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W BA 05 20 _V 2. 0 ENERGIA EÓLICA E SOLAR 2 Lílian Venturi Pinheiro São Paulo Platos Soluções Educacionais S.A 2022 ENERGIA EÓLICA E SOLAR 1ª edição 3 2022 Platos Soluções Educacionais S.A Alameda Santos, n° 960 – Cerqueira César CEP: 01418-002— São Paulo — SP Homepage: https://www.platosedu.com.br/ Head de Platos Soluções Educacionais S.A Silvia Rodrigues Cima Bizatto Conselho Acadêmico Alessandra Cristina Fahl Ana Carolina Gulelmo Staut Camila Braga de Oliveira Higa Camila Turchetti Bacan Gabiatti Giani Vendramel de Oliveira Gislaine Denisale Ferreira Henrique Salustiano Silva Mariana Gerardi Mello Nirse Ruscheinsky Breternitz Priscila Pereira Silva Coordenador Nirse Ruscheinsky Breternitz Revisor Charles William Polizelli Pereira Editorial Beatriz Meloni Montefusco Carolina Yaly Márcia Regina Silva Paola Andressa Machado Leal Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)_____________________________________________________________________________ Pinheiro, Lílian Venturi Energia eólica e solar / Lílian Venturi Pinheiro. – São Paulo: Platos Soluções Educacionais S.A., 2022. 44 p. ISBN 978-65-5356-237-0 1. Energia solar. 2. Energia eólica. 3. Energia elétrica. I. Título. CDD 531.6 _____________________________________________________________________________ Evelyn Moraes – CRB: 010289/O P654e © 2022 por Platos Soluções Educacionais S.A. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Platos Soluções Educacionais S.A. https://www.platosedu.com.br/ 4 SUMÁRIO Apresentação da disciplina __________________________________ 05 Geração de energia solar: contextualização e introdução ____ 06 Energia solar no Brasil e no mundo: aplicações e arquiteturas _ 15 Turbina e geração eólica: introdução _________________________ 27 Energia eólica no Brasil e no mundo: aplicações e impactos ao meio ambiente _______________________________________________ 41 ENERGIA EÓLICA E SOLAR 5 Apresentação da disciplina Bem-vindo à disciplina Energia eólica e solar, que tratará sobre as fontes renováveis de energia solar e eólica. Fala-se muito sobres essas fontes de energia hoje em dia, e o leigo sabe pouco sobre a engenharia e as tecnologias extensas e às vezes muito complexas por trás da geração de energia elétrica. A natureza descontínua de geração dessas fontes de energia contribui com novos projetos na área, levando em conta fenômenos naturais desequilibrados e a necessidade de armazenamento de energia em bancos de baterias. Nesse sentido, esta disciplina fornece uma base e compreensão da utilização potencial da energia solar fotovoltaica e eólica e suas aplicações e apresenta os fundamentos dos dispositivos envolvidos na conversão de tipos de energia. A questão da sustentabilidade, do desenvolvimento sustentável, é uma tendência, pois sua produção decorre de recursos renováveis e não renováveis. Assim, na busca pela utilização harmoniosa e plena dos recursos naturais, visualiza-se a máxima eficiência da própria cadeia de energia, desde a geração (produção) até o consumo (uso final), entrando no âmbito da transmissão, subtransmissão e distribuição de energia elétrica, relacionada ainda com a sustentabilidade do meio ambiente. Durante o curso, esses e muitos outros conceitos serão importantíssimos para o entendimento das energias solar e eólica. Bons estudos! 6 Geração de energia solar: contextualização e introdução Autoria: Lilian Venturi Pinheiro Leitura crítica: Charles William Polizelli Pereira Objetivos • Compreender o conceito de energia renovável: solar. • Saber analisar curvas caraterísticas da geração de energia solar. • Saber a importância do uso de conversores e inversores ligados à rede elétrica. 7 1. Geração de energia solar A tecnologia fotovoltaica, que transforma a energia solar em elétrica, vem sofrendo um grande avanço, destacado pelo baixo impacto ambiental e pela facilidade de construção e operação (VIAN et al., 2021). Antes de iniciar o estudo sobre energia solar, é necessário o entendimento de outras fontes de geração de energia. Como exemplo, temos a energia hidrelétrica, também considerada uma fonte de energia renovável, em que a queda d´água provoca o movimento das turbinas que acionam os geradores; o problema é que essa geração de energia impacta o meio ambiente e a biodiversidade com a construção de suas usinas. Outra geração de energia também muito conhecida é a energia térmica, que está relacionada com altas temperaturas e calor, sendo formada pela energia cinética, ou seja, energia a partir do movimento das partículas e das moléculas de um corpo. A termodinâmica é a área encarregada de estudar essa geração de energia. Também temos a energia eólica, considerada uma fonte de energia limpa, pois não emite gases poluentes na atmosfera. Sua instalação é baseada em turbinas ou aerogeradores, como estudaremos mais para frente em nossa disciplina. Por último, o tema central deste Tema, temos a geração de energia solar, que também é uma fonte de energia limpa e renovável, disponível em abundância em diversas áreas e com bom custo-benefício e que requisita avanços tecnológicos que vão possibilitar financeiramente seu uso. O entendimento sobre a energia solar se faz necessário na hora de adquirir ou instalar um sistema de geração de energia solar. A energia solar tem sido utilizada em residências, empresas, indústrias e áreas rurais, sendo uma ótima opção para economizar nas contas 8 de serviço públicos. Seu funcionamento se dá com painéis solares que captam a luz e utilizam o calor dos raios solares para gerar eletricidade (nos sistemas de energia fotovoltaica e heliotérmica) ou para aquecer líquidos (energia solar térmica). Há três diferentes tipos de energia solar: energia heliotérmica, energia solar térmica e energia solar fotovoltaica, cada uma com suas diferenças e características. A energia heliotérmica é responsável pelo aquecimento de líquidos e utiliza o vapor formado para acionar turbinas; a energia térmica utiliza o sol como fonte de energia para aquecer líquidos; e a energia solar fotovoltaica é a energia elétrica gerada pelo efeito fotovoltaico. Essas últimas utilizam painéis solares para captar a luz do sol e gerar correntes elétricas diretas por meio do efeito fotovoltaico, as quais são convertidas em corrente alternada ou armazenadas pelo inversor solar. Durante muito tempo, a inserção da energia fotovoltaica teve muitos obstáculos, devido ao seu alto custo, mas hoje essa tecnologia tem ganhado cada vez mais espaço através de inúmeras pesquisas, o que aumenta cada vez mais a demanda por esse recurso renovável. Algumas peculiaridades em relação à geração fotovoltaica a diferenciam de outras fontes de energia por não possuírem partes rotativas nem autoplanejamento em períodos previsíveis de sombreamento devido ao aumento de nuvens (ANEEL, 2005). Os sistemas fotovoltaicos são muito usuais em sistemas isolados, em sistemas interconectados à rede elétrica e em sistemas de armazenamento de energia com o uso de baterias. Como introdução e do ponto de vista da engenharia de projeto de redes, é importante ressaltar que a normalização da conexão de micro e minissistemas fotovoltaicos ao sistema de distribuição deve levar em consideração as ações de manutenção nas instalações da operadora, que pode desenergizar a rede devido a intervenções. Em 9 relação à operação de um sistema com grande presença de micro e minigeradores fotovoltaicos, a manutenção adequada da tensão e da potência reativa deve merecer atenção especial tendo em vista a produção intermitente e o autoconsumo dessas unidades geradoras. Como já mencionado, requerem instrumentosque assegurem um controle suficiente. Os grandes sistemas fotovoltaicos também requerem proporcionalmente a atenção descrita, porém deve-se notar que, devido ao seu tamanho, esse tipo de sistema está conectado à rede de transmissão ou subtransmissão, que é naturalmente dotada de um alto grau de “inteligência” em design e serviço. 2. Introdução aos sistemas de energia solar: conceitos gerais As células fotovoltaicas, também chamadas de células solares, podem ser pensadas como dispositivos semicondutores que, quando visíveis à luz, produzem uma corrente elétrica (NETO; CARVALHO, 2012). Os semicondutores mais utilizados em um sistema fotovoltaico são os de silício e os de germânio, porém entre os dois o mais usado é o de silício. Uma célula solar real se comporta de forma diferente de uma célula ideal; algumas perdas são inerentes ao processo, enquanto outras podem ser minimizadas a partir do desenvolvimento de novas técnicas. A Figura 1 mostra o diagrama de circuito equivalente de uma célula real. Figura 1 – Circuito equivalente de uma célula solar Fonte: Casaro e Martins (2008, p. 142). 