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APOSTILA DE INTRODUÇÃO AOS SISTEMAS SOLARES FOTOVOLTAICOS Nas últimas décadas, o mundo começa a usar com uma maior intensidade outras fontes de energia como a solar e a eólica. São fontes de energias usadas há milhares de anos, porém a grande demanda por eletricidade nas últimas décadas fez a humanidade se voltar na exploração destas energias. Tanto a energia eólica como a solar se usam para a produção de energia elétrica. O desenvolvimento de uma nação está relacionado diretamente com o consumo de energia, assim, quanto maior for a deficiência energética, menor o índice de desenvolvimento. A partir das nossas necessidades, somos dependentes da eletricidade, a cada dia cresce mais ainda essa demanda, porém, devemos lembrar que explorar os recursos naturais a todo custo em detrimento das nossas necessidades, causamos impactos ao meio ambiente que podem ser irreversíveis. A importância da disseminação do conhecimento em energia renovável é diretamente relacionada com a velocidade dos avanços tecnológicos e das mudanças no cenário econômico-ecológico mundial, além dos aspectos regionais relacionados ao grande potencial de recursos naturais em energia renovável do semiárido. Introdução No Brasil, o desenvolvimento econômico e a crise hídrica têm requerido um crescente incremento na oferta de energia, resultando na busca por tecnologias alternativas, econômicas e ecologicamente viáveis de curto prazo. Tabela 1 apresenta a matriz elétrica brasileira em 2014. Combustível 2014 (%) Hidro 65,2 Gás Natural 13,0 7,3 Petróleo 6,9 Carvão 3,2 Nuclear 2,5 Eólica 2,0 Biomassa Tabela 1: Geração de eletricidade no Brasil por combustível (%) [EPE, 2015] Neste contexto, o Estado do Ceará destaca-se pela disponibilidade potencial em termos de energia solar, eólica e de biomassa, dentre outros, o que favorece o desenvolvimento de sistemas conectados à rede e autônomos, a partir da utilização eficiente dessas fontes renováveis. Tabela 2 apresenta a matriz de geração de eletricidade no Ceará em 2014. Tabela 2: Potência instalada no Ceará – 2014 [BEN 2015] Planta Potência elétrica ( MW ) Participação (%) Hidro 6 , 0 2 Térmica 1946 61 , 3 Eólica 1219 38 , 4 Solar 1 03 0 , Nuclear 0 0 Total 3172 100 É a tecnologia de geração através da conversão direta da luz em eletricidade através do chamado efeito fotovoltaico. A célula solar fotovoltaica é o dispositivo semicondutor que utiliza este efeito para produzir eletricidade em corrente contínua. Mais adiante veremos, o quão simples é a instalação e aplicação desta energia em nosso dia a dia. Essas células não precisam de luz solar direta para o processo de conversão de energia, podendo gerar um pouco de eletricidade em um dia nublado. O silício é o material semicondutor mais utilizado para a fabricação de células solares. O módulo (painel) solar fotovoltaico é composto por células fotovoltaicas conectadas em arranjos (série / paralelo) produzindo tensão e corrente adequados para a utilização da energia. • Os sistemas fotovoltaicos (FV) fornecem energia renovável, fazendo a conversão de energia solar. • Os painéis FV são robustos e resistentes a intempéries ambientais, uma tecnologia segura para a conversão da energia solar. As empresas dão garantias extensas em termos de vida útil e dos níveis de eficiência dos painéis ao longo do tempo: vida útil de até 25 anos ou mais, alguns com perda máxima de eficiência de apenas 18%, mesmo após 20 anos de operação. • Painéis FV operam sem geração de ruído, pois não incorporam partes mecânicas móveis. • Em regiões como o Nordeste do Brasil, a produção de energia por meio FV não apresenta diferença alta entre o estimado e o produzido. Essa característica favorece a integração dessa alternativa energética ao sistema elétrico na medida em que são relativamente reduzidas as incertezas quanto à disponibilidade energética da fonte e, por consequência, quanto ao retorno do investimento. As principais vantagens da tecnologia • Com relação aos custos operacionais e custos de manutenção, os painéis FV, ao contrário de outras tecnologias de energia renovável, exigem custos de manutenção operacionais mínimos ou, apenas