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DA AÇÃO RESCISÓRIA-1

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DA AÇÃO RESCISÓRIA
sentença transita em julgado
Esgotados os recursos, a sentença transita em julgado. Não é mais possível rediscuti-la nos mesmos autos, pois haverá coisa julgada formal, que afeta todas as sentenças, terminativas ou definitivas. 
Se o julgamento for de mérito, haverá também a coisa julgada material sobre todas as decisões de mérito, que projeta seus efeitos fora do processo e impede que as partes rediscutam em qualquer outro aquilo que tenha sido decidido sobre os pedidos. 
Em casos excepcionais, porém, a lei permite a utilização de ação autônoma de impugnação, cuja finalidade é desconstituir a decisão de mérito transitada em julgado. Nela, ainda é possível postular a reapreciação daquilo que foi decidido em caráter definitivo. Trata-se da ação rescisória
Exige que tenha havido o trânsito em julgado da decisão de mérito
Não se trata de um recurso, pois pressupõe que todos já se tenham esgotado. 
Finalidade: é desfazer o julgamento já tornado definitivo. 
Ela não cabe em qualquer circunstância. 
O art. 966 enumera as hipóteses de cabimento. 
Pode-se dizer, de maneira geral, que é o veículo adequado para suscitar nulidades absolutas que contaminaram o processo ou a decisão. 
O rescindido é a decisão (rectius, o seu dispositivo):
A existência de um vício no seu curso pode contaminar todos os atos subsequentes e, por conseguinte, a decisão de mérito.
A rescisória só servirá para desconstituí-la quando o vício de que ela ou o processo padecem persistir mesmo depois do trânsito em julgado. 
Há nulidades que quando o processo se encerra, elas se sanam. 
Por exemplo: se o processo for conduzido por um juiz suspeito, cumpre às partes reclamar, arguindo a suspeição; ou ela é acolhida, o que ensejará o refazimento dos atos decisórios, se necessário, ou não é acolhida, ou nem mesmo suscitada, caso em que o vício desaparece. 
nulidade seja absoluta
Quando o vício é daqueles que desaparecem quando o processo se encerra, não cabe a ação rescisória. 
Ela exige que a nulidade seja absoluta, que se prolongue para além do processo
Ação rescisória contra decisão interlocutória de mérito
O CPC autoriza que o mérito seja julgado não apenas na sentença, mas também em decisão interlocutória, no caso de julgamento antecipado parcial (art. 356), quando um ou alguns dos pedidos, ou parte deles, tenham ficado incontroversos ou estejam em condições de serem apreciados. 
Essas decisões interlocutórias de mérito, esgotados os recursos, são alcançadas pela autoridade da coisa julgada material. 
Por isso, o art. 966 prevê o cabimento da ação rescisória contra elas, referindo-se a “decisão” em sentido amplo, abrangendo as decisões interlocutórias, as sentenças e os acórdãos.
Ação rescisória contra decisões que não são de mérito
Há duas exceções previstas em lei, tratadas no 
art. 966, § 2º: “Nas hipóteses previstas nos incisos do ‘caput’, será rescindível a decisão transitada em julgado que, embora não seja de mérito, impeça: I – nova propositura da demanda; ou II – admissibilidade do recurso correspondente”. 
É preciso lembrar que o juiz pode proferir uma sentença de extinção sem resolução de mérito, sem força de coisa julgada material, mas que impede a repropositura da mesma ação. 
São as hipóteses previstas no art. 486, § 1º, e também as de coisa julgada ou perempção. Diante da vedação à repropositura, admite-se a ação rescisória, que também será cabível contra a decisão que impeça a admissibilidade de recurso pendente.
exceção, tome-se um exemplo:
o Tribunal não admitiu a apelação por intempestividade ou falta de preparo. Com isso, a sentença transitou em julgado. 
É possível que o vício esteja na decisão que indeferiu ou não conheceu do recurso. 
Pode ser que a sentença não esteja fundada em erro de fato, mas a decisão que não admitiu o recurso, sim, porque o considerou intempestivo ou sem preparo quando não o era. 
