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D I S C I P L I N A Colóides e o efeito Tyndall Autores aula 09 Carlos Neco da Silva Júnior Patrícia Mendonça Pimentel Experimentos de Termoquímica e Equilíbrio VERSÃO DO PROFESSOR Material APROVADO (conteúdo e imagens)(conteúdo e imagens) Data: ___/___/___ Nome:______________________________________ Aula 09 Experimentos de Termoquímica e Equilibrio Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste material pode ser utilizada ou reproduzida sem a autorização expressa da UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste material pode ser utilizada ou reproduzida sem a autorização expressa da UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Divisão de Serviços Técnicos Catalogação da publicação na Fonte. UFRN/Biblioteca Central “Zila Mamede” Governo Federal Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva Ministro da Educação Fernando Haddad Secretário de Educação a Distância – SEED Carlos Eduardo Bielschowsky Universidade Federal do Rio Grande do Norte Reitor José Ivonildo do Rêgo Vice-Reitora Ângela Maria Paiva Cruz Secretária de Educação a Distância Vera Lúcia do Amaral Secretaria de Educação a Distância- SEDIS Coordenadora da Produção dos Materiais Marta Maria Castanho Almeida Pernambuco Coordenador de Edição Ary Sergio Braga Olinisky Projeto Gráfico Ivana Lima Revisores de Estrutura e Linguagem Janio Gustavo Barbosa Eugenio Tavares Borges Thalyta Mabel Nobre Barbosa Revisora das Normas da ABNT Verônica Pinheiro da Silva Revisoras de Língua Portuguesa Flávia Angélica de Amorim Andrade Janaina Tomaz Capistrano Kaline Sampaio de Araújo Revisora Tipográfica Nouraide Queiroz Revisora Técnica Anne Karine Silva Carvalho Ilustradora Carolina Costa Editoração de Imagens Adauto Harley Carolina Costa Diagramadores Ivana Lima Johann Jean Evangelista de Melo Mariana Araújo de Brito Vitor Gomes Pimentel Adaptação para Módulo Matemático Joacy Guilherme de A. F. Filho Aula 09 Experimentos de Termoquímica e Equilibrio 1 1 2 3 Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste material pode ser utilizada ou reproduzida sem a autorização expressa da UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste material pode ser utilizada ou reproduzida sem a autorização expressa da UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Apresentação A presença de sistemas coloidais em nosso cotidiano se dá através de sistemas coloidais encontrados na natureza ou os sintetizados em processos industriais para a utilização na forma de bens de consumo. Como exemplo de sistemas sintéticos, podemos citar os materiais de higiene pessoal, como sabonete, xampu, creme dental; produtos alimentícios, como manteiga, cremes vegetais, maionese, sorvete, geléias de frutas. Nesta aula, vamos estudar os sistemas coloidais, enfatizando a classificação e suas propriedades. Também vamos realizar trabalhos experimentais no intuito de abordar os conceitos de soluções, dispersões coloidais, suspensões e o efeito Tyndall, que é produzido pela luz desviada na presença de partículas coloidais. Objetivos Reconhecer as diferenças entre uma solução homogênea, uma dispersão coloidal e uma suspensão. Distinguir os diversos tipos de colóides. Identificar alguns fenômenos da natureza relacionados com as partículas coloidais. Aula 09 Experimentos de Termoquímica e Equilibrio2 Aula 09 Experimentos de Termoquímica e Equilibrio Colóides Já vimos na disciplina Medidas e Transformações Químicas que as misturas são classificadas em homogêneas e heterogêneas e que as misturas homogêneas são chamadas de solução. Uma solução é, em geral, definida como uma mistura homogênea de duas ou mais substâncias em uma única fase. Isso quer dizer que uma solução é formada por substâncias solúveis entre si. Em uma solução verdadeira, as