executar limpeza regular da superfície do painel é suficiente para operação. • A eletricidade gerada é a mais democrática das fontes verdes, pois tem aplicação diversa, tanto residencial como em larga escala. As principais desvantagens da tecnologia • Os painéis FV têm baixos níveis de eficiência, em comparação a outras fontes de energia renovável - como a hidroelétrica, variando entre 12-20%. Os sistemas FV são limitados pela capacidade dos materiais utilizados nas células (Filme fino, mono ou policristalinas). • Produção de corrente elétrica contínua, que deve ser convertida em corrente alternada (AC) para que possa ser utilizada para consumo (ou para ser transferida para a rede de energia, ou diretamente para o consumo próprio). Para converter CC para CA, painéis FV utilizam inversores, equipamentos eletrônicos caros e com As principais vantagens da tecnologia certas limitações tecnológicas, aumentando o custo do sistema como um todo, especialmente em potências maiores. Iluminação pública e residencial Sistemas de emergência e back up Cercas eletrificadas Carregamento de baterias em geral Telecomunicações, transmissão de dados, sinais, internet Eletrificação de escolas e postos de saúde e rurais Bombeamento de água Rádio, TV, parabólica Náutica e embarcações Telefonia rural, fixa e celular Sinalização (estradas, torres, ferrovias) Informática (computadores e impressoras) Refrigeração residencial Eletrificação residencial rural Sistemas de alarme e segurança Sistemas conectados à rede Tabela 3 – Aplicações dos sistemas FV Nos sistemas autônomos, os módulos FV são a única fonte de eletricidade para a carga; podem ser com baterias ou sem baterias. Sem baterias: A água é à base da vida e o sistema de bombeamento de água com energia solar FV é, sem dúvida, uma das soluções de grande valor para convivência com a escassez de água. Com baterias: possuem acumuladores que armazenam a energia para períodos nublados ou sem sol, dimensionados de acordo com a autonomia que o sistema se propõe. A plicações da tecnologia FV Os principais componentes são: Painel fotovoltaico, Controlador de Carga/Descarga das baterias, Banco de baterias, Inversor para cargas em CA, Cargas CC ou CA. Figura 2 – Sistema FV autônomo utilizando banco de baterias. Os principais componentes são: Painel fotovoltaico, Controlador de Carga/Descarga das baterias, Banco de baterias, Inversor para cargas em CA, Cargas CC ou CA. A bateria pode ser definida como um conjunto de células eletroquímicas, conectadas em série e/ou em paralelo, capazes de armazenar eletricidade na forma de energia química. Quando conectada a uma carga, o processo se inverte e a bateria converte energia química em eletricidade na forma de corrente contínua. A bateria de chumbo-ácido é a tecnologia mais empregada. Controladores de carga são dispositivos que têm a missão de proteger as baterias contra cargas e descargas excessivas que possam prejudicá-las, reduzindo a vida útil. Nos sistemas híbridos, mais de uma fonte se soma para o abastecimento de energia elétrica para a carga. Figura 3 apresenta uma aplicação de sistema híbrido na Alemanha, unindo módulos FV, aerogerador e gerador diesel. Figura 3: sistema híbrido FV – aerogerador – gerador diesel Nos sistemas conectados à rede elétrica, os módulos FV entregam a eletricidade gerada a uma rede na qual estão conectados outros tipos de geradores, como usinas hidroe termoelétricas. A Figura 4 ilustra os componentes principais de um sistema conectado Foto: Paulo Carvalho à rede elétrica, sistema já adotado em vários países do mundo com instalação em larga escala, com sistemas de pequena e grande potencia elétrica. Figura 4 – Planta FV conectada à rede elétrica (Alemanha) Foto: Paulo Carvalho Os sistemas conectados apresentam muitas vantagens ambientais, em relação aos sistemas autônomos: não utilização de baterias e de controladores de carga, a geração e injeção direta na rede elétrica, que funciona como bateria virtual e também garante que toda a energia seja utilizada, ou localmente ou em outro ponto da rede. Pode ser usado para consumo doméstico, ou simplesmente produzir e injetar a energia na rede elétrica. No Brasil esse tipo de