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TGP – PARTE 1 O processo surge para garantir a apaziguação social, a regulação da vida em sociedade, a observância dos limites e dos objetivos a serem perseguidos pelo próprio Estado, a segurança jurídica. Métodos de resolução de conflitos ou de composição da lide A intervenção do Estado-juiz deve ser realizada em último caso Os métodos de resolução de conflitos são: o Heterocompositivos o Autocompositivos o Autotutela Métodos heterocompositivos JURISDIÇÃO A jurisdição é uma das matérias principais no estudo do Processo Civil É a função do Estado destinada à solução imperativa, substitutiva e com ânimo de definitividade de conflitos intersubjetivos e exercida mediante a atuação do direito em casos concretos Atua nos direitos controvertidos, realiza fins sociais, políticos e jurídicos do próprio Estado (Art. 3º CF/88) Para exercer adequadamente a função jurisdicional que o Estado Democrático de Direito se vale do processo como método que garanta o atingimento de seus devidos fins pelos devidos meios Fred Didier Jr – é a função atribuída a terceiro imparcial, de realizar de modo criativo e imperativo, reconhecendo/ efetivando/ protegendo situações jurídicas concretamente deduzidas, em decisão insuscetível de controle externo e com aptidão para tornar-se indiscutível É a função do Estado para solucionar os conflitos de forma imperativa, com vistas à pacificação social, através da declaração e proteção do direito tal qual reconhecido pelo Estado-juiz Resolve aqueles conflitos que estiverem previstos em lei O Estado-juiz precisa ser provocado para que possa agir Apenas na jurisdição encontramos a aptidão para fazer a coisa julgada material Dentro do Poder Judiciário, os que exercem a jurisdição são os juízes, desembargadores, ministros Sobre os procedimentos do processo o Pode-se recorrer das sentenças dentro do prazo de quinze dias o Uma vez transitada em julgado, não cabe recurso, e a matéria em pauta torna-se coisa julgada JURISDIÇÃO PROCESSO DIREITO DE AÇÃO (petição inicial) CLASSIFICAÇÃO DA JURISDIÇÃO – QUANTO AO OBJETO CLASSIFICAÇÃO DA JURISDIÇÃO – QUANTO AO GRAU 1º grau – juiz singular (julga sozinho) 2º grau – colegiados (tribunais de justiça. Superiores tribunais decidem matéria de direito, por isso não são de 2º grau) CLASSIFICAÇÃO DA JURISDIÇÃO – CONTENCIOSA OU VOLUNTÁRIA Contenciosa - Quando há violação ou ameaça de violação de um dever jurídico (conflito de interesses), o Estado-juiz é chamado a solucionar o litigio, a compor a lide. o Características: Possui autor / réu Há litigio Faz coisa julgada material (imutabilidade da decisão. Todo processo possui começo, meio e fim. O fim é quando não há CRIMINAL JURISDIÇÃO TRABALHO ESPECIAL ELEITORAL TUDO O QUE NÃO CABE NOS TIPOS ACIMA MILITAR CIVIL mais recursos ou quando a parte não recorre à decisão. Confere segurança jurídica) Voluntária – o Características: Possui interessados ao invés de réu / autor Há uma controvérsia ao invés de litígio Não faz coisa julgada material ARBITRAGEM Art. 3º §1º NCPC – “É permitida a arbitragem, na forma da lei. ” Lei nº 9.307/96 – Lei da Arbitragem Forma paraestatal de resolução de conflitos Para que possa ser realizada, necessita do comum acordo entre as partes Partes: qualquer pessoa capaz de contratar Apenas direitos patrimoniais disponíveis o Se, durante o processo arbitral, surgir controvérsia referente a direitos indisponíveis, o procedimento será suspenso até que se resolva o processo de direito indisponível, e que sua sentença esteja transitada em julgado Árbitros: o Qualquer pessoa capaz e de confiança das partes o Podem ser escolhidos um ou mais, sempre em número ímpar, sempre pelas partes ou por seus representantes legais (advogados), desde que dentro do previsto em lei o Se forem muitos, pode-se escolher um presidente dentre eles. Se não houver concordância entre os árbitros, escolhe-se o mais velho o São regidos pelos mesmos princípios e vedações impostas ao juiz estatal (Art. 95 / CF) Uma vez decidida a lide e proferida a sentença arbitral, não poderá ser novamente submetida a juízo ou arbitragem a mesma matéria A homologação da sentença arbitral não pode ser judicial Evolução histórica Facultativa o O equivalente ao juiz era o ancião ou sacerdote do grupo o A figura do juiz surge antes da figura do legislador o A lei processual surge antes da lei chamada primária (norma que