partículas do soluto devem estar em forma de íons ou moléculas relativamente pequenas e nenhuma sedimentação do soluto deve ser observada. Como exemplo, podemos citar as soluções de cloreto de sódio (NaCl), de açúcar ou de álcool em água. Se um pouco de areia for colocado num recipiente e agitado vigorosamente, as partículas de areia serão visíveis e sedimentarão progressivamente para o fundo do recipiente tão logo cesse a agitação. A mistura de areia em água é um exemplo de uma suspensão. A diferença fundamental entre uma solução e uma suspensão é o tamanho das partículas dispersas, pois para formar suspensões, as partículas precisam ter uma dimensão maior que cerca de 1000 nm. As dispersões coloidais, também chamadas de colóides, representam o estado intermediário entre as soluções e uma suspensão. As dispersões coloidais consistem em uma mistura de substância dividida em finas partículas insolúveis (chamada fase dispersa), usualmente de dimensões compreendidas entre 1 nm e 1000 nm, uniformemente dispersas numa fase contínua (chamado meio dispersante ou dispergente). Fazendo uma analogia com as soluções, as partículas coloidais que aparecem em menor quantidade (a fase dispersa) são análogas ao soluto, e o meio dispersante é análogo ao solvente. Esses sistemas vêm sendo utilizados pelas civilizações desde os primórdios da humanidade, como em géis de produtos naturais para alimento, dispersões de argilas para fabricação de utensílios cerâmicos, pigmentos para decorar as paredes das cavernas, entre outros. O termo colóide (do grego kólla, cola + eîdos, forma) foi introduzido por Thomas Granham em 1861 em um estudo sobre difusão da matéria nos estados líquido e gasoso. Na época, referiu-se às substâncias do tipo amido, albumina dos ovos, ou da gelatina, que não se difundem através de uma membrana fina e que apresentavam uma difusão muito mais lenta em água, quando comparadas ao açúcar e sal. Propriedades dos colóides Os colóides podem ser relativamente grandes, mas não grandes o suficiente para se sedimentarem, e não podem ser retidos em papel de filtro comum. Soluções de macromoléculas são misturas homogêneas e também são consideradas colóides porque além da dimensão das macromoléculas está no intervalo de tamanho coloidal, também apresentam as propriedades características dos colóides. Macromoléculas Macromoléculas são grandes moléculas compostas por centenas ou até milhares de átomos. Aula 09 Experimentos de Termoquímica e Equilibrio Aula 09 Experimentos de Termoquímica e Equilibrio 3 Os sistemas coloidais com partículas de tamanho semelhante são classificados como monodispersos. As macromoléculas de proteínas sintetizadas biologicamente têm todas um mesmo tamanho e massa molecular, por isso dão origem a colóides monodispersos. A maioria dos sistemas coloidais é de natureza polidispersa, ou seja, as partículas dispersas têm tamanhos diferentes. A Tabela 1 resume as principais diferenças entre as soluções, os sistemas coloidais e as dispersões. Tabela 1 – Principais diferenças entre as soluções e os sistemas coloidais e as dispersões Propriedade Solução Colóide Suspensão Natureza das partículas Átomos, íons ou moléculas moléculas ou partículas de tamanho intermediário moléculas ou partículas grandes e visíveis Efeito da luz transparente Opaco ou translúcido Opaco ou translúcido Efeito da gravidade Não sedimenta Não sedimenta, exceto pelo uso de uma ultracentrífuga. Sedimenta rapidamente Separação Não pode ser separado por filtração Pode ser separado por uma membrana fina Pode ser separado por papel de filtro Os colóides espalham (desviam) fortemente a luz, pois as partículas dispersas têm tamanhos semelhantes ao comprimento de onda da luz visível. Esse fenômeno é chamado efeito de Tyndall, nome dado em homenagem ao cientista