energia solar poderia trazer benefícios em longo prazo para o país viabilizando o desenvolvimento de regiões remotas onde o custo da eletrificação pela rede convencional é demasiadamente alto com relação ao retorno financeiro do investimento, regulando a oferta de energia em situações de estiagem, diminuindo a dependência do mercado de petróleo e reduzindo as emissões de gases poluentes na atmosfera como estabelece a Conferência de Kyoto (MARTINS et al., 2004, p.145). Muitas tecnologias desenvolveram-se desde a descoberta da possibilidade de geração de energia elétrica através do sol, mas ainda não se alcançou um nível satisfatório em que se possa equilibrar os custos, tendo em vista os módulos mais frequentemente encontrados no mercado possuírem eficiência em torno de 15%. Logo, a utilização desse sistema, por pessoas físicas era praticamente inviável (MACHADO; MIRANDA, 2014). Isso nos leva a observar que o grande desafio que foi posto a esta indústria, foi o de tornar os custos desta tecnologia cada vez mais competitivos, buscando alcançar a paridade com a rede (custos compatíveis com os praticados pelas outras tecnologias que vendem a rede) a médio prazo (PROENÇA, 2007). Outra grande desvantagem do sistema fotovoltaico é que não se pode ser gerada energia em período noturno. Também é importante lembrar que em um dia 29 nublado ou até mesmo chuvoso ocorre geração de energia, no entanto, sendo baixa a incidência de luz solar sobre as placas, a eficiência é bem menor se comparada a umdia ensolarado (MACHADO; MIRANDA, 2014). Diante de todas as desvantagens, paradoxalmente, o leque de aplicação tem crescido cada vez mais, resultado da descoberta de novas tecnologias que possibilitam o decréscimo do custo de produção das células. A disponibilidade do Sol como matéria-prima em praticamente todos os lados e a modularidade dos sistemas, que podem ser montados em qualquer escala ou tamanho, com potencial de serem conduzidos às áreas mais remotas, são seus principais pontos fortes. Para que se possa ter um melhor incentivo na diminuição dos custos, que ainda são altos, as placas podem possibilitar um grande fomento na indústria fotovoltaica. Como afirma Machado e Miranda (2014), o preço pelos sistemas fotovoltaicos é um dos motivos mais relevantes para a baixa procura dessa tecnologia, ainda é muito caro a instalação do sistema em residências, já que os módulos têm que ser importados, pois ainda não há indústria do segmento no Brasil. Apesar do grande potencial que possui o Brasil, o uso deste em sua totalidade é pouco aproveitado. Um detalhe importante relativo a essa capacidade é ressaltado por Veiga (2008): A Nação, refletida acima de tudo no surgimento de uma burguesia e de um mercado de dimensão nacional, foi à base do Estado moderno. Essa sequência se inverteu nos países ditos em desenvolvimento. O principal vírus que dissemina a inviabilidade econômica da grande maioria dos países em desenvolvimento atende pelo nome de miséria científico-tecnológica (VEIGA, 2008, p. 23). Nesse sentido, Machado e Miranda (2014) consideram que o Brasil é um país favorecido nesse contexto de energia, visto que, apresenta altos níveis de radiação solar. Em termos comparativos, a Alemanha sendo um dos destacados usuários da energia solar possui uma irradiação média de 900 e 1250 kWh/m2 – Quilowatt-hora por metro quadrado2 por ano, enquanto no Brasil varia entre 1200 e 2400 kWh/m2. Possuindo esse ótimo índice de radiação solar, o Brasil possui na região nordeste os melhores índices, com valores típicos de 1752 a 2190 kWh/m², de radiação incidente por ano. Colocando o Nordeste em uma posição destaque em 2 É a medida da energia elétrica produzida por metro quadrado mediante um aparelho durante seu funcionamento. 30 relação às demais regiões do mundo com maior potencial de energia solar (PACHECO, 2006). 