10 O circuito equivalente apresentado na Figura 1 é um circuito de uma célula solar. Nele está inserida uma fonte de corrente Iph que se encontra em paralelo com um diodo D. A resistência em série rs descreve a queda de tensão devido às perdas ôhmicas no material semicondutor. A resistência paralela rp também descreve as perdas de corrente. O circuito equivalente anterior apresenta a seguinte equação: .( 1. )/ . . 1..[ 1]q V Rs k Tph r V RsI I I e Rp η+ += − − − (1) É importante ter em mente que o comportamento de uma célula solar fotovoltaica é apresentado por algumas grandezas necessárias ao entendimento de todas as curvas características que aqui serão apresentadas: (NETO; CARVALHO, 2012): Corrente de curto-circuito ( ISC ): nesse caso, nenhuma tensão externa é aplicada à célula solar. e a corrente é considerada a mais alta possível. Fotocorrente ( Iph ): corrente elétrica exposta à intensidade de luz. Tensão de circuito aberto ( Voc ): não há corrente externa que exceda a diferença de potencial entre as regiões dopadas. Ponto de potência máxima (MPP): ponto de trabalho em que a potência entregue atinge o valor mais alto; a corrente e a tensão nesse ponto são respectivamente: IMPP e VMPP. Maximum Power Point Tracker (MPPT): é o rastreador do ponto de máxima potência; é o recurso incorporado em todos os inversores para uso em sistemas fotovoltaicos ligados à rede. Rendimento (ƞ): é a relação entre o ponto de potência máxima e a potência da luz incidente total. Por exemplo, a célula de silício tem uma eficiência de uns 13%. 11 A Figura 2 mostra as curvas de corrente versus tensão e potência versus tensão de uma célula solar típica, na qual a corrente de curto-circuito, a tensão de circuito aberto e o ponto de máxima potência (MPP) são explicitamente especificados como parâmetros: radiação e temperatura. Figura 2 – Curva de corrente versus tensão e potência versus tensão de uma célula solar Fonte: https://novo.canalsolar.com.br/entendendo-as-curvas-iv-e-pv-dos-modulos- fotovoltaicos/. Acesso em: 20 abr. 2022. A dependência da curva corrente-tensão nesses dados climáticos é apresentada na Figura 3. Em distintos níveis de irradiação e temperatura constantes na célula, o número de portadores de carga gerados é proporcional à corrente de curto-circuito. A tensão de circuito aberto, por outro lado, mostra apenas um ligeiro aumento; os pontos de potência máxima correspondentes estão em uma faixa de tensão relativamente estreita na irradiação máxima. https://novo.canalsolar.com.br/entendendo-as-curvas-iv-e-pv-dos-modulos-fotovoltaicos/ https://novo.canalsolar.com.br/entendendo-as-curvas-iv-e-pv-dos-modulos-fotovoltaicos/ 12 Figura 3 – Curvas I versus V para uma temperatura de célula de T = 25ºC e diferentes níveis de irradiância Fonte: Casaro e Martins (2008, p. 144). Com irradiação constante e aumento da temperatura da célula, a corrente de curto-circuito é um pouco maior devido aos portadores de carga adicionais gerados pela excitação térmica. No entanto, esse efeito positivo é mais do que compensado pela diminuição da tensão de circuito aberto. Os rastreadores MPPT têm a função de maximizar a potência fornecida pelos painéis fotovoltaicos em determinadas condições, reduzindo assim o custo da eletricidade gerada. São importantes ainda por garantirem que os módulos fotovoltaicos operem sempre no ponto de máxima potência, possibilitando a máxima geração de energia pelo sistema fotovoltaico. Para que a conversão da energia solar em eletricidade seja eficaz, são utilizados módulos fotovoltaicos (PV), que são fortemente influenciados por fatores climáticos, como radiação solar e temperatura. Essa conversão da energia solar em eletricidade permite que os painéis fotovoltaicos sejam conectados à rede elétrica de distribuição por meio de conversores estáticos, o que contribui para a geração distribuída (GD). 13 O projeto de modelos digitais correspondentes a modelos aproximados de módulos fotovoltaicos desempenha uma importante função na utilização de técnicas que permitem o rastreamento do ponto de máxima potência (MPPT) no controle dos conversores. A Figura 4 mostra um sistema de geração de energia com dois estágios (duas fases) de processamento. A primeira fase é representada por um conversor CC, responsável pelo rastreamento do ponto de máxima potência, e a segunda fase é representada pelo conversor CA trifásico ou inversor ligado à rede elétrica, o qual permite que a corrente contínua da primeira fase seja convertida em corrente alternada, além de sincronizar os parâmetros de tensão e corrente com a rede elétrica. As duas fases são interligadas através do link CC, mas é possível que cada fase seja implementada sem acoplamento (PINHEIRO, 2016). Figura 4 – Representação em diagrama de blocos da conexão do conversor CC ao conversor CA na rede elétrica Fonte: Pinheiro (2016, p. 34). É importante lembrar que toda essa parte de conversores (CC, CA e controladores) é importante para uma análise mais detalhada de toda a engenharia envolvida nos sistemas fotovoltaicos e na distribuição de energia elétrica. Neste primeiro Tema foram apresentados conceitos importantes ao entendimento de um sistema solar fotovoltaico, considerações iniciais referentes a uma modelo equivalente da célula solar e as curvas 14 características de corrente e tensão, como potência e tensão, sendo apresentados também os pontos importantes na análise dessas curvas, como o MPPT. Ademais, foi possível fazer uma análise do sistema solar fotovoltaico através de um diagrama de blocos representando a conexão dos painéis à rede elétrica, por meio do barramento CC. Referências ANEEL. Agência Nacional de Energia. Atlas de Energia Elétrica do Brasil: Energia Solar. Brasília: ANEEL, 2005. CASARO, M. M.; MARTINS, D. C. Modelo de Arranjo Fotovoltaico Destinado a Análises em Eletrônica de Potência via Simulação. Eletrônica de Potência, Florianópolis, v.13, n. 3, ago. 2008. MOREIRA, J. R. S (org.) Energias Renováveis, Geração Distribuída e Eficiência Energética. 2. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2021. NETO, M. R. B.; CARVALHO, P. Geração de Energia Elétrica. São Paulo Érica: 2012. PINHEIRO, C. V. Simulação em Tempo Real de uma Planta Solar Conectada à Rede Elétrica de Distribuição Utilizando RTDS e dSPACE. Monografia (Pós- graduação em Engenharia Elétrica) – Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, 2016. REIS, L. B. Geração de Energia Elétrica. Barueri: Manole, 2017. VIAN, A. et al. Energia Solar: fundamentos, tecnologia e aplicações. São Paulo: Blucher, 2021. 15 Energia solar no Brasil e no mundo: aplicações e arquiteturas Autoria: Lilian Venturi Pinheiro Leitura crítica: Charles William Polizelli Pereira Objetivos • Saber da importância da energia solar no Brasil e no mundo. • Saber analisar dados referentes à geração distribuídapor meio de gráficos. • Analisar as aplicações envolvidas em um sistema de energia solar. 16 1. Energia solar no Brasil e no mundo Há um grande desejo pela produção de energia solar fotovoltaica no Brasil, em especial por o país apresentar condições climáticas e uma geografia favoráveis à instalação desses sistemas. Além disso, suas instalações não são danosas ao meio ambiente nem à agricultura em geral (ANEEL, 2005). Segundo a ANEEL (2005), também é possível classificar os sistemas fotovoltaicos em quatro divisões: micro, mini, pequena ou grande geração distribuída, os quais são de grande importância na inserção da energia solar no Brasil no contexto energético brasileiro. Dentro da matriz energética brasileira, existem ainda para a geração distribuída a microgeração, sistemas interligados à rede com uma potência de até 75 kW, e a minigeração distribuída, sistemas interligados à rede elétrica com uma potência entre 75 kW a 5 MW. A publicação de uma norma em 2012 pela ANEEL previa algumas ideias iniciais para o acesso da micro e da minigeração descentralizada aos sistemas de distribuição de energia e ao sistema de balanceamento de energia. Isso foi um empurrão para o avanço da energia solar fotovoltaica no Brasil (MOREIRA, 2021). A Figura 1 apresenta por meio do gráfico de barras o crescimento das usinas descentralizadas de geração de energia desde 2015, em especial o aumento das usinas fotovoltaicas, principalmente em áreas residenciais, com mais de 500 MW de capacidade instalada. O gráfico faz um comparativo entre os anos 2015, 2016, 2017, 2018 e 2019. 