sistema FV deve ser instalado e operar conforme norma técnica da concessionária local regulamentada por resolução normativa 482 da Agencia Nacional de Energia Elétrica (ANEEL). Os principais componentes são: Módulos FV, Inversor Grid-tie ou On-grid, Quadro de controle e proteção, Medidor de energia bidirecional (figura 5). Figura 5 – Estrutura de um sistema FV conectado à rede elétrica Módulos FV As características elétricas mais importantes dos módulos ou painéis FV são dadas em termos da potência elétrica, corrente elétrica continua e tensão elétrica continua normalmente fornecidas na plaqueta de identificação(figura 6). Ponto de Potência máxima (MPP): É o valor máximo de potência que se pode entregar a uma carga e corresponde ao ponto da curva no qual o produto V x I é máximo (V é a tensão elétrica e I é a corrente elétrica). O parâmetro MPP é utilizado no dimensionamento do painel com relação aos consumidores de energia elétrica (motobombas, lâmpadas, chuveiros elétricos). Corrente no ponto de máxima potência (IMPP): É o valor da corrente que é entregue a uma carga à máxima potência (MPP), sob determinadas condições de irradiação e temperatura. É utilizada como corrente nominal do modulo solar. IMPP é utilizado para o dimensionamento da seção transversal (bitola) dos cabos elétricos no sistema FV. Tensão no ponto de máxima potência (VMPP): É o valor da tensão que é entregue à carga à máxima potência, sob determinadas condições de irradiação e temperatura. É utilizada como tensão nominal do painel solar e estabelece a conexão (série ou paralela) adotada para a interligação entre os módulos conforme a necessidade da carga da instalação elétrica. Corrente de curto-circuito (ISC): é a corrente elétrica que o módulo consegue fornecer quando seus terminais estão em curto-circuito. A informação da corrente de curto-circuito é útil para auxiliar no dimensionamento dos sistemas FV e na especificação dos equipamentos e acessórios ligados ao módulo. O valor da corrente de curto-circuito é a corrente máxima, em qualquer hipótese, que o módulo vai fornecer nessa condição. Tensão de circuito aberto (VOC): é o valor da tensão elétrica, medida em volts (V), que o módulo fornece nos seus terminais quando estão abertos, ou seja, é a tensão medida por um voltímetro quando não existe corrente elétrica circulando pelo módulo. ELETRICAL PARAMETERS TYPE PVE-P6- 210 PVE-P6- 215 PVE-P6- 220 PVE-P6- 225 PVE-P6- 230 PVE-P6- 235 PVE-P6- 240 Rated Maximum Power at STC 210W 215W 220W 225W 230W 235W 240W Open Circuit Voltage (Voc) 36.60 36.77 36.94 37.11 37.28 37.45 37.62 Maximum Power Voltage (Vmp) 29.40 28.60 29.80 30.00 30.20 30.40 30.60 Maximum Power Current (Imp) 7.14 7.26 7.38 7.50 7.62 7.73 7.84 Short Circuit Current (Isc) 8.10 8.16 8.25 8.33 8.42 8.50 8.59 Power Tolerance 3% Tabela 4: Características de módulos FV Na figuras 7 e 8 estão representadas as curvas de corrente x tensão e de potência x tensão de uma célula solar, destacando a corrente de curto-circuito, a tensão de circuito aberto e o ponto de potência máxima (MPP). Figura 7: Curva de corrente x tensão de uma célula solar Figura 8: Curva de potência x tensão de uma célula solar A dependência da curva de corrente x tensão para diferentes valores de irradiância e temperatura pode ser observada nas figuras 9 e 10. Os pontos de potência máxima se encontram, para os níveis mais elevados de irradiância, em uma faixa de tensão relativamente estreita. Figura 9: Curvas I x V para temperatura da célula de T = 25°C e diferentes níveis de irradiância Figura 10: Curvas I x V para irradiância de 1000 W/m2 e diferentes temperaturas da célula Considerando que a potência fornecida pela célula depende da irradiância e da temperatura, diferentes células podem ser comparadas entre si por intermédio do estabelecimento de condições padrões de teste que devem ser atendidas para a comparação do rendimento: • espectro de referência AM 1,5; • irradiância de 1000 W/m2 e • temperatura da célula de 25°C. Cada módulo apresenta suas características próprias, de acordo com a tecnologia que foi usada na célula. Os módulos de silício monocristalino e policristalino (figura 11) são os mais utilizados na atualidade