3.3 GERAÇÃO DE ENERGIA: REGULAMENTAÇÃO Com a crescente queda dos preços dos sistemas fotovoltaicos a partir de 2011, a ANEEL passou a assumir uma postura mais ativa concernente à elaboração de uma regulamentação mais adequada a esse tipo de sistema, objetivando colocar fim a algumas barreiras existentes na implantação dos sistemas fotovoltaicos no território brasileiro. Foi então que em agosto de 2011, a ANEEL definiu a geração fotovoltaica como estratégia e passou a elaborar um escopo para projetos de pesquisa e desenvolvimento (IZIDORO et al., 2014). Segundo Silva (2015), a análise da viabilidade econômica da energia solar deve partir de duas vertentes. Na primeira, a usina solar deve estar ligada diretamente à rede da distribuidora de energia, onde se dá o consumo. Esse é o caso da microgeração e da minigeração distribuída. Na segunda vertente, a usina tem uma escala mais elevada e está conectada, em geral, a uma linha de transmissão que conduz energia elétrica até a rede distribuidora e, assim, alcança o consumidor. Esse sistema passou a ser regulamentado pela Resolução Normativa 482/2012 da ANEEL que “Estabelece as condições gerais para o acesso de microgeração e minigeração distribuída aos sistemas de distribuição de energia elétrica, o sistema de compensação de energia elétrica, e dá outras providências”. A resolução é apresentada por Izidoro (2014) da seguinte forma: No Brasil, com a resolução 482/2012 da ANEEL, tem-se atualmente um sistema de compensação de energia, semelhante ao net-metering. A resolução define o sistema de compensação como um arranjo em que os consumidores com microgeração ou minigeração injetam energia ativa na rede de distribuição, cedendo-a à concessionária local, posteriormente essa energia é compensada através do consumo dessa unidade consumidora ou outra do mesmo titular, e desta vez é cedida pela concessionária. A energia gerada pelo consumidor abate a energia consumida proveniente da distribuidora, e caso seja maior que o consumo, o saldo positivo tem validade por 36 meses, podendo também ser utilizada em outra unidade consumidora do mesmo titular (que possua o mesmo CPF ou CNPJ, junto ao ministério da fazenda) e que esteja dentro da mesma área de concessão da unidade geradora (IZIDORO et al., 2014, p. 90). 31 Os sistemas fotovoltaicos interligados à rede elétrica convencional representam uma fonte complementar ao sistema de grande porte pertencente à rede disponibilizada pela concessionária. No caso do presente estudo no IFRN, a concessionária é a COSERN, Companhia Energética do Rio Grande do Norte. Toda a composição do sistema fotovoltaico é conectada em inversores e estes fazem a interface com a rede elétrica. As exigências com relação à qualidade, segurança e outros fatores devem ser exultantes por parte dos inversores para que a rede não seja afetada. O conjunto de composição das usinas possui um sistema anti-ilhamento, que é responsável a não comprometer a rede em que a usina está interligada (CÂMARA, 2011). Fortalecendo a potencialidade brasileira para a energia solar, Silva (2015) afirma que, a capacidade para aproveitamento dessa fonte energética seguida pela regulamentação da ANEEL da microgeração e minigeração têm despertado o interesse de diversos agentes, tanto dos fabricantes quanto dos possíveis usuários da energia fotovoltaica. E mesmo antes da resolução, já existiam sistemas fotovoltaicos instalados no Brasil, mas esses eram pouco divulgados e até mesmo desconhecidos da grande massa da população nacional. A maioria desses sistemas buscava suprir necessidades energéticas em locais isolados através do Programa luz para todos. Mas com o regulamento que a resolução 482/2012 da ANEEL permitiu, novos horizontes foram abertos para a geração de energia elétrica por fonte solar. Foi a primeira resolução voltada para formas de energia distribuída no país, estabelecendo premissas para troca de energia entre sistemas fotovoltaicos e a rede de distribuição, em que o sistema de compensação de energia passou a existir (IZIDORO, 2014). O modelo utilizado, em que a energia fotovoltaica é injetada à rede convencional de energia, segundo Câmara (2011): Nas instalações residenciais conectadas à rede elétrica, pode-se utilizar tanto a energia fotogerada como a