Não há outra solução senão admitir a rescisória não da decisão de mérito, mas da decisão interlocutória que não admitiu o recurso, permitindo-se agora que o recurso seja processado e a sentença reexaminada pelo Tribunal. 
Juízo rescindente e juízo rescisório
O art. 974 do CPC, ao estabelecer que “julgando procedente o pedido, o tribunal rescindirá a decisão, proferirá, se for o caso, novo julgamento (...)”, aponta para a existência de dois momentos: o juízo rescindente, 
aquele em que o órgão julgador rescinde a decisão impugnada; e o juízo rescisório, e
m que, se for o caso, procede-se a novo julgamento. 
juízo rescindente:
Por meio do juízo rescindente, o órgão julgador vai desconstituir aquilo que, da decisão de mérito, foi alcançado pela coisa julgada material: o dispositivo da decisão de mérito, já transitada em julgado. 
Não podem ser objeto de ação rescisória as outras partes da decisão ou sentença, elencadas no art. 504 do CPC (os motivos e a verdade dos fatos; em síntese, a fundamentação). 
Não havendo coisa julgada sobre elas, não existe interesse para a rescisória. 
Só o dispositivo é que se torna imutável e pode ser objeto dela.
juízo rescisório
O juízo rescisório pressupõe que tenha sido acolhida, ao menos em parte, a pretensão rescindente. 
Se apenas uma parte for desconstituída, o novo julgamento referir-se-á tão somente a ela;
se todo o julgamento anterior for desconstituído, o órgão julgador promoverá novo julgamento, que abrangerá integralmente os limites objetivos e subjetivos da lide originária, mas que deles não poderá desbordar. 
Os limites do novo julgamento na ação rescisória são os limites da lide originária. 
Ainda que a decisão rescindida seja uma sentença, o tribunal que julgar a ação rescisória terá competência para promover o novo julgamento, em substituição ao anterior
Natureza jurídica da ação rescisória
A sua natureza primordial é desconstitutiva. 
Isso porque toda ação rescisória tem de ter o juízo rescindente, o pedido de desconstituição total ou parcial do julgamento anterior transitado em julgado. 
O juízo rescisório pode ter qualquer tipo de natureza: condenatória, constitutiva ou declaratória. 
E, sendo condenatória, pode ainda ter natureza mandamental ou executiva lato sensu.
Requisitos de admissibilidade
A ação rescisória vem tratada no art. 966 do CPC, que enumera variados requisitos de admissibilidade, que poderiam ser agrupados em duas grandes categorias: 
os comuns a todas as ações, como o preenchimento das condições da ação rescisória – interesse e legitimidade; 
e os requisitos específicos. 
O interesse
Só tem interesse em propô-la aquele que puder auferir algum proveito da rescisão, alguma melhora de sua situação, caso o julgamento anterior seja rescindido e outro seja proferido em seu lugar. 
Para isso, é preciso que o autor da ação rescisória não tenha obtido o melhor resultado possível no processo cujo julgamento se quer rescindir. 
É possível que ambos os litigantes tenham interesse em ajuizá-la, havendo sucumbência recíproca. 
E ambos poderão postular a rescisão com o mesmo fundamento. Assim, por exemplo, se a sentença é extra petita, tanto o autor quanto o réu podem requerer a rescisão
O trânsito em julgado como condição indispensável para o ajuizamento da ação rescisória
Enquanto não há trânsito em julgado, a decisão deverá ser impugnada por meio do recurso adequado. Só quando não for mais possível a interposição do recurso, após o trânsito, surgirá o interesse de agir para a ação rescisória. 
Mas não é necessário que se tenham esgotado todos os recursos possíveis. 
Sem ele, falta interesse de agir, porque por meio dos recursos ainda é possível obter a cassação da decisão.
Recurso parcial, que um capítulo da sentença seja objeto do recurso e outro não, sendo autônomos, o segundo transitará em julgado e permitirá, desde logo, o ajuizamento da ação rescisória.
