Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
See discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.net/publication/272789339 Cistite Enfisematosa em Cães - revisão de literatura Article · January 2010 CITATIONS 0 READS 7,994 1 author: Some of the authors of this publication are also working on these related projects: autoliderança View project Ademir Zacarias Junior Universidade Estadual do Norte do Paraná 16 PUBLICATIONS 19 CITATIONS SEE PROFILE All content following this page was uploaded by Ademir Zacarias Junior on 08 March 2018. The user has requested enhancement of the downloaded file. https://www.researchgate.net/publication/272789339_Cistite_Enfisematosa_em_Caes_-_revisao_de_literatura?enrichId=rgreq-f734225b2aabdcce74044c2308448eda-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI3Mjc4OTMzOTtBUzo2MDE5NzcwMzc3OTEyMzRAMTUyMDUzMzkxODc4NA%3D%3D&el=1_x_2&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/publication/272789339_Cistite_Enfisematosa_em_Caes_-_revisao_de_literatura?enrichId=rgreq-f734225b2aabdcce74044c2308448eda-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI3Mjc4OTMzOTtBUzo2MDE5NzcwMzc3OTEyMzRAMTUyMDUzMzkxODc4NA%3D%3D&el=1_x_3&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/project/autolideranca?enrichId=rgreq-f734225b2aabdcce74044c2308448eda-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI3Mjc4OTMzOTtBUzo2MDE5NzcwMzc3OTEyMzRAMTUyMDUzMzkxODc4NA%3D%3D&el=1_x_9&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/?enrichId=rgreq-f734225b2aabdcce74044c2308448eda-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI3Mjc4OTMzOTtBUzo2MDE5NzcwMzc3OTEyMzRAMTUyMDUzMzkxODc4NA%3D%3D&el=1_x_1&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Ademir-Zacarias-Junior-2?enrichId=rgreq-f734225b2aabdcce74044c2308448eda-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI3Mjc4OTMzOTtBUzo2MDE5NzcwMzc3OTEyMzRAMTUyMDUzMzkxODc4NA%3D%3D&el=1_x_4&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Ademir-Zacarias-Junior-2?enrichId=rgreq-f734225b2aabdcce74044c2308448eda-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI3Mjc4OTMzOTtBUzo2MDE5NzcwMzc3OTEyMzRAMTUyMDUzMzkxODc4NA%3D%3D&el=1_x_5&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/institution/Universidade_Estadual_do_Norte_do_Parana?enrichId=rgreq-f734225b2aabdcce74044c2308448eda-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI3Mjc4OTMzOTtBUzo2MDE5NzcwMzc3OTEyMzRAMTUyMDUzMzkxODc4NA%3D%3D&el=1_x_6&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Ademir-Zacarias-Junior-2?enrichId=rgreq-f734225b2aabdcce74044c2308448eda-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI3Mjc4OTMzOTtBUzo2MDE5NzcwMzc3OTEyMzRAMTUyMDUzMzkxODc4NA%3D%3D&el=1_x_7&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Ademir-Zacarias-Junior-2?enrichId=rgreq-f734225b2aabdcce74044c2308448eda-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI3Mjc4OTMzOTtBUzo2MDE5NzcwMzc3OTEyMzRAMTUyMDUzMzkxODc4NA%3D%3D&el=1_x_10&_esc=publicationCoverPdf por exemplo, urolitíase, neoplasia e es- pessamento da parede vesical causada por inflamação crônica, favorecem a in- fecção enfisematosa vesical por afeta- rem os mecanismos naturais de defesa 9. A virulência da bactéria e o número de micro rganismos inva s o res são os principais fatores que determinam o es- tabelecimento da infecção do trato uri- nário inferior. A capacidade da bactéria de aderir à superfície do epitélio do trato urinário impede sua remoção e permite sua proliferação no intervalo entre as micções. Essa condição é fa c i l i t a d a pelas fímbrias encontradas em muitas e n t e ro b a c t é ri a s , que se cara c t e ri z a m também pela presença ou não de flagelo ou antígeno "H", responsável pela moti- lidade da bactéria, cápsula ou antígeno "K", que confere resistência à fagocito- se, polissacarídeos ou antígeno "O", que diminuem a contratilidade do músculo liso, podendo interromper o peristaltis- mo uretral por facilitar a ascensão das bactérias para a bexiga 10. A cistite enfi s e m atosa está quase Maíra Cremaski Médica veterinária mairacremaski@yahoo.com.br Ademir Zacarias Junior MV prof. aux. Depto. Patologia Geral - UENP zacariasvet@hotmail.com Francielle Gibson da Silva Zacarias MV, profa. dra. adj. Depto. Veterinária e Produção Animal - UENP franciellegs@yahoo.com.br Carlos Frederico G. K. T. da Silva MV, mestre, prof. ass. Depto. Veterinária e Produção Animal - UENP cfgkts@gmail.com Revisão de literatura sobre cistite enfisematosa em cães Resumo: A cistite enfisematosa é uma infecção incomum da vesícula urinária com formação de gás no lúmen ou na parede vesical. É mais comumente encontrada em cães com controle ineficaz de diabetes mellitus, e o aspecto clínico é muito variado. O diagnóstico é frequentemente obtido de forma acidental, através de exames ultrassonográficos ou radiográficos. A radiografia pode revelar uma linha radiolucente ao redor da parede vesical ou pontos radiolucentes em seu lúmen, indicando a presença de gás na parede da bexiga e no lúmen, respectivamente. O tratamento consiste geralmente em drenagem urinária, antibioticoterapia e eliminação do fator predisponente. Contudo, o diagnóstico e o tratamento precoces promovem o prognóstico favorável. Unitermos: bexiga, diabetes mellitus, infecção do trato urinário Abstract: Emphysematous cystitis is an uncommon infection of the bladder with formation of gas within the bladder (lumen) or within its wall. It is most commonly seen in dogs with poorly controlled diabetes mellitus, and clinical signs vary. The diagnosis is often made incidentally through ultrasonographic or radiographic exams.The radiography may reveal a radiolucent line around the bladder wall or radiolucent spots within the lumen, indicating the presence of gas within the bladder wall or within the lumen, respectively. The treatment generally consists on urinary drainage, prompt initiation of antibiotic therapy and elimination of predisposing factors. Nevertheless, early diagnosis and treatment promote a favorable prognosis. Keywords: bladder, diabetes mellitus, urinary tract infections Resumen: La cistitis enfisematosa es una infección incomún de la vesícula urinaria con formación de gas en el lumen o en la pared vesical. Es más usualmente encontrada en perros con control ineficaz de la diabetes mellitus y el aspecto clínico es muy variado. El diagnóstico es frecuentemente obtenido accidentalmente por medio de ultrasonografías o radiografías. La radiografía puede revelar una línea radiolucente alrededor de la pared vesical o puntos radiolucentes en su lumen indicando la presencia de gas en la pared de la vejiga y en el lumen respectivamente. El tratamiento consiste generalmente en el drenaje urinario, antibioticoterapia y eliminación del factor predisponente. Sin embargo, diagnóstico y tratamiento precoces promueven el pronóstico favorable. Palabras clave: vejiga, diabetes mellitus, infección del trato urinario Emphysematous cystitis in dogs - review Revisión de literatura sobre cistitis enfisematosa en perros Introdução A cistite enfisematosa é condição in- comum que consiste na infecção da ve- sícula urinária acompanhada de fermen- tação bacteriana, resultando em forma- ção de bolhas de gás nos ligamentos, luz e parede vesical 1,2. Na medicina veterinária, foi pri-mei- ramente descrita por Heuper em 1926, durante a necropsia de um cão diabético com hiperglicemia, glicosúria e lesões típicas da afecção 3. Muitos casos são observados em animais diabéticos, su- gerindo que as