convencional. Nesse tipo de conexão, não há a necessidade de acumuladores de energia (baterias), pois quando se tem um consumo elétrico maior que a eletricidade produzida pelos módulos fotovoltaicos (isto ocorre normalmente ao amanhecer, durante a noite e nos dias sem ou com baixa radiação solar), a rede fornecerá a energia necessária para o perfeito funcionamento da edificação. Ao contrário, quando se tem um consumo elétrico baixo ou quando os módulos produzem eletricidade acima do que está sendo consumido pela edificação, o excesso de energia elétrica é injetado na rede de distribuição da concessionária. A legalização desses 32 sistemas em nosso país ainda depende de regulamentação (CÂMARA, 2011, p, 36). Quanto à injeção de energia fotogerada no sistema convencional a quantidade inserida na rede elétrica é contabilizada para haver um ressarcimento por parte da concessionária. Conforme Lima (2014), a energia fotovoltaica e seu faturamento podem ser medidos em cima do excedente de energia gerada injetada na rede com relação à demanda interna do consumidor ou sobre o total produzido por ela, como é o caso de alguns países europeus, em que toda energia é vendidapara a concessionária com uma tarifa maior que a cobrada por ela. Para este caso, procura- se um maior controle fiscal, buscando diminuir custos, tanto que o programa europeu passou por revisão por causa da redução nos incentivos à energia solar. Concernente a isto, Izidoro (2014) apresenta o modelo relativo ao faturamento por uma visão diferenciada em que, o consumo de energia ativa a ser cobrada do consumidor terá que ser a diferença entre a energia consumida e a energia injetada na rede pelo sistema gerador do consumidor, e só quando o excedente não for utilizado na cobrança atual, a concessionária deverá descontá-lo nas cobranças dos meses seguintes. E caso o consumidor possua mais de uma unidade consumidora passível de ter seu consumo de energia compensado pelos créditos que possui, a prioridade de compensação de suas propriedades deve ser na ordem que o consumidor definir como conveniente, devendo, no entanto, priorizar a unidade geradora pra ter seu consumo compensado. Isso é reflexo do melhor desempenho da administração pública nesse meio, mas, com isso surge a necessidade de avaliação das políticas públicas promovidas. Segundo Júnior (2005), ao analisar a avaliação de desempenho, alude que tais conceitos possuam uma derivação de natureza econômica, afirma que a economicidade impõe à Administração Pública o dever de melhor empregar o uso dos recursos à sua disposição. Por sua vez, a eficácia exprime à obtenção de um determinado resultado, pondo-a em ação. Já a eficiência, reclama o balanço entre os custos despendidos e as vantagens alcançadas, cabendo a existência de saldo favorável ao balanço e ao custo-benefício. Como Oliveira (2008) afirma, a eficiência relaciona-se diretamente com a forma em que os recursos são utilizados racionalmente. Um aumento relativo na eficiência de uma atividade corresponde 33 proporcionalmente a um incremento na produtividade, pois uma ação positiva contribui para melhorar o que já estava sendo feito. Um reflexo dos incentivos trazidos pelo governo brasileiro é que a produção primária de energia solar gerada a partir de painéis fotovoltaicos aumentou 395% entre 2003 e 2013. A alavancada do setor foi tamanha que a produção originária total de energia cresceu 17% no mesmo período, frente a 56% das fontes renováveis. A título de ilustração, somente a geração de energia eólica teve um crescimento que superou a energia solar (SILVA, 2015). As usinas solares necessitam de um aporte menor que as usinas eólicas, principalmente pela dessemelhança entre suas estruturas. A diversidade em modos de instalação do sistema fotovoltaico é vasta. Segundo Câmara (2011), os módulos podem ser montados diretamente nas edificações ou em outros locais, como áreas livres, cobertura de estacionamento, dentre outros. As edificações que utilizam tal sistema são alimentadas por energia elétrica gerada pelos módulos, através de