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Mandado de Segurança - Caso Concreto Aula 3

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Mandado de Segurança - Aula 3 - Caso Concreto 
Gabrielle de Oliveira Santana - 201801014094 - Presidente Vargas - Centro I - Manhã
Professora: Any Carolina Garcia Guedes - Prática Simulada Constitucional
MERITÍSSIMO JUIZ FEDERAL DA ____ VARA CÍVEL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE (CAPITAL) - UF
MARIA SOUZA, nacionalidade, estado civil, professora, servidora pública federal, inscrita no CPF sob n° xxxxxxxxxxx, portadora do registro geral n° xxxxxxxxx, residente e domiciliada na rua xxxxxxx, n° xx, bairro xx, município xx, estado xx, UF e CEP, endereço eletrônico xx, por intermédio de sua advogada que este subscreve, endereço eletrônico (e-mail), vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, com fulcro no art. 5°, inc. LXIX, da CRFB, em conformidade com a Lei n° 12.016/2009, impetrar o presente
MANDADO DE SEGURANÇA COM PEDIDO DE TUTELA DE URGÊNCIA ANTECIPADA
contra ato praticado pelo REITOR DA UNIVERSIDADE FEDERAL, Sr.(nome), nacionalidade, estado civil, com documentos de identificação e endereço pessoal desconhecidos, represente legal da referida instituição de ensino superior pública federal, estando esta autoridade coatora vinculada a UNIVERSIDADE FEDERAL, autarquia da União, pessoa jurídica de direito público, inscrita no CNPJ sob n° xxxxxxxxx, com sede ao endereço xx, n° xx, bairro xx, município xx, estado xx, UF e CEP, endereço eletrônico (e-mail), pelos fatos e fundamentos que passa a expor:
I - DA GRATUIDADE DE JUSTICA
Em razão das dificuldades financeiras enfrentadas pela impetrante desde sua demissão, esta não possui como suportar as custas judiciais sem que afete o seu sustento, razão pela qual deve ser contemplada pela gratuidade de justiça, na forma da Lei n° 1.050/1960.
II - DOS FATOS
Inicialmente, vale evidenciar que a impetrante pertencia ao quadro de servidores públicos federais da instituição impetrada, exercendo cargo de professora.
Certo dia, Marcos Silva, aluno da instituição em tela, não contente com a sua nota na disciplina lecionada pela impetrante, aproximou-se de Maria com um canivete, e sob ameaças ordenou que ela concedesse a modificação de sua nota. Nesse instante, a impetrante, com o intuito de evitar a agressão conseguiu desarmar e se escapar do aluno, que acabou sofrendo uma queda e fraturou um dos braços.
Perante o exposto, foi instaurado Processo Administrativo Disciplinar (PAD), com a finalidade de apurar eventual responsabilidade da professora e, concomitante, a impetrante foi denunciada pelo crime de lesão corporal.
No que se refere a esfera criminal, a impetrante foi absolvida, vez que fora provado ter agido em legítima defesa, em decisão que transitou em julgado.
Com relação ao processo administrativo, este prosseguiu, sem a devida citação da impetrante, pois a Comissão nomeada entendeu que a mesma já teria tomado ciência da instauração do procedimento por meio da imprensa e de outros servidores. Ao final, a Comissão apresentou relatório pugnando pela condenação da servidora à pena de demissão.
O PAD foi encaminhado à autoridade competente, ora o impetrado, para a decisão final, que, sob o fundamento de vinculação ao parecer emitido pela Comissão, aplicou a pena de demissão à impetrante, afirmando, ainda, que a esfera administrativa é autônoma em relação à criminal.
Em 11/01/2017, a servidora foi cientificada de sua demissão, por meio de publicação em Diário Oficial, ocasião em que foi afastada de suas funções.
Assim sendo, socorre-se a impetrante do manto do Poder Judiciário, com propósito de obter a necessária tutela jurisdicional.