bactérias formadoras de gás usem a glicose como substrat o . Porém, a cistite enfisematosa também é re l atada em animais não diab é t i c o s , com ou sem anormalidades ve s i c a i s concomitantes 4. Sua patogenia não está completamente esclarecida 5; no entan- to, a cistite enfisematosa parece ser re- sultado de infecção vesical primária 6. Etiologia Em seres humanos, vários microrga- nismos causadores de cistite enfisema- tosa foram isolados na urocultura, sendo a bactéria Escherichia coli de maior prevalência. Outros microrganismos re- latados incluem Klebsiella pneumoniae, Pseudomonas aeru gi n o s a , P ro t e u s mirabilis, Candida albicans, Candida t ro p i c a l is , A s p e rgillus fumigat u s , S t ap hylococcus aure u s , S t rep t o c o c c u s spp, Enterococcus faecalis, Enterobac - ter aerogenes, Clostridium perfringens e Clostridium welchii 7. Em cães e gatos, os microrganismos comumente isolados são Escherichia coli e Clostridium spp, sendo que algumas espécies de Clostri - dium (C. septicum, C. chauvoei, C. per - fringens, C. sordellii, C. novyi e C. welchii) são capazes de causar lesões necrosantes e enfisematosas. Os micror- ganismos E. coli e Clostridium spp são saprófitas e fazem parte da microbiota natural do intestino 8. A maioria das cistites bacterianas é causada por bactérias da microbiota cu- tânea ou intestinal que ascendem atra- vés da uretra. Defeitos anatômicos e lesões nas barreiras das mucosas, como, x ganismos pode se acumular na submu- cosa ou no lúmen da bexiga, penetrando através da mucosa e da camada muscu- lar e inflando a serosa como um balão 16. O gás livre no lúmen vesical pode ser causado pela ruptura das vesículas pre- sentes na parede vesical 3. O esvaziamento vesical é um meca- nismo de defesa natural eficiente contra as infecções. A micção completa é res- ponsável pela remoção de mais de 95% das bactérias não aderidas que conse- guem chegar à bexiga. As propriedades antibacterianas, como a combinação de pH baixo e concentração elevada de ureia e ácidos orgânicos da urina, tam- bém constituem importante mecanismo de defesa. No entanto, a urina diluída formada por animais com problemas de poliúria e polidipsia, em decorrência do diabetes mellitus, tem menos proprieda- des antibacterianas, pois a urina mais diluída tem concentração de ureia mais baixa e pH alterado, tendo assim ação antibacteriana diminuída 9. Com relação à hipótese do desenvolvimento da cistite tendo a albumina como substrato ou a diminuição da resposta do hospedeiro como fator desencadeante, nada foi en- contrado na literatura consultada que explicasse como atuariam esses meca- nismos. Sinais clínicos A cistite enfi s e m atosa pode ser assin- tomática nos seres humanos, ap a re c e n d o como achado ra d i ogr á fico acidental, o u causar disúri a , h e m at ú ri a , feb re e seve ra dor abdominal. A pneumat ú ria é descri t a como sinal clínico específi c o 6 , 1 7. Nos animais com cistite enfisematosa pre- viamente diagnosticados, sinais clínicos como dor abdominal, polaquiúria e he- matúria, podem estar presentes 3. A apresentação clínica da cistite enfi- sematosa é pouco específica, podendo variar de um quadro leve ao choque sép- tico. A evolução da cistite enfisematosa pode se complicar, levando a necrose da parede vesical, propagação da infecção para todo o trato urinário, enfisema sub- cutâneo, perfuração vesical e choque séptico 18. Diagnóstico O diagnóstico da cistite enfisematosa é difícil, pois os sinais clínicos podem ser brandos, severos ou inespecíficos e são frequentemente obtidos de forma acidental em exames radiográficos. A imagem é essencial para o diagnóstico de pacientes com diabetes, infecção do trato urinário inferior ou dor à palpação