17 Figura 1 – Potencial de instalação da geração distribuída no Brasil no período de janeiro 2015 a novembro 2019 Fonte: Vian et al. (2021, p. 21). Existem atualmente diversos projetos de geração de energia fotovoltaica no Brasil, como: bombas d’água para abastecimento doméstico, irrigação e piscicultura; e aplicações de uso comunitário em postos de saúde e escolas, habitação e serviços comerciais, postos telefónicos e de manutenção remota. 1.1 Sistemas fotovoltaicos no mundo Por apresentar sua estrutura modular, os sistemas fotovoltaicos oferecem a maior aplicação possível entre as tecnologias com fontes renováveis, com diferentes potências instaladas de alguns MW (VIAN et al., 2021). Na Figura 2 é apresentado o mapa mundial da distribuição solar desenvolvido pela NASA, no qual podemos observar a ampla variação espacial do recurso solar a nível global. Em um dia sem nuvens, ao meio-dia, a radiação solar direta será de aproximadamente 1000 W/m². A disponibilidade da energia solar é afetada pela localização, incluindo 18 latitude e elevação, pela estação do ano e pela hora do dia. Os principais fatores que afetam a disponibilidade de energia solar incidente na superfície terrestre são cobertura de nuvem e outras condições meteorológicas. Figura 2 – Mapa mundial da distribuição de energia solar Fonte: http://recursosolar.geodesign.com.br/Pages/Sol_Rad_Basic_RS.html. Acesso em: 30 jun. 2022. Segundo Vian et al. (2021), a geração mundial de energia fotovoltaica iniciou com os Estados Unidos, que por muitos anos foi o país que mais colaborou para o avanço dessa tecnologia. Isso aconteceu até a década de 1980; porém, após 2005, essa participação foi reduzida, e a Europa passou a assumir a liderança total em novas instalações. Em uma lista de 2018 com os principais países europeus (mostrados na Figura 4) elaborada com base na capacidade instalada, a Alemanha teve uma menção significativa, seguida da Itália e da República Tcheca. Os dez países com maior capacidade fotovoltaica instalada no final de 2018 são indicados na Figura 3. http://recursosolar.geodesign.com.br/Pages/Sol_Rad_Basic_RS.html 19 Figura 3 - Os 10 países com maior capacidade fotovoltaica instalada em 2018 Fonte: Vian et al. (2021, p. 17). Como apresentado na Figura 4, na comparação entre 2010 e 2018, a Europa passou a assumir a liderança total de novas instalações da produção acumulada de sistemas fotovoltaicos. Figura 4 – Desempenho acumulado dos sistemas fotovoltaicos na Europa entre 2010 e 2018 Fonte: Vian et al. (2021, p. 19). 20 É relevante dentro do contexto de energia solar fotovoltaica mencionar algumas vantagens e desvantagens desse tipo de sistema. Como vantagem, podemos mencionar: renovável; fonte de energia silenciosa; pouca necessidade de manutenção; sistema de fácil instalação; vida útil superior a mais de 25 anos; menos blecautes; baixo custo de operação e manutenção; maior eficiência em altitudes elevadas; pode ser usada em áreas isoladas da rede; entre outras (REIS, 2017). Como desvantagem, destacamos investimento inicial alto, armazenamento ineficiente de painéis solares (devido a alguns fatores como incidência solar, temperatura e sombreamento), dependência do clima e baixo desempenho, este relacionado à orientação e à inclinação dos módulos, também ao sombreamento e ao sombreamento parcial e ao acúmulo de sujeira dos módulos fotovoltaicos. Para maximizar a eficiência dos painéis solares, alguns fatores que podem afetar seu desempenho devem ser considerados, como a quantidade máxima possível de energia proveniente da radiação solar. Pelas vantagens e desvantagens mencionadas anteriormente, ainda fica o questionamento: compensa a implantação de um sistema fotovoltaico? A resposta é depende, pois investir em um sistema fotovoltaico significa pensar a longo prazo, economizar dinheiro e energia, pensar no reaproveitamento de energia. Em termos percentuais, os painéis solares mais eficientes do mercado têm mais de 22,2% de eficiência, com a maioria dos painéis com eficiência entre 15 e 17%. A Figura 5 mostra uma instalação solar fotovoltaica residencial. Nela, há painéis solares instalados em cima do telhado, os quais estão refletindo a luz do sol. Nas residências, os painéis solares são instalados nos limites das casas e são responsáveis pela aquisição da luz solar. A energia em CC (corrente contínua) é convertida em CA (corrente alternada) pelo inversor. Os circuitos conversores de energia, denominados inversores, integram o sistema fotovoltaico (CC) à rede elétrica, a qual será compatível com a corrente presente nas residências, podendo então ser usada nos equipamentos e nos eletrodomésticos em geral. 21 Figura 5 – Sistema solar fotovoltaico residencial Fonte: Lari Bat/iStock. Há muitos sistemas fotovoltaicos, dos mais básico aos mais complexos, inseridos tanto em micro quanto em macroempresas, fazendo parte também de muitos projetos residenciais atualmente. O que esses projetos preveem é a questão do retorno financeiro daqui alguns anos, visto que o investimento inicial é alto, mas a preocupação com os gastos nas contas de luz é minimizada ao longo dos anos. O denominado payback do sistema fotovoltaico é o período necessário para pagar o custo da instalação e obter o lucro a partir daí. Mais precisamente, é o cálculo que analisa quando um consumidor começará a ver o retorno dos investimentos feitos em seu sistema, devendo levar em conta o investimento total realizado e a geração média mensal do sistema fotovoltaico. Sabendo-se que a vida útil de um sistema fotovoltaico é de 25 anos, o retorno do investimento pode ser amortizado de 3,5 a 5 anos (TOPSUN, 2021). Para calcular a viabilidade econômica de um sistema de energia solar, o consumidor deve analisar o local onde o dispositivo será instalado e levar em consideração fatores como potência, tensão e número de 22 horas de exposição ao sol. Basicamente para fazer o cálculo do payback, é necessário analisar o valor do kWh em cada região, e, a partir disso, o valor do investimento precisa ser dividido pelo produto energético produzido por ano pela taxa (tarifa). Por exemplo, o valor do kWh no Ceará é de R$ 0,85. Suponha que um sistema custe R$ 25 mil e gere aproximadamente 750 kWh por mês. A conta feita deve ser a seguinte: Payback = Custo do sistemaEnergia gerada * Quantidadede meses * Valor do kWh Payback = 25.000 =3,27 anos750 * 12 * 0,85 O resultado desse cálculo é o número de anos que levará para o sistema “se pagar”. No exemplo anterior, levaria cerca de 3 anos e 3 meses para o sistema começar a gerar lucros. Se a vida útil de um sistema fotovoltaico é de 25 anos, o cliente teria cerca de 22 anos de lucro com o sistema de energia solar. No Brasil, o retorno varia muito em função da radiação solar e das tarifas praticadas. Ao se fazer o cálculo, é necessário levar em consideração quanto foi investido no projeto. A homologação de sistemas fotovoltaicos, isto é, as etapas para autorizar um sistema fotovoltaico, constitui-se de um procedimento padrão a partir das regras da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), em que a concessionária de energia realiza a fiscalização do sistema solar instalado em seu imóvel. Por exemplo de acordo com a Resolução Normativa n. 687/2015 (ANEEL, 2015), regulamentada pela ANEEL, as novas regras válidas desde 2016 permitem o uso de qualquer fonte renovável, além da cogeração qualificada, denominando-se microgeração distribuída. Para isso, o processo de homologação é feito de forma simples e eficiente, seguindo os passos a seguir: 23 1. É feito o pedido de conexão do sistema solar ao fornecedor de energia. 2. O projeto deve ser enviado à concessionária de energia responsável para análise. 3. O cliente tem até 120 dias para instalar seu sistema solar e solicitar uma inspeção da concessionária. 4. Um técnico especializado deve realizar a inspeção e elaborar um relatório a ser enviado ao revendedor para a regularização. 5. A concessionária realiza nova vistoria técnica para autorizar a conexão do sistema ao substituir o relógio por um medidor bidirecional. 