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Curso de Aperfeiçoamento em Educação e Tecnologia - Módulo 2 - Ensino Híbrido

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Módulo 2 
ENSINO HÍBRIDO: CARACTERÍSTICAS, 
FUNDAMENTOS E PLANEJAMENTO 
Introdução 
Para discutir e refletir a respeito do ensino híbrido, precisamos observar que historicamente os processos sociais 
sofrem transformações, quebram e ultrapassam obstáculos e na educação isso não é diferente. Entre as iniciativas 
brasileiras no âmbito educacional para a superação de obstáculos, ampliação e garantia de acesso da população à 
formação e ao conhecimento, citamos as legislações das últimas décadas como a Constituição Federal de 1988, com 
especial atenção aos artigos de 208 a 212; a Lei de Diretrizes e Bases da Educação nº 9.394/ 96 (LDB, 1996); Base 
Nacional Comum Curricular (BNCC) entre outras. 
Essas legislações, bem como as ações implementadas a partir de suas diretrizes, constituem avanços e expansão do 
ensino tanto nos aspectos legais quanto de garantia de políticas públicas. E, paralelamente, ocorrem também os 
avanços e desenvolvimentos tecnológicos que impulsionam ainda mais a necessidade de implementação de iniciativas 
inovadoras que possibilitem diferentes formas de aprender. 
Nesse contexto, faz-se necessária a conjunção de diferentes estratégias de ensino, a exemplo do ensino híbrido, 
temática apresentada e discutida neste material. 
O ensino híbrido, também conhecido como semipresencial, trata-se do formato em que 
parte do conteúdo é trabalhado a distância e outra parte inclui necessariamente espaço 
físico com atuação e interação presencial entre os envolvidos: professores e estudantes. 
Para o desenvolvimento da parte a distância, na atualidade são utilizadas 
plataformas/ambientes virtuais de aprendizagem via internet, favorecendo, entre outros 
aspectos, que o ensino e a aprendizagem ocorram de inúmeras formas, em todos os 
momentos e diferentes espaços. 
 
Embora seja recorrente entre os pesquisadores a afirmação de a educação sempre foi misturada, híbrida e combinou 
vários espaços, tempos, metodologias, públicos e atividades, vale observar que estudos recentes revelam que, dada a 
realidade da mobilidade e da conectividade dos últimos tempos, o ensino híbrido vem se tornado cada dia mais 
"perceptível, amplo e profundo", e que as interações são mais abertas e criativas (MORAN, 2015). 
Em síntese, podemos dizer que esse formado de ensino é composto por duas valiosas partes que se completam: a que 
ocorre em espaço físico, na sala de aula onde os estudantes interagem presencialmente entre si e com o professor 
trocando diferentes experiências e a que ocorre a distância por meio de plataforma de aprendizagem via internet. 
Cabe aqui um destaque a esta última que, além de favorecer a troca de experiências, propicia também mais autonomia 
à forma de aprendizagem do estudante. 
Portanto, assim como nas atividades profissionais que requerem das pessoas responsabilidade pela própria 
aprendizagem, no ensino híbrido o estudante também assume mais essa responsabilidade à medida que atua de forma 
participativa e toma para si a resolução de problemas e o desenvolvimento de ações com vistas à construção do 
próprio conhecimento. Para que isso seja possível, o processo de ensino necessita de currículo e de práticas 
pedagógicas adequadas, bem como de atividades que favoreçam o desenvolvimento de diferentes competências e 
habilidades. 
Características e fundamentos do ensino híbrido ou 
semipresencial 
O processo educacional é amplo, complexo, dinâmico e requer avanços constantes para atender as exigências que 
surgem a cada período histórico, para responder às necessidades e circunstâncias do contexto social de cada período. 
São avanços no sentido de superar a fragmentação das políticas educacionais e subsidiar o fazer educacional, em 
especial as práticas pedagógicas em torno de um bem maior - a aprendizagem de todos os estudantes. 
De acordo com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), "para além da garantia de acesso e permanência na escola, 
é necessário que sistemas, redes e escolas garantam um patamar comum de aprendizagens a todos os 
estudantes,(...)". E ainda que "competência é definida como a mobilização de conhecimentos (conceitos e 
procedimentos), habilidades (práticas, cognitivas e socioemocionais), atitudes e valores para resolver demandas 
complexas da vida cotidiana, do pleno exercício da cidadania e do mundo do trabalho". Portanto, cabe à educação em 
articulação com outros segmentos e atores, propiciar meios para a obtenção de um conjunto de aprendizagens 
essenciais para a formação e o desenvolvimento integral do sujeito. 
Essa dinâmica de mudança e integração educacional exige também organização operacional para atendimento às 
demandas dos professores, estudantes e familiares que se encontram inseridos num processo social de permanente 
utilização das mais diversas e atuais tecnologias digitais. 
 
As tecnologias de informação e comunicação atreladas à organização didática 
propiciam inúmeras formas de desenvolvimento de metodologias para realização de 
práticas pedagógicas, tanto no ensino presencial quanto a distância ou no misto: 
ensino híbrido. O uso dessas tecnologias no processo de ensino e aprendizagem 
pode, ainda, influenciar a reconfiguração das práticas nesse processo. 
No ensino híbrido tem surgido algumas formas de organização operacional ou de modelos como, por exemplo, rotação 
por estações, laboratório rotacional que se assemelha ao modelo por estações, sala de aula invertida, entre outras. 
Por meio dessas organizações é possível disponibilizar diferentes programas, softwares e atividades síncronas e 
assíncronas (assunto abordado na seção Interações e atividades síncronas e assíncronas), para realizar pesquisas, 
desenvolver leituras e aprofundar estudos. O importante é que essas estratégias possibilitam inovações no processo 
de ensino e permitem aos professores e aos estudantes melhoria e aprimoramento nas formas de aprender, 
conciliando o emprego de tecnologias antigas e também as novas, que podem fortalecer não somente as práticas 
semipresenciais, mas também nas presenciais e, em especial, nas realizadas totalmente a distância. 
Para você compreender um pouco mais a respeito dos modelos de ensino híbrido mencionados no parágrafo anterior, 
veja no detalhamento a seguir, algumas informações sobre cada um deles. Lembrando que são apenas alguns 
exemplos e que existem outros modelos. 
Rotação por estações 
Nesse modelo, é feita uma divisão em estações de trabalho, sendo que em cada estação tem um objetivo específico a 
ser trabalhado, a ser alcançado. Mas todos eles estão ligados ao objetivo geral da atividade ou do projeto a ser 
desenvolvido. Portanto, para desenvolver todas as etapas, cada estudante ou pequeno grupo de estudantes precisa 
passar por cada uma das estações, e para isso é definido e pré-estabelecido com a turma o tempo de permanência em 
cada uma delas. 
Laboratório rotacional 
Já nesse modelo, os estudantes são divididos em dois grupos como por exemplo: enquanto um grupo realiza uma 
atividade em sala de aula ou em outro espaço (de escrita, debate a respeito de determinado tema, etc.), o outro vai 
para um laboratório de informática para estudos teóricos, análise e sistematização de dados, entre outros, por meio 
de programas, softwares e atividades que estarão disponíveis. 
Sala de aula invertida 
Nesse modelo de aprendizagem, o aluno estuda o conteúdo antes de ir para o momento presencial, para sala de aula. 
Ou seja, ele estuda e se prepara a distância e chega mais preparado para realizar as atividades presenciais em sala de 
aula com os colegas e o(a) professor(a). Com essa oportunidade de chegar preparado à sala de aula, o estudante pode 
se dedicar à área que tiver maior dificuldade, ou apenas aproveitar mais o momento com o grupo para discutir e rever 
os conteúdos ou situações que não ficaram bem claras. 
 