III - DOS FUNDAMENTOS
No presente caso, o impetrado é responsável por ato de lesão a direito líquido e certo junto à impetrante, vez que comprovado, junto a esfera penal, que a mesma agiu em legítima defesa, resultando em sua sentença absolutória.
Deve-se salientar, ainda, quanto a omissão da tramitação do PAD sem a devida citação da interessada, bem como a descabida decisão do reitor ao aplicar a pena de demissão à impetrante, sob a justificativa apresentada de "que a esfera administrativa é autônoma em relação à criminal".
III.A - DO CABIMENTO DO MANDADO DE SEGURANÇA E DA LEGITIMIDADE ATIVA
O presente mandado de segurança tem cabimento, nos termos do inciso LXIX do artigo 5° da CRFB, como verdadeiro remédio constitucional para afastar ato de autoridade, capaz de causar lesão ou ameaça, a direito líquido e certo não amparado por outra garantia.
"Inciso XIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público"
De acordo com Hely Lopes Meirelles, o direito líquido e certo é o que se apresenta manifesto na sua existência, delimitado na sua extensão e apto a ser exercido no momento da impetração, ou seja, o direito invocado para ser amparável por mandado de segurança, há de vir expresso em norma legal e trazer em si todos os requisitos e condições de sua aplicação ao impetrante.
Ao discorrer desta peça exordial, juntamente com os documentos acostados a esse mandamus, será notabilizado que a impetrante está circundada pelas garantias dispostas nas legislações específicas e jurisprudências cabíveis ao caso.
Cumpre ressaltar, ainda, que o prazo para impetrar o presente instrumento fora devidamente respeitado, haja vista que a impetrante foi cientificada em 11/01/2017 e procedeu ao acionamento do judiciário em 22/02/2017, perfazendo 42 (quarenta e dois) dias entre o período mencionado, conforme dispõe o Art. 23 da Lei n° 12.016/2009:
"Art. 23. O direito de requerer mandado de segurança extinguir-se-á decorridos 120 (cento e vinte) dias, contados da ciência, pelo interessado, do ato impugnado"
De acordo com a Advocacia-Geral, o artigo 23 da Lei nº 12.016/09 deixa claro que o prazo decadencial para impetrar mandado de segurança contra direito lesado é de 120 dias. Após esse período, ocorre a caducidade do direito.
Sendo assim, não há que se falar quanto a inadmissibilidade da impetração do presente mandamus e de possível intempestividade deste, vez que demonstrado os requisitos do instrumento em tela.
III.B - DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL E DA LEGITIMIDADE PASSIVA
O critério definidor da competência da Justiça Federal se baseia no ratione personae, onde é levado em consideração a natureza das pessoas envolvidas na relação processual.
No presente caso, trata-se de ato coator praticado pelo reitor de instituição de ensino superior público federal e, portanto, a competência será da Justiça Federal, consonante jurisprudência originária do REsp n° 373.904/RS:
PROCESSUAL CIVIL. ENSINO SUPERIOR. MANDADO DE SEGURANÇA. UNIVERSIDADE PARTICULAR. DIPLOMA. ALUNO INADIMPLENTE. COMPETÊNCIA. 1. A Primeira Seção, no julgamento do Conflito de Competência n° 35.972/SP, Relator para acórdão o Ministro Teori Albino Zavascki, decidiu que o critério definidor da competência da Justiça Federal é ratione personae, levando-se em consideração a natureza das pessoas envolvidas na relação processual, sendo irrelevante, para esse efeito e ressalvadas as exceções mencionados no texto constitucional, a natureza da controvérsia sob o ponto de vista do direito material ou do pedido formulado na demanda. 2. Nos processos em que se discutem questões no âmbito do ensino superior, são possíveis as seguintes conclusões: a) mandado de segurança - a competência será federal quando a impetração voltar-se contra ato de dirigente de universidade pública federal ou de universidade particular; ao revés, a competência será estadual quando o mandamus for impetrado contra dirigentes de universidades públicas estaduais e municipais, componentes do sistema estadual de ensino; b)ações de conhecimento, cautelares ou quaisquer outras de rito especial que não o mandado de segurança - a competência será federal quando a ação indicar no polo passivo a União Federal ou quaisquer de suas autarquias (art 109,I, da Constituição da República); será de competência estadual,entretanto, quando o ajuizamento voltar-se contra entidade estadual, municipal ou contra instituição particular de ensino. 3. Recurso especial provido.