manda fazer ou deixar de fazer) Primeiro surgem normas de resolução de conflitos Depois surgem normas para resolver matéria de direito material Obrigatória – era de Justiniano o Instituição do “juiz” através de nomeação Facultativa – época atual o As duas partes, de comum acordo, escolhem o (s) árbitro (s) o Nem todos os direitos são discutíveis na arbitragem (ex.: direito indisponível) Métodos autocompositivos A autocomposição pode ser: o Espontânea – espécies de autocomposição Transação – concessões recíprocas, ou seja, vindas de ambas as partes. Ex.: negociação entre financeira e devedor Reconhecimento jurídico do pedido – submissão. Réu aceita o que foi pedido integralmente pelo autor Renúncia ao direito – autor abre mão integralmente do seu pedido Quando a submissão ou a renúncia é parcial, então ela é uma transação. Direitos indisponíveis e de personalidade não admitem renúncia. As três formas geram sentença de mérito Podem ocorrer dentro ou fora do processo o Estimulada – ferramentas para estimular a autocomposição Mediação Conciliação MEDIAÇÃO Terceiro imparcial que estimula os envolvidos a pôr termo no conflito existente ou potencial o Escuta orienta e estimula, sem apresentar soluções, para permitir a resolução ou prevenção do conflito Não é necessário que o conciliador seja um juiz togado, poderá ser juízes leigos (advogados) e conciliadores (bacharéis em Direito) o Não pode o mediador impor a realização da mediação, tampouco influenciar ou impor seu resultado Art. 165, §3º NCPC – “§ 3o O mediador, que atuará preferencialmente nos casos em que houver vínculo anterior entre as partes, auxiliará aos interessados a compreender as questões e os interesses em conflito, de modo que eles possam, pelo restabelecimento da comunicação, identificar, por si próprios, soluções consensuais que gerem benefícios mútuos. ” CONCILIAÇÃO A conciliação representa a vontade das partes em solucionar o conflito Pode ser realizada extrajudicialmente, hipótese em que o acordo poderá ser homologado judicialmente O processo civil prevê que, mesmo que já tenha havido procedimento arbitral, antes de quaisquer atos processuais, o magistrado deve conclamar as partes à conciliação o Art. 1º §3º NCPC – “§ 3o A conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual de conflitos deverão ser estimulados por juízes, advogados, defensores públicos e membros do Ministério Público, inclusive no curso do processo judicial. ” o Art. 139, V NCPC – “O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, incumbindo-lhe: promover, a qualquer tempo, a autocomposição, preferencialmente com auxílio de conciliadores e mediadores judiciais; Não poderá o conciliador impor resolução de conflito o Art. 165 §2º - “O conciliador, que atuarápreferencialmente nos casos em que não houver vínculo anterior entre as partes, poderá sugerir soluções para o litígio, sendo vedada a utilização de qualquer tipo de constrangimento ou intimidação para que as partes conciliem. ” JUIZADOS ESPECIAIS Procedimento extremamente simplificado, orientado pela oralidade, simplicidade, informalidade, economia processual e celeridade, buscando, sempre que possível, a conciliação: o Art.2º Lei nº9099/95 – “O processo orientar-se-á pelos critérios da oralidade, simplicidade, informalidade, economia processual e celeridade, buscando, sempre que possível, a conciliação ou a transação. ” Lei nº 9.099/95 – criou os juizados especiais (cíveis e criminais), sob a tutela da União, DF e Estados (Art.1º Lei nº9099/95) Característica principal: imposição da tutela jurisdicional Autotutela Requisitos o Precisa haver previsão legal que a legitime o Não pode haver abuso o Exceção, apenas quando o Estado não possa solucionar o conflito o Situação de emergência em andamento, não em potencial o Garantia de direito equiparável – ninguém pode querer sacrificar um direito alheio com valor relativo maior que o do que deseja sacrificá-lo Imposição de uma parte sobre a outra Uso da força física O direito autoriza o uso da força quando para defender patrimônio (Ex.: Art. 1.210 e 1.470 CC) A autotutela é uma exceção no Direito. Só é manejável se houver texto expresso. o Art. 345 CP – “Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o permite. Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa, além da pena correspondente à violência. § único - Se não há emprego de violência, somente se procede mediante queixa” o Art. 188 CC – “Não constituem atos ilícitos: I - Os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido; II - A deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente. ” o Art.23 CP – “Não há crime quando o agente pratica o fato: [...] III – em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito. ” Não pode haver abuso, exagero na reação da defesa do direito, sob pena de tornar-se fato punível: o Art.23, § único – “o agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo. ” LIDE Nasce da necessidade em comum de mais de uma pessoa, e o objeto de desejo é insuficiente para suprir esta necessidade de forma igual a todos que a possuem Conflito de interesses entre os indivíduos Pretensão – quando um dos indivíduos possui o interesse de que seja sobrelevado sobre o interesse do outro Francesco Carnelutti - Lide é o conflito de interesse qualificado pela pretensão resistida o Interesse é a posição favorável para a satisfação de uma necessidade. Movimento que o indivíduo faz para exteriorizar a sua vontade o Pretensão é a exigência de uma parte, de subordinar o interesse alheio ao interesse próprio A solução da lide interessa a: o Partes envolvidas o Ao Estado o À sociedade (pacificação social) A LIDE SURGE: o Da necessidade – tudo aquilo que faz falta, sejam bens materiais ou imateriais o Por causa de um bem – aquilo que supre a necessidade. Pode ser um direito ou um item de cunho financeiro o Surge o conflito – quando duas ou mais pessoas possuem a mesma necessidade, e querem o mesmo bem. Pode ser resolvido extra ou judicialmente O QUE É PROCESSO? É um conjunto coordenado de atos que buscam um fim, que é a pacificação através da resolução de conflitos Classificação primaria: sua classificação se dá conforme o objeto do litígio o Penal – quando o objeto for crime o Civil – tudo o que não for de matéria penal O processo civil é residual – se aplica subsidiariamente Caráter público ACESSO À JUSTIÇA Acesso à justiça ≠ direito de ação o CF/88 elevou o Processo à categoria de princípio constitucional a ser assegurado PROCESSO - Determina órgãos do Judiciário - Subsunção do Processo à Constituição - Instrumento para a realização do Direito Civil (direito material) CIVIL CONSTITUCIONAL REQUISITOS Direito de ação o Qualquer pessoa que se sentir na iminência de perigo ou de ter seus direitos lesados, pode e deve recorrer ao Poder Judiciário para cessar a ameaça ou restabelecer / restituir seu direito Respeito às garantias o Devido processo legal – Art.5º, LIV, CF – imparcialidade do juiz, igualdade entre as partes, produção de provas, contraditório Decisão útil o Correta aplicação do direito aos fatos Decisão justa o Não pode demorar a ponto de não resolver o litigio (celeridade) o Deve dar ao autor aquilo que poderia receber espontaneamente (se não houvesse a lide) FASES METODOLÓGICAS – EVOLUÇÃO DO PROCESSO Adjetivo o Não existe diferenciação entre direito material e direito processual, sendo este um mero subproduto daquele o Depende integralmente do material (Direito Civil) – 1850 Autônomo o Tem função própria – resolver os litígios o No Brasil começou a ser considerado autônomo a partir de 1980 o Essa fase se destinou a conceituar os institutos processuais, tendo sido sistematizada por inúmeros pensadores, aliado ao fato de que não existia uma preocupação maior do que o processo pode trazer de benesses ao jurisdicionado ou à sociedade Autônomo instrumental o Efetivação do direito material, viabilizando a eficácia da norma jurídica o Sistema que se apoia em escopos sociais, políticos e jurídicos, cada qual com uma função específica o O processo deixa de preocupar-se somente com seus pressupostos internos e ganha contornos sociais, políticos e jurídicos na fase instrumentalista, o que se denomina de escopos que devem ser alcançados pelo processo o Cândido Rangel Dinamarco atribui fins que o processo deve perseguir, como: (i) a paz social e a educação do povo naquele que chama de social; (ii) a afirmação da autoridade do Estado naquele que chama de político; e finalmente (iii) na busca da vontade concreta do direito naquilo de denomina de escopo jurídico PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO PROCESSO CIVIL Tipos o Informativos Princípio lógico Princípio jurídico Princípio político Princípio econômico o Fundamentais Ação / demanda Disponibilidade / indisponibilidade Contraditório Ampla defesa Isonomia Imparcialidade do