Os módulos FV utilizados para sistemas conectados à rede elétrica são de potências mais elevadas, normalmente, com valores: - acima dos 150/160 Wp, chegando aos 260/300 Wp; - Vmpp na ordem dos 30 VDC; Os módulos FV comerciais tem forma quadrada ou retangular; suportam ligeiras deformações, adaptando-se a esforços mecânicos. Os fabricantes de módulos Figura 11: Módulos de silício policristalino Foto: Paulo Carvalho disponibilizam dados com características elétricas, mecânicas e outras informações importantes acerca dos módulos. A identificação e informações gerais trazem dados do fabricante, altura, largura, peso, tomada de ligação, tipo de tomada de ligação, cabo, superfície do vidro frontal, tipo de célula, classe de potência, graduação de potência, estrutura, nº de células, carga mecânica admissível. Inversores A principal característica dos inversores para aplicação FV é o intervalo de tensão para o qual o sistema entra em funcionamento. Figura 14 – Inversores para planta FV conectada à rede (Alemanha) Quadro de controle e proteção Foto: Paulo Carvalho Deve existir no sistema AC, entre o inversor e a medição de energia da concessionária, um quadro de comando e proteção. Figura 16 – Sistema de comando e proteção do inversor Medidor de energia Este equipamento é normalmente definido pelo fornecedor de energia local, podendo existir uma de duas soluções: Figura 21 – Medidores de energia consumida e produzida 1 - contador bidirecional, fazendo a contagem da energia consumida e da produzida; 2 - contadores unidirecionais, um fazendo a contagem da energia consumida e o outro da produzida (sendo este o exemplo da figura 21); Localização dos módulos FV Para projetos, deve-se consultar o valor da irradiação diária média da região; no caso do Ceará, o valor é de 5,5 kWh/m2. Para medição da irradiação solar se utiliza o piranômetro. Figura 22: Piranômetro É necessário garantir que no local de instalação dos módulos não ocorra risco de sombreamento e que estejam próximos aos locais de utilização da energia, além da inclinação correta. A eficiência do módulo FV está ligada a sua correta instalação: 1. Fixação no telhado, pois está mais protegido do vento, de roubo e do vandalismo. 2. Orientação para o norte (regiões localizadas no hemisfério Sul) ou para o Sul (regiões localizadas no hemisfério Norte). 3. Grau de inclinação correto para cada estado (Tabela 5), mas por recomendação dos fabricantes observar um ângulo de inclinação de no mínimo10°, para o escoamento da água da chuva. 4. O módulo deve estar livre de sombreamento e/ ou sujeira, pois até mesmo a sombra projetada por um fio telefônico pode reduzir sensivelmente sua capacidade. Se o módulo estiver sujo, limpe o vidro com água e flanela de nylon. Detergentes não abrasivos ou neutros podem ser usados para remoção da sujeita mais persistente. Estados Ângulos de inclinação Graus Estados Ângulos de inclinação Graus Acre 10 Paraíba 10 Alagoas 10 Paraná 25 Amapá 10 Pernambuco 10 Amazonas 10 Piauí 10 Bahia 10 Rio de Janeiro 22 Ceará 10 Rio grande do Norte 10 Espírito Santo 20 Rio grande do Sul 40 Goiás 16 Rondônia 10 Maranhão 10 Roraima 10 Mato Grosso 15 Santa Catarina 32 Mato Grosso do Sul 20 São Paulo 23 Minas Gerais 19 Sergipe 10 Pará 10 Tocantins 10 Tabela 5 – Grau de inclinação dos painéis FV Quando a demanda de energia aumenta, um único painel já não é mais suficiente para suprir a demanda das cargas; porém, é possível aumentar a geração simplesmente conectando outros painéis ao sistema. Ligação em série: É feita conectando-se o terminal Negativo de um módulo com o terminal Positivo do módulo seguinte. Os terminais de saída do conjunto serão os dos terminais das extremidades da associação. A tensão do sistema será igual à soma da tensão de cada módulo e a corrente será a mesma de 1 módulo. Se a VMPP dos módulos é 12 V, os terminais de saída fornecerão 24 V para a carga do sistema. Nesse caso, essas cargas devem ter tensão nominal de 24 V. O valor da corrente permanecerá o mesmo, permitindo assim o uso de cabos de mesma bitola. Conectando vários painéis em série, aumenta a tensão do sistema. Em um sistema FV quanto maior for a tensão, menores serão as perdas de energia