1.2 Aplicações e arquiteturas Quando se trata de sistemas fotovoltaicos, é importante enfatizar a importância de algumas aplicações, as quais vão desde o fornecimento de energia em áreas urbanas ou remotas até sistemas fotovoltaicos de grande escala. O custo dos sistemas fotovoltaicos tem diminuído nos últimos anos, o que tem influenciado o aumento das instalações em todo o mundo. As aplicações dos sistemas fotovoltaicos podem existir em diversos segmentos, como na agricultura para bombeamento de água para irrigação; na pecuária nos sistemas de ordenha e resfriamento de leite; em veículos, como caminhões para alimentar sistemas de monitoramento de carga de veículos em sistemas de iluminação solar LED que possuem baterias internas que armazenam energia para que eles possam trabalhar à noite sem eletricidade. Além dessas aplicações, podem ser categorizados em: sistemas isolados ou autônomos e sistemas conectados à rede elétrica. Os primeiros são representados pelos sistemas que não estão ligados à rede 24 pública de distribuição de energia, caso em que a energia produzida é registrada localmente, são os chamados sistemas off grid. Já os sistemas fotovoltaicos ligados à rede, como o próprio termo já diz, são ligados a uma rede de distribuição, os denominados sistemas on grid. Essa categoria de sistemas compete aos consumidores que já estão conectados à rede eléctrica pública e utilizam o sistema fotovoltaico para consumo próprio e alimentam os excedentes na rede. Os sistemas interligados à rede usam uma matriz de painéis fotovoltaicos e nenhum armazenamento de energia, pois toda a geração é alimentada diretamente na rede. Como mostrado na Figura 6, todo o conjunto é conectado a inversores e, em seguida, diretamente à rede. Esses inversores devem atender aos requisitos de qualidade e segurança para que a rede não seja prejudicada. Figura 6 – Sistema interligado à rede Fonte: http://www.tabenergia.tecnologia.ws/conectado-a-rede. Acesso em: 30 jun. 2022. A eficiência significa a capacidade de energia solar que é captada pelos painéis e finalmente convertida em energia elétrica para consumo. Essa unidade de medida é gerada em Wh (Watt hora) ou em kWh (quilowatt hora) por metro quadrado (m²) de painel especificado. Enquanto os sistemas off grid são pequenos, os sistemas on grid podem ter qualquer quantidade de potência, desde um microssistema de poucos kW instalado em uma unidade residencial até um grande sistema com dezenas ou mesmo centenas de MW conectado à rede de distribuição ou à rede de transmissão. http://www.tabenergia.tecnologia.ws/conectado-a-rede 25 Uma placa solar fotovoltaica de 200 Wp produz aproximadamente 0,27 KW, enquanto painéis solares de 330 Wp geram em torno de 0,45 kW; placas de 400 Wp geram cerca de 0,55 kW; e painéis de 660 KWh produzem em média 0,91 kW. O cálculo de quanto kW uma placa solar produz pode ser feito por meio do volume de consumo mensal (kWh) dividido pelo número de horas utilizadas, que geralmente contam como 6 ou 8 horas diárias, sete dias na semana, quatro semanas por mês. Cada painel já tem uma certa potência; por exemplo, um painel de 100 W gera em torno de 12 a 20 kWh de energia elétrica mensal. Para isso, existe um cálculo para apresentar esses valores. O valor utilizado como parâmetro é então multiplicado pela radiação solar da região e o resultado é uma média da energia produzida a cada dia. É necessário estabelecer um parâmetro, como uma média de 150 W para uma placa de 1 m². Em seguida é necessário multiplicar o valor pela taxa de irradiação solar da região, obtendo a geração diária de energia. Usando o exemplo do painel solar com capacidade de 100 W, pode-se esperar que um painel produza entre 400 e 650 Wh. Para dimensionamento de um sistema fotovoltaico isolado (off-grid), é necessário seguir alguns critérios, como: verificar o consumo em watts, calcular o consumo médio dos aparelhos, estimar o consumo de energia em horas e estimar o consumo diário em watts ou kW/dia. Como o sistema autônomo (off-grid) não está conectado à uma rede de distribuição, não se pode dispensar um armazenamento de energia elétrica para abastecimento noturno, em dias chuvosos e em dias com radiação solar insuficiente. O armazenador consiste em baterias ou elementos particularmente projetados para suportar ciclos repetidos de carga e descarga. Os tipos de baterias usados para um sistema fotovoltaico off grid são: baterias estacionárias comuns, baterias OPzS, VRLA, AGM e de gel. Geralmente esses sistemas abrangem projetos em lugares remotos e em áreas rurais. 26 1.2.1 Micro ou minissistemas fotovoltaicos conectados à rede Embora os sistemas fotovoltaicos autônomos sejam uma alternativa importante, o uso da energia solar fotovoltaica em sistemas interligados à rede contribui com aplicações em micro e minissistemas de geração distribuída. Esses sistemas cobrem uma faixa de potência reduzida e geralmente são instalados no telhado de prédios, em pontos de ônibus, em garagens de prédios comerciais ou mesmo integrados à fachada do prédio. Pela baixa potência disponível e pela capacidade de armazenamento e absorção da rede pública, os sistemas geralmente não possuem dispositivo de armazenamento de energia. Assim, em dias ensolarados, a demanda habitacional é coberta por painéis solares e o excesso de energia é alimentado na rede. Claro que, quando a procura ultrapassar a produção de painéis solares, o abastecimento será através da rede pública, como ocorre durante a noite ou nos dias sem sol. Referências ANEEL. Agência Nacional de Energia. Atlas de Energia Elétrica do Brasil: Energia Solar. Brasília: ANEEL, 2005. ANEEL. Agência Nacional de Energia. Resolução Normativa n. 687/2015. Brasília: ANEEL, 2015. MOREIRA, J. R. S. (org.) Energias Renováveis, Geração Distribuída e Eficiência Energética. 2. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2021. REIS, L. B. Geração de Energia Elétrica. Barueri: Manole, 2017. TOPSUN Energia Solar. Saiba como calcular o payback de investimento em energia solar. G1, 2021. Disponível em: https://g1.globo.com/sc/santa-catarina/especial- publicitario/top-sun/top-sun-energia-solar/noticia/2021/04/30/saiba-como-calcular- o-payback-de-investimento-em-energia-solar.ghtml.Acesso em: 25 maio 2022. VIAN, A. et al. Energia Solar: Fundamentos, Tecnologia e Aplicações. São Paulo: Blucher, 2021. https://g1.globo.com/sc/santa-catarina/especial-publicitario/top-sun/top-sun-energia-solar/noticia/2021/04/30/saiba-como-calcular-o-payback-de-investimento-em-energia-solar.ghtml https://g1.globo.com/sc/santa-catarina/especial-publicitario/top-sun/top-sun-energia-solar/noticia/2021/04/30/saiba-como-calcular-o-payback-de-investimento-em-energia-solar.ghtml https://g1.globo.com/sc/santa-catarina/especial-publicitario/top-sun/top-sun-energia-solar/noticia/2021/04/30/saiba-como-calcular-o-payback-de-investimento-em-energia-solar.ghtml 27 Turbina e geração eólica: introdução Autoria: Lilian Venturi Pinheiro Leitura crítica: Charles William Polizelli Pereira Objetivos • Compreender o conceito de energia renovável: eólica. • Compreender a geração de energia através dos ventos. • Entender a modelagem do vento e a conversão de energia eólica. 28 1. Introdução Muito tem-se falado sobre energias renováveis e a importância delas na matriz energética. Este Tema traz conceitos, algumas aplicações e o impacto ambiental da energia eólica. A energia gerada pela força dos ventos, chamada de energia eólica, é considerada uma das mais antigas fontes de energia, sendo também conhecida como energia limpa (VIAN et al., 2021). Convertê-la em energia mecânica é um procedimento um tanto quanto simples, com pouco potencial eólico disponível e que seja capaz de resistir as intempéries da natureza. Por ser uma energia utilizada desde a antiguidade no movimento de barcos a vela e em moinhos de vento, era transformada em mecânica utilizando a moagem de grãos ou no bombeamento de água. A conversão da energia mecânica em elétrica é realizada pelas turbinas eólicas, as quais surgiram no final do século XIX. Elas já faziam a conversão da energia eólica em energia elétrica e, com isso, houve rápida expansão do uso de eletricidade no planeta (CARNEIRO; ROCHA; ROCHA, 2013) Neste Tema falaremos sobre o vento e suas características; as turbinas e a geração de energia eólica; as turbinas eólicas modernas e seus componentes; a previsão da velocidade do vento; e a conversão energética vento-eletricidade. De acordo com (CARNEIRO; ROCHA; ROCHA, 2013), entre as muitas vantagens do uso da energia eólica para a geração de energia elétrica, podemos mencionar que ela não apresenta