juiz (juiz natural) Impulso oficial Persuasão racional ou livre convencimento do juiz Motivação Publicidade Lealdade processual Instrumentalidade das formas Duplo grau de jurisdição Devido processo legal PRINCÍPIOS INFORMATIVOS Princípio lógico o Em um processo, que seja possível descobrir a verdade, evitando o erro o Trazer a verdade à tona a partir de uma sequencia ordenada de atos, procedimentos lógicos o Seleção dos meios mais eficazes e rápidos de procurar descobrir a verdade e de evitar o erro Princípio jurídico o Igualdade no processo e justiça na decisão o Que o juiz decida / aplique o direito corretamente ao caso concreto Princípio político o Máximo de garantia social, com o mínimo de sacrifício individual da liberdade o Segurança com liberdade de ação Princípio econômico o Processo acessível a todos, com vistas a seu custo e à sua duração o O processo não pode ser tãocaro que inviabilize o direito de ação, mas deve observar o razoável tempo de duração do processo PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS Ação / demanda o Atribuição dada à parte interessada, que deseja provocar o exercício da função jurisdicional. Necessita de provocação, a jurisdição é inerte (nemo judex sine actore) o Direito ou poder de ativar órgãos jurisdicionais, visando a satisfação de uma pretensão o O juiz deve decidir o caso conforme o que foi pedido o Fica adstrito ao objeto da demanda o Não pode deferir nem mais, nem menos, nem diferente do que foi pedido (em casos de dano moral o juiz tem liberdade de julgar conforme sua interpretação) o Deve obedecer à petição inicial e às contestações Disponibilidade / indisponibilidade o Disponibilidade Liberdade de exercer ou não seus direitos Liberdade / direito de apresentar ou não sua pretensão em juízo, bem como apresenta-la da forma como lhe aprouver, ou ainda, renunciar a ela o Indisponibilidade Mais comum no Direito Penal Não depende da manifestação da vontade O Estado tem não só o direito, mas o dever de atuar e punir DEMANDA ≠ DO PEDIDO = EXTRAPETITA (nula – mediante recurso) + DO PEDIDO = ULTRAPETITA (excedente nulo – mediante recurso) - DO PEDIDO = INFRA/SITRATRAPETITA (interposição de recurso – embargos de declaração) Contraditório o Art.5º, LV, CF – “aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes” o Princípio da audiência bilateral – o juiz deve dar a oportunidade de defesa e contraponto às partes de forma igual; ouvindo uma, não pode deixar de ouvir a outra o O processo é, por excelência, dialético – para cada ação dentro de um processo, deve-se oportunizar uma reação para ambas as partes Citação – oportunidade de resposta do réu. Se ele não se manifestar, será considerado revel, admitindo-se como verdadeira a proposição do autor. Caso não seja possível encontrar o réu (suspeita de ocultação), a citação deverá ser por hora-hora certa CITAÇÃO ≠ INTIMAÇÃO AÇÕES DO JUIZ Despacho – ato de dar mero impulso ao processo Decisão interlocutória – há decisão do juiz, porém ele não encerra o processo (liminares = podem ser concedidas antes de finalizar o processo, e serem modificadas na sentença) Sentença – juiz decide e finaliza o processo Na decisão interlocutória e na sentença cabe recurso Ampla defesa o Art.5º, LV, CF – “aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes” o Produção de provas o Possibilidade de o autor e réu provarem suas alegações o Prova do fato controvertido o O destinatário é o juiz o Alguém que seja acusado de violar ou, quando menos, ameaçar violar normas jurídicas, tem o direito de se defender amplamente o “Recursos a ela inerentes” = meios de prover ao acusado seu direito pleno de se defender. Ex.: Defensoria pública (Art. 134 CF), sistema de assistência jurídica integral e gratuita (Art.5º, LXXIV CF) o Tipos Legal = não contraria a lei Moral = muda com o tempo, de acordo com as mudanças da sociedade Científica = Ilícita = vicio de consentimento Não pode ser aceita, conforme Art.5º CF – “LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos” Isonomia o Igualdade (formal) entre as partes Art.5º, caput, CF – “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade (...)” Art.26 NCPC – “A cooperação jurídica internacional será regida por tratado de que o Brasil faz parte e observará: II - a igualdade de tratamento entre nacionais e estrangeiros, residentes ou não no Brasil, em relação ao acesso à justiça e à tramitação dos processos, assegurando-se