ao longo dos cabos. Figura 23 – Diagrama da conexão em série Ligação em paralelo: É feita conectando todos os módulos entre si com Positivo com Positivo e Negativo com Negativo (figura 24). Nessa associação, a corrente do conjunto será a soma das correntes dos módulos associados e a tensão do conjunto se mantém igual a tensão elétrica de 1 só módulo. Essa tensão elétrica é o parâmetro VMPP, quando o conjunto de painéis é conectado a carga. Figura 24 – Ligação em paralelo Estrutura para instalação dos painéis Fixa - montada numa posição que não se altera; no mínimo deve garantir uma inclinação adequada de forma a melhorar a exposição direta aos raios Solares, com orientação a norte para unidades no hemisfério sul (caso do Brasil); Figura 34 – Estrutura fixa para painéis FV em estacionamento (Portugal) Foto: Paulo Carvalho Semifixas - montada numa estrutura que permita o ajuste manual, alternando, por exemplo, entre uma inclinação de Inverno, quando o Sol anda mais baixo e o grau de inclinação deve ser maior e o Verão, quando o Sol anda mais alto e o grau de inclinação deve ser menor; Móvel – estrutura dotada de um seguidor solar que orienta automaticamente os painéis FV de forma a fazerem face ao Sol ao longo do dia. Figura 35: Módulo FV com seguidor solar A estrutura é um fator muito importante, pois um mau funcionamento do suporte comprometerá o investimento feito. No telhado onde geralmente se faz a instalação para autoconsumo deve ser verificado o tipo de telha e madeiramento, enfim, toda a estrutura que suporta o telhado respeitando as limitações arquitetônicas. Para as instalações em plano horizontal deve se verificar a altura mínima e também as cargas de vento que adicionam um esforço mecânico aos suportes e ancoragens. Para fixar os módulos em telhados, deve-se ter especial cuidado na impermeabilização, tanto para o sistema FV, quanto pela própria edificação. Dependendo do telhado, é preciso saber que suporte vai ser utilizado. Tem os suportes para telhados de cerâmica, argila ou concreto (figura 36) e os suportes para telhados metálicos. Figura 36 – Suporte para telhados de argila As presilhas são dispostas para receber o perfil de suporte que será dimensionado e posicionado de acordo com os módulos, por isso que a etapa de medição dos espaços disponíveis é tão importante durante o estudo de caso e proposta de projetos (figura 37 a, b, c) Figura 37 a – Presilha para telhas de metal Figura 37 b Figura 37 c O que prende os módulos e o perfil de suporte são as presilhas rosqueadas, que são adaptáveis à grande maioria dos módulos, desde que sejam emoldurados e a sua moldura esteja dentro dos padrões. Nas estruturas em telhado inclinado, principalmente os de telhas de argila, não é recomendável utilizar de ajustes para corrigir a inclinação, que tornam a instalação mais difícil, pois o suporte deverá suportar cargas de vento maiores. Ao optar por uma instalação no telhado requer análise e cuidado, melhor seria arquitetar o telhado já com a devida orientação e inclinação, porém, isso só é possível em fase de edificação ou no caso de reforma. Fazer ajustes para instalação do sistema FV, depois da estrutura pronta, pode inviabilizar o projeto. A construção do painel FV no chão ou cobertura permite maior flexibilidade quanto a orientação e inclinação. Nas grandes instalações, devem ser tomados alguns cuidados, principalmente quanto ao sombreamento, como já vimos, este pode ser um dos fatores de aparecimento de hot spots. Figura 38 – Estrutura para montagem de painéis Para instalações no chão, o painel deverá ter altura mínima de 30 cm do chão a fim de evitar o sombreamento causado pelo mato, ou sujeira dos módulos mais baixos, causadas pela chuva ao tocar no chão. Esses cuidados são especialmente importantes para os sistemas instalados em localidades remotas e/ou inóspitas. Já para painéis montados em coberturas a altura mínima recomendável é de 5 cm, para permitir o escoamento da chuva, e a quebra da força do vento, e diminui a carga de vento sobre o painel. Atividades sobre telhados Os telhados podem ser basicamente de dois tipos: Telhados inclinados: figura 39 apresenta planta FV instalada em telhado inclinado