A legitimidade
Art. 967 do CPC: “Tem legitimidade para propor a ação rescisória: 
I – quem foi parte no processo ou o seu sucessor a título universal ou singular; 
II – o terceiro juridicamente interessado; 
III – o Ministério Público: a) se não foi ouvidono processo, em que lhe era obrigatória a intervenção; b) quando a decisão rescindenda é o efeito de simulação ou de colusão das partes, a fim de fraudar a lei; c) em outros casos em que se imponha sua atuação; IV – aquele que não foi ouvido no processo em que lhe era obrigatória a intervenção”.
Quem foi parte no processo ou o seu sucessor a título universal ou singular
As partes são os principais legitimados da ação rescisória. 
Por partes entende-se o autor e o réu da ação originária e aqueles que, em razão de intervenção de terceiros, assumiram essa qualidade. 
É o caso do denunciado e dos chamados ao processo. 
Nessas duas hipóteses, a intervenção de terceiro adquire natureza de verdadeira ação. 
O denunciado e os chamados figurarão como litisconsortes do denunciante e do chamante.
A legitimidade do terceiro juridicamente prejudicado
O terceiro que tem interesse jurídico é aquele que poderia ter ingressado no processo, na qualidade de assistente.
Aquele que poderia ingressar como assistente litisconsorcial será alcançado pela coisa julgada, ingressando ou não, razão pela qual estará legitimado a propor a ação rescisória.
Aquele que não foi ouvido no processo em que lhe era obrigatória a intervenção
Há casos em que a lei determina a intervenção obrigatória de determinadas pessoas ou entes no processo. 
É o caso, por exemplo, do curador especial em favor do réu revel citado fictamente ou do réu revel preso. Se eles não forem ouvidos e o juiz proferir decisão de mérito desfavorável ao curatelado, eles estarão legitimados a propor ação rescisória.
Hipóteses de cabimento (CPC, art. 966)
O art. 966 enumera os fundamentos em que deve se embasar a ação rescisória. 
O rol é taxativo e não comporta ampliações, nem utilização da analogia, para hipóteses não expressamente previstas. 
Prevaricação, concussão ou corrupção do juiz prolator da decisão
A prevaricação é o ato de “retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal” (CP, art. 319). 
A concussão consiste em “exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida” (CP, art. 316). 
E a corrupção passiva em “solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar a promessa de tal vantagem” (art. 317).
Não é preciso que o juiz tenha sido condenado em processo crime. 
A existência do ilícito pode ser demonstrada na própria rescisória. 
Não haverá incompatibilidade entre sentença penal absolutória e a procedência da ação rescisória por esse fundamento. 
Se for perpetrado por juiz integrante de órgão colegiado, a rescisória só será acolhida se o voto dele afetou o resultado
Impedimento do juiz ou incompetência absoluta do juízo
Para que o processo e a decisão sejam válidos é preciso que o juízo seja competente e o juiz imparcial. 
Mas só haverá nulidade em caso de incompetência absoluta ou de impedimento, pois se a incompetência foi relativa ou o juiz suspeito, o vício terá se sanado no curso do processo.
A rescisória será admitida, ainda que a nulidade não tenha sido suscitada no seu curso.
Sentença que resulta de dolo ou coação da parte vencedora em detrimento da parte vencida, ou de simulação ou colusão entre as partes, a fim de fraudar a lei
Haverá dolo da parte vencedora quando ela engana o juiz ou a parte contrária para influenciar o resultado do julgamento, e coação quando ela incute no adversário fundado temor de dano iminente e considerável à sua pessoa, à sua família ou a seus bens. 
Para que possa ensejar a rescisória, é preciso que isso tenha sido determinante para o resultado e que aquele que violou o dever de lealdade e boa-fé, ou fazendo uso de ardis para induzir a erro o adversário, ou fazendo uso da coação, tenha saído vitorioso.
A colusão é o conluio entre as partes, que utilizam o processo para fins ilícitos.
Acolhido o pedido de rescisão da decisão, cumprirá ao órgão julgador verificar se já é possível formular o juízo rescisório, proferindo nova decisão, que substitua a primeira, o que nem sempre ocorrerá: 
por exemplo, se o dolo ou coação foi usado para impedir que o réu tomasse conhecimento real da ação, será necessário que o processo retome da fase de citação, prosseguindo a partir daí. 