CC/CA (Corrente Contínua e Corrente Alternada), em conjunto com a rede elétrica de distribuição na qual estão interligadas. Contudo, o sistema brasileiro ainda necessita atualizar a legislação que regulamenta distribuição de energia dos geradores solares para a rede convencional. Como explica Izidoro (2014): Sendo assim, é possível observar que o sistema de compensação estabelecido no Brasil com a Resolução 482, apesar de não apresentar um incentivo robusto como o sistema de quotas, utilizados em outros países, tem se mostrado eficiente, contribuindo para a adesão de diversos consumidores à geração distribuída de energia, conforme observado pela grande entrada de sistemas fotovoltaicos em operação, especialmente residenciais e corporativos, de pequenas potências instaladas (que se incluem nas definições de mini e microgeradores da resolução) (IZIDORO et al., p. 160). Ainda assim, o setor elétrico brasileiro está em constante evolução, fruto tanto do avanço tecnológico quanto de mudanças legais e normativas. Em razão disso a ANEEL periodicamente faz atualizações em seu acervo, principalmente sobre a Infraestrutura elétrica do país (ANEEL, 2008). A Resolução Normativa 517, de dezembro de 2012, altera, atualiza e adiciona algumas considerações na Resolução 482. Institui em alguns termos aprimoramento da definição, anulando os da anterior e tornando válida uma mais completa. Ainda são 34 adicionadas informações relativas aos valores com relação à potência instalada, com relação aos diferentes tipos de consumidores (IZIDORO, 2014). 35 4 METODOLOGIA 4.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA A pesquisa teve por intento relatar e explanar a respeito das principais questões relacionadas à implantação e utilização de usinas de energia solar fotovoltaica no IFRN e as questões inerentes ao processo. De cunho exploratório, o trabalho utilizou uma metodologia que “tem como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a construir hipóteses” (GERHARDT; SILVEIRA, 2009, p. 35). Por garantir maior aproximação ao fato pesquisado, a fim de tornar mais claras as questões inerentes ao mesmo, o trabalho também se caracteriza por ser descritivo, ocasião que se “exige do investigador uma série de informações sobre o que deseja pesquisar” (TRIVIÑOS, 1987 apud GERHARDT; SILVEIRA, 2009, p. 35). Esse tipo de estudo pretende descrever os fatos e fenômenos de determinada realidade. Para abordagem dessa temática, procurou-se descrever o atual modelo de geração e consumo de energia do IFRN, bem como as tecnologias envolvidas. Concomitante, buscou-se, identificar os principais agentes e etapas existentes no processo de adoção das usinas, e apontar os entraves encontrados durante a implantação. Em paralelo, buscou-se apresentar o regimento do uso das usinas de energia solar (Resolução Normativa Nº 482, de 17 de abril de 2012, Resolução Normativa nº 687, de 24 de novembro de 2015 e a Resolução Normativa nº 786, de outubro de 2017), e abordar quais os benefícios da adoção de políticas públicas voltadas a esse viés. Para tanto, fez-se necessário o uso de um vasto aporte bibliográfico com livros, artigos, documentos, relatórios, matérias de jornais locais, trazendo à tona os autores e especialistas que discutem e abordam tais assuntos, sendo, portanto, uma pesquisa documental. Nesse contexto, a pesquisa se deu em um estudo de caso sobre a adoção de usinas fotovoltaicas no IFRN, através de uma abordagem qualitativa, da qual buscou- se analisar todos os dados e informações coletadas junto aos principais atores envolvidos no processo. 36 4.2 UNIVERSO DE AMOSTRA O corrente estudo procurou identificar os processos de adoção de usinas fotovoltaicas nas unidades do IFRN, individualizando-as. Para melhor eficiência no estudo, procurou-se descrever as usinas em sua eficiência no âmbito da gestão, como se deu um melhor aproveitamento na geração de energia. 