assistência judiciária aos necessitados” Art.139 NCPC – “O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, incumbindo-lhe: I - assegurar às partes igualdade de tratamento” o Dentro do processo, réu e autor são tratados de forma igual, para que tenham a mesma oportunidade de fazer valer em juízo as suas pretensões o A igualdade jurídica não pode, contudo, menosprezar a desigualdade substancial entre as partes, sobretudo econômica (igualdade proporcional) CDC – inversão do ônus da prova Por alguns é considerado ofensa ao princípio de igualdade. O CDC foi criado para diminuir a desigualdade material entre fornecedor / fabricante (de bens e serviços) e consumidor; o ônus da prova não viola o princípio da igualdade, pois equipara e diminui o desnivelamento entre o consumidor, hipossuficiente técnica e/ou financeiramente, com o fornecedor / fabricante. “Deve-se tratar os iguais de maneira igual e os desiguais na medida de sua desigualdade” (Aristóteles) Uniformização da maioria dos prazos Imparcialidade do juiz (juiz natural) o Num processo, o juiz está acima e entre as partes o Tem o poder de conduzir as audiências o CF exige juiz natural e proíbe tribunal de exceção Art.5º, XXXVII – “não haverá juízo ou tribunal de exceção” Art.5º, LIII – “ ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente”; o Apresenta um duplo significado: 1º - consagra a norma de que só é juiz o órgão investido de jurisdição, afastando a possibilidade, por exemplo de o legislador julgar; 2º - impede a criação de tribunais ad hoc ou de exceção TRIBUNAL DE EXCEÇÃO ≠ TRIBUNAL ESPECIAL / ESPECIALIZADO GARANTIAS E VEDAÇÕES AO JUIZ Garantias – Art. 95, CF o “I – Vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adquirida após dois anos de exercício, dependendo a perda do cargo, nesse período, de deliberação do tribunal a que o juiz estiver vinculado, e, nos demais casos, de sentença judicial transitada em julgado” o “II - Inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, na forma do art. 93, VIII” o “III - irredutibilidade de subsídio, ressalvado o disposto nos Arts. 37, X e XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I. Vedações – Art. 95, § único, CF o I - Exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de magistério; o II - Receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação em processo; o III - dedicar-se à atividade político-partidária. o IV - Receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei; o V - Exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos três anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração. IMPEDIMETOS AO JUIZ (parcialidade presumida) – Art. 144 NCPC Art. 144. Há impedimento do juiz, sendo-lhe vedado exercer suas funções no processo: o I - Em que interveio como mandatário da parte, oficiou como perito, funcionou como membro do Ministério Público ou prestou depoimento como testemunha; o II - De que conheceu em outro grau de jurisdição, tendo proferido decisão; o III - Quando nele estiver postulando, como defensor público, advogado ou membro do Ministério Público, seu cônjuge ou companheiro, ou qualquer parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral,até o terceiro grau, inclusive; o IV - Quando for parte no processo ele próprio, seu cônjuge ou companheiro, ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive; o V - Quando for sócio ou membro de direção ou de administração de pessoa jurídica parte no processo; (letra morta, conforme Art. 95, § único, I, CF o VI - Quando for herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de qualquer das partes; o VII - Em que figure como parte instituição de ensino com a qual tenha relação de emprego ou decorrente de contrato de prestação de serviços; o VIII - Em que figure como parte cliente do escritório de advocacia de seu cônjuge, companheiro ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive, mesmo que patrocinado por advogado de outro escritório; o IX - Quando promover ação contra a parte ou seu advogado. o § 1o Na hipótese do inciso III, o impedimento só se verifica quando o defensor público, o advogado ou o membro do Ministério Público já integrava o processo antes do início da atividade judicante do juiz. o § 2o É vedada a criação de fato superveniente a fim de caracterizar impedimento do juiz. o § 3o O impedimento previsto no inciso III também se verifica no caso de mandato conferido a membro de