Como podemos observar, o uso de diferentes tecnologias permeia o ensino híbrido e cria instrumentos e práticasque 
favorecem tanto o desenvolvimento de diferentes atividades simultâneas e realizadas no mesmo local, sendo cada 
uma com um objetivo específico, quanto de atividades presenciais combinadas com outras desenvolvidas a distância, 
podendo, portanto, ser realizada esta última em momentos e locais diferentes. 
Segundo registros, o ensino híbrido com inserção de variadas tecnologias digitais para o desenvolvimento de projetos 
aplicados já ocorre e é tendência em alguns países. No entanto, é preciso ter em mente que a materialização dessa 
metodologia de ensino é diferente de discutir sobre ela, já que há a necessidade de as escolas disporem de 
infraestrutura, recursos de novas tecnologias digitais e rede de internet que viabilizem esse formato de ensino. E que 
os educadores estejam estimulados a utilizá-lo, com vistas à melhoria do aprendizado dos estudantes com o 
desenvolvimento de práticas pedagógicas que possam melhor atender à realidade da atual geração de estudantes. 
Uma característica importante do ensino híbrido é que o estudante tem mais autonomia e controle do próprio 
processo de aprendizagem, podendo estudar conforme o seu ritmo: ler e reler os conteúdos, escrever e reescrever 
seus textos e suas produções acadêmicas quantas vezes achar necessário; ampliar, aprofundar e confrontar 
conhecimentos por meio de consulta a diferentes fontes de pesquisas. 
Estudos têm revelado que as pessoas que realizam os estudos por meio de ensino 
híbrido obtêm melhores resultados em relação às que realizam todos os seus 
estudos a distância. Isso porque a combinação da possibilidade de ler, pesquisar, 
analisar e refletir a distância em momentos individuais de acordo com o ritmo e 
necessidade de cada um, e depois de expor as próprias percepções e conclusões em 
atividades presenciais, confrontando-as com as de um grupo: colegas e professores, 
favorece a todos uma maior expansão de novos horizontes, de uma visão mais 
abrangente sobre os conteúdos e conceitos em estudos e de, assim, atingirem 
melhores resultados… 
A adoção de determinada metodologia de ensino em detrimento de outra é uma decisão estratégica que sempre leva 
em consideração vários fatores como os objetivos a serem alcançados, o público-alvo, os recursos didáticos e 
tecnológicos a serem utilizados, a possibilidade de diferentes formas de aprendizagem, entre outros. E como 
destacado na introdução desse material, essa adoção deve ter como alicerce embasamentos legais. 
Ao optar pela metodologia semipresencial/híbrida para realização dos estudos em determinado nível de ensino, por 
exemplo, é preciso saber o que a legislação define para o referido nível. Atualmente, a legislação brasileira não permite 
aulas a distância na educação infantil e no ensino fundamental do 1º ao 9º ano. A metodologia é permitida para até 
30% da carga horária do ensino médio em cursos noturnos e 20% nos cursos diurnos. Também é liberada até 40%, 
para a carga horária dos cursos presenciais de ensino superior. 
Embora os limites entre as diferentes metodologias de ensino se confundem e sobrepõem em certos momentos da 
prática de ensino, na adoção do ensino conjugado: atividades presenciais e a distância, alguns pontos requerem 
também atenção especial, como o planejamento das atividades, a definição dos materiais didáticos e dos recursos 
tecnológicos a serem utilizados e as estratégias pedagógicas a serem empregadas, para que possa, de fato, 
proporcionar maior praticidade na forma de aprender e ensinar. 
 
 
 
Nesse contexto, o fundamento principal é que os conteúdos e as atividades sejam 
trabalhados de forma bem planejada e integrada para que os estudantes possam 
transitar entre esses dois universos, extrair o máximo de cada um, refletir e 
ressignificar o que extraiu. 
Nas atividades desenvolvidas presencialmente, em sala de aula, a interação e o retorno entre os estudantes e o(a) 
professor(a) são diretos e instantâneos. Basta observar um grupo em uma sala para perceber se há, ou não, o 
engajamento dos estudantes, se a turma está envolvida e demonstra interesse e compreensão sobre o que está sendo 
trabalhado naquela aula. Já nas atividades realizadas a distância, esse aspecto pode ser um desafio, não há controle. 
Por isso, ela demanda soluções diferentes das aplicadas nas presenciais, há necessidade de práticas diferentes. Essa 
parte a distância, considerada de certa forma inovadora, exige ainda mais do(a) professor(a), e requer reflexão sobre 
metodologias e práticas adequadas. 
E vale lembrar, ainda, o que observa Moran (2015), ao afirmar que podemos aprender e ensinar de várias formas, em 
todos os momentos e em diferentes espaços, mas que precisamos estar atentos a questões relevantes no processo de 
ensino e aprendizagem: "Que conteúdos, competências e valores escolher, numa sociedade tão multicultural? O que 
faz sentido aprender num mundo tão heterogêneo e mutante?", já que os contextos onde esse processo acontece são 
imperfeitos. 
Além dessas questões referentes a que conteúdos, que competências e que valores a serem trabalhados, há também 
a preocupação dos envolvidos na metodologia de ensino híbrido, quanto ao tipo de materiais a serem disponibilizados 
nos ambientes virtuais/plataformas que trabalhem bem o conteúdo e também instiguem o interesse e a participação 
dos estudantes. E, mais do que isso, é importante que esse material busque, ainda, provocar o interesse por estudos 
para além do que está disponibilizado e proposto. Todos esses desafios atingem diretamente os educadores que, entre 
outras tarefas, planejam os projetos pedagógicos e as aulas, coordenam a preparação dos materiais didáticos, 
orientam e acompanham os alunos durante a trajetória de estudos. 
Então vamos lá, entender um pouco sobre o planejamento de trabalhos pedagógicos a serem realizados de forma 
mista: parte com interação presencial em espaços físicos e parte a distância. 
 