britânico John Tyndall (1820-1893), e permite distinguir as soluções verdadeiras dos colóides. As partículas coloidais são grandes o suficiente para refletir e espalhar a luz visível e o feixe de luz pode ser visto. Mesmo quando um feixe luminoso é incidido sobre uma dispersãobem diluída, a trajetória da luz é revelada pelo espalhamento da radiação. Nas soluções verdadeiras, esse fenômeno não é observado, uma vez que os solutos são formados por partículas muito pequenas que não espalham a luz, portanto, são transparentes e não dispersam a luz. O efeito Tyndal, mostrado na Figura 1, é muito comum na natureza, como, por exemplo, nas manhãs de nevoeiro, onde as gotículas de água dispersas no ar representam mais um exemplo de um sistema coloidal; um outro exemplo desse efeito pode ser observado nos raios de sol numa floresta ou entre as nuvens. Você já se questionou a razão do céu ser azul ou o pôr-do-sol ser vermelho? Com certeza já observou as partículas de poeira suspensa no ar através de uma réstia de luz. Saiba que esses fenômenos estão interligados e também são atribuídos ao desvio (espalhamento) da luz provocado pela presença das partículas coloidais no ar, ou seja, ao efeito Tyndall. Conforme estudamos na disciplina Arquitetura Atômica, a luz branca é uma mistura de todas as cores do espectro na região do visível. Portanto, diferentes comprimentos de ondas são desviados pelas partículas com diferentes intensidades. Durante o dia, quando a luz do sol passa pelo céu, os comprimentos de onda que atingem nossos olhos estão na região do azul. Quando o sol está no horizonte, os tons são alaranjado e vermelho, tornando-se mais intenso, conforme o céu possua partículas coloidais em abundância, ou seja, muita poeira ou fumaça. Aula 09 Experimentos de Termoquímica e Equilibrio4 Aula 09 Experimentos de Termoquímica e Equilibrio ba Figura 1 – Ilustração do efeito Tyndall: a) luz solar sendo desviada por partículas coloidais no ar de uma floresta; b) feixe de luz atravessando uma solução (à esquerda) e uma dispersão coloidal (à direita) Fo nt e: ( a) < ht tp :// i3 7. ph ot ob uc ke t.c om /a lb um s/ e7 9/ ra ph ae lrt w /ty nd al l0 2l q. jp g> . Ac es so e m : 1 6 de z. 2 00 8. (b ) < ht tp :// cf tc .c ii. fc .u l.p t/P R IS M A/ ca pi tu lo s/ ca pi tu lo 3/ m od ul o6 /to pi co 1. ph p> . A ce ss o em : 1 8 no v. 2 00 8. Movimento browniano Se observarmos as partículas coloidais na água através de um ultramicroscópio, veremos que elas estão em perpétuo ziguezague. Nos colóides, as partículas dispersas estão em movimento caótico e contínuo devido às moléculas do fluido (meio dispersante) estarem constantemente colidindo contra elas, e quanto menores as partículas, mais intenso é o movimento. Esse fenômeno é chamado de movimento Browniano, nome dado em homenagem ao cientista botânico escocês Robert Brown, em 1827, que primeiro observou o fenômeno em uma suspensão de grãos de pólen em água. O movimento Browniano é a razão das partículas coloidais não se sedimentarem sob a ação da gravidade. Todas as partículas de um colóide possuem a mesma carga elétrica, por isso ocorre uma repulsão entre elas fazendo com que fiquem suspensas. Quando essas partículas são submetidas a um campo elétrico, deslocam-se para o pólo contrário a de sua carga, fenômeno chamado de eletroforese. O colóide de carga elétrica negativa migra para o pólo positivo (anaforese), e o de carga positiva migra para o pólo negativo (cataforese). A eletroforese é usada na separação de enzimas, proteínas, aminoácidos, entre outros. Ao aumentarmos a acidez (adição de H+) de uma dispersão coloidal, podemos neutralizar as cargas negativas. Ao aumentarmos a basicidade (adição de OH -), podemos neutralizar as cargas positivas. Chamamos de ponto isoelétrico o índice de acidez do meio em que a