escritório de advocacia que tenha em seus quadros advogado que individualmente ostente a condição nele prevista, mesmo que não intervenha diretamente no processo. SUSPEIÇÃO DO JUIZ – Art. 145 NCPC Art. 145. Há suspeição do juiz: o I - Amigo íntimo ou inimigo de qualquer das partes ou de seus advogados; o II - Que receber presentes de pessoas que tiverem interesse na causa antes ou depois de iniciado o processo, que aconselhar alguma das partes acerca do objeto da causa ou que subministrar meios para atender às despesas do litígio; o III - Quando qualquer das partes for sua credora ou devedora, de seu cônjuge ou companheiro ou de parentes destes, em linha reta até o terceiro grau, inclusive; o IV - Interessado no julgamento do processo em favor de qualquer das partes. o § 1o Poderá o juiz declarar-se suspeito por motivo de foro íntimo, sem necessidade de declarar suas razões. o § 2o Será ilegítima a alegação de suspeição quando: I - Houver sido provocada por quem a alega; II - A parte que a alega houver praticado ato que signifique manifesta aceitação do arguido. Art. 146. No prazo de 15 (quinze) dias, a contar do conhecimento do fato, a parte alegará o impedimento ou a suspeição, em petição específica dirigida ao juiz do processo, na qual indicará o fundamento da recusa, podendo instruí-la com documentos em que se fundar a alegação e com rol de testemunhas. o § 1o Se reconhecer o impedimento ou a suspeição ao receber a petição, o juiz ordenará imediatamente a remessa dos autos a seu substituto legal, caso contrário, determinará a autuação em apartado da petição e, no prazo de 15 (quinze) dias, apresentará suas razões, acompanhadas de documentos e de rol de testemunhas, se houver, ordenando a remessa do incidente ao tribunal. o § 2o Distribuído o incidente, o relator deverá declarar os seus efeitos, sendo que, se o incidente for recebido: I - Sem efeito suspensivo, o processo voltará a correr; II - Com efeito suspensivo, o processo permanecerá suspenso até o julgamento do incidente. o § 3o Enquanto não for declarado o efeito em que é recebido o incidente ou quando este for recebido com efeito suspensivo, a tutela de urgência será requerida ao substituto legal. o § 4o Verificando que a alegação de impedimento ou de suspeição é improcedente, o tribunal rejeitá-la-á. o § 5o Acolhida a alegação, tratando-se de impedimento ou de manifesta suspeição, o tribunal condenará o juiz nas custas e remeterá os autos ao seu substituto legal, podendo o juiz recorrer da decisão. o § 6o Reconhecido o impedimento ou a suspeição, o tribunal fixará o momento a partir do qual o juiz não poderia ter atuado. o § 7o O tribunal decretará a nulidade dos atos do juiz, se praticados quando já presente o motivo de impedimento ou de suspeição. Art. 147. Quando 2 (dois) ou mais juízes forem parentes, consanguíneos ou afins, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive, o primeiro que conhecer do processo impede que o outro nele atue, caso em que o segundo se escusará, remetendo os autos ao seu substituto legal. Impulso oficial o Para que o processo se inicie, é necessário que haja a manifestação de vontade das partes interessadas (direito de ação, provocação), para que tenha início. o Após o início, basta que o juiz dê andamento (impulso) ao processo o Sempre terminará, necessariamente, com uma sentença Persuasão racional ou livre convencimento do juiz o Forma de interpretação das provas apresentadas ao juiz o O juiz possui livre convencimento, desde que fundamentado o Não há hierarquia entre provas, exceto a confissão, assim o fato torna- se incontroverso o O juiz deve formar de forma livre sua convicção referente às provas apresentadas e com base nos autos o O juiz decide com base nos elementos existentes no processo, mas os avalia segundo critérios críticos e racionais Não equivale, no entanto, uma decisão arbitraria, pois não deixa de observar a lei, as provas e os autos. Além disso, seu convencimento deve ser motivado Motivação o Art.93, IX, CF – “todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação” Tribunais: acórdão Juízes: despacho, decisão interlocutória, sentença. Apenas o despacho não necessita de fundamentação O juiz deve fundamentar cotejando, ou seja, comparando a lei com o caso concreto Publicidade o Declaração Universal dos Direito Humanos, 1948 – Art. 10: “Todo ser humano tem direito, em plena igualdade, a uma justa e pública