abdominal, porque pode detectar a pre- sença de gás na parede vesical. A radio- grafia convencional e a ultrassonografia são os métodos mais utilizados para avaliar esses pacientes, sendo a tomo- grafia computadorizada e a celiotomia exploratória também eficazes 19-21. Em casos de cistite enfisematosa, en- contram-se em radiografias simples gás na parede, nos ligamentos e na luz da vesícula urinária. Pode-se realizar exa- me contrastado, como a cistografia de duplo contraste, que é a injeção por via uretral de contraste negativo e positivo, o que irá evidenciar de forma precisa a parede vesical 14. Ocasionalmente o gás pode se desprender da parede da vesícu- la urinária e ir para o tecido adiposo pe- rive s i c u l a r 2 2. No entanto, a pequena aglomeração de gás é difícil de detectar por meio de radiografia; nesse caso, o exame ultrassonográfico parece ser a técnica mais sensível para a detecção de gás na parede da vesícula urinária no estágio inicial da cistite enfisematosa 23. A ultrassonografia permite a avalia- ção da anatomia interna sem o uso de contraste, levando em consideração que a bexiga é um órgão de fácil acesso ul- trassonográfico, por suas propriedades acústicas, devido ao conteúdo fluídico e à localização superficial. Assim como no exame radiográfico, a bexiga nor- malmente se ap resenta com fo rm at o arredondado ou oval, e seu contorno pode variar dependendo do grau de dis- t e n s ã o , da posição do paciente, d a pressão das estruturas abdominais adja- centes e dos processos pat o l ó gi c o s . Lesões neoplásicas, cálculos vesicais, coágulos sanguíneos e alterações infla- matórias podem ser visibilizados e, al- gumas ve ze s , d i fe renciados entre si baseando-se em suas características ul- trassonográficas e nos sintomas apre- sentados 13. No exame ultrassonográfico de cistite enfisematosa (Figura 1), artefatos hipe- recóicos multifocais podem ser visibili- zados na parede, com marcada reverbe- ração e sombreamento acústico causa- dos pelo gás intramural. Essas sombras são imóveis e atingem todas as margens da parede, devendo ser diferenciadas das bolhas de gás intraluminais livres. sempre associada a pacientes diabéticos com glicosúria e infecção do trato uriná- rio, mas também pode ocorrer associada à realização de terapia prolongada com corticóide, levando a linfopenia persis- tente. Outro fator que também deve ser considerado é a cateterização, pois as bactérias passam da uretra para a bexi- ga, podendo lesionar a mucosa vesical. A infecção do trato urinário crônica ou recorrente, além de promover a lesão da mucosa, também acarreta hipóxia, pre- dispondo à multiplicação de microrga- nismos anaeróbios, como o Clostridium spp. Todos esses fat o res constituem risco comprovados para o desenvolvi- mento de cistite enfisematosa 9,11,12,13. Como dife rencial para a presença de gás na vesícula uri n á ri a , há a condição i at rog ê n i c a , o uso de instrumentos no t rato urogenital pode causar fístulas li- gando a bex i ga ao cólon ou à vagi n a1 1, o u ainda por sondagem ou cistocentese 1 4. Patogenia A patogenia da cistite enfisematosa ainda não é completamente compreen- dida, porém algumas teorias tentam ex- plicar essa rara infecção 7. O diabetes mellitus é fator predispo- nente para a cistite enfisematosa, pois associa fatores como alta concentração de glicose no tecido, função leucocitária diminuída e menor perfusão tecidual. A união desses fatores, associada a mi- crorganismos formadores de gás, é fa- vorável ao desenvolvimento de infecção enfisematosa do trato urinário. Suspei- ta-se que a alta concentração de glicose no tecido atue como substrato favorável para a produção de dióxido de carbono e hidrogênio através do processo de fer- mentação bacteriana 