carga do colóide é neutra. Se um colóide está em seu ponto isoelétrico, suas partículas não vão migrar, ou seja, não haverá cataforese ou anaforese. Classificação dos colóides Os colóides são classificados de diversas formas e, como as soluções, os colóides também podem ser sólidos, líquidos ou gasosos, conforme mostra a tabela a seguir. Aula 09 Experimentos de Termoquímica e Equilibrio Aula 09 Experimentos de Termoquímica e Equilibrio 5 Fo nt e: ( a) < ht tp :// i3 7. ph ot ob uc ke t.c om /a lb um s/ e7 9/ ra ph ae lrt w /ty nd al l0 2l q. jp g> . Ac es so e m : 1 6 de z. 2 00 8. (b ) < ht tp :// cf tc .c ii. fc .u l.p t/P R IS M A/ ca pi tu lo s/ ca pi tu lo 3/ m od ul o6 /to pi co 1. ph p> . A ce ss o em : 1 8 no v. 2 00 8. Tabela 2 – Classificação dos colóides Tipo de Colóide Meio dispersante Fase dispersa Exemplo Aerossol Gás Líquido Neblina, spray, Aerossol Gás Sólido Fumaça, Espuma líquida Líquido Gás Creme batido (Chantili) Espuma sólida Sólido Gás Pedra-pomes, isopor Emulsão Líquido Líquido Leite e maionese Sol Líquido Sólido Tinta, lama, creme dental Gel Sólido Líquido Geléias, queijo Sol sólido Sólido Sólido Ligas, pérolas Sol é um colóide constituído de pequenas partículas sólidas dispersas em um meio de dispersão líquido. As partículas podem ser macromoléculas ou agregados de pequenas moléculas. O sol pode ser denominado, respectivamente, de hidrossol, organossol ou aerossol, quando o meio de dispersão é água, solvente orgânico ou ar, respectivamente. Quando a fase de dispersão é de natureza polimérica, a dispersão é chamada de Látex. Gel é uma dispersão na qual a interação do líquido com partículas muito finas induz ao aumento da viscosidade, formando uma rede com natureza elástica e gelatinosa, tal como gelatina, ou geléia, ou como um sólido rígido (por exemplo, sílica gel). Géis podem contrair e eliminar o solvente, em um processo denominado de sinérise. Um colóide pode passar de Sol para Gel ou de Gel para Sol. A passagem de Sol para Gel é chamada de pectização (pektos = coalhado); a passagem de Gel para Sol é chamada de peptização (peptos = digerido). A gelatina é um sol quando o sólido é colocado na água fervendo, mas torna-se um gel, em virtude do aumento da viscosidade que ocorre quando é refrigerada. Emulsões são dispersões coloidais de um líquido em outro que são relativamente estáveis, desde que um terceiro componente denominado agente emulsificante ou tensoativo (emulsificante) seja adicionado ao meio. Existem dois tipos de emulsão, conforme a proporção das fases: água em óleo, com gotículas de água dispersas na fase contínua óleo, e óleo em água, gotículas de óleo dispersas em água, conforme ilustrado na Figura 2. Emulsões são amplamente utilizadas em produtos farmacêuticos (cremes), alimentícios (maionese, margarina, leite), industriais (petróleo, lubrificantes). Entre os agentes emulsificantes mais usados, podemos citar as proteínas (lecitina, caseína), argilas, óxidos hidratados sabões e detergentes. Um exemplo de emulsão de óleo em água é a maionese, cujo agente emulsificante é lecitina, uma proteína encontrada no ovo. Portanto, a mistura de ovo com o óleo e vinagre estabiliza a dispersão coloidal conhecida como maionese. No leite homogeneizado, o agente emulsificante é uma proteína chamada caseína, que cobre as micropartículas de gordura. Um exemplo de emulsão de água em óleo é a margarina, cujo agente emulsificante é obtido da soja. Aula 09 Experimentos de Termoquímica e Equilibrio6 Aula 09 Experimentos de Termoquímica e Equilibrio Atividade 1 su a re sp os ta H2O H2O H2O H2O H2O H2O H2O H2O Óleo Microgotas de água bb Óleo Óleo Óleo Óleo Óleo Óleo Óleo Óleo água Microgotas de óleo aa Figura 2 – a) Uma emulsão de óleo em água; b) uma emulsão de água em óleo. Fo nt e: B ra dy , R us se l e H ol um (2 00 2, p . 