perigos de radiação, é uma fonte renovável de energia e tem um menor efeito de riscos de poluição da atmosfera ou dos recursos hídricos. Já como desvantagens, temos a questão dos ventos intermitentes, a poluição sonora, o impacto visual considerável, além de acidentes envolvendo aves. 29 1.1 O vento e suas características Pela incapacidade de controle, o vento possui propriedades eventuais de velocidade e direção, as quais dependem das condições de solo e de altitude, da geografia e do clima. Na Figura 1, a direção, a velocidade do vento e suas variações são mostradas na Rosa dos Ventos de uma cidade do Nordeste brasileiro. Figura 1 – Rosa dos Ventos em uma cidade do Nordeste brasileiro Fonte: Vian et al. (2021, p. 15). Há uma representação das direções norte, sul, leste e oeste e cada disco mostra a repetição do vento na direção definida, dependendo da velocidade do vento. Isso implica que a indicação de ventos fracos, ou seja, ventos com uma velocidade mais baixa em uma determinada direção, pode fornecer menos energia em comparação com uma outra direção com ventos mais fortes. Para avaliar a disponibilidade de um projeto de parque eólico é, portanto, essencial medir corretamente a Rosa dos Ventos e a distribuição da velocidade do vento. Essas medições são feitas através de algumas normas técnicas e com a utilização adequada de instrumentos de medida, como o anemômetro, capaz de medir a 30 velocidade, e a biruta, capaz de medir a direção. No projeto é importante também incluir as variáveis: temperatura, direção 3D do vento e umidade. As normas técnicas utilizadas no setor eólico incluem, por exemplo, a norma IEC 61400, que abrange 26 famílias, em que cada membro representa algum tipo de protocolo técnico para parques eólicos. Podemos citar a norma IEC 61400-12-1, cujo principal objetivo é especificar procedimentos de medição de desempenho de turbinas eólicas de forma precisa e coesa, tanto na medição quanto na análise dos dados. A norma busca criar uma linguagem comum de medições do vento que abrange diversas partes, como a escolha e o posicionamento de anemômetros, o direcionamento do vento, a densidade do ar e outros fatores relacionados (ABNT, 2012). 1.2 Turbinas e geração eólica Uma turbina eólica, conhecida também como aerogerador, pode ser definida como um dispositivo capaz de converter parte do momento ou da energia cinética existente no vento em energia elétrica. Dependendo do eixo de rotação das pás da turbina, uma turbina eólica é dividida em: turbina eólica de eixo vertical e turbina eólica de eixo horizontal, com uma, duas ou três pás, com ou sem engrenagens, com ou sem rotação das pás por força. Essas são algumas particularidades na elaboração de um projeto eólico. A escolha de uma turbina de eixo vertical baseia-se no fato de que, em geral e levando em conta os custos de manutenção, ela é mais barata do que as turbinas de eixo horizontal, na mesma categoria de capacidade de geração. 31 A Figura 2 mostra alguns dos projetos de turbina eólica de eixo vertical. Os projetistas prestam atenção especial a isso porque todos os equipamentos são montados no solo, em contraste com as turbinas de eixo horizontal, que são elaboradas no topo de uma torre, mais precisamente em uma seção chamada nacele (VIAN et al., 2021). Figura 2 – Projetos de aerogeradores de eixo vertical (a) Maglev Vawt, (b) Darrieus, (c) Savonius e (d) Rotor H. Fonte: Vian et al. (2021, p. 17). As turbinas verticais têm as mesmas propriedades em todas as direções, o que implica que nenhum sistema de controle se faz necessário para rastrear a direção do vento. Isso contribui para desvantagens quanto a esse tipo de turbina, como o baixo coeficiente de desempenho e a necessidade de escoras para prender a parte superior da turbina, o que dificulta a construção de grandes turbinas. A Figura 3 traz uma foto real de uma turbina de eixo vertical do tipo Maglev instalada no alto de um prédio em um edifício comercial na Tasmânia. 32 Figura 3 – Turbina eólica de eixo vertical do tipo Maglev Vawt Fonte: TassieKarin/iStock.com. É interessante ressaltar também que existem as turbinas eólicas mais modernas, com um rotor aerodinâmico constituído de três pás. Aumentar as pás de um rotor implica algumas características, como eficiência da turbina, cargas mecânicas na torre e problemas de ruído e de visibilidade. 1.2.1 Turbinas eólicas modernas Após anos de pesquisas com avanços e conflitos, o projeto do aerogerador (ou turbina eólica moderna) foi consolidado com consenso. Atualmente a tecnologia é baseada em aerogeradores de três pás, eixo horizontal, velocidade variável e controle do ângulo das pás para limitar a potência nominal do gerador. As partes constituintes de uma turbina eólica moderna são: a torre, que fornece o suporte mecânico para a turbina; o rotor, que é composto pelo cubo e pelas pás; e a nacele, que é montada no sistema de guinada da turbina e é responsável por seguir a direção do vento, abrigando ainda a 33 caixa de engrenagens e o gerador elétrico. Geralmente o transformador também é instalado na nacele, o que minimiza as perdas. A Figura 4 apresenta uma turbina eólica moderna com seus equipamentos bem visíveis, sendo os três principais equipamentos: a torre, o rotor e a nacele. Os sistemas de controle de uma turbina eólica moderna consistem em controle de guinada, controle de inclinação e controle de rastreamento do ponto de máxima potência (MPPT). Figura 4 – Aerogerador ou turbina eólica moderna e seus equipamentos Fonte: Vianet al. (2021, p. 21). 1.3 Previsão da velocidade do vento A previsão da velocidade do vento pode ser feita usando métodos de previsão que podem auxiliar funcionários de rede a reduzir o perigo de 34 uma distribuição de energia não segura. As previsões de energia eólica são usadas para planejamento diário e negociação de energia em mercados spot (ou seja, mercados formados pela negociação de ativos financeiros para entrega imediata, como commodities, moedas, ações etc.). Os métodos de previsão de velocidade do vento podem ser categorizados em quatro tipos: • Previsão de curtíssimo prazo ou alcance: de alguns minutos a uma hora de antecedência; são utilizadas em operações envolvendo tempo real e ações regulatórias. • Previsão de curto prazo ou alcance: de uma hora a algumas horas de antecedência; utilizado no planejamento econômico do transporte de cargas e segurança operacional no mercado de energia. • Previsão a médio alcance: de algumas horas a uma semana de antecedência; aplicável às decisões de partida do gerador. • Previsão a longo alcance: de uma semana ou mais; aplicável no planejamento de manutenção, custos operacionais ótimos, gestão operacional e estudos de viabilidade de projetos de parques eólicos. 1.4 Conversão energética vento-eletricidade O processo de conversão de energia eólica em energia elétrica começa quando partículas de ar em movimento colidem com o rotor aerodinâmico e aplicam torque às pás do aerogerador, fazendo com que elas girem em torno do eixo da nacele. O movimento aerodinâmico do rotor é então transmitido ao gerador elétrico por meio de um eixo de acionamento e, dependendo da tecnologia, como a indução eletromagnética, por meio também de uma caixa de engrenagens. 35 O processo de conversão da energia mecânica no eixo da turbina em energia elétrica nos enrolamentos do estator ocorre nas seguintes etapas simplificadas: movimento relativo entre o rotor do gerador e seu estator; criação do fluxo magnético através do rotor; indução de tensão no estator do gerador; e injeção de energia elétrica na rede por conexão via conversores. Esses conversores são do tipo back-to- back, que consistem em dois conversores baseados em eletrônica de potência, conectados por um único circuito de corrente contínua. O lado de corrente alternada de um dos conversores está ligado ao rotor (denominado de conversor do lado do rotor ou rotor side converter, RSC) e o outro conversor tem o seu lado ligado ao PCC, sendo então chamado de conversor do lado da rede (ou grid side converter, GSC). Os conversores são os dispositivos baseados em chaves semicondutoras autocomutadas que permitem o controle da velocidade do gerador, da corrente injetada na rede, do torque eletromagnético e de outras variáveis. Também é muito importante apresentar aqui as considerações sobre a potência mecânica disponível no vento, bem como seu uso e a potência elétrica gerada. A potência mecânica disponível no vento é obtida por meio da Equação 1. 