na cidade de Colônia, Alemanha. Observe a inclinação do telhado, devido à latitude do país (latitude de 51° norte) Telhados planos: figura 40 apresenta planta FV em telhado plano em Fortaleza, Brasil (latitude de 4° sul). Como citado, uma inclinação mínima deve ser mantida para facilitar o escoamento de água da chuva. Figura 39: planta FV em telhado inclinado (Colônia, Alemanha) Figura 40: planta FV em telhado plano (Fortaleza, Brasil) As principais causas de acidentes em trabalhos realizados sobre telhados podem ser resumidas em: a) quebra de telhas devido à baixa resistência mecânica e tábuas mal posicionadas; b) escorregamento devido a telhas molhadas ou com acentuada inclinação; c) uso de calçados inadequados e/ou impregnados de óleo ou graxa; d) operações de levantamento e transporte incorreto de telhas; e) deslocamento sobre coroamento dos prédios; f) emprego de escadas inadequadas de acesso ao telhado; g) ofuscamento pela luz solar, diretamente ou refletida; h) falta de sinalização e isolamento nos pisos inferiores ao local de trabalho. Algumas medidas preventivas devem ser tomadas quando do início de atividades sobre telhados: • Evitar concentração excessiva de pessoas ou materiais num mesmo ponto sobre o telhado; • Observar o uso de equipamento de proteção individual (EPI): botas de segurança, óculos de segurança, capacete de segurança, cinturão de segurança, luvas; • Observar se as condições atmosféricas são favoráveis; • Observar se o local abaixo do telhado está interditado e isolado. No portal do Ministério do Trabalho e Emprego é encontrada a NR 18 - CONDIÇÕES E MEIO AMBIENTEDE TRABALHO NA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO. Para projetos de instalação de plantas FV integradas às edificações, merece destaque o item 18.18 TELHADOS E COBERTURAS, reproduzido no final deste manual. A norma tem como objetivo estabelecer “diretrizes de ordem administrativa, de planejamento e de organização, que objetivam a implementação de medidas de controle e sistemas preventivos de segurança nos processos, nas condições e no meio ambiente de trabalho na Indústria da Construção”. Dimensionamento de planta FV conectada à rede elétrica Conta de Energia Elétrica kWh JAN 175 FEV 175 MAR 170 ABR 91 MAI 230 JUN 174 JUL 184 AGO 161 SET 130 OUT 123 NOV 156 DEZ 164 SOMA 1933 MÉDIA 161,08 Média de Consumo: 160 kWh/Mês Consumo Anual de Energia elétrica: 160 kWh x 12 meses = 1.920 kWh Fator de Capacidade 𝐹𝐶𝐹𝑉 = ℰ𝐹𝑉/ (𝑃𝑜𝑡𝐹𝑉𝑛𝑜𝑚𝑖𝑛𝑎𝑙. 𝑇) Horas de Sol Pleno Quantidade de horas necessárias para igualar a irradiação total medida (Wh/m2), caso a irradiância seja igual a 1000 W/m2. Qual o FC para novembro de 2014? - 30 dias; - Arranjo FV de 348 Wp; - Eletricidade gerada: 47,55 kWh;’ Dados de Fortaleza, CE Arranjo FV de 348 Wp Descrição set/14 out/14 nov/14 dez/14 jan/15 fev/15 mar/15 ℰ𝐹𝑉 (kWh) 52,65 60,18 47,55 48,95 47,93 34,98 41,78 ℰ𝐹𝑉𝑛𝑜𝑚𝑖𝑛𝑎𝑙 (kWh) 250,56 258,912 250,56 258,912 258,912 233,856 258,912 𝐹𝐶_𝐹𝑉 (%) 21,01% 23,24% 18,98% 18,91% 18,51% 14,96% 16,14% Sol Pleno (h) 6,30 6,97 5,69 5,67 5,55 4,49 4,84 FC médio = 18,82 % Qual a potência nominal FV para atender a demanda anual? Quantos módulos? Parâmetros Elétricos 5 módulos! Quantos módulos por fileira (série)? TEMPERATURE COEFFICIENTS FOR PV MODULES AND ARRAYS: MEASUREMENT METHODS, DIFFICULTIES, AND RESULTS David L. King, Jay A. Kratochvil, and William E. Boyson Sandia National Laboratories, Albuquerque, NM 26th PVSC; Sept. 3Wct. 3,1997; Anaheim, CA Coeficiente de temperatura para Si policristalino Qual a tensão ajustada? 𝑉aju = 𝑉𝑜𝑐 × (1+ (𝑇𝑚𝑖𝑛−25°)∗𝐶𝑡) Voc = 37,62 V Tmin = 50°C Ct = - 0,0039 Vaju = 33,95 V Número de módulos por fileira Inversor suporta expansão! Isc, mod = 8,59 A Imax, inv = 20 A Bibliografia Balanço Energético Nacional 2015 M. R. Borges Neto; P. C. M. Carvalho: Geração de Energia Elétrica - Fundamentos; Editora Érica, 2012 (ISBN 978-85-365-0422-3) EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA: Balanço Energético Nacional; 2015 EREC – GREENPEACE: [R]evolução energética: perspectivas para uma energia global sustentável; 2007 INTERNATIONAL ENERGY AGENCY: Key World Energy Statistics; 2014
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