4 02 – 4 03 ). Explique o que você entendeu por: a) gel; b) sol; c) emulsão. Aula 09 Experimentos de Termoquímica e Equilibrio Aula 09 Experimentos de Termoquímica e Equilibrio 7 Ânions adsorvidos podem interagir com a água Cátions em solução Partícula hidrofóbica Partícula hidrofóbica Repulsão Água ++ + + + + + + + + + – – – – – –– – – –– – – – – – – – – Espuma é um sistema coloidal constituído de bolhasde gás muito pequenas dispersas em um meio líquido (por exemplo, espuma de sabão) ou em um meio sólido, como a espuma de poliestireno, conhecida como isopor. As bolhas podem coalescer, isto é, colidirem umas com as outras, formando bolhas maiores. Esse processo de coalescência causa a quebra da espuma, o que determina a instabilidade do sistema coloidal. Substâncias como sulfato de alumínio, proteínas, ou mais recentemente substâncias tensoativas, conhecidas como detergentes, são usadas para estabilizar a espuma e evitar a coalescência. No entanto, espumas podem ser quebradas pela adição de álcoois ou de formulações à base de óleo de silicone. Quanto à interação entre as moléculas da fase contínua e da fase dispersa, os colóides são classifi cados em liofílicos e liofóbicos. Os colóides liofílicos (do grego, “gosta do solvente”), os quais existem afi nidade entre as partículas dispersas e o meio dispersante, são mais estáveis e semelhantes à solução verdadeira. As partículas dos colóides liofílicos têm carga superfi cial que impedem a coalescência, ou seja, impedem que se juntem e fi quem maiores. As partículas dos colóides liofóbicos (do grego, “repulsão ao solvente”) não atraem fortemente as moléculas do meio dispersante e coagulam ou precipitam facilmente. Os colóides liofílicos são capazes de adsorver e fi xar em sua superfície partículas do dispersante, fi cando, assim, envolto por uma película protetora chamada de camada de solvatação. Os colóides com água como meio dispersante podem ser classifi cados como hidrofílico e hidrofóbico. Colóide hidrófi lo é aquele em que há atração entre a fase dispersa e o dispersante (água). Grupos hidrófi los típicos são os polares (contêm ligações C-O, O-H, N-H), alguns desses grupos formam ligações de hidrogênio forte com a água, estabilizando o colóide. Colóide hidrofóbico é aquele em que não há atração entre a fase dispersa e o dispersante (água). Os colóides hidrofóbicos podem ser estabilizados por adsorção de íons na superfície. Esses íons podem interagir com a água e estabilizar o colóide. Como as partículas com os íons adsorvidos possuem cargas similares, elas repelem-se umas às outras evitando a coalescência e precipitação. Figura 3 – Ilustração da estabilização de um colóide hidrofóbico em água por íons adsorvidos Fo nt e: B ro w n et a l ( 20 05 , p . 4 72 ). No corpo humano, as macromoléculas que constituem substâncias como as enzimas e os anticorpos são mantidos em suspensões em meio aquoso. Os grupos hidrofóbicos fi cam na parte interna, enquanto os grupos hidrofílicos permanecem nas extremidades, interagindo com a molécula de água. Aula 09 Experimentos de Termoquímica e Equilibrio8 Aula 09 Experimentos de Termoquímica e Equilibrio Sabões e detergentes Sabões e detergentes são moléculas com longas caudas hidrofóbicas e pontas hidrófilas que removem a sujeira, estabilizando o colóide em água. Sistemas coloidais nos quais a fase dispersa consistem em agregados de moléculas que têm uma parte liofílica e outra liofóbica são chamados de colóides de associação. Portanto, sabão e detergentes são exemplos desses sistemas. O sabão é feito pelo aquecimento de gordura com hidróxido de sódio ou potássio que produz um ânion de um ácido graxo. Um exemplo de um sabão é o estearato de sódio que possui uma longa “cauda” hidrofóbica (CH 3 (CH 2 ) 16 -) e uma pequena ponta hidrofílica (-CO 2 -Na+). Os