7,11. Em pacientes não diabéticos, é a al- bumina urinária que pode agir como substrato para a multiplicação dos pató- genos produtores de gás. Há também uma teoria que sugere a diminuição da resposta do hospedeiro envo l ve n d o comprometimento vascular e diminui- ção do catabolismo nos tecidos e predis- pondo assim os pacientes à infecção en- fisematosa 7. O mecanismo pelo qual o gás está presente na parede da vesícula urinária pode envolver o desprendimento trans- luminal do gás ou uma real infecção com presença do patógeno na parede vesical 15. O gás produzido pelos micror- x ção de Gram permite a identificação do patógeno como gram-positivo ou gram- negativo, o que também será muito útil para determinar a terapia inicial 27. A cistite enfisematosa é considerada infecção do trato urinário complicada, pois está associada a defeitos dos meca- nismos de defesa do animal. Nesses casos, o tratamento com antibioticotera- pia apenas não costuma ser eficiente: os sinais podem persistir durante o trata- mento ou recidivarem logo após a retira- da do antibiótico. Então torna-se mais difícil padronizar a recomendação de antibióticos, e o tratamento irá depender da condição associada (cat e te ri z a ç ã o por tempo prolongado, obstrução, dia- betes, etc.) e do microrganismo identifi- cado 10. Os agentes Clostridium spp e E. coli são os mais comumente identificados em casos de cistite enfisematosa. A rea- lização de antibioticoterapia por longo período mostrou-se eficaz com enroflo- xacina para bactérias gra m - n egat iva s como E.coli e amoxicilina ou metroni- dazol para anaeróbicos como Clostri - dium perfringens 3,28. O tratamento da cistite enfisematosa pode ser dividido em duas fases: uma com o intuito de resolver o quadro in- feccioso mediante correta hidratação, drenagem urinária, antibioticoterapia e controle dos níveis de glicose; a fase posterior consistirá na eliminação dos fatores predisponentes, como urolitíase, cistite crônica e diabetes mellitus 18. A infecção do trato urinário inferior complicada, como a cistite enfisemato- sa, deve ser tratada por quatro a seis se- manas. A eficácia da antibioticoterapia pode ser confirmada pela ausência de bactérias na urina após três a cinco dias. Sete a dez dias após o fim do tratamen- to também é indicada nova urocultura para determinar se a infecção foi elimi- nada 9,27. Os pacientes que não respondem ao tratamento médico ou os que tiverem in- fecção necrosante severa podem reque- rer cistectomia parcial ou debridamento cirúrgico 7. O prognóstico favorável frequente- mente é esperado, principalmente em casos em que o tratamento é instituído precocemente. O prognóstico reservado é esperado quando há envolvimento de ureteres e rins, necessitando de inter- venção cirúrgica, ou se há presença de sepse 16. Conclusão A cistite enfisematosa é afecção rara, acometendo com maior frequência ani- mais diabéticos com glicosúria. Pode também estar presente em animais não diabéticos, com outros fatores predispo- nentes para a proliferação de bactérias formadoras de gás na vesícula urinária, como urolitíase, cistite crônica, neopla- sia e divertículo urinário. A realização de exames radiográficos e ultrassonográficos em animais diabéti- cos, com infecção do trato urinário infe- rior ou dor à palpação é importante para o diagnóstico, porque a cistite enfisema- tosa não apresenta sinais clínicos espe- cíficos, quase sempre sendo achado aci- dental. A escolha do antibiótico deve ser ba- seada em urocultura e antibiograma, e os fatores predisponentes devem ser so- lucionados para que o tratamento seja eficaz. Quando a cistite enfisematosa é diagnosticada e tratada precocemente, o prognóstico para a doença é favorável. O prognóstico será reservado se a infec- ção ascender para os rins, ou na pre- sença de sepse. Agradecimentos Agradecemos ao professor dr. Júlio C a rlos Canola da Unesp-Jab o t i c ab a l , por gentilmente co-orientar a autora Maíra Cremaski em seu estágio curricu- lar, quando da obtenção da imagem da figura 1. Referências 01-MCCABE, J. B. ; MCGINN, M. W. ; OLSSON, D. ; WRIGHT, V. Emphysematous cystitis: rapid resolution of symptoms with hy p e r b a ric t re at m e n t : a case rep o rt. U n d e rsea and Hyperbaric Medical Society, v. 31, n. 3, p. 281- 284, 2004. 