4.3 TÉCNICAS DE COLETA DE DADOS Para a coleta dos dados, foram realizadas entrevistas, observações in loco, análise documental, análise de gráficos, reportagens de jornais locais e materiais do portal do próprio Instituto. Buscou-se também, obter informações relevantes à pesquisa como o monitoramento do desempenho das usinas, e se existe acompanhamento e avaliação das mesmas. Nesse sentido, foram realizadas duas entrevistas abertas e individuais. A primeira com o engenheiro eletricista da reitoria do IFRN, que foi o responsável pelo acompanhamento da instalação e funcionamento das usinas; e a segunda com o coordenador do Centro de Pesquisa em Energia Fotovoltaica - IFotovoltaica, responsável pela avaliação de desempenho das placas, benefícios, economia, dentre outros. Cada entrevista teve duração média de uma hora e foram realizadas em ambientes do próprio IFRN. 4.4 FORMA DE TRATAMENTO DOS DADOS Para tratamentodos dados foi realizado um levantamento de todas as informações coletadas nas entrevistas, e feita uma relação entre fatos apurados através delas. Também foram conciliadas as matérias encontradas no portal do instituto que facilitaram a compreensão dos principais acontecimentos no decorrer do processo de implantação. 37 A partir das observações feitas pelo coordenador do Centro de Pesquisa IFotovoltaica, foi identificada a planilha eletrônica que mostra o desempenho das placas em tempo real da Reitoria e dos campi de São Paulo do Potengi e Ceará – Mirim. O acesso à planilha foi realizado pela rede interna do instituto, precisando de permissão através de login e senha disponibilizados no portal do instituto, onde foram conciliados aos gráficos disponibilizados pelo engenheiro eletricista, o que reduziu a complexidade dos conteúdos encontrados. A partir dos dados coletados, foi possível correlacionar e analisar a experiência do Instituto com a geração de energia solar. 38 5 ANÁLISE DOS RESULTADOS 5.1 USINAS SOLARES FOTOVOLTAICAS IFRN: INICIAÇÃO DO PROJETO A ideia de poder implantar um sistema de energia renovável surgiu a partir de diálogos entre o engenheiro eletricista do IFRN e o Reitor vigente à época, em uma reunião não oficial na Reitoria do Instituto. Na conversa, o Reitor apresentou a informação de que havia um recurso financeiro disponível junto à Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica do Ministério da Educação – Setec/MEC, que é a responsável pela coordenação nacional de políticas de Educação Profissional e Tecnológica – EPT, no Brasil. A responsabilidade da secretaria é formular, implementar, monitorar, avaliar e induzir políticas, programas e ações na área de EPT. Antes da formação do Plano de Desenvolvimento Institucional – PDI, o Instituto teve por experiência inicial a usina fotovoltaica da Reitoria, que entrou em funcionamento em dezembro de 2013, e passou a servir como modelo para as demais unidades do instituto, mesmo não havendo ainda dados que pudessem informar o seu desempenho ao certo. Foi apurado que existia apenas expectativas com relação à quantidade de energia gerada, e que havia uma previsão inicial de produção que era de 30% do consumo total do prédio, mas, nos meses subsequentes foram registrados aumentos na geração de energia que correspondia a 36% da energia consumida (IFRN, 2014). No período de constituição do PDI, o Instituto já gozava de uma curta experiência na geração de energia solar e com boas expectativas. Foi então que no sexto tópico tratou-se da Infraestrutura Física e Operacional, referenciando a expansão estrutural com ações de sustentabilidade nos campi. Nesse período o IFRN estava finalizando as obras de criação dos campi avançados de Parelhas e Lages. A seguir as figuras 1 e 2 apresentam os campi prontos utilizando as respectivas usinas fotovoltaicas. 