(STJ-REsp: 373904 RS 2001/0153476-5, Relator: Ministro CASTRO MEIRA, Data de Julgamento: 07/12/2004, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: --> DJ 09/05/2005 p. 325)
Ademais, urge ressaltar o disposto no $ 3° do Art. 6° da Lei n° 12.016/2009, que versa acerca da indicação da Autoridade Coatora:
"Art. 6° A petição inicial, que deverá preencher os requisitos estabelecidos pela lei processual, será apresentada em 2 (duas) vias com os documentos que instruírem a primeira reproduzidos na segunda e indicará, além da autoridade coatora, a pessoa jurídica que esta integra, à qual se acha vinculada ou da qual exerce atribuições.
§3° Considera-se autoridade coatora aquela que tenha praticado o ato impugnado ou da qual emane a ordem para a sua prática."
À vista disso, não há que se falar acerca de possível incompetência do âmbito federal para solução do presente mandamus.
III.C - DA SUCESSÃO DE ATOS ILEGAIS PRATICADOS
Com relação ao PAD que pugnou pela condenação da servidora à pena de demissão, este prosseguiu sem a devida citação da impetrante, onde a Comissão responsável apresentou como justificativa que a mesma já teria tomado ciência da instauração do procedimento por meio da imprensa e de outros servidores.
Ocorre que, concordante com a legislação específica acerca de processos administrativos no âmbito da Administração Pública Federal, é imprescindível que a intimação assegure a certeza da ciência do interessado, o que não sucedeu. E o que garante o $ 3° do Art. 26 da Lei n° 9.784/99:
"Art. 26. O órgão competente perante o qual tramita o processo administrativo determinará a intimação do interessado para ciência de decisão ou a efetivação de diligências.
§3° A intimação pode ser efetuada por ciência no processo, por via postal com aviso de recebimento, por telegrama ou outro meio que assegure a certeza da ciência do interessado."
Quanto a justificativa apresentada pelo reitor, ora impetrado, quando da consumação do ato coator ao aplicar a pena de demissão à impetrante, mister salientar que, de fato, há a existência da autonomia entre as instâncias, figurando, no caso em comento, a penal e a administrativa.
Entretanto, deve-se destacar que há exceções em determinadas conjunturas, em que haverá sim a vinculação entre as instâncias, de modo que não poderá haver condenação na esfera administrativa quando houver absolvição na esfera penal, sendo esta a inteligência do art. 126 da Lei n° 8.112/1990:
Art.126. "A responsabilidade administrativa do servidor será afastada no caso de absolvição criminal que negue a existência do fato ou sua autoria."
O direito líquido e certo não amparado da impetrante é evidente, a qual pugna por sua reintegração através da anulação do ato demissionário realizado pelo impetrado.
IV - DA TUTELA DE URGÊNCIA ANTECIPADA
Consonante com todo o exposto anteriormente, encontram-se presentes os requisitos para concessão do pedido em caráter de urgência, com propósito de alcançar a reintegração imediata da servidora pública federal, ora impetrante, junto a Universidade Federal, bem como o recebimento dos vencimentos pretéritos desde 11/01/2017, sendo a data do ato impugnado.
Neste contexto, nos deparamos com o periculum in mora e fumus boni iuris.