sabões de sódio é um sólido à temperatura ambiente, enquanto os sabões de potássio são geralmente líquidos. Os detergentes não são obtidos da saponificação de óleo e gordura, tal como é o sabão. Sabões e detergentes são usados, principalmente, para limpeza doméstica e lavagem de roupa. Você lembra da regra “semelhante dissolve semelhante”? A gordura não pode simplesmente ser lavada dos pratos ou da roupa apenas com água, pois a gordura é um composto apolar e, consequentemente, é insolúvel em água, que é polar. Nesse caso, para que a gordura seja removida é adicionado sabão à água. Vamos analisar como atua o sabão:aA cauda hidrofóbica do sabão pode ser absorvida em uma gota de óleo (gordura), deixando a cabeça hidrofílica na superfície. As cabeças hidrófilas, então, interagem com a água e a gota de óleo é estabilizada em água. A associação das moléculas de detergente ou sabões formam as micelas, que podem ser definidas como uma partícula de dimensões coloidais formada na água pela associação de moléculas ou de íons que têm uma extremidade hidrofóbica e uma hidrofílica. A Figura 4 ajuda a explicar a atuação de sabões e detergentes. Substâncias como os sabões e detergentes, que afetam as propriedades das superfícies, e assim afetam a interação entre duas fases, são chamadas de agentes emulsificantes, tensoativos ou surfactantes. Figura 4 – Ação de limpeza do sabão Fo nt e: K ot z (2 00 5, p . 5 43 ). Aula 09 Experimentos de Termoquímica e Equilibrio Aula 09 Experimentos de Termoquímica e Equilibrio 9 Na Figura 4, As moléculas apolares do óleo interagem com as “caudas” apolares de hidrocarboneto (extremidade hidrofóbicas) das micelas de sabão, deixando as “cabeças” polares (extremidade hidrofílica) do sabão interagindo com as moléculas de água do meio, proporcionando a mistura entre o óleo e água. Remoção de partículas coloidais As partículas coloidais, por serem pequenas demais, não sedimentam e não podem ser removidas por processos de tratamento físicos convencionais, como, por exemplo, a filtração. Em vez disso, são aumentadas por meio do processo chamado coagulação, no qual as partículas maiores resultantes podem, então, ser separadas pela filtração ou simplesmente decantação. Os colóides possuem propriedades elétricas que criam uma força de repulsão que impede a aglomeração e a sedimentação. O aquecimento ou a adição de um coagulante à mistura pode provocar a coagulação das partículas coloidais. O aquecimento da dispersão coloidal aumenta o movimento das partículas, de modo que o crescimento da partícula possa ocorrer em virtude do aumento das colisões entre elas. A adição de coagulante (eletrólito) anula as forças de repulsão entre as partículas coloidais, favorecendo que elas formem aglomerados grandes e compactos, o que facilita a sua remoção do meio. São frequentemente utilizados agentes coagulantes de natureza inorgânica (por exemplo, sulfato de alumínio e sílica ativada), de natureza orgânica (amido, alginatos) e ainda produtos sintéticos (polímeros), conhecidos como polieletrólitos (por exemplo, poliacrilamida e poliestireno). O leite coalhado é um exemplo de processo de coagulação. O leite é uma suspensão coloidal no qual as partículas não se agregam por terem cargas do mesmo sinal. O processo de coagulação acontece quando a lactose é fermentada a ácido láctico ou pode ser provocada adicionando vinagre como agente coagulante. O processo de coagulação é muito utilizado para clarificação de efluentes industriais, contendo partículas coloidais e sólidos em suspensão. Diálise é um processo especificamente usado para separar as partículas coloidais do dispersante. Nesse processo, as moléculas menores em uma solução (íons e solvente) atravessam uma membrana semipermeável, enquanto as moléculas maiores ou partículas coloidais são