39 Figura 1 – UFV IFRN Parelhas Fonte: Dados secundários baseados nos estudos de Wanderley (2017) Figura 2 – UFV IFRN Lajes Fonte: Dados secundários baseados nos estudos de Wanderley (2017) Circunstancialmente, as novas instalações já continham projetos que inserem conceitos de eficiência energética. Com isso, as usinas puderam entrar em funcionamento junto a finalização das obras, já que o PDI submetia a instalação de usinas que proporcionam cobrir parte da despesa com energia elétrica. Nele são citadas ações de sustentabilidade e ao final é descrito a necessidade “(...) da instalação de usinas fotovoltaicas e/ou eólicas para cobrir parcialmente a necessidade de energia elétrica da edificação” (PDI, 2014, p. 169). Recomendava-se que parte da demanda fosse ofertada por energias renováveis. No Plano não foi especificada a energia fotovoltaica, antes também estava a possibilidade da escolha de geradores de fonte Eólica. Na entrevista, o engenheiro eletricista esclareceu que a escolha por energia fotovoltaica foi dada a partir da estrutura do Instituto, pois os geradores eólicos necessitam de uma grande estrutura para instalação e algumas unidades do Instituto não ofereciam essas exigências. Mas o entrevistado deixou evidenciado o interesse do IFRN em instalação de geradores eólicos em algumas unidades, explicitando a preferência em campi das regiões rurais já que nos grandes centros seria improvável. Sabe-se que, em termos estruturais, alguns campi não possuíam aporte estrutural para se fazer a instalação de geradores eólicos, inviabilizados pelo considerável aporte estrutural necessário para seu funcionamento. Essa dificuldade pode ser mostrada na estrutura do campus Cidade Alta, localizado na região urbana de Natal- RN, como mostra a Figura 3 a seguir. 40 Figura 3 - Usina Fotovoltaica IFRN Natal - Cidade Alta. Fonte: Dados secundários baseados nos estudos de Wanderley (2017). Por não estar explicitado no PDI, optou-se pela energia solar fotovoltaica como foi citado. Na entrevista com o engenheiro eletricista da Reitoria foi explicado o porquê da escolha por esse modelo de geração. Ele esclarece que, dentre outras formas de geração, as usinas fotovoltaicas destacam-se por sua forma simples de instalação, podendo ser posicionadas em qualquer área em que haja incidência solar, além de proporcionar uma maior facilidade no manejo dos equipamentos para estudos dos docentes e discentes do Instituto. Havia, então, vantagem da usina fotovoltaica sobre a eólica, com relação à ocupação de área e também nos investimentos estruturais necessários para aplicação dos geradores. Isso pode ser observado em unidades localizadas em áreas urbanas, como apresenta as figuras 4 e 5 a seguir: Figura 4 - UFV IFRN Natal - Zona Norte Fonte: Dados secundários baseados nos estudos de Wanderley (2017) Figura 5 – UFV IFRN Mossoró Fonte: Dados secundários baseados nos estudos de Wanderley (2017) 5.2 AQUISIÇÃO E IMPLANTAÇÃO 41 Averiguou-se que todas as usinas fotovoltaicas foram adquiridas por meio de licitações na modalidade pregão eletrônico. Esse modelo é regulamentado pela Lei 10.520, de 17 de julho de 2002 que, institui, no âmbito da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, nos termos do art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, modalidade de licitação denominada pregão, para aquisição de bens e serviços comuns, e dá outras providências. Foram realizadas três licitações no decorrer de quatro anos, resultando na compra das diversas usinas distribuídas nas 21 (vinte e uma) unidades do Instituto. Ainda, o Instituto possui uma 22ª unidade em implantação (Campus Avançado de Jucurutu. A primeira licitação realizada foi o Pregão Nº 16/2013, tendo por objetivo a aquisição e instalação de miniusinas fotovoltaicas com potência de 50 kWp – kilo- Watt-pico3, com a finalidade de viabilizar o uso de fontes renováveis de energia no âmbito do IFRN. Averiguou-se que a licitação se dividiu em dois itens. No primeiro, expunha a compra de 30 unidades de sistemas de energia solar, comercializados pela Eltek Valere Sistemas de Energia Indústria e Comércio com um valor unitário de R$ 319.000,00 (trezentos e dezenove mil reais). No segundo, atribuía-se a compra de 10 unidades de sistemas de energia solar com custo unitário de R$ 325.000,00 (trezentos e vinte e cinco mil reais). Observou-se que a distinção entre os valores unitários ocorre em razão do modo de instalação. No primeiro item a instalação dos equipamentos ocorreu no telhado. Já