audiência por parte de um tribunal independente e imparcial, para decidir sobre seus direitos e deveres ou do fundamento de qualquer acusação criminal contra ele” o Art.93, IX, CF – “todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação” o Todos os processos devem ter publicidade, exceto em casos em que expõem a privacidade das partes e seus direitos de personalidade, ou ainda em caso de interesse público Art.26, III, CF – “A cooperação jurídica internacional será regida por tratado de que o Brasil faz parte e observará: III - a publicidade processual, exceto nas hipóteses de sigilo previstas na legislação brasileira ou na do Estado requerente” o Possibilita o exame dos autos, bem como a presença de público nas audiências o Torna-se instrumento de fiscalização popular sobre a obra dos magistrados, promotores e advogados Lealdade processual o É reprovável que as partes envolvidas no processo se sirvam dele faltando ao dever da verdade, agindo deslealmente e empregando artifícios fraudulentos Em processos em que, normalmente assim se dá, o clima é de discórdia,os litigantes poderiam prestá-lo ao abuso do direito o O autor e todos os envolvidos: Devem cumprir as ordens do juiz Não devem utilizar o processo para protelar a resolução do conflito Não devem pedir aquilo que não lhe é devido Não devem utilizar o processo como forma de coação Devem litigar de boa-fé o Pode ser condenado em multa por litigância de má-fé (multa de 10 a 20% do valor da causa, isto é, daquilo que está sendo indevidamente requerido, podendo ser revertido à parte contrária) Instrumentalidade das formas ou economia processual o Aproveitamento máximo do ato processual o Se o ato realizado fora da forma prevista, sem prejuízo às partes, pode ser aproveitado Duplo grau de jurisdição o Não há previsão explícita / direta na Constituição ou em leis infraconstitucionais, porém, quando a CF estabelece que certos órgãos decidam em caráter / competência recursal, implicitamente requere o princípio Art. 33, §3º, CF – “Nos Territórios Federais com mais de cem mil habitantes, além do Governador nomeado na forma desta Constituição, haverá órgãos judiciários de primeira e segunda instância, membros do Ministério Público e defensores públicos federais; a lei disporá sobre as eleições para a Câmara Territorial e sua competência deliberativa” Art.102, CF. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: I - processar e julgar, originariamente” o É a possibilidade de reanálise de uma decisão, podendo ser na mesma instância, mesmo juiz, ou tribunal hierarquicamente superior o Quem recorre deve ser a sucumbente à decisão, porém, se ao há prejuízo, não há reanálise de sentença Apenas sentença, acórdão e decisão interlocutória cabem recurso TEORIAS REFERENTES AO DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO Contrária o O duplo grau de jurisdição tem a intenção de protelar o processo o Há um grande número de ações / ano (em torno de 200 milhões) o Existe um baixo número de órgãos jurisdicionais o A supressão do duplo grau não irá diminuir com a quantidade de novos processos, tampouco irá suprimir o questionamento da decisão A favor o O recurso tem caráter psicológico – enquanto o Poder Judiciário estiver promovendo a solução de conflitos dos membros da sociedade, estará garantindo a paz social o Inibe decisão arbitrária do juiz Devido processo legal o Art.5º, LIV, CF – “ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal” o Conjunto de garantias dado ao autor e o réu, dentro de um processo Este conjunto de princípios são todos os demais princípios já estudados REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BUENO, Cassio Scarpinella. Curso Sistematizado de Direito Processual Civil. 8ª Ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2014. MARINONI, ARENHART, MITIDIERO. Novo Curso de Processo Civil. Vol. 1. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015. SILVA, Rinaldo Mouzalas de Souza e. Processo Civil. 5ª Ed. Salvador: Editora Juspodivm,2012. CINTRA, GRINOVER, DINAMARCO. Teoria Geral do Processo. 26ª Ed. São Paulo: Editora Malheiros, 2010. GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Direito Processual Civil Esquematizado. Coord. Pedro Lenza. 3ª Ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2013. http://www.rkladvocacia.com/arquivos/artigos/art_srt_arquivo20140421181345.pdf
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