retidas pela mesma membrana. Apesar de ser um processo lento, pode ser usada uma diferença de potencial para apressar essa purificação, processo denominado de eletrodiálise. Um exemplo fisiológico desse processo é a filtração renal, a qual faz uso da diálise para purificar o sangue através de aparelhos de hemodiálise. Aula 09 Experimentos de Termoquímica e Equilibrio10 Aula 09 Experimentos de Termoquímica e Equilibrio Preparando o experimento Para realizar este experimento, é necessário que você leia toda esta aula com atenção e responda o pré-laboratório. Respondendo o pré-laboratório 1. Defina dispersão coloidal e descreva sobre suas principais características. 2. Cite e classifique algumas substanciascoloidais com que você se depara no seu dia-a-dia. 3. Explique o significado dos seguintes termos: dispersão coloidal liófoba e liófila; ponto isoelétrico e micela. Experimentos Aula 09 Experimentos de Termoquímica e Equilibrio Aula 09 Experimentos de Termoquímica e Equilibrio 11 4. Descreva sobre as técnicas de separação de um sistema coloidal. Realizando os experimentos A Tabela 3 dispõem os materiais e reagentes utilizados nesta experiência. Tabela 3 – Materiais e reagentes Material Quantidade Tubos de ensaio 03 Estante para tubo de ensaios 01 Lanterna 01 Espátula 01 Pedaço de papel branco ou cartolina 01 Liga de borracha 01 Água Leite Terra (areia ou argila) NaCl Experimento 1 – Diferenciar solução, dispersão coloidal e suspensão 1.1 – Coloque os três tubos de ensaio na estante e adicione um pouco de água em cada um. 1.2 – Numere os tubos de 1 a 3 e acrescente ao primeiro um pouco de cloreto de sódio (NaCl). 1.3 – No segundo tubo, acrescente uma quantidade de leite suficiente para deixar a água turva. 1.4 – No terceiro tubo, acrescente uma quantidade de terra equivalente a ¼ da capacidade do tubo. 1.5 – Agite todos os tubos e aguarde alguns minutos até que ocorra deposição do material. Aula 09 Experimentos de Termoquímica e Equilibrio12 Aula 09 Experimentos de Termoquímica e Equilibrio 1.6 – Pegue uma folha de papelão e faça um orifício no centro dela com a espessura de um lápis. Em seguida, projete a luz da lanterna pelo orifício feito no papelão, de modo que emerja apenas um feixe de luz da lanterna. Um procedimento alternativo é cobrir a luz da lanterna com uma cartolina, também com o orifício, prendendo-a com uma liga de borracha. 1.7 – Coloque cada um dos tubos na direção do feixe de luz e observe por cima a superfície do líquido. Anote o que você observa em cada um dos tubos. Tubo com NaCl Tubo com leite Tubo com areia 1.8 – Utilize a folha de papel branca como anteparo da luz através dos tubos de ensaio (um de cada vez) e registre o que observou. Tubo com NaCl Aula 09 Experimentos de Termoquímica e Equilibrio Aula 09 Experimentos de Termoquímica e Equilibrio 13 Tubo com leite Tubo com areia Experimento 2 – Identificando os tipos de colóides 2.1 – Em um tubo de ensaio, adicione 5 mL de solução saturada de FeCl 3 (III) e 15 mL de água destilada. 2.2 – Divida o conteúdo do tubo anterior em dois tubos de ensaios, A e B. No tubo A, aqueça-o até o ponto de ebulição e insira, sobre o mesmo, luz branca. No Tubo B, apenas insira luz branca e anote o que foi observado nos dois tubos. Tubo A Tubo B 2.3 – Divida o conteúdo do tubo B em dois tubos de ensaio, C e D. Ao tubo C adicione, 100 mL de água fria e ao tubo D, adicione 100 mL de água em ebulição. Anote as observações. Aula 09 Experimentos de Termoquímica e Equilibrio14 Aula 09 Experimentos de Termoquímica e Equilibrio Resumo Tubo C Tubo D 2.4 – Organize uma tabela com o registro das observações efetuadas nos tubos A, B, C e D. Nesta aula, vimos que colóides, ou dispersões coloidais, são sistemas heterogêneos sem separação de fase, onde o componente que aparece em menor quantidade é