Se o dolo ou coação foi usado para obstar a produção de provas, o processo reiniciará a partir dessa fase. 
Decisão que ofender a coisa julgada
Não pode haver novo pronunciamento judicial sobre pretensão já examinada por decisão transitada em julgado e acobertada pela autoridade da coisa julgada material. 
Nem mesmo a lei pode retroagir para prejudicá-la. Por isso, uma nova decisão, que reforme o decidido pela anterior, poderá ser rescindida. 
Se ela reafirmar a anterior, o problema, em princípio, não se colocará, pois não haverá ofensa à coisa julgada.
Violar manifestamente norma jurídica
Não se admite a rescisão por injustiça da sentença ou por inadequado exame das provas.
É indispensável que haja afronta direta e induvidosa à norma jurídica (ou a princípio geral do direito), de natureza constitucional ou infraconstitucional.
Caberá a ação rescisória, se a decisão não der ao texto de lei interpretação razoável, isto é, der uma interpretação que absolutamente não se conforma com o texto literal da lei ou com o seu espírito. 
Se exige que a afronta à lei tenha influenciado o julgamento, pois, do contrário, faltará interesse para postular a rescisão.
Não cabe rescisória se a decisão é incompatível com lei superveniente, embora estivesse em consonância com a lei vigente à época de sua prolação
A ofensa pode ser à norma material (error in judicando) ou à norma processual (erro in procedendo), o que, em regra, terá influência decisiva sobre o juízo rescisório. 
Se o erro foi de julgamento, será, em princípio, possível que o órgão julgador já profira a nova decisão, em substituição à anterior; mas se o erro for processual, haverá necessidade de que o processo originário seja retomado no ponto em que foi perpetrado o erro capaz de influir no julgamento. 
Caberá rescisória se o error in procedendo for cometido na própria decisão, ou em fase anterior, desde que sobre ela repercuta. 
Se fundar em prova cuja falsidade tenha sido apurada em processo criminal ou seja demonstrada na própria ação rescisória
É indispensável que a prova falsa tenha sido determinante do resultado, que este não possa subsistir sem ela. 
Se o julgamento está fundado em vários elementos ou provas variadas, e a falsidade de uma delas não seja decisiva para o resultado, não haverá razão para a rescisória. 
A lei processual não distingue entre falsidade material e ideológica. 
Depois do trânsito em julgado, o autor obtiver prova nova, cuja existência ignorava, ou de que não pôde fazer uso, capaz, por si só, de lhe assegurar pronunciamento favorável
O autor o da própria rescisória, que pode ter figurado como autor ou réu daquela. 
A prova nova não é aquela cuja constituição operou-se após a decisão transitada em julgado, mas cuja existência, embora anterior, era ignorada pelo autor da ação rescisória, ou de que ele não pôde fazer uso, por circunstâncias alheias à sua vontade. 
Se deixou de ser apresentada por culpa da parte, que agiu com desídia ou negligência, porque ela era acessível, não cabe a rescisória. É preciso ainda que o documento seja tal que possa assegurar, por si só, pronunciamento favorável.
Fundada em erro de fato, verificável do exame dos autos
Parágrafos do art. 966: haverá erro quando a decisão admitir um fato inexistente, ou quando considerar inexistente um fato efetivamente ocorrido. 
Para que caiba a rescisória, é indispensável que o fato não represente ponto controvertido, sobre o qual o juiz deveria ter se pronunciado. 
É indispensável que ele possa ser verificável do exame dos autos. 
Não se admite, na ação rescisória fundadano inciso VIII, sejam produzidas novas provas do erro. 
Este já deve estar comprovado de plano.
fato não tiver sido expressamente apreciada pela decisão
Só cabe a rescisória se a existência ou inexistência do fato não tiver sido expressamente apreciada pela decisão. 
Se o juiz, no julgamento, concluiu pela existência, ou inexistência do fato, equivocadamente, isso não enseja a rescisória. 
O erro passou despercebido do juiz, seja quando ele não reconheceu na decisão um fato que, de acordo com os elementos dos autos, comprovadamente ocorrera; ou quando reconheceu um fato que, de acordo com os mesmos elementos, comprovadamente não ocorrera. 