Planejamento do ensino híbrido 
 
O ensino híbrido ou semipresencial tem sido utilizado e contribuído no sentido de 
inovar o fazer pedagógico para atender às necessidades que se apresentam às 
pessoas na atualidade. A viabilidade dessa metodologia pode ser pensada 
considerando que o uso das tecnologias de informação e comunicação e da internet, 
além de possibilitar a realização dos trabalhos pedagógicos, favorece e potencializa 
as alternativas de aprendizagem. 
 
 
Isso porque a conjugação de tecnologias e internet propicia o acesso a diversas informações e materiais em diferentes 
formatos; imersão em situações autênticas de interação (sites, programas, aplicativos, softwares, materiais 
multimídias variados, foruns, redes sociais, entre outros); acesso a novos recursos gratuitos que são constantemente 
disponibilizados online; acesso a espaços virtuais de comunicação e interação; acesso a recursos que permitem 
variadas produções acadêmicas em diferentes linguagens, portanto, possibilidade de criação de práticas de 
aprendizagem marcadas pela interação e pela colaboração coletiva que favorecem a atualização e a expansão de 
aprendizagem por meio da troca de experiências e de conhecimentos. 
Todas essas possibilidades podem ser utilizadas para planejar e realizar estudos e atividades de aprendizagem, e 
podem ser utilizadas tanto como suporte aos trabalhos presenciais como para a realização dos estudos e atividades 
desenvolvidas a distância. 
Observando essas informações, podemos perceber que existem várias formas de implementar o ensino híbrido de 
aprendizagem. No entanto, é preciso elaborar um plano que considere desde a infraestrutura educacional disponível 
ou possível de ser viabilizada; os objetivos a serem alcançados e as estratégias pedagógicas a serem trabalhadas; os 
conteúdos a serem abordados, os formatos dos materiais didáticos bem como as linguagens a serem utilizadas na 
produção desses materiais; um cronograma para as atividades a serem realizadas, e muitosoutros aspectos, uma vez 
que se trata de um processo integrado que busca favorecer diferentes formas de aprendizagem. 
De forma sintética, podemos dizer que é preciso reestruturar o conteúdo a ser trabalhado, bem como as estratégias 
pedagógicas para que se apresentem e possam ser desenvolvidos de forma coesa e linear. Também é preciso que 
estejam ajustados à plataforma e às tecnologias a serem utilizadas. 
Apesar de o equilíbrio entre as duas partes - interação presencial e a distância - ser mais favorável ao atendimento e 
à experiência de um público mais amplo, é fundamental que de fato o público-alvo tenha interesse e participe 
efetivamente das atividades. 
Feitas essas considerações mais gerais, vamos pensar mais detalhadamente a respeito do planejamento do conteúdo 
e do(s) tipo(s) de material(is) a serem trabalhados. 
 
Recursos didáticos que favorecem a autoaprendizagem 
Destaque! 
É importante que ao definir os conteúdos e a forma que serão apresentados e trabalhados, o(a) professor(a) tenha 
claro que na produção do material didático precisa garantir o uso de uma pluralidade de linguagens, com objetivos e 
perspectivas diferenciadas. A princípio pode considerar a produção ou a seleção e indicação de materiais (textos 
escritos, vídeos, áudios, animações, gráficos, mapas, entre outros) que contemplem os conteúdos-base e também a 
produção de materiais complementares - ou de apoio. 
O conteúdo trabalhado no material-base deve servir como dinamizador, permitindo, sempre que possível, que o 
estudante estabeleça relações entre o que estuda (teoria) e a sua realidade local (prática), na vida cotidiana pessoal, 
ou até mesmo na área que atua, caso já trabalhe. É importante que, de início, ele seja informado sobre os objetivos 
dos conteúdos a serem estudados, como esses conteúdos estão organizados nos materiais e sobre as atividades que 
deve realizar. Precisa ter esclarecimentos também a respeito de demais recursos (hiperlinks, interações, questões para 
reflexões, indicação de referência/citações, entre outros), utilizados ou indicados ao longo do material, com os 
respectivos objetivos. 
Mediar a autoaprendizagem da parte do ensino realizada a distância, é diferente da 
parte trabalhada presencialmente. Nesta última, a maioria do conteúdo é exposta e 
mediada oralmente pelo(a) professor(a), com a possibilidade de os participantes 
irem sanando suas dúvidas, discutindo, aprofundando e percebendo, 
imediatamente, outras possibilidades para além do que está sendo discutido, do que 
está escrito, por meio do diálogo direto com o mediador e com os colegas. 
Daí, a necessidade do material a ser trabalhado a distância, além de servir como dinamizador dos estudos, deve ser 
visualmente agradável, atrativo e convidativo à leitura e que favoreça a compreensão. 
O pesquisador Rowntree (1999), ao falar sobre a produção de material impresso para autoaprendizagem, diz que o 
professor ao planejar esse material, ele precisa fazer como se fosse uma "tutoria no papel" e apontar vários aspectos 
que devem ser considerados no material para garantir essa espécie de tutoria: esclarecimentos e orientações que o 
estudante possa ir encontrando no material e que possibilitam sanar as dúvidas. 
Para ilustrar de forma bem clara o que mencionamos nos parágrafos anteriores, faremos aqui uma adaptação dos 
aspectos levantados pelo pesquisador, para tratarmos também dessa espécie de tutoria para materiais digitais a serem 
estudados a distância. 
O material produzido para os estudos a distância, precisa: 
• ajudar o estudante a ler e compreender o conteúdo abordado. Para isso, precisa destacar algumas partes e/ou 
repetir outras (quando forem necessários os destaques e repetições); 
• informar o que é preciso fazer para explorar e compreender o material; 
• deixar claro os conteúdos, de tal maneira, para que o leitor possa relacioná-los com o que já sabe; 
• utilizar recursos gráficos (componentes visuais que combinam linhas, cores, formas, texto e outros aspectos 
para apresentar o conteúdo) que motivem o leitor/estudante a fazer o esforço necessário para a 
aprendizagem do conteúdo trabalhado; 
• instigar, provocar e desafiar constantemente o leitor por meio de situações como: questionamentos, 
atividades, interações, indicação de leituras complementares etc, para que ele releia o material, ou parte dele, 
e consulte outras fontes para melhor compreensão e aprofundamento do conteúdo em estudo; 
• dar condições para que o próprio leitor possa ir acompanhando seu processo de aprendizagem. Uma 
alternativa que favorece esse acompanhamento é a elaboração e a disponibilização, ao longo do material, de 
atividades de autoavaliação. 
Ainda seguindo as observações de Rowntree (1999), veja algumas questões consideradas essenciais quando se propõe 
a produzir material para estudos a distância. De certa forma essas questões já foram abordadas anteriormente, mas 
vale o destaque nesse momento. 
• A quem se destina (público-alvo) o material a ser produzido a partir do conteúdo-base? 
• Que conhecimentos prévios são necessários para o estudo do material produzido? 
• O conteúdo se revela apropriado para o público em questão? É suficientemente amplo, profundo, preciso e 
atualizado? 
• Possibilita a aprendizagem esperada ou simplesmente atua como referência de reforço de algo aprendido em 
épocas anteriores? 
• Está orientado para que o participante trabalhe, com segurança, sem a presença constante de um mediador 
ou um tutor? 
• O estilo do material se ajusta ao público a que se destina? É atrativo, tem uma boa estrutura textual e favorece 
a inserção de recursos visuais e interativos? É interessante? 
Continuando nessa linha de raciocínio, alguns questionamentos também podem favorecer o planejamento, o processo 
de produção e o resultado final. 
• O produto final - material digital derivado do conteúdo-base que proponho - contemplará adequadamente o 
que se espera atingir com o estudo? 
• É extremamente relevante para a discussão e para a compreensão do que se quer propiciar com o material? 
• Possibilita ao estudante/leitor ser sujeito do processo de construção de seu próprio conhecimento? 
Nesse contexto, outro aspecto a ser prensado são as estratégias de linguagem, uma vez que o estudante encontra-se 
distante dos colegas e professores. O material precisa ser autossuficiente para que o aluno tenha condições de 
prosseguir seus estudos, e, nesse caso, deve ser utilizada uma linguagem objetiva, direta e compreensível. Na 
produção do material, deve-se considerar que o professor/autor e o estudante/leitor estão integrados no processo da 
construção da narrativa desse material. Sendo, portanto, fundamental a interlocução do leitor com o material para 
que ocorra a aprendizagem. 
 