31 2vento P Avρ= (1) Em que: • P = potência em Watts gerada pela turbina eólica em função do vento. • ρ = densidade do ar atmosférico, algo em torno de 1,2922 kg/m3. • A = área (m2) varrida pelas pás do rotor. • v = velocidade do vento (m/s). 36 Se o processo de conversão fosse 100% eficiente, a potência dada pela Equação 1 seria produzida pela turbina, e a velocidade das partículas de ar em movimento seria reduzida a zero logo após passar pelo rotor aerodinâmico da turbina, encerrando o fluxo contínuo de ar e finalizando o processo de conversão de energia. Quando um determinado volume de fluido de densidade constante cruza uma determinada área com uma obstrução, ocorrem a descompressão e a expansão, aumentando a área de escoamento, conforme mostrado na Figura 5. Figura 5 – Efeito garrafa no escoamento do vento pela turbina eólica Fonte: Vian et al. (2021, p. 32). Em 1926, o físico alemão Albert Betz verificou que uma turbina eólica ideal reduziria a velocidade do vento em 2/3 da velocidade original, o que implicaria um limite de potência mecânica que poderia ser efetivamente extraído do vento a cerca de 59% da potência total disponível. Esse limite de potência é denominado limite de Betz, e o fator que representa esse limite deve ser introduzido na Equação 1, resultando na Equação 2. 31 2 p Pm C Avρ= (2) 37 Em que Cp é o coeficiente de potência adimensional, que pode ser no máximo 0,59. A conversão da energia mecânica contida no vento em energia elétrica está associada a perdas mecânicas e elétricas. Essas perdas ocorrem em componentes mecânicos por atrito e em componentes elétricos, como transformadores, geradores, cabos e equipamentos eletrônicos, por efeito Joule. Assim, a potência elétrica efetivamente alimentada na rede é dada pela Equação 3. (3) Em que é o rendimento do processo de conversão que considera as perdas rotacionais, elétricas e mecânicas. A curva de potência de uma turbina eólica para diferentes velocidades do vento pode ser obtida analiticamente se o coeficiente de desempenho for conhecido . A Figura 6 mostra a curva de potência de uma turbina eólica moderna, com a potência no eixo Y e a velocidade do vento no eixo X. Figura 6 – Curva de potência de uma turbina eólica moderna, incluindo as três regiões de operação Fonte: Vian et al. (2021, p. 35). 38 Na Figura 6, há três regiões (Região I, Região II e Região III) e três regiões de operação (vinicial, vnominal e vcorte). A velocidade que marca o início da geração de energia é a velocidade que determina a Região I, na qual não ocorre geração de energia. Em velocidade abaixo desse valor, o gerador não será conectado ao eixo da caixa de engrenagens, pois as perdas de energia no sistema nesses valores de velocidade do vento seriam maiores do que a quantidade de energia produzida. Na Região II, definida entre as velocidades inicial e nominal, a velocidade de operação do gerador é controlada para maximizar a produção de energia, maximizando Cp para um determinado ângulo de operação da pá. Já na velocidade nominal representada na Região III, o gerador opera com potência nominal. O algoritmo responsável por esse controle segue para ajustar o ponto de potência máxima MPPT. Por último a Região III de operação da turbina está entre as velocidades nominal e de corte, em que o gerador trabalha a uma velocidade constante e tem a saída limitada pelo controle do ângulo de passo. A velocidade do vento que determina uma emergência na operação do aerogerador é a de corte, que aciona o controle de parada. O objetivo desse controle é evitar que tensões mecânicas excessivas causem danos à estrutura da turbina. Algumas turbinas modernas reduzem a potência gerada para velocidades do vento superiores a vcorte, permitindo que a turbina retome a geração de energia assim que ocorrer uma redução na velocidade do vento. Para efeitos didáticos, a curva da Figura 6 mostra a potência total disponível no vento. 1.5 Conexão à rede elétrica A conexão de turbinas eólicas à rede elétrica é possível através de conversores e controladores. Este último é implementado de acordo 39 com os procedimentos de rede adotados pelo operador do sistema elétrico ao qual o parque eólico será conectado. Para o correto funcionamento de um sistema de controle, é necessário fazer a modelagem matemática do sistema a ser controlado. Portanto, os controladores podem ser ajustados e testados em plataformas computacionais para verificar o desempenho das turbinas como um todo. O conversor back-to-back consiste em dois conversores baseados em eletrônica de potência conectados por um único circuito de corrente contínua. O lado de corrente alternada de um dos conversores está ligado ao rotor, denominado de conversor do lado do rotor (ou rotor side converter RSC), enquanto o outro conversor tem o seu lado ligado ao PCC, sendo então chamado de conversor do lado da rede (ou grid side converter, GSC). A direção do fluxo de potênciaativada pelo rotor é quem determina o modo de operação dos conversores. Um deles atuará como inversor, ou seja, transformará corrente contínua em corrente alternada, enquanto o outro como retificador, ou seja, transformará corrente alternada em corrente contínua. O conversor back-to-back tem como seu elemento principal o transistor bipolar de porta isolada (IGBT), que é um dispositivo semicondutor que atua como uma chave bidirecional cujos estados aberto e fechado podem ser controlados por sinais externos. O sinal externo é gerado por um sistema embarcado, o qual proporciona a operação das chaves IGBT do inversor que a operam em dezenas de kHz, o que contribuiu também com o aumento da utilização da energia eólica. Neste Tema foram apresentados conceitos importantes ao entendimento de um sistema de geração eólica e considerações iniciais referentes ao vento e suas características. Além das turbinas e da geração eólica, também foram mencionados as turbinas eólicas modernas e seus equipamentos. Foi feita uma breve análise da previsão da velocidade do vento e ainda a modelagem referente ao processo de conversão de energia eólica em energia elétrica através das equações de potência. 40 Referências ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. IEC 61400-12-1 – Aerogeradores – Parte 12-1: Medições do desempenho de potência de aerogeradores. Rio de Janeiro: ABNT, 2012. CARNEIRO, F. O. M.; ROCHA, H. H. B.; ROCHA, P. A. C. Investigation of possible societal risk associated with wind power generation systems. Renewable and Sustainable Energy Reviews, [s.l.], n. 19, p. 30-36, 2013. MOREIRA, J. R. S. (org.). Energias Renováveis, Geração Distribuída e Eficiência Energética. 2. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2021. REIS, L. B. Geração de Energia Elétrica. Barueri: Manole, 2017. VIAN, A. et al. Energia Eólica: fundamentos, tecnologia e aplicações. São Paulo: Blucher, 2021. 41 Energia eólica no Brasil e no mundo: aplicações e impactos ao meio ambiente Autoria: Lilian Venturi Pinheiro Leitura crítica: Charles William Polizelli Pereira Objetivos • Analisar a energia eólica no Brasil e no mundo. • Entender as aplicações da geração de energia eólica. • Entender os impactos da energia eólica no meio ambiente. 42 1. Energia eólica no Brasil e no mundo Ao longo deste Tema, abordaremos, além de um pequeno histórico envolvendo a inserção da energia eólica no Brasil e no mundo, as aplicações e os impactos ambientais relacionados à produção desse tipo de energia. É energia eólica, gerada pela força dos ventos, é uma das mais antigas fontes de energia, sendo chamada de energia limpa. Ela já era usada há milhares de anos atrás, seja nos moinhos de vento para moagem de grãos ou no bombeamento de água para atividades voltadas à agricultura. Também permitiu a evolução da navegação para a descoberta de novos continentes. Segundo Vian et al. (2021), em 1887 foi confeccionada a primeira turbina preparada para alimentar um sistema de bateria capaz de iluminar uma casa. Já os registros de acoplamento à rede elétrica datam de 1931 na União Soviética, com um rotor de 30 metros e uma potência de 100 kW. Ao longo dos anos, houve grande desenvolvimento da aplicação da energia eólica para a geração de energia elétrica. A capacidade instalada acumulada no mundo aumentou significativamente de 24 GW em 2001 para 539 GW em 2017 (VIAN et al., 2021). A revolução tecnológica permitiu a incorporação de novas empresas de diferentes países capazes de desenvolver aerogeradores mais eficientes e potentes. A China é o principal produtor mundial de energia elétrica de origem eólica, tendo 35% da capacidade mundial instalada. Em seguida, vêm os EUA, com capacidade de 17%, e depois a Alemanha, com 10% de capacidade acumulada. A Figura 1 apresenta a capacidade instalada acumulada no mundo, evidenciando a crescente produção a partir de 2001. 