É preciso que o juiz não tenha se pronunciado e levado em conta elementos dos autos por si sós suficientes para comprovar que um fato que ele considerou existente não ocorreu, ou vice-versa.
Prazo: dois anos contados do trânsito em julgado da última decisão proferida no processo
O art. 975 do CPC estabelece que “o direito à rescisão se extingue em dois anos contados do trânsito em julgado da última decisão proferida no processo”. 
A Súmula 401 STJ “o prazo decadencial da ação rescisória só se inicia quando não for cabível qualquer recurso do último pronunciamento judicial”. 
O prazo se justifica por razões de segurança jurídica: não seria razoável que, por tempo indefinido, se pudesse desconstituir decisão transitada em julgado. 
o prazo começará a partir do dia seguinte ao último dia que as partes tinham para interpor outros recursos contra ele
duas exceções ao prazo de dois anos a contar do trânsito em julgado da última decisão
Há duas exceções ao prazo de dois anos a contar do trânsito em julgado da última decisão: a hipótese do 
art. 966, VII, em que o prazo será contado da data da descoberta da prova nova, observado o prazo máximo de cinco anos contado do trânsito em julgado da última decisão proferida no processo; 
e a hipótese de simulação ou colusão, em que o prazo da rescisória para o terceiro prejudicado e para o Ministério Público, que não interveio no processo, correrá a partir do momento em que ambos têm ciência da simulação ou colusão.
Competência
A ação rescisória de sentença deve ser proposta perante o Tribunal que teria competência para julgar recursos contra ela; 
se de acórdão, a competência será do mesmo Tribunal que o proferiu, mas o julgamento será feito por um órgão mais amplo. 
Por exemplo: para rescindir acórdão proferido por três desembargadores, a ação rescisória deverá ser julgada por turma composta de cinco; se o acórdão foi proferido por cinco, a rescisória será julgada por sete.
O julgamento
Cumprirá ao tribunal, em caso de procedência, rescindir a decisão (juízo rescindente) e, se for o caso, promover o novo julgamento (juízo rescisório). 
 Também o será, caso haja improcedência, ou a rescisória seja considerada inadmissível, mas não por unanimidade de votos. 
Se a improcedência ou rejeição for unânime, o autor perderá em favor do réu a caução, a título de multa, nos termos do art. 968, II, do CPC.
O juízo rescisório – a quem cabe fazer
O julgamento da ação rescisória pode ser dividido em dois momentos: 
aquele em que o tribunal verificará se é caso de rescindir a decisão; 
e o posterior, que depende do acolhimento do primeiro, em que se decidirá se é caso de promover o novo julgamento, passando-se a ele, em caso afirmativo
A rescisória pode ter por objeto decisão interlocutória, sentença ou acórdão, que sejam, em regra, de mérito. 
Se contra a decisão ou sentença não foi interposto recurso, ou os recursos interpostos nem foram conhecidos, é ela que transita em julgado, e a rescisão será dela; 
se foi interposto recurso, conhecido, o acórdão a substituirá, tenha ele mantido ou reformado a decisão de primeiro grau. Por isso, é ele que transita em julgado e será objeto de rescisão.
Cumpre ao órgão julgador da ação rescisória proferir o novo julgamento quando for o caso, isto é, quando isso for necessário e possível. 
A competência para proferir o juízo rescisório é do mesmo órgão que fez o juízo rescindente, não importando que a rescisão seja de sentença ou de acórdão. 
Rescindida a decisão não será o juízo que a prolatou quem proferirá outra no seu lugar, mas o Tribunal que a rescindiu. 
Não há ofensa ao duplo grau de jurisdição, pois se está diante de um caso de competência originária do tribunal.
Cabe recurso do acórdão que julgar a rescisória?
Se ele padecer de erro material, obscuridade, omissão ou contradição, cabem embargos de declaração; e eventual recurso extraordinário ou especial, nos casos dos arts. 102, III, e 105, III, da CF. 
E rescisória de rescisória? 
Se a ação rescisória for julgada pelo mérito, e o acórdão padecer de algum dos vícios enumerados no art. 966 do CPC, será possível ajuizar rescisória da rescisória

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