SAIBA MAIS 
TEXTO, LINGUAGEM E LEITURA! 
Falar de texto implica falar de linguagem, de leitura, de textualidade, 
de interlocução, de condições de produção. 
Pode-se conceber a linguagem como expressão do pensamento, 
como comunicação e como interação. Pode-se concebê-la como 
gama intrincada de formas de comunicação social, como língua 
(idioma). 
Pode-se conceber texto como tudo o que está escrito, como todas as formas passíveis de compreensão e atribuição 
de sentidos. 
Pode-se conceber leitura como advento de processo de alfabetização e, portanto, leitura do texto escrito; como 
atribuição de sentidos a todas as formas passíveis. 
Pode-se… 
Mas, nesse material, a linguagem é concebida como interação, texto como corporificação: condição de 
estabelecimento da interação e da leitura como atribuição de sentidos. O que enseja, por exemplo, a seguinte 
observação: 
Todo texto é híbrido ou heterogêneo quanto à sua enunciação, no sentido que ele é sempre um tecido de vozes ou 
citações, conforme afirma Pinto (1999), "cuja autoria fica marcada ou não, vindas de outros textos preexistentes, 
contemporâneosou do passado". 
Na prática, quando se elabora um texto, quando se planeja e produz um curso, um material, tem-se em mente o para 
quem - interlocutor – seu nível, seu grau de conhecimento. Portanto, busca-se adequar a linguagem, na produção 
final, ao nível pressuposto do leitor, do público-alvo, como observa Brandão (1996), "o sujeito passa a ocupar uma 
posição privilegiada, e a linguagem passa a ser considerada o lugar da subjetividade". 
(...) 
Nesse universo, entram em jogo o intertexto e o interdiscurso. O primeiro compreende todo o conjunto de 
formulações já feitas e já esquecidas que determinam o que dizemos/escrevemos/fazemos representar. O intertexto 
é a repetição propositada de textos conhecidos: as referências, as citações. O dizer não é propriedade particular. As 
palavras não têm dono. Elas significam pela história e pela língua. 
Os sentidos não estão soltos nem podem ser quaisquer sentidos. Delimitam-se maneiras de condução para fazer com 
que os sentidos construídos pelo autor e a serem reconstruídos pelo leitor tenham uma direção. Há, portanto, a 
necessidade de se preocupar em garantir que os sentidos construídos pelo autor para atingir a aprendizagem desejada, 
possam ser interpretados e reconstruídos pelo leitor. 
O texto, por sua vez, é uma unidade de sentidos possíveis, cuja primeira atribuição de sentidos é dada pelo próprio 
autor num gesto de interpretação, que está diretamente relacionado com a memória de dizer e com o interdiscurso. 
(POSSARI e NEDER, 2001) Adaptado. 
 
Os diferentes modelos de ensino híbrido, além de serem propostos em função de algumas necessidades e 
características específicas, visam favorecer ao estudante oportunidades de aprendizado de acordo com suas 
possibilidades e seu ritmo, favorecendo o desenvolvimento de sua autonomia no processo de estudos. Nessa 
perspectiva, cada estudante se torna um integrante ativo na turma à medida que traz e socializa no grupo seus 
conhecimentos prévios, bem como os novos aprendizados adquiridos/construídos. 
 