denominado disperso e o componente que aparece em maior quantidade é denominado dispersante. Tais partículas estão presentes em nosso dia-a-dia e em diferentes aplicações tecnológicas e, apesar de poderem ser tão pequenas fazendo com que a dispersão pareça uniforme mesmo sob um microscópio, elas são grandes o suficiente para desviar a luz de modo eficiente. Aprendemos que emulsões são sistemas coloidais em que as fases de dispersão e contínua são ambas líquidas; e também que sol são as dispersões nas quais a fase dispersa é um sólido e a dispersa, um líquido. As partículas coloidais são coaguladas (aumentadas) até que possam ser removidas por filtração. As membranas semipermeáveis podem também ser usadas para separar íons de partículas coloidais, num processo chamado de diálise. Aula 09 Experimentos de Termoquímica e Equilibrio Aula 09 Experimentos de Termoquímica e Equilibrio 15 1 2 3 4 5 6 Auto-avaliação Caso tenha observado alguma diferença na projeção da luz ao atravessar os tubos, classifique-os quanto ao tipo de mistura. Caso alguma mistura tenha sido classificada como solução coloidal, identifique o dispersante e o disperso. Que explicação você daria para o comportamento da projeção no tubo 2? Construa uma tabela semelhante à Tabela 1, diferenciando as propriedades das soluções, colóides e suspensão, de acordo como foi observado no experimento. Em relação ao experimento 2, como você classificaria a dispersão coloidal dos tubos A e D? Construa uma tabela com exemplos de substâncias, encontradas no cotidiano que podem ser classificadas como sol e como gel. Referências BRADY, J. E.; RUSSEL, J. W.; HOLUM, J. R. Química: a matéria e suas transformações. Trad. J. A. Souza. 3. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2002. v 1. BROWN, T. L. et. al. Química: a ciência central. Trad. R. M. Matos. 9. ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2005. COVRE, Geraldo José. Química: o homem e a natureza: manual do professor. São Paulo: Ed. FTD, 2000. JAFELICCI JUNIOR, Miguel; VARANDA, Laudemir Carlos. O mundo dos colóides. Química Nova Na Escola, n. 9, maio 1999. KOTZ, J. C. Química Geral 1 e reações químicas. Trad. F. M. Vichi. 5. ed. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2005. v 1. PRISMA: à luz da física. Colóides: a mistura certa. Disponível em: <http://cftc.cii.fc.ul.pt/ PRISMA/capitulos/capitulo3/modulo6/topico1.php>. Acesso em: 18 nov. 2008. Aula 09 Experimentos de Termoquímica e Equilibrio16 Anotações Aula 09 Experimentos de Termoquímica e Equilibrio EMENTA > Carlos Neco da Silva Júnior > Patrícia Mendonça Pimentel Medidas das variáveis macroscópicas que regulam o sistema e o ambiente. Termômetros: conceito e construção. Reconstituição experimental do conceito de Quantidade de Calor. Observando a transmissão de calor. Calorimetria. Medidas dos calores de fusão, dissolução e neutralização. Descobrindo o funcionamento de uma máquina a vapor. Combustíveis e comburentes Condições de combustão: a taxa de oxigênio no ar. Separação de misturas. Diagrama de fases. Estudando as propriedades coligativas. O efeito da temperatura sobre a pressão de vapor. Evidenciando o equilíbrio: NO 2 N2O4. Experimentos de termoquímica e equilíbrio – QUÍMICA AUTORES AULAS 1º S em es tre d e 20 08 Im pr es so p or : 01 Medidas e erros experimentais 02 Utilização de gráficos em experimentos de termoquímica e equilíbrio 03 Princípio dos métodos experimentais em físico-química 04 Calorimetria 05 Entropia e probabilidade 06 Evidências do equilíbrio físico e químico 07 Propriedades coligativas 08 Osmose e fenômenos experimentais das propriedades coligativas 09 Colóides e o efeito Tyndall 10 Eletroquímica 11 Células galvânicas comerciais e corrosão 12 Equação de Nernst e eletrólise
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