Com relação ao periculum in mora, é sabido que este se refere ao perigo da demora, conforme preceitua o Art. 300 do CPC:
"Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo"
Nesta oportunidade, há de se destacar que o perigo da demora repousa na alta possibilidade da impetrante vir a sofrer consequências gravíssimas diante da sucessão de atos ilícitos praticados, que corroboraram para sua demissão descabida, devendo ser elencados:
a. Ocupação de seu antigo cargo por novo servidor federal, restando na impossibilidade de sua reintegração;
b. Acúmulo de prejuízos de ordem financeira, haja vista não ter conseguido se realocar no mercado de trabalho neste ínterim e ao não estar gerando renda para sua subsistência.
No que se refere ao fumus boni uris, a fumaça do bom direito, esta caracteriza-se por toda a fundamentação realizada nesta peça, juntamente com as provas documentais, que garantem o próprio direito da impetrante a ser reintegrada de pronto a seu antigo cargo, bem como a receber seus devidos vencimentos, ante a demissão ilegal.
Considera-se, ainda, o disposto no inciso III, Art. 7° da Lei n° 12.016/2009, que versa acerca da suspensão do ato, pelo próprio magistrado, que deu motivo ao pedido:
"Art. 7° Ao despachar a inicial, o juiz ordenará:
III - que se suspenda o ato que deu motivo ao pedido, quando houver fundamento relevante e do ato impugnado puder resultar a ineficácia da medida, caso seja finalmente deferida, sendo facultado exigir do impetrante caução, fiança ou depósito, com o objetivo de assegurar o ressarcimento à pessoa jurídica."
Destarte, requer o deferimento da liminar, no sentido de proceder a reintegração imediata da impetrante ao seu antigo cargo junto a Universidade Federal, bem como seja determinado o depósito dos vencimentos retroativos, a contar de 11/01/2017, ora data da demissão ilegal.
V - DOS PEDIDOS
Ante de toda exposição realizada, requer à Vossa Excelência:
a. Que seja concedida a gratuidade de justiça, na forma da Lei n° 1.050/1960, vez que a impetrante se encontra desempregada, não possuindo condições de arcar com as custas;
b. Que seja deferida a liminar requerida, na forma da Lei n° 12.016/2009, vez que presente os requisitos legais para sua concessão, no sentido de promover a reintegração imediata da impetrante ao seu antigo cargo junto a Universidade Federal, bem como seja determinado, no prazo de 5 (cinco) dias, o pagamento dos vencimentos retroativos, a contar 11/01/2017, sob pena de multa diária no valor de R$ 500,00 (quinhentos reais), em caso de desobediência, limitada a R$ 10.000,00 (dez mil reais), valores estes que deverão ser revertidos em favor da impetrante;
c. Que seja determinada a intimação da autoridade coatora no endereço referente à autarquia a qual é vinculada, entregando-lhe a segunda via da exordial acompanhada de todos os documentos acostados, para cumprimento da medida liminar e prestação de informações que julgar pertinentes no prazo da Lei, nos termos do inciso I, Art. 7° da Lei n° 12.016/09;
d. Que seja determinado que se dê ciência do fato ao órgão de representação judicial da pessoa jurídica em comento, enviando-lhe cópia da inicial sem documentos, para que, querendo, ingresse no feito, nos termos do inciso II, Art. 7° da Lei n° 12.016/09;
e. Que o impetrado seja condenado ao pagamento das despesas processuais, na forma da Lei.
VI - DO VALOR DA CAUSA
Concordante com a doutrinadora Hely Lopes Meirelles, o valor da causa em mandado de segurança "deverá corresponder ao do ato impugnado, quando for suscetível de quantificação, e, nos demais casos, será dado por estimativa do impetrante."
Diante disso, dá-se à causa o valor de R$ 5.000,00.
Termos em que,
Pede deferimento.
Rio de Janeiro, 23 de agosto de 2022.
Gabrielle de Oliveira Santana
OAB xxx.xxx/UF

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