Orientações aos estudantes: como se organizar para os 
estudos 
Para viabilizar o desenvolvimento dessa autonomia, é imprescindível que o estudante receba algumas orientações de 
como se organizar para os estudos. Entre as "dicas" gerais que podem ser repassadas pelos professores, podemos 
destacar, por exemplo, que o estudante tenha participação ativa e assídua em todos os eventos da aula ou do curso. 
O que isso significa? 
Que o estudante precisa estar atento e participar de tudo que é informado ou disponibilizado na plataforma para se 
trabalhar determinado assunto. Ele precisa ser assíduo: 
• ler todas as informações e conteúdos disponibilizados, assim como os comentários dos colegas e professores; 
• participar das discussões que ocorrem ao longo das etapas de estudos da aula ou curso, expondo sempre a 
sua opinião a respeito dos assunto trabalhados; 
• realizar as atividades propostas; 
• ter o hábito de pesquisar e complementar os estudos com outros materiais, quando necessário; 
• tomar iniciativa e aproveitar todas as possibilidades que surgirem para provocar novas conversas a respeito 
de assuntos que necessitam ser aprofundados e expandidos. 
Destaque! 
Essas orientações, se atendidas pelo estudante, além de favorecer o seu pensamento reflexivo, crítico e 
argumentativo, contribuem também para o desenvolvimento de suas próprias estratégias e formas de aprendizagem, 
para a organização de seus estudos e para a construção de sua autonomia. 
Além das orientações anteriores, o primeiro passo prático é que a todo o momento o estudante busque relacionar os 
conceitos teóricos apresentados e discutidos, às diferentes situações do seu dia a dia ou que estão à sua volta. 
Segundo, que ele tenha sempre em mente que não está em uma sala de aula presencial, portanto, pode fazer opção 
por estudar em casa, no laboratório de uma escola, na casa de um colega ou em outro local que seja possível para ele. 
 
Mas, além de achar que tudo isso parece muito legal - e pode ser sim - precisa 
compreender que tudo funcionará bem se ele definir e executar rotinas que 
favoreçam a sua aprendizagem, pois não conta com horários predefinidos e nem 
com a presença e cobrança constante de um professor, como ocorre em sala de aula 
prensencial. 
 
Habilidades e práticas que o estudante precisa desenvolver ou aprimorar para ter sucesso nos estudos a distância: 
• propor objetivos para o que está estudando, ou seja, procurar estabelecer sempre relação entre o que está 
estudando com algum objetivo de sua vida, de seus interesses e, assim, estudar também por gosto e não 
somente por obrigação; 
• estabelecer relações entre as informações obtidas no momento de estudos e outras obtidas em épocas e 
estudos anteriores, ou em situações diferentes, tornando, assim, o estudo significativo; 
• acreditar que precisa aprender constantemente, pois independente da necessidade de estudos para atender 
ao que é proposto nas atividades escolares, ele precisa sempre aprender coisas novas, para participar de 
diferentes situações e acontecimentos à sua volta; evoluir e se desenvolver intelectualmente; 
• criar rotinas essenciais de estudos: 
o programar um tempo diário que permita criar hábitos regulares de estudo. Se necessário, 
eventualmente, realizar nos fins de semana e feriados, o que não foi possível durante a semana; 
o escolher o melhor horário e local e segui-los sempre, pois isso permite ir construindo os primeiros 
passos para o hábito de estudar (lembrando que autonomia para realizar os estudos não significa não 
ter horários e locais pré-estabelecidos e segui-los); 
o ter cuidado e distribuir o estudo por períodos relativos curtos de tempo (não mais que duas a três 
horas seguidas) para garantir maior concentração e, consequentemente, mais rendimento; 
o evitar ambientes e situações que possam provocar a distração e dispersão (TV e som ligados, grupos 
que conversam próximo etc.); 
o manter os materiais de estudos sempre organizados. 
• ter claro os objetivos, quando se propor a ler algum material da aula, do curso. É uma leitura para apenas ter 
ideia geral do conteúdo? É para fazer uma síntese ou escrever um texto crítico e reflexivo? É para obter ou 
aprofundar uma informação ou conhecimento específico? 
Destaque! 
No caso da leitura, para que o estudante tenha um resultado positivo nos estudos, é importante que primeiro ele faça 
uma leitura rápida do material, sem se prender aos detalhes, assim terá uma visão geral da temática. Em seguida, deve 
fazer uma leitura observando e sublinhando as ideias consideradas relevantes para o objetivo do estudo a que se 
propõe. Por fim, deve voltar e reler os trechos considerados complicados, recorrendo, se ainda ficar com dúvidas, a 
outras fontes de pesquisas: dicionários ou outros materiais que tratam do mesmo assunto. 
 
Após a apresentação dessas orientações que podem ser repassadas aos estudantes, vamos retomar as discussões 
sobre planejamento focalizando agora tipos de atividades. 
 
Interações e atividades síncronas e assíncronas 
Nos estudos realizados a distância, longe do espaço físico da sala de aula, a internet e os recursos virtuais assumem 
protagonismo, uma vez que são ajustados às características específicas e às necessidades do plano de ensino para 
superação de desafios e, assim, atingir os objetivos. Nesse contexto de estudos a distância, a comunicação, os debates 
e a realização de atividades podem ocorrer tanto sem a necessidade de interação em tempo real (assíncrona), quanto 
com a interação em tempo real (síncrona). 
 
Com base em aspectos trabalhados no planejamento: a forma que os conteúdos serão apresentados aos estudantes; 
os objetivos a serem alcançados nos estudos; as possibilidades técnicas de acesso, interação e comunicação das 
pessoas envolvidas no processo, bem como as estratégias e possibilidadespedagógicas a serem utilizadas, podem ser 
explorados com eficiência tanto momentos de aprendizagem síncrono quanto assíncrono. Visto que ambos são 
estreitamente ligados à metodologia de ensino híbrido. 
Como em qualquer processo de ensino e de aprendizagem, em que o ideal é sempre combinar diferentes 
características e maneiras para realização dos estudos e atividades pedagógicas, também no ensino híbrido é 
importante combinar, entre outras questões, interações e atividades síncronas e assíncronas. Isso porque, 
dependendo de algumas situações, uma pode apresentar momentaneamente vantagens ou desvantagens e 
obstáculos em detrimento da outra. 
Assim como expõe Moran (2015) ao falar sobre o uso de tecnologias móveis no ensino híbrido, o uso de tecnologias 
diversificadas associado à metodologia proposta na prática pedagógica, propicia o planejamento de atividades 
específicas para atender determinado grupo de estudantes que apresenta ritmo diferente dos demais em uma mesma 
turma. Isso propicia, também, a possibilidade real de acompanhamento e orientação pelo professor. 
Nesse contexto, as atividades podem ser bem mais diversificadas e melhor contribuírem para o progresso tanto 
individual como coletivo da turma. Segundo Moran, "as tecnologias móveis e em rede permitem conectar todos os 
espaços e elaborar políticas diferenciadas de organização de processos de ensino e aprendizagem adaptados à cada 
situação". Ou seja, com esses recursos é possível planejar as práticas pedagógicas e o atendimento tanto aos 
estudantes mais independentes e rápidos, quanto aos mais passivos e lentos, assim como aos que necessitam de muita 
orientação e acompanhamento e aos que sabem estudar sozinhos. 
 