43 Figura 1 – Capacidade instalada acumulada no mundo Fonte: Vian et al. (2021, p. 12). Uma questão dentro da política energética que engloba fontes de energia renovável é a segurança energética e a sustentabilidade ecológica, que são fatores imprescindíveis em uma implementação de políticas públicas, cujo objetivo é visar ao fornecimento de energia elétrica de forma ecológica, eficiente e sustentável. É importante saber que as fontes de energia são muito importantes, principalmente as renováveis, pois representam um recurso que pode ser utilizado por um longo período, garantindo um fornecimento de energia para gerações atuais e futuras. No âmbito mundial, a produção de energia eólica já é uma realidade bastante consolidada, devido a seus custos serem mais competitivos. A tecnologia, contudo, precisa evoluir com vistas a tornar o recurso renovável cada vez mais eficiente. Isso vem sendo considerado na implementação das políticas do setor eólico, visto que países e regiões podem desenvolver (aperfeiçoar) sua cadeia tecnológica de forma condizente com a dinâmica dos ventos de seus respectivos espaços. Entre 2001 e 2017, como mostra a Figura 1, houve uma revolução tecnológica e novas empresas de diversos países entraram na corrida para desenvolver aerogeradores mais eficientes e com maior potência nominal. No caso do Brasil, não se pode dizer o mesmo, pois nosso País não acompanhou de perto a tendência mundial. Apenas em 1992 aconteceu a instalação da primeira turbina eólica em Fernando 44 de Noronha, obtida através da conclusão do PROINFA (Programa de Incentivo às Fontes Alternativas), que é considerado uma conquista por ter permitido que a tecnologia da energia eólica entrasse de vez no País. A energia eólica nacional representa apenas 9,1% da matriz energética, mas, apesar de não estar tão avançada, está bem consolidada. O papel da energia eólica na geração de energia é visível nos países em desenvolvimento, principalmente no Brasil. A perspectiva é voltada para crescimento, expansão de mercado e alta demanda. Em 2009 foi realizado um leilão de energia de reserva, o primeiro focado em energia eólica. O desenvolvimento do setor no Brasil começou com a concessão de 1,8 GW de capacidade (ABEEÓLICA, 2022). O surgimento de novos leilões permitiu a entrada de novos fornecedores, o que diminuiu os preços dos equipamentos no País. A Figura 2 apresenta dados sobre a capacidade instalada acumulada no Brasil de 2005 a 2017. É possível verificar a evolução da potência instalada ao longo dos anos, atingindo uma capacidade de 12.000 MW, o que alavancou o mercado de produção de energia eólica no País. Figura 2 – Capacidade instalada acumulada no Brasil Fonte: Vian et al. (2021, p. 14). De acordo com o que diz o Governo Federal, em 2021 o Brasil atingiu uma marca de 20,1 GW de potência instalada com a expansão da 45 energia eólica (BRASIL, 2022). No País existe um setor encarregado pela operação do sistema conectado à rede elétrica, que é o órgão denominado de Operador Nacional do Sistema (ONS). Esse sistema interligado é constituído por quatro subsistemas: norte, sul, nordeste e sudeste/centro-oeste. No Nordeste, a capacidade instalada de geração de energia a partir dos ventos é de 80%, devido à presença de ventos fortes e constantes, sendo considerado uma das maiores fronteiras eólicas do mundo. Já na região Sul, a capacidade é de 20%. O aerogerador é composto por pás que se movimentam com a velocidade dos ventos, que é variável e pode aumentar ou diminuir com a produção de energia eólica. Acontece que, quando a distribuição da capacidade instalada se dá de forma desigual, traz diversos desafios aos sistemas conectados à rede. Os parques eólicos são frequentemente chamados de fazendas eólicas. Conectar um número crescente desses parques a sistemas elétricos requer o estudo de seu impacto, sendo necessários termos de operação e métodos de previsão da velocidade do vento que podem ser utilizados. Com relação ao planejamento de expansão, há necessidade de métodos que possam estimar a capacidadede energia disponível que um parque eólico pode fornecer para atender à demanda projetada. Essa necessidade implica uma avaliação da confiabilidade e a implantação de medidas com base na capacidade dessas instalações. As principais questões do setor elétrico que estão sendo discutidas atualmente incluem o crescimento da eficiência energética, juntamente com a competividade e a garantia da segurança do abastecimento. A integração de fazendas eólicas precisa ser entendida a partir de questões como: seu impacto nos diferentes agentes que intervêm no sistema, a rede de interligação e a de transmissão, e os produtores convencionais e os consumidores. 46 2. Aplicações É comum dividir a energia eólica em dois tipos de acordo com o local onde as turbinas eólicas estão instaladas: terrestre (onshore) ou marítima (offshore). A energia eólica onshore é operada em terra e geralmente perto da costa, onde a maioria dos ventos é produzida, mas também podem ser instalados mais para o interior, se a região oferecer boas condições para gerar ventos fortes (constantes). No entanto, por causa do ruído, os aerogeradores devem ser instalados longe dos centros urbanos, como em áreas rurais despovoadas. Esse tipo de parque tem algumas vantagens em relação aos projetos offshore, como: menores custos de instalação e operação e maior proximidade aos centros de consumo, reduzindo custos e perdas de transmissão. Já os parques offshore representam as instalações de torres de energia eólica em alto mar, que podem estar localizadas a quilômetros de distância da costa. As turbinas sobre estruturas flutuantes podem ser instaladas mais distantes da costa, onde os ventos são mais fortes e constantes, aumentando a produtividade. As principais vantagens em relação à energia eólica onshore são o maior tamanho e a eficiência elétrica de seus projetos. Embora representem usinas com maiores custos de transporte, instalação e manutenção, esse tipo de captação é uma grande aposta no mercado global de energia renovável e vem crescendo a cada ano, principalmente com o esgotamento de áreas com grande potencial eólico onshore. A indústria eólica tem investido no avanço tecnológico de adaptação de aerogeradores convencionais para uso no mar. Os projetos offshore exigem estratégias especiais de transporte, instalação e operação das máquinas, além de avanços tecnológicos. A Figura 3 apresenta um sistema eólico offshore, onde o parque eólico é instalado em alto mar. 47 Figura 3 – Parque eólico instalado em alto mar (offshore) Fonte: CharlieChesvick/iStock.com. Os sistemas eólicos podem ser utilizados em algumas aplicações, a saber: sistema isolado, sistema conectado à rede e sistema híbrido. Eles seguem basicamente uma configuração básica constituída por uma unidade de controle e, em determinados casos, uma unidade de armazenamento. 2.1 Sistema eólico isolado Turbinas eólicas isoladas ou autônomas caracterizam os sistemas isolados por não estarem conectadas à rede elétrica de distribuição. Geralmente são sistemas construídos para uma finalidade local e específica, podendo, por exemplo, ser utilizados em locais remotos, pois é considerado mais econômico obter energia nesses locais. 48 Alguns exemplos do uso desse sistema de energia são armazenamento de vacinas, postes de iluminação, bombeamento de água, energização de cercas e casa, estações replicadoras etc. A energia produzida é armazenada em baterias, o que contribui para o abastecimento quando não há geração de energia. 