02-THRALL, D. E. The urinary bladder. Text book of Ve t e ri n a ry Diagnostic Radiology. 4. ed. Philadelphia: W. B. Saunders, 2002, p. 585. 03-PELI, A. ; FRUGSNTI, A. ; BETTINI, G. ; ASTE, G. ; BOARI, A. Emphysematous cystitis in two glycosuric dogs. Veterinary Research Communications, v. 27, n. 1, p. 419-423, 2003. 0 4 - FA R ROW, C. S. Kidney, u re t e ra l , bl a dd e r, prostatic, and urethral disease. Veterinary diag- nostic imaging. The dog and the cat. St. Louis: Mosby, 2003. p. 681. 05-JAIN, M. ; UPADHYAY, D. Emphysematous cystitis and renal stones in cystic fi b ro s i s . Journal of the American Medical Association, v. 292, n. 16, p. 1953-1954, 2004. 06-HSIN, S. C. ; HSIEH, M. C. ; LIN, H. Y. ; HSIA, P. J. ; SHIN, S. J. Emphysematous cystitis, a rare As bolhas de gás livre são focos hipere- coicos que se movem e oscilam no lúmen, subindo até a área superior do lúmen da bexiga e formando artefato de reverberação ou “cauda de cometa”. En- tretanto, o gás intraluminal livre pode também estar presente nos casos de cis- tite enfisematosa 24. A deposição de gás na parede de órgãos ocos é característica de destrui- ção e necrose dessas estruturas 25. A cis- tite necrosante pode também estar pre- sente concomitantemente à cistite enfi- sematosa 22. Em casos de cistite enfisematosa, o diagnóstico precoce é muito importante, pois o tratamento é difícil e a recorrên- cia é frequente 20. Na medicina veterinária de pequenos animais, a modalidade de imagem mais precisa para a avaliação abdominal é a tomografia computadorizada. Entretan- to, por tratar-se de exame mais oneroso para o proprietário, ela é mais indicada nos casos em que os exames radiográfi- co e ultrassonográfico são ineficientes para o diagnóstico 13. A celiotomia exploratória é o método de diagnóstico que pode ser indicado nos casos em que os diagnósticos por imagem são inconclusivos, com a gran- de vantagem de se poder realizar bióp- sia da mucosa vesical, sendo esse mate- rial enviado para cultivo laboratorial. A cultura a partir da amostra do tecido vesical tem resultados mais satisfatórios quando comparados com os resultados da urocultura 26. Tratamento Antes de se iniciar o tratamento, a realização de urocultura e de antibiogra- ma é prioritária. A realização da colora- x Figura 1 - Imagem ultrassonográfica da vesícu- la urinária de um cão macho sem raça definida, de dois anos de idade. Há hiperecogenicidade da parede vesical (seta grossa) e artefatos de reverberação (seta fina) 40-46, 2004. 14-HUDSON, J. A. Sistema urinário. In: HUDSON, J. A. ; BRAWNER, W. R. ; HOLLAND, M. ; BLAIK, M. A. Radiologia abdominal prática in pequeños animales. 1. ed. Barc e l o n a : Multimédica, 2002. p.116. 1 5 - B O B BA , R. K. ; A R S U R A , E. L. ; SARNA , P. S. ; S AW H , A. K. Emphy s e m atous cy s t i t i s : a n unusual disease of the genito-urinary system suspected on imagi n g. Annals of Clinical Microbiology and Antimicrobials, v. 3, p. 20, 2004. 16-CHONG, S. J. ; LIM, K. B. ; TAN, Y. M. ; CHOW, P. K. H. ; YIP, S. K. H. Case report: atypical presentation of emphysematous cystitis. American Journal Emergency Medical, v. 16, n. 1, p. 664-666, 2005. 