Síncrona: interação em tempo real 
As interações e atividades síncronas ocorrem em tempo real, ou seja, de forma simultânea. Nesse caso, o professor e 
os estudantes envolvidos na comunicação e/ou realização das atividades, precisam, necessariamente, participar no 
mesmo instante e utilizar a mesma ferramenta do ambiente virtual onde os estudos acontecem. Dito de outra forma, 
o professor e os estudantes precisam estar simultaneamente conectados e "presentes" virtualmente, no espaço da 
plataforma destinado à realização desse momento de interação. 
Podemos destacar, entre as vantagens das interações e da 
realização de atividades síncronas, as possibilidades de contato 
entre os estudantes e o professor para conversarem e esclarecerem 
dúvidas a respeito, por exemplo, de conteúdos mais amplos e 
complexos que demandam mais discussões para serem melhor 
compreendidos; para esclarecem dúvidas sobre as etapas e 
dinâmicas a serem desenvolvidas para realização dos trabalhos e, 
ainda, para a realização de debate ou outro tipo de atividade que 
pode ser pontuada e avaliativa, entre outros. 
Outro ponto importante a ser considerado com as interações em tempo real, é que os estudantes podem ser mais 
instigados a realizar os estudos propostos, uma vez que vão se sentir mais preparados e seguros para conversarem 
com os colegas e o professor. Essas interações contribuem, também, para minimizar a sensação de isolamento que 
muitos estudantes podem sentir quando estão estudando a distância. 
 
 
 
 
Assíncrona: sem a necessidade de interação em tempo real 
Já as interações e atividades assíncronas ocorrem sem a necessidade de contato, de interação em tempo real dos 
estudantes e professor. Isso permite uma maior flexibilidade para ambos, tendo em vista que as informações, as 
orientações e as dinâmicas tanto para realizar os estudos como para desenvolver as atividades podem ser 
acompanhadas pelo estudante independente do horário que foram disponibilizadas, "entregues" pelo professor. O 
mesmo acontece com o retorno dos estudantes: comentários, registo ou postagem de atividades, apresentação de 
dúvidas, entre outros - que pode ser visto, analisado e respondido pelo professor, posteriormente, portanto, sem a 
necessidade de um acompanhamento simultâneo. 
 
As vantagens para o estudante é que nas atividades assíncronas ele 
pode ter maior controle sobre seu horário de estudo conforme suas 
necessidades e a organização de local e de tempo. O que contribui 
para o desenvolvimento de sua autonomia e do hábito de estudar, 
assuntos abordados anteriormente. 
 
 
 
 
 
 
Por outro lado, o fato de não contar com momento estipulado para realizar determinada atividade em tempo real com 
professor e colegas, pode ser um desafio para o estudante, uma vez que ele precisa ter autodisciplina para realizar as 
tarefas e seguir acompanhando todo o processo de estudos. 
Outro ponto importante a ser considerado nessa interação, conforme afirma Moran (2015), é que podem ser 
planejadas e desenvolvidas "propostas mais personalizadas, para cada estilo predominante de aprendizagem, 
monitorando-as, avaliando-as em tempo real, o que não era possível na educação mais massiva ou convencional". 
Por exemplo, para os estudantes mais pragmáticos podem ser indicadas atividades diferentes das propostas aos 
estudantes considerados mais teóricos ou conceituais, assim como a ênfase nas atividades pode ser também distinta. 
 
Ensino híbrido por meio de projetos de aprendizagem 
Outro aspecto favorável no ensino híbrido é o planejamento de projetos pedagógicos de aprendizagem a partir de um 
tema relevante e de interesse de diversas áreas do conhecimento e que, portanto, pode ser compartilhado e 
trabalhado em várias disciplinas. Nesse caso, os trabalhos podem acontecer de duas formas: em um modelo mais 
aberto, "de construção mais participativa e processual" ou em um "mais roteirizado, preparado previamente, mas 
executado com flexibilidade" e com forte ênfase no acompanhamento do ritmo e do envolvimento de cada estudante 
nas atividades realizadas em grupo (MORAN, 2015). 
O desenvolvimento de projetos compartilhados, além de propiciar diversos avanços favorece a combinação de etapas 
a serem realizadas em momentos presenciais e em ambientes virtuais. As etapas em que as atividades demandam 
reflexões e produções mais práticas, criativas e por vezes de campo e supervisionadas, podem ocorrer nos momentos 
presenciais em sala de aula; as que contemplam mais as informações básicas podem ser concentradas no ambiente 
virtual para desenvolvimento a distância. Nesta última, pode ser proposto, por exemplo, o estudo do tema a ser 
trabalhado no projeto para que os estudantes pesquisem informações básicas na internet, consultem publicações na 
biblioteca da escola ou de outro estabelecimento, assistam animações e audiovisuais, entre outros. 
 