no segundo, o sistema foi posicionado em solo. Em sequência, foi realizada a segunda licitação, o Pregão Nº 28/2014 com a finalidade de adquirir o fornecimento de microgeradores fotovoltaicos de potência 25 kWp, para atender suas unidades. Neste certame, de mesmo modo foram encontrados dois itens, o primeiro trata de 15 microgeradores fotovoltaicos, vendidos pela Alsol Energias RenováveisS/A, com o valor unitário de R$ 191.750,00 (cento e noventa e um mil setecentos e cinquenta reais), para serem instalados nos telhados. O segundo item especificava a aquisição de 10 unidades de mesmo modo do primeiro item, com o diferencial do valor unitário de R$ 252.250,00 (duzentos e cinquenta e dois mil duzentos e cinquenta reais). Essa diferença de valores se dá pela estrutura 3 Refere-se a 1000 Wp, sendo uma unidade de medida utilizada para painéis fotovoltaicos. 42 utilizada, já que no segundo item os equipamentos seriam instalados como cobertura de estacionamento, utilizando-se de uma estrutura metálica. O terceiro e último certame foi realizado através do Pregão Nº 15/2016 com objetivo de contratação de empresa especializada para o fornecimento de microgeradores fotovoltaicos de 25 kWp, para atender as unidades do instituto. Verificou-se que a compra também foi dividida em dois itens. O primeiro especifica cinco unidades de geradores fotovoltaicos, comercializados pela Alsol Energias Renováveis S/A (também vencedora do Pregão Nº 28/2014), com custo unitário de R$ 217.840,00 (duzentos e dezessete mil oitocentos e quarenta reais), para instalação no telhado. O segundo item classificado continha 10 unidades de geradores fotovoltaicos, comercializados pela Mtec. Energia, com valor de R$ 298.900,00 (duzentos e noventa e oito mil e novecentos reais) cada, para instalação como cobertura de estacionamento. Todos os certames licitatórios continham, além da instalação dos geradores fotovoltaicos, todo o projeto, a autorização da concessionária, oferecendo também treinamento aos responsáveis em cada unidade do Instituto. Os projetos foram criados pelas empresas e apresentados para análise e aval do Instituto. Foi percebido que todo o processo licitatório ocorreu na reitoria da instituição, onde se localiza a Diretoria de Licitação – DILIC. O projeto realizado pelo IFRN foi aceito por conter diversos aspectos que se enquadraram na qualidade e organização requerida pela Setec/MEC. Dentre eles, formular, implementar, monitorar, avaliar, induzir políticas, programas e ações referentes à Educação Profissional e Tecnológica – EPT, alinhadas às demandas sociais. O término do projeto de instalação das usinas fotovoltaicas no IFRN foi em março de 2018, com a conclusão das implantações dos geradores em 20 dos seus campi e na Reitoria do Instituto. Com todo o processo de instalação concluído e todas as usinas já em processo de geração de energia fotovoltaica, o instituto conseguiu atingir ao todo uma capacidade instalada de 2.137,81 kWp, em uma área de ocupação de aproximadamente 13.641 m2. A localização das usinas pode ser observada na Figura 6 a seguir. 43 Figura 6 - Localização das Usinas do IFRN espalhadas no estado do RN. Fonte: Dados secundários baseados nos estudos de Wanderley (2017). O custo dessa adoção totalizou um investimento de R$ 16.754.610,00 (dezesseis milhões setecentos e cinquenta e quatro mil seiscentos e dez reais). As usinas possuem características diferenciadas de instalação uma da outra. Como afirmou o engenheiro responsável pela instalação dos geradores, uma usina instalada no telhado necessita de uma barra de fixação da placa, e uma usina instalada no solo precisa de uma estrutura metálica para elevá-la e também de uma fundação de concreto armado. Ou seja, são utilizados materiais diferenciados na construção do aporte para as usinas, encarecendo-a dependendo da maneira em que é posta. Os custos por tipo de instalação giraram entre sete e nove reais para cada Wp – Watt-pico4 onde, R$ 7,00/Wp para instalação sobre a cobertura, R$ 8,00/Wp para instalação no solo e R$ 9,00/Wp para instalação