17-NEMATI, E. ; BASRA, R. ; FERNANDES, J. ; L E V Y, B. J. Enphy s e m atous cy s t i t i s . Nephrology Dialysis Transplantation, v.20, n. 3, p. 652-653, 2005. 18-PÉREZ, V. J. B. ; HERNANDEZ, J. A. G. ; NA DA L , P. V. ; TO R R A L BA , J. A. N. ; PASTOR, S. ; COVES, R. ; BARBA, E. M. ; A L BAC E T E , M. P. Pe r fo ración vesical intraperitoneal em el transcurso de uma cistitis enfisematosa. Actas Urológicas Españolas, v. 24, n. 6, p.501-503, 2000. 19-LECLERCQ, P. ; HANSSEN, M. ; BORGOENS, P. ; BRU Y È R E , P. J. ; LANCELLOT T I , P. E m p hy s e m atous cystitis. Canadian Medical Association, v. 178, n. 7, p. 836-839, 2008. 2 0 - L L O R E N S, P. ; FOMINAYA , A. C. ; LÓPEZ, F. ; RODRIGUEZ-QUIRÓS, J. ; SAN ROMÁN, F. Image diagnosis of the emphysematous cystitis in the dog. 2005. Disponível em: <http:/www.ivis.org>. Acesso em: 28 ago. 2008. 21-PERLEMOINE, C. ; NEAU, D. ; RAGNAUD, J. M. ; GIN, H. ; SAHNOUN, A. ; PARIENTE, J. L. ; RIGALLEAU, V. Emphysematous cystitis. Diabetes & Metabolism, v. 30, n. 4, p. 377-379, 2004. 22-OWENS, J. M. The genitourinary system. In: ___. Radiographic interpretation for the small animal cl i n i c i a n. 1. ed. , Saint Louis: International Copyright Union, 1982. p.185. 23-PETITE, A. ; BUSONI, V. ; HEINEN, M. P. ; B I L L E N, F. ; SNA P S, F. Radiographic and u l t ra s o n ographic findings of enphy s e m atous cystitis in four nondiabetic female dog s . Veterinary Radiology & Ultrasound, v. 47, n. 1, p. 90-93, 2005. 24-KEALY, J. K. ; MCALLISTER, H. O abdome. Radiologia e ultrassonografia do cão e do gato. 3. ed. São Paulo: Manole, 2005. p. 113. 25-KIEFER, I. ; MULLER, F. ; HIMMELSBACH, P. ; OECHTERING, G. ; ALEF, M. Sonographic detection of gas as aid in making a diagnosis. TierarztlichePraxis Ausgabe, v. 36, n. 3, p.177- 184, 2008. 26-KIRBY, M, B. Exploratory laparotomy and biopsy tech n i q u e s. W S AVA , 2008. Dubin, Ireland. Disponível em: <http:/www.ivis.org>. Acesso em: 19 nov. 2008. 27-DOWLING, P. M. Antimicrobial therapy of uri- n a ry tract infections. Canadian Ve t e ri n a ry Journal, v. 37, n. 7, p. 438-441, 1996. 28-SPILLMANN, T. Canine biliary tract diseases, how to reveal and treat them. 2007. Disponível em: <http:/www.ivis.org>. Acesso em: 16 ago. 2008. complication of urinary tract infection in a male d i abetic pat i e n t : a case rep o rt. K a o h s i u n g Journal Medicine Science, v. 19, n. 3, p.132- 134, 2003. 07-THOMAS, A. A. ; LANE, B. R. ; THOMAS, A. Z. ; REMER, E. M. ; CAMPBELL, S. C. ; SHOSKES, D. A. Emphysematous cystitis: a review of 135 cases. BJU International, v. 100, p. 17-20, 2007. 08-LANG, J. ; HOWARD, J. Infectious endocarditis caused by gas-producing E. coli in a diabetic dog. Journal of Small Animal Practice, v. 49, p. 44-46, 2007. 09-NELSON, R. W. ; COUTO, C. G. Infecções do trato urinário. Medicina interna de pequenos a n i m a i s. 2. ed. , Rio de Ja n e i ro : G u a n ab a ra Koogan, 2001. p. 500-505. 10-HEILBERG, I. P. ; SCHOR, N. Abordagem diag- nóstica e terapêutica na infecção do trat o u ri n á rio. R evista da Associação Médica Brasileira, v. 49, n. 1, p. 109-116, 2003. 11-AIZENBERG, I. ; AROCH, I. Emphysematous cystitis due to E. coli associated with prolonged chemotherapy in a non-diabetic dog. Journal of Veterinary Medicine, v. 50, n. 8, p. 396-398, 2003. 12-BURK, R. L. ; ARCKERMAN, N. The abdomen. Small animal ra d i o l ogy and ultrassonography. 2. ed. Philadelphia: W. B. Saunders, 1996, p. 363. 13-GALLATTI, L. B. ; IWASAKI, M. Estudo com- parativo entre as técnicas de ultrassonografia e cistografia positiva para detecção de alterações vesicais em cães. B razilian Jo u rmal of Veterinary and Animal Science, v. 41, n. 1, p. x View publication statsView publication stats https://www.researchgate.net/publication/272789339
Compartilhar