De volta à sala de aula, os professores fazem um breve diagnóstico para ver que informações os estudantes levantaram 
a respeito do que foi proposto e o que necessita ser complementado. Também nesse momento, as informações 
colhidas pelos alunos podem ser socializadas entre eles favorecendo, assim, o engajamento de todos na realização das 
etapas do projeto e a oportunidade de aquisição das informações básicas por aqueles que ainda não conseguiram. 
Após essa visão geral a respeito do tema, podem ser propostas as etapas seguintes com desafios mais complexos para 
que os estudantes possam ir "aplicando os conhecimentos e relacionando-os com a realidade". Para que o projeto 
seja significativo e desperte o interesse de todos, é importante que ele esteja ligado à realidade, à vivência deles 
(MORAN, 2015). 
Outro aspecto necessário é que os professores envolvidos no desenvolvimento do projeto estejam atentos e possam 
ir gerenciando o desenvolvimento das atividades e procurando envolver os estudantes, negociando com eles as 
melhores formas de realizar cada etapa e, em especial, valorizando sempre o que desenvolvem. Existem algumas 
maneiras fáceis para efetivar essa valorização, por exemplo: que os estudantes apresentem, ao final de cada etapa, o 
que foi realizado; que tenham um espaço ou ferramenta no ambiente virtualonde desenvolvem parte do projeto, 
para publicação dos resultados parciais; que o resultado final seja socializado, visto e conhecido por outro público para 
além da sala de aula. 
Conforme observa Moran (2015), as escolas que dispõem de menos recursos, podem desenvolver projetos 
significativos e relevantes para os estudantes e ligados à realidade da comunidade onde estão inseridos. Uma vez que 
isso pode ser realizado por meio de tecnologias simples como o celular e com o apoio de espaços mais conectados na 
cidade. Todos nós concordamos que as possibilidades para realização de trabalhos dessa natureza são bem mais 
amplas quando existe uma boa infraestrutura e recursos adequados e disponíveis. Mas, mesmo "em ambientes 
tecnológicos mínimos", muitos professores conseguem e têm realizado trabalhos estimulantes e de grande destaque. 
Já as escolas com boa infraestrutura e mais conectadas, segundo Moran: 
(...) podem fazer uma integração maior entre a sala de aula, os espaços da escola e do bairro e os espaços virtuais de 
aprendizagem. Podem disponibilizar as informações básicas de cada assunto, atividade ou projeto num ambiente 
virtual (....) e fazer atividades com alguns tablets, celulares ou ultrabooks dentro e fora da sala de aula, desenvolvendo 
narrativas “expansivas”, que se conectam com a vida no entorno, com outros grupos, com seus interesses profundos. 
(MORAN, 2015). 
Outra vantagem de se trabalhar com projetos é que os estudantes não precisavam estudar os mesmos conteúdos ao 
mesmo tempo. Pode-se pensar em projetos que sejam interdisciplinares e diversificados. Isso pode significar um pouco 
mais de trabalho para os professores, mas quando bem pensados, planejados e estruturados e com a participação de 
todos, os resultados podem suplantar os desafios enfrentados inicialmente. Podem ser pesadas, por exemplo, 
temáticas que atravessam transversalmente as etapas e atividades desenvolvidas pelos alunos em diferentes 
disciplinas. Isso permite que cada um entenda melhor os conteúdos no seu tempo, segundo seu ritmo e também a 
receber um acompanhamento mais próximo, de acordo com as suas necessidades. Mas ao mesmo tempo estará 
conectado a outros estudantes com interesses semelhantes, o que permite constantes momentos de reflexões, buscas 
e construção do aprendizado. 
Entre os desafios apontados com certa frequência pelos professores e pelas escolas, está em fazer com que os 
estudantes participem e se envolvam nas atividades que possibilitem pensar, refletir e a buscar soluções para 
problemas. Visto que agindo assim, além de desenvolverem autonomia no processo de aprendizagem escolar, eles 
estarão também se preparando para enfrentar os obstáculos do seu cotidiano, da própria vida. E, segundo alguns 
pesquisadores, as atividades escolares que visam a solução de problemas, a exemplo do projetos de aprendizagem 
colaborativos que favorecem a interação e a troca entre os participantes, que trabalham com informações, 
experimentos, comprovações e análise crítica, propiciam não apenas a aprendizagem dos conteúdos em estudos, mas 
também esse desenvolvimento mais amplo do sujeito (FAGUNDES, 1999). 
Nessa perspectiva, esse modelo de projetos de aprendizagem colaborativos visa uma formação integrada e 
integradora que valoriza as dimensões éticas e de boa convivência, desenvolvendo a capacidade de interação social. 
Isso porque, a partir de conhecimentos prévios e do que já pensam, os estudantes formulam questões, investigam, 
confrontam percepções, resultados e essas ações podem proporcionar entre outras sensações, prazer, satisfação e 
também o esperado, a aprendizagem. 
Nas interações e no desenvolvimento de cada etapa na busca de resultados, os estudantes exercitam constantemente 
a experimentação e isso, além de permitir que compreendam e assimilem com maior clareza os conceitos teóricos 
estudados, estimula diversas ações, pois ao experimentar podem: 
• compreender, criar e recriar suas próprias alternativas para superação de desafios; 
• descobrir estratégias para o domínio e autonomia em situações diversas; 
• fazer associações de elementos que os auxiliam no progresso de análises; 
• desenvolver capacidade para resolução de problemas; 
• aprender a aproveitar a própria predisposição psicológica, entre outras. 
Na exploração das etapas e desafios de um projeto de aprendizagem, a dedução - análise e raciocínio lógico - pode ser 
muito trabalhada na busca de uma resposta final. Nesse processo, os estudantes exploram, testam, refletem, 
estabelecem relações lógicas entre as percepções que vão construindo a respeito de cada situação vivenciada, para 
tomarem decisões, resolverem etapas e desafios para prosseguirem. 
Vale lembrar que na atualidade cada vez mais esse tipo de ações está presente, em particular, no cotidiano dos jovens 
de uma geração acostumada a jogar, a enfrentar desafios e buscar recompensas, a competir e também a cooperar, 
portanto, um universo onde se sentem à vontade e têm facilidade de "mergulhar". 
Alguns aspectos do roteiro de projetos de aprendizagem podem ser comparados aos 
de jogos manuseados no dia a dia pelos jovens, como por exemplo: as regras que 
permitem fortalecer estruturas lógicas; as metas que conduzem à motivação; a 
busca pelos resultados que faz aprender; a interação que possibilita estabelecer 
relações em diferentes grupos sociais; a sucessão de acontecimentos que desperta 
emoção, entre outras. 
 
Dificilmente uma aula expositiva ou um material didático tradicional poderá proporcionar tudo isso junto e ao mesmo 
tempo, assim como ocorre em um bom jogo digital educativo e que pode ocorrer também em um bom projeto de 
aprendizagem a ser desenvolvido por meio da cooperação de diferentes grupos de estudantes. Esse é o propósito 
dessas reflexões: que o ensino e a aprendizagem por meio de projetos de aprendizagem bem estruturados, 
acompanhados e orientados, possam propiciar aos estudantes entusiasmo e diversão enquanto aprendem os 
conteúdos escolares. 
Ainda pensando um pouco a esse respeito, podemos lembrar que basta observarmos os jovens e as crianças jogando 
em fliperamas ou consoles de videogame, por exemplo, para perceber o quanto dispensam energia e entusiasmo nas 
brincadeiras. E por que toda esta energia não pode ser estimulada e ocorrer também no espaço escolar, nas atividades 
de aprendizagem formal durante as aulas? O desenvolvimento de projetos traz essa proposta de aliar entusiasmo e 
diversão ao processo de aprendizagem do estudante em sua vida escolar. 
Nessa perspectiva, a diversão será responsável pela satisfação em aprender. 
Primeiro a diversão trará́ incentivo ao estudante, depois esse incentivo despertará 
sua atenção para a prática de atividades pedagógicas contidas no projeto, e tudo 
isso pode ser favorecido pelo desenvolvimento de etapas a serem realizadas 
presencialmente e também a distância. 
 