sobre o estacionamento (contando com uma maior estrutura metálica). As garantias oferecidas pelas empresas para os equipamentos adquiridos são de: 2 anos para instalação, 5 anos para os inversores e 25 anos para os painéis fotovoltaicos e o monitoramento a distância. Para acompanhamento do desempenho das placas, uma câmera termográfica faz imagens da radiação infravermelha permitindo a detecção dos pontos quentes, com aquecimento anormal do equipamento, nas células dos painéis e nas conexões elétricas. Esse cuidado existe para prevenir maiores danificações nos equipamentos, 4 É a unidade de medida representando a potência máxima que um painel pode fornecer em condições ideais. Como por exemplo, ao meio-dia um painel fotovoltaico oferecerá maior potência que no início da manhã. 44 pois o calor avaria as placas, uma vez que elas necessitam da luminosidade para geração de energia. Constatou-se que o IFRN foi beneficiado com a adoção por uma série de fatores, idealizando a adoção das usinas solares fotovoltaica, entre eles o conhecimento proporcionado aos discentes e docentes, levando em consideração os cursos oferecidos pelo Instituto nas áreas referentes às energias renováveis. As usinas instaladas no solo facilitam estudos e pesquisas pois possuem maior acesso, como expem as figuras 7 e 8 a seguir: Figura 7 – UFV IFRN Canguaretama Fonte: Dados secundários baseados nos estudos de Wanderley (2017) Figura 8 – UFV IFRN Currais Novos Fonte: Dados secundários baseados nos estudos de Wanderley (2017) Registra-se que o IFRN disponibiliza vagas para os cursos Superior de Engenharia de Energia, oferecido pelo Campus Natal-Central; Superior de Tecnologia em Energias Renováveis, oferecido pelo Campus João Câmara; bem como o Mestrado Profissional em Uso Sustentável dos Recursos Naturais, oferecido pelo Campus Natal-Central. Os campi citados podem ser observados nas figuras 9 e 10 a seguir: 45 Figura 9 – UFV IFRN Natal-Central Fonte: Dados secundários baseados nos estudos de Wanderley (2017) Figura 10 – UFV IFRN João Câmara Fonte: Dados secundários baseados nos estudos de Wanderley (2017) Não apenas os discentes e docentes relacionados aos cursos usufruem das tecnologias, mas também todos os demais alunos e professores do Instituto, podendo agregar a participação do acompanhamento dos geradores (instalação, funcionamento e desempenho das usinas). 5.3 USINAS EM OPERAÇÃO Foram implantadas no IFRN vinte e uma usinas, em suas distintas unidades. A única divisão que não possui geradores é o prédio do EaD – Ensino a Distância, que ainda assim está localizado na delimitação física do Campus Central. De mesmo modo, o Campus avançado de Jucurutu pois está em fase de implantação. A unidade que primeiro usufruiu do uso dessa fonte de energia foi a Reitoria, que segundo a entrevista com o engenheiro eletricista do Instituto, ao ser instalada tinha uma previsão inicial de produção de 30% do consumo total do prédio, todavia, no mês seguinte a sua instalação, ela superou em 6% na geração de energia. E assim, pela experiência exitosa, expandiu-se o uso de energia solar nos demais campi do Instituto. A Figura 11 apresenta as placas fotovoltaicas instaladas na Reitoria do Instituto. 46 Figura 11 - Usina Fotovoltaica da Reitoria. Fonte: Dados de Pesquisa (2019). As usinas foram instaladas de três formas. Para melhor esclarecer, foram formatados os registros em um quadro que divide as usinas por tipo de instalação, onde os dados contidos nele, foram fornecidos pelo coordenador do centro de pesquisa em energia solar fotovoltaica do IFRN - IFotovoltaica. A primeira forma de instalação foram as posicionadas sobre a cobertura de doze dos prédios do Instituto, como apresenta na tabela a seguir: Tipo de Instalação – Cobertura5 Usinas Área Ocupada (aproximada) Número de Painéis Potência (kWp) Data Inaugural Investimentos Reitoria 390 m2 358 84,2 Dez/13 R$319.000,00 Ceará-Mirim 800 m2 480 112,8 Mar./14 R$638.000,00 São Paulo do Potengi 800 m2 480 112,8 Abr./14 R$638.000,00
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