2.2 Sistema eólico conectado à rede Os sistemas de ligação à rede caracterizam-se por estarem integrados à rede elétrica convencional. Ao contrário dos sistemas autônomos que servem para uma finalidade específica e local, são capazes de alimentar a rede com energia que pode ser utilizada por todas as redes consumidoras. Os sistemas eólicos interligado à rede possuem uma vantagem em relação aos sistemas isolados, visto que permitem o não uso de baterias ou controladores de carga, o que também contribui para serem mais eficientes se comparados com os sistemas isolados. São utilizados para abastecer casas e empresas. Por serem conectados à rede elétrica, são compostos por geradores eólicos, retificadores e inversores. Estes últimos fazem o papel de transformar a corrente contínua em corrente alternada, o que permite a sincronização do sistema com a rede elétrica. Por estarem conectados à rede, a ausência de energia é estabilizada, eliminando assim o uso de baterias. Uma configuração de turbina eólica de velocidade variável com conversão eletrônica de potência é equivalente à turbina eólica de velocidade totalmente variável, com o gerador conectado à carga ou à rede por meio de um conversor de potência, mostrado na Figura 4. 49 Figura 4 – Interface eletrônica de potência CA/CC/CA para um gerador eólico Fonte: adaptada de Reis (2013). A Figura 4 traz o uso de conversores associados a um barramento CC que conecta a turbina com o transformador de saída à rede. A configuração operacional típica é usar o conversor do lado da rede para manter o nível de tensão constante, enquanto o conversor do lado do gerador é usado para controlar o torque do gerador. Uma forma alternativa de trabalhar é ter o torque da turbina controlado pelo conversor do lado da rede, enquanto a potência ativa é transferida do gerador para os conversores. 2.3 Sistema eólico híbrido Os sistemas híbridos são desconectados da rede convencional e possuem diferentes fontes de produção de energia, como as turbinas eólicas, a geração a diesel, os módulos fotovoltaicos e outros. A utilização de diferentes formas de geração de energia aumenta a complexidade do sistema e exige a otimização do uso de cada uma das fontes do usuário. No geral são implementados em sistemas de médio a grande porte que costumam atender a um número grande de usuários. São sistemas que utilizam também um inversor. 50 3. Impactos ao meio ambiente Em se tratando de aspectos climáticos, os maiores responsáveis pelas mudanças no clima são os gases do efeito estufa, emitidos principalmente em decorrência da queima de combustíveis fósseis e do desmatamento. Todos são responsáveis por reverter esse cenário, e, para isso, devemos adotar práticas mais sustentáveis como modo de vida, como usar energia limpa, consumir produtos e serviços de empresas que cuidam e atuam na sustentabilidade, entre outras. Quanto aos impactos ambientais causados pela geração de energia eólica, podemos destacar alguns pontos: impacto sobre a fauna, ruídos, interferência eletromagnética e impacto visual. Em termos de impacto na fauna, a principal preocupação é com as aves, as quais, devido à fraca visibilidade, podem colidir com estruturas (como postes de alta tensão) e turbinas eólicas. O impacto ambiental referente aos ruídos causados pelo sistema eólico foi tema de discussão e debate durante um tempo. Porém, o desenvolvimento tecnológico e o surgimento de novas tecnologias ao longo dos anos contribuíram para uma diminuição nos níveis de ruído produzidos pelas turbinas eólicas. Acontece que a problemática envolvendo os ruídos está relacionada diretamente à variação da velocidade do vento. As turbinas eólicas podem impactar o ambiente ao causarem interferência eletromagnética, visto que as pás do rotor podem refletir os sinais, fazendo com que um receptor próximo receba um sinal direto e um sinal refletido. A interferência ocorre porque o sinal refletido é atrasado devido à diferença de comprimento de onda alterada pelo movimento das pás. Os parques eólicos devem ser erguidos em espaços abertos, sem obstáculos naturais, para serem economicamente viáveis e, portanto, 51 visíveis. Muitas pessoas veem a turbina eólica como um símbolo de energia limpa, que é sempre bem-vinda, enquanto outras reagem negativamente à sua instalação. O impacto visual foi minimizado principalmente pela conscientização da população local sobre a geração eólica.Por meio de audiências públicas e seminários, houve maior difusão do conhecimento sobre os efeitos positivos da tecnologia eólica, e, dessa forma, as taxas de adoção melhoram significativamente. Isso é muito importante, visto que o uso dessa energia para geração complementar de energia vem aumentando constantemente em todo o mundo, e espera-se um crescimento ainda mais significativo nos próximos anos. A energia eólica tem um futuro ainda mais brilhante com a conscientização pública de seus benefícios como fonte de energia renovável e aumento da competitividade econômica. As questões ambientais estão se tornando mais prevalentes, e as atitudes ambientalmente conscientes passam a fazer parte integrante dos processos. A maioria dos problemas ecológicos com impacto global, como chuva ácida, efeito estufa e outros, vem do setor de geração de energia. O uso de soluções energéticas que oneram o meio ambiente em menor escala tem mostrado que a energia eólica como fonte alternativa tem grande importância no desenvolvimento de novos panoramas energéticos ecologicamente favoráveis. É muito importante ressaltar aqui que as energias limpas também geram impactos ao meio ambiente, mas eles geralmente ocorrem em menor escala, proporcionalmente à quantidade de energia produzida. Por esse motivo, embora existam aspectos ambientais negativos, a utilização do vento para a produção de energia elétrica pode ser motivada por meio de um planejamento adequado e tecnológico. 52 Neste Tema foi apresentada a energia eólica no Brasil e no mundo, assim como as aplicações e os impactos ao meio ambiente. É evidente, entre as fontes alternativas, o destaque da energia eólica, cuja viabilidade é confirmada pelo grande crescimento da capacidade instalada nos últimos anos, tanto no Brasil quanto no mundo. Dentro das aplicações, podemos entender um pouco de cada sistema de geração eólica, como: o sistema eólico isolado, o sistema eólico conectado à rede e o sistema híbrido. É sempre importante ressaltar que, embora o meio ambiente não seja prejudicado pela emissão de gases poluentes, a instalação de aerogeradores pode causar alterações na paisagem e afetar a migração das aves. Além disso, sua viabilidade requer avanços tecnológicos, pois o custo dos aerogeradores ainda é alto. Referências ABEEÓLICA. Associação Brasileira de Energia Eólica. O Setor. ABEEólica, 2022. Disponível em: https://abeeolica.org.br/energia-eolica/o-setor/. Acesso em: 30 jun. 2022. BRASIL. Serviços e Informações do Brasil. Energia eólica: Brasil sobe para a sexta posição em ranking internacional de capacidade de energia eólica onshore. Gov. br, 2022. Disponível em: https://www.gov.br/pt-br/noticias/energia-minerais-e- combustiveis/2022/04/brasil-sobe-para-a-sexta-posicao-em-ranking-internacional- de-capacidade-de-energia-eolica. Acesso em: 30 jun. 2022. FADIGAS, E. A. F. A. Energia Eólica. São Paulo: Manole, 2011. v. 1. MOREIRA, J. R. S. (org.). Energias Renováveis, Geração Distribuída e Eficiência Energética. 2. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2021. REIS, J. M. V. S. Comportamento dos geradores eólicos síncronos com conversores diante de curto-circuitos no sistema. Dissertação (Mestrado em Ciências em Engenharia Elétrica) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2013. REIS, L. B. Geração de Energia Elétrica. Barueri: Manole, 2017. VIAN, A. et al. Energia Eólica: fundamentos, tecnologia e aplicações. São Paulo: Blucher, 2021. https://abeeolica.org.br/energia-eolica/o-setor/ https://www.gov.br/pt-br/noticias/energia-minerais-e-combustiveis/2022/04/brasil-sobe-para-a-sexta-posicao-em-ranking-internacional-de-capacidade-de-energia-eolica https://www.gov.br/pt-br/noticias/energia-minerais-e-combustiveis/2022/04/brasil-sobe-para-a-sexta-posicao-em-ranking-internacional-de-capacidade-de-energia-eolica https://www.gov.br/pt-br/noticias/energia-minerais-e-combustiveis/2022/04/brasil-sobe-para-a-sexta-posicao-em-ranking-internacional-de-capacidade-de-energia-eolica 53 Sumário Apresentação da disciplina Geração de energia solar: contextualização e introdução Objetivos 1. Geração de energia solar 2. Introdução aos sistemas de energia solar: conceitos gerais Referências Energia solar no Brasil e no mundo: aplicações e arquiteturas Objetivos 1. Energia solar no Brasil e no mundo Referências Turbina e geração eólica: introdução Objetivos 1. Introdução Referências Energia eólica no Brasil e no mundo: aplicações e impactos ao meio ambiente Objetivos 1. Energia eólica no Brasil e no mundo 2. Aplicações 3. Impactos ao meio ambiente Referências
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