O uso de ambientes virtuais e recursos tecnológicos disponíveis hoje, associado ao planejamento de atividades 
desafiadoras, além de acrescentar uma nova dimensão ao currículo escolar, permite que os professores gerenciem a 
“interconectividade” entre espaços e tempos diferentes no desenvolvimento das etapas de um projeto de 
aprendizagem, mantendo a identidade dos estudantes na interação coletiva presencial ou a distância. E que possam, 
assim, acompanhar a evolução de cada um no processo de aprendizagem e propor novos desafios compatíveis com o 
ritmo e necessidade de cada estudante. (FAGUNDES, pág. 19. 1999). 
 
Considerações finais 
Algumas dinâmicas e reflexões têm suscitado práticas pedagógicas inovadoras articuladas e compatíveis aos diferentes 
momentos e realidades, a exemplo do que afirma Piaget (1976) ao dizer que compreender é transformar e dar-se 
conta das leis da transformação. Pois, como discutido no início desse material, historicamente os processos sociais 
sofrem transformações, quebram e ultrapassamobstáculos e o processo de ensino e de aprendizagem também se 
encontra nesse universo e precisa ser repensado, ampliado para propiciar aos estudantes uma formação integrada e 
integradora que valoriza as dimensões éticas e de boa convivência e de desenvolvimento da capacidade de interação 
social e de progresso intelectual. 
Para evidenciar de forma mais clara essas reflexões, recorremos a alguns questionamentos da professora e 
pesquisadora Léa Fagundes (1999): "Como oferecer às novas gerações oportunidades para desenvolver talentos para 
a ciência e a beleza, para a solidariedade e a harmonia? Como ajudá-las a conhecer, para construir novos mundos de 
trocas distributivas, de gestão positiva dos conflitos – e de aventuras?" Como podemos perceber, são desafios 
abrangentes e complexos que demandam transformações nos currículos, nas práticas curriculares, na formação e na 
atuação dos profissionais da educação. 
O currículo precisa ser alinhado às necessidades de cada época e aos propósitos que as pessoas, em particular os 
estudantes, articulam em suas vidas. Assim, esse currículo, as metodologias e as práticas, se pensados e planejados 
considerando as exigências e possibilidades existentes em cada época, passam a ser um instrumento de ação da 
autonomia e de desenvolvimento de competências; instrumento para ajudar a transformar e a construir o futuro social 
dos estudantes. 
Há portanto, urgência no empenho de educadores e gestores para juntos estudar sempre, aprender, pensar e planejar, 
para implementar transformações nos currículos, para desenvolver práticas curriculares criativas e, por meio delas, 
experimentar novas metodologias de ensino que contemplem tanto as experiências anteriores mais convencionais 
como a aplicação dos diferentes recursos tecnologicos e de redes de conexões existentes na atualidade. 
Assim como revelam estudos recentes, essa urgência se faz 
necessária desde a maioria das metodologias educacionais e de suas 
tecnologias trabalhadas nos cursos de formação dos educadores, 
uma vez que elas se mostram ineficientes para ajudar os estudantes 
a aprenderem e desenvolverem seus potenciais e suas habilidades. 
Portanto, são necessárias metodologias que ajudem o estudante a 
desenvolver a capacidade de pensar, de refletir, de buscar 
alternativas, de construir e encontrar com autonomia soluções para os desafios que enfrenta. 
Nesse cenário, a comunicação e a interatividade podem ser facilitadas com os recursos digitais e de internet que 
existem e, com elas, os debates e as reflexões de princípio, para em seguida o planejamento de consenso. Isso pode 
até ser visto como um processo lento, mas é como imaginar uma teia que vai sendo construída fio a fio. Lembrando 
ainda, que a construção de novas práticas curriculares, de metodologias diferentes significa assumir responsabilidades 
e que todos os envolvidos precisam trabalhar em parceria e estarem dispostos a acompanhar o processo, avaliar os 
resultados e refazer o planejamento, quando necessário. 
Com essas considerações finalizamos esse material, mas você pode rever os pontos que considerar necessários ou 
aprofundar suas leituras consultando as publicações que constam na lista de referências a seguir. 
Antes, porém, exercite um pouco o que você leu no material, resolvendo a seguinte atividade. 
 
Referências 
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Acesso: 28 jan. 2021. 
• ALMEIDA, Maria Elizabeth. Projeto: uma nova cultura de aprendizagem. PUC/SP, 1999. Disponível em: 
http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/2010/artigos_teses/EDUCACAO/CULTURADEAPREN
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• BRANDÃO, Helena H. Nagamine. Introdução à Análise do Discurso. Campinas: Editora da UNICAMP, 1996. 
• FAGUNDES, Léa da Cruz. Aprendizes do futuro: as inovações começaram! São Paulo,1999. Disponível em: 
http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=40249. Acesso: 
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• MAGDALENA, B. C. e Costa, I. E.T. (2003) Internet em sala de aula: com a palavra, os professores. Porto Alegre: 
Artmed. 
• MAGDALENA, B. C. e Costa, I. E. T. Revisitando os Projetos de Aprendizagem, em tempos de web 2.0. 
Disponível em: =. http://www.virtual.ufc.br/cursouca/modulo_3/Projetos_SBIE.pdf Acesso: 03 fev. 2021. 
• MORAN, J. M. Educação híbrida: um conceito chave para a educação, hoje. Disponível em: 
http://www2.eca.usp.br/moran/wp-
content/uploads/2021/01/educa%C3%A7%C3%A3o_h%C3%ADbrida.pdf. Acesso em: 26 jan. 2021. 
• MORAN, J.M. A Educação que desejamos: novos desafios e como chegar lá. 5a. ed. Campinas, SP: Papirus 
Editora, 2012. 
• POSSARI, Lúcia H.V. e NEDER, Maria Lúcia C. Linguagem – o entorno, o percurso. Cuiabá: EDUFMT/NEAD, 2001. 
• PIAGET, Jean. A equilibração das estruturas cognitivas: problema central do desenvolvimento. Rio de Janeiro, 
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• ZEICHNER, Kenneth M. Formando professores reflexivos para a educação centrada no aluno: possibilidades e 
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http://www2.eca.usp.br/moran/wp-content/uploads/2021/01/educa%C3%A7%C3%A3o_h%C3%ADbrida.pdf

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